You are on page 1of 7
sala preta sala preta é uma publicagio do Programa de Pés-Graduagéo em Artes Cénicas da Escola de Comunicagses e Artes da USP. As opinises expressas nos artigos assinados sao de inteira responsabilidade dos au- tores. Os artigos documentos deste niimero foram publicados com a aurorizagio de seus autores ou representantes, Conselho Editorial AntOnia Pereira (UFBA) Beatriz Cabral (UDESC) Beth Rabecti (UNIRIO) Christine Greiner (PUC-SP) Flora Sussekind (UNIRIO) Jacé Guinburg (USP) Mariingela Alves de Lima Sabato Magaldi (USP) Coordenacdo Editorial Luiz Fernando Ramos Silvia Fernandes Projeto Grafico Ywone Sarué Tania Marcondes Reviséo e Editoracao Discurso Editorial Universidade de $0 Paulo Reitora Joto Grandino Rodas ice-reitor Helio Nogueira da Cruz Escola de Comunicacao e Artes Diretor Mauro Wilton de Souza Vice-Diretora Maria Dora Genis Mourao Presidente da Comissdo de Pos-Graduagao da ECA-USP Rogério Luiz Moraes Costa Coordenador do Programa de Pos-Graduacao da ECA-USP Luiz Fernando Ramos Departamento de Artes Cénicas Chefe Felisberto Sabino da Costa Vice-Chete Fausto Viana Por uma dramaturgia Jean-Marc Adolphe conta que, no primei- ro SKITe,! realizado em Paris, em 1992, Corrado Bertoni, que, na ocasiéo, traba- hava com Caterina Sagna,? sugeriu um jogo de substituigdes para a palavra dra- : dramasurgia (para priorizar 0 surgi- 10 da aco), dramapurgia (para enfatizar a (0 ou a depuragio da aso) ¢, ele mesmo pds outra, drama-urgia (destacando a urgén- tia da aco). Como se vé, a palavra muda, mas seu foco ‘permanece. O que conta ¢ a agio que 0 corpo realiza, ou seja, o que vale & 0 que estd aconte- eendo nele. No caso da danca, essa ago remete diretamente aos passos e aos gestos ¢ ao modo ‘como cles sio mostrados. No segundo SKITe, acontecido em Lis- oa dois anos depois, Adolphe coordenou um que nao seja uma liturgia da danca Helena katz atelié sobre dramaturgia, a partir do estabeleci- mento de um acordo de que uma possivel dra- maturgia da danga estaria ligada 20 movimen- to, O objetivo era pensar sobre a existéncia de uma dramaturgia do movimento que fosse re- sultante de forgas mais ou menos visiveis, e cujas tensGes configurariam a pertinéncia desse mo- vimento. Af estaria a dramaturgia. Traduzindo: 0 movimento de danga que um corpo faz seria o fiador da dramaturgia de danga Posta deste modo, fazendo do movimento de danga usm fiador de uma dramaturgia de dan- ¢a, a discussio que comegou a se fortalecer no final do século 20, remete a Noverre. Segundo Levinson? (Sao Petersburgo, 1887 — Paris 1933), Noverre* foi o criador da danga como espetdculo independente. Apresentou uma dan- a autosuficiente, que rejeitava 0 uso da pala- Helena Katz ¢ professora do Curso Comunicagio das Artes do Corpo e do Programa de Pés-Gradua- fo em Comunicagio ¢ Semidtica da PUC-SP Promovido por Jean-Mark Adolphe, o SKITe é uma plataforma de encontro de pesquisas aristicas sem. obrigagio de resultar em produgio. No primeiro SKITe, destacaram-se Alain Platel Meg Stuart, € no segundo, acontecido em 1994, em Lisboa, Jerdme Bel fez a sua primeira apresentacio publica. Coredgrafa italiana que se tornou conhecida pela exploracio danga-literatura. [Andre Levinson, vigoraso defensor dos prineipios académicos do balé, mesmo sendo um entusiasta de Isadora Duncan, atacava as renovagies de Fokine ¢ Diaghilev. Escteveu muitos artigos ¢ nove livros, dentre 0s quais, La vie de Noverre (1925). Deixou a Rissia em 1918, tornou-se professor na Sorbonne, ‘eum dos mais respeitados erticos de Paris dessa época. Para situar a importincia de Jean-Georges Noverre (1727-1810), basta lembrar que, para Lincoln Kirstein (1907-1996), ele estd para a danga como Shakespeare para o teatro,

You might also like