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0 Trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras AAs primoveras de sarcasmo injermiteniemente no meu coracdo arlequinal Intermitentemente Outras vezes 6 um doente, um frio ‘na minha olme doente como um longo som redondo Contabonal Cantabona! Dlorom.. Sou um tupi langendo um clave! fe Matio de Andrade. De pauiceiadesvaioda a café: pssias completas Soo Paula: Cireulo do Liva, 1986. Introdugao Este ¢ 0 capitulo inicial de Literatura, Bem-vindo a este uni- ‘verso que desvenda munds, mostra a forga das palavras, modifi= ‘caposicionamentos,instaura novas realidades, Comeyaremos por Literatura Portuguesa. Mas por que estudar Literatura Portuguesa? E simples: porque ela representa ponto de partida, influéncia para tudo 0 ‘que se procuzi em nossa lingua. Aqui, partindo do contexto histérico-cultural, voeé vai co nhecer a poesia dos trovadores, chamadas cantigas, divididas «em ties e satires; sentrd.o encantamento do que era ouvido pelas eortes mediovais ibéticas, 0 jeito de ser dos poetas, a ma~ neira como produziam seus textos para serem cantados ao som 4¢ instrumentos musicais. Além disso, podeni ler, a0 final da iltima aula, as chama- das novelas de cavalaria, relatos em prosa que cxaltavam os feitos dos herdis medievais, que se dispunham a dar a vida por Justiga, bem, verdade, ri, eino e donzelas em perigo. ‘Ao estudar 0 periodo, lembre-se de contextualizilo na dade Média e aproveite o ensejo para visitar 0 assunto no seu livro de Histéria Geral Estamos muito distantes ~ no tempo ~ da produdo trovadox rosea no entanto, ¢ preciso considerar que autores como oromin- ‘ico Gongalves Dias ¢ 0 modemista Mario de Andrade sofreram ingluéneia dos textos dos trovadores ¢ produziram poomas mage nificos maneira daqule tempo. E mais ainda: toda época literiia é riea porque os poetas ‘eprosadores sempre t8m muito a dizer: 0 que Ihes vai na alma, reflexio sobre o mundo que habitaram e « maneira especial de rele estar. Seja, portanto, bem-vindo ao mundo dos trovadores! Contexto historico-cultural Fig. 1 Trovador cantar No final do século XI (1094), d. Afonso VI, rei de Leto, casa suas duas filhas: Urruca~a quem coube 0 tertitério do ‘que hoje se define como Espanha, com o Conde Raimundo de orgonha = e Teresa (d, Tateja), filha bastarda, que recebe em ‘asamento d, Henrique, obtendo do pai, como presente de niip- ins, « Condado Portucalense, pequeno teritrio entre 0s Fios Minho e D'Ouro, um verdadeiro “presente de grego” iquela epoca, posto ter as costas banbadas inteiramente pelo AUlintico ‘em um tempo de escassas navegagties, Capitulo 1 Em 1112(14) morre d. Henrique; d. Teresa alia-se aos ualegos, muito especiaimente ao famoso Conde Ferio Pe- res de Trava, © infante d, Afonso Henriques insurge-se con tra a mie, o que termina com a Butalia de S. Mamede, em 24 de junho de 1128. Os revoltosos comam-no o primei- mp rei de Portugal, mas somente em 1143, na Conferéncta de Samora, Afonso VII, bisav de Afonso Henriques, reconh ‘-0 como rei de Portugal e, por eonseguinte, reconhece tam- bbém Portugal como Estado independent. ANG essa ocasifo, 0 condado pertencera & Galiza, no reino {de Leto, ¢ tinha como centro irraiador dle cultura, leis, artes © roligicsidade, a eidade de Santiago de Compostela; i estudaram todos os nobres da época. Longo tempo seria transcomrido até que Portugal pudesse verdadeiramente ser Estado independente; décadas e décadas s© passaram na Guerra da Reconquista quando, por fim, no século XILL, durante 0 reinado de Afonso IIL, os sarracenos so ‘expulsos om definitiva do terrtério sitano. ‘Mesmo durante a época cm que aquele pais dedicou-se ‘constantemente a guerra, houve efusiva ¢ no descontinsa pro-

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