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A ordem econômica
mundial: considerações
sobre a formação de blocos
econômicos e o Mercosul
THE WORLD ECONOMIC ORDER:
CONSIDERATIONS ON THE CONSTITUTION
OF ECONOMIC BLOCKS AND MERCOSUL
Resumo O presente artigo tem como principal objetivo analisar o Mercado Comum
do Sul (Mercosul) no contexto da formação de blocos econômicos, como um estágio
no processo de constituição de uma economia mundial integrada, identificando suas REGINA CÉLIA
origens, antecedentes e resultados. Verificou-se que o Mercosul faz parte de um pro- FARIA SIMÕES
cesso de integração econômica criado a partir da assinatura do Tratado de Assunção, Universidade Metodista de
em 26 de março de 1991. Ainda se pode constatar que a zona de livre comércio é uma Piracicaba (UNIMEP)
realidade e que a união aduaneira, que nasceu com a entrada em vigor da Tarifa Ex- rcsimoes@unimep.br
terna Comum (TEC), em 1.º de janeiro de 1995, continuará a ser aperfeiçoada ao lon-
go dos próximos anos. O trabalho conclui que, após dez anos de existência, o Mer- CRISTIANO MORINI
cosul defronta-se com os desafios concretos de uma etapa de consolidação da união Universidade Metodista de
aduaneira em direção ao Mercado Comum. Piracicaba (UNIMEP)
cmorini@unimep.br
Palavras-chave MERCOSUL – INTEGRAÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL – CO-
MÉRCIO INTERNACIONAL.

Abstract This article focuses Mercosul's integration concerning regional economic


processes building-up, as a stage of an ongoing integrated World economy, in aspects
as origins, backgrounds and results. Mercosul is part of an integration process idea-
lized during the Treaty of Asuncion's signing, dated of March 26, 1991. Nowadays it
is possible verify that Mercosul is a Free Trade Zone turning to a Customs Union due
to the External Common Tariff (ECT). As of January 1st, 1995, ECT is improving
Mercosul's internal relations. That is the turning point to Mercosul: is must change
challenges into real consolidation.

Keywords MERCOSUL – INTERNATIONAL ECONOMIC INTEGRATION – INTERNA-


TIONAL TRADE.

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U
INTRODUÇÃO
ma das características da era contemporânea é o
agrupamento de países em blocos econômicos no
contexto da estratégia das grandes potências e das
empresas multinacionais de darem início a um
novo ciclo expansionista internacional.1
A constituição dos blocos econômicos aten-
de também à estratégia de países periféricos que
buscam atrair capitais externos, dos quais carecem,
para promover o crescimento de suas economias debilitadas há décadas,
como é o caso do Brasil e da Argentina com o Mercado Comum do Sul
(Mercosul).
Nesse sentido, o Mercosul é considerado um processo de inte-
gração econômica,2 denominado Mercado Comum, cuja fase atual é a
União Aduaneira Imperfeita, por ainda existir lista de exceções às
isenções tarifárias de importação e por haver indefinições temporais na
aplicação da Tarifa Externa Comum (TEC).
A aproximação Brasil-Argentina está na origem da formação do
Mercosul. A integração entre os dois países foi impulsionada por três fa-
tos principais: 1. a superação das divergências geopolíticas bilaterais; 2. o
retorno ao regime democrático, com o fim do período de exceção; e 3.
a crise do sistema econômico internacional.
Um dos primeiros passos para o que depois se transformaria no
Mercosul foi a assinatura da Declaração de Iguaçu, firmada em 30 de no-
vembro de 1985 pelos presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín. A decla-
ração tinha por objetivo retomar os níveis de comércio bilateral observa-
dos na década anterior, que crescia a uma taxa geométrica de 19% ao
ano.3 Buscava, ainda, acelerar a integração dos dois países em diversas áreas
(técnica, econômica, financeira, comercial, entre outras) e estabelecia as
bases para a cooperação no campo do uso pacífico da energia nuclear.
Em 20 de julho de 1986, foi assinada a Ata de Integração Brasileiro-
Argentina, que estabeleceu os princípios fundamentais do Programa de
Integração e Cooperação Econômica (PICE). O objetivo do PICE foi pro-
piciar a formação de um espaço econômico comum por meio da abertura
seletiva dos mercados brasileiro e argentino e estimular a complementa-
ção econômica de setores específicos das economias dos dois países.4
O processo de integração evoluiu, em 1988, com a assinatura do
Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, cuja meta era
constituir, no prazo máximo de dez anos, um espaço econômico comum
por meio da liberalização integral do comércio recíproco.

1 BARBOSA & CÉSAR, 1994, p. 54.


2 AMORIN, 1991, pp. 13-18.
3 PRESSER, 1993, p. 32.
4 BAUMANN & LERDA, 1987, p. 88.

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Esse tratado previa a eliminação de todos ma de Las Leñas, assinado em junho de 1992,
os obstáculos tarifários e não-tarifários ao comér- aborda os interesses comerciais necessários para
cio de bens e serviços. Em 6 de julho de 1990, que o Tratado de Assunção se complete e o Mer-
Brasil e Argentina firmaram a Ata de Buenos Ai- cado Comum torne-se realidade. Prevê não ape-
res, mediante a qual fixaram a data de 31 de de- nas a criação de uma zona de livre comércio, mas
zembro de 1994 para a conformação definitiva de uma união aduaneira.5
um Mercado Comum entre os dois países. Em Com a assinatura do Protocolo de Ouro
agosto de 1990, Paraguai e Uruguai foram convi- Preto, em dezembro de 1994, o Mercosul passa a
dados a incorporar-se ao processo integracionis- contar com uma estrutura institucional definitiva
ta, tendo em vista a densidade dos laços econô- para a negociação do aprofundamento da integra-
micos e políticos que os unem ao Brasil e à Ar- ção. Além disso, o Protocolo de Ouro Preto es-
gentina. Em consequência, foi assinado, em 26 de tabelece a personalidade jurídica do Mercosul,
março de 1991, o Tratado de Assunção para que, a partir de então, poderá negociar como blo-
Constituição do Mercado Comum do Sul (Mer- co acordos internacionais.
cosul). A partir de 1.º de janeiro de 1995 termina o
O Tratado de Assunção, ato fundacional do período de transição, iniciando a nova fase de
Mercosul, constitui junto com o Protocolo de consolidação da união aduaneira imperfeita, que
Brasília, de 1991, e o Protocolo de Ouro Preto, se estenderá até 31 de dezembro de 2005.
de 1994, os principais instrumentos jurídicos do Este artigo aborda o Mercosul no contexto
processo de integração. da formação de blocos econômicos, como um es-
O Tratado de Assunção define-se, na reali- tágio no processo de constituição de uma econo-
dade, como um acordo-quadro, na medida em mia mundial integrada, identificando suas ori-
que não se esgota em si mesmo, mas é continua- gens, antecedentes e resultados, tratando, portan-
mente complementado por instrumentos adicio- to, do estágio per si (enquanto integração do
nais e negociado pelos quatro Estados membros Mercosul em si), e não menciona a constituição
em função do avanço da integração. O Tratado de uma economia mundial integrada por deli-
estabelece, fundamentalmente, as condições para mitação de foco do objeto de estudo de caráter
se alcançar, até 31 de dezembro de 1994, a Zona científico.
de Livre Comércio entre os quatro países, etapa
anterior ao Mercado Comum. ORIGEM DOS BLOCOS ECONÔMICOS
Nesse sentido, determina, entre outros ob- A globalização da economia e da sociedade
jetivos: baseada na expansão sem precedentes do capita-
• o estabelecimento de um programa de libera- lismo e comandada pelo crescente domínio das
lização comercial, que consiste de reduções corporações transnacionais está levando ao de-
tarifárias progressivas, lineares e automáticas senvolvimento de uma nova ordem mundial.
acompanhadas da eliminação das barreiras Essa nova ordem tem como características prin-
não-tarifárias; cipais o fim da Guerra Fria, o incremento da
• a coordenação de políticas macroeconômicas; guerra comercial entre empresas e países e a for-
• o estabelecimento de listas de exceções ao mação de blocos econômicos regionais.
programa de liberalização para produtos con- Preocupados com as conseqüências das
siderados sensíveis; guerras comerciais, os grandes empresários euro-
• a constituição de um regime geral de origem e peus e norte-americanos estão procurando criar
de um sistema de solução de controvérsias. um cenário mundial mais previsível, no qual a
O Protocolo de Brasília, assinado em 17 de concorrência possa ser controlada e medida.
dezembro de 1991, estabelece o sistema de solu-
ção de controvérsias do Mercosul. O Cronogra- 5 ALMEIDA, 1998, p. 121.

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Procura-se criar regiões protegidas por a união entre as economias de dois ou mais paí-
meio da união entre vários países em que um gru- ses.6
po de empresas tem interesses comuns, dificul- Esses processos concentram-se, em um pri-
tando a entrada de produtos de empresas de ou- meiro momento, na diminuição ou mesmo na
tros países ou regiões. Pode-se encarar a forma- eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias
ção de blocos econômicos regionais de comércio que constrangem o comércio de bens entre esses
como uma tentativa de aumentar a segurança dos países. Uma etapa mais adiantada de integração
empresários que atuam no bloco contra a con- exigirá esforço adicional, podendo envolver a de-
corrência de empresas mais eficientes de outros finição de uma Tarifa Externa Comum (TEC), ou
países ou blocos. seja, uma tarifa a ser aplicada por todos os sócios
Embora a existência de interesses econômi- ao comércio de bens com terceiros mercados
cos seja fundamental para a integração de vários (países extra-zona).
países, é curioso o fato de que as empresas só Associado a esse exercício, impõe-se o es-
conseguem realizar essa integração com a tabelecimento de um Regime de Origem, meca-
interveniência estatal. A motivação do mercado nismo pelo qual se determina se um produto é
em busca de novas fontes de rentabilidade e o es- originário ou não da região. Avançando ainda
tímulo do governo para melhorar o bem-estar da mais, chegamos a arranjos avançados de integra-
população – com o aumento da renda e a geração ção que admitem a liberalização do comércio de
de novos empregos – propulsionam a integração serviços e a livre circulação dos fatores de produ-
para os fins desejados e planejados. ção (capital e trabalho) e exigem a coordenação
de políticas macroeconômicas e até mesmo a de
FORMAS DE CONSTITUIÇÃO políticas fiscais e cambiais. Em grau extremo, a
DE BLOCOS ECONÔMICOS integração econômica pode levar, inclusive, à
Os blocos econômicos foram criados com adoção de uma moeda única.
a finalidade de desenvolver o comércio de deter- As formas de integração baseiam-se, funda-
minada região. Para alcançar esse objetivo, elimi- mentalmente, na vontade dos Estados de obter,
nam as barreiras alfandegárias, o que diminui o através de sua adoção, vantagens econômicas que
custo dos produtos. Com isso, criam maior po- se definirão, entre outros aspectos, em termos
der de compra dentro do bloco, elevando o nível de:
de vida de suas populações. Como o mercado • aumento geral da produção, através de um me-
passa a ser disputado também por empresas de lhor aproveitamento de economias de escala;
outros países membros do bloco econômico, • aumento da produtividade, através da explora-
cresce a concorrência, o que gera a melhoria de ção de vantagens comparativas entre sócios de
qualidade e a redução de custos. Os blocos po- um mesmo bloco econômico;
dem funcionar como etapas para um mundo sem • estímulo à eficiência, através do aumento da
fronteiras. concorrência interna.
Quase todas as grandes economias mundiais De acordo com as teorias do comércio in-
(em termos de Produto Nacional Bruto) encon- ternacional, consideram-se cinco as situações
tram-se, de alguma forma, envolvidas em proces- clássicas de integração econômica: zona (ou área)
sos de integração econômica: Estados Unidos de preferências tarifárias, zona de livre comércio,
(NAFTA), Europa (União Européia e EFTA), união aduaneira, mercado comum e união econô-
América Latina (Pacto Andino e Mercosul), Ásia mica (também monetária).
(APEC) e África (SADC). Os processos de inte- Zona de Preferências Tarifárias – A zona
gração econômica são conjuntos de medidas de de preferências tarifárias, etapa mais incipiente de
caráter econômico e comercial que têm por ob-
jetivo promover a aproximação e, eventualmente, 6 FLORÊNCIO & ARAÚJO, 1996, p. 61.

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integração econômica, consiste na adoção recí- comuns em matéria alfandegária e, em última


proca, entre dois ou mais países, de níveis tarifá- análise, a adoção de políticas comerciais conjun-
rios preferenciais, ou seja, as tarifas incidentes so- tas. O Mercosul tornou-se, a partir de 1.º de ja-
bre o comércio entre os países membros do gru- neiro de 1995, o melhor exemplo de uma união
po são inferiores às cobradas de países não-mem- aduaneira latino-americana.
bros. À diferença entre as tarifas acordadas e as Mercado Comum – Um quarto modelo
aplicadas ao comércio com terceiros mercados ou forma de integração é o chamado mercado co-
dá-se o nome de margem de preferência. mum, que tem a União Européia como principal
Arranjos dessa natureza constituem, em exemplo. A maior diferença entre o mercado co-
geral, etapas preliminares na negociação de zonas mum e a união aduaneira é que esta última regula
de livre comércio. Exemplos significativos de zo- apenas a livre circulação de mercadorias, enquan-
nas de preferências tarifárias são muitos dos acor- to o mercado comum prevê também a livre cir-
dos celebrados no marco da Associação Latino- culação dos demais fatores produtivos. A expres-
Americana de Integração (ALADI) e o recente são fatores produtivos compreende dois grandes
acordo bilateral Brasil-México para o comércio elementos: capital e trabalho. Da liberalização
de bens automotivos. desses fatores decorre, de um lado, a livre circu-
Zona de Livre Comércio – A segunda eta- lação de pessoas (trabalhadores ou empresas) e,
pa de integração é a zona (ou área) de livre co- de outro, a livre circulação de capitais (investi-
mércio (ZLC), que consiste na eliminação de to- mentos e remessas de lucro, entre outros).
das as barreiras tarifárias e não-tarifárias que inci- A livre circulação implica a abolição de to-
dem sobre o comércio dos países do grupo. Se- das as barreiras fundadas na nacionalidade e a ins-
gundo as normas estabelecidas pelo General tituição de uma verdadeira condição de igualdade
Agreement on Tariffs and Trade (GATT) – acordo de direitos em relação aos nacionais de um país.
sobre comércio internacional que vem sendo ne- No que se refere ao capital, a condição de mer-
gociado em rodadas sucessivas desde 1947 e que cado comum supõe a adoção de critérios regio-
deu origem à Organização Mundial de Comércio nais que evitem restrições aos movimentos de ca-
(OMC) em 1994 –, um acordo é considerado pital em função de critérios de nacionalidade.
zona de livre comércio quando abarca ao menos Nessas situações, o capital de empresas oriundas
80% dos bens comercializados entre os membros de outros países do mercado comum não pode
do grupo. ser tratado como estrangeiro no momento de sua
A determinação da origem de um produto entrada (investimento) ou saída (remessa de lu-
dá-se através do Regime de Origem, mecanismo cros ou dividendos). Além disso, o mercado co-
indispensável em qualquer acordo de livre comér- mum pressupõe a coordenação de políticas
cio. O melhor exemplo de uma ZLC em funcio- macroeconômicas e setoriais (definição de metas
namento é o Acordo de Livre Comércio da comuns em matéria de juros, fiscal, cambial).
América do Norte (NAFTA), firmado em 1994 União Econômica e Monetária – A união
entre os Estados Unidos, o Canadá e o México. econômica e monetária (UEM) constitui a etapa
União Aduaneira – A união aduaneira mais avançada e complexa de um processo de
(UA) corresponde a uma etapa de integração eco- integração. Ela está associada, em primeiro lu-
nômica na qual os países membros de uma zona gar, à existência de uma moeda única e de uma
de livre comércio adotam uma mesma tarifa às política comum em matéria monetária conduzi-
importações provenientes de mercados externos, da por um Banco Central comunitário. A gran-
a Tarifa Externa Comum (TEC). A aplicação da de diferença em relação ao mercado comum es-
TEC redunda na criação de um território aduanei- tá, além da moeda única, na existência de uma
ro comum entre os sócios da UA, situação que política macroeconômica não mais coordenada,
torna necessário o estabelecimento de disciplinas mas comum.

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O único exemplo de uma união econômica tuindo gradativamente (segundo calendário pró-
e monetária, ainda em processo de construção, é prio em cada país-membro) as moedas locais
a União Européia. Em 1992, com a assinatura do para fins de transações correntes, como compras
Tratado de Maastricht, foram definidos os pré-re- e pagamentos. Foi criado, igualmente, um Banco
quisitos para a entrada dos países-membros da Central Europeu, que está sediado na Alemanha.
CEE na nova UEM: déficit público máximo de 3% A formação de um bloco se dá de acordo
do PIB; inflação baixa e controlada; dívida pública com as conveniências dos países envolvidos e
de, no máximo, 60% do PIB; moeda estável den- em função de suas principais características. O
tro da banda de flutuação do Mecanismo Euro- Mercosul é uma união aduaneira, mas tem por
peu de Câmbio; e taxa de juro de longo prazo objetivo constituir um mercado comum. Sendo
controlada. Em janeiro de 1999 foi lançado o assim, podemos dizer que o Mercosul é um pro-
Euro (não disponível em espécie até dezembro jeto de construção de um mercado comum que
de 2001), moeda única reconhecida por 12 dos 15 se encontra na fase de união aduaneira. Por ou-
países membros da UE. tro lado, a União Européia é o projeto de cons-
A moeda foi usada apenas em transações trução de uma união econômica e monetária
bancárias até dezembro de 2001. Em 2002, pas- que se encontra em vias de ser efetivamente im-
sou a circular nos países que a adotaram, substi- plementada.
Gráfico I

Gráfico I
fases da integração econômica entre países

ZONA DE LIVRE COMÉRCIO


Livre Comércio

UNIÃO ADUANEIRA
Livre Comércio
Política Comercial Uniforme

MERCADO COMUM
Livre Comércio
Política Comercial Uniforme
Livre Movimento de Fatores de Procução

UNIÃO ECONÔMICA
Livre Comércio – Política Comercial Uniforme
Livre Movimento de Fatores de Procução
Harmonização de Algumas Políticas Econômicas

INTEGRAÇÃO ECONÔMICA TOTAL


Livre Comércio – Política Comercial Uniforme
Livre Movimento de Fatores de Procução
Harmonização de Todas Políticas

Fonte: Carvalho & Silva (2000, p. 227).

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BLOCOS ECONÔMICOS que chamaram de Cone Sul. Nessa ocasião, pro-


jetaram um tratado para a formação de um mer-
Mercosul cado comum latino-americano. O acordo realiza-
Para discutirmos a posição do Brasil em do por esses quatro países constituiu, posterior-
busca da integração econômica, política e cultural mente, as bases do Tratado de Montevidéu, de
com vistas a uma comunidade latino-americana 1960.
de nações, devemos analisar nossa realidade polí- Associação Latino-americana de Livre
tica interna e externa. Após a Segunda Guerra Comércio (ALALC) – Criada pelo Tratado de
Mundial, intensificou-se a política brasileira no Montevidéu, cujo objetivo era a criação de um
tocante à convivência internacional e, concomi- mercado comum regional após a implantação de
tantemente, à integração regional. uma zona de livre comércio entre os países da
De há muito o país faz parte de organiza- América Latina.. Inicialmente, foi integrada pela
ções e tratados, tanto no nível regional como no Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e
internacional, sempre visando maior integração Uruguai. Até 1967, já tinham aderido Colômbia,
entre os povos. Assim, sua busca atual de inte- Equador, Venezuela e Bolívia. Naquele ano, os
gração latino-americana não deve ser vista como chefes de Estado e de governo do continente
um fato isolado. A vocação histórica vocação propuseram a formação do Mercado Comum
para o bom entendimento com os demais países Latino-americano a partir de 1970 e dentro do
fez com que o Brasil procurasse participar de prazo máximo de 15 anos.
organizações cujos princípios fossem voltados Uma das causas da estagnação da ALALC
para a coexistência pacífica e para a opção por não foram os governos ditatoriais instalados na Amé-
exclusão de nenhuma região do mundo para a rica do Sul. Na década de 70, o processo de inte-
viabilização de negócios, além da forte e marcan- gração, que era a meta do Tratado, estava supera-
te presença em foros multilaterais de negociação. do.
Atendo-se exclusivamente à integração re- Devido à estagnação da ALALC, Bolívia,
gional, o Brasil e os países da América Latina já Chile, Colômbia, Equador e Peru constituíram
assinaram inúmeros tratados direcionados à for- um subgrupo regional andino por meio do Acor-
mação de um mercado comum. Para melhor en- do de Integração Sub-regional de Cartagena, de
tendimento do desenvolvimento da integração 1969. Houve a adesão da Venezuela em 1973 e a
latino-americana, nomeamos deles, suas possibi- retirada do Chile, em 1976.
lidades e conseqüências: Associação Latino-americana de Integra-
Comissão Econômica para a América La- ção (ALADI) – O tratado de criação da ALADI foi
tina (CEPAL) – Este órgão foi criado pelo Con- assinado em 12 de agosto de 1980, reunindo dez
selho Econômico e Social em 24 de junho de países latino-americanos: Argentina, Bolívia, Bra-
1948, e é tido como o primeiro a referendar a sil, Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai,
idéia de integração regional, apoiando a necessi- Uruguai e Venezuela. Seu objetivo a longo prazo
dade de ser discutida e criada uma união aduanei- é o estabelecimento, de forma gradual e progres-
ra. Sediado em Santiago do Chile, um dos seus siva, de um mercado comum latino-americano.
principais objetivos é manter e incentivar as rela- O tratado criou mecanismos específicos para li-
ções econômicas dos países da América Latina beração do intercâmbio comercial intra-regional,
entre si e com as demais nações. com a redução tarifária. Seu artigo 1.˚ define
A proposta de um mercado regional foi fei- como objetivo o prosseguimento do processo de
ta através da CEPAL, em 1956, como forma de de- integração, promovendo o desenvolvimento
senvolver a industrialização. Apoiados pela CE- econômico-social, a harmonia e o equilíbrio da
PAL, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai estuda- região. Seu artigo 2.˚ estabelece como metas o
vam estabelecer uma zona de livre comércio no desenvolvimento da promoção e a regulação do

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comércio recíproco, a complementação econô- No mesmo ano, foram concluídos Acor-


mica e o desenvolvimento das ações de coopera- dos de Complementação Econômica (ACEs), no
ção econômica. âmbito da ALADI, entre Uruguai e Argentina
O tratado reforçou a supremacia dos inte- (ACE-1) e entre Uruguai e Brasil (ACE-2).
resses individuais dos países membros e limitou Tratado de Integração, Cooperação e De-
os compromissos multilaterais, o que deixou para senvolvimento – Com vistas a consolidar seu
os países o poder de decisão de relacionarem-se processo de integração, Brasil e Argentina assina-
com países desenvolvidos. Devemos lembrar ram, em 29 de novembro de 1988, o Tratado de
que, na década de 80, governos civis voltaram ao Integração, Cooperação e Desenvolvimento, no
poder através de eleições democráticas. Mas, ao qual demonstraram o desejo de constituir um es-
mesmo tempo, o endividamento externo e a crise paço econômico comum no prazo máximo de
do petróleo geraram dificuldades que influencia- dez anos, por meio da liberalização comercial.
ram o processo integracionista em andamento. Entre outras medidas, prevê a eliminação de to-
dos os obstáculos tarifários e não-tarifários ao
REGULAMENTAÇÕES comércio de bens e serviços e a harmonização de
Ata de Iguaçu – Assinada em novembro de políticas macroeconômicas. O Tratado foi sanci-
1985 entre os presidentes José Sarney e Raúl Al- onado pelos Congressos brasileiro e argentino
fonsín para desenvolver e efetivar a integração em agosto de 1989.
econômica entre Brasil e Argentina, declaração Nessa fase, foram assinados 24 Protocolos
tinha por objetivo retomar os níveis de comércio sobre temas diversos, como bens de capital, trigo,
bilateral observados na década anterior. Buscava, produtos alimentícios industrializados, indústria
ainda, acelerar a integração dos dois países em di- automotriz, cooperação nuclear. Todos esses
versas áreas (técnica, econômica, financeira, co- acordos foram absorvidos em um único instru-
mercial etc.) e estabelecer as bases para uma co- mento, denominado Acordo de Complementa-
operação no campo do uso pacífico da energia ção Econômica n.˚ 14, assinado em dezembro de
nuclear. 1990 no âmbito da ALADI, que constitui a base
Acordo de Integração e Cooperação Eco- para a implementação ulterior do Mercosul.
nômica Brasil-Argentina – Em julho de 1986, Estatuto das Empresas Binacionais (Brasil
em Buenos Aires, como complemento à Ata de e Argentina) – O tratado para o estabelecimento
Iguaçu, foi instituído o Programa de Integração e desse Estatuto foi assinado em Buenos Aires em
Cooperação Econômica (PICE). Seu objetivo era 6 de julho de 1990. Com as mudanças introduzi-
de propiciar um espaço econômico comum, com das nos programas econômicos dos governos
a abertura seletiva dos respectivos mercados e o brasileiro e argentino e a adoção de novos crité-
estímulo à complementação de setores especí- rios de modernização e de competitividade, os
ficos da economia dos dois países, com base nos presidentes Collor e Menem firmaram a Ata de
princípios da gradualidade, flexibilidade e equilí- Buenos Aires, com a finalidade de reduzir os pra-
brio, de modo a permitir a adaptação progressiva zos de integração Brasil-Argentina.
dos setores empresariais de cada Estado às novas Este é um acordo de suma importância,
condições de competitividade. Esse Programa é pois decorre diretamente do Tratado de Integra-
tido como o próprio núcleo do processo integra- ção, Cooperação e Desenvolvimento firmado em
cionista, pois através dele foram adotados princí- 29 de novembro de 1988. Estabelece a comple-
pios de maior flexibilidade e equilíbrio, dinami- mentaridade industrial e tecnológica entre as em-
zando, principalmente, os setores industriais. Fa- presas e a criação e o funcionamento de empresas
zem parte desse Programa 24 Protocolos, especi- binacionais, fato significativo no processo de in-
ficando os assuntos nele tratados. tegração empresarial.

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O Estatuto foi visto como o primeiro pas- adoção de uma política comum em relação a ter-
so para a transnacionalização das empresas do ceiros países.
Mercosul. Fixou o prazo de 31 de dezembro de A coordenação de políticas macroeconômi-
1994 para a formação definitiva do mercado co- cas e setoriais de comércio exterior, agrícola, in-
mum entre o Brasil e a Argentina. Em agosto do dustrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de
mesmo ano, Paraguai e Uruguai juntaram-se ao serviços, alfandegária, de transportes e comunica-
processo, o que resultou na assinatura do Tratado ções e outras deve ser feita de modo a que elas se
de Assunção, para a constituição do Mercado acordem, a fim de assegurar condições adequadas
Comum do Sul (Mercosul). de convivência entre os Estados membros.
Tratado de Assunção – O Tratado de O Tratado de Assunção é visto como uma
Assunção é o instrumento jurídico fundamental quase carta constitucional, pois é flexível a ponto
do Mercosul, que comporta elementos tanto de de abrigar não apenas a situação inicial como si-
continuidade como de mudança em relação aos tuações e necessidades futuras no âmbito integra-
esforços integracionistas até então empreendidos cionista.
no continente. Por um lado, procura dar prosse- Para o período de transição entre o nasci-
guimento, no plano regional, aos trabalho da mento do mercado comum até 31 de dezembro de
ALALC (1960) e da ALADI (1980). No bilateral, 1994, estabeleceu-se que os Estados membros
busca aprofundar os princípios acordados entre adotassem um regime geral de origem, um sistema
Brasil e Argentina na Declaração de Iguaçu de solução de controvérsias e cláusulas de salva-
(1985), no Programa de Integração e Coopera- guarda (art. 3) e também se acordou uma coorde-
ção Econômica (1986) e no Tratado de Integra- nação para fazer frente às práticas de dumping ou
ção, Cooperação e Desenvolvimento (1988). políticas desleais de terceiros Estados (art. 4).
Note-se que todos esses mecanismos criaram As ferramentas para a construção do Mer-
vínculos entre economias tradicionalmente dis- cado Comum do Sul ficaram definidas em vários
sociadas, além de consolidar um diálogo político instrumentos:
privilegiado entre os quatro países. Por outro la- • um programa de liberação comercial que per-
do, representa uma mudança no modelo de de- mitisse chegar até 31 de dezembro de 1994
senvolvimento no âmbito do Cone Sul, dado o com tarifa zero, sem barreiras não-tarifárias
esgotamento do modelo de substituição de impor- sobre a totalidade do universo tarifário;
tações e a premente necessidade de adotar-se um • a coordenação de políticas macroeconômicas,
processo de abertura econômica e de aceleração que se realizará gradualmente de forma con-
da integração regional. Esse processo fundamen- vergente com os programas de desgravação
ta-se na abertura seletiva e gradual de mercados e tarifária e a eliminação de restrições não-tarifá-
no estímulo à complementação de setores espe- rias;
cíficos das economias, visando uma inserção mais • o estabelecimento de uma tarifa externa co-
competitiva na economia internacional. mum, que incentive a competitividade externa
O artigo 1.º estabeleceu a data de 31 de de- dos Estados partes;
zembro de 1994 para a implementação definitiva • a adoção de acordos setoriais, com o fim de
da livre circulação de bens, serviços e fatores pro- otimizar a utilização e mobilidade dos fatores
dutivos entre os países, através da eliminação dos de produção e alcançar escalas operativas efi-
direitos alfandegários e de todas as restrições cientes (art. 5).
não-tarifárias à circulação de mercadorias ou A administração e execução do Tratado e
qualquer outra medida de efeito equivalente. O dos acordos específicos e decisões que se adotem
texto legal determinou, também, o estabeleci- no quadro jurídico por eles estabelecidos durante
mento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) e a o período de transição estão a cargo do Conselho

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do Mercado Comum e do Grupo do Mercado aplicado nas controvérsias sobre a interpretação,


Comum (art. 9). O Conselho é o órgão superior a aplicação ou o não-cumprimento das disposi-
do Mercado Comum, instância que dá a condu- ções contidas no Tratado de Assunção, dos acor-
ção política e define as tomadas de decisões para dos celebrados em seu âmbito e das decisões do
assegurar o cumprimento dos objetivos e prazos Conselho do Mercado Comum e das Resoluções
estabelecidos para sua constituição definitiva (art. do Grupo Mercado Comum.
10). É integrado pelos ministros das Relações Ex- O Protocolo de Brasília previa três fases:
teriores e ministros de Economia dos quatro pa-
• Negociações diretas – As negociações diretas
íses (art. 11).
não poderiam, salvo acordo entre as partes, ex-
O Grupo do Mercado Comum é o órgão
ceder um prazo de 15 dias a partir da data em
executivo, coordenado pelos ministros das Rela-
que um dos Estados membros levantasse con-
ções Exteriores. Estabeleceu-se que suas funções
seriam as de: velar pelo cumprimento do Tratado; trovérsia;
tomar as providências necessárias ao cumprimen- • Intervenção do Grupo Mercado Comum –
to das decisões adotadas pelo Conselho; propor Não poderia estender-se por prazo superior a
medidas concretas tendentes à aplicação do Pro- 30 dias, a partir da data em que fosse subme-
grama de Liberação Comercial, à coordenação de tida a controvérsia;
política macroeconômica e à negociação de acor- • Tribunal Arbitral ad hoc – O Tribunal Arbitral
dos frente a terceiros; e fixar programas de traba- decidiria a controvérsia com base nas disposi-
lho que assegurem avanços para o estabelecimen- ções do Tratado de Assunção, nos acordos ce-
to do Mercado Comum. lebrados em seu âmbito, nas decisões do Con-
O Mercosul passou a constituir, em 1.º de selho do Mercado Comum, nas Resoluções
janeiro de 1995, uma união aduaneira, encerrando do Grupo Mercado Comum e nos princípios
o período de transição e dando início a uma nova e disposições de direito internacional aplicá-
etapa, que tem sido qualificada como período de veis à matéria. O Tribunal deveria se pronun-
consolidação da União Aduaneira.
ciar, por escrito, num prazo de 60 dias, pror-
Num prazo de cinco anos, portanto, o
rogáveis por no máximo mais 30, a partir da
Mercosul transformou-se de um simples projeto
designação de seu presidente.
existente apenas no articulado do Tratado de
Assunção em um esquema de integração comple- Cronograma de Las Leñas – O documen-
xo e operativo. O significativo avanço institucio- to assinado pelos presidentes, chanceleres e mi-
nal do Mercosul pode ser constatado pelo amplo nistros da Economia aborda os interesses comer-
cumprimento do Protocolo de Brasília, do Cro- ciais necessários para que o Tratado de Assunção
nograma de Las Leñas, que reúne as datas limites se complete e o mercado comum se torne reali-
para a execução de tarefas necessárias a integração dade. Ele prevê não apenas a criação de uma zona
e, ainda, pelo Protocolo de Ouro Preto. de livre comércio, mas uma união aduaneira. Las
Protocolo de Brasília para Soluções de Leñas previu também a criação de 11 grupos en-
Controvérsias – No Tratado de Assunção, artigo carregados dos temas principais a serem estuda-
3.º e Anexo III, Argentina, Brasil, Paraguai e Uru- dos em profundidade por técnicos dos quatro pa-
guai se comprometeram a adotar um sistema de íses e de apresentar propostas para atuação con-
solução de controvérsias que deveria vigorar du- junta nas áreas mais sofisticadas do Mercosul, ou
rante o período de transição. Este instrumento, seja, “nas áreas de política macroeconômica, in-
assinado em Brasília em 17 de dezembro de 1991, dustrial e agrícola, comércio exterior, infra-estru-
asseguraria o cumprimento do Tratado e das dis- tura, normas técnicas e relações trabalhistas”.7
posições que dele derivassem baseado na justiça e
equidade. Conforme dispõe seu artigo 1.º, seria 7 CORRÊA, 1992, p. 8.

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Tab. 1. Mercosul: Dados gerais.


Indicadores Brasil Argentina Paraguai Uruguai Mercosul
População (milhões) 165,7 137,0 15,5 13,3 11211,5
Área (milhões de km2) 118,5 112,8 10,4 10,2 1111,9
PIB (bilhões US$) 701,5 282,8 1119 17,8 1.011,1
Fonte: Ministério das Relações Exteriores, 2000.
XVI Reunião do Grupo Mercado Comum acabar com a discriminação e as barreiras que li-
(Protocolo de Ouro Preto) – No dia 17 de de- mitam o comércio entre os Estados membros,
zembro de 1994, realizou-se na cidade de Ouro iniciando pela redução total ou parcial das alíquo-
Preto, Brasil, a Reunião do Conselho do Merca- tas tarifárias aplicadas ao comércio entre os países
do Comum, com a presença dos presidentes da que dele participam. Posteriormente, serão redu-
Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e tendo zidas as restrições não-tarifárias, que é a proibição
como convidados o presidente da República da de importar determinados produtos. Ele foi cria-
Bolívia e o ministro da Economia da República do como um novo modelo de desenvolvimento,
do Chile. Na ocasião, foi divulgado um Comu- caracterizando-se pelo incentivo à abertura eco-
nicado Conjunto dos presidentes dos países do nômica e a aceleração dos processos de integra-
Mercosul, com 27 itens. Os valores democráticos ção regional.
no bloco foram reafirmados, sendo considerados
essenciais para a conformação de um mercado Perfil dos Países do Mercosul
comum, o objeto final do processo em curso. O Mercosul abrange uma área de 11,9 mi-
Enfatizou-se que o Mercosul não deverá lhões de quilômetros quadrados – equivalendo a
ser visto apenas por seus aspectos comerciais ou aproximadamente 9% da superfície ocupada por to-
econômicos mas que, dentro do projeto de inte- dos os países do mundo –, onde estão cerca de 211,5
gração, áreas como a educação, a cultura, a infra- milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto
estrutura, o meio ambiente e as comunicações, (PIB) da ordem de US$ 1,01 trilhões (tab. 1).
entre outras, deverão ser prioridades. O território brasileiro é três vezes maior
Na histórica Reunião de Ouro Preto, os que o argentino. As populações brasileira (159
quatro países resolveram, em linhas gerais, suas milhões em 1995) e argentina (33,9 milhões em
relações comerciais, através de compromissos 1995) representam 96% da população do Merco-
irrenunciáveis que lhes darão a chance de partir sul. Somadas, as populações paraguaia e uruguaia
para desafios maiores com os outros parceiros in- representam apenas 4% desse total.
ternacionais (União Européia, NAFTA e a virtual Dos quatro países que formam o Mercosul,
ALCA, entre outros). Por haver pontos sensíveis, o Brasil é o que apresenta o processo de urbani-
nem todos os temas agendados foram resolvidos, zação mais acelerado, embora revelando uma
sendo que alguns ficaram para futuras negocia- concentração urbana menor que a Argentina. O
ções e acordos. Em contrapartida, foram aprova- fenômeno da urbanização é relevante para a inte-
das pelo Conselho 18 decisões que trarão grande gração porque as cidades tendem a representar
avanço no processo de integração. um potencial de mercado consumidor mais am-
plo do que as zonas rurais. Portanto, quanto mais
CARACTERÍSTICAS DO MERCOSUL urbanizado o parceiro comercial, maior tende a
O Mercosul é um processo de integração ser seu mercado potencial. Por outro lado, grande
econômica entre Brasil, Argentina, Paraguai e parte da população está à margem do processo
Uruguai inaugurado em 26 de março de 1991 econômico. A concentração de renda brasileira é
com a assinatura do Tratado de Assunção, que fi- uma das mais fortes do mundo.8
xou as metas, os prazos e os instrumentos para
sua construção. Esse processo visa reduzir ou 8 CARVALHO, 1991, p. 29.

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Tab. 2. Brasil: Intercâmbio Comercial – Totais gerais (US$ milhões, FOB).


Ano Exportações Importações Saldo
1980 20.132 22.955 -2.804
1981 23.293 22.091 1.202
1982 20.175 19.395 779
1983 21.899 15.429 6.470
1984 27.005 13.916 13.098
1985 25.639 13.153 12.471
1986 22.349 14.044 6.294
1987 26.224 15.051 11.174
1988 33.789 14.605 19.186
1989 34.383 18.263 16.125
1990 31.414 20.661 10.752
1991 31.620 21.041 10.579
1992 35.793 20.554 15.308
1993 38.555 25.256 13.009
1994 43.545 33.079 10.583
1995 46.506 49.858 -3.352
1996 47.747 53.286 -5.539
1997 52.994 59.838 -6.844
1998 51.140 57.714 -6.574
1999 48.011 49.210 -1.199
2000 55.086 55.783 -697
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior – SECEX, 2001.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos quatro As exportações brasileiras evoluíram de
países do Mercosul é superior a 50% do PIB da US$ 20,1 bilhões em 1980 para US$ 47,7 bilhões
América Latina. No ano de 1995, o PIB do Mer- em 1996. Cabe ressaltar que, de 1991 para 1992,
cosul ficou em US$ 1,01 trilhões. A presença o crescimento foi de 13% e que, de 1992 para
conjunta do Brasil e da Argentina – com um PIB 1993, de 8%, contrastando com o crescimento
de US$ 701,5 bilhões e US$ 282,8 bilhões, res- mundial, de apenas 4% (tab. 2).
pectivamente – confere uma representatividade O desempenho do Brasil em 1992 e 1993
regional expressiva, em termos de produto, a reverteu o quadro de estagnação de 1990 e 1991,
qualquer grupo de integração latino-americano. quando as exportações caíram de US$ 34,4 bi-
O PIB do Paraguai e do Uruguai são bem meno- lhões em 1989 para US$ 31,4 bilhões em 1990 e
res, de US$ 9 bilhões e US$ 17,8 bilhões, respec- US$ 31,6 bilhões em 1991, aproximadamente,
tivamente. voltando a evoluir a partir de 1992.
As importações brasileiras atingiram cerca
DESEMPENHO DO BRASIL NO de US$ 23 bilhões em 1990 e US$ 53 bilhões em
1996. A média de importações, que no início de
COMÉRCIO INTERNACIONAL
1980 girava em torno de US$ 20 bilhões, caiu para
O Brasil, a partir de 1980, vinha apresen- US$ 15 bilhões no período de 1983 a 1988, só se
tando saldos comerciais significativos, dentro de recuperando em 1989, revelando que a economia
uma política de comércio exterior que incentiva- brasileira era extremamente fechada. Em 1997,
va as exportações e continha as importações, se- tanto em relação às exportações quanto às impor-
guindo os imperativos das negociações da dívida tações, os dados apontam recordes históricos de
externa brasileira (por 15 anos, aproximadamen- desempenho, com valores de US$ 52,99 milhões e
te, o país apresentou saldos positivos na sua ba- US$ 59,83 milhões, respectivamente, apresentan-
lança comercial). do um saldo negativo de US$ 6,84 milhões.

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Tab. 3. Brasil: Intercâmbio Comercial – Exportação (US$ milhões, FOB).


Anos Argentina Paraguai Uruguai Mercosul total Totais gerais
1990 645 380 295 1.320 31.414
1991 1.476 496 337 2.309 31.620
1992 3.040 543 514 4.097 35.793
1993 3.658 952 776 5.386 38.555
1994 4.135 1.054 732 5.921 43.545
1995 4.041 1.301 812 6.154 46.506
1996 5.170 1.324 811 7.305 47.747
1997 6.770 1.407 870 9.047 52.994
1998 6.748 1.249 881 8.878 51.140
1999 5.364 744 670 6.778 48.011
2000 6.233 832 668 7.733 55.086
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – SECEX, 2001.

DESEMPENHO DO BRASIL portações totais brasileiras. Em 1995, a participa-


NO MERCOSUL ção atingiu 13,7% e continuou crescendo até
Para o Mercosul, foram destinados em 1998, ou seja, 16,3%. Já em 1999 e 2000, a parti-
1990 cerca de US$ 1,3 bilhões, ou seja, 4,2% das cipação caiu para 13,6% e 14%, respectivamente
exportações totais. Em 1995, com a consolidação (tab. 4).
da união aduaneira, foram destinados US$ 6,1 bi- A tabela 5 apresenta o saldo do intercâmbio
lhões, ou seja, 13,2% das exportações totais. Em comercial do Brasil em relação ao Mercosul, no
1998, a participação das exportações brasileiras período 1990-2000.
para o Mercosul em relação às exportações brasi-
A tabela 6 mostra os grupos de produtos
leiras totais atingiu 17,4%. É importante observar
que a participação do Mercosul vinha crescendo exportados para o Mercosul e as importações
rapidamente, caindo para 14,1% e 14% nos anos brasileiras por grupos de produtos provenientes
de 1999 e 2000, respectivamente (tab. 3). do Mercosul. Esses dados revelam a importância
Do Mercosul, o Brasil importou US$ 2,3 do bloco tanto como destino das exportações
bilhões em 1990, representando 11,2% das im- quanto como origem das importações brasileiras.

Tab. 4. Brasil: Intercâmbio Comercial – Importação (US$ milhões – FOB).


Anos Argentina Paraguai Uruguai Mercosul total Totais gerais
1990 1400 333 587 2320 20661
1991 1615 220 434 2269 21041
1992 1732 195 302 2229 20554
1993 2717 276 385 3378 25256
1994 3662 352 569 4583 33079
1995 5591 515 738 6844 49972
1996 6805 552 944 8301 53346
1997 8032 517 967 9516 59838
1998 8034 351 1042 9427 57714
1999 5812 260 647 6719 49210
2000 6843 351 601 7795 55783
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – SECEX, 2001.

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Em 1992, as exportações do Brasil para o tos (18%), produtos químicos (12,3%), produtos
Mercosul concentraram-se principalmente em alimentares (12,7%) e metais comuns (10,3%),
material de transporte (26,1%), máquinas e equi- mantendo, portanto, o mesmo perfil. As importa-
pamentos (17,1%), metais comuns (12,4%) e pro- ções do Brasil provenientes do Mercosul também
dutos alimentares (10%). Em 1995, as exportações apresentaram o mesmo desenho, concentrando-se
brasileiras centraram-se principalmente em mate- em produtos alimentícios: 50,8% e 41,5% nos
rial de transporte (18,1%), máquinas e equipamen- anos de 1991 e 1995, respectivamente.

Tab. 5. Intercâmbio comercial do Brasil (US$ milhões – FOB).


Anos Argentina Paraguai Uruguai Mercosul total Totais gerais
1990 (754) 48 (292) (998) 10752
1991 (138) 276 (97) 41 10579
1992 1038 348 212 1598 15239
1993 941 677 390 2008 13299
1994 474 701 163 1338 10466
1995 (1550) 786 74 (690) (3466)
1996 (1635) 772 (133) (996) (5599)
1997 (1262) 889 (97) (470) (6844)
1998 (1286) 898 (162) (550) (6574)
1999 (448) 484 23 59 (1199)
2000 (611) 481 67 (63) (698)
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – SECEX, 2001.

Tab. 6. Brasil: Exportação e importação – Mercosul.


EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
GRUPOS DE (US$ MILHÕES) (US$ MILHÕES) (%) (%)
PRODUTOS
1992 1995 1992 1995 1992 1995 1992 1995
Alimentos/fumo/bebidas 412 780 1.153 2.829 10 12,7 50,8 41,5
Minerais 149 243 61 822 3,6 3,9 2,7 12
Químicos 335 756 193 280 8,1 12,3 8,5 4,1
Plásticos/borracha 305 539 78 281 7,4 8,8 3,4 4,1
Calçados/couro 37 60 139 172 0,9 0,9 6,1 2,5
Madeira 25 39 22 43 0,6 0,6 1 0,6
Papel 174 296 24 104 4,2 4,8 1,1 1,5
Têxtil 247 303 249 547 6 4,9 11 8
Minerais não metálicos /
68 122 17 41 1,6 1,9 0,7 0,6
metais preciosos
Metais comuns 513 637 49 100 12,4 10,3 2,2 1,4
Máquinas/equipamentos 707 1.108 156 471 17,1 18 6,9 6,9
Material de transporte 1.076 1.117 111 1.041 26,1 18,1 4,9 15,3
Ótica/instrumentos 28 41 9 11 0,7 0,7 0,4 0,2
Outros 52 88 8 44 1,3 1,4 0,3 0,6
Total 4.128 6.154 2.268 6.821 100 100 100 100
Fonte: Secretaria do Comércio Exterior – SECEX, 1997.

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Desde as negociações iniciais para estabele- dados sobre a evolução do comércio intra-Merco-
cer o Mercosul, em 1991, observou-se um cresci- sul no período 1990-2000. Esse comércio interno
mento vigoroso no intercâmbio regional, devido foi multiplicado muitas vezes desde a criação da
ao processo de desgravação tarifária e à reorienta- união aduaneira até atingir seu nível máximo em
ção do comércio entre os países participantes. 1998. Em 1999, veio a crise, mas houve recupera-
ção no ano seguinte, embora ainda sem retornar ao
CONSIDERAÇÕES FINAIS volume de 1998. No início de 2002, fruto da ins-
O Mercosul deu largos passos em direção à tabilidade política e da grande crise econômica na
meta de constituição do Mercado Comum do Argentina, despencou o comércio intraMercosul:
Sul. A zona de livre comércio, etapa precedente, as exportações do Brasil para a Argentina diminu-
já é uma realidade. A união aduaneira nascida íram aproximadamente 60%, havendo a interrup-
com a Tarifa Externa Comum (TEC), em 1.º de ção momentânea, inclusive, das quotas de com-
janeiro de 1995, continuou a ser aperfeiçoada ao pensação do comércio de itens automotivos.
longo dos próximos anos. O Brasil não registra superávit comercial
com o parceiro argentino desde 1994 e o cenário
O artigo do presidente Itamar Franco, pre-
para os próximos anos deverá manter essa cons-
parado para publicação no Diário El Nacional, de
tatação. A importação de produtos argentinos
Caracas, em junho de 1993, dizia:
pelo País revelou para a Argentina que a parceria
O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uru- conosco no Mercosul superou qualquer expecta-
guai deverão efetivamente constituir, até o tiva, pois a política externa brasileira apontou,
final de 1994, uma Zona de Livre Comércio claramente, para a ajuda comercial sem a necessi-
(...) e uma União Aduaneira. (...) A forma- dade da contrapartida argentina. Para tentar su-
ção de Mercado Comum entre nossos qua- perar a perda de divisas com a queda brutal das
tro países é tarefa altamente complexa e de- importações argentinas de produtos brasileiros, o
verá constituir uma evolução ao longo do
Brasil já há três anos procura desenvolver novos
tempo. (...) O Mercosul é um processo ne-
mercados, a exemplo do mexicano, sul-africano,
gociador que não se esgotará em 1.º de ja-
neiro de 1995. saudita, russo e chinês. Por fim constata-se que,
recentemente, a Argentina deixou de ser o segun-
O Mercosul deixou de ser uma variável de do maior comprador dos produtos brasileiros.
política externa para se tornar, simultaneamente, O projeto do Mercosul se desenvolveu, por-
uma variável de política econômica, na medida tanto, numa situação de crescente participação de
em que se configurou num instrumento indis- seus países nos fluxos comerciais mundiais nos
pensável de inserção competitiva das economias anos de 1994 a 1998. Desde então, o Mercosul foi
dos países membros no mercado internacional.9 marcado por problemas cambiais tanto na Argen-
Em bloco, os países têm mais força e, assim, o es- tina quanto no Brasil, além da recente recessão
forço da integração torna-se positivo. Desde sua econômica argentina, que refreou o comércio a ní-
criação, vem consolidando seu funcionamento e veis não imaginados. Assim, foram identificadas as
atingindo resultados expressivos, contribuindo seguintes vantagens em participar de um processo
para a criação de um clima receptivo de expansão de integração como o Mercosul: dinamização eco-
do COMÉRCIO, apesar dos recentes acontecimen- nômica, consolidação do processo de liberalização
tos políticos e econômicos ocorrido na república comercial, atração de investimentos e fortaleci-
argentina. mento das instituições democráticas.
Para evidenciar os avanços do Mercosul, as Porém, cabe destacar que a conjuntura bra-
tabelas 3 e 4, apresentadas acima, mostram alguns sileira durante a maior parte do período de transi-
ção era difícil. Até 1993, não havia um documen-
9 SEITENFUS, 1994, p. 114. to formal do bloco explicitando o entendimento

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de que o mercado comum era uma meta a ser ser melhor analisado. As discussões da futura
alcançada ao longo do tempo. Em 1994, o Mer- ALCA colocaram no centro da agenda sub-regio-
cosul ainda era uma incógnita, pois havia muitas nal o debate sobre o aprofundamento do Merco-
dúvidas sobre as metas a serem efetivamente bus- sul, ainda que sob forte “onda” protecionista dos
cadas. A união aduaneira implantada em 1.º de ja- Estados Unidos. As reuniões e possibilidades de
neiro de 1995 passou pela prova de fogo dos dois acordos comerciais entre Mercosul e União Eu-
primeiros anos. ropéia também contribuem para uma redefinição
Pode-se afirmar que as crises, desde a au- da identidade do Mercosul.
tomobilística até a dos têxteis ou a dos alimentos,
não passaram de bolhas alarmistas, até que a Ar- Agradecimento
gentina atravessasse o atual estágio de recessão e Aos alunos da UNIMEP Marisa Lazani Dai-
quase depressão econômica, o qual ainda caberá nese e Juliano Aparecido Rinck.

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Dados dos autores


REGINA CÉLIA FARIA SIMÕES é doutora em economia,
professora da área de economia na graduação e na pós-graduação da UNIMEP.
CRISTIANO MORINI é mestre em integração latino-americana
e professor da área de gestão de negócios internacionais na
graduação e na pós-graduação da UNIMEP.

Recebimento artigo: 5/nov./01


Consultoria: 9/nov./01 a 6/mar./01
Revisão do autor: 15maio/02 a 5/jun./02
Aprovado: 1.º/jul./02

154 impulso nº 31

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