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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO

Giulia Baptistella
Juliana Alves
Maria Carolina
Rhael Barreto

O audiovisual na hipermodernidade: vídeos verticais, uma nova tendência


estética
Uma análise sobre o audiovisual na hipermodernidade com base do conceito apresentado por
Gilles Lipovetsky
Salto - SP
2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO

Giulia Baptistella
Juliana Alves
Maria Carolina
Rhael Barreto

O audiovisual na hipermodernidade: vídeos verticais, uma nova tendência


estética
Uma análise sobre o audiovisual na hipermodernidade com base do conceito apresentado por
Gilles Lipovetsky

Artigo para a aula de História Social da


Comunicação e das Artes, apresentado a
universidade Nossa Senhora do Patrocínio, como
parte das exigências para obtenção da nota A2.

Salto, 15 de maio de 2019.


Para Gilles Lipovetsky a hipermodernidade é um estado cultural mais avançado da pós-
modernidade que é marcado, principalmente, pelo individualismo, pelo consumismo, pelo
desejo, pelo bem-estar e pela valorização da vida privada, arquitetando uma sociedade
hipermoderna que vive regida pelo tempo presente e pela inovação constante (LIPOVETSKY,
2015). Analisando o comportamento em sociedade a partir dos anos 80 essa lógica de presente
se acentuou graças a duas mudanças significativas: a globalização e, posteriormente, a
internet.

A arte é estruturalmente homogeneizada com tudo sob os moldes do capitalismo artista; arte e
comércio, arte e entretenimento, arte e lazer, arte e moda, arte e comunicação
(LIPOVETSKY, 2015). A fim de oferecer uma grande diversidade de produtos de consumo
para entretenimento, as indústrias de criação, aliadas ao comércio, ao consumo e a abranger
sempre o maior número de pessoas, são cada vez mais aproveitadas por esse modelo
socioeconômico.

Essa necessidade de atingir um público tão vasto e diverso faz com que essa arte, que segue as
regras do capitalismo artista¹, desenvolva uma linguagem acessível sem traços de cultura
erudita. As grandes mudanças que o mundo moderno trouxe transformaram a técnica das artes
e até a noção de arte. O cinema e os cartazes publicitários foram os principais protótipos da
arte de consumo de massa. Após vários anos lançando pôsteres com orientação vertical, os
filmes finalmente estão adaptando também seu conteúdo audiovisual promocional para
conquistar mais espaços para divulgação; alguns lançamentos de filmes são acompanhados de
trailers verticais, bem como a adaptação de trailers em serviços de streaming recentemente.

A novidade da captação de som direto na década de 1920 e a popularização da televisão nos


anos 50 foram fatores decisivos para uma indústria cinematográfica já consolidada; por conta
do som ótico uma parte lateral do fotograma era perdida e precisava ser compensada
diminuindo a altura do quadro, mantendo a proporção mais conhecida 1.33:1 (ou 4:3). No
caso dos televisores clássicos a proporção 4:3 se manteve, e os filmes produzidos em
proporções como 1,77:1 (ou 16:9) ganhavam tarjas que auxiliavam no ajuste da imagem do
fotograma na tela da TV. 1

1
O capitalismo artista se apresenta como o sistema em que a inovação criativa tende a se
generalizar, infiltrando-se num número crescente de outras esferas.
Figura 1 - ilustração de diferentes razões de aspecto projetadas em telas de diferentes dimensões.

Fazendo uma análise já em 2017, anos após o surgimento e a popularização do telefone


celular, em um cenário em que o acesso à internet dita ilimitada é realidade na grande maioria
dos países, foi constatado em uma pesquisa que até então 51,4% dos acessos à internet se
deram a partir dos smartphones2. A grande maioria do público que consome a arte de massa,
hoje em dia, consome pela internet e esse acesso se dá a partir de uma tela convencionalmente
usada no “modo retrato”, com orientação vertical da tela, e não horizontal (modo paisagem),
como os filmes costumam ser captados.

A normalização do uso de celulares durante todos os momentos do dia traz, entre outras
coisas, o grande alcance da comunicação pela internet, que, diferente da dinâmica linear,
possibilita uma comunicação em rede com múltiplos interlocutores. Com isso, tornou-se
comum a possibilidade de qualquer usuário de um celular smart com câmera ser produtor de
conteúdo tanto para acervo pessoal, quanto para imprensa, ou até plataformas de
compartilhamento de vídeos. A praticidade e o costume de usar o celular no modo retrato
impactam na maneira como esse conteúdo é produzido e consumido, marcando assim a
tendência dos vídeos planejados e concebidos na vertical.

Em 2011, com o lançamento de um aplicativo de compartilhamento de vídeos, Snapchat,


marcou o início desse novo enquadramento; em pouco tempo, outras redes sociais mais
populares, como o Facebook e o Instagram, aderiram ao compartilhamento de vídeos na
vertical, abrindo caminho para a exploração dessa forma de captação.

2
Dados fornecidos pela agência We Are Social USA.
Viver com hábitos viciosos de navegação em redes sociais compartilhando, buscando e
consumindo conteúdos diversos que exaltam o desejo, a satisfação e o hedonismo, “o nosso
mundo se apresenta como um vasto teatro, um cenário hiper-real destinado a divertir os
consumidores” (LIPOVETSKY,2015) conduzindo o interesse do público para novas
plataformas criadas com a mesma finalidade de oferecer produtos da arte de consumo de
massa.

Na esfera da publicidade a plataforma IGTV ilustra o exemplo de adaptação de conteúdo para


o modo retrato a fim de ampliar o alcance dos vídeos de mesmo conteúdo captados no modo
paisagem. Diversas empresas mascaram suas publicidades em posts dessas plataformas, em
parceria com os digital influencers que exibem seus padrões de vida criando um conteúdo
esteticamente atrativo, se apropriando até de elementos da linguagem cinematográfica cada
vez mais.

Com o mesmo objetivo de inovação constante, produtos como vídeo clipes e até filmes se
adaptam como podem à tendência do conteúdo vertical. Desde 2014 o Vertical Film Festival,
na Austrália promove a produção de curtas-metragens em modo retrato e premia uma
categoria com filmes do mundo todo. No Brasil, uma produção vertical de destaque é o vídeo
clipe do artista Baco Exu do Blues, de sua música “Paris”, lançado em 2019.

É perceptível, numa sociedade hipermoderna, o capitalismo artista se aproveitando da


capacidade de propagar seus valores consumistas, individualistas e hedonistas através dos
meios de comunicação, usando principalmente recursos audiovisuais para estetizar o mundo
real e o virtual; combinados com a velocidade oriunda da comunicação em rede, esse sistema
tem a fórmula ideal para ditar alguns padrões de comportamento a seu favor.
REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, F. L. GILLES LIPOVETSKY DISCUTE HIPERMODERNIDADE NA ECA.


2012. Disponível em <http://www3.eca.usp.br/noticias/gilles-lipovetsky-discute-
hipermodernidade-na-eca>. Acesso em: 10 mai. 2019.

ROSSI, E. COM BOOM NO USO DO CELULAR, VÍDEO NA VERTICAL MUDA


PARADIGMA DE FILMAGEM. 2017. Disponível em
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/09/1918734-com-boom-no-uso-do-celular-
video-na-vertical-muda-paradigma-de-filmagem.shtml>. Acesso em: 11 mai. 2019.

BRITO, W. DA C. OS CONCEITOS PÓS-MODERNIDADE E HIPERMODERNIDADE


EM GILLES LIPOVETSKY. Perspectivas em Psicologia, v. 19, n. 2, 6 dez. 2015.

LIPOVETSKY, G. ; SERROY, J. A Estetização do Mundo: viver na era do capitalismo


artista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

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