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UM ESTUDO DA IMAGEM CORPORAL SOB A ÓTICA DA

CONSCIÊNCIA E DO INCONSCIENTE

INTRODUÇÃO:
O presente estudo visa a discutir os diferentes usos do conceito imagem corporal, no
campo da consciência e do inconsciente. Para levarmos a termo situamos as pesquisas na
obra de L.S.Vygotksy e Wallon para o estudo da consciência e de Freud e Lacan para o estudo
do inconsciente. O conceito de imagem não ficará restrito ao próprio corpo, mas à condição
de subjetividade criada a partir de diversas influências, incluindo o corpo próprio, sua noção
esquemática e sua relação com o conhecimento.
O pensamento Moderno inaugurado por Descartes traz como contribuição principal
a relação do homem com a sua subjetividade e o conhecimento
Em nosso caso específico, demarcamos uma leitura da subjetividade a partir de Emanuel
Kant, quando, rompendo com Descartes, anuncia a assunção de um sujeito responsável pelo
conhecer desvinculado da transcendentalidade divina cartesiana.
A ciência passa a ganhar um estatuto de verdade, inaugurando o pensamento
moderno. Para nosso estudo é importante compreender que Kant viria, ainda, a distinguir
duas formas distintas de ciências: a da sensibilidade em geral, denominada de Estética e a do
entendimento, em geral, denominada de Lógica. Além disso, instaura uma perspectiva
importante para os estudiosos da consciência e do inconsciente (psicanalítico), ao admitir a
dimensão espaço-temporal do conhecimento sobre os objetos em oposição ao
conhecimento da “coisa em si “. Assim analisa Coelho:
“A coisa-em-si não pode ser conhecida objetivamente por mim. É algo incognoscível, porque
não é espacial nem temporal e eu só posso conhecer coisas dentro do espaço e do tempo
que me são familiares ou próprios. Entretanto, devido à minha sensibilidade natural, eu posso
ter intuição da coisa-em-si ao lhe dar uma expressão formal, um “corpo” ou resultado” (1983:
XXIV).

Esta forma que constitui a impressão de si mesmo e da realidade, a partir do Eu, tem
sido, desde então, objeto de investigação das mais diversas disciplinas.
A construção da imagem e do esquema corporal tem sido discutida, sob os mais diversos
ângulos, e em função de diferentes interesses. Neste trabalho, procuramos diferenciar sua
gênese e importância na constituição das subjetividades.

IMAGEM E ESQUEMA CORPORAL NA CONSTRUÇÃO DA


CONSCIÊNCIA EM VYGOTSKY E WALLON
A CONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA EM VYGOTSKY

“...absolutamente tudo o que nos rodeia e foi criado pela mão humana, todo o mundo da
cultura, tudo isto é produto da imaginação e da criação humana baseada na imaginação “
(Vygotsky, 1997:10).

Em Vygotsky, os termos imagem e esquema corporal não são facilmente encontrados, tais
como os entendemos na perspectiva psicomotora. Deduzimos, em nosso estudo de sua obra,
que o conceito de imagem se aplica aos princípios da imaginação e do papel que
desempenha na construção do conhecimento e formação da consciência. Esquema corporal
é o resultado da construção das Funções Psíquicas Superiores e diz respeito à atenção e ao
movimento voluntários, à memória semântica, à percepção significante, à fala e ao
pensamento verbal-lógico. Entretanto, não há como pensar o funcionamento do esquema
corporal sem a contribuição da função imaginária.
Relacionando a teoria Kantiana com os estudos de Vygotsky, podemos estabelecer
uma analogia entre o conceito de consciência, assentado sob as bases do pensamento
verbal-lógico e o da construção do conhecimento, em Kant. Ambos sustentam o papel da
significação para a construção da forma, da representação, do conhecimento e da
consciência.
A função de significação é básica para reunir as impressões vividas com a ação e a
emoção e fornecer-lhes um estatuto de linguagem, construída socialmente em cada
experiência subjetiva e construída na mente humana sob a forma de representação da
realidade interna e externa, ao que podemos chamar de consciência.
Sobre a função geral da imaginação, Vygotsky faz algumas distinções fundamentais. A
primeira diz respeito a dois tipos fundamentais de imaginação: a exterior e a interior. A
primeira é plástica e objetiva, pois emprega preferencialmente impressões vindas do mundo
exterior e a segunda, emocional e subjetiva, utilizando-se de elementos vindos do interior.
As quatro leis que regem a função imaginária na consciência e, em consequência, sua
determinação na formação da imagem de si e do mundo são assim descritas pelo autor:

1) A imaginação é uma função articulada com elementos da realidade e da experiência


humana. A capacidade da mente em criar e fantasiar está intimamente vinculada à história
de vida da cada indivíduo. Diz-se, geralmente, que a capacidade imaginadora da criança é
infinitamente superior à do adulto, no entanto, uma criança não é capaz de estabelecer
produções complexas tais como as da ciência e da arte, por exemplo. (Figuras 1 e 2)

Figura 1 : Desenho infantil de um coração

Figura 2: Série “ Corações “ do artista plástico Hildebrando de Castro


O conhecimento produzido pela ciência e arte, seus maiores descobrimentos e
inventos são, quase todos, caracterizados por uma base de experiências previamente
acumuladas. E , segundo Vygotsky, toda a imaginação e fantasia têm sua origem nestas
experiências.Pode-se dizer que tanto as experiências vividas socialmente, quanto às vividas
internamente são traduzidas em imaginação e ganham estatuto de representação na mente
humana, a partir da sua significação. Uma experiência compartilhada socialmente por dois
sujeitos não precisa ter a mesma representação mental, na medida em que nenhuma história
se confunde literalmente com outra. A significação do mundo é apreendida não somente
pelas impressões advindas do objeto externo, mas também pelas condições internas do
pensamento que apreende essas mesmas impressões.

Para explicar esse fenômeno interno de significação, Vygotsky explica que a


significação, como construção social, tem uma função de generalização que é a mesma para
todos, por exemplo, uma boneca é um brinquedo infantil, uma cadeira é um objeto da casa
e um livro é um meio de transmissão de informação. No entanto, em cada experiência
subjetiva, estes três elementos podem ter diversos sentidos. Uma boneca, uma cadeira e um
livro têm representações subjetivas diferentes dependendo da história da cada sujeito.
Podemos citar, como exemplo, o caso da representação do conceito “livro”. Sujeitos
educados em situação de privação da condição de leitores e considerados analfabetos têm
uma representação mental e significados muito diferentes daqueles cuja paixão pela leitura
encontra-se presente desde cedo. Da mesma forma, crianças com inibição e bloqueios da
função da leitura e apresentando dificuldades na aprendizagem em conseqüência disto, têm,
muitas vezes, aversão aos livros. O primeiro exemplo tem uma marca de representação por
exclusão social e, tanto as crianças apaixonadas pela leitura, quanto as que têm aversão,
expressam o caráter afetivo do qual as significações são constituídas.

Assim, o mecanismo de significação tem um sentido geral, que é o mesmo para todos
e um sentido particular, constitutivo da leitura individual que um sujeito tem de si mesmo e
do mundo ao seu redor.

2) A segunda lei descrita por Vygotsky articula a estreita ligação entre a imaginação e a
fantasia com a realidade. Particularmente, o autor descreve a importância e a influência que
a informação advinda dos quadros clássicos com suas respectivas estéticas exercem sobre a
função mental do ser humano.
Segundo Vygotsky, a mente humana não pode conceber toda a gama de informações
sobre a realidade partindo da própria experiência sensível, empírica. Somos informados por
imagens visuais, multissensoriais e descritivas que se constituem da “condição
absolutamente necessária para quase toda função cerebral do ser humano”(Vygotsky,
1997:20).
A compreensão de Vygotsky para este fenômeno é muito interessante e precursora de várias
discussões contemporâneas sobre o papel da mídia na formação de valores e conceitos
reunidos num conjunto de imagens que exercem uma ação identificatória e uma base para
a própria condição do pensar-se a si mesmo e ao mundo à sua volta, tal como as debatidas
dentro dos estudos sobre o imaginário social.

À época de Vygotsky, a função imaginária estava restrita basicamente à expressão


plástica, tanto que ao referir-se a esta função na formação da mente, o autor exemplificava
seus pressupostos a partir da influência dos quadros da Revolução Francesa e das imagens
do deserto do Saara. Escrevia ele que, não precisava estar presente neste momento histórico
ou ponto geográfico para que tivéssemos uma representação dos mesmos em nossa mente.
A imagem produz uma representação mental com a qual trabalhamos como se fosse
realidade.

No caso brasileiro podemos analisar o quadro “O Grito do Ipiranga” de Pedro


Américo (1888) que criou no imaginário dos estudantes brasileiros uma representação do
ato da Independência do Brasil (Fig 3). Como pensar no dito “Independência ou Morte!”
tantas vezes repetido e visualizado em nossas cartilhas escolares. A cena de D. Pedro
erguendo a espada é muito mais a construção do mito do que do fato. A fantasia cria a
realidade mental que, por sua vez, estava baseada numa certa realidade histórica.
O historiador José Murilo de Carvalho (1999:12) relata que o pintor Pedro Américo “buscou
construir a imagem de um herói guerreiro, criador de uma nação” atendendo, assim, à
finalidade da encomenda. Contudo algo mais interessante ainda se passa nesta produção.
Carvalho aponta a semelhança do quadro pintado por Pedro Américo com o tela de Ernest
Meissoner “1807, Friedland”, pintado em 1875 e que se refere a uma batalha travada e
vencida por Napoleão Bonaparte, em Friedland, no ano de 1807. (Fig 4).

Figura 3 : Quadro de Pedro Américo :

Fig 4 : Quadro de Ernest Meissoner

O historiador realça a semelhança muito grande entre os dois quadros e afirma “Nenhum
dos dois pintores representou com exatidão os fatos, como, aliás, querendo ou não o artista,
sempre acontece....Duas maneiras de contar a história, duas maneiras de construir a memória
nacional” (1999: 13).

Assim, sucessivamente, assistimos à Guerra do Golfo contada pela mídia norte-


americana, à banalização da violência nos noticiários da televisão, à imposição do mercado
fonográfico bombardeando nossos olhos e ouvidos com modismos fugazes, à
superexposição sexual voltada para fins comerciais. E a imagem em função do lucro,
construída como representação social e atividade mental. Como podemos constatar, o
imaginário social é constitutivo da atividade da mente, principalmente quando esta ganha o
estatuto significante através da memória e do pensamento verbal-lógico. Relacionando o
vínculo de reciprocidade entre estas duas primeiras leis da imaginação, Vygotsky aponta para
o fato da dependência dupla entre imaginação e experiência.

3) A terceira dimensão da função imaginária abordada por Vygotsky trata dos aspectos
emocionais que envolvem esta construção. Sua perspectiva pode ser percebida em dois
momentos distintos: tanto nas formas expressivas, quanto nas impressivas. Essa vinculação
recíproca entre imaginação e emoção pode ser observada através dos sentimentos
interferindo na imaginação e na ação da imaginação interferindo nos sentimentos.
O impacto emocional das imagens determina o caráter afetivo da representação
mental. A arte da representação produzida no teatro, na tv e no cinema influencia o
espectador, de tal forma, que podem provocar os mais diversos efeitos psíquicos e físicos.
Diante das mais diversas cenas e enredos, um espectador pode experimentar sentimentos de
dor, horror, pânico, medo, tristeza, alegria, asco, etc, dependendo da sua interação com
aquilo que está sendo demonstrando em sua frente. Se na criança o limite entre fantasia e
realidade pode ser um pouco mais flexível, no adulto fica bem determinado que aquilo que
ele assiste trata-se de uma ficção, uma farsa, mesmo que o artista busque, em muitos casos,
tornar o mais verossímil possível a sua produção.
Por outro lado, o estado emocional em que nos encontramos permite que, ao
expressarmos nossos mais diversos produtos, transpareçam nosso estado de ânimo,
angústias e esperanças, etc. Não se pode pensar em expressão sem emoção. O homem das
artes e das ciências é movido pelo desejo de expressar-se.
4) A ultima lei que marca a importância da função imaginária diz respeito à criação
propriamente dita, onde aquilo que a mente produz não se pode encontrar na existência da
experiência da humanidade. Trata-se quase sempre de ruptura estética ou lógica que vem a
redirecionar a forma com que o homem pensa a realidade ao seu redor. No campo das artes
plásticas um exemplo clássico são as obras de Salvador Dali (Fig 5) que , atravessando a
perspectiva da lógica realista, produz uma arte que instaura a linguagem onírica e surrealista,
como objeto de uma nova estética, aparecendo também outros campos artísticos, tal qual a
literatura de Gabriel Garcia Marques e J.J.Veiga e no cinema com Blade Runner (Fig.6).
Na história da humanidade, muitos exemplos de artistas e cientistas que previram inventos,
descobrimentos e comportamentos estão presentes nos mais diversos campos das ciências
e das artes. Quem seria capaz de afirmar que o homem chegaria até a lua e desenvolveria
uma engenharia genética que viesse a construir clones dos próprios seres humanos?

Figura 5 : Quadro de Salvador Dali


Figura 6 : O mundo futurista de Blade Runner:

E o que podemos deduzir dessas quatro leis da imaginação para estabelecer uma
conexão com a construção da imagem e do esquema corporal na obra de Vygotsky?
Como já pudemos observar, a função imaginária é determinante para a construção de toda
a atividade mental e da representação da realidade interna e externa. A imagem corporal,
como um produto imaginário tem também sua origem na interação entre a atividade
sensório-motora do bebê e o campo da linguagem, que é eminentemente cultural. Sendo
assim, a percepção de si e do seu corpo passa pela representação que cada sujeito vai fazer
para si na sua relação com o outro, através dos signos e a partir da sua própria experiência.
O comportamento humano é regulado através da internalização da linguagem e,
assim sucessivamente, transmitido de geração a geração.

Interferências de ordens afetivas e socioculturais vêm a interromper e/ou transformar


esse possível determinismo, instaurando uma nova ordem imaginária, produzida, em geral,
pela arte, pela ciência e pela religião, quando não advinda do próprio real da vida.
O próprio conceito de adolescência é um fenômeno dos tempos modernos e vem se
estendendo, cronologicamente, durante os últimos anos. Antes da chamada modernidade,
as crianças tornavam-se adultos, não passando por este ritual adolescente. A puberdade
representava uma vida adulta, com a instauração do trabalho e, em muitos casos, no
estabelecimento de novas uniões conjugais. Especialmente, após a segunda guerra
mundial e a eclosão da indústria cinematográfica com sua estética “rebelde sem causa” (Fig.
7) inaugura-se uma nova forma de construção de identidade jovem, de ideal moderno de
juventude, que veio sendo transformado através das culturas pop dos anos 50, 60, 70:
movimentos beat, hippie, punk, entre outros, a estética da calça jeans e a explosão do rock
como meio de linguagem, marcam traços culturais identificatórios, com que o sujeito vai se
defrontando em sua história e sendo, ou não, influenciado por eles.

Figura 7: Cartaz do filme “Juventude Transviada” (Rebel Without a Cause)


O homem chega à lua, inventa a pílula anticoncepcional e libera os parceiros para suas
aventuras sexuais e/ou amorosas.

A ciência e a arte criam novos paradigmas que influenciam a forma como o homem
e a mulher passam a ver o mundo e a se reconhecer neste contexto.
Nesse sentido, o homem é, também, um produto social da sua experiência sócio-cultural.
A imagem corporal e o esquema corporal não podem ser compreendidos isoladamente, sem
estar relacionado com seu contexto social amplo (país, estado, etc) e restrito ( escola, família,
etc).

Esse estudo faz com que consideremos uma condição importante para os estudos
cognitivos e, em especial, neuropsicológicos, a saber: a imagem corporal não é uma
construção restrita às influências obtidas pela informação visual. A imagem corporal, sob a
ótica vygotskyana, é uma representação produzida sob um contexto sócio-histórico e como
fruto da experiência individual. Imagem e esquema corporal são constituídos a partir da
articulação entre significado e sentido. Contribuem para esta construção, as experiências
vividas em toda a sua dimensão sensorial: imagens olfativas, cinestésicas, visuais, gustativas,
táteis e auditivas. A conexão entre inteligência prática, sensório-motricidade e emoção, por
um lado, e o campo dos signos e da linguagem, por outro é que permite a internalização dos
conceitos de si, do outro e do mundo. Nenhuma realidade para um sujeito, em sua substância
mais profunda, é idêntica a qualquer outra.

A IMAGEM CORPORAL EM WALLON


A construção da imagem corporal, em Wallon, passa pelo estudo das premissas
psicofisiológicas da consciência corporal.

“...a noção do eu corporal não se limita a sua intuição, embora plenamente coordenada, dos
órgãos e de sua atividade: exige uma distinção feita entre os elementos relacionados ao
mundo exterior e os atribuídos ao próprio corpo; assim pois, estaria o eu corporal definido
sob os seus diferentes aspectos. Por conseguinte, é condição indispensável e de reconhecida
suficiência, que seja possível a ligação entre a atividade debruçada para o mundo exterior e
a relacionada de modo mais imediato, às necessidades e às atitudes do corpo” (1971:160).

Pode-se então afirmar que a consciência corporal passa pelo conjunto das
informações obtidas através de três diferentes vias de informações que, por sua
funcionalidade, são originalmente dissociadas: a primeira via distinguida por Wallon é a via
das sensibilidades viscerais, internas e denominada de interoceptiva; a segunda via, chamada
de proprioceptiva, refere-se às sensações ligadas ao equilíbrio, ações e movimentos do
próprio corpo; e a terceira, considerada a mais tardia na perspectiva ontogenética, é a
construída através da sensibilidade voltada para as informações/excitações de origem
exterior e é chamada de exteroceptiva.

A dissociação das impressões na origem da consciência corporal pode ser


considerada como fundante da experiência da constituição do eu.
Um dos focos do estudo de Wallon, importante para nosso estudo, está relacionado ao papel
que a imagem de si mesmo, refletida no espelho, desempenha na integração e na formação
do eu e da consciência corporal. Diríamos, mais ainda, que seu objetivo é o de saber como a
criança se torna capacitada a reconhecer como sendo sua as informações extereoceptivas
produzidas pelo espelho, sob um aspecto mais global e, eminentemente visual.
Pode parecer simples, mas perceber a imagem e relaciona-la a si próprio são
construções complexas sustentadas numa ontogênese que passa necessariamente pelo
outro. Analisando o comportamento de alguns animais, Wallon sustenta que, em geral a
função imaginária na natureza atua como um elo de ligação (pleonasmo), como uma reação
à “modalidade da intuição sincrética que mistura o indivíduo ao seu ambiente , fazendo-o
ressentir como uma amputação qualquer restrição deste ambiente”(1971: 189).
Patos, gatos e cachorros, por exemplo, não têm ilusão de realidade, nem de semelhança. As
impressões proprioceptivas predominam sobre as visuais, sendo que estas últimas não tem
função de representação.

Considerando os estudos de Kohler sobre os macacos, Wallon marca uma diferença


na forma como estes reagem diante da imagem refletida no espelho. Para ambos, a reação
dos chamados “macacos superiores” é de um nível superior se comparado à dos outros
animais. Observa-se que estes passam a mão por detrás do espelho e enraivecem ao não
encontrar nada, fato este que marca, de forma fugaz, “um desdobramento entre a percepção
e a adesão, isto é, o nascimento da representação em face do real “(1971:191).
Estudando as reações da criança diante do espelho, Wallon destaca dois tempos importantes
em sua psicogênese: a capacidade de perceber a imagem e de relaciona-la a si próprio.

O primeiro diz respeito à constatação de que, inicialmente, a criança aprende a


relacionar imagem especular com a pessoa real, através da atitude de outra pessoa que, com
ela, compartilha o reflexo no plano do espelho. Por exemplo, a descoberta de relação entre
imagem e pessoa real, não se constitui através da imagem propriamente dita, mas do fato
de estar a criança acompanhada de alguém que, falando ao seu lado, possa criar uma
transferência entre pessoa real e imagem e, paradoxalmente, estabelecer, ao mesmo tempo,
um vínculo entre imagem e pessoa real. Por isso, Wallon sustenta que a gênese da imagem
passa pelo outro, reconhecendo no gesto provocado por uma excitação auditiva vinda da
pessoa real a impressão que provoca a atribuição redutora da imagem ao objeto, traduzindo
sua justaposição em identidade. O caminho percorrido para a associação vai do gesto à
imagem.
Como podemos observar, a construção da imagem corporal passa por uma dinâmica
complexa que envolve as mais diversas impressões e segue estágios necessários à sua
significação. Observando as tentativas decorrentes, onde as crianças passam a tentar pegar
a imagem do outro no espelho, Wallon afirma que:

“Embora capazes de perceber entre a imagem e o modelo uma


relação de semelhança e de concomitância, não sabem ainda apreender as
verdadeiras relações de subordinação. E por não saber reduzi-las uma a
outra, reconduzindo-as a uma espécie de identidade virtual, continuam a
atribuir aos dois como que uma realidade independente. Daí esta dupla
consequência: ilusão de poder agarrar a própria imagem e surpresa pelo
fato desta parecer superposta à pessoa “ ( Wallon, 1981:194)

O segundo tempo inaugura a construção da imagem de si, propriamente dita. A


criança passa a reconhecer a sua própria imagem refletida no espelho buscando estabelecer
um contato corporal com ela. Neste momento de captura da imagem de seu próprio corpo,
a criança passa a referir-se a ela (a imagem ), quando a chamam pelo seu próprio nome.
Durante boa parte dos primeiros anos ainda assistimos às crianças chamarem-se na terceira
pessoa, como um processo de referência a si mesmas, projetadas na imagem que
construíram para si, especular e exteroceptiva.
O corpo proprioceptivo, ainda fragmentado em sua coordenação, que ainda mal sabe
andar ou, em muitos casos, ficar de pé, inaugura a imagem de si através do espelho. Mais
importante ainda, inaugura uma dissociação do eu, indispensável à construção psíquica: um
eu das imagens e um eu proprioceptivo. Essa distinção é necessária para que possa haver
representação de si. Sem exteriorizar-se não pode haver representação.

“O conhecimento adquirido pela criança de sua imagem ao espelho é, sem


dúvida, um processo mais ou menos episódico entre os que lhe servem
para faze-la entrar, gradualmente, tanto a si mesma quanto a seus
elementos mais imediatos, no número das pessoas e das coisas cujos traços
e identidade soube fixar progressivamente, de modo a finalmente
apreender-se como um corpo entre outros corpos, como um ser entre
outros seres “( Wallon, 1981:196)

A concepção simultânea de um mesmo indivíduo em dois lugares parece-nos como


uma impossibilidade lógica e um desafio às leis da existência, no entanto, este é o primeiro
passo para a construção do conhecimento sobre si próprio e o próprio corpo. Pertencer ao
espaço, como um produto imaginário, fazendo parte da natureza das imagens, próximo do
que diz o poeta Fernando Pessoa (1983:475):

“Não sei quantas almas tenho.


Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto a minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.”

A construção da imagem corporal é indispensável ao progresso imediato da


consciência. O dilema imposto pelas proposições: “imagens sensíveis, porém não reais e
imagens reais, porém subtraídas ao conhecimento sensorial”(1981:199) implicam na
apreensão da realidade como um produto absoluto da experiência sensível, estando
subordinado à representação que, como diz Wallon é o primórdio de toda a função simbólica.
Parece-nos uma nova possível leitura de Kant para a construção do conhecimento.
E tal qual Vygotsky, Wallon afirma que a imagem do corpo está articulada na rede de imagens
de representações sociais fornecidas pelos adultos e pelas relações estabelecidas com o meio
físico e social. A imagem do corpo é um produto da linguagem, num espaço e tempo
históricos.
IMAGEM E ESQUEMA NA ÓTICA DO INCONSCIENTE
Assim como Kant, Freud revoluciona a filosofia e também o conhecimento científico
ao demonstrar que a mente humana não se restringe ao pensamento e às Funções Mentais
Superiores. A consciência é uma das suas principais qualidades, porém uma qualidade
inconstante. Outros processos mentais interferem e alteram a consciência; a subjetividade
não é apenas o resultado de uma síntese do eu e a realidade. Há em sua estrutura algo
desconhecido pelo sujeito, fora do alcance do seu conhecimento: o inconsciente.
A divisão do psíquico em o que é consciente e o que é inconsciente é a premissa fundamental
da psicanálise e nos oferece outra visão da dinâmica dos processos mentais na construção
do conhecimento, da realidade e do eu.

O destino da cada um não se limita somente ao resultado do meio social e cultural,


em que vivemos, é também algo de sua própria estrutura corporal que humaniza um sujeito.
Para a psicanálise, o Eu é uma construção das características inatas e seu desenvolvimento,
incluindo o corpo e sua construção corporal: “O eu é, antes de tudo, um eu corporal” (Freud,
1923/1976:40).

O desenvolvimento está sempre em relação com as funções motoras verbais e


perceptivas. O Eu se desenvolve a partir das sensações corporais. É no próprio corpo que
nascem as primeiras sensações de prazer e desprazer e instauram no psiquismo o princípio
do prazer, que é a tendência de buscar o prazer e evitar, o quanto possível, o desprazer. Este
é o princípio dominante do aparelho psíquico e a dinâmica da sexualidade e das pulsões:
excitações e estímulos sexuais. Portanto, o corpo é a primeira fonte de prazer e a origem da
sexualidade que, nesta etapa do seu desenvolvimento, é auto erótica.

O corpo é o objeto de desejo e de investimento pulsional, vivido como o primeiro


objeto de prazer proporciona uma satisfação intensa, que vai resultar num sentimento de
completude, o narcisismo. Este conceito, emprestado da mitologia grega, só faz sentido na
teoria por fazer referência a uma relação com a imagem corporal. Podemos interpretar este
momento do desenvolvimento humano como um momento diferenciado, puro-corpo sem
representações, sendo mapeado, desenhado por sensações e percepções, organizando uma
unidade corporal e criando as primeiras representações mentais necessárias à constituição
do esquema corporal.

Sabemos que o desenvolvimento psicomotor só existe a partir de sua representação


no aparelho psíquico, portanto, a imagem corporal é o resultado das representações mentais
do corpo.

Uma contribuição importante ao estudo da constituição da imagem corporal foi a de


Lacan. Relendo o estágio do narcisismo em Freud e influenciado pelo conceito de imagem
exteroceptiva em Wallon, ele concebeu o que chamou de O Estádio do espelho, que é o
efeito de identificação produzido no sujeito quando ele se reconhece diante do espelho e
seu corpo ganha o contorno de uma imagem. É um momento de jubilo narcísico provocado
pela ilusão de completude que a imagem do espelho lhe devolve.

A assunção desta imagem corporal como imagem de si funda o eu que, pela ilusão
de completude, o situa como eu ideal e matriz do registro imaginário. Este momento já
antecipa uma relação com o outro, ainda que este outro seja ele mesmo. Esta relação com o
outro não está ausente como sugere o termo narcisismo, porque a criança, na sua
imaturidade motora e dependência do outro, é inserida numa relação dialética, da demanda
de suas necessidades e o retorno vindo do outro, que atende, ou não, essas necessidades.

Esta sequência temporal é sempre significada, cada sensação, cada emoção, adquire
um significado próprio e ganha uma representação, um traço mnêmico e insere a criança no
registro simbólico, o universo da linguagem. É através da linguagem que se constrói a relação
com a realidade e o mundo exterior. A linguagem dá significado às percepções externas e
internas oriundas do corpo, é quando o corpo começa a falar e exigir a satisfação de suas
necessidades. A significação das necessidades transforma esta demanda em movimento
desejante. O desejo marca a subjetividade e a construção da imagem corporal.

No universo simbólico, a palavra é o elemento fundamental de toda a organização


psíquica: a atenção, o pensamento, a fala e o movimento. A linguagem cria o sujeito da
consciência e do desejo.

Vygotsky pensou o sujeito da consciência e do comportamento voluntário, já Freud


pensou o sujeito como o sujeito do inconsciente. Ambos concebem a palavra, o simbólico,
como condição de existência da subjetividade e formação das funções psíquicas superiores.
A diferença apresentada em seus modelos teóricos não é conceitual e sim estrutural.
A concepção do inconsciente descentra o sujeito da consciência, onde o homem se
reconhece como eu, centrado no sistema percepção-consciência e organizado pelo princípio
da realidade.

O sujeito do inconsciente é regido por outra realidade: a realidade psíquica; onde o


desejo, a fantasia e as identificações compõem outras imagens do eu, desconhecidas pela
consciência, mas altamente determinantes à existência.

Como diz Lacan, em seu Seminário 2, “o inconsciente é este sujeito desconhecido do


Eu, não reconhecido pelo Eu...o núcleo do nosso ser não coincide com o nosso Eu”
(1954/1987, p.61/62).

O Eu é produto de várias identificações imaginárias.


A identificação é um processo no qual há uma assimilação do Eu a um modelo ou à imagem
de um outro. Sua origem é o narcisismo infantil onde o ideal é a projeção imaginária de si
mesmo.
A fascinação amorosa exercida pelos pais substitui esta primeira identificação por
novas identificações, acrescentando novas imagens, novos modelos e ideais. Os efeitos das
primeiras identificações serão duradouros e criam, no psiquismo um protótipo que se
repetirá ao longo da vida, como um ideal do Eu, governando as ações e as escolhas
individuais.
O ideal do Eu é também o representante de modelos culturais, pois o processo de
identificação se estende do modelo familiar às regras sociais e ideais da cultura.
O comportamento humano é regulado pelas internalizações culturais que cada um repete e
transmite sucessivamente como um ideal coletivo. Este processo está na base da constituição
de cada grupamento humano e é o responsável pelos fenômenos de massa, onde o indivíduo
sucumbe impotente diante da força dos modelos impostos. Esta submissão aos modelos
culturais, no entanto, estabelece a identidade. Parece difícil constatar, neste processo, uma
participação consciente e voluntária na escolha desta identidade.
Até aqui estamos abordando as determinações inconscientes alheias à vontade, mas não
podemos excluir a experiência e história pessoal de cada indivíduo e a significação própria
que lhe será dada.
Os modelos ideais, representantes da cultura, somados aos modelos construídos
individualmente podem formar um ideal de eu muito rígido e exigente que aprisiona o sujeito
e restringe sua liberdade de desejar e escolher suas identidades próprias, provocando
conflitos, inibições e perturbações mentais de diversas formas.

Os valores culturais são determinados historicamente e se transformam através do


tempo. Alguns sociólogos e historiadores definem a pós-modernidade como uma crise de
valores referenciais e uma ausência de ideais tradicionais, tornando os indivíduos órfãos de
ideais imaginários. Interessante observar que, na ausência de ideais morais e de princípios
éticos, o corpo ganhou a importância de uma identidade. As pessoas valem o que aparentam
e não o que são.

O culto à imagem do corpo parece substituir o vazio da existência contemporânea.


Distúrbios como anorexia, a depressão e as fobias são indícios de que vivemos uma
despersonalização em massa e nos sugere que, tanto a ausência, quanto o excesso de ideais
são condicionantes que desviam e alienam nossa auto percepção e a imagem que supomos
de nós mesmos.

CONCLUSÃO:
O estudo apresentado neste artigo buscou articular e explicitar alguns conceitos
teóricos que são utilizados no campo da psicomotricidade, da psicanálise e das diferentes
psicologias.
O foco da investigação dos conceitos imagem e esquema corporal têm suas
interfaces com os mais diversos campos das ciências da saúde e sociais.
A construção da corporeidade e da imagem de si que comportam a formação das
identidades, das subjetividades e das identificações são marcadas pela experiência
intransferível do sujeito com o seu processo sócio-histórico e com o lugar em que ele vai se
inscrever na cadeia significante, representante do desejo que é sempre o desejo do outro.
A diferença mais significativa que marca o campo dos estudiosos da constituição da
subjetividade a partir da formação da mente e da consciência, dos que consideram a
subjetividade como um fenômeno essencialmente inconsciente, pode ser descrita com a
compreensão de que a segunda, além dos fenômenos experimentados a partir do arcabouço
biológico e do contexto sócio-histórico privilegia a sexualidade e o desejo como elementos
básicos da sustentação do lugar ocupado pelo sujeito na existência.
A importância deste pensamento para a psicomotricidade, em seus diversos campos
de atuação, quer seja no trabalho com crianças ou em todas as fases da vida adulta, define
um objeto e uma estratégia de intervenção bastante distinta das do campo da fisioterapia,
da psicologia e da educação física. Em especial, porque busca articular um conhecimento
transdisciplinar que se ocupa de revelar a nova face que a atuação clínica e educativa
tangencia, especialmente ao compreender que certos sintomas são, acima de tudo, sociais.
E outros, da ordem da subjetividade, ou seja, do campo do desejo.
Numa das suas áreas de intervenção, a dos distúrbios do desenvolvimento e da
aprendizagem, a atuação psicomotora se justifica na medida em que, por um lado está
instrumentalizada a avaliar as funções psíquicas que constituem a atividade da mente, e que
podem ser consideradas como do campo do esquema corporal e, por outro lado, investiga
as condições subjetivas implícitas no sintoma, que se expressam através da imagem corporal.
Sintomas no campo da fala, do movimento, da atenção, da percepção, da memória e do
pensamento verbal-lógico podem ser avaliados em seus níveis de desenvolvimento.
A aprendizagem decorrente dessas funções, tais como a escrita e a leitura, a
hiperatividade e os distúrbios de atenção, as diversas alterações da ação voluntária
(equilíbrio, coordenações diversas, ritmo, etc) e as desorganizações espaço-temporais, entre
outras, podem ser analisadas com relativa objetividade e descritas nas impressões
diagnósticas produzidas pela investigação psicomotora.

Contudo, para além das avaliações que integram o desenvolvimento motor e


cognitivo, há que se investigar as condições subjetivas conscientes e inconscientes que são
expressas pela imagem de si.

Como o sujeito se vê em sua história e diante de seu sintoma?


No caso da criança, como os pais, familiares e substitutos veem a criança?
Qual a influência da imagem de si na constituição do esquema corporal?
Qual o papel desempenhado pela afetividade na construção do conhecimento?
Qual o nível de interferência da cultura na sintomatologia psicomotora?
Quais os limites de reconhecimento do desejo e de integração social em sujeitos com
diversas necessidades especiais?

Como podemos perceber muitas questões que relacionam o campo da imagem com
o campo do esquema corporal estão cada vez mais presentes na clínica e na educação
contemporânea.
Esperamos poder ter contribuído para o esclarecimento de que a construção da
imagem não é um fenômeno que pode ser reduzido às diversas formas de impressão
(expressão) visual, como, por exemplo, dos reflexos em espelhos ou em fotografias.
Imagem corporal é um conjunto de informações que constituem um sujeito diante de si, do
outro e do mundo. A construção da imagem passa necessariamente pelo outro e pela cultura.
O sujeito aprende a se ver com os olhos dos outros. Mas, para além do olhar, há muito mais.
Há a linguagem inscrita na forma desses que olham e que reconhecem o sujeito, lhe dão um
rosto, um semblante, uma expressão.

Por certo, também temos as crianças que pouco (ou nunca) são olhadas, por motivos
de hospitalizações, abandonos e rejeições. Temos ainda as que sofrem de maus tratos e
abusos, que também é uma forma perversa de ser olhada, reconhecida.
A imagem passa pelos cuidados recebidos, pelo amor e desamor, pelas frustrações, privações
e castrações simbólicas. De certo que a imagem corporal não é um produto só visual ou de
contatos corporais. Crianças que vivem com fome, na miséria e em condições
socioeconomicamente desfavorecidas constroem sua imagem de humanidade nos valores
sociais com que compartilham em seu meio a sua existência e seu lugar no mundo. Carregam,
em sua grande maioria, esse lugar de reconhecimento e constituição da subjetividade.
Há significantes que já se encontram inscritos, mesmo antes do sujeito nascer e que o marca
numa cadeia de significações, assim como o de etnia: branco, negro ou índio.
Outros nascem com marcas de alterações orgânicas que afetam seu desenvolvimento dentro
dos padrões de normalidade da cultura: os surdos, os cegos, os portadores de paralisia
cerebral, etc.

O sujeito está para além de seu corpo, apesar de muitas vezes estar marcado por ele.
A gerontologia nos tem mostrado o quanto a depreciação e o isolamento do idoso, em nossa
sociedade, podem leva-lo à doença e à morte. E, por outro lado, a integração e o
reconhecimento de seu lugar como sujeito, trazem-no à vida e a saúde.
Este vínculo entre sujeito, imagem, corpo, cultura e sintoma merecem ser cada vez mais
aprofundado e discutido, sob suas diversas interfaces e pela via da transdisciplinaridade.
Buscamos, nesse artigo, apresentar alguns pontos importantes situados entre as
teorias sócio-históricas, de um lado, e a psicanálise, de outro. Um estudo entre o
comportamento e o desejo. Contextualizar o adaptável e o inadaptável do sujeito
objetivando relativizar os estudos sobre imagem e esquema corporal
Uma tentativa de dialogar entre o campo da consciência e do inconsciente.
Na prática, um desafio diário da clínica psicomotora e psicanalítica.

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