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Os princípios básicos no tratamento com consequente hipoglicemia e po- de 180 mg/dl e hemoglobina glicada
de idosos com diabetes (acima dos 65 tencial lesão de órgãos vitais, principal- (HbA1c) > 7% (C).9
anos de idade) não diferem daqueles mente cérebro e coração (C).2
estabelecidos para diabéticos mais jo- TRATAMENTO
vens, incluindo critérios de diagnósti- CATARATA
co, classificação e metas de controle O tratamento do diabetes em idosos
metabólico (glicêmico e lipídico), pres- A frequência de catarata na população obedece aos mesmos princípios utili-
são arterial e índice de massa corporal idosa diabética é três vezes maior do zados em faixas etárias mais jovens.
(IMC). Ressalte-se que, para tratar essa que na população geral (A),3 e, quando Entretanto, o médico-assistente deve
população, é fundamental considerar associada à retinopatia diabética, pode estar atento a importantes particulari-
aspectos que a diferenciam. Não estão comprometer seriamente a acuidade dades, como dificuldade na diferencia-
disponíveis evidências de que o con- visual, dificultando o uso de insulina ou ção entre os tipos 1 e 2, diferenças nas
trole glicêmico estrito (rigoroso) possa mesmo de medicamentos orais. metas de controle glicêmico e restri-
prevenir complicações macrovascula-
ções ao uso de vários dos antidiabéti-
res. É discutível a vantagem desse con-
DOENÇAS CARDIOVASCULARES cos orais (C).10
trole rigoroso em relação aos riscos de
hipoglicemias graves e dos efeitos co- Episódios hipoglicêmicos podem preci-
laterais dos agentes antidiabéticos. DIABETES DE IDOSOS:
pitar eventos agudos de doença arterial
coronariana (DAC) e doença cerebro- TIPOS 1 OU 2
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2014-2015 Diretrizes SBD
OBJETIVOS DO TRATAMENTO sociada a mudanças nos hábitos de glicêmico pode trazer benefícios adi-
(METAS) vida (dieta e atividades físicas com re- cionais (B).16 Bebidas alcoólicas, quan-
dução do peso) como primeira medi- do permitidas pelo médico assistente,
As principais sociedades científicas in- da a se utilizar no tratamento do dia- devem ser restritas a um drinque para
ternacionais (Associação Americana de betes (C),15 pode-se evitar ou adiar a mulheres e, no máximo, dois para o
Diabetes [ADA] e European Association introdução do medicamento em razão homem. A suplementação com antio-
for the Study of Diabetes [EASD]) não de frequente intolerância ou contraindi- xidantes, como vitaminas A, E, C e crô-
estabelecem metas glicêmicas específi-
cações (hepatopatia, nefropatia, pneu mio, não é recomendada por falta de
cas para a população idosa, entretanto a
mopatia, alcoolismo etc.) em idosos, evidências científicas que mostrem
maioria dos autores recomenda a indivi-
principalmente naqueles com glice- benefícios. Preferencialmente, nutri-
dualização, levando-se em considera-
mias leves ou moderadamente eleva- cionistas com experiência em dia
ção diferentes fatores, como presença
das. Se tal conduta não lograr controle betes devem realizar esse esquema.
ou não de doenças que limitam a quali-
glicêmico adequado, o medicamento Pode-se recomendar esquema de
dade e/ou quantidade de potenciais
deve ser iniciado com a menor dose contagem de carboidratos nos oca-
anos de vida (câncer; miocardiopatia
possível e esta ser aumentada gradual- sionais casos de insulinoterapia inten-
grave; insuficiências renal, hepática ou
mente até que se obtenha o controle sificada (A).16
pulmonar; sequelas importantes de aci-
desejado. Caso não se consiga, devem
dente vascular cerebral [AVC] etc.) e ida-
ser associados dois, três ou quatro me- ATIVIDADE FÍSICA
de muito avançada, na qual o tempo de
dicamentos, com o objetivo de melho-
hiperglicemia não seria suficiente para Inúmeros estudos epidemiológicos e de
rar o controle metabólico, mas sem pro-
desenvolver as complicações crônicas intervenção têm demonstrado os bene-
vocar efeitos colaterais importantes.
do diabetes. Limitações econômicas, fícios da atividade física aeróbica no tra-
sociais ou familiares podem inviabilizar tamento e na prevenção do diabetes
esquemas terapêuticos complexos ne- TRATAMENTO DIETÉTICO
tipo 2 (A).17-20 Pesquisas sobre os efeitos
cessários para o controle glicêmico
A orientação alimentar do idoso dia- do exercício resistido no controle glicê-
ideal. Nessas situações, seriam aceitá-
bético segue os princípios básicos es- mico são escassas (B),22 porém frequen-
veis valores glicêmicos de jejum de até
tabelecidos para o diabético sem temente recomendadas, tornando difí-
150 mg/dl e pós-prandiais < 180 mg/dl.
complicações: normocalórica ou hipo- cil a adesão do idoso (B),21 enquanto as
A análise crítica dos quatro principais
calórica para os obesos (com perda < atividades de alta intensidade e baixa
estudos (United Kingdom Prospective
7% nos sadios); 55% a 60% de carboi- resistência são mais toleráveis, com ca-
Diabetes Study [UKPDS], Action in Dia-
dratos (10% a 15% simples), 39% de pacidade de aumentar a massa muscu-
betes and Vascular Disease: Preterax
gorduras (igualmente distribuídas entre lar e a captação de glicose.
and Diamicron MR Controlled Evalua-
saturadas, monoinsaturadas e poli-insa- As condições gerais do paciente
tion [ADVANCE], Action to Control Car-
turadas); 10% a 15% de proteínas (0,8 a deverão guiar a prescrição de ativida-
diovascular Risk in Diabetes [ACCORD] e
1 g/kg/peso, dependendo da função re- des físicas por condicionamento físico,
Vetterans Affair Diabetes Trial [VADT])
nal); 300 mg/dia de colesterol; 14 g de preferências, habilidades e limitações,
sugere que a tentativa de controle gli
fibras/1.000 kcal com diminuição das como osteoartroses, artrites, tremores,
cêmico rigoroso em idosos, principal-
gorduras trans (B);16 suplementação de sequelas de AVC, DAC etc. A avaliação
mente naqueles com enfermidades ate
cálcio (1 g cálcio elementar/dia), vitami- cardiovascular deve incluir teste ergo-
roscleróticas conhecidas, além de não
na D (800 UI/dia), ferro, complexo B etc., métrico, quando tolerado pelo pacien-
prevenir eventos cardiovasculares, pode
aumentar a mortalidade (ACCORD), pos quando indicados. Em idosos com hi- te, para programar melhor a atividade
sivelmente, mas não necessariamente pertensão arterial, deve-se limitar a física. Para os pacientes fisicamente im-
por hipoglicemia (B).8,12,13 ingestão de sal em 6 g; àqueles com possibilitados de usar esteira ou para
hipercolesterolemia; a distribuição de aqueles com mais de um fator de risco
ESQUEMA TERAPÊUTICO ácidos graxos deve ser < 7% de ácidos além do diabetes, pode-se optar por
graxos saturados; mais de 10% de po- eco-Doppler ou cintigrafia miocárdica
Apesar de as principais sociedades cien- li-insaturadas e mais de 10% de mo- sob estresse farmacológico, realizada
tíficas recomendarem metformina as- noinsaturadas (A).16 O uso do índice por especialista.
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2014-2015 Diretrizes SBD
associadas à insulina, devido ao maior predispostos à obstrução intestinal, duas refeição, enquanto a da repaglinida va-
risco de descompensação miocárdica situações frequentes na população ido- ria entre 0,5 e 4 mg por refeição. As gran-
por sobrecarga de volume circulante sa. A tolerância deste medicamento é des vantagens do seu uso em idosos
(B).32-33 Sabendo-se que a prevalência e reduzida em razão dos frequentes efei- diabéticos são a baixa prevalência de
a incidência de insuficiência cardíaca tos colaterais, como flatulência, cólicas hipoglicemia e a boa tolerabilidade,
são acentuadamente maiores na popu- abdominais, diarreia e constipação in- além de poderem ser recomendadas a
lação idosa com diabetes(B),38 deve ser testinal, mais comuns e menos tolera- portadores de insuficiência renal ou
feita uma cuidadosa avaliação da fun- das por pacientes mais velhos. A in hepática leve a moderada (B).46
ção miocárdica nesses pacientes antes dicação principal é o tratamento da
de acrescentar glitazonas ao esquema hiperglicemia pós-prandial. Os compri-
terapêutico, principalmente nos que já midos devem ser ingeridos com as re- ANÁLOGOS DO PEPTÍDEO
estão utilizando insulina. Prescreve-se a feições, nas doses de 50 a 100 mg (uma, SEMELHANTE AO GLUCAGON
pioglitazona em dose única, que varia duas ou três vezes ao dia).
Um dos análogos do peptídeo seme-
entre 15 e 45 mg (comprimidos de 15,3 Raramente utilizada em monote-
lhante ao glucagon (GLP-1) atualmente
e 45 mg). Doses maiores devem ser di- rapia, na maioria das vezes é associada
disponível para uso clínico é a exenati-
vididas em duas tomadas. Durante o à metformina, que também tem efei-
da. Os múltiplos mecanismos de ação
tratamento, as transaminases séricas tos colaterais gastrintestinais, dimi-
deste análogo são aumento da secre-
devem ser monitoradas e o medica- nuindo ainda mais sua aceitabilidade.
ção de insulina, redução da produção e
mento descontinuado, se os valores Em raras ocasiões, descreveu-se au-
secreção de glucagon, lentificação do
atingirem níveis três vezes mais o limite mento das transaminases hepáticas,
esvaziamento gástricos e aumento da
superior da normalidade. Recente me- sendo prudente monitorar essas enzi-
sacietogênese, com consequente perda
tanálise (C)39 mostrou aumento de mas nos primeiros meses do tratamen-
moderada de peso. A associação desses
eventos coronarianos em pacientes to. Há poucos estudos direcionados
fatores melhora o controle glicêmico,
com diabetes tratados com rosiglitazo- especificamente à população idosa.
principalmente nos períodos pós-pran-
na; entretanto, vários outros estudos Entretanto, os existentes mostram efi-
cácia e segurança semelhantes às en- diais, com mínimo risco de hipoglice-
multicêntricos de maior poder estatísti-
co não confirmaram esses achados, contradas em se tratando de indivídu- mia. Os principais inconvenientes dessa
mostrando efeito neutro das rosiglita- os mais jovens (B).45 droga são seus efeitos colaterais, dose-
zonas em relação a eventos cardiovas- dependentes, como náuseas e vômitos
culares (A).40-42 Apesar da controvérsia, a mais acentuados nas primeiras semanas.
GLINIDAS Um segundo fator que reduz a adesão à
ANVISA retirou a rosiglitazona do mer-
cado brasileiro. As duas principais glinidas disponíveis exenatida é a via de administração sub-
Vários estudos têm mostrado que no mercado brasileiro são a repaglinida cutânea duas vezes ao dia. Recomenda-
as glitazonas estão associadas ao au- e a nateglinida, que exercem seus efei- se iniciar o tratamento com dose de 5
mento de fraturas periféricas em mu- tos biológicos de maneira semelhante mg antes do café da manhã e antes do
lheres pós-menopausa, particularmente às sulfonilureias, isto é, estimulando a jantar, aumentando após a primeira se-
em úmero, mãos e pés, possivelmente produção e a secreção de insulina pelas mana para 10 mg duas vezes ao dia,
por redução na formação e densidade células beta. Entretanto, a ligação das podendo ser associada à metformina e/
da massa óssea (A).2,19 glinidas aos receptores das subunida- ou sulfonilureia. Não há restrição ao
des regulatórias (SURs) é mais tênue e uso em idosos50 com exceção dos por-
rápida; portanto, quando usadas no tadores de insuficiência renal grave (cle-
ACARBOSE
momento das refeições, a secreção de arance de creatinina < 30 ml/minuto).
A acarbose é um inibidor da enzima al- insulina e o seu tempo de ação ten- Deve-se pensar na possibilidade de
faglicosidase e seu mecanismo de ação dem a coincidir com as excursões glicê- pancreatite nos pacientes com dor ab-
é atrasar a absorção pós-prandial da gli- micas pós-prandiais. Desse modo, a prin- dominal e descontinuar o medicamen-
cose, atenuando a hiperglicemia pós- cipal indicação é no tratamento das to, que não deve ser reintroduzido caso
prandial. Não deve ser recomendada a hiperglicemias pós-prandiais. A dosa- confirmada a pancreatite. Na população
portadores de doenças intestinais ou gem da nateglinida é de 120 mg por idosa isso deve ser levado em conside-
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O tratamento do idoso com diabetes deve obedecer aos mesmos princípios dos não idosos A
Não há evidências de que o controle glicêmico rigoroso em idosos evita eventos cardiovasculares B
A terapia intensificada em idosos com diabetes está associada a maior risco de hipoglicemia A
Não se conseguiu comprovar que a maior mortalidade observada com tratamento intensivo dos
B
idosos com diabetes se deveria à maior incidência de hipoglicemia
Metformina não é contraindicada em idosos, mas, quando recomendada, deve-se dar maior atenção
A
às funções renal, hepática, cardiopulmonar e a quaisquer situações que predisponham à acidose
Insulinoterapia não está contraindicada aos idosos com diabetes, mas este tipo de tratamento
B
necessita cuidados maiores e implica em maior risco de hipoglicemia
Acarbose pode ser utilizada em idosos com diabetes com mínimo ou nenhum risco de hipoglicemia,
C
mas a tolerância aos efeitos colaterais é menor
As glitazonas podem ser utilizadas nos pacientes idosos com diabetes, mas o risco de insuficiência
A
cardíaca e osteoporose (principalmente nas mulheres) limitam o seu uso nesta população
Análogos de GLP-1 e Inibidores da DPP-IV podem ser usados em idosos com diabetes com especial
atenção à função renal, já que são contraindicados na insuficiência renal grave (Clearance igual ou B
menor do que 30 ml/minuto)
(A) Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência; (B) Estudos experimentais e observacionais de menor consistência; (C) Relatos de casos –
estudos não controlados; (D) Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consenso, estudos fisiológicos ou modelos animais.
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meros falsos conceitos sobre a utiliza- mento e contagem de carboidratos, 8. The ADVANCE Collaborative Group,
ção deste hormônio fazem com que pode ser utilizada, mas lembrando que Patel A, MacMahon S, Chalmers J,
frequentemente os médicos não a as hipoglicemias são mais frequentes e Neal B, Billot L, Woodward M, Mar-
prescrevam ou adiem a sua recomen- deletérias aos idosos e que o controle re M, Cooper M, Glasziou P, Grob-
dação para idosos diabéticos. Deve glicêmico rígido na maioria das vezes bee D, Hamet P, Harrap S, Liu L,
ser imediatamente iniciada insulino- não traz benefícios nessa fase da vida. Mancia G, Mogensen CE, Pan C,
terapia em pacientes com hiperglice- Poulter N, Rodgers A, Williams B,
mia > 280 mg/dl acompanhada de Bompoint S, de Galan BE, Joshi R,
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A insulinoterapia deve ser também in- betes in the elderly: go easy, indivi- Reaven P, Sherwin RS. Intensive
dicada quando se conseguir controle dualize Clev Clinic J Med;2008:70-8 Glycemic Control and the Prevention
adequado com associação de dois ou 3. Khan HA. Leibowitz HM. Ganley JP. of Cardiovascular Events: Implica-
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sagens máximas (B).47
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tratamento. Recomenda-se, para idosos,
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preferir as canetas ou pré-misturas. O
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monitoramento glicêmico domiciliar
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Como regra geral, o tratamento deve
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ser iniciado com insulina de ação inter-
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rencialmente de ação ultrarrápida (lis- Wentworth D. Diabetes, other risk HC, Miller ME, Byington RP, Goff DC Jr,
pro ou asparte) se a hiperglicemia factors, and 12-year cardiovascular Bigger JT, Buse JB, Cushman WC, Ge-
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