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O homem é determinado

Martinho Lutero e Erasmo de Rotterdam, ambos de formação agostiniana discordaram


sobre a questão do Livre arbítrio. Erasmo acreditava na liberdade total do homem, seja
perante o material ou diante de um Ser supremo, enquanto Martinho Lutero acreditava
na escravidão da vontade, acreditava que a livre vontade caberia somente a um Ser
divino, não caberia a ninguém...

Abordando o texto proposto “homem determinado” podemos fazer uma associação de


ideias, onde, Erasmo acreditava no vôo livre do pássaro, enquanto Lutero acreditava no
determinismo de um Ser supremo onde, todas as coisas teriam sido determinadas de
antemão. Aceitamos com facilidade a ideia ou ideal de liberdade, é inerente a nossa
natureza ,como cardos e espinhos são ao solo ,não precisa plantá-los ,nascem num
processo determinístico, a chuva embebe a terra e pronto lá estão. O problema é quando
somos confrontados com as leis que regem o metafisico, natureza, leis naturais que em
ultima análise governam o universo. Se pensarmos em liberdade abstrata, ideias
humanas também podemos encontrar uma forma de determinismo, como disse o
historiador Lorde Acton “as ideias têm uma radiação e um desenvolvimento, uma
ancestralidade e uma posteridade por si mesmas, nas quais os homens atuam como
padrastos e madrastas mais do que como pais legítimos” Toda concepção que
reproduzimos hoje de ideias, ideologias, filosofia seriam radiações de uma ideia já
concebida em algum momento na história. Os pais das ideias são a causa e “nós”
padrastos e madrastas somos o efeito...

Herman Hesse escreveu “Nem todos têm a oportunidade de criar sua personalidade, a
maioria nunca chega à experiência de ser um indivíduo com personalidade própria...
(Damian)”.Quando pensamos na formação do ser humano, também encontramos formas
de determinismos. A frase de Herman refere-se aos que são acomodados e abrem mão
de interagir com meio em que vivem, porém, quando abordamos por exemplo o
currículo, que hoje pedagogicamente é entendido como tudo aquilo que a pessoa carrega
desde sua infância, construções de vínculo com o mundo que a rodeia durante seu
aprendizado, contexto cultural, país, até sua construção de identidade ,autonomia ,sendo
assim, seria impossível sair da infância passar pela adolescência e não sofrer
influência do determinismo, ainda que passivamente. Sofremos determinismos culturais,
quando chegamos ao mundo tudo já está pronto ,somos introduzidos em algum meio
que tem suas características morais, religiosas, sociais, políticas, e isso determinará
nosso currículo, somos determinados pelo meio que nascemos e vivemos, afetando
comportamento e pensamento. Quando falamos sobre livre ação do homem, o que
Lutero chamou de livre agência, saindo do abstrato, é como se chegássemos ao
conhecimento de nós mesmos, antes de agir livremente, como aforismo grego “conhece-
te a ti mesmo” ai sim, conhecendo as causas exerceríamos a vontade livre nos tornando
autônomos rompendo desafios pré-estabelecidos por um determinismo absoluto ou
“forças-incontroláveis”, como no texto proposto, construindo nossa liberdade a partir da
ação, saindo da passividade tempo e espaço, transformando o meio que vive. Somos
determinados pela sociedade em que vivemos, por leis variáveis e invariáveis que regem
universo, porém, podemos agir transformando; como o determinismo Supremo
Luterano que não isenta o ser humano de sua responsabilidade quando pratica sua livre
agência, o determinismo não impede liberdade humana, uma verdadeira antinomia.

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