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Secretaria
Maria do Carmo Silva Barbosa
Genio Nascimento
Thaiane Alves Torres
Ana Clara Toassa Sprengel
Copyright © 2018 dos autores dos textos, cedidos para esta edição à Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – INTERCOM.
Direção
Roseméri Laurindo
Organizadores
Leonel Aguiar, Marcos Paulo da Silva e Monica Martinez
Editoras assistentes
Vanessa Heidemann e Raquel de Souza Jeronymo
Revisão
Marcos Paulo da Silva e Monica Martinez
Ficha Catalográfica
ISBN: 978-85-8208-114-3
Prefixo Editorial: 8208
Inclui bibliografias.
Prefácio.............................................................................................................11
Dulcília Buitoni
CAPÍTULO 14: Jornalismo, gênero e desigualdades: análise das notícias sobre a am-
pliação de direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil e na Argentina - Danila Cal,
Lorena Esteves e Matheus Nery..............................................................................................245
Resumo
Neste capítulo, apresentamos uma reflexão sobre o trabalho das mulheres jor-
nalistas, pontuando a relação psicodinâmica entre sofrimento e prazer, per-
meado pela precarização, intensificação e violência de um lado e pelo senti-
do de ser jornalista de outro. O ritmo acelerado e o desrespeito aos direitos
trabalhistas atingem tanto homens quanto mulheres, mas a situação delas é
aprofundada por discriminações de gênero e uma maior ocorrência de assédio
moral e sexual. É o que mostram as entrevistas analisadas pelas autoras assim
como a revisão de literatura e alguns casos destacados a partir dos anos 1960.
Introdução
Referências
Resumo
As mulheres ocupam cada vez mais espaço nas redações em Portugal. Atu-
almente, elas representam 48,2% dos jornalistas, seguindo uma tendência do
mundo ocidental iniciada no fim do século XX. Com base nas teorias do jor-
nalismo, do gênero e do mundo do trabalho, esta investigação busca mostrar
possíveis alterações nas rotinas e processos jornalísticos dentro desse contexto.
Realizamos entrevistas individuais com 21 jornalistas de três jornais portu-
gueses. As análises direcionam para mudanças nas práticas da redação. Elas
dividem com os homens as responsabilidades no ambiente de trabalho. As in-
vestigações de campo mostram que, mesmo sem hegemonia no topo da hierar-
quia, a influência delas aumenta cada vez mais na gestão de tarefas e no olhar
para temas sociais.
Introdução
Desde os anos 1980, são inegáveis as mudanças nas redações e nos car-
gos executivos das empresas jornalísticas. A virada do século XX para o XXI
foi marcada fortemente pelo que se tem chamado de feminização da força de
trabalho jornalístico no mundo ocidental (LOBO et al, 2015; MIRANDA,
2014, 2017; GARCIA, 2009). Porém, estudos globais que tratam da cultura
6. Pesquisa realizada durante o estágio sanduíche da primeira autora deste artigo na Escola Superior de Comunicação
Social, em Portugal, em 2017, como parte do doutorado em Comunicação na UFPE, orientado pelo segundo autor.
7. Doutoranda em Comunicação (UFPE), mestre em Jornalismo (UFSC) e graduada em Comunicação Social/Jor-
nalismo (Univali). E-mail: anapaula.bandeira@ufpe.br.
8. Doutor em Comunicação e Cultura (UFRJ). Pós-doutor (PUCRS). Docente do PPGCOM/UFPE. Coordena-
dor do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade. E-mail: a.vizeu@yahoo.com.br.
O estudo de gênero
Contexto histórico
Ainda que hoje em dia se tenda a uma equiparação cultural e social en-
tre homens e mulheres, mantêm-se mesmo assim certos tópicos, crenças
e práticas sociais nos quais as mulheres saem maioritariamente desfavo-
recidas: por exemplo, o tratamento das mulheres é mais familiar, menos
rigoroso (GALLEGO, 2004, p. 63-64).
Tem muito a ver também com o boom que houve em Portugal dos cursos
de comunicação. Há trinta anos, existia um curso de comunicação social
em Portugal. Atualmente existem dezenas. Como tal, também houve
muitas mudanças para entrar na profissão. Havia há trinta anos poucos
jornalistas licenciados. Atualmente a grande maioria dos jornalistas já
vem com licenciaturas. E cursos de comunicação social são na maioria
compostos por mulheres. Acho que é a partir daí que começou a ter uma
área mais branda nas redações e com os anos de experiência das pessoas
que entraram nessa nova fase, essas pessoas também começam a chegar a
cargos de chefia, independentemente de serem homens ou mulheres. É
uma questão geracional. (HR, 2017, entrevista à autora).
Algumas considerações
ALLAN, S. Gendering the Truth: politics of News Discourse. In: CARTER, Cynthia;
BRANSTON, Gill; ALLAN, Stuart (Org.). News, Gender and Power. Nova York:
Routledge, 1998. p. 121-140.
LOBO, P. et al. “In Journalism, We Are All Men”. Journalism Studies, [s.l.], v. 18, n. 9,
p.1148-1166, 25 nov. 2015.
Resumo
16. O grupo foi criado em 2012 (CNPq) e é coordenado pelas professoras Karina Janz Woitowicz e Paula Melani Rocha.
17. Disponível em: http:// www.periodicos.capes.gov.br/
Dados: Número de artigos científicos nacionais e internacionais encontrados no sistema de busca do portal
de periódicos da Capes utilizando os seguintes conjuntos de palavras-chave: representações femininas/comu-
nicação; representações femininas/jornalismo; jornalista/mulher; jornalismo/mulher
(WOITOWICZ, ROCHA, 2014, p.137).
28. Os resultados da pesquisa foram trabalhados em projetos de iniciação científica sobre a temática da inclusão da
perspectiva de gênero na formação profissional pelas acadêmicas Gabriela Clair e Bruna Carmargo, sob orientação das
professoras Paula Melani Rocha e Karina Janz Woitowicz, respectivamente.
29. Para um detalhamento das respostas que justificaram a opção afirmativa ou negativa em uma questão aberta, ver
Camargo e Woitowicz (2017).
Considerações
Referências
Lucy OLIVEIRA32
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, São Paulo, SP
Resumo
A imprensa feminista, braço da imprensa alternativa, vocaliza a defesa das mu-
lheres como sujeitos políticos, da cidadania e da democracia. Assim, o obje-
tivo deste capítulo é apresentar as rupturas e as continuidades de agenda de
publicações da imprensa feminista, em dois momentos distintos: pós-1975 e
pós-2011. Para tal, por meio da análise conteúdo, via software MAXQDA, ela-
boramos uma comparação entre os temas abordados pelos jornais Nós Mulhe-
res, Mulherio e Nzinga Informativo, que circularam nas décadas 1970 e 1980,
e pelos sites Nós, Mulheres da Periferia, Think Olga e Catarinas, surgidos pós-
2011. Considerando as diferenças contextuais e de plataformas, foi possível
perceber que a imprensa alternativa ainda representa um importante espaço
para o debate de temas silenciados pela grande mídia, ao mesmo tempo em
que a agenda feminista se atualiza de acordo com conquistas e retrocessos de
direitos.
30. A pesquisa de doutoramento (FREITAS, 2017), ponto de partida deste artigo, foi desenvolvida com bolsa De-
manda Social (CAPES), de 2013 a 2017, no Programa de Pós-graduação em Ciência Política, da Universidade de
Brasília, sob a orientação da professora Flávia Biroli. Agradecemos a Teresinha Pires por seus comentários na organi-
zação deste artigo.
31. Pós-doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal de Minas Gerais (PDJ/CNPq) – Processo
168943/2017-4. Doutora em Ciência Política (UnB) e mestra em Comunicação Social (PUC Minas). Integrante
do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê/IPOL/UnB), do Margem – Grupo de Pesquisa
em Democracia e Justiça (DCP/UFMG) e da Rede de Pesquisas em Feminismos e Política. E-mail: vivianegoncal-
vesfreitas@gmail.com
32. Pós-doutoranda em Ciência Política pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP/
CEBRAP) e pesquisadora da área de comunicação e política. Doutora em Ciência Política (UFSCar) e mestre em
Sociologia (UFAL), integrante do Núcleo de Estudos Comparados e Internacionais (NECI/USP) e do grupo Co-
municação Política, Partidos e Eleições (CPPE/UFSCar), além de professional trainer em softwares de análise mista
de conteúdo. E-mail: lucyjorn.al@gmail.com
Metodologia
49. Freitas (2017) apresenta as dez categorias temáticas mais frequentes nos três jornais citados acima e no Fêmea, que
aqui foi retirado por não integrar o escopo deste artigo.
Dos três sites analisados, é o único que se intitula feminista, sendo que
o Nós, Mulheres da Periferia fala de “mulheres” e o Think Olga de “feminino”.
Sua agenda concentra-se nos temas de gênero, feminismos e direitos humanos,
mas, com o passar do tempo, essa pauta se amplia pelos 596 textos analisa-
dos, tendo uma aproximação forte com discussões ligadas ao campo político
institucional (como eleições e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff )
e também com relação aos movimentos sociais (agrários, urbanos, habitação,
transporte etc). Tanto que muitas de suas matérias tratam de diferentes atos e
manifestações de rua ligadas à defesa de direitos nas mais diferentes vertentes.
Vale ressaltar que, apesar de ser o veículo com menor tempo de existên-
cia, é o de maior produção, o que demonstra um ativismo também por meio da
divulgação de notícias e matérias. Ao todo, as três principais categorias foram:
“mídia e produção cultural” (18%); “direitos sexuais e reprodutivos” (13%) e
“política institucional” (11%).
Com isso, é possível perceber que, nos três sites analisados, a categoria
que se repete em destaque é “mídia e produção cultural”. Em dois deles – Ca-
tarinas e Nós, Mulheres da Periferia –, ela fica em primeiro lugar na frequência,
demonstrando uma alteração importante na agenda: o campo da comunica-
ção, da arte e, em especial, dos projetos colaborativos e online passa a ser um es-
paço importante da luta, vocalização e resistência feminista. A contraposição
poderia ser o site Think Olga que abertamente tem, nas ações online e em temas
de repercussão nas redes sociais, seu principal mote. Entretanto, a principal
categoria averiguada foi “violência contra a mulher”, apesar de muitos desses
casos ocorrerem nas mídias digitais. Apenas no Nós, Mulheres da Periferia a
categoria “trabalho” aparece entre as cinco maiores, demonstrando que a ques-
tão ainda é uma pauta fortemente ligada à periferia. Catarinas também destaca
a questão da política institucional. Por fim, vale destacar a categoria temática
Considerações finais
Referências
GODARD, B. Feminist periodicals and the production of cultural value: the Canadian
context. Women’s Studies International Forum, Oxford; New York, v. 25, n. 2, pp.
209-223, 2002.
GOMES, C.; SORJ, B. Corpo, geração e identidade: a Marcha das Vadias no Brasil.
Sociedade e Estado, Brasília, DF, v. 29, n. 2, pp. 433-447, maio/ago. 2014.
RIZZOTTO, C.; MEYER, N.; SOUSA, F. Ativismo digital: uma análise da repercussão
de campanhas feministas na internet. Rizoma, Santa Cruz do Sul, RS, v. 5, n. 1, pp. 124-
147, ago. 2017.
Katarini MIGUEL56
Letícia de Faria Ávila SANTOS57
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS
Resumo
O presente trabalho reflete sobre os jornalismos praticados por coletivos fe-
ministas de relevância na internet, no caso, nos portais AzMina e Think Olga,
que se caracterizam enquanto conteúdo midialivrista, engajados na pauta da
relação de gênero. Durante o mês de março de 2018, considerando a data do
dia Internacional da Mulher, com uma proposta exploratória, acompanhamos
e caracterizamos os espaços virtuais e as próprias iniciativas, o modelo de ne-
gócios ali empreendido, levantamos os conteúdos produzidos e os compara-
mos. Identificamos uma prática jornalística (e ciberjornalística) que se confun-
de com o ativismo nos próprios modos de fazer e na difusão, estabelece uma
dinâmica de financiamento coletivo pouco sustentável, explora os recursos
tecnológicos, pauta assuntos fora da ordem do dia e não se preocupa com os
preceitos tradicionais de imparcialidade e objetividade.
UGARTE, D. El poder de las redes. Madrid: Biblioteca de las Indias Eletrónicas,
2007.
Resumo
A partir de um close reading Richards (2017) de trechos de A Guerra Não
Tem Rosto de Mulher, Vozes de Tchernóbil e The Woman from Hamburg, pre-
tendemos compreender as especificidades do jornalismo literário produzido
por mulheres eslavas, a partir do trabalho da bielorussa Svetlana Aleksiévitch
e da polonesa Hanna Krall. Buscamos distinguir as particularidades de estilo
e voz de cada autora, suas estratégias narrativo-discursivas. Ao final da análise
percebemos que compartilham um tema-chave: o silenciamento das vozes de
mulheres, a quem ao mesmo tempo muitas informações importantes são nega-
das. Porém, as autoras trabalham com abordagens bastante distintas – Aleksi-
évitch completa as lacunas de informação e cria um ambiente envolvente para
o leitor, enquanto Krall evidencia as lacunas e transmite em sua reportagem
um mundo que permanece cheio de silêncios e enigmas.
Vozes do Leste
Procedimentos metodológicos
Num dia de verão, a esposa voltou das compras. O casaco de seu marido
estava pendurado na antesala; ele tinha chegado do trabalho um pou-
co mais cedo do que o costumeiro. A porta do quarto da judia estava
trancada. Certo dia de outono seu marido lhe disse: “Regina está grávi-
da” (KRALL, 2005, loc.92, tradução nossa)68
Antes de tudo, temos que provar que ela é sua mãe. Você tem teste-
munhas? Não? Bem, então veja… O depoimento da Sra. Barbara S. de-
veria ter sido gravado. Deveria ter sido notarizado. Agora tudo o que
resta é um exame de sangue. Você está determinada a processá-la? Então
por que veio procurar um advogado? (KRALL, 2005, loc.205, tradu-
ção nossa).69
67. No original: “It’s true. I gave birth to you (...). I had to. I had to agree to everything. I wanted to live. I don’t want
to remember your father. I don’t want to remember those times. I don’t want to remember you, either.” (KRALL,
2005, loc. 155).
68. No original: “One summer day, the wife came home from shopping. Her husband’s jacket was hanging in the
anteroom; he had come home from work a little earlier than usual. The door to the Jewess’ room was locked. One
autumn day her husband said, “Regina is pregnant” (KRALL, 2005, loc.92)”
69. No original: “First of all, we have to prove that she is your mother. Do you have witnesses? No? Well then, you see.
The testimony of Mrs. Barbara S. should have been recorded. It should have been notarized. Now all that remains is a
blood test. Are you determined to sue? So why did you come to a lawyer’s office?” (KRALL, 2005, loc.205).
[...] a guerra “feminina” tem suas próprias cores, cheiros, sua iluminação
e seu espaço sentimental. Suas próprias palavras. Nela, não há heróis
nem façanhas incríveis, há apenas pessoas ocupadas com uma tarefa
desumanamente humana. E ali sofrem apenas elas (as pessoas!), mas
também a terra, os pássaros, as árvores. Todos os que vivem conosco na
terra. Sofrem sem palavras, o que é ainda mais terrível (ALEKSIÉVI-
TCH, 2016a, p.12).
Para organizar um formato adequado que desse vazão a essas vozes cala-
das, Svetlana investiu nos depoimentos e criou uma esfera intimista que violou
os entraves que supervalorizavam a versão histórica neutra para chegar naquela
versão repleta de minucias e, segundo a jornalista, daquilo que é humano.
Por fim, conclui o relato refletindo sobre o porquê de ter ficado viva:
“Por que fiquei viva? Para quê? Eu acho… Eu entendo que foi para contar
isso…” (ALEKSIÉVITCH, 2016a, p.132). A pressão que a versão hegemô-
nica e canonizada dos fatos faz é forte. Assim como outras mulheres ao longo
do livro, Nina escreveu para Svetlana pedindo que algumas passagens fossem
suprimidas sob a preocupação de que sua imagem de heroína ruísse.
Em Vozes de Tchernóbil, Svetlana adota uma forma textual que a princí-
pio parece derivar da que Kapuściński empregara em obras como Cesarz [O
Imperador], com o uso de longos depoimentos de seus entrevistados. No en-
tanto, Kapuściński costura os depoimentos com outros longos trechos narra-
tivos em que sua voz autoral se faz sentir. Já Aleksiévitch, com seu estilo mais
consolidado e com uma produção menos suspeita, indexa sua presença em
alguns poucos momentos em que os entrevistados de dirigem diretamente a
ela e em um pequeno capítulo – “Entrevista da autora consigo mesma sobre
a história omitida e sobre por que Tchernóbil desafia a nossa visão de mun-
do”. Em seu escopo mais amplo, o livro é uma coletânea de monólogos de tes-
temunhas não da explosão do quarto reator da usina nuclear de Tchernóbil,
próxima à fronteira da Ucrânia com a Bielorússia, mas da disrupção de vidas
causada pela explosão e pela contaminação nuclear. São monólogos de agricul-
tores, médicos, aldeões, parteiras, engenheiros, liquidadores, jornalistas, pro-
fessores de pequenas vilas, pais e mães, esposas e maridos, pessoas deslocadas
de seus lares à força ou que continuaram a residir em zonas contaminadas.
Num escopo mais amplo, está em jogo no livro a voz da ideologia do cotidiano
(BAKHTIN, 2012), da voz e dos valores populares que escapam e por vezes
se chocam com as instituições de poder adminstrativo, coercitivo e científico;
Sim, numa conversa ao telefone. Ele estava vivendo em Iowa; liguei para
ele quando cheguei em casa. Achei que não fosse acreditar em mim, que
ao menos ficaria surpreso, mas não se surpreendeu nem um pouco. Ele me
escutou calmamente e depois disse: “Eu sei o que é esse choro. Quando o
atiraram para for a do esconderijo ele ficou na rua e chorou bem alto. Era
aquele choro – o choro da minha criança que foi jogada na rua.”
Era a primeira vez que falei com meu pai sobre meu irmão. Ele tinha
um coração fraco e eu não queria chateá-lo. Eu sabia que meu irmão
tinha morrido, como todos os outros; o que mais eu teria para pergun-
tar sobre isso? Agora descobri que o menino estava escondido em al-
gum lugar com a mãe, a primeira esposa de meu pai, junto com mais
ou menos uma dúzia de outros judeus. Não sei onde, se foi no gueto ou
no lado ariano. Às vezes imagino uma cozinha com pessoas amontoa-
das. Elas estaavm sentadas no chão, tentando não respirar. Ele começou
a chorar. Elas tentaram silenciá-lo. Como se acalma uma criança que
chora? Com doces? Com brinquedos? Eles não tinham nada disso. Seu
choro ficou mais e mais alto, e as pessoas amontoadas no chão estavam
todas pensando a mesma coisa. Alguém sussurrou: “Vamos todos mor-
rer por causa de uma criancinha.” Ou talvez não fosse uma cozinha.
Talvez fosse um porão, um bunker. Meu pai não estava com eles; so-
mente ela estava presente, a mãe de Abram. Ela ficou com os outros.
Ela sobreviveu. Ela foi morar em Israel, talvez ainda esteja lá, eu não
perguntei, eu não sei…
Meu pai morreu. (KRALL, 2005, loc.1521, tradução nossa)71
70. No folclore judeu, existe um espírito humano que vagueia pelo mundo em busca de um refúgio no corpo de
alguém vivo devido aos pecados cometidos na vida pregressa. Esse espírito é conhecido como Dybbuk ou Dibbuk.
71. No original: “Yes, in a phone conversation. He was living in Iowa; I called him after I got back home. I thought
he wouldn’t believe me, that at the very least he’d be taken aback, but he wasn’t taken aback at all. He listened calmly,
and then he said, “I know what that cry is. When they threw him out of the hiding place he stood in the street and
cried loudly. That was the cry—the cry of my child who was thrown out into the street.”
This was the first time I had talked with my father about my brother. Father had a weak heart; I didn’t want to upset
Referências
ISER, W. Der Akt des Lesens: theorie asthetischer Wirkung. München: Wilhelm
Fink, 1976.
KRALL, H. The Woman from Hamburg and other true stories. New York: Other
Press, 2005. (ebook)
WOLFE, T. Radical chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2005.
Resumo
A perspectiva interseccional
Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres a subir numa
carruagem, é preciso carregar elas quando atravessam um lamaçal e elas
devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda a
subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o melhor
lugar! E não sou uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu bra-
ço! Eu capinei, eu plantei, juntei palha nos celeiros e homem nenhum
conseguiu me superar! E não sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e
comer tanto quanto um homem – quando tinha o que comer – e tam-
bém aguentei as chicotadas! E não sou uma mulher? Pari cinco filhos e a
maioria deles foi vendida como escravos. Quando manifestei minha dor
de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma mulher? 78
Referências
BEAUVOIR, S. O Segundo sexo – fatos e mitos; tradução de Sérgio Milliet. 4 ed. São
Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980.
Resumo
Introdução
Análise de discurso
a) Biologização
A primeira formação de sentido encontrada nas duas reportagens re-
laciona-se às características biologizantes que são acionadas por repórteres e
entrevistados, principalmente, como forma de oposição à presença de Tiffany
em quadra. Neste ponto, existe uma forte demarcação de binaridade de gê-
nero, opondo traços masculinos e femininos, principalmente relacionados a
características biológicas da estrutura corporal.
Cabe observar, em um primeiro momento, que em ambas as reporta-
gens existe a intenção de sinalizar a mudança de sexo da atleta e de destacar,
em variadas oportunidades, o nome de nascença de Tiffany – o qual ela mesma
não gosta de mencionar – como uma forma de relembrar que em uma época
era homem e depois virou mulher. Exemplo disso é quando, no Esporte Espe-
tacular, a jornalista Fernanda Gentil apresenta a reportagem: “Tiffany Pereira
de Abreu, 33 anos, nasceu Rodrigo”. No Esporte Fantástico, essa construção se
dá por parte do locutor da reportagem que diz: “Já com um visual feminino,
Rodrigo continuou atuando em equipes masculinas”. Além disso, nesse mes-
mo programa, a demarcação da mudança de sexo ainda vem acompanhada de
uma subjugação do feminino, induzindo a pensar que Tifanny só é uma boa
jogadora feminina porque antes era um homem – ideia essa visível na frase da
apresentadora do programa, a jornalista Mylena Ciribelli: “A jogadora de vôlei
Tiffany mudou de sexo, mas ela vem se destacando dentro das quadras bra-
sileiras e aí já viu né... tá sendo cotada pra atuar dentro da seleção feminina”.
Ademais, o uso da conjunção adversativa “mas” indica que apesar dela ter mu-
dado de sexo, ela vem se destacando, criando uma relação de interdependência
entre os dois fatos.
b) Normatização
A segunda formação de sentido encontrada em ambas as reportagens
corresponde ao posicionamento do repórter e entrevistados perante as normas
e questões técnicas que autorizam Tifanny a jogar voleibol. Podemos perceber,
nas duas, que as opiniões se dividem: há àqueles que creem que a atleta está
dentro dos padrões impostos e, também àqueles que acreditam que Tiffany é
dotada de uma força maior e que não está sendo testada como deveria.
Na reportagem veiculada pelo programa Esporte Espetacular, da Rede
Globo, percebemos, inicialmente, que é o próprio repórter, Anselmo Capa-
rica, quem deixa claro que a jogadora não é páreo para disputar a Superliga
Feminina, já que, seu desempenho é superior ao das outras atletas: “Em cinco
jogos, foram 115 pontos, média de 23 por partida, desempenho superior ao
da oposta Tandara, do Osasco e da Seleção Brasileira, maior pontuadora da
competição, com média de 20 pontos”.
O repórter, em contraponto ao afirmado anteriormente, tenta amenizar
o fato de a jogadora ser a maior pontuadora da competição por ter nascido
homem, e traz dados do Comitê Olímpico Internacional, o COI, como forma
de comprovar que a atleta está dentro dos padrões: “Segundo o Comitê Olím-
pico Internacional (COI), não é necessário fazer a cirurgia de mudança de
sexo para disputar competições femininas. Basta ter um nível de testosterona
c) Receio
A terceira formação discursiva encontrada por meio da análise crítica
das duas reportagens diz respeito ao posicionamento das fontes entrevistadas
com relação à autorização concedida a Tifanny para jogar em uma liga femi-
nina de vôlei no Brasil. Os entrevistados, na maioria das vezes, demonstraram
receio em manifestar uma opinião sobre o caso, seja positiva ou negativa. As
respostas evasivas sugerem que os entrevistados buscaram se isentar de respon-
sabilidade sobre o caso, relegando a outros órgãos e entidades a função de de-
cidir se Tifanny deveria ou não jogar.
Na reportagem que foi ao ar no programa Esporte Espetacular, a fala
do médico João Grangeiro, presidente da Comissão Nacional de Médicos de
Vôlei (CONAMEV), mostra que nem mesmo o presidente de uma comissão
médica especializada no assunto optou por deixar claro seu posicionamento,
mostrando que apenas seguiu passivamente uma diretriz do Comitê Olímpico
Internacional, usando-a como desculpa para não se posicionar: “O que a CO-
NAMEV, na realidade, levou em consideração pra que a CBV pudesse liberar
a atleta foi tão somente a diretriz do Comitê Olímpico Internacional”.
Paulo de Tarso, técnico do clube Pinheiros, também evidenciou no seu
discurso, por meio da repetição do pronome “ninguém”, o reforço de que não
Referências
Resumo
Quando é que travestis e transexuais são noticiadas? Como são? Por que, ge-
ralmente, se noticia e explora suas vulnerabilidades e situações de violência?
Se consideramos que o trabalho dos jornalistas é importante para a formação
da opinião pública, est@s profissionais são responsáveis – ao menos, deveriam
– pelo compromisso ético no modo como alguns setores da sociedade lidarão
com as diferenças e como elas serão tratadas. Por meio de uma análise de re-
portagens já veiculadas sobre corpos trans e travestis no Brasil, especial aten-
ção às de 2017, pretendemos disparar diálogos ao expormos os discursos ali
presentes, sejam eles pouco compromissados politicamente com as vidas das
vítimas ou aqueles que tratam essas vidas como importantes, as abordando de
modo respeitoso e humano, potencializando, assim, a visibilidade como exem-
plos positivos às práticas jornalísticas.
Introdução
Considerações finais
Referências
_____. Microfísica do poder. 28ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
Resumo
Do LGBT ao queer
107. RIBEIRO, 2008; VEIGA DA SILVA, 2010; VEIGA DA SILVA, 2015; FRANCISCO, 2016; CAEIRO, 2016;
BORELA, 2017; INSFRAN, 2017; GONZATTI, 2017; GONÇALVES, 2017; MACHADO, 2017.
Referências
Resumo
111. Este estudo comparativo internacional está sendo desenvolvido por um núcleo fundante composto pelas pesqui-
sadoras doutoras Dione O. Moura (UnB); Paula Melani Rocha, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG);
Bèatrice Damian-Gaillard (Arènes, França) e Florence Le Cam, da Universidade Livre de Bruxelas (ULB, Bélgica).
112. Embora estejamos utilizando aqui uma distinção entre femilização (aumento quantitivo de mulheres em um
campo profissional) e feminização (transformações geradas em um campo profissional a partir da ação da presença
das mulheres nesse campo), como proposto por Yannoulas (2011), estamos cientes, como a própria autora admite,
que tais termos muitas vezes, “na literatura especializada sobre gênero e trabalho, são utilizados, alternativamente
(...) (YANNOULAS, 2011, p.271).
Percurso metodológico
Então, o maior desafio, eu como mulher e negra, acho que o maior de-
safio é a questão da credibilidade da sua chefia dos seus superiores, en-
tendeu? Porque normalmente pelos locais que eu já trabalhei sempre
teve que ter um homem para respaldar um trabalho que eu já sei fazer.
Eu trabalhei numa assessoria de imprensa em que eu era responsável
por tudo e, de uma hora pra outra, veio um outro jornalista homem que
virou chefe sabendo fazer a mesma coisa que eu, sendo que fiquei dois
anos sozinha fazendo tudo e de uma hora para outra já não sabia fazer
mais nada... E é isso, sabe, eu acho que o maior desafio é vencer o ma-
chismo mesmo, porque infelizmente todos os locais em que já trabalhei
tem essa questão do machismo mesmo... os nossos próprios chefes não
dão tal credibilidade e simplesmente eu acho que por ser negra e ser
mulher. (SOAREZ, 2017a).
BYERLY, C. M. (Ed). Global Report on the status of women in the news media.
Washington, DC: International Women’s Media Foundation, 2011.
MOURA, D. O. Plano de metas para a integração social, racial e étnica na UnB. Relato
da comissão de implementação. In: BERNARDINO, J. & GALDINO, D. (Orgs.).
Levando a raça a sério: ação afirmativa e universidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora
Ltda, 2004.
Beatriz BECKER117
Rafael Pereira da SILVA118
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
Resumo
Pretos e pardos formam 54% da população brasileira, mas são afetados por um
racismo estrutural, comprovado por índices socioeconômicos e educacionais.
A televisão é o principal meio de informação da população brasileira, porém
a invisibilidade do negro no telejornalismo também funciona como instru-
mento de exclusão, impedindo o reconhecimento da diferença e reforçando
estereótipos. Contudo, as narrativas telejornalísticas podem ser estratégicas
para a redução de desigualdades e para a superação do racismo e de preconcei-
tos. Amparado nas contribuições teóricas de Nancy Fraser e na metodologia
da Análise Televisual, proposta por Beatriz Becker, este capítulo reflete sobre
relações étnico-raciais no telejornalismo, a partir de resultados de análise com-
parativa de modos de representação da população negra no Jornal Nacional e
no Repórter Brasil.
Contextualizações
Considerações finais
Referências
ALSINA, M. R. A construção da notícia. Tradução de Jacob A. Pierce. Petrópolis:
Vozes, 2009.
Resumo
Introdução
Quando uma mulher se torna mãe, ela desempenha uma valiosa função
social. Ela está se reproduzindo em benefício do estado, da força de tra-
balho e da família. O significado de sua tarefa tem sido historicamente
a justificativa para submetê-la como “mãe” ao poder do estado. Ela é
supervisionada e julgada de acordo com padrões que não se aplicam
a outros cidadãos. O comportamento das mães é regulado através dos
sistemas normativos que abrangem as ideologias do direito e da família.
Se as mães são encontradas em necessidade, elas podem ser punidas.
Isto é particularmente verdadeiro para as mães pobres e solteiras, mas
todas as mulheres como mães correm o risco de intervenção e subjuga-
ção com base em seu status. A supervisão e controle impostos às mães
pelo estado, e o correspondente sacrifício da privacidade, deveriam for-
mar a base para um direito à justiça para as mães - uma reivindicação
pelos recursos para executar as tarefas que a sociedade exige delas. (FI-
NEMAN, 1995, p.2211).
Se, por um lado, as condições básicas para que tais mulheres construam
dimensões importantes de sua cidadania e de sua autonomia são promovidas
pelas redes de assistência social, por outro lado, há barreiras concretas que difi-
cultam sua inclusão política e social derivadas, sobretudo, de um entendimen-
to comum e naturalizado que aponta os indivíduos em situação de pobreza
Considerações finais
COLE, A. All of us are vulnerable, but some are more vulnerable than others: the
political ambiguity of vulnerability studies, an ambivalent critique. Critical Horizons,
v. 17, n. 2, 2016, p. 260-277.
FASSIN, D. “Souffrir par le social, gouverner par l’écoute: une configuration sémantique
de l’action publique.” Politix. Paris, v. 19, n. 73, 2006, p. 37-157.
FASSIN, D. Another politics of life is possible. Theory, culture & society, v. 26, n. 5,
2009, p. 44-60.
FASSIN, D. At the Heart of the State: the moral world of institutions. Pluto Press,
2015.
Resumo
145. O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - Brasil.
146. Professora adjunta da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cul-
tura e Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutora em Comunicação Social pela UFMG. Líder
do Grupo de Pesquisa Comunicação, Política e Amazônia (COMPOA) e do Projeto de Pesquisa “Mídia, debate
público e negociação de sentidos sobre o trabalho doméstico”, financiado pelo CNPq Edital Universal 2016. E-mail:
danilagentilcal23@gmail.com.
147. Professora da Faculdade de Comunicação da UFPA. Mestra em Comunicação, Cultura e Amazônia pela UFPA.
Pesquisadora do COMPOA e do Projeto de Pesquisa “Mídia, debate público e negociação de sentidos sobre o traba-
lho doméstico”. E-mail: estevesjornalismo@gmail.com.
148. Graduando em Comunicação Social - Jornalismo pela UFPA. Membro do COMPOA e do Projeto de Pesquisa
“Mídia, debate público e negociação de sentidos sobre o trabalho doméstico”. E-mail: nerytheus.study@gmail.com.
Procedimentos metodológicos
Discussão e conclusões
Referências
BASTHI, A. Guia para Jornalistas sobre Gênero, Raça e Etnia. Brasília: ONU
Mulheres; FENAJ/F-ODM, 2011.
MAIA, R. C. M. (Org.). Mídia e deliberação. Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV, 2008.
Resumo
Introdução
Uma das bases teóricas que fundamentam o estudo das articulações en-
tre poder, política e mídia é a economia política da comunicação, a qual deri-
va da economia política. Para Vincent Mosco, essa vertente teórica pode ser
definida como “o estudo das relações sociais, particularmente das relações de
poder, que constituem mutuamente a produção, a distribuição e o consumo de
recursos” (MOSCO, 1996, p. 25). Janet Wasko (2006) resume a preocupação
dos economistas políticos ao afirmar que esses estudiosos documentam e ana-
lisam as relações de poder, as classes sociais e outras desigualdades estruturais.
No artigo “Comunicação, economia e poder: uma visão integrada”, Helena
Sousa (2006) afirma que nas pesquisas da economia política da comunicação:
Referências
INDURSKY, F. A fala dos quartéis e outras vozes. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
LIMA, V. A. Mídia: teoria e política. 2ª Edição. São Paulo: Editora Fundação Perseu
Abramo, 2004.
Resumo
Introdução
Referências
ANER. Circulação Revistas Semanais - 2013 x 2014 (Jan a Set). Disponível em:
<http://aner.org.br/dados-de-mercado/circulacao/>. Acesso em: 01. mar. 2016.
GANS, H. J. Deciding What’s News: A Study of CBS Evening News, NBC Nightly
News, Newsweek, and Time. Illinois: Northwestern University Press, 2004.
SOLEY, L. C. The News Shapers: The Sources Who Explain the News. New York,
Westport, London: Praeger Publishers, 1992.
Resumo
Ao considerar gênero como categoria de análise, este capítulo apresenta um
estudo que relaciona jornalismo sindical e jornalismo local com a presença da
mulher na mídia e as eleições. Reflete-se sobre o exercício do direito à comu-
nicação e o direito à informação, a partir de uma pesquisa sobre a presença
feminina em jornais durante as eleições de 2010. O objeto da pesquisa foi um
conjunto de matérias sobre eleições, em um jornal local e em um sindical, em
Juiz de Fora (MG), no período de agosto a novembro de 2010, quando da
primeira eleição de Dilma Rousseff à Presidência do País. A pesquisa apon-
tou que, no período eleitoral, jornais ainda apresentam a mulher na política
de forma inferior ao homem. Tal situação, percebida em 2016 especialmente,
contribuiu com o golpe que resultou no impeachment da presidenta Dilma.
Esta assertiva é refletida na obra Mídia, misoginia e golpe, organizada por Elen
Cristina Geraldes e outras (2016).
Introdução
Procedimentos metodológicos
Considerações finais
Referências
LAHNI, C. R.; AUAD, D. Vai ter Gênero sim... na Educação, na Comunicação, nas
Políticas Públicas – Na comemoração de 40 anos do Ano Internacional da Mulher, o
que dizem os trabalhos do GP Comunicação para a Cidadania. São Paulo, Congresso
Nacional da Intercom, 2016.
LIMA, M. A.; FERREIRA, L.; VIEITO, M. A Mulher nas Eleições 2002. In:
Intercom, Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Belo Horizonte, 2003.
SOARES, N. A ditadura da grande mídia cala o país. In: Caros amigos, São Paulo,
Caros Amigos, maio de 2013, p. 24-28.
Liziane GUAZINA170
Francisco VERRI171
Ébida SANTOS172
Universidade de Brasília, Brasília, DF
Resumo
Introdução
Os valores-notícia
A Marcela mulher
Personalidade de feminilidade
Vida privada
Considerações finais
Referências
GANS, H. J. Deciding What´s News: A study or CBS Evening News, Newsweek, and
Time. Evanston, Illinois: Northern University Press, 2004.
HALL, S. et. al. A produção social das notícias: o mugging nos media. In:
TRAQUINA, N. (Org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Vega
Editora, 1999
SILVA, G. Para pensar critérios de noticiabilidade. In: SILVA, G.; SILVA, M. P.;
FERNANDES, M. L. (Orgs.). Critérios de noticiabilidade: problemas conceituais e
aplicações. 1 ed. Florianópolis, SC: Insular, 2014, p. 51-69.
Monica MARTINEZ192
Vanessa HEIDEMANN193
Universidade de Sorocaba, Sorocaba, SP
Resumo
Introdução
O corpus que constitui esta pesquisa foi rastreado por meio do Portal de
Livre Acesso à Produção em Ciências da Comunicação da Intercom – POR-
TCOM (http://www.portcom.intercom.org.br/), no dia 21 de maio de 2018.
Foi utilizada a palavra gênero no campo de busca e selecionada a cate-
goria trabalhos em eventos com o propósito de rastrear as produções sobre as
relações de gênero no âmbito do jornalismo.
A pesquisa retornou um total de 412 trabalhos, dos quais, os relaciona-
dos a gêneros jornalísticos194 e apresentados em outras áreas não foram con-
siderados o que, ao final, resultou em um corpus de 26 artigos. Os trabalhos
podem ser consultados nas referências.
Após o download dos trabalhos, foi feita uma leitura flutuante (BAR-
DIN, 2011, p.26). A partir dela foi possível delimitar duas categorias de aná-
lise: a) referencial teórico sobre relações de gênero; b) perfil do pesquisador.
Uma segunda leitura foi realizada e, a partir dela, tabelas foram orga-
nizadas. A primeira, com os referenciais teóricos utilizados nos artigos. A se-
gunda, contendo ano da apresentação dos artigos, título dos trabalhos, nome
dos pesquisadores (as), a titulação, a instituição a qual estavam vinculados no
momento da apresentação da pesquisa e o Estado da instituição.
Análise de dados
Tabela 1
Distribuição de Trabalhos sobre relações de gênero apresentados em eventos da Intercom (2001-2014)
Referenciais teóricos
Gráfico 1
Referenciais teóricos mais utilizados no corpus analisado
Observamos que 67% dos autores referenciados nos trabalhos são brasi-
leiros (Azevedo, Blay, Buitoni, Grossi, Leal, Louro, Machado, Muniz, Pasinato
e Saffioti), enquanto 33% são estrangeiros (Beauvoir, Besse, Bourdieu, Hahner
e Scott). Essa constatação sugere que há uma busca por diálogo entre os pes-
quisadores brasileiros, enquanto o mesmo não acontece em relação à comuni-
dade científica internacional. O diálogo restrito com pesquisas internacionais
pode estar relacionado a um déficit na adesão da língua inglesa no âmbito da
comunidade científica brasileira e ao alto custo de aquisição das publicações
internacionais, em particular livros acadêmicos.
Pesquisas realizadas sobre a produção de artigos para a Revista de Estu-
dos Feministas de 2003-2014 (LAGO; UZIEL, 2014) e, posteriormente, de
2003-2015 (MARTINEZ, M.; LAGO, C; LAGO, M.C. de S., 2016), apon-
tam que disciplinas como Sociologia, História e Antropologia produzem mais
pesquisas relacionadas ao gênero do que a área da Comunicação. Essa lacu-
na sugere um potencial de crescimento no campo dos estudos do jornalismo,
desde que evidentemente se proceda a uma abordagem transdisciplinar, que
contemple os avanços dos demais campos.
Buscamos por meio da Plataforma Lattes (http://buscatextual.cnpq.
br/buscatextual), a formação acadêmica/titulação dos referenciais teóricos
brasileiros mais citados nos trabalhos analisados. Foram contabilizadas todas
as formações indicadas pelos pesquisadores, desde a graduação até o doutora-
do (Gráfico 2).
Perfil do pesquisador
Gráfico 4
Relação pesquisadoras e pesquisadores
Considerações
Referências
Referência do corpus
ALVES, L.; LOURES, P.; CARVALHO, C. A. Notas cobertas no Jornal Nacional
e os crimes de proximidade contra mulheres. In: XXXVII Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação, 2014, Foz do Iguaçu, PR. Anais do XXXVII Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu: Intercom, 2014. Disponível
em:<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/resumos/R9-1542-1.pdf>.
Acesso em: 21 mai. 2018.
CUNHA, H. J. R.; LEAL, B. S. Onde está Eliza Samúdio?. In: XXXVII Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2014, Foz do Iguaçu, PR. Anais do XXXVII
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu: Intercom, 2014.
Disponível em: <http://www.intercom.org.br/sis/2014/resumos/R9-1975-1.pdf>.
Acesso em: 21 mai. 2018.
Camila HARTMANN196
Ada C. Machado da SILVEIRA197
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
Resumo
Introdução
Procedimentos de análise
O primeiro subgrupo reúne quatro das onze capas levantadas, cada uma
veiculada pelas quatro principais revistas semanais de circulação nacional e que
versam sobre um tema contumaz na cobertura jornalística sobre a periferia.
Em sua materialidade discursiva todas reportam ao uso de cocaína ou de crack.
Sua recorrente referência midiática pode ocorrer em virtude da expansão do
número de usuários e, consequentemente, do tráfico. Segundo levantamento
realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2013 existiam 370 mil
usuários de crack e similares (pasta base, merla e óxi) de todas as idades nas
capitais brasileiras (D’ALAMA; CÉO; FORMIGA, 2013).
As publicações analisadas apontam para a periferia como local privile-
giado para a disseminação do tráfico e da criminalidade, ainda que a referência
não se dê de maneira expressiva em todas as capas. Todas as edições, exceto a
de Veja, adotam explicitamente uma postura de questionamento do papel das
entidades governamentais – e, no caso da IstoÉ, da sociedade de um modo
geral - no que se refere ao combate e/ou a adoção de medidas protetivas com
relação ao tráfico e consumo de entorpecentes e a criminalidade.
Ao estudar as capas referidas, assim como a maioria das publicações
neste texto analisadas, observa-se a mobilização de elementos pré-construídos
pelos enunciadores. As duas primeiras capas são construídas de maneira quase
idêntica, na medida em que são compostas por três elementos principais: uma
folha de dinheiro enrolada (formando um canudo para inalar a droga), o pó
branco da cocaína e os elementos verbais (as manchetes e chamadas). Dentre
eles, a fonte tipográfica utilizada é similar: quadrada e densa, o que confere
seriedade à temática. Apesar de guardarem mais de um ano de diferença entre
si, abordam o assunto com um foco parecido, relacionando três temas centrais:
o tráfico e o consumo de drogas e a criminalidade.
A capa de Veja (Ed. 2136, 28/10/2009) traça um panorama sobre a si-
tuação do tráfico de drogas e da violência nas favelas cariocas, caracterizando-
-as como o ambiente ideal para disseminação do tráfico. A manchete da capa
(“quem cheira mata...”) apresenta as palavras “quem” e “mata” grifadas em ver-
melho, cor que remete ao sangue. O sujeito que pratica as ações (cheirar e
matar) é desconhecido; assim, a participação do leitor é convocada quando o
enunciador propõe a associação das palavras em vermelho, fazendo surgir uma
indagação: quem mata? São os usuários de droga? Os traficantes? Os crimi-
nosos? As autoridades que agem de maneira injusta? As reticências que com-
põem a manchete dão ideia de uma continuidade do enunciado, permitindo
inferir que o silêncio também significa. Elas podem representar a quietude que
segue o barulho do tiro (conforme se depreende da arma presente na capa) ou
então a presença intermitente da violência.
A característica mais evidente das duas próximas capas e que são co-
muns, embora de maneira não muito explícita, à narrativa que articula o viés
negativo da exposição da periferia, é a oposição entre o centro e a periferia,
a criminalidade e a classe média, o Eu e o Outro. Lançando mão desse trata-
mento discursivo, os enunciadores criam um efeito de sentido de proximidade
com seu leitor. A cenografia e estética das capas do subgrupo são bastante se-
melhantes; as duas são coloridas e trazem o amarelo como cor predominante
no plano verbal. Ambas podem ser concebidas como uma representação da
desigualdade social que se inscreve no espaço urbano e que se materializa na
oposição entre o asfalto e o morro.
É necessário recordar que a ascensão econômica da periferia conduziu
a transformações na noticiabilidade sobre essa parcela da população, que pas-
sou a ser reconhecida como um mercado consumidor emergente também de
conteúdos jornalísticos, a chamada “nova classe média” (NERI, 2008, 2010;
SOUZA, 2010; RICCI, 2016).
A capa de Veja (Ed. 1684, 24/01/2001) apresenta como elemento cen-
tral um conjunto de prédios, condomínios e arranha-céus localizado em uma
área verde e bem conservada. Parte da imagem está colorida, em contrapo-
sição à desordem urbana representada por um aglomerado de casebres cinza
agrupados ao redor da metrópole. À medida que se afasta dos edifícios luxu-
osos, o cromatismo cinzento escurece, chegando quase ao preto nas bordas da
capa. Uma clara demonstração da oposição centro x periferia, em que a última
(conforme evidenciado na manchete) faria um cerco às classes mais altas. Os
elementos verbais corroboram a ideia que norteia a composição visual da capa,
versando acerca dos problemas que a expansão dos espaços periféricos causa
para as metrópoles brasileiras. A problematização operada pelo enunciador na
capa (e cujo foco permanece durante a reportagem) não gira em torno das
dificuldades do contingente populacional que cresce de maneira abrupta e de-
Referências
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
D’ALAMA, L.; CÉO, R.; FORMIGA, I. Brasil tem 370 mil usuários regulares de crack
nas capitais, aponta Fiocruz. G1, São Paulo, 19 setembro 2013. Disponível em: <goo.
gl/aXDWLR>. Acesso em: 06 jul. 2018.
_____ A nova classe média: o lado brilhante dos pobres. Rio de Janeiro: FGV/CPS,
2010.
Resumo
Introdução
Este trabalho parte dos estudos empreendidos pelo grupo de pesquisa De-
senvolvimento Regional e Processos Socioculturais, do Programa de Pós-Gradu-
ação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (RS)
que, entre suas temáticas, busca compreender os discursos sociais e identitários. O
seu objetivo é observar como o jornalismo construiu discursivamente a persona-
gem Marielle Franco, promovendo um tensionamento com a questão de gênero.
200. Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul, e jornalista pela mesma institui-
ção. E-mail: lidiaschwanteshoss@gmail.com.
201. Professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade de Santa Cruz do Sul. Doutora em Co-
municação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestre em Desenvolvimento Regional e jornalista,
ambos pela Universidade de Santa Cruz do Sul. E-mail: pati.jornalista@gmail.com.
202. Doutoranda e Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul, e jornalista pela
mesma instituição. E-mail: nessa.costa.oliveira@gmail.com.
Hall (1992, 1996a) aponta o feminismo como uma das rupturas teóri-
cas decisivas para a alteração da prática em Estudos Culturais, reorganizando
sua agenda em termos concretos. Desta forma, destaca sua influência para que
as questões de gênero e sexualidade se tornassem objetos de estudo dos Estu-
203. A título de manutenção de um rigor metodológico, vale acrescentar que também fez-se o aproveitamento de
algumas matérias disponibilizadas pelos mesmos veículos, mas aí nos seus sites. As circunstâncias e justificativas deste
uso seguem abaixo.
204. Segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) de 2017, a média de circulação de O Globo é de
130.417, da Folha de São Paulo – que vem na sequência – de 121.007, do Meia Hora de 107.220 e da Zero Hora é
de 100.979.
[...] isso é fruto de uma construção social. O jornalismo não está sepa-
rado da sociedade, ele está dentro de uma sociedade que é excludente e
que marginaliza a população LGBT e faz muito disso através do silen-
ciamento. Quando a gente silencia, a gente também perpetua esse po-
der e essa hierarquia que é de uma norma heterossexual e cisgênera. [...].
Assim, a mídia reproduz diversas formas de estigmas e discriminações
(NASCIMENTO, 2015).
O silenciamento da mídia
Considerações finais
Referências
______. Stuart Hall e feminismo: revisitando relações. Matrizes, São Paulo, v.10, n.3,
HALL, S. Cultural studies and its theoretical legacies. In GROSSBERG, L.; NELSON,
C. & TREICHLER, P. (Eds.). Cultural studies. New York/London: Routledge, 1992.
________. Cultural studies and its theoretical legacies. In: MORLEY, D. & CHEN,
K. (Eds.) Stuart Hall - Critical Dialogues in cultural studies, London/New York:
Routledge, p. 262-275, 1996a [1992].
PEDRO, J. M. Corpo, prazer e trabalho. In: Nova História das mulheres no Brasil.
PEDRO, J. M; PINSKY, C. (Org.). São Paulo: Contexto, 2013.
Resumo
Introdução
Procedimentos metodológicos
Gilvan está preso por feminicídio agravado pela falta de socorro. A pena
pode ir de 12 a 30 anos de prisão (Daqui. Mulher morre após agressão.
Segunda-feira, 20 de abril de 2015
(...) Já a morte de Sarah será enquadrada na nova lei, aprovada este ano,
de feminicídio. (Daqui. Jesus preso por matar namoradas. Sexta-feira,
28 de agosto de 2015, p.8)
Fonte: Daqui. Patrulha evita mais violência. Quinta-feira, 27 de agosto de 2015, p.3
Considerações finais
Referências
Resumo
O jornalismo esportivo é uma área em que a equidade de gênero ainda não foi
alcançada. Durante grandes eventos, como os Jogos Olímpicos de 2016, essa
participação e visibilidade aumentam, porém, de forma ainda bastante inferior
ao destaque dado às fontes masculinas. Esta pesquisa analisa o espaço desti-
nado às mulheres em portais esportivos no período de realização dos jogos
olímpicos bem como posteriormente a esse evento. Foram analisadas as publi-
cações dos portais Lance! e espnW em dois intervalos: a realização das olimpí-
adas e seis meses depois, de modo a verificar se houve diferença na cobertura.
Constata-se que não houve diferença no destaque dado aos esportes femininos
e que mesmo durante a cobertura de um evento com grande participação de
atletas mulheres, como a Olimpíada, há ênfase majoritária para esportes e fon-
tes masculinas, praticamente unânimes como especialistas/experts.
Introdução
[...] Jogar uma pelada no fim de semana ou sair com os amigos para
assistir a um jogo em algum estádio de futebol são importantes instru-
mentos de socialização masculina. Sendo assim, é grande o grau de fa-
miliaridade que muitos homens possuem com o futebol e isso faz com
que tanto seu interesse quanto seu conhecimento acerca desse esporte
sejam tomados como uma espécie de segunda natureza masculina. (DA
COSTA, 2007, p. 3).
226. Vale destacar que esse cenário não era exclusividade dos espaços esportivos ou especificamente do futebol mas se
relaciona aos atributos dos papeis de gênero da sociedade brasileira da época, especialmente a dos altos círculos sociais
como era o caso do acesso ao esporte na época.
Procedimentos metodológicos
Considerações finais
BASTHI, A. Guia para Jornalistas sobre Gênero, Raça e Etnia. Brasília: ONU.
Disponível em: <http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/01/
guia_jornalistas.pdf>. Acesso em: 18 out. 2016.
WACC - The World Association for Christian Communication. The Global Media
Monitoring Project Report 2015. Disponível em: <http://cdn.agilitycms.com/who-
makes-the-news/Imported/reports_2015/highlights/highlights_in.pdf>. Acesso em:
21 mar. 2016.
Resumo
Considerações iniciais
Procedimentos metodológicos
245. O link de cada notícia está nas referências. Também foi criada uma pasta no Google Drive com o print de cada
notícia, para que os objetos de análise não se percam, caso os links originais das notícias sejam desativados, por al-
gum motivo. Link da pasta: <https://drive.google.com/drive/folders/1cZs4UqYMYwUf WvTytejaS7srIzhw3Pel>
Os prints das notícias não foram colocados aqui como anexo porque, ao reduzi-los ao tamanho da página, ficaram
ilegíveis.
Considerações finais
Referências
EL PAÍS. EL PAÍS passa a ter uma editora de gênero. EL PAÍS, 18 maio 2018. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/11/internacional/1526063643_313967.
html>. Acesso em: 20 mai. 2018.
FOLHA DE S. PAULO. Figurinista acusa José Mayer de assédio sexual; ator nega.
Folha de S. Paulo, 31 mar. 2017. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/
cotidiano/2017/03/1871543-jose-mayer-da-globo-e-acusado-de-assedio-por-figurinista-
ator-nega.shtml> Acesso em: 10 abr. 2018.
MAFFESOLI, M. A ordem das coisas: pensar a pós modernidade. 1.ed. bras. Rio de
Janeiro: Forense, 2016.
MATTOS, M. Juiz Roberto Caldas é acusado de violência física e assédio sexual. Veja,
11 maio 2018. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/juiz-roberto-caldas-
e-acusado-de- violencia-fisica-e-assedio-sexual/>. Acesso em: 15 mai. 2018.
PERROT, M. Escrever a história das mulheres. In: ______________. Minha história das
mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
REGUANT, D. La mujer no existe. Bilbao: Maite Canal, 1996, p. 20. In: Victoria Sau.
Diccionario ideologico feminista, vol. III. Barcelona: Icaria, 2001.