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UNIVERSIDADE CEUMA

DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
CURSO DE PEDAGOGIA

MARCILENE ALVES OLIVEIRA


PRISCILA DA SILVA MARTINS

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

SÃO LUIS
2019
Redução da Maioridade Penal

Nos últimos anos a pauta congressista se viu no meio de uma grande discussão, a saber
a redução da maioridade penal, idade em que o indivíduo irá responder criminalmente como
adulto. Este tem sido um dos temas mais discutidos atualmente na política brasileira, A PEC
171/93, que diminui a idade mínima com que uma pessoa pode ir para a prisão em caso de
crimes hediondos, ou seja, uma redução da maioridade penal – chegou a ser aprovada
pela Câmara em 2015 e hoje aguarda apreciação pelo Senado Federal. O assunto divide
opiniões porque envolve uma série de questão que são importantes e devem ser consideradas,
como por exemplos, as causas do envolvimento de jovens com o crime e a situação atual do
sistema prisional com relação a infraestrutura e ressocialização.
De acordo com a proposta, diminui de 18 para 16 anos, a idade em que o indivíduo irá
responder ao Código Penal. Essa é uma discussão que tem se desenrolado ao longo de muitos
anos e que envolve convicções muito enraizadas sobre responsabilidade individual e sobre a
implementação de políticas públicas no país. É um assunto que provoca polêmica entre toda a
sociedade, há quem seja contra essa proposta afirmando que a redução da maioridade penal não
resolveria a questão do envolvimento desses jovens no mundo do crime. Os defensores da
permanecia da maioridade aos 18 anos, afirmam que o grande problema da violência entres
jovens nessa faixa etária, está na falta de oportunidades, que a educação é fator determinante
no índice de atos infracionais equiparados a crimes cometidos no Brasil, que estes não teriam
condições de ser responsáveis por seus atos e que, portanto, deveriam ser julgados como
crianças.
Mas a grande questão é que grande parte do discurso contrário à proposta não se sustenta
diante de uma análise baseada na lógica e na realidade. Nessa idade (16 anos) o estado brasileiro
permite emancipação, liberdade para relações sexuais, casamentos, além de poderem votar par
presidente da república. É na comparação como esses deveres que não se sustenta a narrativa
de que jovens nessa idade não teriam condições de responder por seus delitos. Se há condições
de voto, porque não haveria para discernir entre o certo e o errado? Se há condições, caso queira,
de casar-se não haveria também para saber o que seria certo ou errado?
A falta de condições sociais adversas não também não se encaixa comparado aos outros
jovens de mesma idade e condição social que não escolheram delinquir. Jovens em situações
de extrema vulnerabilidade que seguiram o caminho da honestidade. A falta de condições é
dada como motivo para a criminalidade, imaginemos então se todos os jovens de baixa condição
social optassem pelo mundo do crime, como seria o nosso país? Vale ressaltar também o que
disse o Promotor de Justiça do Departamento da Infância e Juventude de São Paulo- Fábio José
Bueno: “O menor infrator, na sua maioria, é o adolescente que vem de família pobre, porém,
não miserável. Tem casa, comida, educação, mas vai em busca de bens que deem
reconhecimento a ele. ”
Entendendo a parte em que um indivíduo de 16 anos tem condições de responder
criminalmente por seus atos, entramos num ponto extremamente importante que é o sistema
carcerário do nosso país. O estado tem a responsabilidade não só de punir, mas também de
ressocializar os menores em conflito com a lei, papel este que não vem sendo cumprido. Nosso
sistema não tem as condições necessárias para cumprir com a sua responsabilidade, então é
nitidamente visível que este também precisa ser reformulado, o que não se pode é achar que a
não punição de crimes cometidos por jovens com 16 não é a melhor alternativa, isso só gera
uma sensação de impunidade, e incentiva outros jovens a fazerem o mesmo.
Uma ação bem significativa com relação ao sistema prisional ao se reduzir a maioridade
penal, é que isso não significaria a colocação de jovens para o cumprimento de pena juntamente
com adultos. A redução da maioridade penal estaria umbilicalmente ligada à necessidade de um
sistema prisional apto a receber agentes condenados a penas privativa de liberdade entre os 16
e 18 anos incompletos, ao exemplo da divisão carcerária entre homens e mulheres. Sendo assim,
redução não mudaria apenas a baliza para aferição de imputabilidade, mas também alteraria o
próprio sistema prisional brasileiro. Nesse sistema prisional seria possível se trabalhar de forma
mais eficiente a ressocialização dos jovens.
Existe sim um problema a ser tratado, quem não será resolvido apenas com leis, mais
duras. Há sim uma disparidade de renda no pais, falta de oportunidade a jovens pobres. Mas
não é com impunidade que essas mazelas irão desaparecer, medidas socioeducativas, geração
de emprego, melhoria do ensino básico, assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade
serão sempre um assunto urgente e necessário, mas tudo isso não se exclui de punirmos aqueles
que cometem crime, uma vez que todas essas condições não são justificativas para delinquir.
Quando se fala que punir é condenar o efeito, não deixa de ser verdade, claro que é preciso se
analisar as causas e tomar todas as medidas possíveis para neutraliza-las, investir na base é
necessário e extremamente importante, mas não podemos fechar os e não tomar nenhuma
medida com relação aos problemas que já existem, as consequências que já foram geradas.
Referências

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral. Salvador: Editora Jus
Podivm, 2ª edição. 2014.
GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice. Redução da maioridade penal. Disponível em:
http://ww3.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20080414120820300&mode=print
Acesso em 11 de setembro 2015.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 7ª
edição, São Paulo: Editora Método, 2011.

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