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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

Centro de Ensino Médio e Fundamental


Escola Técnica de Saúde
Estação de Pesquisa

Atividade referente ao Plano Diretor 2008/2009


Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde – ROREHS
Ministério da Saúde – MS
Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS

Relatório Final

Diagnóstico dos processos de formação de cuidadores de idosos


no município de Montes Claros/MG

Montes Claros
Julho/2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
Centro de Ensino Médio e Fundamental
Escola Técnica de Saúde
Estação de Pesquisa

Professor Paulo César Gonçalves de Almeida


Reitor da UNIMONTES

Professor João dos Reis Canela


Vice-Reitor da UNIMONTES

Professor Wilson Atair Ramos


Diretor da Escola Técnica de Saúde do Centro de Ensino Médio e Fundamental – CEMF
da UNIMONTES

Equipe:
Coordenação: Marília Borborema Rodrigues Cerqueira

Elaboração Projeto da Atividade


Marília Borborema Rodrigues Cerqueira
Maria Patrícia da Silva
Élika Garibalde

Elaboração Relatório Final


Marília Borborema Rodrigues Cerqueira
Maria Patrícia da Silva
Élika Garibalde
Fabiano Rodrigues Maynart
Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim

Atividades de coleta de dados


Élika Garibalde
Fabiano Rodrigues Maynart
Marília Borborema Rodrigues Cerqueira

Banco de dados
Fabiano Rodrigues Maynart

Apoio administrativo
Arlany Júlia Moreira

Contribuição especial
Iza Manuella Aires Cotrim-Guimarães – análise dos Planos de Cursos

2
A EQUIPE:

Marília Borborema Rodrigues Cerqueira: graduada em Ciências Econômicas e


especialista em Teoria Econômica, ambos pela UNIMONTES; mestre em Demografia pelo
CEDEPLAR/FACE/UFMG – 2003 e, atualmente, doutoranda em Demografia no
CEDEPLAR; professora da ETS/CEMF/UNIMONTES desde 1997; professora dos cursos
de Ciências Sociais e Serviço Social da UNIMONTES desde 2004; coordenadora do
Observatório Estação de Pesquisa a partir de 2005.

Maria Patrícia Silva: graduada em Ciências Sociais, especialista em Docência para a


Educação Profissional e mestranda em Desenvolvimento Social pela UNIMONTES;
especialista em Gestão Hospitalar pela ESP/MG; professora da ETS/CEMF/UNIMONTES
desde 2003; integrante da equipe do Observatório Estação de Pesquisa desde 2003.

Élika Garibalde: graduada em Ciências Econômicas pela UNIMONTES e especialista em


Economia pela UNIMONTES/UFMG; cursou disciplinas isoladas no programa stricto
sensu em Desenvolvimento Social pela UNIMONTES; integrante da equipe do
Observatório Estação de Pesquisa a partir de 2007.

Fabiano Rodrigues Maynart: licenciado em Educação Física pelas Faculdades Unidas do


Norte de Minas – FUNORTE; profissional com experiência em banco de dados/SPSS do
Observatório Estação de Pesquisa desde 2007.

Zaida Ângela Marinho de Paiva Crispim: graduada em Ciências Econômicas e


especialista em Docência para a Educação Profissional pela UNIMONTES; especialista em
Gestão Hospitalar pela ESP/MG; integrante do Observatório Estação de Pesquisa a partir
de 2006.

Iza Manuella Aires Cotrim-Guimarães: pedagoga e especialista em Docência para a


Educação Profissional pela UNIMONTES; mestranda em Saúde Pública pela Escola
Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ; exerce as funções de pedagoga e docente na
ETS/CEMF/UNIMONTES desde fevereiro de 2002 e a de Gerente de Desenvolvimento
Acadêmico no Hospital Universitário Clemente de Faria/UNIMONTES, desde maio de
2007.

Arlany Júlia Moreira: graduada em Ciências Contábeis pela UNIMONTES; profissional


com experiência em elaboração e gestão de projetos da ETS/CEMF/UNIMONTES desde
2004; integrante do Observatório Estação de Pesquisa a partir de 2008.

3
Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.


Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

(Antonio Cicero)

A todos aqueles que ousaram se guardar,


e o fizeram participando desta atividade.
O nosso agradecimento sincero!

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LISTA DE FIGURAS

GRÁFICO 1: Pirâmide Populacional, Montes Claros, 1980.................................... 34


GRÁFICO 2: Pirâmide Populacional, Montes Claros, 2009.................................... 34
TABELA 1: Alguns indicadores populacionais do município de Montes
Claros/MG, anos selecionados............................................................. 35
GRÁFICO 3: Idosos residentes em Montes Claros/MG, 2009, por sexo................. 36
TABELA 2: Morbidade proporcional por causa de internação hospitalar da
população com 60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG,
1998 e 2007 (em %)............................................................................. 39
TABELA 3: Taxas de morbidade hospitalar por causa de internação, da
população com 60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG,
triênios selecionados (por mil)............................................................. 40
TABELA 4: Mortalidade proporcional por causa básica de óbito segundo a CID-
10, da população com 60 anos ou mais, por sexo – Montes
Claros/MG, 1996 e 2006 (em %)......................................................... 44
TABELA 5: Taxas de mortalidade por causa básica de óbito segundo a CID-10,
da população com 60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG,
triênios selecionados (por mil)............................................................. 45
GRÁFICO 4: Alunos dos cursos para cuidadores de idosos, por faixa etária,
Montes Claros/MG, 2006 a 2008......................................................... 49
QUADRO 1: Dificuldades encontradas como cuidadores de idosos segundo os
egressos dos Cursos de Qualificação e Sequencial da Unimontes,
2006 a 2008.......................................................................................... 59
QUADRO 2: Opiniões dos discentes sobre os processos de formação para
cuidadores de idosos, Montes Claros/MG, 2009................................. 64
QUADRO 3: Opiniões dos docentes sobre os processos de formação para
cuidadores de idosos, Montes Claros/MG, 2009................................. 73

5
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 7

2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 10

3. O DIAGNÓSTICO................................................................................... 18

3.1 Objetivos............................................................................................. 18

3.2 Aspectos metodológicos..................................................................... 18

4. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE CUIDADORES DE IDOSOS PELA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS –

UNIMONTES........................................................................................... 25

5. APONTAMENTOS DEMOGRÁFICOS E PERFIL DE MORBI-

MORTALIDADE DE IDOSOS............................................................... 33

5.1 População residente e envelhecimento em Montes Claros/MG......... 33

5.2 Perfil de morbi-mortalidade de idosos residentes no município de

Montes Claros/MG.................................................................................. 37

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................ 46

6.1 Sobre os discentes............................................................................... 46

6.2 A percepção dos alunos sobre os processos de formação.................. 61

6.3 Os processos de formação para cuidadores de idosos na perspectiva dos

docentes................................................................................................ 70

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 77

8. REFERÊNCIAS...................................................................................... 81

6
1. INTRODUÇÃO

A Estação de Pesquisa da Escola Técnica de Saúde – ETS do Centro de Ensino


Médio e Fundamental – CEMF da Universidade Estadual de Montes Claros –
UNIMONTES, um Observatório da Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde –
ROREHS/ Ministério da Saúde/Organização Pan-America da Saúde – OPAS, apresenta
este relatório final de atividade intitulado: “Diagnóstico dos processos de formação de
cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG”, visando oferecer informações
que possam subsidiar a elaboração de políticas públicas em atendimento às demandas
advindas do processo de envelhecimento populacional, como também elementos
orientadores para a definição de prioridades e possibilidades de intervenção.
Esse processo de envelhecimento é irreversível e observável no cotidiano, haja vista
o crescente número de idosos por todos os lugares e em vários eventos e situações.
Caracterizando-se pela rapidez com que ocorre, o processo de envelhecimento aponta a
necessidade de se redefinirem as políticas de diversos setores, como os de saúde,
previdência e economia, em geral, com o intuito de prevenir, ou atenuar, o desamparo das
gerações mais velhas (Wong, Carvalho, 2006). Vale incluir, entre estes setores, o de
formação de profissionais que possam cuidar dos idosos, considerando-se que “o aumento
da esperança de vida faz com que uma porcentagem maior de pessoas viva parte de sua
vida em estado de incapacidade física ou mental” (Rios-Neto, 2005, p. 376).
A preparação dos profissionais que têm como atividade de trabalho o cuidar é cada
vez mais uma exigência, ressaltando que a qualificação deve possuir uma dimensão que vai
além da questão “mercado de trabalho”, pois envolve questões como ética, respeito,
conhecimentos técnicos, carinho, zelo. Há a necessidade de formação e da demanda por
formação, uma vez que o profissional lida com a saúde do idoso e pode ser definido como
um parceiro da equipe de saúde.
Dessa forma, o profissional responsável pelos cuidados com idosos deve ser
devidamente capacitado para desenvolver tal função. Em 2007, o Ministério da Saúde
envidou esforços visando a formação desses profissionais, em consonância com a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Nesse contexto, promoveu-se uma oficina de
elaboração da Proposta do Curso de Preparação de Cuidadores de Idosos com Dependência
e do Curso de Formação do Preparador do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência,
com a participação de algumas escolas da Rede de Escolas Técnicas do SUS – RETSUS.

7
Ressalta-se que no evento foi elaborado um projeto-piloto do Curso de Preparação de
Cuidadores de Idosos com Dependência, cujo Plano de Curso buscou atender a todas as
necessidades da pessoa idosa.
A Escola Técnica de Saúde – ETS/CEMF/UNIMONTES foi uma das 6 (seis)
escolas escolhidas entre as 37 que compõem a Rede de Escolas Técnicas do SUS –
RETSUS para desenvolver o projeto-piloto do Curso de Preparação de Cuidadores de
Idosos com Dependência e o currículo foi construído embasado nos seguintes eixos de
competência para a prática do cuidador: interação e comunicação; cuidados em relação às
atividades ‘do andar’; prontidão para agir em situações imprevistas; prevenção de riscos;
acidentes e violências; e direito da pessoa idosa. Esse curso do projeto-piloto foi
ministrado em 2008 (e integrou o objeto de estudo deste trabalho).
Nesse contexto, esta atividade teve por objetivo diagnosticar os processos de
formação de cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG, especificamente
aqueles ministrados pela UNIMONTES. O trabalho balizou-se pela busca de informações
sobre os referidos cursos, intitulados “Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas
Idosas com Dependência” e “Curso Superior Sequencial de Cuidador de Idoso”, como
também sobre os profissionais cuidadores de idosos, egressos desses cursos.
Dada a particularidade de ser um profissional recentemente reconhecido pela
Classificação Brasileira de Ocupações – CBO e pela própria sociedade, o cuidador de
idosos é um assunto ainda pouco explorado no sentido de constituir-se tema de
diagnósticos no município de Montes Claros/MG. Esta atividade foi uma tentativa de
preenchimento dessa lacuna.
Soma-se, ainda, o fato de que diagnosticar o tipo de formação oferecida a esses
profissionais é uma atividade legitimada e reconhecida como uma maneira de se
estabelecer sintonia entre o mundo do trabalho e a escola. A Lei 9.394/96 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB) afirma a importância em ajustar a
Educação Profissional às necessidades do mundo do trabalho1. Do mesmo modo o Decreto
2.208/972 e a Portaria 646/97 do mesmo modo afirmam que devem ser realizados

1
Ver em seu Capítulo III, Da Educação Profissional, art.39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva
(LDB 9.394/96).

2
Segundo seu artigo 7º: Para a elaboração das diretrizes curriculares para o ensino técnico, deverão ser realizados
estudos de identificação do perfil de competências necessárias à atividade requerida, ouvidos os setores interessados,
inclusive trabalhadores e empregadores (Decreto Federal nº 2.208/97, de 17 de abril de 1997).

8
diagnósticos sobre a demanda de recursos humanos em saúde, corroborando a importância
da atividade empreendida.
Em se tratando da metodologia adotada para o desenvolvimento da atividade, foram
utilizadas diversas técnicas e estratégias, qualitativas e quantitativas, associando-se,
respectivamente, a realização de entrevistas, a aplicação de questionários aos cuidadores de
idosos e potenciais cuidadores de idosos – alunos que fizeram o curso e não trabalhavam
com idosos –, e análise de documentos. O processo de trabalho abordou profissionais dos
referidos cursos e contou com esforços de outros profissionais, para além da equipe de
trabalho constante do Observatório Estação de Pesquisa – como o caso da análise dos
projetos pedagógicos dos cursos realizada por uma pedagoga da Escola, constituindo o
capítulo 4.
Quanto à organização deste documento, há a divisão em capítulos, sendo este o
primeiro. A seguir, o Referencial Teórico resgata autores e literatura imprescindíveis ao
entendimento do objeto de estudo. O capítulo 3 conta para o leitor as peculiaridades do
diagnóstico feito, destacando-se os objetivos da atividade e os aspectos metodológicos. O
capítulo 4 é a análise dos processos de formação de cuidadores de idosos executados pela
UNIMONTES. Em sequência apresentam-se alguns apontamentos demográficos sobre o
município e o perfil de morbi-mortalidade de idosos. O sexto capítulo são os demais
resultados e discussões, perpassando sobre dados referentes aos alunos-cuidadores de
idosos e alunos potenciais cuidadores de idosos; informações sobre a percepção dos
professores dos cursos e dos mesmos alunos; como também são registradas as avaliações
dos cursos na opinião de ambos – docentes e discentes. Por último, encontram-se as
Considerações Finais, seguidas das Referências utilizadas para a construção deste relatório.

9
2. REFERENCIAL TEÓRICO

Os idosos integram o grupo populacional que mais cresce em quase todos os países
do mundo, e no Brasil, a realidade não é diferente. A pirâmide populacional brasileira
apresenta-se com base estreita, ou seja, percebe-se que a proporção de crianças na
população diminuiu e, conseqüentemente, o peso relativo de todas as demais faixas etárias
sofreu aumentos significativos.

Enquanto o envelhecimento populacional significa mudanças na estrutura etária,


a queda da mortalidade é um processo que se inicia no momento do nascimento e
altera a vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade. Apesar de os
dois processos responsáveis pelo aumento da longevidade terem sido resultado
de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado e do progresso
tecnológico, as suas conseqüências têm sido vistas, em geral, com preocupações
por acarretarem pressões para transferência de recursos na sociedade, colocando
desafios para o Estado, os setores produtivos e as famílias (Camarano, 2002, p.
6).

O processo de envelhecimento populacional no Brasil caracteriza-se como “agudo”


(Carvalho, 1993), uma vez que a queda da fecundidade ocorreu de forma muito rápida. Já a
queda da mortalidade e o ganho de longevidade, de igual importância na discussão,
resultam no aumento do número absoluto de idosos (Carvalho, Garcia, 2002).

Embora seja ainda um país jovem, o Brasil vem demonstrando um perfil


populacional do tipo de transição demográfica que sinaliza rápida mudança em
termos de aumento vertiginoso do estrato idoso da população, [...]. Aumento esse
que representa, do ponto de vista da adoção de políticas públicas e sociais,
solução de difícil alcance para contemplar adequadamente as peculiaridades
emergentes dessa população idosa, caso a questão não seja tomada a sério com
antecipação (Gonçalves et al., 2006, p. 571).

No entanto, tal longevidade pode ocasionar a fragilidade da saúde, uso exagerado


de medicamentos, depressão e limitações funcionais, implicando na necessidade de
cuidados constantes. Rogers (1995) confirma essa ideia de que o aumento da longevidade
não implica em um maior número de anos de vida saudável para todos os idosos.
Conforme Gonçalves et al. (2006), no Brasil estima-se que 85% dos idosos
apresentam pelo menos uma doença crônica, e destes pelo menos 10% com sobreposição
de afecções concomitantes. Desse modo, a situação de cronicidade e o aumento da

10
esperança de vida dos brasileiros contribuem para o aumento de idosos com limitações
funcionais, o que exige profissionais cuidadores.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, o aumento do
número de pessoas idosas, com 60 anos ou mais, em todo o mundo, leva a uma maior
demanda dos serviços de atenção básica à saúde, decorrente do aumento na incidência de
doenças crônicas não-transmissíveis.
Entre as doenças que mais acometem os idosos, com 60 anos ou mais, estão:
acidente vascular cerebral – AVC, hipertensão, doenças do coração, diabetes, doenças da
coluna, acidentes domésticos, quedas, artrite-reumatismo, doenças do aparelho
circulatório, depressão, neoplasias, bronquite-asmática, doenças infecto-parasitária,
tuberculose, pneumonia, doenças do aparelho digestivo, varizes, doenças na próstata e
doenças infecto-urinária.
Para a sociedade, o envelhecimento é um processo que diz respeito à natureza, e
que se desenrola com desgastes, limitações físicas e mentais, e seu caminho final resulta
com a morte. Para os idosos, as perdas são tratadas principalmente como problemas de
saúde, anunciadas na aparência do corpo e pelo que acontece a ele como enrugamento,
encolhimento e reflexos mais lentos.
As mudanças consequentes do envelhecimento, muitas vezes, fazem com que os
idosos passem a necessitar de auxílio para desenvolver ações que anteriormente realizavam
sozinhos. A partir de tais necessidades surge o profissional “cuidador de idoso” e, como
aconteceu com outras profissões de nível técnico, a exemplo do auxiliar e técnico de
enfermagem, o cuidador de idosos tem sido inserido no serviço sem a devida capacitação.
Duarte (1996) apresenta o cuidador como o profissional que convive diariamente
com o idoso, ajudando nos cuidados higiênicos, auxiliando com a alimentação,
administrando medicação e estimulando-o com as atividades reabilitadoras, interagindo
assim, com a equipe terapêutica. Para a autora, o cuidador pode ser uma pessoa da família
ou amigo (cuidador informal) ou uma pessoa contratada para executar essas tarefas
(cuidador formal).
O debate em torno do significado sobre o termo profissão é bem complexo, pois
trata-se de termo polissêmico e que não possui fácil definição. Segundo Franzoi (2009), a
dificuldade para definir conceitualmente o termo profissão explica-se pelas diferentes
conotações que o termo assume dependendo da área de conhecimento em que se analisa ou
a tradição idiomática em que é aplicado.

11
Quando utilizado na sociologia anglo-americana, o termo (profession) é
reservado para profissões ditas sábias, ou seja, que pressupõem formação
universitária, distinguindo-se de ocupations – o conjunto de empregos.
Diferentemente, tanto na língua francesa quanto na portuguesa, o termo, sem o
qualificativo liberal (ou liberales) designa tanto as ‘profissões sabias’ quanto o
conjunto dos empregos reconhecidos na linguagem administrativa,
principalmente nas classificações dos recenseamentos promovidos pelo Estado
(Franzoi, 2009, p.328).

Considerando uma análise sociológica, as teses funcionalistas isolam as profissões


das ocupações a partir do conhecimento formal, do contato teórico-científico; o termo
profissão neste sentido é utilizado para designar aqueles que possuem diploma, ou melhor,
conhecimento científico universitário, por exemplo: os médicos, os advogados. Gonçalves
(2007) afirma que a grande ruptura com o funcionalismo é realizada por Hughes,
interacionista simbólico. A ruptura é realizada em vários sentidos:

[...] a problemática sociológica nuclear radica-se na análise das práticas dos


membros de um grupo ocupacional para serem reconhecidos e legitimados
socialmente como detentores monopolistas de uma área de actividade
profissional, o que lhes confere um elevado prestígio e estatuto social – deste
modo é determinante a compreensão dos jogos de interacção social permeados
pela conflitualidade e pelo poder de controlar e monopolizar determinadas
actividades profissionais; as profissões são objectos da prática quotidiana, não
mais de que um “folk concept”; a inexistência de uma definição apriorística de
profissão, mas uma pluralidade de situações, resultantes de diferentes contextos
sociais em que são exercidas as correspondentes actividades laborais; a opção
metodológica pelas monografias sobre as ocupações, privilegiando-se sempre as
consideradas menos distintivas socialmente (ao contrário do que aconteceu com
os funcionalistas que se centraram nos médicos e advogados), observadas por via
da observação participante e das histórias de vida, seguindo a tradição
etnográfica da Escola de Chicago (Gonçalves, 2007, p. 180).

No entanto, como afirma Dubar (1997) apud Franzoi (2009), a abordagem proposta
pelos interacionistas é insuficiente na compreensão do processo de socialização dos
trabalhadores, principalmente daqueles assalariados com menos qualificação. Para Dubar
(1997), a oposição entre as definições dos termos profissão e ocupação refere-se a uma
disputa política e ideológica pela distinção e classificação, assim como aconteceu através
dos séculos: intelectuais/manuais; cabeça/mão, etc.
Freidson (1995) traz para o debate a questão do trabalho informal, daqueles
trabalhadores que estão à margem da economia oficial; esse tipo de trabalhador não está
incluído nas modernas classificações oficiais. Porém, a teorização sobre profissões não

12
pode deixar de tratar sobre economia informal, uma vez que muitas profissões têm suas
origens no trabalho informal, sendo reconhecidas oficialmente com o passar do tempo.
O sentido para o termo profissão aqui utilizado está de acordo com Franzoi (2009),
no sentido lato em oposição ao estrito de profissão “sábia” que pressupõe uma formação
teórica, sendo sua atividade de trabalho. A profissão é definida como o reconhecimento
social dos saberes que ele adquiriu na esfera da formação, bem como dos serviços ou
produtos que ele é capaz de oferecer, pelo valor social que preserva (Bava Jr., 2000).
O verbo cuidar em português significa atenção, zelo e ainda pode relacionar-se com
meditar, dispensar atenção ou prevenir. No entanto, a dimensão do ato de cuidar pode ir
além de momentos de atenção, pois na verdade é uma ocupação, uma responsabilização e
envolvimento com o ser cuidado (Remen, 1993; Boff, 1999; Silva et al., 2001).
Portanto, conforme Santos (2001) apud Saliba et al. (2007), o processo de cuidar é
a maneira como ocorre o cuidado, um processo interativo, que desenvolve ações, atitudes e
comportamentos com base no conhecimento científico, na experiência, intuição e tendo
como ferramenta principal o pensamento crítico, sendo essas ações e/ou outros atributos
realizados para o ser cuidado, no sentido de promover, manter e/ou recuperar sua
dignidade humana.
Cuidador de pessoas idosas trata-se de uma ocupação reconhecida e inserida na
Classificação Brasileira de Ocupações – CBO do Ministério do Trabalho e Emprego, “é
uma pessoa capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar as
atividades e tarefas da vida quotidiana, fazendo elo entre o idoso, a família e serviços de
saúde ou da comunidade, geralmente remunerado” (Brasil, 1999).
Para Bava Jr. (2000) os padrões da CBO não podem ser utilizados sem
questionamentos – este autor reconhece o valor de tal classificação. Mas definir
trabalhadores apenas pela ocupação pressupõe que acaso eles fiquem desempregados
perde-se automaticamente seu perfil profissional. Na definição da CBO “não se integra, ao
corpo de cada ocupação, a escolaridade, o setor e a atividade econômica” (Bava Jr., 2000,
p.55).
Entretanto, a situação do cuidador, como afirma Maffioletti, Loyola e Nigri (2006),
é de pouca visibilidade diante da parca estrutura assistencial que desvaloriza este trabalho,
muitas vezes assumido como responsabilidade natural da mulher, nos níveis público,
familiar e pela rejeição social.

13
Mais do que procurar exaustivamente o que separa as profissões das outras
ocupações, é analiticamente mais virtuoso dar relevo aos processos de
(re)configuração das ocupações em geral (incluindo nestas as profissões) – em
termos de organização, de estruturação interna, de relações de poder com o
Estado, os clientes e outros agentes sociais – e às articulações das ocupações
com as transformações sociais mais amplas. A par disto, emerge como relevante
reflectir sobre as causas subjacentes à difusão em determinados contextos
nacionais, como o português por exemplo, do modelo profissional (com aspectos
diferenciados do que era proposto pelos funcionalistas) e do profissionalismo, na
qualidade de sistema de valores e de princípios de inserção laboral dos sujeitos
sociais (Gonçalves, 2007, p.190).

A dinâmica demográfica indica o quanto é necessário reconhecer o papel do


cuidador de idosos, uma vez que a demanda das pessoas com 60 de idade ou mais é
crescente, proporcionalmente à participação relativa desse grupo populacional na estrutura
etária brasileira. O profissional “cuidador de idosos” tem história recente e seu papel ainda
é pouco percebido, ainda possui poucas oportunidades de treinamentos e apoio. Maffioletti,
Loyola e Nigri (2006) afirmam que alguns estudiosos relacionam o custo emocional e
físico desta função com o despreparo dos cuidadores informais e formais, que são os
responsáveis pelo cuidado.
Ainda segundo estes autores, a preparação dos profissionais cuidadores de idosos
efetiva-se em um movimento social que objetiva criar uma nova mentalidade voltada para
o acolhimento desses sujeitos, construindo uma subjetividade em que ela, a velhice, pareça
mais construtiva. Nessa nova mentalidade a proposta é que o acolhimento da velhice
dependente aconteça, na medida do possível, no domicílio. “Desta forma, ela possibilita
para a velhice, para a doença e para a morte uma ressignificação e propõe que lhes seja
permitido transitar, novamente, no espaço doméstico com naturalidade e propriedade”
(Maffioletti, Loyola, Nigri, 2006, p.1.086). Tal proposta apresenta um desafio a partir do
momento em que esse tipo de acolhimento demanda mudança de paradigma, de forma que
a doença, a velhice, a dependência e até a morte deixem de ser entendidas como inimigas
da vida e sejam aceitas, dialeticamente, como inerentes a ela.

[...] o surgimento do cuidador formal como uma nova categoria profissional, sob
a exigência dessa nova mentalidade de assistência para os velhos, não pode ser
entendida como uma resultante exclusiva das pressões do campo gerontológico.
Ela se inscreve no campo do cuidar – apesar das resistências que tem encontrado
–, porque há compatibilidade entre a nova mentalidade e a estrutura social, numa
lógica interna que lhe dá sustentação: há uma pressão social e econômica que
obriga os membros da família a se inserirem no mercado de trabalho; há uma
demanda e uma oferta que se inscrevem na fragmentação dos saberes, da
prestação de serviços desregulamentada, da carência de uma rede de serviços

14
públicos especializada; e há a exigência de minimizar custos (Maffioletti,
Loyola, Nigri, 2006, p. 1.086).

No atual contexto de ampliação do contingente de idosos, a assistência à saúde deve


se adequar às necessidades dos indivíduos desse grande grupo, que necessitam de atenção
específica. Deste modo, problemas com a saúde dos idosos requerem pessoal qualificado e
o cuidador de idosos é um profissional que assume tarefas para atender às demandas do
idoso e responsabiliza-se por elas.

Em consonância a esta tendência, as políticas de atenção ao idoso defendem que


o domicílio constitui-se no melhor local para o idoso envelhecer, sendo que
permanecer junto à família representa a possibilidade de garantir a autonomia e
preservar sua identidade e dignidade (Cattani, Perlini, 2004, p. 255).

As responsabilidades assumidas pelo cuidador irão satisfazer as necessidades do


idoso visando à melhoria da sua condição de vida.

Os conhecimentos científicos actuais sobre a importância da promoção da saúde


ao longo da vida, para prevenir ou retardar situações de doença ou dependência,
sobre os factores de risco e as doenças mais freqüentes nas pessoas e sobre o seu
impacto nos cuidados de saúde exigem a definição de linhas orientadoras e
capacitação de profissionais de saúde (Martins, 2007, p. 8).

As atividades prestadas ao idoso são classificadas conforme o tipo de ajuda – seja


material, instrumental, sócio-emocional ou cognitivas; conforme os domínios de ajuda – se
são Atividades de Vida Diária – AVD (relacionadas ao autocuidado, ou seja, alimentar-se,
banhar-se, vestir-se ou ir ao banheiro) ou Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVD
(relacionadas à participação da pessoa idosa na sociedade e demonstram a capacidade de
independência ou não do idoso, exemplo: usar meios de transporte, tomar medicamentos,
usar telefone, etc.); conforme a intensidade ou quantidade da ajuda; o local que acontece a
ajuda e conforme, ainda, os padrões temporais envolvidos. Destaca-se que o apoio
oferecido pelo cuidador é complexo, e dificilmente enquadra-se em apenas uma
classificação somente (Brasil, 2007; Neri, Sommerhalder, 2001).
Ressalta-se que, conforme Miguel, Pinto e Marcon (2007), em alguns casos, o
auxílio prestado ao idoso para executar determinadas atividades não deve limitar o
exercício da autonomia. “[...] a dependência não constitui um estado permanente, mas um

15
processo dinâmico, cuja evolução pode se modificar e até ser prevenida ou reduzida se
houver ambiente e assistência adequados” (p. 786).

Sobre dependência LEITE (1995) diz que esta significa uma condição do idoso a
qual se caracteriza por degenerescência decorrente de doenças crônicas ou de
outras patologias, que lhe ameaçam a integridade física, social e econômica,
diminuindo ou impedindo a capacidade do indivíduo para atender suas
necessidades (Leite, 1995, apud Cattani, Perlini, 2004, p. 255).

Em 2006, o Pacto pela Vida colocou as pessoas idosas, com mais de 60 anos, como
uma prioridade. Nesse sentido, uma das diretrizes que integra a Política Nacional de Saúde
do Idoso é a necessidade de capacitação de recursos humanos para atenção à saúde do
idoso. Já em 1999, o artigo 3º da Portaria Interministerial 5.153/1999 determinava:

Serão estabelecidos protocolos específicos com as universidades e entidades não-


governamentais; de notória competência, visando a capacitação de recursos
humanos nas diferentes modalidades de cuidadores: domiciliar (familiar e não-
familiar) e institucional.

Em consonância com a Política Nacional de Saúde do Idoso e Portaria supracitada,


a importância em estudar a atenção à saúde do idoso cresce a cada dia em todo o mundo e
o atendimento especializado nos serviços de saúde tem o propósito de prevenir doenças,
tratar, reabilitar e ainda oferecer novos serviços assistenciais, de modo a garantir-lhes a
independência no meio em que vivem. No contexto, observa-se o crescimento da demanda
por serviços individualizados, prestados por cuidadores de idosos.
Assim, a atenção ao idoso não restringe ao ambiente familiar; demanda também a
preparação de uma rede de saúde com serviços especializados, unidades de cuidados
diários, além da garantia de remédios e profissionais capacitados com qualidade.

O objetivo é promover uma qualificação profissional que instrumentalize os


indivíduos para ingressarem no mercado de trabalho no papel de cuidadores,
constituindo um novo recorte profissional que leve em conta a especificidade da
velhice, considerando as ressonâncias do envelhecimento orgânico, das
patologias que podem acompanhá-lo e das respostas sociais que determinam
atitudes de rejeição ou acolhimento (Maffioletti, Loyola, Nigri, 2006, p. 1.086).

16
Portanto, faz-se necessário o aperfeiçoamento de profissionais com o objetivo de
promoção à saúde dos idosos. “É nesse ambiente que os saberes social, científico e
tecnológico são aplicados, o que exige das equipes habilidades para lidar com o outro e
seus problemas” (Lima, 2006, p. 42).

Com esse cenário, podemos prever a necessidade, cada vez maior, de cuidadores
formais com treinamento para cuidar de idosos. Mesmo aqueles cuidadores com
vínculo de parentesco, precisam de treinamento, pois esta é uma função
extremamente complexa e desgastante para a pessoa que cuida (Chaves, 2007,
s/p).

17
3. O DIAGNÓSTICO

3.1 Objetivos

O objetivo geral desta atividade foi diagnosticar os processos de formação de


cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG, especificamente aqueles
oferecidos pela UNIMONTES. Os objetivos específicos foram:

 diagnosticar os processos de formação oferecidos pela UNIMONTES para os


cuidadores de idosos;
 diagnosticar o perfil de morbi-mortalidade da população idosa do município de
Montes Claros, a partir de dados disponíveis no DATASUS;
 definir o perfil dos cuidadores de idosos que atuam em Montes Claros, que
participam ou participaram dos cursos oferecidos pela UNIMONTES;
 diagnosticar as demandas e dificuldades que esses cuidadores de idosos enfrentam
ao desenvolver o seu trabalho e como se sentem ao desempenhar as atividades do
cuidado;
 organizar um banco de dados com as informações sobre cuidadores de idosos do
município de Montes Claros.

3.2 Aspectos metodológicos

O método
Para desenvolver a atividade “Diagnóstico dos processos de formação de
cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG” foram adotadas várias técnicas
e estratégias, mesclando-se métodos quantitativo e qualitativo, realizando-se aplicação de
questionários, realização de entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos.
A combinação de métodos tem a ver com o caráter do objeto específico de
conhecimento e “[...] com o entendimento de que nos fenômenos sociais há possibilidade
de se analisarem regularidades, freqüências, mas também relações, histórias,
representações, pontos de vista e lógica interna dos sujeitos em ação” (Minayo, 2007, p.
63). E conforme Goldenberg (2000, p. 62): “É o conjunto de diferentes pontos de vista, e

18
diferentes maneiras de coletar e analisar os dados (qualitativa e quantitativamente), que
permite uma idéia mais ampla e inteligível da complexidade de um problema”. Segundo a
autora, os limites de um método podem ser contrabalançados pelos resultados alcançados
com a adoção do outro.
Sobre a técnica quantitativa, supõe-se que exista um aspecto comparável nos
elementos da população (Goldenberg, 2000). Minayo (2007) relembra Kant (1980) ao citar
que propriedades numéricas são atributos de todos os fenômenos. Quanto à estratégia
adotada, o questionário, ele foi escolhido por ser um instrumento que pressupõe hipóteses e
questões fechadas, “[...] cujo ponto de partida são as referências do pesquisador [...]”
(Minayo, 2007, p. 190).
Em se tratando da técnica qualitativa, Haguette (1999, p. 63) afirma que “os
métodos qualitativos enfatizam as especificidades de um fenômeno em termos de suas
origens e de sua razão de ser”, permitindo que o cientista se aproxime dos indivíduos que
oferecerão os dados para o diagnóstico. As abordagens qualitativas não se preocupam em
fixar leis, produzir teorias ou generalizações. Essa técnica de diagnóstico pode ser
estruturada com questões que possibilitam o acesso a informações objetivas ou subjetivas.
A entrevista semi-estruturada permite maior interação com o entrevistado, as
questões não são fechadas, possibilitando ao coletador obter dados de maneira flexível.
Lunardelo (2004) afirma que, com esse meio, é possível articular o direcionamento da
entrevista com questões formuladas, como também abordar o tema de maneira livre e
reflexiva e obter dados fundamentais à atividade.
Goldenberg (2000) coloca, com base em diversos autores, que as atividades
interativas dos indivíduos produzem as significações sociais, perceptíveis ao cientista
quando este participa do mundo que se propõe estudar. Os seres humanos são intérpretes
do mundo que os cerca, logo, é necessário desenvolver métodos de diagnóstico que
priorizem os pontos de vista dos mesmos. Os dados qualitativos permitem o tratamento da
subjetividade e da singularidade dos fenômenos sociais. “Contrapõem-se, assim, à
incapacidade da estatística de dar conta dos fenômenos complexos e da singularidade dos
fenômenos que não podem ser identificados através de questionários padronizados”
(Goldenberg, 2000, p. 49).
Pelo exposto, nesta atividade foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com
professores e alunos egressos de cursos de formação para cuidadores de idosos ministrados
pela UNIMONTES, visando aprofundar vertentes de estudo, como percepções sobre o
curso, demandas e dificuldades que os cuidadores de idosos enfrentam ao desenvolver o

19
seu trabalho e como se sentem ao desempenhar as atividades do cuidado. E foram
aplicados questionários a ambos os públicos também: professores e alunos. Vale citar que
foram aplicados questionários em sala de aula, aos alunos frequentes – à época inicial dos
trabalhos desta atividade, e outros questionários foram enviados/recebidos por endereço
eletrônico (e-mail) para alguns professores dos referidos cursos. O desenvolvimento da
atividade contou, ainda, com diversos contatos com professores e coordenador de um dos
cursos, visando o melhor entendimento das informações coletadas.
Do mesmo modo, foram analisados alguns documentos dos cursos – trabalhos
empreendidos por uma pedagoga da ETS/CEMF/UNIMONTES, simultaneamente, em
discussões com a equipe do Observatório Estação de Pesquisa.
E foi organizado um banco de dados em software específico, o SPSS 14.0,
congregando informações sobre os cuidadores de idosos do município de Montes Claros,
egressos dos cursos ministrados pela UNIMONTES.
Finalizando, a última fase foi a junção dos resultados, análises finais e redação do
documento final. Minayo (2007) fala que a triangulação de métodos não é fácil, e mostra
que as metodologias não são incompatíveis, sendo possível integrá-las em um mesmo
trabalho. “[...] uma investigação de cunho quantitativo pode ensejar questões passíveis de
serem respondidas só por meio de estudos qualitativos, trazendo-lhe um acréscimo
compreensivo e vice-versa; [...]” (p. 76). Ainda segundo Minayo, não há sentido de atribuir
prioridade de uma metodologia sobre a outra, pois cada uma tem seu papel, seu lugar e sua
adequação. Portanto, as informações coletadas nos questionários, entrevistas e documentos
permitiram uma mais elaborada construção da realidade de estudo, instigando novas
indagações para novos diagnósticos.

O trabalho de análise
Dos dados coletados por meio dos questionários foram elaboradas estatísticas
descritivas. Para tanto, utilizou-se o programa estatístico computacional Statistical Package
for the Social Sciences – SPSS, versão 14.0, no qual se construiu um banco de dados
específico para cada grupo de estudo – um para as respostas dos alunos do “Curso de
Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência”, outro para as respostas
dos alunos do “Curso Superior Sequencial de Cuidador de Idoso”, mais um para as
respostas dos professores.

20
Quanto à técnica de análise, buscou-se seguir a metodologia proposta por Minayo
(2007), a hermenêutica-dialética. A interpretação dos dados com a utilização da
hermenêutica-dialética permite a aproximação da realidade, por considerar os aspectos
extradiscursivos que constituem o espaço sociopolítico e econômico do contexto. Ambas
referem-se “[...] à práxis estruturada pela tradição, pela linguagem, pelo poder e pelo
trabalho” (p. 168). A hermenêutica enfatiza o significado dos aspectos consensuais, da
mediação, do acordo, da unidade de sentido; é a arte da compreensão. Segundo Minayo
(2007, p. 343), “a hermenêutica oferece as balizas para a compreensão do sentido da
comunicação entre os seres humanos; parte da linguagem como o terreno comum de
realização da intersubjetividade e do entendimento [...]”. A dialética, por sua vez, enfatiza
a diferença, o contraste, o dissenso, a ruptura de sentido; é a arte do estranhamento e da
crítica. A autora (id., p. 347) cita: “o exercício dialético considera como fundamento da
comunicação as relações sociais historicamente dinâmicas, antagônicas e contraditórias
entre classes, grupos e culturas”. A linguagem é posta como um veículo de comunicação e
de dificuldade de comunicação, escondendo, nos significados aparentemente iguais dos
seus significantes, a realidade conflitiva das desigualdades, da dominação, da exploração,
como também da resistência e da conformidade. A análise com base na hermenêutica-
dialética “busca apreender a prática social empírica dos indivíduos em sociedade em seu
movimento contraditório” (id., ibid.).
A partir dessa escolha, foi utilizada a análise de conteúdo, pois, de acordo com
Gomes (1994, p. 74), esse tipo de análise permite a “descoberta do que está por trás dos
conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado”. A análise
de conteúdo relaciona estruturas semânticas, consideradas como significantes, com
estruturas sociológicas dos enunciados, consideradas significados. Para Minayo (1994),
significantes e significados são descritos e analisados pela articulação de variáveis
psicossociais, do contexto cultural, do contexto e do processo de produção da mensagem.
A análise de conteúdo auxilia a interpretar as mensagens e a compreender os seus
significados para além do senso comum.
Dentre os vários tipos de unidades de registro para as análises de conteúdo, a
equipe de trabalho optou por grandes blocos de análise, na perspectiva de “tema”, que se
refere a uma unidade maior em torno da qual é tirada uma conclusão (Gomes, 1994). Para
tanto, foram definidos os blocos de análise, ou as categorias de análise que, conforme
Minayo (2007, p. 317), “são expressões ou palavras significativas em função das quais o
conteúdo de uma fala será organizado”. “Nesse sentido, trabalhar com elas [as categorias

21
de análise] significa agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito
capaz de abranger tudo isso. Esse tipo de procedimento, de um modo geral, pode ser
utilizado em qualquer tipo de análise em pesquisa qualitativa” (Gomes, 1994, p. 70).
Buscou-se, portanto, seguir as etapas da análise de conteúdo classificadas por
Minayo (2007): pré-análise, decomposta em leitura flutuante, constituição do corpus e
formulação de hipóteses e objetivos; exploração do material, que consiste na operação de
codificação; tratamento dos resultados obtidos e interpretação por meio de porcentagens
para destacar as informações que propiciam inferências e interpretação em torno de
dimensões teóricas previamente estudadas.

O universo de estudo
Considerando-se que a proposta de atividade é “Diagnóstico dos processos de
formação de cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG”, buscou-se
abordar os diversos “atores” dos processos de formação de cuidadores de idosos, tidos
como fontes de informações possíveis de serem subsídio para o diagnóstico. Nesse sentido,
foram partícipes os professores e alunos dos cursos ministrados pela UNIMONTES, quais
sejam: “Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência” e “Curso
Superior Sequencial de Cuidador de Idoso”.
Ressalta-se que a UNIMONTES foi pioneira e, até a data atual, a única instituição
acadêmica a oferecer cursos na área de formação de cuidadores de idosos no município de
Montes Claros/MG. Em outra instituição, houve uma disciplina relacionada ao tema, em
um curso da área da saúde, e não um curso – constituindo, portanto, objeto diferente do
tema de estudo deste diagnóstico.

Considerações éticas
Para a realização deste diagnóstico, buscou-se seguir os princípios éticos
imprescindíveis ao desenvolvimento de trabalhos desta natureza, que envolvem seres
humanos. Os indivíduos abordados pela equipe de estudo tiveram resguardado o direito de
participar ou não, como desistir de fazê-lo a qualquer momento.

22
O trabalho de Campo
Identificação dos cursos e alunos, outros documentos: estas informações foram
coletadas nas Secretarias Escolares das unidades/centros acadêmicos onde foram
ministrados os referidos cursos.

Pré-teste: os questionários foram pré-testados em novembro de 2008, visando


garantir a fidedignidade aos objetivos propostos. Para tanto, os profissionais para a
abordagem do pré-teste foram escolhidos aleatoriamente.

Aplicação dos questionários: os questionários foram aplicados em sala de aula; nas


residências dos professores e alunos-cuidadores de idosos e potenciais cuidadores – no
município e outra localidade; em locais de trabalho; e via meio eletrônico (e-mail). Na sala
de aula, também houve aleatoriedade na escolha do profissional abordado, aplicando-se o
questionário para aquele aluno que estivesse presente e aceitasse participar. Para os demais
tipos de abordagem, primeiramente foram feitos contatos por telefone, por e-mail e
presencial, visando falar do objetivo da atividade e convidar a participar; somente depois,
houve a aplicação do questionário. Estes procedimentos foram válidos também no caso das
entrevistas.

Facilidades do processo: entre os facilitadores para o desenvolvimento do trabalho,


faz-se necessário citar o empenho de alguns profissionais ao aceitar participar e o empenho
dos funcionários das Secretarias Escolares da UNIMONTES, em suas diversas
unidades/centros acadêmicos, ao fornecer informações e documentos. Sobre a aplicação
dos instrumentos de coleta de dados, alguns participantes responderam o questionário na
hora e outros entregaram no dia posterior. Outro facilitador foi o fato de alguns
profissionais valorizarem a “atividade” como uma forma de aprendizado, disponibilizando-
se, portanto, a participar do pleito.

Dificuldades do processo: de maneira oposta, alguns profissionais (maior número


de professores e uma coordenadora de curso) foram resistentes à solicitação para fornecer
informações ou documentos e responder o questionário ou entrevista, desmerecendo o
trabalho científico. E entre aqueles que não participaram, houve agendamento de horário
para a aplicação do questionário não cumprido: um integrante da equipe do Observatório

23
Estação de Pesquisa esteve no local e horário marcado e o profissional não estava lá, em
mais de uma tentativa. Do mesmo modo, vários e-mails voltaram sem resposta, após,
inclusive, o manifesto de aceite em participar. Vale dizer, de igual importância, a
existência de problemas com o cadastro geral dos alunos do “Curso Superior Sequencial de
Cuidador de Idoso”, não solucionados devido à impossibilidade de contato com a
coordenação.

Conferência do material
Todo o conteúdo coletado foi conferido, objetivando-se captar, literal e fielmente a
resposta do profissional participante.

Análise dos documentos


Em se tratando dos documentos analisados, constituíram-se objetos de estudo: os
projetos pedagógicos dos cursos oferecidos, os relatórios parciais e finais das atividades
desenvolvidas e os planos de ensino. As análises foram feitas pela pedagoga Iza Manuella
de Aires Cotrim-Guimarães e compõem o capítulo a seguir.

24
4. PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE CUIDADORES DE IDOSOS
PELA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS –
UNIMONTES

Este capítulo foi construído a partir de uma análise dos projetos pedagógicos dos
cursos oferecidos pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES para a
formação dos “Cuidadores de Idosos”, tanto em nível superior, na modalidade sequencial,
quanto no nível médio, na formatação de Curso de Formação Inicial e Continuada de
Trabalhadores3 (Curso Básico).
A análise fundamentou-se no objetivo geral da atividade, que foi diagnosticar os
processos de formação de cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG,
especificamente aqueles oferecidos pela UNIMONTES. Ao conhecer os processos
formativos dos Cuidadores de Idosos oferecidos pela UNIMONTES buscou-se, também,
fazer uma relação deles com a literatura atual.
Outros documentos que acompanham os projetos dos cursos, ou plano de curso,
como se denomina na educação profissional de nível médio, também foram analisados,
como relatórios parciais e finais das atividades desenvolvidas e planos de ensino.
O Curso Superior de Formação Específica – Sequencial Cuidador de Idoso foi
promovido pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES em parceria
com a Fundação de Apoio e Desenvolvimento de Ensino Superior do Norte de Minas –
FADENOR e vinculado à graduação em Medicina da UNIMONTES.
O Curso teve uma duração de quatro períodos, que totalizaram dois anos de
atividades, perfazendo uma carga horária de 1.650 horas, incluído o estágio de 300 horas.
O perfil profissiográfico estabelecido para o curso aponta o Cuidador de Idoso
como “o profissional capacitado para auxiliar o idoso que apresenta ou não limitações para
realizar as atividades e tarefas da vida cotidiana, fazendo elo entre o idoso, a família e
serviços de saúde ou da comunidade” (Unimontes, 2004, p. 22).
No mesmo tópico do projeto, registram-se como atividades a serem desempenhadas
pelo Cuidador de Idoso: auxílio nas atividades diárias; administração de medicamentos;
auxílio na deambulação e mobilidade; cuidados com a organização do ambiente; prestação

3
Decreto Federal 5.154, de 17 de abril de 2004, que regulamenta o § 2º do art. 36 e os arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e dá outras providências.

25
de primeiros socorros; estímulo ao relacionamento, contato com a realidade e participação
em atividades recreativas.
Verifica-se, entretanto, que o curso possui como objetivos “capacitar o diplomado
para avaliar, construir, controlar, manter e gerenciar negócios baseados no atendimento ao
público da terceira idade, além de capacitá-lo para o trabalho em equipe multiprofissional
em hospitais, clínicas de atendimento, estabelecimentos asilar [sic], espaços de estudo e
lazer” (Unimontes, 2004, p. 18 – grifos deste relatório).
Um segundo objetivo prevê a atualização e ampliação de conhecimentos técnicos, o
fornecimento de ferramentas para atendimento de idosos e também para a abertura e gestão
de empresas no ramo de negócios que envolvem a população idosa.
O perfil profissiográfico contempla, portanto, uma formação focada na prestação de
assistência diretamente ao idoso, enquanto os objetivos do curso preveem uma formação
focada na gestão de negócios, atividades ou estabelecimentos relacionados ao público da
terceira idade. A partir desta constatação, foram analisados os conteúdos do curso,
considerando duas vertentes: assistencial e de gestão.
Com exceção da disciplina “Gestão em Saúde do Idoso”, que sugere uma relação
com a prática gerencial prevista nos objetivos do curso, verifica-se que as demais
disciplinas estão relacionadas à prática assistencial do Cuidador de Idoso: Gerontologia
Básica; Ciências Sociais em Saúde; Direito e Cidadania do Idoso; Políticas Públicas em
Saúde; Bioética; Assistência Social na 3ª Idade; Habilidades Específicas em
Fonoaudiologia, Fisioterapia e Geriatria; Psicologia do Idoso; Recursos Terapêuticos em
Gerontologia; Sistemas de Informação em Saúde; Enfermagem do Envelhecimento;
Oficina Terapêutica para a 3ª Idade; Neuropsiquiatria Geriátrica; Nutrição e Bem-estar;
Cuidador de Idoso: contexto e prática e Tópicos Especiais para a 3ª Idade. Outras
disciplinas complementam a formação do profissional: Português Instrumental e
Fundamentos de Informática. Cabe ressaltar, contudo, que a disciplina “Gestão em Saúde
do Idoso” apresenta como ementário:

Discutir sobre o processo saúde-doença, bem como sobre questões referentes


à assistência social, a saúde, alimentação, nutrição, educação, cultura, esporte
e lazer, Previdência Social, habitação, transporte, violência e justiça voltada
para este grupo. Discutir as políticas públicas de saúde do idoso e a
participação popular nas mesmas, dando ênfase aos programas preconizados
pelo Ministério da Saúde e suas estratégias de implementação, tendo como
referencia [sic] o Estatuto do Idoso, especialmente no que se refere a dinâmica
das relações sociais (Unimontes, 2004, p. 34).

26
O projeto do Curso Sequencial não explicita a relação entre disciplinas, conteúdos,
perfil profissiográfico e objetivos do curso, mas pode-se relacionar estes últimos ao campo
de atuação do profissional de nível superior “Cuidador de Idoso”, conforme se verifica a
seguir:

O profissional está apto a atuar no cuidado com idosos em hospitais, clínicas,


órgãos governamentais de âmbito federal, estaduais e municipais,
administradores de recursos de saúde [sic], asilos, grupos de convivência da
terceira idade, empresas diversas voltadas para a prestação de serviços ou
venda de produtos para a terceira idade e profissionais do setor de saúde que
desejam uma opção de educação continuada no âmbito do ensino superior
(Unimontes, 2004, p. 23).

Já o Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência foi


realizado pela Escola Técnica de Saúde do Centro de Ensino Médio e Fundamental da
UNIMONTES, em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino
Superior do Norte de Minas – FADENOR e através de convênio com o Ministério da
Saúde. Teve uma duração de três meses, perfazendo uma carga horária de 160 horas
distribuídas em 120 horas de aulas teórico-práticas e 40h de atividades práticas.
O perfil profissional de conclusão do curso estabeleceu como competências para o
Cuidador de Idoso de nível médio:

- Desenvolver ações que busquem a proteção social e promoção da saúde, a


prevenção e o monitoramento das situações que oferecem risco à saúde da
pessoa idosa com dependência, visando à melhoria de sua qualidade de vida.
- Desenvolver ações que estimulem o processo de interação e comunicação
entre o idoso, seus familiares e a comunidade.
- Agir, [sic] com prontidão e presteza em situações imprevistas, articulando os
recursos para o seu pronto atendimento (Unimontes, 2007, p. 07).

Os objetivos do Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com


Dependência possuem grande semelhança com os objetivos do Curso Sequencial, com
exceção do foco gerencial na formação do profissional de nível médio, que não foi
contemplado nos seus objetivos. Esta semelhança sugere que houve algum diálogo entre as
equipes que elaboraram os projetos, tratando-se apenas de uma inferência, vez que esta
questão não foi explicitada em nenhum projeto ou relatório que foi fornecido para a
presente análise.

27
Ambos os projetos apresentam como justificativa para oferecimento do curso a
ampliação da longevidade da população brasileira. Ressaltam que o aumento do tempo de
vida não significa, necessariamente, que os idosos estejam livres de doenças ou tenham
condições de viver seus últimos anos de forma saudável. Sobre esse aspecto, Giacomin et
al. (2005) afirmam que, de modo geral, as doenças apresentadas pelos idosos são crônicas
e múltiplas, e podem perdurar por muitos anos. Estas “doenças podem gerar incapacidades
e causar dependência, com ônus crescentes sobre o idoso, a família e o sistema de saúde”
(Caldas, apud Giacomin et al., 2005, p.80).
Para a UNIMONTES essas assertivas evidenciam o papel do Cuidador de Idoso, ao
se considerar a necessidade de se estabelecer nas comunidades serviços de saúde
diferenciados para o atendimento a esta parcela da população, em oposição ao modelo
hospitalar ou asilar (Unimontes, 2004; 2007). Giacomin et al. (2005) também evidenciam a
relevância desse profissional, cuja necessidade deve ser apreciada no planejamento das
políticas de saúde para idosos.
Cabe ressaltar, no entanto, que não se trata apenas da formação de um profissional
capacitado para atender às necessidades patológicas dos idosos com dependência, mas de
uma formação pautada por uma nova mentalidade que considere, para além das patologias
inerentes a esta fase da vida, as questões sociais que determinam atitudes de rejeição ou
acolhimento, e que percebe a velhice, a doença, a dependência e a morte como parte da
vida (Maffioletti, Loyola e Nigri, 2006). E mais:

A construção dessa nova mentalidade tem proposto que o acolhimento da velhice


dependente seja feito, na medida do possível, em nível familiar e no domicílio.
Desta forma, ela possibilita para a velhice, para a doença e para a morte uma
ressignificação e propõe que lhes seja permitido transitar, novamente, no espaço
doméstico com naturalidade e propriedade (Maffioletti, Loyola, Nigri, 2006, p.
1.086).

Sobre esta “nova mentalidade”, os projetos dos dois cursos preveem no


desenvolvimento das atividades uma discussão a respeito da integração social do idoso no
âmbito familiar e comunitário, tanto no elenco de conteúdos a serem trabalhados quanto no
perfil profissiográfico dos cursos: “o Cuidador do idoso deve também saber atuar em
ambientes de convivência espontânea de idosos, com plena empatia, valorizando-os como
grupo social e considerando o ‘cuidado’ como um compromisso prioritário, pessoal e
também da sociedade” (Unimontes, 2004, p.22) e deve “desenvolver ações que estimulem

28
o processo de interação e comunicação entre o idoso, seus familiares e a comunidade”
(Unimontes, 2007, p. 34).

Caracterização dos profissionais formados

O Curso Superior de Formação Específica – Sequencial Cuidador de Idoso foi


oferecido ao público em geral: a candidatos que atuavam na área da saúde ou áreas afins e
para candidatos que desejavam atuar nestas áreas. A escolaridade mínima exigida era o
ensino médio e a forma de ingresso no curso se deu mediante processo seletivo. A seleção
obedeceu aos seguintes critérios: prova escrita de redação, prova escrita de português e
análise do histórico escolar do ensino médio. Não houve prova de títulos para os
profissionais que já atuavam na área.
O Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência (nível
médio), de acordo com o projeto, foi oferecido para pessoas que já trabalhavam como
Cuidador de Idoso, mediante comprovação do vínculo de trabalho e priorização dos
trabalhadores de órgãos públicos ou entidades sem fins lucrativos. Não houve exigência de
escolaridade mínima, mas foi estabelecido critério de seleção baseado no nível de
escolaridade, na seguinte ordem: ensino médio completo; ensino médio incompleto; ensino
fundamental completo e análise de currículo. Sobre o perfil acadêmico do curso, a
coordenação aponta no relatório final que este foi diversificado, envolvendo profissionais
de nível superior, técnicos da área de saúde, de nível médio, sem formação profissional e
de nível fundamental completo (Unimontes, 2008).
Em se tratando da distribuição das matrículas por sexo, registrou-se que 81,5% dos
matriculados no curso superior eram mulheres e no curso de nível médio, 86,0%. Estes
dados não apenas confirmam uma das características marcantes do setor saúde, que é a
feminização, que representa uma acentuada atuação do público feminino em todo o
contingente – mais de 70% (Machado, 2006), como também aferem legitimidade à
afirmação de que grande parte dos Cuidadores de Idosos são, também, do público
feminino.
No Brasil, o crescimento das taxas de idosos com incapacidades tem,
consequentemente, aumentado o número de idosos dependentes de uma ou mais pessoas
para realizarem suas tarefas diárias. Estas pessoas costumam ser familiares dos idosos,

29
geralmente mulheres residentes no mesmo domicílio (Karsch, 2003). Maffioletti, Loyola e
Nigri (2006) confirmam que em todas as épocas e em grande parte das sociedades a tarefa
de cuidar dos doentes, bem como outras atividades do gênero, eram exercidas pelas
mulheres.

A reflexão sobre as práticas do cuidar traça uma historiografia que o considera


próprio à natureza das mulheres, como se fosse algo determinado pelo orgânico.
Uma concepção que encontra registro, desde os relatos de sociedades
consideradas primitivas, até os dias de hoje (Maffioletti, Loyola, Nigri, 2006,
p.1088).

Desenvolvimento metodológico dos cursos

A vinculação teoria-prática constituiu a metodologia privilegiada tanto para o Curso


Sequencial quanto para o Curso de Nível Médio. A coletivização das experiências se
caracterizou, segundo os projetos dos cursos, por meio da realização de seminários
temáticos, estudos de caso, trabalhos em grupos para troca de experiências, interpretação e
análise das práticas.
Foi observado, entretanto, que o perfil da clientela atendida para cada curso
propiciou alternativas diferentes para a vinculação teoria-prática. O Curso Sequencial,
conforme já citado, atendeu a uma demanda espontânea que não atuava necessariamente na
área da saúde. Foi previsto estágio supervisionado para o curso, no total de 300 horas,
sendo 40 horas destinadas às atividades de elaboração do projeto de estágio e
aprofundamento teórico, em sala de aula, e 260 horas destinadas à realização de uma
pesquisa de campo com a orientação do docente.
Ainda sobre a vinculação teoria-prática no Curso Sequencial, o projeto previu que,
para além das aulas expositivas, os docentes deveriam lançar mão de procedimentos
articuladores dos estudos acadêmicos com a realidade comunitária: “estudos de caso,
atividades práticas em sala de aula, estudos dirigidos, seminários” (Unimontes, 2004, p.
19).
O Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência (Nível
Médio), conforme mencionado, foi oferecido a profissionais que já atuavam como
Cuidadores de Idosos, seja no âmbito das instituições de saúde, seja no âmbito familiar.
Esta característica confere ao curso um desenvolvimento metodológico peculiar, uma vez

30
que, trata-se da formação de trabalhadores que compõem uma dada realidade, e que “a
investigação do processo de trabalho deve permitir identificar não apenas as atividades que
lhe são pertinentes mas, fundamentalmente, deve permitir evidenciar os conhecimentos de
caráter técnico-científico e socio-cultural que nele estão expressos” (Marques, 2002, p. 19).
O projeto do Curso de Nível Médio previu a realização de 40 horas de atividades
práticas em instituições de saúde, consistindo em 25% da carga horária total do curso (160
horas). Para o desenvolvimento destas atividades considerou-se a necessidade de “real
execução de serviços e/ou real manuseio de insumos materiais destinados a esta atividade”
(Unimontes, 2007, p. 38), sendo realizadas sob supervisão direta do professor e
intermediadas pelos professores do conteúdo teórico-prático (atividades teórico-práticas)
do curso.
Para os dois cursos foi prevista, ainda, a elaboração de relatório final de estágio
(Curso Sequencial) e relatório final de atividades práticas (Curso de Nível Médio).
Também a respeito do Curso de Qualificação de Nível Médio, cabe colocar que seu
currículo foi organizado a partir da identificação de competências profissionais, que se
estruturam em conjuntos de Eixos Temáticos para os quais foi distribuída a carga horária
de atividades teóricas do curso.
O Curso Sequencial foi estruturado em quatro módulos desenvolvidos em quatro
períodos letivos. Recomendou-se uma integração entre os conteúdos do curso e a adoção
de estratégias de ensino diversificadas; visão orgânica do conhecimento e contextualização
dos conteúdos.

Diagnóstico dos processos de formação de cuidadores de idosos pós-análise


documental

A formação dos profissionais que atuam como Cuidadores de Idosos é


imprescindível para responder a demanda do atual cenário demográfico brasileiro, bem
como às necessidades do Sistema Único de Saúde – SUS. É fundamental que essa
formação esteja pautada pela concepção atual da saúde do idoso, que ultrapassa a visão
simplista que se restringia às questões patológicas relacionadas ao envelhecimento.
A Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES foi pioneira na
formação desses profissionais, tanto em nível médio quanto superior, ao oferecer os Cursos
de Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência, pela Escola Técnica de

31
Saúde do Centro de Ensino Médio e Fundamental, em parceria com o Ministério da Saúde,
e Curso de Cuidadores de Idosos, na modalidade Sequencial.
Conferiu-se que a integração entre teoria e prática foi condição fundamental no
desenvolvimento de ambos os cursos, cada um com suas especificidades. No Curso
Superior, na modalidade Sequencial, esta integração se deu, prioritariamente, pelo
desenvolvimento do estágio e utilização de algumas metodologias que pretendiam
fortalecer a relação acadêmica com a realidade do serviço. Já no Curso de Nível Médio,
esta vinculação se deu pela realização das atividades práticas nos serviços de saúde,
articulação entre atividades práticas e atividades teórico-práticas em sala de aula e pela
característica inerente ao curso de qualificação que foi o fato do público atendido se
constituir por profissionais que já atuavam na área da saúde como Cuidadores de Idosos.
A partir da análise dos projetos dos referidos cursos e alguns planos de ensino e
relatórios, constatou-se que ambos os cursos apresentaram uma proposta de formação
pautada por esses novos princípios, visando ao desenvolvimento de ações para além da
cura e reabilitação, mas também para a proteção social, promoção e prevenção da saúde e a
interação e (re)integração das pessoas idosas aos ambientes familiares e à comunidade.

32
5. APONTAMENTOS DEMOGRÁFICOS E PERFIL DE MORBI-
MORTALIDADE DE IDOSOS

5.1 População residente e envelhecimento em Montes Claros/MG

A análise da distribuição etária do município de Montes Claros em alguns pontos


no tempo, como nos censos de 1980 e 2000 e no ano corrente de 2009 (dados coletados no
site do Departamento de Informática do SUS – DATASUS), mostra que o município está
em processo de envelhecimento populacional, seguindo o padrão do estado e país, como já
exposto por Cerqueira (2003). O grupo de população residente com 60 anos ou mais, em
relação ao total populacional, passou de 4,1% em 1980, para 6,6% em 2000 e 8,6% em
2009 (lembrando que os números de população para 2009 são os resultados de projeções
intercensitárias). Também o grupo etário de 15 a 59 anos apresentou variações crescentes,
como o grupo de 60 anos ou mais. A proporção de indivíduos de 15 a 59 anos passou de
55,4% em 1980 para 63,4% em 2000 e 65,4% em 2009. Já o contingente populacional de 0
a 14 anos variou em sentido contrário – uma consequência da queda da fecundidade;
correspondia a 40,5% do total da população montesclarense de 1980, passando para 30,0%
em 2000 e 26,0% em 2009.

O envelhecimento populacional significa mudanças na estrutura etária, ao passo


que a queda da mortalidade é um processo que se inicia no momento da
concepção e altera a vida do indivíduo, as estruturas familiares e a sociedade,
pois faz que mais e mais indivíduos sobrevivam a idades avançadas (Cerqueira,
2003, p. 2).

A queda da mortalidade nas idades avançadas faz com que haja um maior número
absoluto de idosos (Carvalho, Garcia, 2002). E com a queda da fecundidade, há proporções
menores de crianças na estrutura etária e, consequentemente, os demais grupos sofrem
aumentos significativos.
No município de Montes Claros, o processo de envelhecimento em curso é
observável nas pirâmides populacionais para os anos 1980 e 2009. Verifica-se o
estreitamento da base e o ganho de peso relativo dos demais estratos da população
(gráficos 1 e 2). As barras referentes ao contingente populacional de 0 a 14 sofreram
redução no tamanho, enquanto as demais, indicativas dos indivíduos adultos e idosos
apresentam maior expressividade numérica e gráfica.

33
GRÁFICO 1: Pirâmide Populacional, Montes Claros, 1980

60 a 64 anos

50 a 54 anos

40 a 44 anos
Masculino
30 a 34 anos Feminino
20 a 24 anos

10 a 14 anos

0 a 4 anos

8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00


%

Fonte dos dados básicos: DATASUS, acesso em maio/2009.

GRÁFICO 2: Pirâmide Populacional, Montes Claros, 2009

60 a 64 anos

50 a 54 anos

40 a 44 anos
Masculino
30 a 34 anos Feminino
20 a 24 anos

10 a 14 anos

0 a 4 anos

8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00


%

Fonte dos dados básicos: DATASUS, acesso em maio/2009.

As mudanças na estrutura etária repercutem em alterações em indicadores como as


razões de dependência e índice de envelhecimento. As primeiras avaliam o grau de
dependência existente entre os indivíduos que constituem a população, estabelecendo uma
relação entre os teoricamente dependentes – crianças/jovens (de 0 a 14 anos) e idosos (65
anos ou mais), em relação a aqueles indivíduos em idade produtiva (de 15 a 64 anos). O
índice de envelhecimento, por sua vez, estabelece uma relação de idosos para com o grupo
de crianças/jovens. Chama-se a atenção para o fato desses indicadores considerarem o

34
limite de 65 anos para a definição do grupo de idosos (65 ou mais), por se tratar de
medidas utilizadas internacionalmente (tabela 1).

TABELA 1: Alguns indicadores populacionais do município de Montes Claros/MG,


anos selecionados

Indicadores (em %) 1980 2000 2009

Razão de Dependência Total 75,9 52,2 46,4

Razão de Dependência Jovem 71,3 45,6 38,0

Razão de Dependência de Idosos 4,7 6,5 8,4

Índice de Envelhecimento 6,5 14,3 22,0

Fonte dos dados básicos: DATASUS, acesso em maio/2009.

Os cálculos demonstram um movimento decrescente nas razões de dependência


total e jovem, ao contrário da razão de dependência idosa e índice de envelhecimento,
registrados em ritmo ascendente. Estes resultados são as representações numéricas da
dinâmica populacional: há a queda da fecundidade e o consequente envelhecimento da
população. Em um período de quase 30 anos, de 1980 a 2009, a Razão de Dependência
Total da população residente em Montes Claros/MG passou de 75,9% para 46,4%,
indicando que para cada 100 pessoas de 15 a 64 anos, havia aproximadamente 76 pessoas
dependentes em 1980 e, no corrente ano, 46. No indicador de dependência total, no
numerador, estão computados os indivíduos de 0 a 14 anos, cuja variação no período em
questão foi significativamente decrescente, o que se observa na Razão de Dependência
Jovem, que caiu de 71,3% em 1980 para 38,0% em 2009. Em sentido oposto, a Razão de
Dependência de Idosos e o Índice de Envelhecimento apresentam o aumento relativo dos
indivíduos com idade superior a 65 anos. De 4,7% em 1980, esta razão subiu para 8,4% em
2009; o Índice de Envelhecimento passou de 6,5% em 1980 para 22,0% em 2009.
Especificamente, o Índice de Envelhecimento revela que, em 2009, para cada 100
crianças/jovens de 0 a 14 anos existem 22 idosos.
Não obstante o aumento da Razão de Dependência de Idosos e do Índice de
Envelhecimento, o município de Montes Claros está no momento da “janela de
oportunidade”, que é, segundo Santana (2002, p. 81) “o período entre o início do processo
de envelhecimento e o momento em que o peso proporcional dos idosos se torna maior, e

35
que pode ser usado pela sociedade para a prevenção de eventuais problemas e/ou questões
sociais decorrentes deste fenômeno”. Faz-se necessário criar as condições de pleno bem-
estar social para o enfrentamento de cenários com grande número de idosos, com o
possível aumento dos níveis e graus de restrições de atividade ou incapacidade.
Em se tratando dos indicadores propriamente, Chesnais (1990) critica as razões de
dependência, considerando-as ficções estatísticas, uma vez que existem variações nas
idades de entrada e saída da atividade econômica. Entretanto, elas oferecem uma
aproximação da realidade e podem subsidiar a tomada de decisões, se analisadas dentro do
contexto socioeconômico-demográfico ao qual se referem e, de acordo com Veras (1994),
em termos numéricos é possível ter a medida do ônus sobre a população que trabalha,
podendo-se chegar a uma estimativa aproximada do custo financeiro que os grupos
“inativos” representam para a sociedade (Cerqueira, 2003).

GRÁFICO 3: Idosos residentes em Montes Claros, 2009,


por sexo

6.000

5.000

4.000
Homens
3.000
Mulheres
2.000

1.000

0
60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos 80 anos ou +

Grupo Etário

Fonte dos dados básicos: DATASUS, acesso em maio/2009.

No conjunto dos idosos, verifica-se que as mulheres são o maior contingente


(gráfico 3), um resultado coerente com a dinâmica demográfica – a esperança de vida das
mulheres é maior que a dos homens. Assim, as mulheres têm maior probabilidade de
ficarem viúvas (Cerqueira, 2003) e sozinhas, no que se refere à parceria conjugal
heterossexual. As razões entre os sexos diminuem com o aumento da idade, evidenciando

36
que mais mulheres do que homens chegam às idades avançadas. Em Montes Claros, para o
ano de 2009, para 100 mulheres com 80 anos ou mais existem 60 homens.
A feminização do envelhecimento populacional é objeto de estudo de vários autores
e trata-se de uma questão ampla, que foge ao escopo deste trabalho. Há que se considerar a
sobremortalidade masculina em todas as idades; os fluxos migratórios seletivos por sexo; a
saúde dos homens no sentido de serem resistentes ao autocuidado e à busca de cuidados
médicos; à exposição diferenciada aos riscos de morte, em resposta à educação, formação e
cultura de base machista. Esse desequilíbrio demográfico quanto ao sexo é recorrente em
muitas sociedades humanas (Rodrigues, Fonseca, Rodrigues, 1996), e diante da
complexidade do problema, faz-se necessário um estudo específico sobre o tema.

5.2 Perfil de morbi-mortalidade de idosos residentes no município de


Montes Claros/MG

Morbidade

O envelhecimento populacional suscita uma preocupação crescente com a saúde


dos idosos. O ganho de longevidade pode implicar em aumento da morbidade e em um
conjunto maior de pessoas vivendo em condições de saúde pouco favoráveis, com algum
tipo de incapacidade. Neste contexto, o estudo da morbidade e da mortalidade de idosos
tem uma importância singular por oferecer conhecimentos que possibilitam a melhor
compreensão dos perfis de saúde desse contingente populacional que cresce muito
rapidamente. È importante que não somente os formuladores de políticas públicas tenham
esse conhecimento, como também a sociedade, as famílias e os cuidadores de idosos.
Neste estudo, o perfil de morbi-mortalidade de idosos foi elaborado por meio da
análise das informações sobre internações hospitalares e mortalidade geral, dados
coletados no site do Departamento de Informática do SUS – DATASUS e no Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (acessos em fevereiro de 2009).
O limite para o corte de idade seguiu o preconizado pela Organização Mundial de
Saúde – OMS, que define idosos como os indivíduos com 60 anos ou mais para países em
desenvolvimento (Tirado, 2000).

37
Para as análises da morbidade, buscou-se conhecer as internações hospitalares de
pessoas residentes em Montes Claros/MG por causa de internamento, com base na
Classificação Internacional de Doenças – CID, 10ª revisão e a variação proporcional no
período de 1998 a 2007, enfatizando os referidos anos. As taxas de morbidade foram
calculadas para os triênios 1998, 1999, 2000 e triênio 2005, 2006, 2007, computando-se a
média dos eventos dos respectivos anos e adotando a população de 1999 e de 2006 como
denominadores, em ordem. Essa forma de cálculo já foi adotada por outros autores
(Barbosa, Andrade, 2000; Barbosa, 2001 e Cerqueira, 2003), cuja justificativa se pauta nos
possíveis problemas com os dados de mortalidade e a fim de minimizar os efeitos de
variações sazonais.
É oportuno dizer que as informações provenientes de internações hospitalares,
conquanto possam servir para ilustrar o perfil de morbidade da população idosa do
município, não representam a situação vigente para a totalidade desse segmento
populacional, como também salientado por Cerqueira (2003). A cobertura dos dados em
uso restringe-se à parcela da população que teve acesso aos serviços de saúde do Sistema
Único de Saúde – SUS, ficando de fora, portanto, tanto a parcela da população necessitada
que não foi alcançada pelos serviços do SUS, quanto aquela que utilizou a rede privada de
atendimento.
Ainda de acordo com Cerqueira (2003), como a base de dados do SUS exclui
grupos possivelmente opostos em relação às condições de saúde, pode-se considerar que
ela apresente uma boa configuração das condições médias vivenciadas pelo conjunto da
população. “Ademais, acredita-se que as informações relativas à morbidade diagnosticada,
em comparação com aquelas oriundas de morbidade auto-referida, sejam mais
representativas das reais condições de saúde da população” (Cerqueira, 2003, p. 30).
Sobre a limitação do uso das internações hospitalares pelo SUS, vale citar Nunes
(2004, p. 429), ao afirmar que essas informações servem como uma proxy de morbidade e
são representativas do padrão das causas de morbidade hospitalar dos idosos.
Portanto, as informações sobre a morbidade hospitalar do contingente populacional
com 60 anos ou mais, residentes em Montes Claros/MG, encontram-se nas tabelas 2 e 3.
Na tabela 2, a organização das informações buscou a ordem decrescente das proporções
das causas de internamento no último ano de estudo, 2007. Devido aos possíveis
problemas com os dados, os percentuais com variações centesimais (dados resultantes do
cálculo, sem arredondamentos) e decimais (decorrentes de arredondamentos), foram
considerados na mesma posição do ranking, o que diferenciou o número de causas de

38
internamento registrado para os sexos e anos da análise. Assim sendo, a apresentação das
principais causas de internamento para o ano de 1998 não está ordenada, mas buscou-se,
como para 2007, citar as cinco primeiras.
É possível observar que o padrão de morbidade hospitalar dos homens idosos em
Montes Claros, no período em estudo, apresenta as doenças crônico-degenerativas como as
causas de maiores percentuais de internações. Em 2007, as doenças do aparelho
circulatório encontram-se na primeira posição do ranking, com 40,0% das internações
decorrentes de alguma complicação deste aparelho, seguindo o padrão do Brasil no que se
refere às doenças do aparelho circulatório como primeira causa de morbidade e
mortalidade de idosos, ambos os sexos (Mello Jorge et al., 2008).

TABELA 2: Morbidade proporcional por causa de internação hospitalar da população com


60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG, 1998 e 2007 (em %)

Causas CID-10 1998 2007

Homens

Doenças do aparelho circulatório......................................... 38,3 40,0


Neoplasias............................................................................ 6,1 11,8
Doenças do aparelho digestivo............................................. 10,6 10,0
Doenças do aparelho respiratório......................................... 10,9 9,0
Lesões por envenenamentos e outras consequências de
causas externas..................................................................... 4,3 7,0
Algumas doenças infecciosas e parasitárias......................... 3,3 4,1
Doenças do aparelho geniturinário....................................... 10,9 3,9
Doenças do sistema nervoso................................................ 4,6 1,9

Mulheres

Doenças do aparelho circulatório......................................... 46,7 41,9


Doenças do aparelho respiratório......................................... 12,9 9,4
Neoplasias............................................................................ 5,3 8,3
Doenças do aparelho digestivo............................................. 9,0 7,7
Lesões por envenenamentos e outras consequências de
causas externas..................................................................... 4,2 7,8
Algumas doenças infecciosas e parasitárias......................... 2,8 5,2

Fonte: DATASUS, acesso em fevereiro de 2009.

Nos dados e anos em estudo houve uma alteração na ordem de importância das
doenças para a conformação do padrão de morbidade hospitalar dos idosos: as neoplasias
passam para a segunda colocação, seguidas das doenças do aparelho digestivo e, em quarto

39
lugar, as doenças do aparelho respiratório. Ganham maior representatividade, com 7,0
pontos percentuais, as lesões por envenenamentos e outras consequências de causas
externas e, por outro lado, perdem percentuais as doenças do aparelho geniturinário.
Como exposto, também para as mulheres idosas, as doenças do aparelho
circulatório são a principal causa de morbidade hospitalar. Em segundo lugar do ranking,
em 1998 e 2007, encontram-se as doenças do aparelho respiratório. A partir da terceira
posição, o perfil de morbidade hospitalar das idosas apresenta alternâncias de um ano para
o outro, sendo, em 2007, a terceira maior proporção de internações por neoplasias; na
quarta posição, as doenças do aparelho digestivo e as lesões por envenenamentos e outras
consequências de causas externas que, bem como para os idosos, têm maior
representatividade neste último ano. E as doenças infecciosas e parasitárias respondem pela
quinta causa de internação de idosas em 2007.
As taxas de morbidade hospitalar para os triênios selecionados são escritas na
tabela 3. Tratando-se da razão entre a média dos eventos registrados nos três anos e a
população residente com 60 anos ou mais (1999 e 2006), a ordenação das causas básicas
sofre alterações e é apresentada em ordem decrescente para o triênio 2005, 2006 e 2007.

TABELA 3: Taxas de morbidade hospitalar por causa de internação, da população com 60


anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG, triênios selecionados (por mil)

Causas CID-10 1998/2000 2005/2007

Homens

Doenças do aparelho circulatório............................................... 95,2 112,7


Neoplasias.................................................................................. 15,7 29,6
Doenças do aparelho digestivo.................................................. 24,6 22,6
Doenças do aparelho respiratório............................................... 26,5 21,7
Algumas doenças infecciosas e parasitárias.............................. 6,9 17,2
Doenças do aparelho geniturinário............................................ 25,3 12,0

Mulheres

Doenças do aparelho circulatório.............................................. 97,3 79,0


Neoplasias................................................................................. 11,6 20,8
Algumas doenças infecciosas e parasitárias.............................. 6,2 17,2
Doenças do aparelho respiratório.............................................. 24,9 15,2
Doenças do aparelho digestivo.................................................. 19,8 14,7
Lesões por envenenamentos e outras consequências de causas
externas...................................................................................... 9,2 11,8

Fonte: DATASUS, acesso em fevereiro de 2009.

40
Verifica-se que a primeira causa de internamento de idosos residentes em Montes
Claros/MG, segundo as taxas de morbidade, são as doenças do aparelho circulatório,
condizente com resultados encontrados em outros trabalhos. A ordenação das demais
causas de internações hospitalares do presente estudo difere um pouco daquelas
encontradas pelos referidos autores, ao estudarem outras populações – do Brasil e do
estado do Rio Grande do Sul, respectivamente. Nestes trabalhos, os autores registraram as
doenças do aparelho respiratório como a segunda causa de internamento e as doenças do
aparelho digestivo como a terceira posição no ranking, seguidas pelas neoplasias.
Sobre as internações de ambos os sexos por algumas doenças infecciosas e
parasitárias, a discussão remete à citação de Nunes (2004, p. 429), que também verificou a
presença desse grupo de causa: “Quer dizer, a queda acentuada da mortalidade pelas
doenças infecciosas e parasitárias não é acompanhada de uma redução, na mesma
magnitude, na morbidade por esse grupo de patologias”.
No que se refere às variações observadas tanto no contingente populacional de
idosos, tendo como base os anos de 1999 e 2006, quanto nas taxas de morbidade hospitalar
pela principal causa de internação deste grupo etário, as doenças do aparelho circulatório,
para os triênios apresentados, um exercício simples indica que, para os homens idosos,
houve uma variação de 36,8% na proporção de idosos e 18,4% nas aludidas taxas. Para o
contingente feminino, as variações foram de 35,8% no total de idosas com 60 anos ou mais
e 18,9% no total de internações por patologias do aparelho circulatório.
A análise por sexo ressalta o maior adoecimento dos homens idosos, como também
encontrado por Nunes (2004). Em relação ao total populacional, a proporção das
internações de idosos foi igual 20,7% do total do contingente de homens com 60 anos ou
mais, residentes em Montes Claros/MG. As internações de idosas foram equivalentes a
16,5% da parcela de mulheres nesta faixa de idade. Faz-se necessário registrar que estes
percentuais oferecem uma aproximação da realidade, no entanto, não consideram as
internações de um(a) mesmo(a) idoso(a) repetidas vezes ou transferido(a) – são
computadas as Autorizações de Internação Hospitalar – AIHs, sem registro das
reinternações e transferências. Conforme Nunes:

A frequência total de internações do grupo masculino [...] continua sendo mais


elevada do que a de mulheres [...], não obstante nessa faixa etária haver mais
mulheres que homens. Esse fato ratifica a ideia de que os homens não apenas
morrem mais cedo que as mulheres, mas também adoecem proporcionalmente

41
mais que estas. Em outras palavras, podemos afirmar que quanto aos padrões de
morbidade ao envelhecer o homem é o sexo frágil (Nunes, 2004, p. 437).

Mortalidade

O estudo do padrão de mortalidade compreendeu os anos de 1996 e 2006 (1996 é o


primeiro ano da adoção da CID-10 e 2006 é o último ano de informações disponíveis no
DATASUS). Os trabalhos compreenderam a análise da mortalidade proporcional por causa
básica do óbito, segundo a CID-10, para o contingente com 60 anos ou mais de idade e por
sexo. Foram calculadas, ainda, as taxas de mortalidade para os triênios 1996, 1997, 1998 e
2004, 2005, 2006, computando-se a média dos eventos dos respectivos anos e adotando a
população de 1997 e de 2005 como denominadores, em ordem.
Inicialmente, procedeu-se a avaliação da qualidade dos dados do DATASUS,
adotando-se como indicador a proporção de mortes enquadradas no grupo de “sintomas,
sinais e achados de exames clínicos e de laboratórios não classificados em outra parte”
(causas mal definidas), Capítulo XVIII da CID-10. Para tanto, o parâmetro de análise foi a
classificação elaborada por Chackiel (apud Cerqueira, Paes, 1998) na qual “as regiões com
percentual de causas mal definidas acima de 10% têm registro considerado inadequado
para fins estatísticos de planejamento de saúde” (p. 1977).
Ponderou-se o procedimento e achados pelas afirmações:

A dificuldade em estabelecer a causa básica da morte em indivíduos idosos deve-


se à própria complexidade do processo mórbido, à falta de assistência médica, à
elevada proporção de óbitos domiciliares, e também, à indiferença no
conhecimento das causas, dada a inevitabilidade da morte nas faixas de idades
mais avançadas (Vasconcelos, 2002, p. 2).

Do mesmo modo, para os dados de mortalidade do Brasil, os autores Mello Jorge et


al. (2008, p. 272) citam:

No país, a maior quantidade de óbitos mal definidos concentra-se na faixa de 60


de idade e mais; [...]. Uma das explicações para a maior proporção de óbitos por
causas mal definidas é a dificuldade em se estabelecer a causa básica do óbito
nos idosos. Esta, provavelmente, é consequência da presença de múltiplas
doenças no idoso e da influência da idade na expressão clínica de sinais e

42
sintomas para o diagnóstico correto da causa básica do óbito (Mello Jorge et al.,
2008, p. 272).

Para o total de óbitos de pessoas com 60 anos ou mais residentes em Montes


Claros/MG, a magnitude das causas mal definidas variou de 13,4% em 1996 para 11,1%
em 2006, para os dados masculinos. No meio da série temporal encontram-se proporções
superiores, como as dos anos 1999 (19,2%), 2000 (22,1%) e 2001 (18,2%), entre outros,
resultando em uma média aritmética simples de todas as proporções igual a 17,5%. Para os
dados femininos, os óbitos por causas mal definidas somaram 17,6% em 1996 e 12,0%, em
2006. Em outros anos, registraram-se 24,6% em 1999, 17,6% em 2000 e 19,4% em 2001,
cuja média aritmética simples foi igual a 17,7%.
Mello Jorge et al. (2008, p. 273) encontraram percentuais de óbitos por causas mal
definidas, para o Brasil e ambos os sexos, iguais a 15,1% em 1996 e 10,4% em 2005 –
ressalta-se neste caso o “poder das médias”, quando se trata pela média uma realidade de
ampla dimensão como o Brasil, ou seja, dados bons, como os do estado de São Paulo e
outros de qualidade ruim, como estados do Nordeste, em único indicador.
Sendo assim, os dados de mortalidade de idosos de Montes Claros/MG têm níveis
similares aos do Brasil e denunciam a necessidade de intensificar a utilização dessas
estatísticas e, segundo Cerqueira (2003, p. 36), “[...] como forma de chamar a atenção para
a premência de se resolver, com brevidade, os problemas inerentes à qualidade dos dados
sobre causas de morte no país”.
Os dados da tabela 4 apresentam as principais causas de óbito da população com 60
de idade ou mais, organizadas em ordem decrescente na coluna referente a 2006. Para os
homens idosos, observa-se a semelhança na conformação do padrão de mortalidade em
ambos os anos, 1996 e 2006, até a quarta posição do ranking. A primeira causa de óbito
foram as doenças do aparelho circulatório, seguidas das neoplasias, doenças do aparelho
respiratório e, em quarto lugar, as causas mal definidas. Este perfil foi semelhante ao
encontrado por Mello Jorge et al. (2008, p. 275): “Em 2005, no Brasil, a proporção de
óbitos MD [mal definidos] em idosos (11,9%) foi suplantada tão-somente pelas mortes
cujas causas básicas eram doenças do aparelho circulatório (36,5%), neoplasias (16,0%) e
doenças do aparelho respiratório (12,6%)”. Ressalta-se que o perfil registrado pelos autores
citados é de ambos os sexos.

43
TABELA 4: Mortalidade proporcional por causa básica de óbito segundo a CID-10, da
população com 60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG, 1996 e 2006 (em %)

Causas CID-10 1996 2006

Homens

Doenças do aparelho circulatório......................................... 34,6 34,8


Neoplasias............................................................................ 19,2 18,7
Doenças do aparelho respiratório......................................... 15,2 12,4
“Causas mal definidas”........................................................ 13,4 11,1
Doenças do aparelho digestivo............................................. 3,2 5,9
Algumas doenças infecciosas e parasitárias......................... 4,7 5,7
Causas externas de morbidade e mortalidade..................... 5,5 3,5

Mulheres

Doenças do aparelho circulatório......................................... 34,8 35,5


Neoplasias............................................................................ 17,3 16,5
“Causas mal definidas”........................................................ 17,6 12,0
Doenças do aparelho respiratório......................................... 14,4 7,8
Doenças do aparelho digestivo............................................. 2,6 7,2
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas.................. 4,2 6,4
Algumas doenças infecciosas e parasitárias......................... 5,1 4,5

Fonte: DATASUS, acesso em fevereiro de 2009.

O padrão de mortalidade das idosas diferenciou-se do padrão dos idosos,


verificando-se os óbitos por causas mal definidas com a terceira maior proporção em 2006
e o grupo das doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas como a quinta causa de maior
magnitude em 1996 (considerando-se as neoplasias e causas mal definidas como na
segunda posição do ranking para este mesmo ano).
As taxas de mortalidade, calculadas para os triênios, estão registradas na tabela 5 e
em ordem decrescente de magnitude na coluna do triênio 2004, 2005, 2006. Considerando-
se que no numerador adotou-se a média dos eventos dos anos integrantes da série,
respectivamente para cada taxa calculada, a ordenação das taxas pelas causas básicas de
óbito sofreu mudanças, se comparadas à ordenação com base na proporção de cada causa
no total de óbitos (tabela 4). Enfatiza-se, assim, o grupo das causas mal definidas que
passou a ser a terceira taxa de óbito dos idosos, ou seja, para cada mil homens com 60 anos
ou mais que morreram, entre 1996, 1997 e 1998 e entre 2004, 2005 e 2006,
aproximadamente 10 e 7 idosos, respectivamente, tiveram a causa básica do óbito mal
definida – não houve o registro da causa da morte.

44
TABELA 5: Taxas de mortalidade por causa básica de óbito segundo a CID-10, da população
com 60 anos ou mais, por sexo – Montes Claros/MG, triênios selecionados (por mil)

Causas CID-10 1996/1998 2004/2006

Homens

Doenças do aparelho circulatório......................................... 17,6 16,2


Neoplasias............................................................................ 9,6 9,3
“Causas mal definidas”........................................................ 9,9 6,6
Doenças do aparelho respiratório......................................... 7,0 5,3
Doenças do aparelho digestivo............................................. 3,1 2,5
Causas externas de morbidade e mortalidade...................... 2,4 1,9

Mulheres

Doenças do aparelho circulatório......................................... 13,6 12,6


Neoplasias............................................................................ 5,8 5,3
“Causas mal definidas”........................................................ 7,3 4,9
Doenças do aparelho respiratório......................................... 4,5 3,6
Algumas doenças infecciosas e parasitárias......................... 2,0 2,2

Fonte: DATASUS, acesso em fevereiro de 2009.

Para finalizar a análise do perfil de mortalidade de idosos residentes em Montes


Claros/MG, vale citar que o maior percentual (89,2%) dos óbitos dos indivíduos com 60
anos ou mais, ambos os sexos e ocorridos em 2006, tiveram o quesito raça/cor classificado
como “ignorado”. Do mesmo modo, 91,4% destes óbitos de pessoas com 60 de idade ou
mais tiveram a escolaridade como “ignorada”.
Todas essas informações remetem à citação de Mello Jorge et al. (2008, p. 278-9):

O conhecimento mais próximo da realidade quanto às causas de morte de idosos


no Brasil, com o objetivo de avaliar adequadamente o perfil epidemiológico
desse grupo etário, deve se valer de outros métodos, mais completos, e não
somente utilizar a DO [Declaração de Óbito]. Aqui se apresentam algumas
metodologias possíveis de serem adotadas, visando esclarecer as causas mal
definidas em idosos. [...].

Entre as metodologias, registram-se a redistribuição das mortes por causas mal


definidas; relacionamento entre os bancos de dados Sistema de Informações de
Mortalidade – SIM e Sistema de Informações Hospitalares – SIH, ambos do SUS; contato
com o médico que assinou a DO; análise do prontuário hospitalar e investigação com visita
domiciliária e análise de prontuários dos serviços onde o falecido foi atendido (Mello Jorge
et al., 2008, p. 279-280).

45
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentados os resultados dos trabalhos de campo, organizados


em grandes blocos temáticos. As discussões das informações acompanham os dados,
buscando-se o entendimento delas à luz da literatura existente. Para fins de identificação
dos alunos dos processos de formação de cuidadores de idosos, intitulados “Curso de
Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência” (nível médio) e “Curso
Superior de Formação Específica Sequencial Cuidador de Idoso”, ministrados pela
UNIMONTES nos anos de 2006, 2007 e 2008, serão denominados, respectivamente, de
egressos ou alunos do Curso de Qualificação e egressos ou alunos do Curso Sequencial.
Tratando-se dos totais de alunos abordados, do “Curso de Qualificação do Cuidador
de Pessoas Idosas com Dependência” (nível médio), algumas informações foram coletadas
do total de alunos presentes no momento da aplicação do questionário, ou seja, 32
discentes. A segunda onda da pesquisa, visando a avaliação e outras informações referentes
ao curso, teve 29 alunos participantes. Do “Curso Superior de Formação Específica
Sequencial Cuidador de Idoso”, a equipe de trabalho conseguiu contactar 13 alunos,
embora tenha havido muitos esforços no sentido de se conseguir um maior número de
respondentes. E as diversas informações foram coletadas em único contato, tendo em vista
a dificuldade de fazê-lo, ora por dificuldade de endereço e telefone – endereços errados,
telefones trocados, ora por falta de interesse do aluno do Curso Sequencial em participar.
Faz-se necessário registrar que o “Curso de Qualificação do Cuidador de Pessoas
Idosas com Dependência” (nível médio) computou 40 matrículas (total definido a priori
para todas as ETSUS que ministraram o curso) e o “Curso Superior de Formação
Específica Sequencial Cuidador de Idoso”, com 45 matrículas. O primeiro curso foi
financiado com recursos do Ministério da Saúde e, o segundo, foi auto-financiado. De
igual importância, vale citar que houve desistências em ambos os cursos.

6.1 Sobre os discentes

Na identificação dos perfis dos alunos foram arroladas variáveis sociodemográficas


– sexo, faixa etária, raça/cor e escolaridade; e variáveis de inserção no emprego – forma de

46
contratação, tempo de trabalho, local de trabalho, horário de trabalho, função e renda, entre
outras. Buscou-se ainda levantar aspectos referentes ao motivo da escolha da profissão, as
expectativas após a realização do curso, as dificuldades encontradas no desempenho das
atividades e os sentimentos relacionados a elas.

Perfil

Sexo

Conforme os dados coletados, a grande maioria dos profissionais egressos do Curso


de Qualificação é do sexo feminino, correspondente a um percentual de 84,4%. Resultado
semelhante foi encontrado para os profissionais egressos do Curso Sequencial, indicando a
prevalência feminina (84,6%). Estes percentuais, por se referirem ao contingente que
respondeu à pesquisa, diferem um pouco daqueles concernentes às matrículas nos cursos,
cuja distribuição por sexo somou 86,0% e 81,5% de alunas do Curso de Qualificação e
Curso Sequencial, respectivamente.
Verifica-se que os achados do presente estudo quanto a sexo são similares ao
disposto na literatura acerca da temática, uma vez que o cuidar é identificado,
historicamente, em profissões constituídas em maior número por mulheres e, no que diz
respeito ao cuidado com idosos, por mulheres que trabalham predominantemente em
asilos, casas de apoio e/ou residências. Este maior número de mulheres tanto no nível
superior quanto na qualificação é condizente com a história da profissão das mulheres na
área da saúde.

A maior parte dos cuidadores é de mulheres, o que reflete um dado da nossa


cultura. As características do cuidador principal [grifos dos autores] tornam-se
evidentes não só no que é falado, como nas atitudes no grupo. No intercâmbio
entre os componentes, podemos observar: habilidades, sensibilidade, empatia.
São características que parecem fazer parte da personalidade de quem cuida, mas
tomam mais expressão no ato de cuidar. Sendo assim, cuidar também é uma
maneira de se auto-realizar (Silveira, Caldas, Carneiro, 2006, p. 1.632).

A maior presença de mulheres é observada, também, no mercado de trabalho em


geral. De acordo com Graff e Anker (s/d, p. 187), desde o fim da Segunda Grande Guerra,

47
a presença do trabalho feminino no mercado formal cresceu significativamente em todo o
mundo, provocando alterações significativas na instituição familiar. Ao mesmo tempo,
aumentou o grau de escolaridade entre as mulheres tanto quanto as oportunidades de
melhoria no padrão econômico de vida.

O grande aumento no nível da escolaridade feminina no período posterior à


Segunda Guerra Mundial contribuiu para aumentar as taxas de participação
feminina na força de trabalho em todo o mundo, já que a educação aumenta as
recompensas econômicas e não econômicas associadas ao emprego. Grandes
mudanças na estrutura familiar, e especialmente a maior ocorrência de unidades
domésticas chefiadas por mulheres em todo o mundo ajudaram a aumentar a
participação feminina na força de trabalho, já que as mulheres chefes de família
provavelmente precisam trabalhar mais que as outras mulheres. As taxas de
fecundidade caíram em muitos países e a idade ao casar aumentou em todo o
mundo. Estes fenômenos demográficos têm efeitos importantes na participação
feminina na força de trabalho (Graff, Anker, s⁄d, p.187).

A questão da feminização do mercado de trabalho brasileiro é acompanhada pela


precarização e pela informalidade, conforme descrito abaixo por Guimarães (2008), a
partir da análise de dados das PNAD’s de 2005 e 2006. A precarização parece estar
presente também no setor da saúde, principalmente quando se observa as questões de
contratação e salários dos profissionais de nível médio.

Desse modo, os dados parecem sugerir a possibilidade de alternância de grandes


tendências que são expressões das relações entre trabalho e gênero: o
deslocamento da força de trabalho masculina que vinha ocorrendo mediante a
sua saída do setor considerado formal e ingresso no setor considerado informal
sofre pequena desaceleração, em relação ao segmento feminino, cujo ingresso no
mercado de trabalho continua crescendo, e assim, passa a ser mais atingido pelos
processos citados. Estas tendências devem ser discutidas nos termos de uma
convergência entre precarização, informalidade e feminização do mercado de
trabalho (Guimarães, 2008, p. 13).

Faixa etária

A idade é um dos principais atributos do indivíduo, par a par com o sexo, pois
define e tem relação direta com a grande maioria das funções e necessidades biológicas e
sociais, como as demandas de saúde e sociais, entre outras (Wong, 2001). Tão importante e
difícil de registro, em algumas populações, remetendo à discussão sobre a valorização do

48
que é novo (Tolotti, 2007). Nesse sentido, optou-se pelo trabalho com a idade agrupada em
intervalos quinquenais – procedimento adotado por órgãos e instituições como IBGE,
Fundação João Pinheiro, Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – IPEA, Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional – CEDEPLAR/UFMG, etc.
E no âmbito do cuidar, a idade é um aspecto que merece atenção já que a
dependência dos idosos em relação às atividades da vida diária – AVD implica em
demanda de esforço físico daqueles que atuam nessa função.

A variável idade pode influir duplamente na atividade de cuidadores de idosos:


restringindo o acesso dos mais velhos a esse mercado de trabalho e limitando o
tempo de atuação destes profissionais na função em decorrência do desgaste
físico produzido pela mesma. É importante considerar, entretanto, que
profissionais mais experientes podem contribuir em outros aspectos do bem-estar
e da qualidade de vida do idoso, uma vez que o cuidado é influenciado por
crenças, valores e experiências vividas na trajetória de vida pessoal e profissional
(Ribeiro et al., 2008, p. 1.288).

No presente estudo, a média da idade dos egressos do Curso de Qualificação é 36 e


do Curso Sequencial é 40 anos. O gráfico 4 apresenta a distribuição dos alunos por faixa
etária.

GRÁFICO 4: Alunos dos cursos para cuidadores de idosos,


por faixa etária, Montes Claros/MG, 2006/2008

35
30
25
20 Qualificação
%
15 Sequencial

10
5
0
15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54
anos ano s ano s ano s ano s anos anos ano s

Faixa etária

Fonte: Trabalho de campo, 2008/2009.

49
Raça/Cor

A inserção da informação de raça/cor neste diagnóstico justifica-se pelo fato da


UNIMONTES praticar a política de cotas para ingresso em seus cursos de graduação
considerando, portanto, as problemáticas advindas dessa discussão que, no âmbito da
discriminação étnica/racial e racismo no Brasil, apontam as desvantagens e desigualdades
às quais os sujeitos negros estão particularmente submetidos.
Ressalta-se que para as informações de raça/cor, a atividade adotou o mesmo
procedimento da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE no Censo
2000: é uma autoclassificação, com base em estudos antropológicos das relações
interétnicas, contemplando-se as categorias branca, preta, parda, indígena e amarela.
Assim, quanto ao perfil raça/cor, os resultados indicam que a maior parte dos
alunos egressos de ambos os cursos se autoclassifica como pardo: 56,3% dos alunos do
Curso de Qualificação e 30,8% dos alunos do Curso Sequencial. Dentre os demais, 12,5%
dos primeiros e 23,1% dos últimos se autoclassificam como brancos e 9,4% dos alunos do
Curso de Qualificação e 15,4% dos alunos do Curso Sequencial abordados por este estudo
se autoclassificam na categoria preto, apontando que a discussão acerca do
empardecimento da população, em voga atualmente, merece maiores estudos. Os
percentuais restantes foram respostas na classificação “amarela”.
A estabilidade da classificação de raça/cor ao longo dos anos é questionada por
estudiosos do tema e a análise das autodeclarações de raça/cor gera uma série de
discussões que são difíceis de chegar a um ponto comum. Em se tratando dos significativos
contingentes que se autodeclaram como “pardos”, baila a questão: a maior miscigenação
das raças tem feito aumentar a categoria parda em detrimento da categoria branca? Essa
questão ainda está por ser respondida (Carvalho, Wood, Andrade, 2003).
Não obstante, Wood (1991) registrou que cerca de 95% das respostas sobre raça/cor
dadas espontaneamente são consistentes com os termos utilizados nas categorias
censitárias, reforçando a escolha correta ao se adotar as categorias do Censo Demográfico
para inquéritos com esse tipo de variável.
Os percentuais indicativos de “não respondeu”, iguais a 18,8% dos alunos do Curso
de Qualificação e 15,4% dos alunos do Curso Sequencial podem denotar a premente
necessidade de se trabalhar o quesito raça/cor entre estes discentes, possibilitando-lhes a
construção desse conceito e tendo em vista o seu valor explicativo para diversos
fenômenos e/ou eventos sociais.

50
Escolaridade

Os egressos do Curso de Qualificação possuem escolaridade diversa e, nesse


sentido, observa-se que 3,1% têm o ensino fundamental completo; 6,3%, o ensino médio
incompleto; 46,7%, o ensino médio completo; 31,3%, o ensino técnico; 6,3%, o ensino
superior incompleto e mesmo percentual, 6,3%, o ensino superior completo. Dentre esses,
um tem pós-graduação. Essa conformação do padrão de escolaridade dos alunos do Curso
de Qualificação revela as exigências no que se referem a este quesito para a efetivação da
matrícula, como exposto no capítulo 4 – não houve exigência de escolaridade mínima, mas
foi estabelecido critério de seleção baseado no nível de escolaridade, na seguinte ordem:
ensino médio completo, ensino médio incompleto e ensino fundamental completo.
Observa-se, inclusive, que os ex-alunos do Curso de Qualificação possuíam outra
formação na área da saúde, a saber: Curso de Auxiliar de Enfermagem (6,2%) e Curso de
Técnico em Enfermagem (24,8%).
Quanto aos egressos do Curso Sequencial, como a questão de trabalho foi “qual é a
sua escolaridade atual?”, a totalidade dos ex-alunos abordada pela equipe de realização
deste diagnóstico tem formação superior, uma vez que o referido curso a proporcionou,
sendo que, desses, 15,4% tem também formação superior em outras áreas. Não houve
registro de pós-graduação. Assinala-se ainda que 7,7% já possuíam o Curso de Auxiliar de
Enfermagem e 23,1% o de Técnico de Enfermagem.
Tais realidades sugerem que os cursos de formação de cuidadores de idosos foram,
para os profissionais/alunos egressos, um aperfeiçoamento no decorrer de seus itinerários
formativos.
No contexto, supõe-se que a qualidade dos serviços prestados vem ampliando-se
sobremaneira, particularmente, quando se considera que o nível de escolaridade
correlaciona-se com melhor raciocínio lógico. Nesse sentido, a capacidade de apoiar os
idosos em funções mais complexas – como auxílio medicamentoso, recebimento e
transmissão de orientações médicas, acompanhamento a consultas, ajuda nos serviços
bancários, recebimento de benefícios e compras – pode favorecer a manutenção da
autonomia e bem estar do idoso (Brasil, 1999). Segundo Damas, Munari e Siqueira (2004):

A formação de um profissional mais seguro e consciente reflete no


desenvolvimento de uma assistência diferenciada ao cliente. Possibilita ao
cuidador desempenhar suas funções de forma cautelosa e reflexiva, evitando a
transgressão de valores e convicções, e permitindo o estabelecimento de

51
relacionamentos interpessoais mais efetivos entre profissional e cliente (Damas,
Munari, Siqueira, 2004, p. 276).

Variáveis de inserção no emprego

Profissão: cuidador de idosos

Inicialmente, faz-se oportuno lembrar que a discussão do termo “profissão” está


inserida no capítulo 2, sendo desnecessário retomá-la aqui.
Portanto, no que se refere ao exercício profissional como cuidador de idosos
registra-se que 34,4% dos egressos do Curso de Qualificação são atuantes e que 56,2% não
trabalham como cuidadores, no momento da realização deste diagnóstico. Desses ex-
alunos, 9,4% não responderam à questão. Considerando-se somente o grupo que trabalha
com idosos, 81,8% deles trabalham com mais de um idoso.
Dos egressos do Curso Sequencial abordados, 15,4% trabalham como cuidadores e
com mais de um idoso; 30,7% trabalham em outras áreas; 23,1% possuem experiências
anteriores como cuidadores de idosos; 23,1% estão desempregados e 7,7% não
responderam à questão. Os que não atuam como cuidadores de idosos citaram as
justificativas “a remuneração é baixa” e “dificuldades com horários” como motivos para
tanto. Desse modo, informam o exercício de outras profissões como: babá, empregada
doméstica, professor de educação infantil e operador de informática.

No caso da educação profissional, a complexificação do trabalho industrial fez


com que o sentido do saber profissional fosse dado não somente pela habilidade
técnica baseada numa teoria subjacente. A existência de uma teoria subjacente
significava que ninguém poderia tornar-se um profissional sozinho, mas
precisaria ser treinado e certificado por outros profissionais. O profissionalismo,
portanto, passou a se basear na habilidade técnica, no conhecimento teórico que
subjaz à habilidade e na aceitação por uma comunidade de outros profissionais
(Ramos, 2005, p. 110).

Dos egressos do Curso de Qualificação que atualmente estão trabalhando como


cuidadores de idosos, 72,7% são contratados pela Consolidação das Leis Trabalhistas e os
demais, com percentuais iguais (9,1%), por contratos informais, autônomos e voluntários.

52
Dos ex-alunos do curso Sequencial, também trabalhadores como cuidadores de
idosos, registra-se que a metade é contratada pela CLT e os 50,0% restantes, por contratos
informais e/ou voluntário.

Local de trabalho

São diversos os locais de trabalho dos egressos do Curso de Qualificação que


cuidam de idosos, a saber: asilos (63,6%), residências/domicílios (27,3%) e
instituição/serviço beneficente – Pastoral da Pessoa Idosa (9,1%).
Dos ex-alunos do Curso Sequencial registra-se que a metade trabalha em instituição
no formato de asilos e os 50,0% restantes, em residências.
Estes dados suscitam questionamentos sobre os asilos, ou, Instituições de Longa
Permanência para Idosos – ILPI: são necessárias? Qual o formato adequado? Como devem
ser fiscalizadas, no sentido de permitir o exercício de cidadania dos idosos
institucionalizados? Como deve ser a equipe de trabalho em uma ILPI? Entre outras
perguntas, constituindo-se tema de futuros estudos. De acordo com Karsh:

A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e similares, está sendo posta
em questão até nos países desenvolvidos, onde estes serviços alcançaram níveis
altamente sofisticados de conforto e eficiência. O custo desse modelo e as
dificuldades de sua manutenção estão requerendo medidas mais resolutivas e
menos onerosas. No Brasil é comum, mesmo nas famílias de renda geral mensal
abaixo de dois salários mínimos, que a opção de internar o seu idoso em
instituições asilares ocorra, predominantemente, no limite da capacidade familiar
em oferecer os cuidados necessários (Karsch, 2003, p.865).

Seguindo o exposto, a citação dos autores abaixo complementa a discussão,


apresentando outra questão sobre o maior tempo de experiência profissional dos
cuidadores de idosos em instituições filantrópicas, resultado encontrado em outros estudos.

As instituições para idosos nasceram como serviços para abrigar velhos pobres,
sendo geralmente vinculadas a instituições religiosas. O surgimento de
instituições, enquanto prestadoras de serviços privados, é um fenômeno
relativamente recente, decorrente das demandas sociais impostas pelo
envelhecimento populacional. Este fato pode explicar também o porquê dos
cuidadores de idosos das instituições filantrópicas possuírem maior tempo de
experiência profissional (Ribeiro et al., 2006, s/p.).

53
Horário e tempo de trabalho

Em se tratando do horário de trabalho dos profissionais cuidadores de idosos, as


alternativas de resposta enquadram-se nas categorias tempo integral, por revezamento de
turno e tempo determinado – certo número de horas por dia. Os cuidadores que fizeram o
Curso de Qualificação têm seus horários de trabalho divididos entre “por revezamento de
turno” (63,6%); “por tempo determinado” (18,2%) e “tempo integral” (9,1%). Igual
percentual (9,1%), não respondeu. Já os cuidadores de idosos que fizeram o Curso
Sequencial, metade trabalha em tempo integral e, outra metade, por tempo determinado.
Buscou-se conhecer, também, o tempo de trabalho como cuidadores de idosos. Os
egressos do Curso de Qualificação que apresentam menos de cinco anos como cuidadores
somam 63,6% do total, restando 36,4% que trabalham há mais de cinco anos, assim como
os egressos do Curso Sequencial que exercem a profissão – todos eles trabalham por tempo
superior a cinco anos como cuidadores de idosos. Considerando-se que os alunos do Curso
de Qualificação compõem o maior contingente de cuidadores de idosos, o percentual com
tempo inferior a cinco anos neste trabalho confirma os achados de Ribeiro et al. (2008), ao
pesquisar o perfil dos cuidadores de idosos das ILPI’s em Belo Horizonte/MG:

O pouco tempo de trabalho dos cuidadores nas instituições pode estar


relacionado ao estresse profissional, pois a maioria dos cuidadores trabalhava há
menos de cinco anos nestes locais, independentemente da modalidade.
Entretanto, nas filantrópicas (42,9%), o percentual de cuidadores que trabalhava
há mais de cinco anos foi significativamente maior que nas privadas (Ribeiro et
al., 2008, p. 1.290).

Renda

Pelo trabalho formal realizado, a maioria (81,8%) dos cuidadores de idosos


egressos do Curso de Qualificação recebe de 1 a 2 salários mínimos; 9,1% recebem de 3 a
4 salários mínimos e 9,1% realizam o trabalho de forma voluntária, portanto, sem
remuneração. Em relação à faixa salarial dos egressos do Curso Sequencial que trabalham
como cuidadores de idosos, registra-se também que a totalidade percebe de 1 a 2 salários
mínimos.

54
Estes valores são semelhantes aos encontrados por Ribeiro et al. (2008) ao
estudarem os cuidadores de idosos das ILPI’s de Belo Horizonte/MG, cujo salário mensal
variou até 2 salários mínimos.

Sobre a escolha da profissão

Esta questão, “o motivo da escolha da profissão de cuidador de idosos”, foi


analisada tendo em vista a totalidade dos alunos abordados pela equipe de trabalho,
justificando-se a análise pela possibilidade da escolha do curso/formação estar associada à
escolha da profissão. E ressalta-se: a questão permitia mais de uma alternativa como
resposta.
Deste modo, dos alunos do Curso de Qualificação, 56,3% responderam que o
motivo da escolha dessa profissão foi o mercado de trabalho crescente; 68,8% afirmam ter
vocação e 9,4% responderam outros motivos descritos abaixo, nas palavras dos alunos:

“Como já trabalho como voluntário adquiri no curso muitos conhecimentos,


inclusive na prática, que pretendo usar nos idosos que acompanho e orientar
qualquer pessoa que tenha dúvida e que eu possa ajudar. Inclusive dentro minha
própria família”.

“Para aprimorar conhecimentos”.

“Para aprender mais como cuidar de idosos”.

Já os egressos do Curso Sequencial (15,4%) afirmaram que escolheram a


profissão por vocação e os outros (84,6%) não responderam.

Sobre o estado biofísico dos idosos cuidados

É sabido que a população idosa cresce em todo o mundo e este crescimento reflete
nos serviços de atenção ao idoso, em alguns casos, demandando mais serviços da sua

55
família, já que a qualidade do cuidado prestado às pessoas com 60 anos ou mais de idade
constitui mais atenção.
O estado biofísico do idoso é um determinante dessa demanda por prestação de
serviços de terceiros. Os respondentes do Curso de Qualificação que trabalham como
cuidadores de idosos citaram, sobre o estado biofísico do(s) idoso(s) com o(s) qual(is)
trabalham: 18,2% responderam que os idosos são independentes; 36,4% afirmaram que os
idosos são parcialmente dependentes e 45,4% trabalham com idosos dependentes.
O estado biofísico do(s) idoso(s) com que trabalham os egressos do Curso
Sequencial: metade é parcialmente dependente e 50,0% dependentes.

Atividades desenvolvidas como cuidador de idosos

Esta questão teve duas formas de organização: para os alunos do Curso de


Qualificação, ela se baseou nas atividades catalogadas na CBO para o cuidador de idosos, e
permitiu múltipla resposta; para os alunos do Curso Sequencial, foram no formato de
pergunta aberta, especificando as atividades entre técnico-assistenciais, administrativo-
gerenciais e outras. A análise dos dados refere-se àqueles alunos que são cuidadores de
idosos, mas é oportuno citar que os demais alunos dos processos de formação de
cuidadores de idosos também registraram as atividades que, no caso, desenvolveriam na
condição de cuidadores.
De forma geral, sobre as atividades executadas por ambos – alunos cuidadores de
idosos do Curso de Qualificação e alunos cuidadores de idosos do Curso Sequencial,
observa-se que as atividades mais presentes envolvem respeito, afetividade, entendimento
sobre envelhecimento e organização das tarefas diárias.
Nesta situação, as relações entre os profissionais se caracterizam por ações de
igualdade, pois exercem semelhantes atividades e formas de tratamento dispensadas aos
idosos.
Para os alunos do Curso de Qualificação, percebe-se que “saber ouvir, respeitando
sua necessidade individual de falar” foi citada por 100,0% dos respondentes. “Ajudar o
idoso na recuperação da autoestima, dos valores e da afetividade” é uma atividade
realizada por 90,9% desses alunos. Em ordem, encontram-se as atividades a seguir, com
81,8% das respostas: estimular a independência do idoso; manter a calma em situações
críticas; cuidar da sua aparência e higiene pessoal; observar os horários das atividades

56
diárias; realização do banho; respeitar a privacidade do idoso e fazer companhia. Entre
percentuais iguais a 72,7%, 63,6% e 54,5%, podem ser citadas: acompanhar e respeitar o
idoso em sua necessidade espiritual e religiosa; administração de medicamentos;
demonstrar sensibilidade e paciência; mudança de decúbito; prevenir acidentes;
acompanhar o idoso em passeios, viagens e férias; acompanhar o idoso em atividades
sociais e culturais; cuidar da alimentação; lidar com sentimentos negativos e frustrações;
perceber e suprir carências afetivas; desestimular a agressividade do paciente; buscar
informações e orientações técnicas; ajudar nas necessidades fisiológicas; manusear
instrumentos (como: sonda, aparelho pressão, inalador, bolsa térmica, termômetro,
vaporizador, umidificador, etc.); e, observar a qualidade e validade dos alimentos.
Outras atividades desenvolvidas pelos alunos do Curso de Qualificação, cuidadores
de idosos, segundo menos que 50,0% das respostas deles: fazer leituras de jornais, livros e
revistas para o idoso; adaptar-se a diferentes estruturas e padrões familiares e comunitários;
promover adequação ambiental; cuidar da roupa e objetos pessoais; obedecer normas e
estatutos; verificar se a vacina do idoso está em dia e verificar se o idoso está perdendo
líquido.
Saldanha e Caldas (2004, p. 51) afirmam que uma atividade do cuidador de idosos é
“estimular a comunicação com o idoso: conversar, ouvir, valorizar sua linguagem,
fortalecer sua autonomia, atualizá-lo com informações”.
Born (2008, p. 73) comenta que a adaptação a diferentes estruturas e padrões
familiares e comunitários por parte do cuidador de idosos remete ao fato de que o cuidador
“poderá enfrentar situações bastante delicadas e estressantes no exercício de sua função”.
Como por exemplo, a “ausência total dos familiares, por considerarem cumprido seu papel
ao entregarem a pessoa idosa em ‘suas mãos’ pode ocasionar-lhe insegurança e solidão”.
Bem como “a super-proteção da família à pessoa idosa, interferindo no seu trabalho”. Ou
até mesmo quando nas disputas familiares, o cuidador é solicitado a tomar partido ou servir
de “espião” para um dos lados. Outro momento delicado é quando a família,
desconhecendo as obrigações do cuidador, determina que este realize também as tarefas
domésticas, prejudicando e abandonando o cuidado com a pessoa idosa de quem é
responsável.
Segundo o Guia Prático do Cuidador (Brasil, 2008, p. 40), “muitas vezes é
preciso fazer algumas adaptações no ambiente da casa para melhor abrigar a pessoa
cuidada, evitar quedas, facilitar o trabalho do cuidador e permitir que a pessoa possa se
tornar mais independente”. No entanto, algumas atividades cujo objetivo é adaptar o

57
ambiente, são executadas por menos da metade dos referidos cuidadores de idosos (não
cabe aqui discutir os possíveis determinantes deste fato, dada a amplitude da questão).
“Cuidar da roupa e objetos pessoais” e “obedecer a normas e estatutos” foram
também citados como sendo atividades de menos da metade dos cuidadores de idosos.
Contudo, o cuidado com a estética ajuda a melhorar a autoestima do idoso.
Retomando Born (2008), dar sempre à pessoa idosa o direito de escolha da
vestimenta e cuidar da aparência dela (cuidar das unhas, cabelos), são tarefas próprias da
função do cuidador de idosos.
Fazem-se necessários outros estudos como este para elucidar as possíveis
justificativas para a realização das atividades citadas pelos cuidadores abordados por este
diagnóstico, assim como, conhecer as razões de outras tarefas serem preteridas.
Para os egressos do Curso Sequencial as atividades técnico-assistenciais
desenvolvidas como cuidador de idosos, são: administração de medicamentos; estímulo a
autoestima e lucidez do(s) idoso(s). Já as atividades administrativo-gerenciais, citadas na
entrevista por esse grupo de alunos, foram: compras diversas, pagamentos de contas,
agendamento de consultas; acompanhamento no lazer; coordenação de grupos de idosos e
auxílio nas oficinas desenvolvidas por eles; compra de materiais para as respectivas
oficinas; participação em reuniões mensais em instituições mantenedoras dos grupos. Entre
outras atividades como cuidador de idosos, um ex-aluno disse:

“Faço também visitas domiciliares aos idosos pertencentes aos grupos assistidos,
esclarecendo a respeito das leis e do Estatuto do Idoso, e conhecendo de perto
suas necessidades básicas”.

Especificamente neste caso, dos ex-alunos do Curso Sequencial, as informações


foram coletadas por meio de uma questão aberta, visando valorizar o discurso dos
respondentes e, pelo preenchimento de um anexo, com a lista das atividades segundo a
CBO. Considerando-se a repetição das atividades, arroladas anteriormente na análise das
tarefas executadas pelos cuidadores/alunos do Curso de Qualificação, optou-se pela não
citação aqui. Vale registrar, também, as dificuldades advindas da coleta dessas
informações, tornando exaustivo o trabalho do entrevistador e do entrevistado, sugerindo-
se novas modalidades de coleta para diagnósticos futuros.

58
Dificuldades encontradas como cuidadores de idosos

A seguir, são relacionadas as dificuldades encontradas para o desenvolvimento das


atividades como cuidadores de idosos, para ambos os egressos. As dificuldades são
apresentadas pela resposta afirmativa ou negativa, para cada egresso dos processos de
formação. Também nesta questão, praticamente todos os alunos responderam, mesmo
aqueles que não trabalham como cuidadores de idosos.

QUADRO 1: Dificuldades encontradas como cuidadores de idosos segundo os egressos dos


Cursos de Qualificação e Sequencial da Unimontes, 2006 a 2008

Egressos Curso Egressos Curso


Especificação da dificuldade Qualificação Sequencial
Acompanhar o idoso em passeios, viagens e férias. Sim Não
Adaptar-se a diferentes estruturas e padrões familiares e
comunitários. Sim Sim
Administração de medicamentos. Sim Não
Ajudar o idoso na recuperação da autoestima, dos valores e
da afetividade. Não Sim
Buscar informações e orientações básicas. Não Sim
Cuidar da aparência e higiene pessoal. Não Sim
Cuidar da roupa e objetos pessoais. Sim Não
Desestimular a agressividade do idoso. Não Sim
Desgaste emocional do cuidador frente ao trabalho. Sim Sim
Estimular a independência do idoso. Sim Não
Falta de apoio da família do idoso. Sim Sim
Falta de conhecimento sobre desenvolvimento do trabalho
sem prejuízos físicos. Sim Não
Falta de reconhecimento do trabalho. Sim Sim
Fazer leituras de jornais, livros e revistas para o idoso. Sim Não
Lidar com sentimentos negativos e frustrações. Sim Sim
Lidar com perdas e mortes. Sim Sim
Manusear instrumentos. Sim Sim
Mudança de decúbito. Sim Não
Perceber e suprir carências afetivas. Não Sim
Promover adequação ambiental. Sim Sim
Realização do banho. Não Sim
Superar limites físicos e emocionais. Sim Não
Fonte: Trabalho de campo, 2008/2009.

As dificuldades citadas pelos cuidadores de idosos, egressos dos cursos em


epígrafe, são de ordem subjetiva, técnica e relacionadas ao domínio de certos
conhecimentos e habilidades, para além daqueles restritos ao complexo biomédico.

59
Aqui parece necessário registrar também que a abordagem do envelhecimento
apenas na perspectiva das demandas biomédicas reais ou potenciais aos serviços
de saúde não esgota o foco analítico necessário para caracterizar o enfoque da
integralidade da saúde. Mesmo na perspectiva das necessidades de saúde,
individuais e coletivas, que esse contexto traz, é insuficiente analisar apenas as
doenças comuns no envelhecer ou mesmo os fatores de risco. Há um conjunto de
singularidades no processo de envelhecimento que transcende o adoecimento e
afirma a produção de saúde, abordagens que fogem da lógica positivista do
conhecimento biomédico e inserem-se num plano de complexidade mais
próximo dos novos paradigmas epistemológicos (Ferla et al., 2007, p. 83).

Os determinantes destas dificuldades podem ser diversos e, portanto, constituem-se


objeto de novos diagnósticos. Não obstante, as informações sobre as dificuldades podem
servir de subsídio para a organização e implementação de novos cursos de formação de
cuidadores de idosos.

Percepções dos cuidadores de idosos

No que se refere à percepção e sentimentos dos cuidadores de idosos, a equipe de


realização deste diagnóstico buscou conhecer informações de ordem subjetiva e pessoal
sobre o trabalho como cuidador. A totalidade dos cuidadores de idosos, ex-alunos do Curso
de Qualificação e do Curso Sequencial, afirma que se sentem realizados ao desempenhar as
atividades de cuidadores, como nas falas abaixo:

“Porque tenho aptidão para realizar essas atividades e me sinto útil no que
faço”.

“Sempre usei a empatia e me sinto feliz ao proporcionar aos outros o que gostaria
que fizessem comigo”.

“Eu amo o que faço... sou ligada demais nas minhas idosas e é um pouco de
mim...”.

“Me sinto realizado... para ser humano melhor... é gratificante você ajudar e
receber um obrigado acompanhado de um sorriso sincero!”

60
“Me sinto útil ao proporcionar ao outro conforto e bem estar!”

“Quando acontecem algumas mudanças relacionadas à saúde do idoso que eu já


não posso mais cuidar... A minha emoção é quando chego para trabalhar e não
encontro todos eles para dar o banho... é muito triste você chegar e saber que uma
delas não está mais ali...”

As respostas dos entrevistados indicam que o ato de cuidar é carregado de


sentimentos. Experiências e relatos de sentimentos internos foram expressados:

O cuidado é uma carreira que transcorre no tempo e, diferentemente de outras,


não é planejada, nem esperada ou escolhida. A maneira como evolui depende de
fatores objetivos relativos às características da doença do idoso, das habilidades
do cuidador, da posição deste dentro da família, como também de fatores
subjetivos (Oliveira et al., 2006, p. 185).

6.2 A percepção dos alunos sobre os processos de formação

As expectativas

Os egressos dos Cursos de Qualificação e Sequencial citaram as seguintes


expectativas em relação ao curso, em questões de múltipla escolha: aprimoramento dos
conhecimentos; melhoria na qualidade do serviço; inserção no mercado de trabalho;
melhoria na forma de contratação; melhoria da remuneração. Entre alternativas registradas
pelos próprios respondentes, registram-se: aperfeiçoamento para atender idosos; ter
condições de trabalho como assistente social com idoso; mais oportunidade de trabalho e
aprendizado e prática. Como afirmam Furegato et al. (2001, s/p): “o ensino não é uma
atividade com fins terapêuticos, mas é uma atividade de ajuda para aqueles que desejam
aumentar sua capacidade adaptativa ou sua competência profissional, através da aquisição
de novos conhecimentos para atuar terapeuticamente”.

61
A relação entre teoria e prática

Buscou-se conhecer se o que foi ministrado nos cursos tem relação com a prática
profissional como cuidadores de idosos. Os alunos do Curso de Qualificação, cuidadores
de idosos, responderam “parte do que estou aprendendo no curso é igual ao que pratico no
meu trabalho” (63,6%) e “o que estou aprendendo no curso é igual ao que pratico no meu
trabalho” (27,3%). E 9,1% não responderam.
Como também os ex-alunos do Curso Sequencial: metade respondeu “o aprendido é
congruente com o que pratico no meu trabalho” e os demais responderam que “parte do
que aprendi é congruente com o que pratico no trabalho”.

A continuidade dos estudos

Caso haja a continuidade do curso para a formação do Técnico para cuidador de


idosos, uma complementação do itinerário do Curso de Qualificação, todos os alunos que
trabalham como cuidadores de idosos manifestaram interesse em fazê-lo. Dos demais que
fizeram o referido curso, 95,2% responderam que têm sim a pretensão em dar continuidade
à formação técnica, registrando-se ínfimo percentual de resposta negativa.
No caso do Curso Sequencial, foi perguntado sobre o desejo de se fazer uma pós-
graduação na área de cuidador de idosos. Uma significativa parcela de 84,6% dos alunos
respondeu afirmativamente, que tem pretensão de fazer o curso.
O interesse da equipe de desenvolvimento deste diagnóstico corrobora a fala dos
autores a seguir, como também a ação pública expressa em políticas.

A implantação de políticas e programas considerando o novo perfil demográfico


do país inclui a necessidade de ampliação quantitativa e qualitativa de
profissionais para atuar na área do envelhecimento. Esta necessidade tem sido
destacada na Política Nacional do Idoso, e mais recentemente na Política
Nacional de Saúde do Idoso (Motta, Caldas, Assis, 2008, p. 1.144).

62
A avaliação do curso, de acordo com os alunos

Para este diagnóstico, buscou-se conhecer a avaliação dos processos de formação


de cuidadores de idosos na perspectiva dos alunos. Para tanto, foram abordados 29
respondentes do Curso de Qualificação e 13 do Curso Superior Sequencial. A avaliação foi
feita, entre outros critérios, por conceitos: ótimo, bom, regular, ruim. Houve questões sem
resposta.
Verifica-se que os processos de formação foram bem avaliados, concentrando-se
parte significativa dos conceitos entre “ótimo” e “bom”. Chama a atenção a avaliação da
biblioteca pelos alunos do Curso de Qualificação, quando somente 51% emitiram suas
opiniões. Faz-se necessário realizar outros estudos para se entender esta informação,
pairando as questões: faltou estímulo para o uso da biblioteca? Existe hábito de leitura
entre os alunos? Ou, as bibliografias trabalhadas em sala foram suficientes?
Em se tratando da avaliação dos professores pelos alunos, a análise desta variável
ressaltou a importância do educador na condução do processo de formação, bem como das
metodologias adotadas por ele. Vale dizer que os referidos cursos priorizaram docentes
com alguma experiência na área de envelhecimento, seja tratando-se de experiência
profissional ou da própria formação; como exemplo, a ETSUS que ministrou o Curso de
Qualificação tem quadro de professores composto por profissionais das respectivas áreas.

63
QUADRO 2: Opinião dos discentes sobre os processos de formação para cuidadores de
idosos, Montes Claros/MG, 2009

Conceitos (em %)
Item avaliado Não
Ótimo Bom Regular Ruim Respondeu

Alunos do Curso de Qualificação


Conteúdo programático 55 38 - - 7
Carga horária 21 66 3 - 10
Material didático 24 49 24 - 3
Audiovisuais 14 28 41 - 17
Biblioteca 10 31 10 - 49
Sala de aula 24 52 17 - 7
Atendimento a sua expectativa 38 56 3 - 3
Professores – didática 45 45 - - 10
Professores – domínio do conteúdo 56 34 7 - 3
Professores – capacidade de motivar 31 52 10 - 7
Professores – relacionamento turma 45 48 7 - -
Professores – pontualidade 62 31 - - 7
Metodologia – trabalho em grupo 45 52 - - 3
Metodologia – aulas expositivas 21 58 14 - 7
Metodologia – leitura de textos 24 66 7 - 3
Metodologia – discussões livres 59 38 3 - -
Metodologia – tarefas coerentes 28 62 - - 10

Alunos do Curso Sequencial


Conteúdo programático 62 38 - - -
Carga horária 8 84 - 8 -
Material didático 46 31 15 8 -
Audiovisuais 61 23 8 8 -
Biblioteca 69 31 - - -
Sala de aula 46 38 8 8 -
Atendimento a sua expectativa 15 46 23 8 8
Professores – didática 46 46 8 - -
Professores – domínio do conteúdo 77 23 - - -
Professores – capacidade de motivar 31 46 15 8 -
Professores – relacionamento turma 15 70 15 - -
Professores – pontualidade 54 46 - - -
Metodologia – trabalho em grupo 54 38 8 - -
Metodologia – aulas expositivas 46 38 8 8 -
Metodologia – leitura de textos 38 38 24 - -
Metodologia – discussões livres 38 38 24 - -
Metodologia – tarefas coerentes 38 38 24 - -
Fonte: Trabalho de campo, 2008/2009.

Outros pontos da avaliação:


O curso proporcionou conhecimentos?
Para a maioria do Curso Sequencial, 84,6%, o curso realizado proporcionou novos
conhecimentos sobre o assunto e 15,4% afirmaram que o curso realizado proporcionou
poucos conhecimentos além dos já possuídos. Do Curso de Qualificação, 86,2% dos alunos

64
responderam que o curso realizado proporcionou novos conhecimentos sobre o assunto e
13,8% não responderam.

Durante o curso houve oportunidade de reformular conceitos e pontos de vista que


tinha a respeito do tema?
Do Curso Sequencial, 92,3% afirmaram que sim e 7,7% disseram que não, não
houve essas oportunidades. E 100,0% dos alunos do Curso de Qualificação afirmaram que
sim, que houve oportunidade de reformular conceitos e pontos de vista.

Troca de experiências:
Curso Sequencial: o curso ofereceu oportunidades de troca de experiências e
conhecimentos entre 92,3% dos participantes. E do Curso de Qualificação, houve troca de
experiência para os 100,0% dos alunos.

Coerência das disciplinas com os objetivos/propósitos do curso:


Curso Sequencial: 46,2% responderam ótimo, 30,8% responderam bom e 23,1%
regular. E do Curso de Qualificação, 65,5% avaliaram como ótimo e 34,5% como bom.

Classificação do curso realizado:


Curso Sequencial: 61,5 classificaram-no como ótimo; 23,1% bom e 15,4% regular.
E do Curso de Qualificação, 72,4% como ótimo e 27,6% como bom.

Para os alunos do Curso de Qualificação, foi questionado se houve articulação do


conteúdo estudado e a prática profissional. Um total de 69,0% dos ex-alunos respondeu
que grande parte do que se falou tem aplicação prática na vida profissional e 13,8%
afirmaram que pouco do que se falou tem aplicação prática na vida profissional; 17,2% não
responderam. Barreira (2006), ao tratar da importância da relação teoria e prática no
processo de formação, afirma que para uma aprendizagem ser significativa exige-se a
articulação entre experiências anteriores e vivências pessoais dos educandos. Indagados se
o curso motivou a reflexão e introdução de mudanças nos processos de trabalho adotados,
a totalidade dos alunos desse curso respondeu que sim, o que parece ser um paradoxo
quando parcela deles afirma que pouco do que se estudou no curso tem articulação com a
prática profissional, com a prática.

65
Por último, foi permitido que o aluno deixasse sua sugestão ou qualquer outra
opinião, reclamação; enfim, um espaço aberto para se expressar. Dentre estas, escritas ou
faladas, são registradas a seguir algumas, na forma exata que foram expressas. Dos alunos
do Curso Sequencial:

“Com os conhecimentos e experiências adquiridos durante a formação, o


profissional cuidador de idoso está apto e capacitado para desenvolver seu papel
perante a sociedade, porém, falta espaço para atuação no mercado e divulgação
da importância desta nova categoria profissional”.

“É importante ressaltar que apesar da crescente demanda por pessoas


qualificadas nesta área, "os cuidadores de idosos” embora graduados há dois
anos pela UNIMONTES e reconhecidos pelo MEC com conceito A, encontram
bastante dificuldade de se inserirem no mercado de trabalho, isso ocorre
principalmente em virtude da desinformação da sociedade em relação a estes
profissionais, sugiro portanto um trabalho social de conscientização, através do
qual se esclareça a diferença entre cuidadores formais e informais e dessa forma
todos aqueles que se dedicarem e vierem aprimorar os seus conhecimentos por
meio deste rico curso, possam praticá-los de forma hábil, responsável e coerente,
podendo contribuir para melhoria da qualidade de vida dos idosos”.

“O curso deveria ser direcionado às pessoas da área da saúde, assim facilitando


sua inserção no mercado de trabalho, quando iniciamos o curso tínhamos a visão
de um curso promissor, porém, decepcionamos ao nos depararmos com um curso
não conhecido, tínhamos a esperança de sermos inseridos no centro de referência
do idoso no HU [Hospital Universitário] por sermos a 1ª turma, decepção apesar
da maior parte da turma ser técnico em enfermagem, o reitor fez discurso dizendo
que o curso era promissor, mas, estamos quase todos desempregados, infelizmente
ou felizmente nós mantemos o curso de técnico em enfermagem”.

“O curso deveria ser gratuito, o tempo de duração deveria ser maior, pois as
disciplinas eram muito interessantes e o tempo era curto para usufruir das
informações passadas, a universidade deveria ter dado espaço (abrir editais) a nós
cuidadores, para fazermos parte do centro de referência para pessoas idosas”.

66
“O curso nos proporcionou uma motivação muito grande, mas depois não superou
nossa expectativa”.

“O objetivo do curso cuidador de idosos realizado pela UNIMONTES foi ótimo,


porém o mercado de trabalho ainda deixa a desejar”

“O tempo curto, corrido, algumas coisas a desejar, o estágio foi ótimo, a demora
de contratação de professores, os professores bem capacitados e dedicados, alguns
alunos não querem nada com nada, só mesmo o diploma”.

“Poderia ter tido alguma disciplina sobre princípios de administração de casas


para acolhimento para idosos”.

“Por ser a primeira achei um descaso muito grande, no início, o local de trabalho
era no centro de referência do idoso, éramos a menina dos olhos, hoje os
cuidadores foram esquecidos, sem nenhuma expectativa de trabalho”.

“Primeiramente antes de abrir outra turma, deveriam primeiro inserir os


cuidadores no campo de trabalho, pois, o curso de cuidador de idosos é
maravilhoso, e muito sério, e tivemos profissionais competentes e maravilhosos,
mas que estavam ali para dar aulas e não emprego, mas que desde o início todos
sempre deixaram bem claro, para nós que nosso curso é muito promissor,
portanto, precisamos sim está no mercado de trabalho, para sermos reconhecidos
e valorizados. Para que através dos nossos caminhos virem outros cuidadores”.

E dos alunos do Curso de Qualificação:

“Deveria ter aulas intercaladas, pois às vezes se torna cansativo”.

“Alternar os horários para não coincidir dois ou mais horários do mesmo


professor, no mais foi ótimo o curso”.

“Aumentar a carga horária para 4 horários por dia, aumentar mais o tempo de
estágio no asilo...”

67
“Como temos um novo centro de idosos abrindo, nos dessem oportunidades para
quem realizou o curso e sim os que passaram no concurso terão que aperfeiçoar
em cuidador de idosos, porque não nós?”

“Consertar os vídeos e DVDs, pois, todos as vezes que os professores precisavam


estavam com algum defeito. Ser colocado tanto papel toalha como papel higiênico
nos banheiros, que sempre que precisávamos não tinha, não haver dois ou três
horários de um professor”.

“Deverá ser passado em maior espaço de tempo, pessoas mais capacitadas para
monitorar a televisão e o DVD”.

“Em primeiro lugar quero parabenizar os professores! Para quem trabalha e


sempre chegou atrasado, negociava o horário...”

“Eu acho que poderia melhorar o curso, deveria ser mais tempo para aprofundar
mais, foi muito bom para melhorar, lutar e nos comunicar para fazermos...”

“Gostei de fazer o curso, espero que o próximo seja mais duradouro!”

“Gostei muito do curso, mas gostaria que a carga horária com apenas um
professor, para ocupar 3 horários consecutivos é desgastante e cansativo!”

“Na minha opinião perguntar para as pessoas individualmente se ela aceita as


regras, se ela gosta de cuidar de idosos, se ela pretende seguir a profissão, eu falo
regras porque eu observei que muitos alunos não tem afinidade com o curso,
atrapalhando a aula, desinteressando outros alunos com conversa”.

“Não colocar dois horários seguidos do mesmo professor, a aula fica muito
cansativa!”

“O curso foi muito bom só deveria ter mais tempo!”

“O curso foi ótimo e um conhecimento para toda minha vida!”

“Os horários deveriam ser intercalados. Três horários com o mesmo professor é
muito cansativo. A sala de secretária onde fica a coordenação do curso, deixou

68
muito a desejar no final. Lá está afixado um horário de funcionamento: 18:30h às
22:30h. No final ninguém encontrava a coordenadora ou a secretária...”

“Os recursos audiovisuais devem ser melhorados e o horário para pessoas que
trabalham deviam ser flexíveis. Nada é tão bom que não possa ser melhorado!”

“Que os instrutores conheçam mais a realidade dos asilos, visite-os, antes de


administrar o curso!”

“Será melhor ministrado o curso em salas maiores, melhores cadeiras, melhores


banheiros e maior presença da secretaria!”

“Sugiro que nós passamos ter o técnico de cuidador de idosos”.

“Ter mais cursos de cuidador de idosos e aumentar as aulas”.

E daqueles que são cuidadores de idosos e fizeram o Curso de Qualificação:

“Fazer caravanas nas instituições com os alunos”.

“Gostaria de parabenizar a todos os envolvidos na realização deste curso. Muito


bom, proveitoso. Obrigado e parabéns!”

“Gostaria que a escola continuase [sic] com esses cursos e sempre fazendo
reciclagem com novidades em técnicas e maneira para que eu posso prestar
melhor trabalho com o idoso”.

“Gostaria que o curso cuidador de idoso fosse reconhecido pelo órgão, tipo
COREN”.

“Não estou trabalhando mas ajudo a cuidar de minha sogra, mãe e pai que são
idosos”.

“O curso deveria aprofundar mais podendo assim colocar os cuidadores de idosos


aptos p/ [sic] qualquer situação”.

69
“Para mim, que não sou auxiliar e nem cuidador, o curso foi de grande proveito.
Aprendi muito e pretendo colocar tudo em prática. No final curso não gostei, não
sei se porque conteúdo acabou, o nível das aulas caiu”.

“Quando colocar um idoso nestes lugares vai vizita-lo [sic] não deixe ele
abandonado”.

“Que os supervisores do curso, tenham mais contato com a realidade do idoso,


visite mais os asilos, porque falar do idoso é fácil, difícil é lidar com o idoso”.

“Sim falta um reconhecimento melhor sobre a remuneração salarial, porque temos


que fazer o melhor e receber o melhor, e precisa uma contratação maior nessa
área”.

6.3 Os processos de formação para cuidadores de idosos na perspectiva


dos docentes

Em relação à análise do processo de formação para cuidadores de idosos na


perspectiva dos docentes, os professores que se disponibilizaram a responder foram nove
(9) dos 15 abordados, totalizando um retorno de 60%.
Em se tratando do perfil de escolaridade deles, basicamente é formado por
profissionais com especialização lato sensu; apenas um professor possuía Mestrado em
Demografia e outro docente, com ensino médio (curso Técnico em contabilidade), sendo
que os dois últimos ministraram aulas no curso de capacitação. Dos docentes entrevistados,
77, 8% não possuem capacitação ligada à área de gerontologia ou geriatria. Apenas 11,1%
trabalham em instituição que possui no quadro de funcionários o cuidador de idoso. As
áreas de graduação que compõem o quadro de docentes dos cursos são: Enfermagem (03);
(01) Terapia Ocupacional; (01) Ciências Sociais; (01) Ciências Econômicas; (01) Serviço
Social, e um professor não informou qual a formação.
O perfil de escolaridade da equipe de docentes que integrou o processo de formação
do cuidador de pessoas idosas possuía uma diversidade necessária ao trabalho

70
interdisciplinar. Conforme afirmam Motta, Caldas e Assis (2008), a interdisciplinaridade é
estratégia principal para a construção e aplicação de conhecimentos da Gerontologia, pois
esta área envolve a integração de vários aspectos para a compreensão do envelhecimento.
A ligação com a busca pela integralidade também é outro fator que demonstra a relevância
da equipe interdisciplinar.

A formação de recursos humanos na área de saúde do idoso está vinculada a uma


compreensão de processo de envelhecimento e suas repercussões
biopsicossociais, em face da qual se impõe a necessidade do trabalho
interdisciplinar à luz de novos paradigmas sobre saúde-doença, papel e objetivos
do profissional de saúde. Estes pressupostos importam no controle e habilidades
a serem desenvolvidos durante o treinamento (Motta, Caldas, Assis, 2008, p.
1145).

Sobre o aluno

De acordo com os professores, em relação aos alunos que participaram dos


processos de formação foi colocado que: 67% dos alunos possuíam algum conhecimento
prévio sobre “cuidar de idosos”; 78% participaram de algum curso relacionado à área da
saúde; sobre ter experiências anteriores como cuidador de idosos, os professores afirmaram
que 67% dos alunos possuíam.
Seguindo a percepção dos professores sobre os alunos, 78% julgam que ao final do
curso os alunos conseguiram assimilar os conhecimentos necessários ao exercício do
trabalho como cuidador de idoso. Nos depoimentos abaixo, percebe-se que um professor
chamou atenção para o fato de alguns alunos possuírem conhecimentos prévios sobre a
saúde/enfermagem.

“Com relação aos meus alunos, 80% deles já tinham experiência com cuidados
aos idosos, pois além do curso de formação de cuidadores, eram técnicos de
enfermagem”.

“Com o passar do curso foi percebido um crescimento muito grande dos alunos,
principalmente nas dúvidas esclarecidas e na possibilidade da conciliação teoria e
prática”.

71
“Os alunos que fizeram o curso com o objetivo de aprender e não apenas de
receber o certificado, conseguiram assimilar o conhecimento necessário, levando
em consideração o empenho dos professores em executar as disciplinas com
vídeos, trabalhos e palestras com profissionais da área”.

Quanto à percepção dos professores sobre os alunos como futuros profissionais


cuidadores de idosos, ponderando a análise com questões sobre o sistema de saúde, os
processos de formação/escolaridade, o mercado de trabalho em saúde e o contexto de
envelhecimento populacional, os docentes do curso destacam que a demanda por este
profissional é crescente devido ao envelhecimento populacional; às iniciativas do Estado,
como a criação do Estatuto do Idoso; e, por outro lado, um professor destaca que ainda há
necessidade de reconhecimento deste profissional, vindo principalmente do Estado.

“É um mercado promissor, tendo em vista o aumento da longevidade da


população brasileira e consequentemente o aumento de doenças crônicas,
principalmente as degenerativas”.

“Acredito que o campo para o profissional Cuidador de Idosos tende a expandir


de maneira surpreendente, levando em conta não somente os itens mencionados,
mas também diante da exigência do cumprimento do Estatuto do Idoso”.

“Avalio que a inserção do profissional cuidador de idosos no sistema público de


saúde demanda um processo de constituição de política pública, uma vez que
ainda que reconhecida a importância da atuação profissional, ainda faz-se
inexistente a regulamentação de procedimentos e a inclusão desta categoria em
Portarias Ministeriais, bem como incipiente respaldo em termos de Política
Nacional do Idoso. Localmente, vislumbro uma possibilidade interessante para a
inserção dos cuidadores formais, em função do pólo acadêmico e da saúde ser
abrangente, o que justifica ampla divulgação para fins de reconhecimento e
demanda para tais profissionais”.

“Em toda esta temática e sendo coordenadora de Enfermagem de uma instituição


asilar, tenho sido posta frente a frente a um problema: a família procura por um
cuidador que tenha conhecimentos exclusivos de enfermagem, dificultando assim o

72
ingresso do cuidador no mercado de trabalho, por isso acredito que uma maior
ampliação dos conteúdos trabalhados durante o curso, valorizariam mais este
profissional e o tornaria mais adequado ao mercado de trabalho”.

Sobre o curso

Buscou-se conhecer, por meio da atribuição de conceitos, a opinião dos docentes


sobre alguns quesitos/aspectos do processo de formação. Os resultados encontram-se no
quadro 3.
Os docentes avaliaram o conteúdo programático como ótimo; sobre a carga horária
78% dos docentes a consideraram como boa; para 67% dos professores abordados o
estágio pode ser avaliado como ótimo; e entre os itens avaliados como regular ou ruim,
percebe-se que 44% consideram o material didático como regular e 34% afirmam que a
biblioteca é regular.

QUADRO 3: Opinião dos docentes sobre os processos de formação para cuidadores


de idosos, Montes Claros/MG, 2009

Conceitos (em %)
Item avaliado Não
Ótimo Bom Regular Ruim Respondeu
Conteúdo programático 100 - - - -
Carga horária 11 78 11 - -
Estágio 67 11 - - 22
Outros ambientes de aprendizagem 11 45 22 - 22
Material didático 11 45 44 - -
Audiovisuais 22 34 33 11 -
Biblioteca 11 33 34 22 -
Sala de aula 33 67 - - -
Atendimento a sua expectativa 33 56 11 - -
Alunos 22 45 33 - -
Fonte: Trabalho de campo, 2008/2009.

No que se refere à carga horária dos cursos, para 67% dos professores abordados é
considerada como suficiente para uma formação de qualidade. Não obstante, cabe aqui
colocar algumas observações que foram levantadas entre os docentes que consideram a
carga horária insuficiente:

73
“Os conteúdos trabalhados foram de acordo com as necessidades de
conhecimentos do cuidador de idosos no desenvolver de suas atividades e
despertam o interesse dos alunos, entretanto, ressalta-se que com maior tempo
disponível, os assuntos poderiam ser mais trabalhados e melhor assimilados”.

“A carga horária permitiu contemplar uma parcela do que é necessário; apesar de


ser um curso de capacitação [tratado neste documento como Curso de
Qualificação] deveria ter uma carga horária maior”.

A disciplina trabalhada foi considerada por 100% dos professores de acordo com a
demanda para a formação dos cuidadores de idosos; ao avaliarem sobre a coerência entre
os propósitos das ementas que constituíam as disciplinas trabalhadas, 78% dos professores
afirmaram que a relação com os objetivos do curso está ótima, enquanto 22% responderam
bom; as repostas demonstram que as disciplinas trabalhadas estão interligadas aos
objetivos do curso, já que não houve resposta para regular ou ruim.
Ao expressarem suas percepções sobre a relação do conteúdo estudado com a
prática profissional, ou seja, com as necessidades dos serviços, todos os professores
entrevistados afirmam que existe esta relação. Segundo 89% dos docentes o processo de
formação contemplava, além das disciplinas teóricas, atividades práticas relacionadas aos
objetivos da formação para cuidadores de idosos.
Os docentes foram unânimes ao responderem sobre as oportunidades estabelecidas
aos alunos durante o processo de formação, que permitiram a troca de experiência e
conhecimento, visando o enriquecimento do trabalho como cuidador. Ao serem
questionados sobre a presença de metodologias que objetivassem a integração
ensino/serviço ou teoria/prática, 100% dos professores responderam que é possível afirmar
que houve tal integração. Esse consenso demonstra que o trabalho desenvolvido durante o
processo de formação buscou não limitar aos conhecimentos dos professores, não estava
centrada na figura do professor ou apenas em teoria, mas buscou-se desenvolver uma
prática dialógica, indo além de questões instrumentais, comprometida com reflexão
contextualizada das experiências vivenciadas por cada aluno/profissional e a teoria
trabalhada.
De acordo com Candau (1994), o processo ensino-aprendizagem possui três
dimensões: a humana, a técnica e a política, que se complementam e não se contrapõem, e
no centro situa-se a temática trabalhada. A autora considera um desafio superar uma visão

74
reducionista ou justaposta da relação entre as três dimensões e seguir em direção a uma
articulação entre elas, pois a mútua implicação não se efetiva automaticamente.
Sobre a dimensão político-social, cabe destacar:

Se todo o processo ensino-aprendizagem é “situado”, a dimensão político-social


lhe é inerente. Ele acontece sempre numa cultura, específica, trata com pessoas
concretas que têm uma posição de classe definida na organização social em que
vivem. Os condicionamentos que advêm desse fato incidem sobre o processo
ensino-aprendizagem. A dimensão político-social não é um aspecto do processo
de ensino-aprendizagem. Ela impregna toda a prática pedagógica que, querendo
ou não (não se trata de uma decisão voluntarista), possui em si uma dimensão
político-social (Candau, 1994, p. 14).

Os professores foram questionados se durante o processo de formação de


cuidadores de idosos foram contemplados no currículo, nas atividades didáticas, na
avaliação, conhecimentos importantes para o cotidiano de trabalho dos profissionais/alunos
quando se retirassem da sala de aula e fossem para a prática do cuidar. Para essa questão, a
totalidade dos sujeitos entrevistados considera que sim, o que é confirmado em
justificativas como:

“Contemplou todos os aspectos sociais, biopsicossociais e culturais que envolvem


a vida de um idoso. Portanto, através desse conhecimento, o cuidador adquire
habilidades e atitudes necessárias para resolver ações relacionadas ao idoso”.

“Os conteúdos teóricos foram trabalhados à luz da experiência prática com casos
clínicos trazidos à aprendizagem; as disciplinas contemplaram a formação
interdisciplinar demandada pela área de Gerontologia e Geriatria”.

“Os alunos se dedicaram e estão aptos a desenvolver suas atividades, os


conhecimentos que foram repassados foram suficientes para o desenvolver [sic] de
suas atividades, a melhora virá através da prática, tempo e na busca do
conhecimento e aperfeiçoamento que deve ser constante”.

Tratando-se de uma avaliação geral dos cursos, os professores que classificaram os


cursos como “ótimo” foram 56% e, na alternativa “bom”, 44% dos respondentes. Entre as

75
sugestões para a melhoria dos processos de formação para cuidadores de idosos estão:
aumento de carga horária; realização de capacitação pedagógica para os professores, uma
vez que os profissionais não possuem formação específica para o exercício da docência;
aumento do acervo da bibliografia direcionado às áreas temáticas de cada disciplina.
Nesse sentido, é importante trazer para o debate o papel das políticas públicas para
a formação e educação permanente; conforme afirma Germano et al. (2007), é fundamental
pensar em investimentos em educação que busque a interdisciplinaridade, a articulação
entre educação/saúde/trabalho, a superação de práticas flexinerianas e o incentivo à
inclusão de dimensões éticas e humanas.

76
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade desenvolvida teve como principal objetivo diagnosticar os processos de


formação de cuidadores de idosos no município de Montes Claros/MG, especificamente
aqueles oferecidos pela UNIMONTES. Procurou-se construir um diagnóstico com base em
informações coletadas por meio de entrevistas e aplicação de questionários junto aos
docentes e alunos que participaram dos Cursos de Qualificação e Sequencial.
A reconfiguração do perfil demográfico da população mundial no que diz respeito
ao aumento da expectativa de vida, diminuição da mortalidade, queda da fecundidade e
consequente envelhecimento populacional demanda das famílias maior atenção/cuidado
para com seus idosos e do Estado políticas públicas que atendam às necessidades de saúde
desse grupo, pois é um fato que envolve questões que transcendem o ambiente familiar.
Os anos passam e a fragilidade chega às vidas dos idosos, sensibilidades que
alteram o estilo de vida; o processo de envelhecimento acarreta problemas de saúde,
compromete funções; todo esse processo, muitas vezes, leva os idosos, ou as famílias dos
idosos a buscarem alguém para auxiliar na execução de ações cotidianas, que em outras
fases da vida não precisariam. Nesse momento, surge a necessidade do cuidador de idosos,
podendo ser formal (contratado) ou informal (um familiar).
O trabalho desenvolvido pelo cuidador possue dimensões complexas, que pode
gerar angústia, insegurança; envolvem questões éticas, respeito, zelo; outra característica
importante é de ser um profissional que lida com a saúde do idoso. A atenção à saúde do
idoso cresce a cada dia em todo o mundo e o atendimento especializado nos serviços de
saúde tem o propósito de prevenir doenças, tratar, reabilitar e ainda oferecer novos serviços
assistenciais, de modo a garantir-lhes a independência no meio em que vivem.
Nesse sentido, chama-se a atenção para a necessidade de formação/capacitação dos
trabalhadores que irão atender ao idoso, sendo uma das diretrizes reconhecidas na Política
Nacional de Saúde do Idoso – PNSI.

Os cuidadores estão entre os profissionais a serem capacitados e têm um


importante papel em auxiliar os idosos nas adaptações físicas e emocionais
necessárias para o autocuidado. O artigo 3º da portaria interministerial 5.153
determinou a elaboração de protocolos para capacitação de diferentes
modalidades de cuidadores: familiar (formal e informal) e institucional. Um
ambiente (recursos físicos e pessoais) responsivo e adequado ao desempenho
funcional e competência comportamental dos idosos os tornam adaptados,
contribuindo assim para seu bem-estar (Ribeiro et al., 2006, p. 1.286).

77
Preocupados com essa nova realidade, a UNIMONTES, em parceria com a
FADENOR, ofereceu o Curso Superior de Formação Específica – Sequencial Cuidador de
Idoso, em 2006 e 2007, auto-financiado.
A Escola Técnica de Saúde da UNIMONTES, em 2008, também por meio de
parceria com o Ministério da Saúde, foi uma das seis ETSUS que ministrou o Curso de
Qualificação do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência, ratificando o
reconhecimento da importância da qualificação desses profissionais.
Conforme Brasil (2007), fica definido como resultado esperado validar o perfil
profissional do Cuidador de Pessoas Idosas com Dependência, apoiar em todas as ETSUS
outras iniciativas para esta qualificação, aumentando o número de pessoas qualificadas
para desenvolver o trabalho do cuidar de pessoas idosas, e assim consequentemente
contribuir com a melhoria da qualidade de vida destas pessoas, estabelecendo de fato uma
ação de promoção da saúde. Ainda, elaborar estratégias pedagógicas e gerenciais para
novas políticas para o atendimento desta necessidade.

[...] recomendado uso de metodologias mais ativas, participativas e críticas,


como é o caso da Metodologia da Problematização, que tem como pressuposto
que uma pessoa só conhece bem algo quando o transforma, transformando-se ela
também no processo, Bordenave & Pereira (1982, p.10) apresenta a solução de
problemas como uma forma de participação ativa e de diálogo constante entre
alunos e professores para se atingir o conhecimento. Não um problema qualquer,
ou imaginado pelo professor para estimular o potencial intelectual do aluno, mas
problemas reais, percebidos pela observação direta da realidade em foco (Brasil,
2007, p. 8).

O debate aqui apresentado possui ainda uma dimensão reflexiva no intuito de


contribuir no entendimento de questões relacionadas a esse novo profissional que será cada
vez mais demandado pelos serviços públicos e pelas famílias; sobre a necessidade de
oportunidades para formação, o que contribuirá na construção do SUS, atendendo
demandas de um grupo populacional que cresce consideravelmente.
A análise dos documentos dos cursos – projetos e relatórios –, indicam semelhanças
entre os dois cursos, como a busca pela capacitação do aluno para o trabalho em equipe
multiprofissional e uma formação pautada por uma nova mentalidade que considere, para
além das patologias inerentes a esta fase da vida, as questões sociais que determinam
atitudes de rejeição ou acolhimento, e que percebe a velhice, a doença, a dependência e a
morte como parte da vida.

78
Em se tratando do perfil de morbi-mortalidade dos idosos residentes no município
de Montes Claros/MG, registra-se um padrão conformado por doenças crônico-
degenerativas, em ordem, as doenças do aparelho circulatório, neoplasias, doenças do
aparelho respiratório e do aparelho digestivo. Faz-se indispensável citar a premente
necessidade de melhoria dos dados de mortalidade, haja vista os percentuais de óbitos
classificados no grande grupo de “causas mal definidas”.
Sobre os alunos dos cursos analisados, as informações ressaltam a importância das
mulheres nas atividades do cuidado e denotam o interesse de jovens para este novo
trabalho (novo no sentido de maior procura em decorrência do envelhecimento
populacional em curso e do advento dos processos de formação). A raça/cor predominante
é a parda, em consonância com outros resultados referentes a essa variável.
Do total dos alunos abordados, 15,4% e 34,4% dos Cursos Sequencial e de
Qualificação, respectivamente, trabalham como cuidadores de idosos; (a maioria) cuida de
idosos dependentes; são contratados pela CLT e estão em exercício nos asilos; e os salários
predominantes são de 1 a 2 salários mínimos. A escolha da profissão fundamenta-se na
vocação e no mercado crescente. No que diz respeito às atividades desenvolvidas como
cuidadores de idosos, observa-se uma gama enorme de tarefas, para além das integrantes
das atividades da vida diária – AVD e das atividades instrumentais da vida diária – AIVD.
Em decorrência, as dificuldades mesclam desde a dificuldade de lidar com perdas e morte
e falta de apoio da família, até ações que exigem maior qualificação, como administração
de medicamentos.
Essas informações, somadas à baixa inserção dos alunos egressos desses cursos,
como também aos salários percebidos, à discussão sobre o limite de ação dos cuidadores
de idosos, à falta de reconhecimento da profissão e às exigências da profissão, ressaltam a
necessidade de se colocar na pauta dos debates o tema, instigando a elaboração de políticas
públicas que busquem contemplar as diversas dimensões anunciadas.
Na perspectiva dos docentes, nos processos de formação para cuidadores de idosos
destaca-se que a prática pedagógica buscou ir além dos conhecimentos técnico/teóricos;
pois ao serem questionados sobre a presença de metodologias que objetivassem a
integração ensino/serviço ou teoria/prática, 100% dos professores responderam que é
possível afirmar que houve tal integração. Esse dado é um indicador que o trabalho
desenvolvido durante o processo de formação buscou não limitar aos conhecimentos dos
professores, apenas em teoria, mas buscou-se desenvolver uma prática dialógica, indo além

79
de questões instrumentais, comprometida com reflexão contextualizada das experiências
vivenciadas por cada aluno/profissional e a teoria trabalhada.
O perfil de escolaridade da equipe de docentes que integrou o processo de formação
do cuidador de pessoas idosas demonstra a busca por um trabalho interdisciplinar.
Conforme afirmam Motta, Caldas e Assis (2008), a interdisciplinaridade é estratégia
principal para a construção e aplicação de conhecimentos da Gerontologia, pois esta área
envolve a integração de vários aspectos para a compreensão do envelhecimento. A ligação
com a busca pela integralidade também é outro fator que denota a relevância da equipe ser
interdisciplinar.
Na visão dos discentes, o curso proporcionou novos conhecimentos e motivou a
reflexão e mudanças de alguns conceitos e pontos de vista, para aproximadamente a
totalidade dos alunos de ambos os cursos. O curso permitiu a troca de experiências, e as
disciplinas foram coerentes com os objetivos da formação. A avaliação dos professores, na
perspectiva dos alunos, foi positiva, oscilando entre as categorias “ótimo” e “bom”.
Ressalta-se que, em alguns quesitos, a avaliação dos alunos do Curso Sequencial foi mais
crítica, no sentido de apresentar maior variabilidade de respostas.
A despeito da avaliação positiva dos dois cursos e nas percepções dos alunos e
professores, há que se investir na revisão das respectivas propostas de formação à luz das
sugestões/críticas coletadas neste diagnóstico, no sentido da fala de um aluno do Curso de
Qualificação:

“Nada é tão bom que não possa ser melhorado!”

Por fim, ressalta-se o valor deste diagnóstico, considerando-se que os resultados


apresentados aqui possam ser subsídios para ações e formulação de políticas públicas, ora
de formação de cuidadores de idosos, ora de apoio a estes profissionais, tendo em vista a
importância crescente de seus trabalhos no panorama de envelhecimento demográfico.

80
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