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Determinamos o quantum da pena com o sistema Trifásico, que tem o fim de estabelecer a

quantidade de pena privativa de liberdade aplicada ao caso concreto. A sentença condenatória


não se esgota no sistema trifásico, pois, haverá outras considerações que o juiz deverá fazer
como: se caberia sursis, se caberia a substituição, etc. No entanto, o sistema TRIFÁSICO
permite a racionalização do cálculo. É "quase" uma fórmula matemática composta por 3
FASES, que resultam em um valor concreto e permitem ao Juiz apurar a PENA DEFINITIVA.

São as fases:

1º) Fase da PENA BASE: Definição da PENA INICIAL (Qualificadoras/Privilégios)


+ Circunstâncias Judiciais.

2º) Fase da PENA PROVISÓRIA: PENA BASE + Análise de Atenuantes + Agravantes.

3º) Fase da PENA DEFINITIVA: PENA PROVISÓRIA + Causas de Aumento de


Pena + Diminuição da Pena.

OBSERVAÇÕES RELEVANTES:
1- Qualificadoras Vs. Privilégios

-Nas qualificadores/privilégios temos um agravamento/diminuição das MARGENS


PENAIS e tem-se uma pena autônoma.
-Estão atreladas aos crimes na parte especial do CP.
Ex1: Homicídio (Pena base 6 a 20 anos) – Praticado por meio cruel (Art 121, § 2º, III) – é
qualificadora. O meio cruel é uma circunstância qualificadora pois torna a pena base
maior (12 a 30 anos).
2 – Causas de Aumento Vs. Causas de Diminuição

Estão previstas na Parte Geral do código (mas podem vir na Parte especial)

Eu preciso fazer com que uma fração incida sobre a pena base, mas não constituem pena
autônoma.
Ex1: pena é aumentada de 1/3 a metade.

Ex2: Art. 14, II – Tentativa. Pena reduzida de 1/3 a 2/3 é uma causa de diminuição da pena.

Ex3: Art 127 – Aborto “qualificado”- na verdade essa nomenclatura está errada, pois este
crime é uma Causa de Aumento.

Ex4: Art 121, § 1º – Causas de Diminuição da Pena – A doutrina chama impropriamente de


Homicídio Privilegiado, mas é uma causa de diminuição de pena.

3 – Agravantes Vs. Atenuantes

-Quando o artigo não traz o “quantum” em que a pena será agravada ou atenuada,
estaremos diante de um agravante/atenuante. Ficará a critério do juiz determinar este
quantum.
Ex: Art. 61, CP – Crime cometido contra mulher grávida. As penas são agravadas quando
cometidos contra mulher grávida (mas o quanto que esta pena é agravada? O artigo não fala,
fica a critério do juiz)
4 – Circunstâncias Judiciais: (Art. 59, CP)

– São chamadas de judiciais porque quem determinará se serão benéficas ou prejudiciais


é o magistrado, ao contrário das agravantes e atenuantes, por exemplo, onde há
predeterminação da carga valorativa. A lei também não informa o quantum que a pena será
elevada nestas circunstâncias. Difere das agravantes/atenuantes pois o Juiz deve
considerar “quais” motivos serão relevantes para agravá-la. O legislador utiliza de
expressões genéricas para que o juiz as aplique a sua consideração.
– São circunstâncias judiciais: culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a
personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias, as consequências do crime e o
comportamento da vítima.
5 - REINCIDÊNCIA (Circunstância Agravante) (Art. 61, 63, 64, CP):

Para que haja reincidência, o sujeito deve cometer crime no Brasil ou no exterior, deve
sofrer condenação em sentença irrecorrível e deve cometer um novo crime.
A reincidência pressupõe o trânsito em julgado de uma sentença condenatória do crime
anterior (sentença irrecorrível).
O cumprimento de uma pena e extinção de uma sanção não impede que haja a reincidência.
No entanto, a reincidência é limitada temporalmente.
(Art. 64) Depois que o sujeito cumpre a pena ou a sua pena é extinta, haverá um Período de
Depuração, período no qual o sujeito ainda será considerado reincidente. Este período é de
5 ANOS.
(Art. 64, II) Não se considera para fins de reincidência os crimes militares próprios e crimes
políticos.
-Crimes Políticos: são os definidos pela Lei 7170/83 – Lei de crimes políticos, mas há
discordância na doutrina.
-Crimes militares:
 Crimes cometidos por militares em serviço.

 Crimes cometidos por civis, dentro de área militar.


Crime militar IMPRÓPRIO: Quando o crime existe simultaneamente no CPMe no CP será
considerado crime. Ex: Estupro e Furto.
Crime militar PRÓPRIO: Quando o crime só existe no CPM.
E as CONTRAVENÇÕES PENAIS são aptas a produzirem reincidência? (Art. 7º, Decreto
Lei 3688/41)

R: Sim.
A diferença é que para que haja reincidência nas contravenções a condenação anterior por
contravenção penal só poderá ter ocorrido no BRASIL. Se o sujeito cometeu a contravenção
no exterior e comete contravenção no Brasil, não será considerado reincidente.

Situações possíveis:
1. a) 1º Crime (BRASIL ou EXTERIOR) + 2º Contravenção Penal > é reincidente

2. b) 1º Contravenção (NO BRASIL) + 2º Contravenção Penal > é reincidente

3. c) 1º Contravenção (NO BRASIL) + 2º Crime > não tem previsão legal, logo
não há reincidência.

4. d) 1º Contravenção (NO EXTERIOR) + 2º Crime ou Contravenção (NO


BRASIL) > não há reincidência.
OBS: Há uma ação no STF que discuti a constitucionalidade da reincidência, já que haveria
um bis in idem pois o crime é relevante para duas sentenças.
6 - CRIMES HEDIONDOS (Lei 8072/90)

Art 2º, § 1º) O regime inicial dos crime hediondos é o Regime Fechado.
Lista de Crimes Hediondos (Art 1º e 2º da Lei 8072/90):
No código penal:
Crimes contra pessoa:

Homicídio qualificado; e

Homicídio qualificado por grupo de extermínio

Lesão corporal gravíssima ou lesão corporal seguida de morte (praticadas contra agentes de
segurança).

Crimes contra patrimônio:

Latrocínios;

Extorsão com resultado morte; e


Extorsão mediante sequestro.
Crimes contra a liberdade sexual:

Estupro;
Exploração sexual (prostituição) de adolescentes/criança/vulnerável; e
Estupro de vulnerável.
Crime c/ incolumidade pública:

Epidemia com resultado morte; e


Falsificações ou Corrupção de remédios.

Na Lei 2889/56:
Genocídio.

Não são crimes hediondos, mas são crimes equiparados à hediondos: (3TH)
(os efeitos práticos são os mesmos)
Trafico de drogas (exceto, Art 33, § 4º, Lei de Drogas – pequeno traficantes***)
Terrorismo
Tortura
Antes de 2006) Os crime hediondos tinham o regime integralmente fechado.
Após 2006) STF declarou o regime integralmente fechado inconstitucional, pois feria
o princípio da humanidade (pois fere a dignidade da pessoa humana) e individualização
das penas (quem determina se um criminoso vai ou não progredir de regime é o juiz de
execução penal). Como resultado disso, os crimes hediondos deverão iniciar em regime
fechado, havendo a possibilidade de progressão de regime.
***Pequenos Traficantes – Tráfico de drogas: (Art 33, § 4º, Lei de Drogas)
– Pena de 5 a 15 anos. Redução de 1/6 a 2/3 – nos casos dos “pequenos” traficantes. Se o
sujeito atua sozinho, não possuindo um cargo dentro da estrutura do tráfico. Neste caso o
crime de tráfico de drogas NÃO SERÁ CRIME HEDIONDO.
Ex: 5 anos x 2/3 = 1 ano e oito meses (é um pena bem baixa, por isso desconsidera-se a
hediondez)

7 - Circunstância Judicial – MAUS ANTECEDENTES

A reincidência (agravante) é mais grave do que os maus antecedentes Circunstância


Judicial).
Reincidência = novo crime em um espaço de 5 anos (CHAMADO: período de
depuração). Após este período, o criminoso passa a ter apenas maus antecedentes,
deixando de ser considerado reincidente.
Há divergência na jurisprudência/doutrina se os maus antecedentes poderiam existir ou são
circunstâncias inconstitucionais por consistir em bis in idem.
8 - Jurisprudência – MAUS ANTECEDENTES:

(Antes de cumprido do Período de Depuração) PARA O STF passaríamos a ter como


base para a determinação dos maus antecedentes: (a) inquéritos instaurados; (b) processos
criminais em curso; (c) condenações criminais sem trânsito em julgado; (d) absolvições
judiciais por insuficiência de provas.
(Após o cumprimento do Período de Depuração) PARA STF, contudo, já se manifestou
contrariamente: se o período depurador tem o poder de afastar a reincidência, produziria o
mesmo efeito para os antecedentes, pois senão se perpetuaria a condenação anterior (HC
126315).
Para efeito de cálculo da PENA PROVISÓRIA, segue o exemplo.
Ex: No caso do ROUBO (com maus antecedentes):
Pena Mínima = 4 anos

Circunstância Judicial = 4 anos x 1/8 = 6 meses.

Pena para início do cálculo da PENA PROVISÓRIA = 4 anos e 6 meses

Espero ter ajudado.

Saudações jurídicas!

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