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A culpa não é dos videogames 18/03/2019 14*06


O GLOBO › Annotations

A culpa não é dos videogames


MARCH 18, 2019

O massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, não apenas


importou um tipo de ataque que é muito mais comum nos Estados Unidos.
Também faz surgir aqui uma acusação feita com frequência entre os
americanos: a culpa é dos videogames.

“Vemos essa garotada viciada em videogames violentos. Tenho netos e os


vejo muitas vezes mergulhados nisso aí”, disse o vice-presidente, Hamilton
Mourão, depois da tragédia.

Culpar os videogames pela violência é uma resposta rápida, que surge


sempre que é revelado que o autor de algum ataque gostava de jogos
violentos. Dave Grossman, que talvez tenha inspirado a opinião de Mourão,
é o autor de “Matar: um estudo sobre o ato de matar”, publicado no Brasil
pela Biblioteca do Exército, e chama os videogames de “simuladores de
assassinatos”.

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Imagem da matéria

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Grossman, que é coronel do Exército americano, diz que, do ponto de vista


de um militar ou de um agente da lei, os games treinam garotos para matar,
fornecendo respostas automáticas e fazendo com que se tornem insensíveis
ao tirar a vida de alguém. Mas, na verdade, não existe essa ligação entre os
jogos e a violência adolescente, comprovou um estudo da Universidade de
Oxford divulgado em fevereiro.

O trabalho, conduzido por Andrew K. Przybylski e Netta Weinstein, é


apontado como o estudo mais abrangente sobre o assunto, combinando
análise objetiva e subjetiva. Em um passo além dos estudos anteriores, que se
baseavam apenas no relato dos jovens, os pesquisadores também usam
informação dos pais para julgar o nível de agressividade dos filhos.

No total, . jovens britânicos de  ou  anos e um igual número de


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No total, . jovens britânicos de  ou  anos e um igual número de


responsáveis participaram do estudo, publicado pela Royal Society Open
Science. Primeiro, os jovens responderam a perguntas sobre seus hábitos,
como, por exemplo, quanto tempo passavam jogando games violentos.
Depois, foi a vez de os pais relatarem o comportamento dos filhos, se tinham
brigado, feito bullying , eram solitários, tinham amigos etc.

Os próprios pesquisadores admitem que culpar os jogos é uma teoria


tentadora. O Modelo Geral de Agressão, teoria social pela qual a exposição
repetida a informações violentas aumenta a probabilidade de esquemas,
emoções e comportamentos cognitivos agressivos, explicaria a violência
associada aos games. Mas os resultados não corroboram a hipótese.

Seja pelos próprios relatos ou o depoimento dos pais, adolescentes fãs de


videogames violentos não eram mais agressivos nem tinham mais problemas
emocionais do que os praticantes de jogos não violentos. Isso não quer dizer
que a mecânica dos games não possa provocar reações de raiva. Mas xingar,
ser competitivo e tirar sarro dos outros jogadores é bem diferente de pegar
uma arma e sair atirando por aí.

O trabalho não é o único a chegar a essa conclusão. Estudos anteriores,


realizados por pesquisadores da Suécia e da Austrália, bem como da
American Psychological Association, já haviam determinado a falta de provas
de que o comportamento agressivo está ligado aos games. Além disso, a
Suprema Corte dos Estados Unidos também decidiu a respeito em ,
quando se recusou a proibir a venda de videogames a menores de idade.

No meio de uma tragédia como a de Suzano, é normal procurar respostas. A


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No meio de uma tragédia como a de Suzano, é normal procurar respostas. A


preocupação dos pais é válida, mas não há evidências de que jogos violentos
tenham relação com comportamento violento.

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