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OTTORINO ZANON
NOSSA MÃE
MARIA
LEGENDA
FONTES
2
INTRODUÇÃO
Vicenza, 08 / 12 / 1998
Solenidade da Imaculada Conceição de Maria
4
Coloquei todos debaixo do manto de Maria.
Pedi a força do sim generoso e contínuo para todos.1
1
(Diário Terra Santa 15/10/65)
2
Test. 26/05/61)
3
Test. 26/05/61)
4
(Test. 09/08/63)
5
6
“Maria é a pedrinha que se inseriu de maneira perfeita
no maravilhoso mosaico da criação”.
Maria me conhece, me ama e me segue no duro
trabalho da minha santificação e em toda a atividade
apostólica.
Nunca uma mãe, podendo, deixa o filho em má
situação; nunca Maria me deixará na hora da necessidade.
Como poderia não me ajudar quando peço ajuda para
tornar-me parecido com o seu Jesus!
Como pode Maria não estender sua mão materna para
purificar-me quando lhe peço que me torne digno do seu
Jesus!
Como pode Maria não atuar quando peço sua
intervenção para salvar alguém!
Nunca... Nunca... Nunca... Maria me dirá não, quando eu
pedir em favor de alguém...”.5
5
manuscrito inédito do Pe. Ottorino
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Mãe é mãe!
Filhinhos, diante dos homens Maria é a esposa de José, mas não é bem
assim: ela é a esposa do Espírito Santo. Deus confiou a José uma mulher,
com a ordem de ampara-la e de cuidar dela: a mulher mais santa, a mulher
mais importante já criada pelo Altíssimo, a mulher que está entre o céu e a
terra, bela, pura e concebida sem pecado. Maria nunca foi tocada pelo
pecado! Pensando nisso, ontem à noite, senti certa inveja de Nossa Senhora,
não tanto por ter sido concebida sem pecado – isto é um dom de Deus – mas
porque nunca pecou. Nossa Senhora nunca pecou, nem mesmo uma pequena
falta, nunca ofendeu a Deus, nunca entristeceu o rosto de Deus.
Quantas vezes, no Instituto São Caetano, quando minha mãe estava
viva, se eu quisesse dar uma de durão, em certas situações, ela dizia: “Você
está certo...! Mas, toma cuidado...! Faça como você quiser, meu filho,
mas...”. Enfim, o tal “faça como quiser” significava sempre “deixa pra lá,
tenha paciência!”. A mãe é mãe, ela procura o bem de toda a família, mesmo
que sua preocupação materna possa, de vez em quando, prejudicar um pouco
a justiça...
A final, o que faz Nossa Senhora no céu? O que ela faz quando nós a
invocamos? Precisamos tê-la como medianeira das graças, a mãe da
misericórdia, a mãe da bondade, enfim, a “mãe”. Nós imaginamos no
Paraíso três homens, isto é, o Pai, o Filho e o Espírito Santo e uma mulher
que põe um pouco de ordem... (numa casa onde só tem homens, nem sempre
predomina a ordem; pela ordem você percebe a presença de uma mulher,
não é não?). O Senhor quis uma mãe, para ele e para nós. (Med. 10/06/70)
9
poesia é obra de Dante”. Bom, aí a coisa seria muito diferente! Subindo mais
ainda a escada, se me disserem: “Esta é uma obra de Deus”. Já pensaram?
Nossa Senhora é obra prima de Deus! Sem dúvida uma pessoa muito próxima
de Deus, já que o artista transfere um pouco de si mesmo para as suas obras....
É interessante relembrar alguns princípios que os teólogos põem na base
da Mariologia, o estudo sobre Nossa Senhora: “Nossa Senhora é singular!”.
Singular: só ela se destaca, só ela recebeu estes dons singulares, só ela foi
destinada a ser a Mãe de Deus e, por causa disso, teve uma concepção
imaculada e uma convivência com Cristo. “E a palavra se fez carne”: por nove
meses Deus viveu dentro de Nossa Senhora. Pensem: naquele momento, por
obra do Espírito Santo, uma pequena célula começou a mover-se dentro do
ventre puríssimo de Maria, Deus entrou e começou a tomar forma e ela, por
nove meses, continuou a dar de si mesma a Deus que morava dentro dela. Se
dão conta?... Nossa Senhora carregava Deus! Dá para imaginar porque Deus a
fez grande e cheia de graça.
Aí sim, dá para entender: “Cheia de graça”: Maria carregava a fonte da
graça. O Pai preparou um sacrário para seu Filho. O que importa se deverá
nascer numa gruta? O que importa se deverá fugir para o Egito? Jesus Cristo já
tinha um sacrário consigo. E como Deus preparou este sacrário? Com uma
concepção imaculada e uma maravilhosa convivência com Cristo. Maria
carregou Jesus por nove meses, o carregou no colo como criança e o
amamentou. E Jesus é o Deus de Maria!
Então entende-se a definição de mãe e filha: “uma sociedade de vontade
e de trabalho entre ela e Deus... (Papa Pio XII, Enc. “Haurietis aquas”) uma
sociedade para a salvação do mundo.
Gloriosa assunção, universal realeza: são algumas maravilhosas estrelas
desta criatura que é “um sinal grandioso no céu” (Ap 12, 1). No céu onde tudo
é um prodígio, ela é grande mesmo! No céu, que é toda luz, ela é “um grande
sinal!”. Não se trata de uma luz numa noite escura, mas uma grande luz na luz
do dia!.....
Então vamos contemplar Nossa Senhora, vamos contemplar esta escada
de seres humanos, começando pelo menor, do átomo pra cima, os homens, os
anjos..., os querubins e os serafins... e Maria! A obra prima de Deus. Deus a fez
como uma obra prima, porque a escolhera como mãe, sem pecado original e
cheia de graça. Na convivência com Cristo, forma com ele uma sociedade para
salvar o mundo. Considerem tudo isto e depois, unidos com Nossa Senhora,
digamos: “Santa Maria, nossa mãe e mãe de Deus! Como és bonita, como és
grande, és a Mãe de Deus e minha também” (Med. 5/05/65).
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Maria acreditou
A verdade é caridade! “Estas coisas foram feitas pelo Senhor!” (Sl 118
(117), 24). Nossa Senhora falou também: “O Todo-Poderoso fez grandes
coisas por mim!” (Lc 1,49). Ela reconheceu ter recebido grandes graças do
Senhor (Med. 30/03/67). Eis uma atitude feita de profunda humildade e, na
mesma hora, de alegria pela nossa grandeza! “O Todo-Poderoso fez grandes
coisas por mim”: Nossa Senhora percebe ser pequena, humilde, mas também
grande. O Senhor me escolheu, pobre criatura, e me fez rei; reconheço ser
um “pequeno” pastor, como Davi, mas também rei, porque Deus, em sua
bondade, me escolheu entre os meus irmãos e me colocou no trono. Esta, a
meu ver, é a humildade. (Med. 4/11/69)
Percebam a vossa grandeza: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas por
mim”. Contemplem a vossa grandeza de cristãos, de religiosos, mas na
mesma hora considerem a vossa miséria: todo dia, antes de comungar,
procurem viver os sentimentos de Maria, ela se percebia tão pequena e tão
grande. Estariam errados em se acharem só pequenos, porque a verdadeira
humildade está em reconhecer o que o Senhor vos deu. Devem sentir sua
pequenez vivendo sua própria grandeza (Med. 7/11/69).
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Procurem imaginar a cena: esta pequena menina hebréia que recebe o
anúncio do anjo: “Você será a mãe de Jesus, você será a mãe do Salvador!”.
E esta pequena menina concebe, por obra do Espírito Santo, e se coloca a
total disposição de Deus: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a
sua palavra!” (Lc 1,38).
Quando estive em Nazaré, prostrado ao chão, na gruta da anunciação,
vos garanto que experimentei algo difícil de se descrever. Naquela gruta
estão escritas as palavras: “Aqui o Verbo se fez carne! “ (Jo 1,14). Aquele
“Hic = Aqui” penetra no íntimo do coração! Exatamente naquele lugar a
divindade se uniu à humanidade! Deus começou ser homem, permanecendo
verdadeiro Deus: uma só pessoa, duas naturezas. A Virgem começou
carregar em seu ventre puríssimo a Palavra que se fez carne.
Aconteceu uma coisa maravilhosa: Maria, com a Palavra feita carne
dentro de si, começou transbordar de vida. Por isso ela visitou a prima
Isabel, que precisava de ajuda, já que estava para dar à luz o pequeno João,
mas que também precisava de Jesus. E Jesus se deixa levar por Maria para
ao encontro com João, para santificar João.
Vejam, meus irmãos, com Jesus dentro de nós, somos naturalmente
levados à caridade, porque somos guiados por Ele. É o que eu experimento
quando falo para vocês, ajudando a vossa meditação, percebo uma enorme
diferença se falo antes ou depois da Comunhão. Hoje estamos meditando
durante a Liturgia da Palavra; mas se fosse depois da Comunhão, eu teria a
impressão de sermos dois a falar. É preciso sentir a presença de Jesus.
Quando Jesus está dentro de nós temos a necessidade de fazer algo por Ele,
de leva-lo pelo mundo a fora e doar a todos Jesus! É por isso que Maria
andou mais de cem quilômetros, através das montanhas da Samaria, para
chegar na Judéia, em Ain-Karim, onde morava Isabel. Que a virgem santa
nos ensine a acolher Jesus, a carrega-lo dentro de nós e a leva-lo aos outros
(Med. 10/08/67).
Quando Maria saudou Isabel, a sua santidade passou para a prima e
para o pequeno João. Tem algo que sai de nós até sem falar, apenas
saudando as pessoas (Med. 3/12/69).
Quando encontrarem uma pessoa, se estiverem cheios de Deus,
acontecerá com vocês o que aconteceu com Maria: seu pequeno Jesus
santificou o pequeno João. Vocês encontrarão um jovem e sentirão a
necessidade de doar-lhe Jesus, de faze-lo feliz, de colocar algo em sua alma.
Tudo isto não é fruto de estudo: é impossível! É fruto de uma vida. A vossa
força está aqui. Aqui está a característica do verdadeiro apóstolo (Med.
19/12/69).
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Maria nos coloca em contato com Jesus
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Jesus fala da mãe dele
2. Maria acompanhou Jesus com fé. Por exemplo, quando Jesus ficou no
templo: “Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lc 2,49).
Maria não entendeu, mas aceitou com fé. Tem horas em que não é fácil
aceitar a vida com fé, sobretudo quando tem a cruz... Naquelas horas
também Deus está presente, perto de nós, e quer nos ajudar.
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“Eis-me aqui, Senhor, estou à sua disposição!”
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Total disponibilidade de Maria à vontade de Deus
Maria, a nossa mãe bondosa, tem uma única preocupação: seu próprio
dever. A sua preocupação é saber qual é a vontade do Pai. Como Abraão que,
no alto do monte, ouviu a voz de Deus.
Esta disposição deve estar em todos nós, consiste em estar
preocupados apenas em saber se o que fazemos é vontade de Deus; o resto
não interessa. Cada um usará toda a sua boa vontade para ajudar o superior a
fazer o que Deus quer. Podemos opinar, mas depois: “É a vontade
de Deus? Me basta!”. Tantas desgraças no campo apostólico – gente que se
rebela, que quer sair da congregação, etc. etc... – acontecem porque os
religiosos não ‘decolaram’, não compreenderam o que significa ser
religiosos, doados inteiramente ao Senhor, de prontidão e à sua disposição
feitos soldados.
Nossa Senhora aceitou a vontade do Senhor, foi para o Egito porque o
Senhor falou: “Foge para o Egito!”. Não ficou em Belém, com o perigo que
o menino fosse morto! Enquanto temos pernas, fujamos! Nós também
fugimos para outro lugar ao fim de obter a aprovação do diaconato *. Mas se
um dia a santa Sé nos dissesse: “Por enquanto, não!”. Então, de nossa
parte... nem mesmo uma palavra! O nosso primeiro superior é a santa Sé,
estando ela de acordo, tudo bem! Ma o dia em que ela dissesse: “Por
enquanto nem se fala!“, acabou, nem uma palavra a mais, vamos esperar – é
esta a vontade de Deus! – até se fosse preciso esperar cinqüenta anos, ou
uma inteira geração. Enquanto lá dizem “sim”, e aqui dizem “não”, nós não
vamos parar; sem nenhuma autorização para condenar ninguém... O Senhor
compreenderá! Antes de tudo temos o dever de aceitar a provação que vem
das mãos do Senhor e depois, humanamente falando, só nos resta tratar do
assunto em outra sé!
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A nossa vida poderia ser vista assim?... Acontece que o religioso é
aquele que professa a santidade, aquele que, a cada instante, quer estar onde
Deus quer, sendo totalmente e somente de Deus.
Como você pode dizer que é “somente de Deus”, se a todo instante
procura a si mesmo? Estamos nos preparando para o novo ritual da Missa,
uma coisa muito bonita, maravilhosa, que é preciso preparar diretinho, seus
cânticos e sua cerimônia, a fim de que tudo saia bem. Mas se não
participarmos da Missa da mesma forma com que participaram Jesus e
Nossa Senhora, isto é, com a veste penitencial que poderemos ter só
cumprindo o nosso dever a cada instante, estaremos participando sem a
matéria para o “sacrifício”. Não basta assistir à Missa, é preciso vive-la! O
religioso não pode viver a Missa de qualquer jeito! Deve tirar de si qualquer
coisa que não seja do agrado do Senhor (Med. 26/11/69).
Nada devemos fazer por obrigação, seria uma heresia religiosa! O que
você fizer, faça-o por amor, até sem estar convencido: “Faço isso porque sei
que é desejo do Senhor, que me ama, por amor a Deus”. Acontece que na
vida nós procuramos fazer o que achamos ser o bem. Sem dúvida para Maria
seria melhor José saber das coisas um pouco antes. Sem dúvia Maria não
devia achar que fugir para o Egito fosse uma coisa boa. Será que, para ela,
foi bom Jesus ficar no templo? Será que foi um bem ver seu filho
crucificado e morto? Quantas coisas, Nossa Senhora também, teve que
engolir e coisas que, sem dúvida, não lhe pareciam boas. Jesus Cristo
também, quando falou: “Pai, se possível, passe este cálice” (Mt 26,39),
como homem não podia achar um bem o Calvário. Nós somos seguidores de
Cristo e é isto que devemos pregar. Devemos pregar com fé (Med.
07/05/71).
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Filhinhos que coisa santa! José trabalhava, Jesus também e, chegando a
uma certa idade, Jesus se associou ao trabalho de José, trabalhando junto,
enquanto Maria preparava a comida. A casa de Nazaré era um pequeno
santuário onde o trabalho e a oração estavam entrelaçados, onde se obedecia
a Deus, onde se amava a Deus, onde o trabalho se tornava um cântico de
amor.
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Maria, nossa meta e nossa força
No começo do Instituto São Caetano tudo nos parecia fácil: fácil rezar,
fácil recomeçar a cada dia a subida para Deus, fácil deixar-nos guiar pelo
padre espiritual, fácil esquecer de nós mesmos para amar os outros, fácil até
renunciar à alegria do próprio trabalho. Era a aurora da nossa família
religiosa, e com o frescor da manhã, com o entusiasmo da juventude e com a
alegria das realizações, era fácil sustentar uns aos outros e caminhar. Então
acreditávamos que bastava apresentar-se aos outros para eles nos
acompanharem. Agora o sol está alto e o trabalho começa a tornar-se duro e
pesado. Chegou a hora, para os membros da Congregação, de experimentar
o que significa ser apóstolos... e como é preciso sofrer para salvar os
homens!
O jovem Vianney, quando se deu conta que o trabalho era duro, não
sentou à sombra de uma árvore, nem perdeu a coragem xingando o trabalho,
ou quem o havia mandado trabalhar naquela hora e daquele jeito. Ele
encontrou a força de perseguir uma meta: Maria. À luz deste farol
desapareceu toda sombra, reencontrou-se consigo mesmo e multiplicou o
seu trabalho.
A missão para a qual Deus nos chamou, não é para criança, é para
gente grande. É uma missão dura, que exige um forte espírito de sacrifício e
constância na ação. Enquanto a técnica moderna reduz o esforço para o
trabalho do homem, não existem elevadores ou aviões para a nossa
santificação, nem para o apostolado, estamos e estaremos sempre ao nível
das escaladas duras que nos fazem suar e sangrar. O apóstolo, portanto, se
quiser ser autêntico, não deve estar preocupado em dar a volta aos
obstáculos, mas, como verdadeiro homem de Deus, deve aceita-los e supera-
los com alegria, colhendo cada gota de sangue, que servirá para lavar seus
próprios pecados e os dos irmãos.
Voltemos com simplicidade aos primeiros tempos do Instituto São
Caetano e, ricos da experiência de todos estes anos, com o exemplo do Santo
Cura d’Ars, levantemos toda manhã, diante de nós, a imagem da Virgem
Maria: ela nos ensinará a caminhar com confiança, com alegria e com
entusiasmo nas pegadas do nosso irmão Jesus. Não importa se à noite
contabilizaremos vitórias ou derrotas, alegrias ou dores; de qualquer forma
repousaremos felizes, sabendo que trabalhamos com ele e para ele, na
certeza de que, para o verdadeiro apóstolo, as derrotas são apenas aparentes
(Med. 04/08/72).
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Faça, ò mãe, que eu esteja impregnado do espírito de Jesus e nunca
resista à sua vontade ou venha a deturpa-la. Eu também sou ainda um
pobre menino e preciso de você, mãe, não me abandone! Você sempre me
ajudou e, agora que preciso ainda mais da sua ajuda, tenho a certeza que
você não se afastará de mim. Ò Maria, proteje com seu manto esta obra
que o mesmo coração de Jesus quis e faze que nós sejamos sempre
instrumentos fiéis da sua graça. Prometo, ò mãe, que te farei conhecer e
amar por todos os filhos que você me conduzir. Una-me cada vez mais a
você e a Jesus, e eu não me afastarei de vocês. As crianças que eu
encontrarei, deverão encontrar vocês. Quero que exista um só coração:
JESUS - MARIA - OTTORINO. (Diários 13/03/41)
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isto, vivendo como um digno filho seu. Respondo à primeira objeção.
Pode-se tirar vinho de um tonel vazio? Como eu poderei merecer estes
dons, já que eu sou um nada e estes dons infinitos? Você vê os meus
esforços, são quase sempre em vão e tudo acaba em nada.
Além disso, você me diz que devo viver como um digno filho seu. Será
que uma mãe não tem compaixão de um filho mau e ingrato? Será que
não o procura, não o alcança e não o abraça apertando-o ao seu
coração? Você, mãe, não fará a mesma coisa com este teu filho mau?
Porque às vezes me deixa sozinho a lutar num mar obscuro, sem um raio
de luz, num desânimo que quase vira decepção? Porque permite, nestes
momentos, o ímpeto do furacão das tentações? Você diz que é para
santificar-me. Veja mãe, a poucos meses da minha ordenação sacerdotal,
estou só. Até você, que nunca havia me deixado nos anos de formação,
me deixou sozinho a sofrer e a chorar. A minha alma, que nem um pobre
barco à mercê das ondas, vacilou e gritou desesperada: “Salve-me!”;
passaram os meses, os anos e o barco ainda chacoalhado, continua
avançando, na escuridão da noite e da solidão, para destinos
desconhecidos.
Mãe, chega! Mãe, caminha comigo. Peço isto em nome de São José,
teu puríssimo esposo, que você tanto amou, peço em nome da sua mãe, a
senhora Sant’Ana, em nome de São João Evangelista, de todos os teus
devotos e de tantas almas que esperam por salvação. Você quer que eu
seja um filho digno. Não sei o que fazer, tremo e grito. Estou aos teus
pés: pode me enxotar, me pisar, mas não irei embora (Diários julho 1944).
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A intercessão de Maria
Maria medianeira
Filhinhos, sem Nossa Senhora não conseguimos fazer nada. É muito
difícil a salvação sem a ajuda da mãe... No plano de Deus está estabelecido
que seja ela a medianeira de todas as graças. Pelo amor de Deus, não quero
mexer no que é grande e santo; sabemos bem que, quem compreendeu a
devoção a Nossa Senhora, não pode não amar a Jesus e não ajoelhar-se
diante do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Med. 04/03/69).
Talvez seja o caso de deixar certas discussões... Eu sei que ela é a
medianeira de todas as graças. Para salvar a minha vocação, a pureza e
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conservar um pouco de fé, preciso dela. Quanto ao resto, deixemos para o
além, por enquanto continuemos neste caminho! (Med. 17/12/68).
Como é possível compreender o nosso sacerdócio e a nossa missão?
Eu acho que é possível desta maneira: rezando muito e colocando-nos nas
mãos de Nossa Senhora. Quantas vezes algum bom hebreu terá procurado
Nossa Senhora dizendo: “Por favor, veja se me ajuda a me encontrar com
Jesus... Quando Jesus voltar, eu gostaria de falar com ele...”. Precisamos ter
muita confiança para com Nossa Senhora e pedir-lhe que nos faça conhecer
seu Jesus, nos ajude a sentir sua presença na hora de administrar os
sacramentos e em qualquer momento do nosso dia-a-dia sacerdotal,
procurando manifestar Cristo aos irmãos (Med. 13/07/72).
Nesta manhã, deixo do altar a saudação para todos vocês meus irmãos
(Pe. Ottorino estava partindo para uma visita aos irmãos da América Latina),
assegurando que levarei o abraço de todos vocês para os nossos irmãos.
Contarei para eles - vou falar baixinho, - que vocês se tornaram melhores,
mais amantes de Nossa Senhora e mais preocupados em fazer a vontade de
Deus... Deixo uma lembrança: procurem ter sempre Nossa Senhora como a
senhora e a mãe da Congregação. Por favor, não tratem Nossa Senhora como
a velha da casa! Muitas vezes, a mãe se torna a velha da casa e é colocada de
lado; entra uma outra pessoa e começa a mandar. Não, Maria não é a velha
da casa! Seria o começo do fim da nossa Congregação. Não quero colocar
Maria no lugar de Deus. Não, pelo amor de Deus! Quero coloca-la em seu
devido lugar, medianeira da graça, aquela que leva Jesus para o altar, que
nos ensina a amar o Senhor e a fazer a sua vontade (Med. 1/05/69).
Nossa Senhora tem um coração de mãe e pode tudo junto a seu filho
divino... Não sei se esta história é verdadeira ou não, mas é o que acontece
freqüentemente. Certa vez, Santa Gemma Galgani pedia a conversão de um
pecador, mas o Senhor: “Não, não e não! É uma pessoa muito maldosa, não
merece, deixa pra lá!”. Por fim, ela se dirigiu a Nossa Senhora: “Você tem
que me dar esta graça!”. Dias depois, o Senhor lhe disse: ”Você conseguiu!
Porque você agiu assim?”.
Eu desejo que na vossa vida, tanto pessoal quanto apostólica, vocês
tenham sempre esta confiança em Maria, assim, na hora da dificuldade,
possam dizer como Santa Gemma Galgani: “Senhor, ou você me concede
esta graça, ou eu procuro sua mãe!”... Os nossos religiosos deveriam sempre
dizer, com segurança, estas palavras: ”Olha que vou procurar sua mãe, e
você sabe que ela vai dizer sim”. Poderíamos ficar tranqüilos, o espírito da
Congregação permaneceria firme pra todo o sempre. Amém! (Med. 17/06
70).
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Maria: mãe de cada um e da Congregação
Deus não brinca e não se desmente: o Senhor é um pai que ama seus
filhos! Filhinhos, a nossa casa tem mais uma coluna, um ponto fixo: a
bondade materna de Maria. Deus é nosso pai, ma temos uma mãe também!
Quando falta a mãe, o povo diz: aquelas crianças estão órfãs! As famílias
tem pai e mãe. Deus quis que tivéssemos uma mãe colaborando para a nossa
redenção. Foi associada ao Filho para redimir a humanidade, oferecendo
seus sofrimentos, suas dores, suas lutas espirituais, como naqueles
momentos aos pés da cruz. Esta mulher, que se chama Maria, é nossa mãe,
uma mãe que quer bem a seus filhos.
Quando visitava a minha mãe doente, ela me perguntava: “Como está
Pe. Ottorino? Você está bem mesmo? E como vão as coisas? A providencia
divina continua presente? Você consegue dormir?”. Então ontem falei para
Nossa Senhora: “Você é a minha mãe e me quer bem... Porque não me
pergunta como estou, se durmo de noite, se estou preocupado com as
dívidas...? Eu responderei que estou preocupado pela falta de vocações...,
porque tenho dívidas para pagar...”.
São vinte anos que Nossa Senhora age assim em nossa casa! O ano
passado, na véspera da Imaculada, chegou um milhão de liras, vocês
lembram? Já este ano, perto do Natal, foi Jesus quem deu o presente com o
telegrama que anunciava a aprovação das Constituições da Congregação por
parte da santa Sé.
Gravem em vosso coração esta palavra: fé! Na vida encontrarão
momentos difíceis, como eu encontrei nestes meses: difíceis
economicamente, apostolicamente e espiritualmente. Filhinhos, uma palavra
só: fé em Deus, criador do céu e da terra; fé em Deus nosso pai que nos
criou; fé em nossa mãe bondosa, Nossa Senhora!
Nesta manhã vamos pedir a Nossa Senhora que, depois que mandou as
Constituições, junto com a providência, mande vocações. Digamos a Nossa
Senhora: “Mãe manda-nos irmãos! Irmão pequenos, mas também grandes,
assim demoram menos para partir para o trabalho apostólico! O mundo
precisa de Deus, os homens precisam de uma mãe, precisamos de quem os
ajude a conhecer Deus Pai e Maria Mãe” (Med. 21/12/61).
A Congregação pede que estes homens sejam homens de Deus.
Falando do homem de Deus, são usadas estas palavras: “Ele começa a subir
para a meta sublime da união com Deus, aceitando Nossa Senhora como
mãe e deixando-se guiar por ela pelo duro caminho da renúncia e do
desprendimento”. Quem não tiver devoção a Nossa Senhora e não a aceitar
30
como mãe, saiba que esta não é a sua Congregação. O Concílio declara
Maria mãe de Jesus e mãe da Igreja, por isso ela tem que ser a mãe da
Congregação: nossa mãe e nossa mestra. Ontem, hoje e sempre (Med.
06/08/66).
A nossa mãe bondosa, Nossa Senhora, pensa sempre em nós e nos
conhece a cada um. Ela é a mãe do nosso sacerdócio, do nosso diaconato, á a
chefe, a rainha do que será o nosso trabalho apostólico; será ela que nos
fornecerá o necessário: desde a roupa, até a saúde física, as sugestões, as
ajudas espirituais necessárias para salvar os homens; ela nos ajudará a
encontrar o fio da meada em cada pessoa.
Quantas vezes vocês encontrarão dificuldades! Ficarão se perguntando:
”O que fazer?”. Se tiverem o costume de se dirigir para ela, de perguntar-
lhe: “Mãe, o que fazer?...”, encontrarão a resposta. Mas para usufruir destes
benefícios temos que dar o nosso passo. Ela nos dará estas coisas todas, mas
nós devemos dar um passo para nos aproximar dela.
Falei antes que uma casa não pode ficar sem a mãe. Por quê? Porque a
providência estabeleceu assim: o pai trabalha e a mãe prepara a comida. A
providência de Deus estabeleceu assim: Pai, Filho, Espírito Santo e a mãe.
Ela é a estrada pela qual eu vou ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, é o
meio seguro para salvar a minha vocação e os homens. Esta aproximação,
acontece na oração, até nas orações comuns, como o terço, bem rezado; mas
acontece sobretudo, daquele jeito com o qual entendemos os famosos “cinco
minutos” cotidianos, que são a chave para estabelecer o contato com ele.
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Maria ensina a viver como Jesus
Em nossas missões, tem muita gente que não conhece nem Deus, nem
os Sacramentos, mas que sabe de uma coisa: temos uma mãe e esta mãe se
chama Maria. Portanto Nossa Senhora é a Mãe de cada um de nós. Mas o
que significa mãe? O que é para mim a minha mãe? Minha mãe foi a
criatura que colaborou com Deus para dar-me a vida. Foi ela quem me
ensinou a comer, aliás me deu um pouco de si mesma no começo. Não creio
que vocês tenham começado logo comendo sardinhas..., tenho a certeza que
vocês também começaram como todos os homens deste mundo... A mãe me
ensinou a caminhar reerguendo-me depois dos primeiros tombos. A mãe me
ensinou a falar...
Tem uma grande analogia entre a mãe que eu tive no mundo e a mãe
que eu tenho do céu, Nossa Senhora. Ela também colaborou com Deus para
dar-me a vida, não a vida física e sim a espiritual. Se sei rezar ‘Pai Nosso’,
se posso segurar na mão a hóstia consagrada e dizer: ”Jesus, você é meu
irmão”, devo isto ao amor do Pai, à generosidade do Filho, ao calor do
Espírito Santo que habita em mim, ma devo também ao ‘sim’ generoso que
levou Nossa Senhora a aceitar de ser mãe de Jesus, com todas as
conseqüências, tornando-se co-redentora da minha vida, sobre o monte
Calvário, aos pés da cruz. Por isso eu posso dizer: Nossa Senhora colaborou
com Deus para gerar-me à graça, para dar-me a vida. Da mesma forma com
a qual devo ajoelhar-me diante da mãe para agradece-la por sua participação
para eu ter uma vida natural, da mesma forma devo prostrar-me diante de
Nossa Senhora, já que ela me ajudou a ser filho de Deus.
A mãe nos deu a comida e nos ensinou a comer; não acham que Nossa
Senhora, mãe espiritual, também nos alimentou? A mãe nos deu o seu leite,
algo de si mesma; o Cristo que tomamos não é carne de Maria? O sangue
que bebemos não era antes sangue de Maria? Há uma união entre o sangue
de Cristo e o sangue de Maria. Assim como mãe Clorinda (mãe do Pe.
Ottorino) me deu o leite, Nossa Senhora me deu algo mais, seu próprio
Filho, seu próprio sangue e sua carne. Nossa Senhora, como a mãe, começou
dando algo de si, depois nos ensinou a comer e, por fim a gente foi se
virando.
Quando eu era pequeno, perto do meio dia, se começasse a beliscar
alguma coisa, a mãe dizia: “Deixa isto, depois não vai comer a sopa!”. A
mãe me ensinou que existem alimentos nutrientes, alimentos que fazem mal
e outros que não fazem nem mal nem bem, mas comendo só eles você não
fica em pé. Nossa Senhora nos oferece o alimento, nós devemos escolher e
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comer o pão que alimenta e não comer o pão que envenena, e nem abusar de
certos alimentos que podem nos impedir de comer o pão que alimenta.
Estamos diante do altar, na casa de Maria e de Jesus, para nos tornar
sacerdotes e diáconos missionários. É inútil comer alimentos envenenados,
coisas que envenenam a alma e nos fazem mal. Acontece poprém que, sendo
alimentos que dão dor de barriga, você vai logo chorar diante de Deus.
Piores do que estes alimentos, e talvéz mais perigosos, são certas leituras,
cinema, televisão etc... são como uma fatia de melancia ou um sorvete,
gostosos, ma não podem substituir o alimento. É preciso equilíbrio. Não
serão os superiores que irão estabelecer quanto sorvete tomar ou quanta
melancia comer. Não seremos nós a proibir-vos de ler algum livro ou algum
jornal, mas lembrem-se, isto não ajuda a ficar em pé; lendo só jornais e
revistas, não sobra mais espaço para aquele Pão que Nossa Senhora nos
ensinou comer para poder viver.
Há um pão que não pode ser substituído: a oração, o estudo dos Livros
santos, a meditação, o retiro espiritual, a união com Deus, a mortificação...,
isso mesmo, a mortificação! O homem de Deus é um homem de oração, de
meditação, que sabe mortificar-se todo dia, procurando dominar a si mesmo.
Este é o pão dos santos, este é o pão de Jesus, este é o pão de Maria, este é o
pão que devemos comer se quiser-mos ter a força para o trabalho apostólico.
Minha mãe me ensinou a caminhar também. Como é bom lembrar o
passado e ver o que Nossa Senhora fez para ensinar-nos a andar no caminho
de Deus! Nos ensinou a ser cristãos, nos ensinou a fazer uma boa confissão,
nos ensinou a fazer a Comunhão, a obedecer à nossa mãe...; nos ensinou a
ser como Jesus (Med. 8/12/71).
Maria co-redentora
Ontem à noite, meditando a “Via Sacra”, eu pensava: “A nossa mãe
bondosa, Nossa Senhora, se encontrou com Jesus perto do Calvário, aceitou
o que Jesus revelou a respeito da vontade do Pai, que ela também devia
participar dos sofrimentos da cruz...”.
Considerem como é grande Nossa Senhora! No paraíso Jesus lhe dirá
para sempre: “Vocês me ajudou a carregar a cruz, me ajudou a salvar o
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mundo”. Pensem: a co-redentora do gênero humano! Maria também aceitou
padecer para que fossem perdoados os meus pecados. Nossa Senhora, mãe
da Igreja, é mestra e nos ensina a ser como Jesus. Ela não está no lugar de
Deus, mas é a primeira a ajoelhar-se diante do Altíssimo e nos ensina
ajoelhar-nos também diante de Deus (Med. 15/07/72).
“Exigiu dela participação para completar a medida necessária para a
salvação do mundo”. Veio Jesus, para salvar o mundo, mas ele quis deixar
uma parte para Nossa Senhora e uma para cada um de nós. Ele podia fazer
tudo sozinho, mesmo assim ele pediu para que eu também fizesse a minha
parte. Assim cada um ajuda a completar a salvação do mundo. Por isso, a
medida completa para a salvação de todos os homens é fruto da ação de
Jesus, de Maria e de cada um de nós.
A parte de Nossa Senhora foi uma parte integrante a parte de Cristo.
De fato, porque Deus chamou Maria sobre o Calvário para sofrer daquele
jeito? Nossa Senhora se tornou ainda mais importante e mais querida e não
menor! Por isso Jesus disse: ”Bem aventurados são aqueles que fazem a
vontade do Pai... Meu pai e minha mãe são aqueles que fazem a vontade do
Pai” (Lc 11,28). Depois de Jesus, não há criatura que tenha realizado a
vontade do Pai como Nossa Senhora!
A nossa grandeza está exatamente em fazer a vontade de Deus no dia-
a-dia e com alegria, tanto nas coisas difíceis como nas fáceis..., aceitando o
dia de sol e o dia de chuva; no esforço de nos querermos bem na caridade
fraterna..., esta é a caridade, este é o amor. Isto por quê? Porque nós também
somos chamados a completar a medida.
Desculpem a insistência, mas creio que esta é a base. Fora disso,
chegando numa comunidade e encontrando dificuldade de relacionamento
com um irmão de temperamento diferente; ou encontrando qualquer
desilusão em nosso trabalho..., poderemos levar em conta a nossa missão e
compreenderemos que aquele é o nosso Calvário, que aquela é a hora na
qual nós somos co-redentores do gênero humano; ou acabaremos agindo
apenas humanamente, rejeitando tudo o que não é segundo o nosso ponto de
vista e o nosso modo de entender as coisas. Aí não salvaremos ninguém! .....
Sabendo de antemão que somos chamados a participar da salvação do
mundo, mesmo suando sangue pelo caminho, mesmo quando do nosso
coração sairá o grito de Jesus: “Pai, se possível, passe este cálice, eu não
agüento mais!”, saberemos concluir como ele: “Seja feita a sua vontade”.
(Mt 26,39).
Nos momentos difíceis, quando estaremos perdendo a coragem, temos
que olhar para a nossa Mãe que primeira bebeu o cálice.... o cálice do
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sofrimento, da vontade de Deus. Não vamos desanimar pensando nas
dificuldades que nos esperam, porque no céu temos um irmão e uma mãe.
Então as dificuldades para vencer as tentações e para resistir à maldade do
mundo e do demônio, serão dificuldades que viveremos, diria até com a
alegria de quem faz algo com paixão. Quando você faz uma coisa com
paixão, não pesa mais. Não é verdade? (Med. 14 -18/ 08/70)
Então o sofrimento adquire outra dimensão e tudo muda de figura.
Então vale mais o cansaço do que o descanso, vale mais o sofrimento do que
o estar bem, vale mais a fome do que a comida...! Se Deus, para salvar o
mundo, escolheu a cruz, e para sua mãe escolheu a ‘Via Sacra’...., significa
que o sofrimento é o preço para a salvação do mundo.
Eu me tornei padre antes de tudo para colaborar com Cristo na
salvação dos homens com o meu sofrimento! Nem que fosse para uma única
pessoa, farei penitência. Eis o porquê da penitência! Para associar-me a
Cristo que livremente enfrentou o sofrimento, para associar-me a Maria que
é co-redentora do gênero humano. Eu também sou chamado a ser um
pequeno co-redentor. De que forma? Com o sofrimento! Por isso, em
qualquer lugar vocês sejam enviados, não se assustem se encontrarão
sofrimentos. Eis a raiz da caridade. Diante das dificuldades até mesmo na
comunidade religiosa: “Obrigado, Senhor, pela oportunidade de sofrer”.. Os
apóstolos, quando apanharam exclamaram: “Senhor, te agradecemos por ter-
nos achados dignos de sofrer por você” (Atos 5,41) (Med. 09/10/66).
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Eu prefiro ser uma criança com Nossa Senhora e procurar salvar a minha
alma, no lugar de dizer tantas coisas complicadas, como fazem os teólogos e
os filósofos, e depois não conseguir rezar. Meus amigos, precisamos abrir o
nosso coração, deixar-nos guiar por Nossa Senhora, e confiar nela: jamais
nos abandonará em nossas necessidades! Entreguem para ela sobretudo o
vosso trabalho apostólico.
Lembro que, desde o seminário, ao aproximar os jovens, eu tinha o
costume de, antes de tudo, me dirigir para Nossa Senhora e dizer: “Mãe do
bom conselho!...”. Está claro? Quando vocês me procuram para perguntar
algo, eu logo digo mentalmente: “Mãe do bom conselho, diga-me o que
devo sugerir...”. Quando eu me coloco a disposição para a confissão: “Mãe
do bom conselho aconselha-me, quero ser um instrumento que transmita a
Palavra do Senhor!”.
Desde já, tenham o costume de pedir conselho a Nossa Senhora, de
pedir sua ajuda. Nossas mães pediam ajuda a Nossa Senhora para o
nascimento dos pintinhos, para o bolo assar bem; pediam qualquer coisa
com confiança. E nós não deveríamos pedir o sucesso do nosso trabalho
apostólico? Não deveríamos pedir que Jesus possa nascer no coração dos
nossos irmãos? Mas então, o que deveríamos pedir se não estas graças?
Estou errado? Jesus salvou o mundo exatamente no momento em que
experimentou a sede, o abandono e a desolação (Med. 27/03/70).
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exemplo, dar uma absolvição sem o olhar de Deus e de Nossa Senhora?
Como podem resolver certos problemas sem o conselho deles?
Não, minha gente, não é sentimentalismo! Existe uma devoção feita
apenas de sentimentalismo, mas esta é feita de sangue! Não pense que não
me custe rezar o terço.
Se um dia alguém me disser: “Morreu alguém que não quis receber os
Sacramentos...”, eu perguntarei: “Você rezou de verdade a Nossa Senhora?
Você teve fé e confiança nela?“. Eu acho impossível que um apóstolo,
devoto de Nossa Senhora, tenha uma derrota como esta!
Nunca Nossa Senhora nos negou ajuda, às vezes tivemos que rezar
muito, mas no fim sempre ajudou! Se ela nunca nos deixou faltar o pão,
quando eu pedir em favor de uma pessoa, não iria me ajudar? É impossível,
filhinhos! Só que é uma questão de fé! Precisamos ter certeza! A fé é a
‘certeza’ da graça! É segurança! Como Nossa Senhora falou: “Façam o que
ele vos disser...” (Jo 2,5), temos que sentir esta segurança com respeito a
Maria! Não sei se Nossa Senhora vos concederá logo aquela ajuda que vocês
estão precisando..., mas, em se tratando de uma pessoa, de uma alma, podem
ter certeza!
Jesus Cristo falou para o Pai Eterno: “Pai, quero que sejam um;
quero!” (Jo 17,24). Quem tem confiança em Nossa Senhora lhe dirá: “Sinto
muito Mãe, mas ‘quero’ que fulano se converta...!”.
Com muita simplicidade: creio que existe Deus, creio que existe Nossa
Senhora, sei do poder que Nossa Senhora tem junto ao coração de Deus, sei
que o problema é a salvação dos homens, estou aqui, ofereci minha vida
para a salvação dos homens, não obstante as minhas misérias e deficiência...
Gente é preciso simplicidade e fé! Simplicidade, confiança e ternura,
ternura... Não confundam ternura com sentimentalismo: ternura para com a
nossa mãe. Não é a ternura de quem dá cinqüenta mil beijocas por dia e
depois faz o que bem entender, não! Ternura é oferecer uma flor ou algo que
a mãe gosta! Esta é ternura! Ternura é evitar que a mãe tenha que se
sacrificar. Portanto ternura é aquele sacrifício, aquela sua mortificação;
ternura é você cumprir com o seu dever, mesmo quando não tem vontade
nenhuma; é ajudar teu amigo!... Enfim, ternura é aquela caridade para com
Deus e o próximo, para com os irmãos: isto é ternura! Façamos um exame
de consciência pra ver se temos realmente esta devoção para com Nossa
Senhora... para a conversão de um pecador, Pe. Ottorino!... (Med. 08/06/67).
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Devoção a Maria
Entregar-nos a Maria
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obtenha o Espírito Santo, aquele mesmo Espírito que nos dá a graça de
conhecer, de compreender, de sentir e viver estas coisas. Isto é necessário
(Med. 30/05/64).
Nossa Senhora é nossa mãe. As nossas mães nos ensinaram a amar
Nossa Senhora oferecendo pequenos sacrifícios e mortificações. Precisamos
oferecer algo para Nossa Senhora; não basta dizer: “Mãe, te quero bem,
faça-me santo!” (uma jaculatória que pe. Ottorino gostava ensinar). Temos
que começar a sacrificar os nosso ídolos! Poderíamos lançar um lema:
“Morte aos ídolos!”. Pergunta ao teu diretor espiritual, pergunta ao teu
superior, que vive perto de ti, pergunta ao teu amigo..., talvez você encontre
em sua vida mais ídolos do que imagina. Não quero ofender ninguém: pode
ser que vocês não tenham tais ídolos; basta que um de vocês tenha nem que
seja um ídolozinho para impedir a ação de toda a Pia Sociedade! (Med.
02/02/67).
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Estou cansado... Maria ajude-me!”. Tudo desaparecerá ou, pelo menos, não
sentirão o sofrimento ou o desânimo de antes.
Irmãos, em nome das pessoas que vos esperam, vos recomendo:
cresçam na devoção a Nossa Senhora, não uma devoção mecânica, mas
íntima, própria de um filho que acredita na mãe e a ama e, por isso, coloca
em suas mãos, a pureza, a humildade, o espírito de sacrifício, enfim , si
mesmo por completo! (Med. 20/10/67).
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humanos e mais comentários sobrenaturais. Filhinhos, certas coisas se
enxergam melhor com a ajuda da mãe... (Med. 08/03/69).
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A Santa Missa, a Comunhão, os Sacramentos
e os homens recebem a luz do Senhor que está em você.
Do contrário, você será uma lâmpada sem energia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
Mãe é mãe! ........................................................................................ 8
Maria, obra prima de Deus .............................................................. 8
Maria acreditou ................................................................................ 11
Maria “tão pequena e tão grande” .................................................... 12
Maria leva Jesus aos outros ............................................................. 12
Maria nos coloca em contato com Jesus .......................................... 14
Jesus fala da mãe dele ...................................................................... 15
“Eis-me aqui, Senhor, estou a sua disposição .................................. 16
Total disponibilidade de Maria à vontade de Deus. .......................... 17
Doação total e... dolorosa em Maria ................................................. 18
Maria na vontade de Deus aceita a paixão ....................................... 19
Maria e a vontade de Deus no dia-a-dia ............................................ 20
Maria a serviço da missão do Filho ................................................. 21
Maria está conosco ........................................................................... 22
Maria jamais nos abandona ................................................................ 23
Maria, nossa meta e nossa força ...................................................... 24
A intercessão de Maria .................................................................... 27
Maria medianeira ............................................................................. 28
Maria: mãe de cada um e da Congregação ...................................... 30
Maria ensina a viver como Jesus ..................................................... 32
Maria, mãe e mestra ......................................................................... 33
Maria co-redentora ........................................................................... 34
Maria, vigia dos tesouros de Deus e nosso refugio ........................... 36
Maria nosso guia . ............................................................................. 38
Confiança filial em Maria ................................................................. 39
Devoção a Maria .............................................................................. 42
Entregar-nos a Maria .................................................................... 42
Recorrer a Maria no cansaço ......................................................... 43
Raciocinar menos e amar mais ...................................................... 44
Segurar a Mão de Maria ................................................................ 45
Rezar para Maria com o coração .................................................. 46
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