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DIREITO DO CONSUMIDOR

- Relação Jurídica de Consumo

Profª: Daniela Novacosque


1. Relação jurídica de consumo
consumidor x fornecedor
(transacionando produtos e serviços)
• Elementos subjetivos x elementos objetivos

• 1.1. Conceito de consumidor


- Art. 2°
- Art. 17
- Art. 29
Art. 2°, CDC: Consumidor é toda pessoa física ou
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos


consumidores todas as vítimas do evento.

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte,


equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas.
• I – Consumidor standard, stricto sensu ou
padrão. (art. 2º, caput)

• Pessoa física, a pessoa natural e também


qualquer pessoal jurídica.
• Quem efetivamente adquire (obtém) o
produto ou o serviço como aquele que, não o
tendo adquirido, utiliza-o ou o consome.
- Ex: bebida em festa, comprada por uma
pessoa e consumida por várias.
O que significa ser um destinatário final?
1. Corrente minoritária: maximalista ou objetiva:
consumidor é o destinatário final fático, isto
é, uma pessoa que adquire o produto ou
utiliza o serviço, sem que se releve se eles
serão utilizados no desenvolvimento de uma
atividade econômica ou não.

 Não é relevante se o consumidor irá fazer


uso particular ou profissional do bem.
2. Corrente majoritária: finalista ou subjetiva
Significa que o consumidor irá se valer do
produto ou serviço para fins pessoais. Essa é a
corrente adotada por nossos tribunais.

Logo, se alguém adquire produto não como


destinatário final, mas como intermediário do
ciclo de produção, não será considerado
consumidor.
3. O STJ e a Teoria Finalista
Aprofundada/Mitigada

- Amplia-se o conceito de consumidor,


incluindo todo aquele que possua
vulnerabilidade em face do fornecedor.
•EMENTA:
•APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR.
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. PAGAMENTO DE PRESTAÇÃO EM DUPLICIDADE. COMUNICAÇÃO.
SOLICITAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE BAIXA. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. PESSOA JURÍDICA. DANO
MORAL CARACTERIZADO. 1. Apelação interposta da r. sentença, proferida
na ação de declaração de inexistência de débito cumulada com reparação
por danos morais, que julgou improcedentes os pedidos formulados na
inicial. 2. Conforme corrente finalista mitigada, equipara-se à condição
de consumidor as pessoas jurídicas que, embora não sejam destinatárias
finais do produto ou serviço adquirido, revelem vulnerabilidade técnica,
jurídica ou econômica em relações de consumo estranhas à sua
especialidade. 3. Presente toda a documentação necessária ao exame e
julgamento da demanda, torna-se dispensável a inversão do ônus da
prova - até mesmo porque, no caso, ela ensejaria a produção de prova
negativa pela ré. 4. No caso, o consumidor efetuara o pagamento de trinta
e seis parcelas de seu financiamento, contudo, com o equívoco que uma
delas ficara em aberto, já que efetuara o pagamento de outra em
duplicidade.
Nada obstante, considerava-se em dia com suas obrigações, não
recebera qualquer negativa da instituição bancária ao pedido de
compensação dos valores, razão pela qual se mostra indevida a
inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes justamente
após ele ter entrado em contato com a instituição financeira
visando a adequada compensação. 5. A Súmula 227 do STJ
enuncia que a pessoa jurídica, assim como a pessoa física, é
capaz de sofrer lesão de natureza moral, sendo necessário, em
tais casos, que a ofensa atinja a sua honra objetiva, ou seja, que
a violação atinja a sua reputação ou o seu nome no meio
comercial em que atue. 6. O quantum indenizatório deve estar
em consonância com a razoabilidade e a proporcionalidade e
cumprir à finalidade compensatório-pedagógica, de modo que,
no caso, o valor de R$3.000,00 (três mil reais) irá recompor
devidamente o apelante-autor pelos danos suportados. 7.
Apelação do autor conhecida e provida. (Acórdão n. 1068365,
Relator Des. CÉSAR LOYOLA, 2ª Turma Cível, data de julgamento:
13/12/2017, publicado no DJe: 19/12/2017.)
Vulnerabilidade:

"Uma situação permanente ou provisória, individual ou


coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos,
desequilibrando a relação de consumo. Vulnerabilidade
é uma característica, um estado do sujeito mais fraco,
um sinal de necessidade de proteção". (Claudia Lima
Marques, 2013, pág 87)
“A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade”.

- Presunção absoluta
- Direito material
Tipos de vulnerabilidade:
1. Técnica: ausência de conhecimento específico acerca
do produto ou serviço objeto de consumo.
2. Jurídica: falta de conhecimento jurídico, contábil ou
econômico e de seus reflexos na relação de consumo.
3. Fática: situações em que a insuficiência econômica,
física ou até mesmo psicológica do consumidor o
coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor.
4. informacional: dados insuficientes sobre o produto
ou serviço capazes de influenciar no processo decisório
de compra.
 A casuística poderá apresentar novas formas
de vulnerabilidade.
Hipossuficiência:
• O conceito de hipossuficiência consumerista é mais
amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito
caso a caso, no sentido de reconhecer a disparidade
técnica ou informacional, diante de uma situação de
desconhecimento (...)
"Trata-se de “um conceito fático e não jurídico,
fundado em uma disparidade ou discrepância notada
no caso concreto” - TARTUCE, F. Op. Cit., p. 33-34.

- É a vulnerabilidade amplificada e está ligada ao direito


processual.
- presunção relativa
• A hipossuficiência funciona como um traço
particular de dado consumidor, isto é, o art. 6º,
inciso VIII, do CDC, que confere assento à
hipossuficiência, possui natureza processual,
depende que o consumidor diante da sua
pretensão deduzida em juízo demonstre que
não possui condições financeiras, sociais ou
culturais de “fazer a prova necessária à
instrução do processo”.
(Theodoro Júnior, Humberto. 2017, pág 34)
• A hipossuficiência relaciona-se à inversão do
ônus da prova, prevista no inciso VIII do
art. 6º do CDC, mas que não se relaciona
necessariamente à condição econômica dos
envolvidos.
• II – Consumidores por equiparação

1. Coletividade de pessoas:
Art 2°, Parágrafo único: Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.

- Tutela coletiva
- A norma diz respeito apenas ao atingimento da
coletividade, indeterminável ou não, mas sem sofrer
danos.
• Não há necessidade que o grupo de pessoas tenha
adquirido o produto ou contratado o serviço. Basta
que haja possibilidade de dano. Ex: publicidade
abusiva
2. Vítimas do evento danoso (vítimas bystanders)

Artigo 17: Para os efeitos desta Seção, equiparam-


se aos consumidores todas as vítimas do evento.

- Lembre-se: não há necessidade de a pessoa


adquirir ou mesmo utilizar um produto ou serviço.
- Ex: ocorrência de negativações indevidas quando
houver uma abertura de conta corrente
fraudulenta.
3. Pessoas expostas às práticas comerciais
Artigo 29. Para os fins deste Capítulo e do
seguinte, equiparam-se aos consumidores todas
as pessoas determináveis ou não, expostas às
práticas nele previstas.

- Ex: locatário que sofre um constrangimento


dentro de uma imobiliária.
• Existindo qualquer prática comercial, toda a
coletividade de pessoas já está exposta a ela,
ainda que em nenhum momento se possa
identificar um único consumidor real que
pretenda insurgir-se contra tal prática.

Ex: fornecedor faz publicidade enganosa e


ninguém reclama, de forma concreta, contra
ela.
 Espécie de conceito difuso de consumidor
1.2. Conceito de fornecedor
Artigo 3°: Fornecedor é toda pessoa física ou
jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

• Para que haja uma relação de consumo é


necessária a constatação da habitualidade.
Fornecimento de produtos  desenvolver
atividades tipicamente profissionais  com
habitualidade.
Logo: contratos firmados entre dois
consumidores são regidos pelo Código Civil.

Fornecimento de serviços  desenvolver


atividades de prestação de serviços.
III - Produto e Serviço
Artigo 3º (...)
• § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
material ou imaterial.

• § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no


mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.
• A remuneração citada pela lei na definição de
serviço poderá ser direta ou indireta.
Ex: Estacionamentos de mercados que
mencionam ser “gratuitos”, no entanto, o valor
já está incluso nos valores dos produtos
vendidos.
Súmulas do STJ:

• Súmula nº 297. O Código de Defesa do Consumidor é


aplicável às instituições financeiras.
• Súmula nº 608. Aplica-se o Código de Defesa
do Consumidor aos contratos de plano de
saúde, salvo os administrados por entidades de
autogestão.

• Súmula 609: A recusa de cobertura securitária,


sob a alegação de doença preexistente, é ilícita
se não houve a exigência de exames médicos
prévios à contratação ou a demonstração de
má-fé do segurado.
https://www.passeidireto.com/arquivo/3844183
1/resumo-grafico-de-direito-do-consumidor---
relacao-de-consumo

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