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Viver com o

Senhor
Witness Lee

CONTEÚDO

1. O desejo de Deus é que vivamos com Ele.


2. Por em prática viver com o Senhor.
3. Viver com o Senhor e amá-lo.
4. Receber o abundante dispensar do Espírito a fim de crescer, ser
transformados e conformados.

PREFÁCIO

Este livro é uma tradução de mensagens dadas em chinês pelo irmão Witness Lee
em uma conferência celebrada de 26 a 31 de agosto de 1975, na igreja em Taipé.

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CAPÍTULO UM

O DESEJO DE DEUS É QUE VIVAMOS COM ELE


Leitura bíblica: Jo. 1:4, 12-14, 29; 14:16-20, 23; 15:4-5; 17:21, 23; 6:57

Damos-te graças Senhor por permitir que nos reunamos outra vez em Seu nome, pois podemos
adorá-lo e liberar nosso Espírito. Podemos liberar nosso Espírito de maneira audível ou
silenciosa. Qualquer das duas maneiras nos permite liberar nosso Espírito, desde que usemos
nosso Espírito e que não permaneçamos em nossa mente. Creio firmemente que através desta
serie de mensagens o Senhor nos concederá Sua graça e fará que avancemos.

DEUS TEM UM PLANO GLORIOSO E O TEM CONSUMADO EM CINCO GRANDES ATOS

Nosso Deus tem um propósito e uma obra. A Bíblia revela que na eternidade passada Deus fez
um plano baseado em Seu propósito. Este plano foi feito segundo o desejo do coração de Deus.
Deus tinha um desejo, um beneplácito, em Seu coração, e de acordo com este desejo o
beneplácito, Ele fez um plano glorioso na eternidade passada. Tal plano pode parecer-nos
bastante simples, mas intrinsecamente é, na verdade, mistérioso. Este plano consiste em que
Deus obtenha um grupo de pessoas como vaso corporativo que O contenham a fim de que Ele
possa ser expresso por meio deles.

O plano de Deus consiste em que Deus se expresse a Si mesmo. Deus é um Deus mistérioso e
que se esconde. Ainda que alguém o busque nos céus, na terra e em todo o universo, não é fácil
encontrar a Deus. Parece que há muitas coisas no universo, e que Deus nem existe; entretanto,
sabemos que sobre todas as coisas e em meio a tudo isso, Deus, sim existe. Deus é verdadeiro,
real e vivificante, mas está escondido e oculto. Deus está escondido, mas a Bíblia nos mostra
que Ele deseja ser expressado. Deus, em Si mesmo, está oculto de nós, mas ao entrar em nós,
Ele pode ser expressado por meio de nós. Ainda que Deus seja um Deus que se esconde, nós
podemos expressá-lo; de fato, Sua expressão depende de nós. Este é o desejo eterno do coração
de Deus. Isto é o que Ele dispôs de acordo com Seu plano eterno.

Posto que Deus tem um plano, Ele também labora para realizá-lo. A Bíblia começa com um
relato sobre a primeira obra de Deus — a criação —, e termina apresentando-nos uma cidade
chamada “a santa cidade, a Nova Jerusalém” (Ap. 21:2). Esta cidade não é resultado da obra
criadora de Deus, mas de Sua obra edificadora. Deus começa com a criação e termina com a
edificação. A criação é Seu primeiro passo, e a edificação Seu passo final. A criação efetuada por
Deus tem como fim o edifício de Deus. Estes dois — a criação de Deus e o edifício de Deus—
levam a cabo o plano eterno de Deus e cumprem o desejo eterno de Seu coração.

Entre os dois extremos da Bíblia, ou seja, entre a criação e o edifício, Deus executa cinco passos
principais e consuma cinco fatos principais, a saber: a redenção, a regeneração, a transforma-
ção, a conformação e a glorificação. Devemos gravar estes cinco fatos principais em nosso
coração. Pelo fato de que éramos pessoas caídas, Deus veio redimir-nos; logo, depois de efetuar
redenção, Deus no Filho entrou em nós para ser nossa vida. Agora, além de nossa vida natural,
temos uma vida espiritual: a vida divina. Esta vida nos regenerou, fazendo-nos nascer de novo.
Uma vez que temos sido regenerados, esta vida em nosso interior começa a transformar-nos
mediante um processo metabólico, infundindo em nós a própria natureza de Deus. Posterior-

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mente, além de transformar-nos, Deus dá outro passo conformar-nos a Sua imagem. Todos os
crentes gradualmente obterão a imagem de Deus e serão como Ele. Finalmente, Deus nos
introduzirá na glória, fazendo-nos a Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é o edifício de Deus.
Esta é uma visão panorâmica de toda a Bíblia. Em princípio a Bíblia fala da obra criadora de
Deus, e no final, fala do edifício de Deus. Entre estes dois extremos, a Bíblia revela a obra que
Deus realiza a fim de redimir-nos, regenerar-nos, transformar-nos, conformar-nos a Sua
imagem e introduzir-nos na glória. Nenhum destes grandes fatos se conforma ao nosso conceito
religioso ou natural.

DEUS DEU DOIS PASSOS PARA LEVAR A CABO SEU PLANO

Agora consideremos como Deus leva a cabo Seu plano. Com palavras simples esperamos
apresentar um quadro da maneira em que Deus consegue isto. A fim de levar a cabo Seu plano,
Deus dá dois passos. O primeiro passo foi que Deus se fez carne. Se Ele não se tornasse carne,
não haveria como efetuar a redenção. Assim que, a fim de redimir-nos, Deus veio do céu a terra,
introduziu a divinidade na humanidade e se fez carne. Aquele que se fez carne, Deus mesmo, é
Jesus Cristo nosso Senhor. Nunca deveríamos tentar encontrar Deus fora de Jesus Cristo, pois
fora de Jesus Cristo não existe Deus verdadeiro. Jesus Cristo é Deus mesmo, o Senhor de toda a
criação, o próprio Jehová. Você crê em Deus? Se você crê em Deus, deve crer em Jesus Cristo. Os
judeus creem em Deus, mas negam a Jesus Cristo; portanto, eles não têm a Deus porque Jesus
Cristo é Deus, e Deus está em Jesus Cristo. Deus se fez carne: uma pessoa histórica, real, que
nasceu em uma humilde casa faz mais de mil novecentos setenta anos. Ele viveu na terra como
homem por mais de trinta anos e, no final de Sua vida, foi cravado na cruz, e alí derramou Seu
precioso sangue para efetuar a redenção e assim resolver o problema correspondente a nosso
pecado e a toda coisa negativa. Este foi o primeiro passo que Deus deu para levar a cabo Seu
plano eterno, a saber: Deus se fez carne a fim de redimir-nos.

O primeiro passo foi que Deus se fez carne, e o segundo, que Ele se tornou o Espírito vivificante
(1 Co. 15:45). Deus, a fim de redimir-nos, entrou na morte e passou por ela. Ele fez uma viagem
passando pela morte, mas a morte não teve nenhum efeito sobre Ele e não pode causar-lhe
dano algum. A morte não o tornou prisioneiro; pelo contrário, Ele mesmo entrou na morte por
Sua própria vontade, se entregou a morte e permitiu que a morte fizesse com Ele tudo o que ela
pudesse. Finalmente, a morte não teve poder algum, foi assim que Ele passou pela morte e saiu
dela. Esta foi Sua ressurreição. Na ressurreição Ele se tornou Espírito vivificante. O primeiro
passo foi que Deus se fez carne; o segundo passo foi que Ele se tornou Espírito vivificante. Ele
se fez carne a fim de redimir-nos, e se fez Espírito vivificante para entrar em nós e ser nossa
vida. Hoje este Espírito vivificante é onipresente, ou seja, Ele está nos céus e na terra, sobre nós
e debaixo de nós, dentro de nós e fora de nós. Deus se fez carne para efetuar a redenção, e se fez
o Espírito para ser nossa vida.

DEUS DESEJA QUE PAREMOS A FIM DE QUE VIVAMOS POR ELE

O Senhor Jesus mora em cada um de nós que temos crido nEle. Ele está em nós, e não quer que
façamos nada. Isto difere por completo de nosso conceito religioso. O conceito religioso sempre
afirma que devemos fazer muitas coisas e que devemos esforçar-nos por ser um marido ou
esposa apropriada; e temos ouvido suficiente tal ensino. Agora quero dizer-lhes, no Senhor, que
o mesmo Senhor Jesus dentro de vocês não quer que vocês façam nada. De todos os modos, não
podemos fazer nada, e inclusive se fizermos, não terá valor algum. O Senhor nos disse
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claramente em João 15: “Porque separados de Mim nada podeis fazer” (v. 5b). Entretanto, temo
que muitos creem que separados do Senhor eles possam fazer muitas coisas. Certamente,
separados do Senhor podemos fazer muitas coisas, tal como irarmos e lançar coisas sobre os
demais. Se uma esposa está separada do Senhor, ela inclusive pode roubar dinheiro de seu
marido, e se um marido está separado do Senhor, é capaz de mentir pra sua esposa. Podemos
fazer muitas coisas separadas do Senhor; entretanto, tudo o que façamos não tem valor algum.
Portanto, o Senhor disse: “Separados de Mim nada podeis fazer”. Assim que, todos deveram
parar por completo seu agir. Necessitamos parar de ser humildes e desistir de amar aos demais.
Quer tenhamos mais de sessenta anos ou que sejamos adolescentes, devemos parar por
completo nosso agir. Se tratarmos de fazer algo, será inútil, porque separados dEle nada
podemos fazer. A maneira para sermos abençoados consiste em demitir e desistir,
interiormente, de nosso agir. Então o próprio Senhor Jesus será quem viverá em nós. O Senhor
disse: “Permanecei em Mim, e Eu em vós” (v. 4). Mais adiante disse: “Porque Eu vivo, vós
também vivereis” (14:19b). O Senhor, ao declarar estas palavras, parecia dizer: “Eu quero que
vivas em Mim, e quero viver contigo. Tu e Eu devemos viver juntos e agirmos juntos”.

Creio que todos têm ouvido este ensino antes. Entretanto, devemos reconhecer que em nosso
viver não temos muita experiência disto. De agora em diante, devemos ser estritos com relação
a este assunto. Devemos dizer: “De agora em diante, não deve ser eu quem viva. Deve ser Cristo
quem vive em mim. Quando amar a outros, não quero ser eu que os ama; mais, deve ser Cristo
em mim quem os ama. Inclusive quando canto hinos ou oro, não deve ser eu quem ora e canta,
sim, Cristo em mim”.

Muitas vezes os jovens cristãos têm-me perguntado se devem fazer certas coisas ou não.
Quando me fazem este tipo de pergunta, respondo frequentemente que não é questão de se
podemos fazer algo ou não; mais, o importante é que perguntemos ao Senhor. Por exemplo, se
queremos ir ao cinema, simplesmente devemos dizer ao Senhor: “Senhor, minha ida ao cinema
é Tua ida também. Verei este filme em Ti”. Se formos capazes de dizer estas palavras ao Senhor,
então podemos ir ao cinema. Quando respondo aos jovens desta maneira, com frequencia eles
dizem: “Sei que Jesus não vai ao cinema, assim não posso dizer tais palavras. Portanto, não
posso ir ao cinema”.

Uso este exemplo para mostrar-lhes que a verdadeira vida cristã não é algo que procede de nós
mesmos; ou seja, não procede de nosso próprio agir ou de nosso comportamento. A verdadeira
vida cristã é o viver do Senhor Jesus dentro de nós; é o Seu viver, não o nosso. Muitos cristãos
têm ouvido este ensino, mas muito poucos o vivem. Meu encargo ao ter comunhão com vocês a
respeito deste assunto é que hoje tomemos a decisão de que nosso viver seja o viver do Senhor
Jesus, que nosso viver seja o Senhor Jesus quem viva em nós.

Todos deveriam ver que o Senhor tem de fato algo grande. O Senhor não só resolveu na cruz
nosso problema com respeito ao pecado, e sim que, além disso, Ele é agora o Espírito. Ele, como
Espírito, entrou em nós. Agora, Ele deseja viver em prol de nós e que nós vivamos juntamente
com Ele. Esta é a característica única de um cristão. Um cristão normal é aquele em quem o
Senhor Jesus, como Espírito vivificante, vive dentro de seu Espírito. Nenhum cristão deve viver
por Si mesmo. Todo crente é aquele em quem Cristo vive. Assim que, devemos parar nosso agir
e desistir de nosso próprio viver.

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DEVEMOS POR EM PRÁTICA VIVER COM O SENHOR EM NOSSA VIDA DIÁRIA

Devemos por em prática viver com o Senhor em nossa vida diária. Entretanto, eu sei que na
prática muitos de nós descuidamos disto. Quando vamos à reunião, o Senhor deve acompanhar-
nos em nossa ida; vamos à reunião porque o Senhor em nós vai à reunião. Devemos levar uma
vida, um viver e um mover juntamente com o Senhor. Ao irmos à reunião, devemos perceber
em verdade que não vamos só, e sim que o Senhor e nós vamos juntos.

O ensino que recebemos na reunião é muito claro: morremos e fomos sepultados, assim que
não somos nós que vivemos, mas Cristo vive em nós. Entretanto, quando estamos atarefados
em nossa vida diária, o Senhor Jesus não está presente. Estamos ocupados com muitas coisas
todo o dia, mas o Senhor Jesus está ausente. Exteriormente, pode parece que somos cristãos
ferventes, mas em realidade o Senhor não está presente em toda nossa atividade frenética.
Pode ser que estejamos tão ocupados que não nos damos conta, até que nos sentamos para
começar a reunião e, descobrimos que temos abandonado o Senhor e que Ele não está conosco.

Devemos receber a visão de que, como pessoas salvas, o Senhor está dentro de nós e é um
conosco. Não podemos separar-nos dEle. Ele é nossa vida por dentro, e não quer que
continuemos viviendo por nós mesmos. Em nosso viver diário, em assuntos grandes e
pequenos, devemos aprender a parar e dizer ao Senhor: “Senhor, Tu estás aqui comigo, e eu
vivo por Ti”. Quando vamos reunir-nos, devemos dizer-lhe: “Senhor, Tu vais à reunião, e eu irei
contigo. Irei à reunião em Ti”. Se orarmos desta maneira, espontaneamente viveremos com o
Senhor ao entrar no salão de reunião. Como resultado, não murmuraremos nem
perguntaremos a respeito disto ou daquilo, pois o Senhor não faz isso. Quando estivermos na
reunião, cooperaremos com o Senhor e permitiremos que Ele flua desde o nosso interior ao
louvar, testificar, cantar ou invocar o nome do Senhor. Hoje, o Senhor necessita de um grupo de
pessoas sobre a terra que se conduza desta maneira.

Hoje, todos devemos nos arrepender e confessar respeito a uma coisa em particular. Devemos
nos arrepender e confessar ao Senhor, dizendo: “Senhor, por anos eu sei que Tu vives em mim,
mas todos estes anos não tenho vivido por Ti. Ainda que não cometo grandes pecados nem faço
coisas más, reconheço que não vivo por Ti; pelo contrário, sempre vivo por mim mesmo”. Todos
necessitamos experimentar este tipo de arrependimento e confissão. Também devemos
reconhecer que temos feito o Senhor sofrer ao impedir e limitá-lo dentro de nós. Temos que
confessar ao Senhor: “Senhor, não tens podido fluir desde meu interior visto que não tenho
vivido por Ti. Eu continuo sendo eu, e Tu continuas sendo Tu. Não tenho permitido que Tu sejas
minha vida. Perdoa-me. Externamente, parece que não tenho nada de mal —não brigo com meu
cônjuge nem o ofendo—, mas em realidade Tu não és meu viver, e eu não vivo a Ti”.

A intenção do Senhor não é que sejamos bons nem que melhoremos a nós mesmos. Sua
intenção tampouco é que sejamos mal nem que façamos coisas malignas. A intenção do Senhor
é que lhe demos plena liberdade de viver em nós. O Senhor deseja que detenhamos por
completo nosso agir e que O tomemos como nossa vida, que vivamos por Ele e que vivamos
com Ele. Este é o desejo do Senhor, devemos esquecer-nos de tudo mais. Devemos esquecer-
nos de nosso zelo, diligencia e de toda coisa boa ou má que seja nossa; simplesmente sejamos
um com o Senhor em nosso interior. Devemos entender, compreender e saber com toda
certeza, que o Senhor Jesus está dentro de nós como nossa vida, Senhor, pessoa, Deus,
paciência, humildade, amor, força e como nosso tudo. Logo, devemos parar e viver por Ele.
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Inclusive quando falamos nas reuniões, devemos ter tal compreensão e prática. Devemos orar:
“Senhor, quando me ponho em pé para falar, não quero ser eu quem fala. Não seguirei a velha
maneira de falar por mim mesmo. Quando falar, não falarei eu; mais permitirei que Tu fales”. O
que o Senhor deseja hoje é obter um grupo de pessoas que se conduzam desta maneira a fim de
que eles possam ser Suas testemunhas sobre a terra.

No final do Evangelho de João, João nos disse que o Deus que era desde o princípio —era o que
se fez carne e que também é o Espírito— permanece em nós, e nós permanecemos nEle. Nós e
Ele, Ele e nós, estamos unidos como uma só entidade. Ele é a videira, e nós somos os ramos; Ele
e nós somos um. Nosso viver é Seu viver, e Seu viver é nosso viver. Nosso viver permite que Ele
viva e se expresse em nossa vida. Para obter isto, o que necessitamos fazer é ir diante do
Senhor, abrir nosso ser a Ele, parar todo nosso agir e dizer-lhe: “Senhor, agora vejo e entendo
que não se trata de que eu seja bom ou mal; mas, é uma questão de que Tu vivas em mim e que
Tua pessoa seja expressa em meu viver”.

O desejo de Deus consiste no seguinte: forjar-se Ele mesmo em nós a fim de ser nossa vida e
pessoa, e ser um conosco. Deus já entrou em nosso ser a fim de morar em nós e ser nossa
pessoa. Ele deseja que O vivamos, que vivamos por Ele, que vivamos com Ele e que andemos
juntamente com Ele. Cada vez que me ponho de pé para falar pelo Senhor, interiormente
exercito a fé e digo: “Senhor, enquanto falo, Tu falas em meu falar. Não falo por mim mesmo.
Não tenho nada que dizer em mim mesmo; assim que, quando eu falar, Tu fales em meu falar.
Senhor, Tu e eu, eu e Tu estamos unidos. Quando abro minha boca, fale a através de mim, e
quando falar, flua através de mim”. Devemos conduzir-nos desta maneira quando damos uma
mensagem. Assim deve ser no nosso viver diário. Cada ação levada a cabo em nosso viver
devemos fazer em unanimidade com o Senhor. Quando amamos, o Senhor deve fluir através de
nosso amor. Quando somos humildes, o Senhor deve fluir através de nossa humildade. Cada
ação que tomemos em nosso viver diário deve ser o próprio Senhor que vive e se expressa
através de nós. Apesar de já ter falado a respeito deste assunto várias vezes, muitos de nós
ainda não abrimos todo nosso ser para receber a graça do Senhor a fim de viver completamente
nesta realidade. Que o Senhor tenha misericordia de nós e nos desperte de nossa ignorância,
para que vejamos claramente que não devemos viver nem agir em nós mesmos, e sim que o
Senhor Jesus — o grande Deus que está dentro de nós, quem na verdade deve ser nossa vida,
quem se nos revestiu e quem se uniu a nós— deve ser quem viva e aja. Nosso viver deve ser Seu
viver, nosso falar deve ser Seu falar e nosso mover deve ser o Seu.

DUAS COISAS SÃO NECESSÁRIAS A FIM DE QUE VIVAMOS COM O SENHOR

Que temos que fazer a fim de levar este tipo de vida? Que temos que fazer a fim de viver pelo
Senhor e com Ele e permanecer junto a Ele? Necessitamos fazer só duas coisas. Ao mencionar
estas duas coisas, não desejo dar-lhes métodos; minha intenção é simplesmente dizer-lhes a
maneira de levar este tipo de vida. Primeiro, devemos estar sempre abertos ao Senhor. A
maneira mais fácil de abrimos ao Senhor é aprender a abrir todo nosso ser: nosso Espírito,
nosso coração e inclusive nossa boca. Necessitamos aprender a abrir todo nosso ser e invocar o
nome do Senhor, clamando: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus!” Devemos aprender a abrir
nosso ser pro Senhor e invocar Seu nome. Esta é a melhor maneira e também a mais simples.
Esta maneira faz que nos reunamos com o Senhor e o toquemos. A melhor maneira de reunir-
nos com o Senhor e tocar-lhe não é reflexão nem meditação no Senhor, e sim abrir nosso ser a
Ele invocando: “Oh Senhor Jesus!” Devemos praticar isto um pouco em casa. Não necessitamos
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fazer muito barulho; tampouco necessitamos gritar nem dar alaridos de maneira louca.
Simplesmente devemos aprender a abrimos ao Senhor e invocar Seu nome. A Bíblia diz que o
Senhor é rico para com todos os que o invocan (Rm 10:12). O Senhor é uma pessoa vivificante e
real; além disso, Ele está dentro de nós. Quando invocamos Seu nome e nos abrimos a Ele,
temos contato com Ele em nosso interior.

A segunda coisa que devemos fazer, a fim de viver com o Senhor, é ter contato com a palavra
do Senhor de uma maneira apropriada. A maneira de fazer isto é orar-ler e comer Sua palavra
de forma genuína. Comer a palavra do Senhor equivale a comer o Senhor mesmo.

NECESSITAMOS VER E VIVER ESTA VISÃO

Todos devem receber a visão simples de que o Senhor Jesus é o Espírito todo-inclusivo que
mora em nosso Espírito. Logo, devemos viver pelo Senhor a receber Seu dispensar, ter contato
com Ele e unir-nos a Ele cada dia. Isto requer que abramos todo nosso ser a Ele desde o mais
profundo. Abrimos ao Senhor desta maneira é sumamente fácil. Simplesmente temos que
invocar Seu nome e orar-ler Sua palavra. Podemos utilizar nosso Espírito para ter contato com
a palavra, para comer a palavra e para receber a palavra em nosso interior. Também podemos
valer-nos da palavra para orar ao Senhor, para buscá-lo e para ter comunhão com Ele. Se cada
dia e, momento a momento temos contato com Ele de uma maneira nova, recebendo Seu fresco
dispensar, seremos continuamente refrescados, nutridos, iluminados e supridos em nosso
interior. Então poderemos viver, mover-nos e andar nEle, em Espírito, todo o tempo. Isto é o
que o Senhor deseja.

O Evangelho de João tem 21 capítulos. Todos estes capítulos em conjunto revelam que o Deus
eterno se fez carne para chegar a ser o Cordeiro de Deus a fim de efetuar nossa redenção. Este
Evangelho em sua totalidade também revela que depois que este Deus entrou na morte, saiu
dela e foi transfigurado como Espírito vivificante a fim de entrar em nosso Espírito para viver e
mover-se conosco. A luz disto, o que devemos fazer é consagrar-nos a Ele, parar nosso próprio
viver e agir, e abrimos a Ele invocando Seu nome, comendo Sua palavra e tendo contato com
Ele, de modo que Ele nos possa abastecer e fazer que andemos em novidade de vida. O Senhor
deseja obter tal grupo de pessoas sobre a terra hoje. Se vivermos desta maneira, não só
seremos pessoas regeneradas e redimidas, mais também estare-mos no processo de ser
transformados. Dia a dia, Ele nos infundirá Sua própria natureza e nos conformará a Sua
própria imagem. Então, um dia Ele nos introduzirá na glória e todos serão edificados
juntamente para ser Sua expressão sumamente gloriosa.

Espero que nossos olhos sejam abertos para ver este assunto, e que abramos nosso coração e
Espírito ao Senhor dizendo: “Senhor, me detenho por completo. Tu não só é minha vida, sim
também meu viver. Que meu ser interior tenha contato contigo, momento a momento, e que
receba constantemente Teu dispensar, de modo que em minha vida diária Tu e eu vivamos
como uma só entidade”.

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CAPÍTULO DOIS
POR EM PRÁTICA VIVER COM O SENHOR
Leitura bíblica: Jo. 21:22; Gl. 2:20a, 4:19; 2 Tm. 4:22a; 1 Co. 6:17; Gl. 5:16, 25; Rm. 8:4

O MARAVILHOSO SENHOR É O ESPÍRITO EM NOSSO ESPÍRITO

A Bíblia é um livro maravilhoso. É maravilhoso porque é um relato sobre nosso maravilhoso


Senhor Jesus. Como aqueles que cremos nEle, que o amamos e que temos comunhão com Ele e
que nos aproximamos dEle diariamente, podemos testificar que quanto mais o experimen-
tamos, mais percebemos que Ele é rico e maravilhoso. Ele é um mistério que está além do nosso
entendimento. Nestes dois mil anos de história da igreja, inúmeras pessoas têm crido nEle, o
tem adorado e o tem seguido; entretanto, nada pode descrever plenamente quem Ele é nem
pode experimentá-lo por completo.

Ao ler a história da igreja e as biografias de muitos cristãos famosos, podemos ver que muitos
tem tido experiências assombrosas do Senhor Jesus ao largo dos últimos dois mil anos. Hoje em
dia, quanto mais experimentamos o Senhor, mais descobrimos que o aspecto mais precioso e
adorável com respeito a Ele é que, apesar de ser o Senhor de toda a criação e ser Deus
onipotente, Ele passou pelo processo da criação, da redenção, da morte e da ressurreição para
chegar a ser o Espírito vivificante (1 Co. 15:45). Como Espírito vivificante, Ele não só está no
terceiro céu e em nossa volta, mas também está em nosso espírito para ser nossa vida, nossa
natureza e nosso tudo. O Senhor deseja que o recebamos como nossa vida, e que vivamos nos
movamos e andemos por Ele e com Ele.

CARECEMOS DE REALIDADE QUANTO A VIVER COM SENHOR

Por anos estamos falando, dando mensagens e publicando livros sobre este assunto; entretanto,
nosso encargo ainda não tem sido liberado. Por que não tem sido liberado nosso encargo? Pelo
fato de que este assunto é muito mistérioso. Certamente, não é algo que se possa captar com
um pouco de compreensão superficial. Inclusive se dedicássemos toda nossa vida para essa
finalidade, ainda assim não poderíamos experimentar plenamente o Senhor como Espírito. A
segunda razão porque nosso encargo não tem sido liberado é que, em certo sentido, temos a
tendência de centrarmos nas coisas externas e não na vida interior. Devemos agradecer ao
Senhor que entre nós tem muitos irmãos e irmãs que realmente amam ao Senhor e tem
comunhão com Ele. Também devemos agradecer ao Senhor que o testemunho da igreja tem
sido estabelecido em muitos lugares. Entretanto, devemos reclinar a cabeça e confessar desde o
mais profundo de nosso ser que ainda existe uma grande carência nas igrejas em cada cidade,
pois não se manifesta diariamente a realidade de que vivamos no Espírito e de que vivamos
com o Senhor. Temos que reconhecer que cada um dos santos em todas as igrejas carece de
realidade no sentido de ter experiência de viver com o Senhor.

Por exemplo, suponhamos que eu vivo com um irmão que é um bom amigo. Se realmente
considero que é um bom amigo, sempre que tenho tempo e oportunidade, o cumprimentarei e
falarei com Ele. Mas se faço pouco caso dele e só me ocupo de meus próprios assuntos e o deixo
de lado, que tipo de amigo seria? Se fizer isto, certamente Ele sentirá que sou muito frio para
com Ele. Também pensará que algo aconteceu entre nós e que não resolvemos adequadamente.
Provavelmente me perguntará de que maneira ele me ofendeu. Suponhamos que eu o

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responda: “Não me ofendeste! Simplesmente tenho estado demasiado ocupado e cansado, e
com muitas coisas que fazer”. Inclusive se lhe explicar com detalhes porque tenho feito pouco
caso, Ele não acreditará que só se deve pelo fato de estar muito ocupado; porque não fazer caso
a um bom amigo por essa simples razão seria algo nada razoável e sinal de ser insensível.

Todos reconhecemos que o Senhor Jesus é real, vivificante e concreto, que Ele está conosco e
que vive em nós, que Ele é nossa vida e nosso tudo e que Ele quer que vivamos por Ele e com
Ele. Já que todos admitiram isto, lhes pergunto: “Nas últimas seis horas, quanto tempo temos
prestado atenção ao Senhor Jesus?” Temos ouvido todos os ensinos e não necessitamos de
nenhum ensino novo. O que necessitamos é levar a cabo em nosso viver o que temos escutado.
Quanto mais considero sinto cada vez mais que em nosso viver diário nada é mais real e
importante do que viver com o Senhor Jesus. Ele é o Espírito todo-inclusivo, e como tal, Ele vive
em nosso Espírito e deseja que vivamos com Ele.

Alguns podem dizer que estou dando estas mensagens a fim de repetir os temas de invocar o
nome do Senhor e orar-ler a Palavra. Talvez considerem que estas são lições que repito sobre
esses dois assuntos, porque todos realmente carecemos da verdadeira experiência de invocar e
orar-ler. Entretanto, este não é o caso. Estas mensagens não são lições de repetição, mas falo
isto para nutri-los. Não sei se os tenho alimentado o suficiente nestes últimos anos; portanto,
sinto que devo ser mais prático e não devo dar-lhes ensinos profundos. Meu engargo é
concentrar-me totalmente em dar-lhes alimento substancial e prático.

Recentemente perguntei a um irmão se Ele praticava viver com o Senhor todos os dias.
Respondeu-me que vez por outra praticava, mas que realmente não se exercitava
adequadamente todos os dias. Além disso, disse-me que provavelmente só se exercitava desta
maneira por meia hora durante o dia. Se uma pessoa só respirar por meia hora ao dia, acaso
poderá sobreviver? Estou dando este exemplo para mostrar-lhes que tudo o que fazemos hoje
nas igrejas, em todas as cidades, pode ter-se tornado uma religião. Está certo que as reuniões,
as mensagens, o cantar e o orar são todos para Deus, para contatar o Senhor. Entretanto,
quando tudo isso não nos ajuda a ter comunhão com o Senhor, tais coisas chegam a ser algo que
é próprio da religião. O fato de uma prática chegar a ser algo próprio da religião não depende
da prática em si. Não podemos dizer que acomodar as cadeiras em círculo — de modo que nos
vejamos uns aos outros nas reuniões— seja algo religioso, nem que o fato de uma pessoa falar
da plataforma seja algo religioso. Tampouco podemos dizer que você é religioso se não ora e lê
a Bíblia, nem que você não é religioso pelo fato de fazer estas coisas. Estas diversas práticas não
são o problema em si. O fato de que certa prática, tal como ler a palavra, orar, reunir-se ou
cantar, chega a ser algo religioso ou não, depende de si tocamos o Senhor de maneira genuína
quando o fazemos.

NECESSITAMOS REALMENTE POR EM PRÁTICA VIVER COM O SENHOR

No livro de Genesis há uma pessoa que se chama Enoque. Ele andou com Deus por trezentos
anos. Hoje, entretanto, não só andamos com o Senhor, mas também vivemos com Ele. Deus
estava fora de Enoque enquanto ele andava com Deus, mas hoje o Senhor está dentro de nós, e
nós vivemos com Ele. O Senhor é nossa vida e nossa pessoa, e nós vivemos com Ele.

Necessitamos realmente por em prática viver com o Senhor, de modo que não só vivamos com
Ele nas reuniões, mas também em nossa vida diária, ou seja, em nossa casa, na rua ou no
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trabalho. Não só devemos receber este ensino; mais também, devemos por em prática e vivê-lo.
Devemos prestar atenção ao Senhor Jesus. Não devemos deixá-lo de lado. Não devemos
abandonar o Senhor Jesus quando estivermos muito ocupados, para depois, 18 horas mais
tarde, dar-nos conta de que O deixamos, e então orar apressadamente dizendo: “Senhor,
perdoa-me por não encontrar-me em Ti”. Depois, três minutos mais tarde, voltamos a nossa
vida ocupada na qual não vivemos com Senhor.

A revelação central na Bíblia nos mostra que nosso Senhor, nosso Deus, de fato fez tudo. Ele
passou pela morte, entrou na ressurreição e, havendo completado tudo, ascendeu aos céus.
Agora só lhe resta uma coisa a cumprir. Ele deseja entrar em nós para ser nossa vida, viver
conosco e fazer que nós vivamos por Ele. Hoje, Ele está em nós de uma maneira real e prática.
Este Deus glorioso, que é o Deus Triúno — o Pai, o Filho e o Espírito— é Jehová, que vive em
nosso Espírito. Isso não é uma mera doutrina, e sim um fato glorioso. Nosso Salvador, que é a
expressão do grande Deus, hoje está em nosso espírito a fim de ser nossa vida e viver conosco.
O que necessitamos não é só entender este ensino, e sim por em prática tal viver. Se amarmos o
Senhor sincera e genuinamente, de agora em diante nossa prioridade máxima deverá ser por
em prática viver com o Senhor. Todos os santos deven dizer: “Senhor, tem misericordia da
igreja onde estou. De agora en diante não praticarei outra coisa, senão viver com o Senhor”.
Devemos ter tal começo em nossa vida pessoal. A igreja local onde reunimos também necessita
de tal começo.

NÓS SIMPLESMENTE SOMOS UMA CASCA EXTERNA, E CRISTO É NOSSO CONTEÚDO ÚNICO

O Senhor Jesus é uma pessoa real e viva. Ele vive exatamente dentro de nós. No inverno muitos
usam luvas. Uma luva é de fato exatamente conforme a forma da mão, exceto que está vazia. A
luva é uma cobertura exterior. A realidade da luva é a mão. Conforme a revelação que vemos na
Bíblia, todo homem criado é uma casca oca. Nossa mente, intelecto, vontade e nossos
sentimentos de alegria, tristeza, dor e prazer, são somente cascas. Todos nossos desejos
também são cascas. De fato, nossa vida inteira e todo nosso ser são só uma casca externa. Mas
quando Deus entra em nós, Ele vem para ser nosso conteúdo; a realidade de nossa vida e de
nosso ser. O Deus que entra em nós é Jesus Cristo como Espírito vivificante. Ele é a realidade de
Deus. Nós somos uma casca, e Deus deseja entrar em nós para encher cada parte de nosso ser.
Primeiro, Ele entra em nós. Logo, Ele ocupa nossa mente, nossos sentimentos de alegria,
tristeza, dor e prazer; assim também, como nossa vontade e poder. Externamente, somos só
uma casca. Cristo deve ser nosso conteúdo interior.

Posto que somos uma casca, nosso conteúdo deve ser Cristo. Ele entrou em nós para ser o
conteúdo de nosso espírito. Assim, agora devemos viver por Ele e com Ele cada dia. Não
devemos esperar até o último momento, antes de ir à reunião pela tarde, para orar ao Senhor
dizendo: “Senhor, vou à reunião. Senhor lembra-me desta reunião, cuida dos irmãos e irmãs e
cuida de mim”. Se não tivermos orado durante todo o dia, é demasiado tarde para começar a
fazer este tipo de oração. Este tipo de oração é uma oração religiosa.

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COMO POR EM PRÁTICA VIVER COM O SENHOR

Já que não devemos esperar até o último momento, antes da reunião, para orar, que devemos
fazer então? Quando nos despertamos pela manhã, não é necessário sequer que nos
ajoelhemos. Enquanto escovamos os dentes, nos lavamos e nos vestimos, podemos começar a
viver com o Senhor e ter contato com Ele orando: “Senhor, que farás hoje? Senhor, como me
guiarás hoje?” Desde o instante em que nos despertemos, podemos ter contato com o Senhor. A
melhor maneira de fazer isto é invocar o Senhor: “Oh Senhor! Oh Senhor Jesus! Que queres que
faça hoje? Como queres que viva por Ti hoje? Oh Senhor! Como me guiarás hoje?” Se
simplesmente nos comunicamos com o Senhor desta maneira, pouco a pouco, à medida que
passe o tempo, adquiriremos a prática de ter contato com o Senhor. Então, quando estivermos
pensando sobre algo, diremos: “Senhor, necessito usar minha mente. Minha mente é uma casca
vazia. Tua mente é o verdadeiro conteúdo. Senhor Jesus, vem e pensa por mim. Quero que tua
mente seja minha mente. Oh Senhor, pensa a respeito deste assunto em mim. Com respeito a
este assunto, que Tua mente encha a minha”. Isto é muito prático. Quando vamos ao armazém
para fazer as compras, não devemos falar ao vendedor por nossa própria conta. Devemos dizer
ao Senhor: “Senhor, te peço que sejas Tu quem fala. Dirige-me enquanto falo”. Em tudo o que
fazemos devemos permitir que o Senhor opere. Quando necessitamos pensar, devemos
permitir que o Senhor pense por nós. Não devemos depender de nossa própria mente. Quando
estivermos a ponto de usar nossa emoção, devemos abrir nosso ser ao Senhor e dizer-lhe:
“Senhor, entra agora! Estás contente? Estás triste? Oh Senhor Jesus! Minha emoção é tão
somente uma casca que necessita ser cheia por Ti”. Também temos que permitir que o Senhor
entre em nossa vontade para enchê-la e assim Ele tome decisões por nós.

INQUIRIR DO SENHOR EM TODAS AS COISAS E FAZER TUDO COM ELE

Nossa maior carencia hoje é que não nos exercitamos viver com o Senhor. Todos necessitam
exercitar desta maneira. Ao comprar uma roupa, devemos dizer: “Senhor, que devo fazer nesta
situação? Que tipo de gravata devo escolher? Compro uma roupa deste estilo ou de outro
estilo?” Nós, os que amamos ao Senhor e lhe pertencemos, somos muito diferentes do resto das
pessoas sobre a terra. Os que não amam ao Senhor nem tampouco são dEle, simplesmente são o
que eles são em si mesmos e nada mais. Como tais, eles estão nas mãos de Satanás. Entretanto,
nós somos diferentes. Nós não somos meramente o que somos em nós mesmos; antes, o Senhor
Jesus vive em nós. Ele vive em nossa mente, emoção e vontade, em nossa sabedoria e em todo
nosso ser. Visto que o Senhor está conosco e em nós, devemos permitir-lhe que viva livremente
em nosso viver.

Temos todos que tomar a decisão de por em prática viver com o Senhor. Tomar esta decisão é
como firmar nosso nome em um contrato. Uma vez que tenhamos tomado esta decisão, é como
se tenhamos firmado nosso nome. Desse momento em diante, devemos por isto em prática. Não
é suficiente só praticá-lo quando oramos-lemos ou quando assistimos a uma reunião. Devemos
por em prática em nosso viver diário. Quando uma irmã fala ao seu marido, não deve pensar em
seu coração: “Como não estou falando com o presidente nem com um juiz, e sim só com meu
marido, não importa como lhe falar”. As irmãs casadas não devem pensar assim. Pode ser até
certo que seu marido não seja o presidente nem juiz, mas o Senhor Jesus está dentro de você no
momento em que você fala ao seu marido. O Senhor Jesus tem uma posicão mais alta que o
presidente. Ele está dentro de você como vida, e quer que você viva por Ele. Assim que, quando
estiver a ponto de falar com seu marido, você deve inquirir do Senhor interiormente. Deve
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dizer-lhe: “Senhor Jesus, como falarias Tu? Nesta situação, sejas Tu meus pensamentos, meu
gozo, minha ira, minha dor, meu deleite e meu tudo”. Esta é a maneira prática de exercitar-nos
para viver com o Senhor. Em todos os assuntos, grandes ou pequenos, devemos exercitar-nos
em tomar o Senhor Jesus como nossa vida. Nisto consiste nosso destino: viver pelo Senhor Jesus
momento a momento, viver constantemente com o Senhor.

Quando estivermos a ponto de nos aborrecer imediatamente devemos invocar: “Oh Senhor
Jesus! Estou a ponto de aborrecer-me. Por favor, vem e fique em meu lugar!” Devemos convidar
o Senhor Jesus a que se aborreça em nosso lugar. As irmãs frequentemente impõem sobre os
maridos uma cara feia. De agora em diante sempre que estiver a ponto de fazer cara feia,
imediatamente devem invocar: “Oh Senhor! Oh Senhor Jesus!” Se queremos que o Senhor viva
conosco, também nós temos que viver com o Senhor. Além disso, sugiro aos irmãos que quando
estiver a ponto de dar uma mensagem, deven exercitar-se para viver com o Senhor, orando: “Oh
Senhor, por favor, dê Tu esta mensagem!” Nunca mais devem dar uma mensagem que o Senhor
Jesus não esteja dando, e nunca mais devem dar uma mensagem com palavras que o Senhor
que está dentro de vocês, não diria. Tem que viver com o Senhor. Se o Senhor não fala,
tampouco vocês devem falar.

EXERCITAR O ESPÍRITO, ANDAR CONFORME O ESPÍRITO E SEGUIR O ESPÍRITO

O Senhor usa nosso Espírito como base. Nossa experiência comprova que podemos expulsar o
Senhor de nossa mente, de nossa emoção e inclusive da mensagem que estamos dando.
Entretanto, nunca poderemos expulsar o Senhor de nosso Espírito. Ele está em nosso Espírito, e
não podemos expulsá-lo. Isto é um fato maravilhoso. Não importa o que ocorra, Ele permanece
sempre em nosso espírito. Pode então alguém me perguntar: “Se o Senhor Jesus nunca se vai,
por que em certas ocasiões meu espírito está deprimido?” Seu Espírito está deprimido é porque
o Senhor Jesus em seu Espírito está deprimido. Devemos ter presente que sempre que nosso
espírito estiver abatido, se acha nessa condição porque o Senhor Jesus em nosso espírito
também está abatido. Ele não tem maneira de sair de nosso espírito porque o temos obrigado a
estar deprimido.

Ao viver pelo Senhor, não creiam em seus sentimentos nem exercitem sua mente; mais,
exercitem seu espírito. Dentro de nós há um Espírito. Em princípio, um menino não entende
que tem pernas, mas quando o colocam no chão, pouco a pouco ele usa suas pernas e começa a
engatinhar. Não é necessário ensinar a um menino como se por de pé, ele com o tempo se porá
de pé firmando-se sobre suas duas pernas. Ele ainda não entende o que são suas pernas, mas
sabe usá-las. Da mesma maneira, não importa o pouco que saibamos sobre nosso espírito, ainda
assim, sabemos usá-lo. Não pensem demais e não deixem que seus sentimentos lhes dirijam,
alegrando-se quando estiver emocionado e deprimindo-se quando não estiver. Não devem
prestar atenção a estas coisas. Só atendam a seu Espírito.

O mesmo ocorre quando oramos. Ao orar, não devemos prestar atenção aos pensamentos nem
permanecer na mente. Façamos orações rápidas e simples, a partir do nosso espírito, emitindo
só duas ou três frases que toquem no ponto. Quando muitos irmãos e irmãs oram, eles seguem
e seguem interminavelmente, proferindo orações longas, com muito palavreado e sem direção
alguma. Imaginem que vocês sejam o Senhor e tenhan que escutar estes tipos de orações. Acaso
não se esgotaria a paciência? Em lugar de depender de muito falatório, orem pelo Espírito. Ao
orar, não contem histórias nem expliquem doutrinas. Se sentem que o Senhor é precioso,
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simplesmente digam: “Senhor, és muito precioso. Te amo!” Isso é suficiente; não é necessário
dizer mais nada.

Soube que alguns de vocês descobriram uma nova maneira de cantar. Escolhem um só hino, e
depois oram-cantam estrofe por estrofe. Não os critico nem os corrijo. Somente quero dizer-
lhes que não devemos usar nenhum método ao cantar. Todo assunto e todas as pessoas devem
estar de acordo com o Espírito, sem método estabelecido. Pode ser que hoje quando cantemos
um hino, oremos-lemos todo hino. Mas manhã, ao cantar o mesmo hino, não oremos-lemos em
absoluto. Cantar os hinos deve ser algo vivente; não deve fazer segundo certo sistema
estabelecido. Isto não significa que devamos aprender diferentes maneiras de cantar, pois tais
maneiras também podem chegar a serem métodos estabelecidos. Cada um de nós deve
aprender a viver em nosso espírito com o Senhor. Se todos vivemos com o Senhor, não haverá
necessidade de ter método algum para escolher os hinos, cantá-los ou orar-ler.

É mais cômodo levar nossa vida diária sozinhos. Por exemplo, para uma jovem pode ser-lhe
muito conveniente viver e andar por si mesma. Pois, uma vez que se case sua vida como pessoa
casada pode chegar a ser bem difícil. O marido tem sua maneira de ser, e a esposa tem a sua.
Toda pessoa casada tem que viver diariamente com outra pessoa. O viver que leva nosso
Senhor conosco é assim mais complicado que a vida matrimonial em que levam os cônjuges é
porque o Senhor vive dentro de nós. Não importa quão perto esteja seu marido, ele não pode
viver dentro de você, nem tampouco pode ser sua vida nem sua pessoa. Entretanto, nosso
Senhor vive em nós com vistas a ser nossa pessoa. Por coseguinte, temos que exercitar-nos
para cultivar o hábito de acompanhar o Senhor, e não o Senhor quem nos acompanhe.

O Senhor disse a Pedro: “Segue-me Tu” (Jo. 21:22b). Quando o Senhor disse isto, Ele já estava
em ressurreição, e pouco depois, ascendeu aos céus. Uma vez que o Senhor ascendeu aos céus,
como poderia Pedro segui-lo? Pedro podia seguir o Senhor porque o Senhor não só ascendeu
aos céus, mas que também entrou em Pedro. Como seguimos o Senhor hoje? Alguém me disse
uma vez: “A maneira de seguir o Senhor é fazer tudo o que o Senhor fez. Ele nos deixou um
modelo”. Gradualmente, descobri que essa é a maneira religiosa de proceder. Hoje, o Senhor
vive em nosso espírito; portanto, cada vez que Ele se move em nosso Espírito, nós
simplesmente devemos segui-lo. Esta é a maneira de seguir o Senhor.

Você e eu já não estamos sós. Esta pessoa maravillosa vive em nós para ser nossa vida e nossa
pessoa. Ele quer que nada façamos tolamente e sim, que vivamos por Ele. Nossa mente deve
encher-se de Sua mente, e nossas emocões devem encher-se de suas emoções. Ele deseja que
todo nosso ser e todo nosso viver se encham de Seu elemento. Ele pode compadecer-se de nós,
mas não deseja seguir-nos. Assim que, devemos aprender dEle e segui-lo. Ele está em nosso
espírito; portanto, temos que aprender a liberar nosso espírito, exercitar nosso espírito, usar
nosso espírito e voltarmos sempre ao nosso espírito. Sempre que nos voltarmos ao nosso
espírito, tocamos o Senhor, pois o Senhor está lá. Espero que os irmãos e irmãs não tomem isto
só como um mero ensino; antes, espero que se comprometam a exercitar-se, a por em prática,
viver com o Senhor.

INVOCAR O NOME DO SENHOR SEM CESSAR

Segundo minha experiência, sugiro a vocês que se desejam viver pelo Senhor, devem invocar o
nome do Senhor sem cessar. Devem invocar o nome do Senhor continuamente. Não há outra
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maneira aparte disto. Não pensem que invocar o nome do Senhor é algo sem importância. O
nome do Senhor é real, pois Seu nome denota Sua pessoa. Se certo irmão está morto ou não está
presente, será inútil que eu invoque seu nome. Mas se tal irmão é real, vive e está presente,
então quando chamo seu nome, ele virá em seguida. Jesus é o nome de nosso Senhor, e o
Espírito é sua pessoa. Quando invocamos: “Senhor Jesus”, o Espírito está aqui. Queremos
receber o Espírito vivificante? Só temos que invocar: “Oh Senhor Jesus!” Quando invocamos, Ele
vem.

Pode você dizer que isto é superstição. Se você crê nisso, então, invoquemos aos filósofos.
Digamos: “Oh Platão! Oh Sócrates, onde estás? Oh Confúcio, te amo!” Você pode amar estas
pessoas então invoque seus nomes, mas elas não responderão. Mas se você de forma simples
invoca: “Oh Senhor Jesus!” Mistériosamente se encherá de uma sensação em seu interior.
Quanto mais invocar, mais sensação terá. A que se deve quando você invoca a um filósofo ou a
um sábio, não tem sensação alguma por dentro, mas quando invoca o Senhor Jesus, você a tem?
Isto se deve a que todos os filósofos estão mortos e não estão aqui. O Senhor Jesus é o único que
morreu, mas que está vivo. Ele é real e vivificante e podemos experimentá-lo. Ele está aqui, e
inclusive Ele está em nosso interior. Quando invocamos Seu nome, nosso Espírito é liberado.
Entretanto, nem todas as maneiras de invocar são iguais. Se permanecermos na mente e
invocamos com a boca: “Oh Senhor Jesus!” nada acontecerá. Quando acendemos certos
interruptores elétricos, a corrente elétrica flui imediatamente, mas ao acender outros
interruptores, a corrente elétrica não flui. Isto é um exemplo de que nem todas as maneiras de
invocar são iguais. Nunca considere que invocar o Senhor seja uma superstição; mais, é uma
realidade espiritual. Nosso Senhor hoje é o Espírito dentro de nosso espírito. Quando
invocamos desde nosso espírito: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus! Te amo!” experimentamos
tal doçura em nosso interior. Inclusive ao ler a Bíblia, não devemos valer-nos dos pensamentos
de nossa mente; mais, ao ler simplesmente invoquemos: “Oh Senhor Jesus”, e assim seremos
refrescados interiormente. Esta é a maneira de invocar o nome do Senhor e de orar-ler Sua
palavra. Espero que todos os irmãos e irmãs ponham em prática viver com o Senhor
diariamente. Em todas as igrejas, todos os irmãos e irmãs devem ser guiados a experimentar
esta prática de viver com o Senhor.

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CAPITULO TRÊS
VIVER COM O SENHOR E AMÁ-LO
Leitura bíblica: Jo. 14:23; 1 Jo. 2:27-28; Ef. 3:16-19

VIVER COM O SENHOR É UMA HISTÓRIA DE AMOR

Viver com o Senhor não é questão de obrigação. A prática de viver com o Senhor se leva a cabo
conforme o mesmo princípio que rege a vida matrimonial, a qual não se baseia na obrigação e
sim no amor. É verdadeiramente doloroso que duas pessoas vivam juntas sem experimentar a
doçura do amor e sem manter vivo o amor. A Bíblia também compara nosso viver com o Senhor
ao viver de um marido e sua esposa que se amam. Nosso Amado é o Senhor Jesus, a quem
amamos, e nós somos os que o amam. Estamos unidos a Ele pela doçura do amor. Dos sessenta
e seis livros da Bíblia, um deles — o Cântico dos cânticos— fala exclusivamente da relação
amorosa que existe entre o Amado e os que o amam. Do princípio ao fim, esse livro fala de levar
uma vida de amor e de atração mútua com o Senhor.

Em João 14:23 o Senhor disse: “o que me ama...”. Todas as religiões, incluindo o cristianismo,
sustentam que devemos respeitar a Deus e temê-lo. Eles afirman que Deus é alguém que
infunde temor. Assim o homem deve temê-lo. Outras religiões também falan de adorar a Deus.
Estas religiões afirman que, pelo fato de que Deus é grande e ocupa uma posição exaltada, o
homem deve adorá-lo. A religião ensina estas duas coisas principalmente: temer a Deus e
adorá-lo. Entretanto, as palavras do Senhor Jesus não fazem ênfase no temor, na adoração nem
tampouco na veneração a Deus. A veneração é a atitude que uma pessoa inferior manifesta para
alguém superior. Em lugar de enfatizar estas coisas, o Senhor Jesus falou sobre o amor. O amor
é algo que se compartilha entre duas pessoas que tem a mesma posição e que estão no mesmo
nível. O amor entre um marido e sua esposa é um amor que existe entre duas pessoas iguais.
Em tal relação, não pode haver um mais alto e outro mais baixo, nem um superior e outro
inferior. O Senhor Jesus não disse: “O que me venera”, “O que me adora” ou “O que me teme”. O
temor, a adoração e a veneração têm tudo que ver com a religião. Nosso Senhor não é uma
religião nem um simples objeto de adoração. Ele é uma Pessoa viva.

Nosso Senhor é o Deus que sempre vive e o Soberano todo-poderoso do universo. Certamente,
Ele é Deus, mas este Deus se fez carne, se revestiu de humanidade e tomou nossa natureza. Ele,
como homem, morreu e ressuscitou, e hoje Ele possui Sua humanidade, uma humanidade
ressucitada. Ele assim continua sendo Jesus, o Filho do Homem. Portanto, em 1 Timóteo 2:5b
disse: “Cristo Jesus, homem”. Hoje nosso Deus — o Senhor do universo e nosso Salvador— ou
seja, um homem. Ainda que Ele seja o Espírito vivificante, ainda assim possui a natureza
humana. Portanto, Ele pode falar-nos sobre o amor, algo que se compartilha entre duas pessoas
que tem a mesma posição. Ele disse: “O que me ama”. Ao ler esta passagem da Bíblia, podemos
não valorizar a palavra amor. Devemos prestar atenção de que o amor que se fala aqui é algo
mais que veneração, temor o adoração. Este amor é algo que compartilham duas pessoas que
estão no mesmo nível. Somos humanos, e Ele também é humano. Temos a natureza humana, e
Ele também se vestiu da natureza humana. Ele veio ao nosso nível. Ele não se encontra em uma
posição mais elevada que a nossa; pelo contrário, está diante de nós, no nosso nível, dizendo-
nos: “O que me ama”.

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Depois que o Senhor ressuscitou dentre os mortos, imediatamente foi buscar a Pedro, aquele
que o negou em Sua presença. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, Pedro estava muito
confiante em que seguiria o Senhor. Entretanto, quando veio à hora da prova, Pedro negou o
Senhor três vezes em Sua presença (Lc. 22:55-61). Pouco depois disto, o Senhor Jesus foi
crucificado e logo ressuscitou. Depois que o Senhor ressuscitou, um anjo disse a Maria
Madalena e a outras duas irmãs: “Ide, dizei a Seus discípulos, e a Pedro” (Mc. 16:7). Pedro
abandonou o Senhor, mas o Senhor não se esqueceu de Pedro. Creio firmemente que depois de
que Pedro negou o Senhor, o lamentou sobremaneira e disse a Si mesmo: “Como pude ter
negado o Senhor três vezes?” Entretanto, nesse momento, quando Pedro se sentia assim, Maria
veio e lhe disse: “Pedro, o Senhor quer dizer algo aos irmãos, e a ti!”.

Em João 21 o Senhor se manifestou aos discípulos. Enquanto se manifestava a eles, Ele


encontrou tempo para falar com Pedro face a face. Perguntou a Pedro três vezes: “Simão, filho
de Jonas, me amas?” (vs. 15-17). Creio que o Senhor perguntou três vezes porque Pedro havia
negado o Senhor três vezes. Parece que o Senhor estivera dizendo: “Tu me negaste três vezes,
dizendo: ‘Não! Não! Não!’ Agora permita-me preguntar-te também três vezes: ‘Me amas? Me
amas? Me amas?’” Primeiro, o Senhor perguntou a Pedro: “Me amas mais que estes?” Logo, o
perguntou: “Me amas?” E pela terceira vez perguntou: “Me amas?” Para Pedro foi muito difícil
responder a estas perguntas. Apenas uns dias antes ele havia negado o Senhor, assim que como
podia agora dizer: “Sim, Senhor, realmente te amo”? Não obstante, ele tampouco podia dizer:
“Senhor, não te amo”. Provavelmente Pedro pensou: “Se digo que não amo o Senhor, mentiria. O
amo, mas meu amor por Ele ainda é muito pobre. Qual é minha verdadeira situação? Só o
Senhor sabe se o amo em verdade ou não!” Portanto, Pedro respondeu ao Senhor, dizendo:
“Senhor, Tu sabes que te amo”.

TODA PESSOA SALVA TEM UM CORAÇÃO PARA AMAR O SENHOR

Agora eu pergunto a você: “Ama o Senhor?” Creio que, tal como Pedro, muitos irmãos e irmãs
diriam ao Senhor: “Senhor, Tu sabes que te amo”. Todo crente tem um coração para amar o
Senhor. Como você sabe que por ter crido no Senhor Jesus, Deus o tem aceitado? Como sabe
que o Senhor vive em você? Como sabe que você é um com o Senhor? Não podemos saber estas
coisas tocando o Senhor de forma externa. Com frequencia ouvimos que os santos dizer:
“Quando cri no Senhor, toquei o Senhor. Quando cri no Senhor, ganhei o Senhor. Desde que cri
no Senhor, o Senhor tem estado comigo. Desde que cri no Senhor, Ele nunca me abandonou”.
Como resultado de ouvir tais declarações e de entendê-las conforme o intelecto humano, alguns
esperan poder tocar o Senhor Jesus de forma externa. Isto, entretanto, é o entendimento
humano, o conceito humano. O Senhor Jesus é O Espírito vivificante. Ele é um mistério.

O Espírito é um mistério, mas há várias coisas que nos mostram quem é o Espírito; uma delas é
a eletricidade. A eletricidade é muito prática e é uma parte essencial da vida moderna, mas não
podemos vê-la nem tocá-la. Outro mistério é nossa vida física. Nada pode definir cabalmente
que é a vida. Já que temos vida dentro de nós, podemos falar e mover-nos. Entretanto, quando
uma pessoa morre, ainda que todas suas partes internas permaneçam dentro dele, tal pessoa já
não pode desempenhar função alguma. Mediante a morte cessa todas as funções da vida
humana. Quando alguém morre, para onde vai sua vida? É difícil sabê-lo. A vida é um mistério.
Portanto, a Bíblia revela que nosso Senhor é vida para nós. Ele é nossa vida — real, prático e
todo-poderoso—, mas não podemos tocá-lo. Ainda que não possa apalpar a VIDA de forma
física, sua presença é perceptivel. Se estiver diante de você, necessito dizer-lhe que estou vivo?
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Não, porque quando você me vê, sabe que estou vivo. Da mesma maneira, como sabemos que
temos crido em Jesus e que somos salvos, e como sabemos que Jesus está em nós? Sabemos
porque temos sido avivados por dentro. Há algo em nós que não podemos erradicar. Eu fui
salvo quando era jovem. Depois de haver sido salvo, sempre que ouvia a alguém falar de forma
negativa sobre Jesus, me entristecia muito. Mais tarde entendi que isto demonstrava que o
Senhor Jesus havia entrado em mim.

Externamente, pode parecer que você não ama muito o Senhor, mas no mais profundo de seu
ser, você sente que o Senhor é doce e agradável. Talvez você assim não saiba como amar o
Senhor e, segundo sua percepção interna, não sinta que o ama. Entretanto, há um sentir no
profundo de seu ser que lhe diz que Jesus é bom, e cada vez que pensa em Jesus, sente que Ele é
bom e agradável. Se há tal sentir em seu interior, isto comprova que você é uma pessoa salva.

Talvez diga: “Irmão Lee, não me engane. Se sou salvo como você disse, por que continuo
gostando de jogar cartas e ir a óperas? Certamente, não sou salvo”. Apesar de não te animar a
participar dessas coisas, eu te responderia que essas coisas não me preocupam. Só o pergunto
se sente em seu interior que Jesus é bom. Quando alguém menciona o nome de Jesus, você tem
a sensação interior de que Ele é de seu agrado? Sente que Jesus é digno de ser amado? Inclusive
é possivel que enquanto joga cartas, enquanto seus dedos tocam-nas, surja este pensamento em
você: “Jesus é bom”. Também é possivel que enquanto está na ópera, enquanto passa o cenário
se encha de coisas emocionantes, surja uma afirmação dentro de você: “Jesus é realmente bom”.
Além disso, não importa quanto tente eliminar tal sentir, não pode fazê-lo. O fato do sentimento
em seu interior de que Jesus é bom, comprova que você é salvo.

O SENTIMENTO QUE TEMOS DE QUE O SENHOR É DIGNO DE SER AMADO


AUMENTA QUANTO MAIS EXPRESSAMOS NOSSO AMOR PELO SENHOR

Espero que o sentimento de que Jesus é bom esteja crescendo dentro de você todos os dias. Não
é necessário tomar a decisão de deixar as cartas ou a ópera. A única coisa que tem que fazer é
dizer diariamente: “Jesus é bom; Jesus é realmente bom! Ainda que estou aqui jogando cartas,
Jesus é melhor que as cartas. Jesus é realmente bom!” Se você proclama isto cada vez mais
todos os dias, após ter dito centenas de vezes, já não jogará cartas nem irá à ópera.
Simplesmente deixará essas coisas, porque Jesus é melhor, e porque Ele é adorável, digno de
ser amado.

Queridos irmãos e irmãs, por favor, não considerem superstição dizer tal coisa. Comecei a
escutar sermões no cristianismo quando era muito jovem, e ainda que tenha ouvido muitos
deles, nunca me disseram claramente que temos que confessar: “Jesus é bom! Jesus é tão bom!
Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus! Senhor, és tão bom!” Então um dia, quando compilava o
hinário, encontrei um hino que dizia: “Jesus, Jesus, Oh meu Senhor! / Eu amo repetir / Teu
Santo nome por amor / Mil vezes diante Ti”. Esta estrofe me tocou profundamente. Então disse
ao Senhor: “Oh Senhor, realmente lamento. Apesar de ter sido salvo por muitos anos, mas
nunca disse Seu nome mil vezes em um dia”.

Alguns dizem que invocar: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus!” é quase o mesmo que fazem os
budistas quando repitem “Amitabha”. Entretanto, a verdade é que quanto mais os sacerdotes e
as monjas budistas repitem “Amitabha”, mais vemos que seus rostos estão abatidos, suas faces
enrrugadas e seus semblantes afligidos. Inclusive as moradias dos sacerdotes e monjas budistas
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são obscuras e lúgubres. Quando entram nelas, não podem ver nada. Mas invocar o nome do
Senhor é absolutamente diferente das liturgias que repetem os budistas. Quando você diz: “Oh
Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus! És tão bom!” Desda manhã até a noite, sua face entristecida se
torna sorridente, seu rosto abatido se torna animado e sua face enrrugada se relaxa, suas rugas
diminuem e inclusive sua casa se enche de calor e luz. É surpreendente! Por que existe tal
contraste entre invocar o Senhor e repetir liturgias budistas? Deve-se a que quando os budistas
repiten “Amitabha”, vem os demônios. Quanto mais dizem “Amitabha”, mais demônios vêm, e
os demônios são seres lúgubres. Entretanto, quando nós dizemos: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor
Jesus! És digno de ser amado!” O Senhor Jesus vem, e quanto mais invocamos, mais Ele vem. O
Senhor Jesus é a realidade de todas as coisas positivas no universo. Assim que, quando Ele vem,
temos tudo.

Todos os que têm visto um diamante acabam gostando, porque os diamantes são amáveis. Mas
se você me traz um punhado de terra, como espera que ame isso? Poderia até realmente
dispor-me a amá-la, mas não poderia, porque essa terra não é digna de ser amada. Amamos o
Senhor Jesus, mas não porque saibamos como amá-lo, sim porque Ele é realmente adorável,
digno de ser amado. Esta é a razão pela qual milhões de pessoas valorizam o nome de Jesus.
Sempre que se menciona o nome de Jesus, há uma sensação de doçura e de amor dentro delas.
Pode ser que pensemos que só os meninos pequenos invocam o Senhor, mas inclusive eu, um
homem idoso, de mais de setenta anos, todos os dias digo em voz alta: “Amo o Senhor Jesus”.
Nosso Senhor Jesus é tão maravilhoso.

AMAR O SENHOR RESULTA EM VIVER COM O SENHOR

Amamos o Senhor Jesus? Porque o amamos, devemos viver com Ele. Suponhamos que um
irmão não se banhou por três dias, e seu corpo cheire mal. Se este for o caso, será difícil amá-lo
e conviver com Ele. A fim de que duas pessoas vivam juntas, devem amar-se mútuamente, e
para amarem-se, devem inspirar amor mútuamente. Nosso Senhor Jesus é realmente adorável,
digno de ser amado. Anteriormente, não éramos amáveis, mas o adorável Jesus nos fez amáveis.
Assim que, agora não só Jesus é adorável, mais também de fato, todos os que o amam sejam
amáveis.

Sei que isto é certo. Tenho visto pessoas que eram grandes pecadores. Antes de ser salvos, eram
como monstros. Mas um dia creram no Senhor e invocaram: “Oh Senhor Jesus!” Depois de dois
ou três dias de haver crido no Senhor, chegaram a ser amáveis. A formosura de Jesus os fez
amáveis. Este exemplo nos mostra que você chegará a ser amável se ama a Jesus. Além disso, o
fato de que você ama a Jesus e que você é agora amável, produz um resultado. Pelo fato de que
Ele é adorável e você é agora amável, e por isto que Ele o ama e você o ama, o resultado é que
ambos viveram juntos. Pelo fato que se aman mútuamente, desejaram viver juntos todo o dia.
Por isto que Ele é verdadeiramente adorável e você o ama, desejará vê-lo com frequencia e
viver com Ele. Ele é a sua vida, e você é a imagem dEle. Você e Ele, Ele e você, chegaram a ser
um só. Ele o ama, e você o ama, assim, ambos vivem juntos.

Em João 14:23 o Senhor Jesus disse: “O que me ama, ... Meu Pai o amará, e viremos a Ele, e
faremos morada nEle”. O Senhor não disse que o Pai e o Filho nos visitarão só para dizer “olá”;
mas, Ele disse que Eles fariam morada em nós. O fato de o Pai e o Filho fazerem morada em nós
significa que Eles vivem, andam e atuam juntamente conosco. É realmente assombroso o que
Senhor disse: “O que me ama, ... Meu Pai o amará”. Nosso amor por Ele não é o amor de alguém
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que está em uma posição inferior e ama a alguém que está em uma posição superior. Nosso
amor por Ele e o amor dEle por nós, é um amor que compartilham duas pessoas que estão na
mesma posição. Esta é a vida cristã.

Que resulta tal amor? O que resulta é uma vida na qual vivemos com o Senhor. A vida cristã é
uma vida que vivemos com o Senhor e uma vida na qual o Senhor vive em nós. Finalmente,
viveremos junto com o Senhor até tal grau que quando dissermos: “Senhor, vamos juntos ao
cinema!”, poderemos perceber que Ele diz: “Eu não vou!” E não somente teremos o sentimento
de que o Senhor não quer ir, como também nós diremos: “Senhor, não queres ir? Por isto que
não queres ir, então eu tampouco irei. Que queres fazer então?” Pode ser que digamos ao
Senhor: “Senhor, estão jogando cartas na casa do senhor Lee, mas está faltando uma pessoa.
Podemos ir jogar cartas?” E o Senhor dirá: “Não!”, então não iremos. Entretanto, quando houver
uma reunião especial do evangelho, podemos dizer-lhe: “Senhor, esta noite há uma reunião
especial no estádio. Queres ir?” Então, o Senhor dirá: “Sim, vamos!” nós diremos: “Está bem,
Senhor, vamos juntos”. Nisto consiste viver com o Senhor. Nós talvez digamos: “Senhor, não fui
ao barbeiro faz quatro semanas, devo cortar o cabelo hoje?” Então, se o Senhor disser: “Sim!”,
nós diremos: “A qual barbearia devo ir?” Nisto consiste a vida cristã.

O ESPÍRITO NOS FORTALECE, CRISTO FAZ SUA MORADA EM NÓS E DEUS NOS ENCHE

Devemos ver que a vida cristã não é questão de cultivar o eu, de melhorarmos a nós mesmos
nem outra coisa, salvo amar o Senhor e permitir que Ele viva com nós. O Senhor deseja viver
conosco, mas a pergunta é se nós o amamos e o apreciamos. Esta é a razão pela que Paulo orou
ao Pai em Efesios 3:16, dizendo: “para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que
sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior”. Paulo não orou para
que fóssemos prósperos, para que nosso negócio tivesse êxito, ou para que tudo nos saisse
bem; mas, ele orou para que fóssemos fortalecidos no homem interior. Quando nosso homem
interior, nosso Espírito regenerado, é fortalecido, este se abre completamente, e quando nosso
espírito está aberto, o Senhor pode encher-nos e expandir-se desde nosso espírito a cada parte
de nosso coração, que inclui nossa mente, emoção e vontade. Esta é a maneira na qual Cristo faz
Sua casa em nossos corações (v. 17); Ele enche nosso espírito e toma posse de nosso coração.

Amamos o Senhor? Devemos agradecer ao Senhor porque o amamos. Não obstante, Ainda que
O amamos, não lhe temos dado suficiente espaço em nossa mente. O Senhor assim segue
parado de frente a uma porta fechada e não pode entrar. E nós seguimos resguardando nosso
coração, sem deixar-lhe entrar. É como se falássemos pro Senhor: “Senhor, por favor, não
entres. Não entres em minha mente. Está fechado. Limite-se só em meu espírito”. Pode ser que
seja esta nossa condição. Nosso espírito pode ser como uma sala na qual temos pedido
gentilmente ao Senhor Jesus que permaneça ali. Entretanto, depois de algum tempo, a sala de
nosso espírito se torna uma prisão. Encarceramos o Senhor em nosso espírito e não o
permitimos dar nenhum passo fora de nosso Espírito. Portanto, necessitamos que o Espírito
fortaleça nosso homem interior por Seu poder, fazendo que nosso espírito seja forte.

Como permitimos que o Espírito fortaleça nosso homem interior por Seu poder? A maneira
direta de fazer isto é invocar: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus! Te amo! Oh Senhor Jesus, te
amo!” Depois de havermos exercitado assim por cinco ou dez minutos, a parte mais forte de
nosso ser será nosso espírito, e então nosso espírito fortalecido estará pleno do Senhor Jesus.
Além disso, agora o Senhor Jesus terá a maneira de extender-se de nosso espírito a nossa
19
mente, emoção e vontade. À medida que invocamos: “Oh Senhor Jesus! Oh Senhor Jesus!”, passo
a passo nosso espírito se encherá dEle, e surgirá um sentimento em nós, o qual nos fará
compreender que não temos permitido o Senhor tomar posse de nossa mente, de nossa emoção
e de nossa vontade, e que não lhe permitimos retirar nossas opiniões. Se continuarmos
invocando: “Oh Senhor Jesus!”, o Cristo que mora em nosso espírito gradualmente encherá
nossa mente, emoção e vontade. Poderemos comprovar isto por nossa experiência. Finalmente,
depois de um ou dois dias, de uma semana ou de um mês, o Senhor possuirá todo nosso ser.
Esta é a maneira em que Cristo faz Sua casa em nosso coração.

Ao ser fortalecido em nosso homem interior invocando o Senhor, experimentaremos a largura,


o comprimento, a altura e a profundidade do universo (v. 18). Descobriremos que esta largura,
comprimento, altura e profundidade, são o próprio Senhor Jesus. A largura, o comprimento, a
altura e a profundidade são todos infinitos, e estas medidas infinitas correspondem o Senhor
Jesus. A largura é o Senhor Jesus, o comprimento é o Senhor Jesus, a altura é o Senhor Jesus, e a
profundidade também é o Senhor Jesus. Descobriremos que a paciência do Senhor não tem fim.
Nossa paciência tem no máximo doze polegadas de comprimento. Se alguém nos ofende duas
polegadas, podemos ser pacientes. Se alguém nos ofende quatro polegadas, podemos esticar a
borracha elástica de nossa paciência. Se alguém nos ofende oito polegadas, ainda podemos
esticá-la um pouco mais. Se alguém nos ofende doze polegadas, haveremos esticado nossa
paciência ao máximo. Mas se alguém nos ofende duas polegadas mais, a borracha elástica se
romperá. Muitas esposas são pacientes com seus maridos desta maneira: duas polegadas hoje,
outras duas polegadas amanhã, duas polegadas na próxima semana, e inclusive duas polegadas
mais na semana seguinte. A paciência delas se estica pouco a pouco, até que finalmente a
borracha elástica se rompe. Então começam a lançar coisas em seu marido. Nisto consiste nossa
paciência. Mas a paciência do Senhor Jesus é capaz de rodear a terra. A paciência do Senhor é
infinita.

Também nos daremos conta de que nosso amor é demasiado superficial e que o amor do
Senhor é infinitamente profundo (v. 19). Inclusive não podemos precisar quão profundo é Seu
amor. Quanto mais o amamos, mais descobrimos que Seu amor é infinito. Quanto mais o
amamos, mais descobrimos que Seus atributos são infinitos. E quanto mais o amamos, mais nos
damos conta de que Sua compaixão para os homems é infinita. Descobriremos que a largura, o
comprimento, a altura e a profundidade do universo são o Senhor Jesus mesmo. Tal como estas
quatro dimensões - a largura, o comprimento, a altura e a profundidade— são infinitas, assim
também nosso Senhor Jesus é infinito. Ele é infinitamente amplo, infinitamente largo,
infinitamente alto e infinitamente profundo. Cristo mesmo são as dimensões do universo.

Invocar o Senhor também fará que sejamos arraigados e alicerçados em amor, e conhecer o
amor de Cristo, que excede todo entendimento (vs. 17, 19). Nós submergiremos no oceano de
Seu amor. Seu amor infinito nos inundará totalmente, e seremos arraigados e cimentados neste
amor. Em tal conjuntura, seremos plenos de tudo o que Deus é e tem. Experimentamos todas
estas coisas, não por meio do bom comportamento, de cultivarmos o eu ou de melhorarmos a
nós mesmos, mas sim de amar o Senhor Jesus e permitir que Ele tome completa posse de nosso
ser interior, a fim de que sejamos totalmente cheios, até a medida de toda a plenitude de Deus.
A última estrofe de um hino corresponde a este pensamento. As primeiras duas linhas desta
estrofe dizem: “Teu Espírito me encherá/ Saturando Deus cada parte”.

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A vida cristã não é questão de fazer o bem, de corrigir-nos, de cultivarmos nem de melhorar-
nos a nós mesmos, mas sim, de mesclar-nos com o Deus Triúno como uma só entidade. Deus,
como o Espírito, nos fortalece em nosso homem interior a fim de que Cristo faça Sua casa em
nossos corações. O resultado disto é que somos cheios até a medida de toda a plenitude de
Deus. O Espírito nos fortalece, Cristo faz Sua casa em nós e Deus nos enche. Como resultado,
todo nosso ser é possuído pelo Deus Triúno. Somos cheios do Senhor Jesus e da presença de
Deus. Isto é glorioso; esta é a vida cristã.

INVOCAR O NOME DO SENHOR E SER SALVOS

Estas coisas não devem ser só ensinos entre nós. Queridos irmãos e irmãs, todos devemos
receber esta luz e mergulharmos nesse fluir. Devemos viver conforme o sentimento da doçura
do Senhor Jesus que habita no profundo de nosso ser. Acaso não sentimos que o Senhor Jesus é
doce? Se é assim, devemos invocar Seu nome mais e mais. A Bíblia revela esta maneira simples
de proceder. A Bíblia diz: “uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os
que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.’”. (Rm 10:12b-
13). Se quiserem ser salvos, invoquem o nome do Senhor. Não digam: “Irmão Lee, já sou salvo”.
Ainda que sejam salvos pela eternidade, ainda assim não tem sido salvos de seu mau gênio, de
seu eu, de sua velhice e do mundo. Assim necessitam ser livrados de todas estas coisas.
Necessitam experimentar mais a salvação. Invoquem o nome do Senhor e serão salvos. Se
estiverem dispostos a invocar: “Oh Senhor Jesus, te amo! Senhor Jesus, és tão maravilhoso!”,
então serão salvos.

Como podemos desfrutar da salvação do Senhor? Como podemos permitir que o Senhor leve a
cabo Sua salvação em nós? A maneira consiste em abrirmos ao Senhor, e a maneira de abrimos
ao Senhor não os permite considerar com a mente como abrimo-nos para o Senhor. Quanto
mais cosiderarmos como abrir nosso ser ao Senhor, mais fechados ficamos. Em vez de pensar,
devemos esquecer-nos de nossos pensamentos e exercitar nosso espírito para invocar o nome
do Senhor desde o mais profundo de nosso ser: “Oh Senhor Jesus, te amo. Oh Senhor Jesus, te
amo. Estou disposto a isto: a entregar-me a Ti, como Tu se entrgou por mim. Senhor, te amo!”.
Ao invocar Seu nome, nosso Espírito se abrirá a Ele. Então Ele levará a cabo Sua salvação em
nós, e nós viveremos com Ele, nEle e por Ele. Além disso, Ele saturará e inundará todo nosso ser
de modo que todas as partes de nosso ser chegam a ser Ele. Nisto consiste a vida cristã.

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CAPÍTULO QUATRO
RECEBER O ABUNDANTE DISPENSAR DO ESPÍRITO
A FIM DE CRESCER, SER TRANSFORMADOS E SER CONFORMADOS
Leitura bíblica: Rm. 12:1-2; Ef. 4:22-24; 2 Co. 3:18; Rm. 8:29; 11:17; Fil. 1:19; Jo. 6:57

A SALVAÇÃO QUE DEUS EFETUA É UMA LIBERAÇÃO INTERIOR

O aspecto mais maravilhoso da salvação que o Senhor efetua, consiste em que Ele se forja em
nós. O Senhor não nos salva de forma externa, sim que nos salva ao entrar em nós. Ele não só
entra em nós, mas também se mescla com todo nosso ser. Sua salvação não se leva a cabo
externamente, mas internamente, parte do interno para o externo, isto é, não da circunferência
para o centro, mas sim do centro para a circunferência.

Podemos dar testemunho disto a partir de nossa experiência. Frequentemente, quando oramos,
nos apegamos ao conceito religioso de que a salvação virá dos céus, que estão fora de nós. Vez
por outra quando oramos e invocamos, levantamos a cabeça e olhamos para cima. Entretanto,
nossa experiência nos mostra que outras vezes quando oramos de uma maneira mais informal, e
inclusive quando nem parecia que estávamos orando, experimentamos que a salvação se efetua a
partir de nosso ser interior. Conforme o nosso conceito, pensamos que a salvação vem de cima,
mas em realidade o Senhor efetua Sua salvação do nosso interior. A que se deve isto? O Senhor
efetua Sua salvação desde nosso interior porque o dia em que fomos salvos, no preciso momento
em que nos arrependemos, confessamos, cremos e oramos ao Senhor, nosso maravilhoso Senhor
entrou no centro de nosso ser, ou seja, em nosso espírito. Pode ser que não tenhamos estado
conscientes disto e não tenhamos sentido nada, mas ao crermos nEle e orarmos a Ele, Ele entrou
em nosso espírito. Esta misteriosa realidade não se baseia em nada nos nossos sentimentos.
Alguns experimentam grande alegria, doçura e liberação quando o Senhor entra neles, mas com
a maioria das pessoas este não é o caso. Com a maioria das pessoas, o Senhor entra em seu
espírito de maneira tranquila, inclusive sem que seja notado. Pode ser que não tenhamos
percebido nada e não sentimos o que aconteceu, mas quando cremos no Senhor Jesus, Ele entrou
em nós.

Permita-me que lhes dê alguns exemplos para demonstrar-lhes isto. Algumas pessoas que se
arrependeram, confessaram, creram e oraram ao Senhor; e ao fazer todas estas coisas, eles
esperavam que fosse ocorrer algo. Assim que, quando parecia que nada havia sucedido, se
decepcionaram, e chegaram à conclusão que o evangelho não é real e que a pregação que
ouviram não era confiável. Algo ocorreu dentro delas depois de 4 ou 5 dias, ou uma semana, sem
que soubessem de onde surgiu tal sentimento. Alguns o chamam poder, outros dizem que é a
salvação e ainda outros dizem que tem experimentado uma mudança; mas sem importar que
terminologia seja usada para descrevê-lo, esta experiência é algo muito real. Algo poderoso surge
dentro de tais pessoas a fim de salvá-las.

Faz quarenta anos que preguei o evangelho a um homem chamado Sr. Du, e foi salvo. O Sr. Du
gostava de beber. Ele havia estado no cristianismo por muitos anos, mas nunca havia se
arrependido nem havia crido até que ouviu nossa pregação do evangelho. Quando ouviu a
pregação do evangelho, ele se arrependeu, creu e invocou o Senhor. Assim, foi salvo de verdade.
O Sr. Du tinha um bom amigo que era seu vizinho, chamado Sr. Yang. O Sr. Yang também havia
estado no cristianismo por muitos anos, mas gostava jogar cartas e ir a ópera. Raramente assistia

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as reuniões cristãs; ele ia uma vez cada três ou seis meses. Por vários anos ele só assistia a
reunião de natal, em 25 de dezembro. O Sr. Yang tinha perto de trinta anos, ele e Sr. Du eram
bons amigos que desfrutavam beber juntos. Depois de que o Sr. Du creu no Senhor, influenciou o
Sr. Yang e este também creu no Senhor. O Sr. Yang creu genuinamente no Senhor e foi salvo e
entrou na vida da igreja. Agora já não era meramente um cristão nominal. O Sr. Du e o Sr. Yang
estavam contentes de que ambos havian crido no Senhor e que haviam entrado na vida de igreja.
Um dia, um deles se alegrou e disse: “Bebamos um pouco de vinho juntos”. O outro respondeu:
“Não. Não é bom beber”. Mas o primeiro respondeu: “Podemos beber um pouco de ‘vinho de
Timóteo’. Em 1 Timóteo 5:23 Paulo disse a Timóteo: ‘Não continues a beber somente água; usa
um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.’ Assim que,
se está bem que Timóteo beba um pouco de vinho, por que não podemos nós beber também?”
Depois disto, os dois levantaram suas taças começaram a beber. Entretanto, quando o Sr. Du
tomou um sorvo do vinho, não lhe caiu bem, assim olhou para o Sr. Yang; e depois de que o Sr.
Yang tomara um sorvo, ele disse ao Sr. Du: “Este vinho mudou, parece amargo”. Ambos voltaram
a tomar um sorvo e logo, sem dizer nada mais, simultâneamente puseram na mesa suas taças;
nenhum deles podia beber mais. Esta história nos mostra que inclusive se alguém segue a letra
da Bíblia, é possvel que o Cristo que mora dentro de nós não esteja de acordo. Conforme a Bíblia
pode ser aceitável beber um pouco de “vinho de Timóteo”, mas algo dentro de você poderá opor-
se a isto. Isto é um exemplo de que a salvação não provém de ensinos externos; mais, a salvação
provém de dentro.

Permita-me dar-lhes outro exemplo. Quando pregava o evangelho faz quarenta anos, outra
pessoa foi salva. Seu nome era Jing. Ele trabalhava na Alfândega e tinha quase a mesma idade que
o Sr. Du. O Sr. Jing era alto e forte. Era oriundo de Manchuria, possuia um bom sentido de humor,
tinha uma voz muito foirte, e gostava de fumar e beber. Seus colegas da Alfândega tinham festas
com frequencia. Se o Sr. Jing não estava nessas festas, seus colegas não se divertiam tanto; assim,
sempre se asseguravam de que ele estaria por lá. O Sr. Jing era conhecido por ser amável e
também por ser um fumante inveterado: fumava desde que chegava à repartição até o fim do
expediente. O Sr. Jing era esta tipo de pessoa antes de ser salvo. Um dia, entretanto, ele veio
escutar o evangelho. Naqueles dias celebrávamos uma série de reuniões do evangelho no
princípio do ano novo. Depois de escutar o evangelho por várias noites, o Sr. Jing veio ver-me. Ele
disse: “Sr. Lee, entendi o que você pregou, e também fui comovido pelo falar. Agora quero
perguntar-lhe, como posso ser salvo?” Respondi-lhe: “É muito simples. Você tem que
arrepender-se, confessar, crer e orar. Vá pra casa e ore ao Senhor Jesus. Diga-lhe: ‘Senhor Jesus,
sou um pecador’. Depois de orar isto, confesse qualquer pecado que perceba em seu interior, e
depois de confessar, diga: ‘Senhor Jesus! Obrigado. Foste crucificado na cruz por mim. Creio em
Ti, e Te recebo como meu Salvador’”. Quando se foi, fez o que eu lhe havia indicado, mas quando
orou dessa maneira, não lhe pareceu que ocorrera algo. Na manhã seguinte, foi trabalhar como
de costume. Era seu hábito levar dois maços de cigarros todos os dias, mas esta manhã, por
alguma razão desconhecida, se esqueceu de levá-los. Um dos colegas do Sr. Jing, que se assentava
frente a ele na repartição, também era um fumante. Entretanto, essa manhã, quando o colega
pegou seus cigarros, o Sr. Jing se deu conta de que havia se esquecido de trazer os seus. Nesse
momento, também se lembrou que na noite anterior havia crido em Jesus, assim disse a seu
colega: “Me esqueci de trazer meus cigarros, pois na noite de ontem cri em Jesus”. Quando seu
colega ouviu isto, respondeu-lhe: “Esqueceu! meu querido Jing; você é um grande brincalhão. Sei
que estás tramando algo quando disse que creu em Jesus. Não pense que poderá aproveitar-se de
mim esta manhã. Se trouxe seus cigarros ou não, isso é problema seu. Não vou dar-lhe os meus”.
Então, o colega do Sr. Jing esperou para ver o que sucederia. Para sua surpresa, toda a manhã
23
passou sem que o Sr. Jing fumasse. Então, o colega ficou observando o Sr. Jing; toda a tarde
passou, e o Sr. Jing não fumou. O colega do Sr. Jing agora estava bastante surpreso. Sabia que
inclusive se o Sr. Jing estivesse brincando, não consegueria por tanto tempo. Foi desta maneira
que o Sr. Jing deixou de fumar.

Nesse mesmo dia à noite, os funcionários da Alfândega realizaram uma festa como costumavam
fazer, e convidaram o Sr. Jing. Ele teve dificuldade de dizer não, assim compareceu. Quando
chegou a festa, simplesmente ficou parado e calado e apenas sorria para os demais; assim as
pessoas começaram a caçoar dele. Mas não se importava com o que diziam, ele permanecia
parado e calado e apenas sorria para os demais. Finalmente, alguém disse: “Olhem, o querido
Jing está tramando algo novo hoje”. Não obstante, não importa quanto se riam dele, o Sr. Jing
continuava calado. Pouco depois disse a seus amigos: “Eu tenho crido em Jesus. Eu não fumo, eu
não bebo, e já não mais serei o velho brincalhão”. Quando todos ouviram isto, se riram e
disseram: “Deixe-nos em paz! A quem quer enganar? Está tramando algo!” Logo, todos se
aproximaram para brindar por ele, mas em vez de beber com eles, simplesmente disse
“obrigado” e sorriu. Dentro dele havia um poder que lhe permitiu deixar de beber. Foi Assim
como o Sr. Jing mudou.

Quando os empregados da Alfândega celebravam festas, suas esposas sempre os acompanhavam.


Quando o Sr. Jing foi salvo, deixou de sair com seus colegas, assim sua esposa tampouco podia
sair com eles. Por isso, sua esposa se aborreceu muito com Jesus e lançou a culpa aos que haviam
pregado ao marido sobre Jesus. Quando o Sr. Jing foi salvo, se voltou com fervor ao Senhor. Um
dia, convidou sete a oito de nós a sua casa para celebrar uma festa do amor e, pediu a sua esposa
que preparasse uma comida para nós. Mas sua esposa devido à raiva que estava não tinha
intenção alguma de cozinhar. A mim também convidaram a sua casa naquele dia. Quando
chegamos a sua casa, vimos que não havia nada na mesa para comer, mais apenas sobras do dia
anterior. O irmão Jing se sentiu triste, mas nós lhe dissemos: “Irmão, isto é, realmente um
banquete de amor. Comamos!” Em outra ocasião, quando o irmão Jing estava em uma reunião,
sua esposa o esperava impacientemente em casa. No momento em que o irmão Jing abriu a
porta, sua esposa começou a jogar os quadros da parede ao chão. Entretanto, ele sorria e louvava
o Senhor. Ele foi capaz de responder assim não porque havia recebido algum poder
externamente, sim porque havia um poder que operava dentro dele.

Posso contar-lhes muitas histórias da pregação do evangelho e como o Senhor salva as pessoas,
não de forma externa, sim interiormente. Poderíamos pensar que quando o Senhor nos salva, Ele
é semelhante a alguém que está sobre terreno sólido e nos tira de um buraco lamaçento. Mas
esta não é a maneira como opera o Senhor. Quando abrimos nossa boca para orar, o Senhor entra
em nós e nos tira do mal a partir de nosso interior. O Senhor entra em nós e nos salva
interiormente.

O ESPÍRITO TODO-INCLUSIVO É NOSSO ABUNDANTE DISPENSAR

Em realidade, o poder que tem o Senhor para salvar é o Senhor mesmo. Hoje, Ele é o Espírito
vivificante e todo-inclusivo. Ele possui tanto o elemento da divindade como o elemento da
humanidade. Além disso, os atributos divinos de Deus, as virtudes humanas, os elementos da
redenção, Sua crucificação que põe fim a tudo, Sua morte todo-inclusiva, Sua ressurreição, Sua
ascensão, e a justiça, a santidade, a luz, a vida, o amor e a vitória, tudo está nEle. Tudo está no

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Espírito. Os elementos que compõem o Espírito são ricos e abundantes. Esta é a razão pela qual o
chamamos o Espírito todo-inclusivo. Nosso Senhor é tal Espírito.

Quando o Espírito todo-inclusivo entra em nós, primeiro, chega a ser nossa vida, e segundo,
chega a ser nosso dispensador de vida. Estes dois passos implicam muito. Podemos dar um
exemplo dos dois passos valendo-nos do alimento que comemos. Em João 6:57b, o Senhor Jesus
comparou a Si mesmo como alimento, pois disse: “O que me come, também viverá por causa de
Mim”. Todos sabem que o alimento tem como fim dispensar algo para o interior. Uma comida
apropriada contém muitas vitaminas e nutrientes. Depois de que estes nutrientes têm sido
digeridos por nosso estômago, tais nutrientes são absorvidos e transportados para diferentes
partes de nosso corpo, para chegar a serem os muitos elementos que nos constituem. O alimento
que comemos é orgânico; assim que, ao passar por um processo metabólico em nosso corpo, tal
alimento produz uma mudança orgânica dentro de nós.

Se um irmão está muito débil, sua face estará pálida. Se este é o caso, como podemos ajudá-lo? Se
nos esforçarmos por melhorar o aspecto externo e aplicar algum cosmético branco, vermelho ou
negro em sua cara, isto não seria algo orgânico, sim artificial. Isto não o ajudará a recuperar a
saúde; inclusive pode causar-lhe dano. O que então, devemos fazer por ele? O apropriado seria
dar-lhe a melhor bebida e o alimento mais nutritivo. Se Ele come desta maneira por quatro
semanas consecutivas, sua pele se tornará jovem, rosado e saudável. Isto é um exemplo da
transformação orgânica interna. Este é um processo metabólico.

Peço desculpas por falar de mim mesmo. Eu ministro a palavra durante todo ano. Por cada hora
que falo, devo dormir três; também tenho que comer bem. Inclusive os jovens nos EUA que tem
vinte ou trinta anos não podem manter o ritmo que leva um homem velho como eu. Posso falar
por cinco ou seis horas seguidas, mas isto os esgotaria totalmente. Perguntam-me qual é o
segredo? É a misericordia do Senhor que posso comer, beber e dormir. O que como e bebo é um
dispensar para meu corpo. Em 1948 fui a Fuzhou e vivi ali, perto de dois ou três meses. O horário
que os irmãos programaram para mim estava muito apertado. Havia pelo menos três reuniões
por dia: manhã, tarde e noite. Era realmente esgotador. Entretanto, na cidade de Fuzhou se
produz certo tipo de laranja. Depois de cada mensagem, me davam uma jarra de suco de laranja.
Dois minutos depois de beber o suco, estava cheio de energia outra vez. Revigorava-me porque
havia recebido um dispensar interior.

Hoje, o Senhor Jesus é o Espírito de vida todo-inclusivo. Os ingredientes que há nEle são muito
mais ricos que qualquer alimento ou bebida. Tudo o que necessitamos está nEle. Ele é realmente
o dispensar abundante. Seu dispensar entra em nós não só para dar-nos poder, mas também
para forjar Seus elementos em nós a fim de que possamos ser transformados metabolicamente.
Não é questão de uma mudança externa, sim de uma transformação interna. Pode ser que sua
meta seja receber poder, mas a meta dEle não é essa mais sim, transformá-lo.

Suponhamos que tenho uma jarra de água. Agora suponhamos que adiciono um pouco de limão,
de água quente e mel. Se fizer isto, agora terei uma jarra de limão, a qual contém os seguintes
ingredientes: água, mel, limão e chá. Quando estes ingredientes se mesclam, possui uma
capacidade orgânica e alimentícia que provê-nos energia. O Senhor entra em nós com todos Seus
elementos; entretanto, Sua meta não é só prover-nos poder. A meta do Senhor é forjar Seus
elementos, Sua essência em nós para que sejamos transformados orgânicamente por dentro.

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NÃO SÓ FALAR SOBRE NUTRIÇÃO, MAS APRENDER A COZINHAR E A COMER

Não podemos obter os elementos do Senhor se só escutamos mensagens; porque mensagens,


inclusive, quando se repetem uma e outra vez, só podem dar-nos certo tipo de conhecimento,
entendimento e compreensão. Eles não podem dar-nos a essência do Senhor, os elementos do
Senhor.

Por exemplo, suponhamos que um irmão se resfria seriamente, e depois de ficar enfermo por
seis semanas, se acha pálido e fraco. Suponhamos que desejo ajudar-lhe, mas que só sei falar e
não sei fazer nada mais. Só sei falar sobre nutricão, mas não sei como cozinhar. Desde manhã até
a noite só dou sermões com um livro sobre nutrição, dizendo-lhe como fazer isto ou aquilo.
Assim, digo tudo o que se relaciona com a nutrição. Se fizer apenas isto, que proveito ele terá? De
fato, provavelmente seria melhor se não lhe falar tanto. Quanto mais falo, mais fraco se torna. Ele
recebe muito conhecimento, mas não lhe é útil. Agora suponhamos que sua mãe vem vê-lo. Ela
quer muito ajudá-lo, e sem dizer uma palavra, simplesmente cozinha três boas refeições todos os
dias. O resultado é alimentando-se com estas comidas ele se tornará são.

Qual é o problema do cristianismo hoje em dia? O problema é que no cristianismo se fala sobre
nutrição, mas não se cozinha. Eu me incluo nisto. Temo que seja possível que só tenha falado
sobre nutrição e não lhes tenha cozinhado nada para comer. Temo que muitos dos que tem vindo
de outras cidades para escutar digam: “O irmão Lee continua dando as mesmas mensagens que
deu antes. Continua falando sobre invocar o nome do Senhor e orar-ler a palavra do Senhor.
Temos ouvido tudo isto antes”. Queridos irmãos e irmãs, não estou perguntando se já escutaram
isto antes. Pergunto-lhes se tem comido ou não. Não estou aqui para dar-lhes lições de revisão.
Estou aqui para alimentá-los. As mensagens serão de pouco proveito; só o Espírito é de proveito.
O Espírito é o Senhor mesmo, o Espírito é alimento, o Espírito é vida e o Espírito dispensa vida. O
dispensar do Espírito é um dispensar abundante que satisfaz cada necessidade.

Desde que nascemos estamos imersos em nossa constituiçao natural, e à medida que crescemos,
assimilamos a cultura; depois de crer, entramos na religião. Estas três coisas — a constituição
natural, a cultura e a religião— nos rodeiam. São três capas de véus. Não temos só uma capa;
temos três capas de véus. Temo que depois de ouvir mil, ou inclusive dez mil mensagens, ainda
assim nos apeguemos aos conceitos religiosos.

A religião carece do Espírito. Uma religião é uma série de crenças com seus ensinos. A religião
sempre nos ensina a fazer isto ou aquilo. A religião está plena de ensinos; entretanto, a religião
nunca nos dispensa. Pode ser que pensemos que a igreja seja igual. Pode ser que pensemos que a
igreja consiste só em falar a palavra e escutar a palavra. Este conceito é incorreto. Portanto,
tenho um encargo pesado em mim. Tenho estado diante do Senhor, apegando-me a Ele desde o
mais profundo de meu ser. Tenho orado: “Senhor, abre o entendimento dos santos nas igrejas em
todas as cidades, de modo que possam ver que o que necessitam hoje não é só a palavra, sim
também o Espírito”. Hoje não só necessitamos da palavra; também necessitamos do Espírito. A
palavra nos ensina; o Espírito nos dispensa.

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O DISPENSAR NOS TRANSFORMA

A meta de Deus não é só se dispensar; a meta de Deus é transformar-nos. Meu engargo nesta
mensagem é a transformação. Temos que orar: “Senhor, transforma-nos!” O conceito religioso é
que se alguém tem mau gênio, necessita receber ensinos a fim de poder mudar. A religião te diz:
“Você tem mau gênio. Faz tudo apressadamente. Portanto, tem que entender que necessita
mudar”. Entretanto, o Senhor não é assim. O Senhor quer que comamos um pouco dEle todos os
dias e que O recebamos um pouco mais dEle todos os dias. Ele é Espírito, e como tal, pode ser
recebido em nós. Ele não tem a intenção de mudar nossa rápida maneira de ser, mas sim quando
Ele entra em nós — um pouco hoje, um pouco manhã e um pouco mais no dia seguinte —, Sua
essência, a qual é o Espírito, entra em todas as partes de nosso ser, o qual inclui nossa natural
maneira de ser. Como resultado, nosso ser muda espontaneamente. Ele não nos muda
deliberadamente de ser uma pessoa rápida para ser uma pessoa lenta, ou de ser uma pessoa
lenta para ser uma pessoa rápida. Esta não é a maneira como Ele opera. Na mudança, Ele
transforma nosso ser, nossa essência. Romanos 12:2 diz que somos transformados por meio da
renovação da mente, e 2 Corintios 3:18 disse que somos transformados na imagem do Senhor. O
Senhor nos transforma em Sua imagem ao se dispensar para nós.

A OLIVEIRA BRAVA É ENXERTADA NA OLIVEIRA VERDADEIRA

Romanos 11 diz que nós, os gentios, somos uma oliveira brava. Ao crer no Senhor somos
enxertados na oliveira verdadeira e somos feitos aptos para participar da raiz da oliveira. Dentro
da raiz da oliveira verdadeira está à seiva, a secreção da vida. Quando o ramo da oliveira brava é
enxertado na oliveira verdadeira, a seiva de vida entra no ramo, e o ramo recebe o dispensar.
Creio que como cristão você tem este tipo de experiência: a experiência de ter sido um ramo da
oliveira brava que tem sido enxertado na oliveira verdadeira e que recebe a seiva de vida da
oliveira verdadeira, a qual dispensa todo seu ser. Se realmente tem esta experiência, então peço
que esqueças os ensinos externos e que preste atenção ao dispensar interno da seiva.

O dispensar da seiva de vida não tem como fim só dar-nos poder, mas transformar-nos. Como
ocorre a transformação? O ramo de uma oliveira brava possui a natureza e essência de uma
oliveira brava. Entretanto, quando este ramo é enxertado em uma oliveira verdadeira, a seiva da
oliveira verdadeira é dispensada para o ramo da oliveira brava e a transforma. Finalmente, se
produzem azeitonas. No passado as azeitonas do ramo da oliveira brava eram amargas e azedas,
mas agora que a seiva da oliveira verdadeira tem passado pelo ramo da oliveira brava, a essência
do ramo da oliveira brava tem transformado as azeitonas, agora são doces e fragrantes. Inclusive
a forma da azeitona do ramo da oliveira brava agora será como as da oliveira verdadeira.

O processo de produzir azeitonas é um processo que se realiza de glória em glória e de dia em


dia. A semana passada, a azeitona era muito pequena. Depois de duas semanas está maior. E
depois de outras duas semanas está mais ainda. Na etapa inicial não havia muita glória, mas na
final, depois de haver alcançado a maturidade, você verá uma oliveira cheia de glória. O processo
pelo qual a oliveira passou levou-a de glória em glória. A expressão de glória em glória
encontrada em 2 Corintios 3:18 significa “de um grau de glória a outro”.

Nosso desejo é que nesta era vejamos surgir igrejas de cidade em cidade e que estas igrejas não
deem ênfase nos ensinos, mas sim, abram os olhos dos crentes para dar-lhes uma visão. Nestas
igrejas a luz resplandecerá, o qual capacitará aos crentes para ver que o que necessitam não é o
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ensino externo, sim o dispensar interno de vida. Também verão que quando creram e foram
salvos, a fonte de vida —o Cristo todo-inclusivo, O Espírito todo-inclusivo— entrou neles. Eles
aprenderam a viver neste Espírito todo-inclusivo, a desfrutar deste Espírito e receber seu
dispensar abundante todos os dias. Desta maneira, dia a dia tal dispensar mudará a essência do
ser deles. Mês a mês e ano a ano em cada igreja local, veremos irmãos e irmãs que vieram
regularmente as reuniões e que são transformados de dia em dia. São como os ramos da oliveira
brava que foram enxertados na oliveira verdadeira. Em princípio, quando um ramo é enxertado,
não podemos ver que ocorreu algo. O ramo está ali simplesmente absorvendo a esseência da
oliveira verdadeira e recebendo o dispensar por dentro. Pouco a pouco você verá um broto novo,
logo algumas flores, e finalmente sairá um fruto pequeno. Depois de duas semanas, o fruto
haverá crescido um pouco mais. Depois de outras duas semanas haverá mais crescimento, e no
final, o fruto alcançará a maturidade, e haverá azeitonas doces e fragrantes. É assim que todas as
igrejas locais devem ser. De modo que ano a ano os irmãos e irmãs recebam a Cristo, desfrutem
de Suas riquezas, obtenham Seu dispensar abundante e sejam transformados na essência. A
transformação não é uma mudança repentina no aspecto exterior; antes, é uma mudança
interior. Ao ser transformado desta maneira, os irmãos e irmãs finalmente serão totalmente
diferentes do que eram antes de ser salvos. A transformação não ocorre de forma repentina, sim
que é um processo metabólico contínuo na vida divina que finalmente produz resultados
visíveis.

CRESCER NA IMAGEM DO SENHOR MEDIANTE A TRANSFORMAÇÃO

Esta é a igreja que o Senhor deseja hoje. A igreja que o Senhor deseja não é só uma igreja em que
os santos estão firmes sobre o terreno de unidade. A igreja que o Senhor deseja é uma igreja na
qual os santos estão firmes sobre o terreno da unidade e também comem Cristo, desfrutam
Cristo, absorvem Seu rico dispensar e recebem Seu dispensar abundante. Este dispensar
abundante primeiramente entra em nosso espírito, depois se extende a nossa mente, emoção,
vontade e a todas as partes de nosso ser, transformando nossa essência. Não cremos em uma
doutrina, sim no Espírito vivificante. Não estou aqui pregando mensagens doutrinais, sim que,
prego um Cristo vivificante. Depois de falar-lhes por uma hora, não me importa se não entendem
o que disse. O que me importa é que o espírito de vocês tenham tocado Cristo. Não se preocupem
de recordar tudo o que tem ouvido. Minha única esperança é que o ser interior de vocês tenha
sido tocado por Cristo. Quando seu ser interior tiver sido tocado por Cristo, seu entendimento
espiritual aumentará, e quando voltar pra casa, poderá ter contato com o Senhor em seu interior.
Também terão comunhão com Ele, orarão um pouco mais e passarão mais tempo com Ele, de
modo que o ser interior de vocês receberá o dispensar. Então, pouco a pouco, a essência dEle
entrará em nossa essência e nos transformará. Esta transformação não é resultado de uma
mudança de comportamento, sim de um metabolismo orgânico. A transformação acompanha o
crescimento. Realmente, a transformação é o crescimento. O resultado da transformação é a
conformação. Ao ser transformado, seremos conformados a imagem do Senhor Jesus. Em tal
momento, a intenção original de Deus ao criar o homem se cumprirá. Quando Deus
primeiramente criou o homem, criou o homem a Sua imagem, a fim de que o homem O expresse.
Finalmente, aqueles que são redimidos por Deus não só terão Sua imagem, sim também Sua vida
e Sua essência. Sua essência se mesclará com a nossa, fazendo que todo nosso ser experimente
uma transformação metabólica. Depois de haver sido transformados continuamente,
cresceremos em Sua imagem.

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Todo ser vivente tem uma vida definida, e toda vida tem características definidas, um poder
definido e uma forma definida. A semente de uma flor de arbusto, por exemplo, tem uma vida e
um poder, assim como uma forma particular. A única coisa que temos que fazer é plantar esta
semente na terra e permitir que cresça. A semente não só tem poder para crescer, sim que depois
de um período de crecimiento, terá o poder de moldar essa semente na forma de uma flor de
arbusto. Uma flor é diferente de um produto de plástico que se produz em uma fábrica. Algo que
se produz em uma fábrica deve adquirir sua forma mediante a pressão de um molde exterior. A
forma de uma flor de arbusto, entretanto, não provém de um molde. A forma de uma flor de
arbusto provém do crescimiento. A forma de um crisântemo também provém do crescimento.
Isto se aplica tanto as plantas como aos animais. Quando um cachorrinho ou um gatinho nasce,
não é fácil distinguir se é um cachorro ou um gato. Entretanto, não é necessário preocupar-nos.
Simplesmente, temos que esperar o cachorrinho ou o gatinho cresça, e enquanto crescem, não
será necessário pedir que faça um molde e ponha sobre o corpo desses animais. Isto se deve que
a vida que está dentro deles tem uma forma definida.

A imagem de Deus se acha na vida de Deus. A imagem do Senhor Jesus está em Sua vida.
Portanto, se simplesmente permitimos que a vida do Senhor Jesus cresça em nós, Sua vida
produzirá uma imagem. Depois de um período de crescimento, Sua imagem se manifestará por
meio de nós. Portanto, podemos chamar este processo de crescimento, transformação ou
conformação. Todos fomos criados, e todos temos sido redimidos e regenerados. Agradecemos o
Senhor e o louvamos por isto. Agora estamos no processo de desfrutar o Seu dispensar
abundante e de receber Sua rica essência. Seu dispensar e Sua essência fazem que nosso
elemento natural experimente uma transformação metabólica. Esta transformação orgânica faz
que cresçamos, que sejamos transformados e que sejamos conformados. Nenhuma doutrina
pode realizar isto; só o Espírito pode realizá-lo. Aleluia que Ele é o Espírito e que Ele está em nós
como nosso dispensador abundante.

Queridos irmãos e irmãs, desde o mais profundo de meu ser, peço a todos vocês que ponham de
lado as mensagens que tem ouvido por tantos anos. Não é questão de recordar essas mensagens
ou não. O que vocês e eu temos que ver hoje é que o Espírito todo-inclusivo com Seu dispensar
abundante está dentro de nós. Este dispensar é um dispensar orgânico, um dispensar que pode
transformar-nos. Se desfrutarmos o Senhor continuamente, e permitimos que se acrescente mais
e mais em nós, cresceremos espontaneamente, seremos transformados e seremos conformados a
Sua imagem. Que o Senhor tenha misericórdia de nós. Todos devem orar por isto e centrarmos
no Senhor para que Ele faça em nós.

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