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Infecções do
Trato Urinário
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Manual sobre
Infecções do
Trato Urinário
Manual Sobre
Infecções do
Trato Urinário
Sidney Glina
Chefe da Clínica Urológica do Hospital
Ipiranga. Urologista do Instituto H. Ellis.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
© Office Editora e Publicidade Ltda
Rua General Eloy Alfaro, 239 - 04139-060 - São Paulo - SP
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Índices para catálogo sistemático:
1. Infecção do trato urinário : Manuais :
Urologia : Medicina 616.6
2. Trato urinário : Infecções hospitalares
Urologia : Medicina 616.6
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Esta é uma publicação da Office Editora e Publicidade Ltda.,
patrocinada pela Bayer S/A. As opiniões emitidas são de seus
autores e não refletem necessariamente as opiniões e recomen-
dações da Bayer S. A.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Apresentação
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Apresentação
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Índice
INFECÇÕES DO
51 Epidemiologia
TRATO URINÁRIO • Incidência e prevalência
NO HOMEM
• Fatores de risco
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ÍNDICE
INFECÇÃO DO
61 Diagnóstico
• Clínico TRATO URINÁRIO
• Laboratorial NA INFÂNCIA
• Imagem
73 Considerações Gerais
63 Tratamento
• Definição
ORQUIEPIDIDIMITE • Fisiopatologia
65 Considerações gerais • Etiologia
• Definição
• Fisiopatologia 75 Epidemiologia
• Etiologia • Incidência e prevalência
70 Tratamento 81 Tratamento
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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NA MULHER
Infecções do
Trato Urinário
na Mulher
Considerações Gerais
Definição
Cistite não complicada é uma das afecções
bacterianas mais comuns nas mulheres, estando
elas grávidas ou não.
Fisiopatologia
Classicamente, o uropatógeno tem origem
na flora fecal. As bactérias possuem fatores de
virulência que permitem a colonização da área
vaginal e periuretral e a migração para a bexiga.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Etiologia
A Escherichia coli é a bactéria mais prevalente
nas infecções do trato urinário em geral, sendo
a bactéria mais encontrada na maioria absoluta
das mulheres, e mais prevalente nas mulheres
com menos de 50 anos. Outros patógenos
envolvidos, como Klebsiella pneumoniae, Ente-
rococcus, Proteus mirabilis e Pseudomonas são
mais freqüentes nas mulheres mais idosas. Já o
Staphylococcus saprophyticus é mais comumen-
te encontrado em mulheres jovens.
Epidemiologia
Incidência e prevalência
As infecções do trato urinário (ITU) estão
entre os quadros infecciosos mais comuns,
com maior prevalência nas mulheres do que
nos homens já a partir do primeiro ano de
idade. Estima-se que nos EUA 10,8% das
mulheres tenham pelo menos um episódio por
ano, ocorrendo mais comumente entre 18 e 24
anos (17,5%). Nas mulheres acima de 26 anos,
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NA MULHER
Fatores de risco
Nas mulheres jovens, o principal fator de risco
é a atividade sexual. Outras situações que au-
mentam a chance de uma mulher ter cistite são:
ocorrência do primeiro episódio na infância e his-
tória materna de ITU, o que sugere predisposição
genética, higiene deficiente e um maior número
de gestações. O uso de espermicida também
aumenta significativamente o risco de ITU.
Em mulheres idosas, os fatores de risco estão
menos relacionados à atividade sexual e mais as-
sociados a diabetes mellitus insulino-dependente,
número de episódios de ITU prévios, incontinên-
cia urinária e deficiência estrogênica.
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
A cistite se caracteriza clinicamente por disú-
ria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor
suprapúbica. Febre não é comum em cistite não
complicada, sendo um sinal, quando existente,
de pielonefrite. Na anamnese, a existência de
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Complicações
Complicações freqüentes da cistite são pie-
lonefrite e persistência bacteriana por falha da
antibioticoterapia.
Diagnóstico
Clínico
Na cistite, a anamnese é muito característica
e o exame físico é pobre em sinais. O aspecto da
urina também pode ser útil no diagnóstico clínico,
apresentando-se turvo pela presença de piúria ou
avermelhado pela hematúria.
Laboratorial
O sedimento urinário, a urocultura e o an-
tibiograma são exames laboratoriais úteis no
diagnóstico.
No sedimento urinário pode haver a presença
de piúria (leucocitúria), hematúria e bacteriúria,
que se associadas aos sintomas clássicos prati-
camente definem o diagnóstico. Os valores estão
alterados no exame de acordo com a intensidade
da infecção.
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NA MULHER
Imagem
Os exames de imagem não são utilizados
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Tratamento
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NA MULHER
CISTITES DE REPETIÇÃO
Considerações Gerais
Definição
Cistite recorrente é caracterizada por dois ou
mais episódios de infecção do trato urinário em
um ano. Reinfecção é quando a cultura torna-se
positiva após tratamento de ITU e é causada por
um germe diferente do responsável pelo episódio
inicial. A persistência bacteriana ocorre quando
o novo episódio é causado pela mesma bactéria
do episódio anterior.
Fisiopatologia
As mulheres que apresentam cistite de re-
petição apresentam uma maior aderência das
bactérias às células do epitélio vestibulovaginal.
Além disso, há uma resposta local imunológica
deficiente que contribui para o aumento desta
aderência.
Etiologia
O patógeno mais freqüente é a Escherichia
coli, como em todas as ITUs, sendo seguido pelo
Staphylococcus saprophyticus.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Epidemiologia
Incidência e prevalência
A cistite de repetição é mais comum em
mulheres do que em homens. Atinge 20% das
mulheres em geral e 80% das mulheres que já
tenham tido episódio prévio de ITU. É um quadro
mais comum em idosas e mulheres com vida
sexual ativa. Além da idade, doenças sistêmicas
e anomalias do trato urinário aumentam sua
incidência.
Fatores de risco
Além da maior aderência das bactérias às
células e da inadequada resposta imunológica
local, são fatores de risco: menopausa, doenças
sistêmicas como diabetes mellitus, anomalias
funcionais ou anatômicas do trato urogenital e a
prática de relações sexuais.
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da cistite de repetição
são os mesmos da cistite não complicada. Den-
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NA MULHER
Complicações
As cistites de repetição, por seu caráter cíclico,
podem levar mais facilmente ao aparecimento
de pielonefrite e cicatrizes renais com perdas
funcionais.
Diagnóstico
Clínico
A presença dos sintomas característicos da
cistite, quando mais freqüentes que duas vezes
ao ano, é fortemente sugestiva de cistite de re-
petição.
Laboratorial
Os exames utilizados no diagnóstico de cistite
não complicada são também utilizados na cistite
de repetição. Urina I, urocultura e antibiograma
são os mais utilizados para o diagnóstico.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
Os exames de imagem não são realizados de
rotina para o diagnóstico de cistite de repetição,
mas deve ser realizada ultra-sonografia de vias
urinárias para investigar possíveis alterações do
trato urinário, como cálculos e obstrução das
vias urinárias, que contribuem para a repetição
das ITU’s.
Tratamento
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NA MULHER
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
ITU NA GESTAÇÃO
Considerações Gerais
Definição
A gestação é um dos estados da mulher
que mais propiciam a ITU devido a alterações
fisiológicas do organismo materno, que facilitam
a colonização bacteriana da bexiga e a estase
da urina.
Fisiopatologia
A fisiopatologia da ITU na gravidez é similar à
sua fisiopatologia fora da gravidez, sendo esta
ascendente, com o patógeno normalmente fa-
zendo parte da flora fecal.
Etiologia
A gestante também é mais acometida por
enterobactérias, sendo a principal delas a
Escherichia coli.
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NA MULHER
Epidemiologia
Incidência e prevalência
Cerca de 1,5 a 15% das gestantes apresen-
tam bacteriúria assintomática e, destas, 30%
apresentam sintomas, enquanto 25% das ges-
tantes com urina estéril também apresentarão
sintomas.
Fatores de risco
As modificações do organismo materno atuam
como fatores de risco para o desenvolvimento de
ITU na gestação.
Devido à embebição gravídica há maior estase
urinária por relaxamento da musculatura lisa da
bexiga, levando à diminuição do seu tônus, e
ureter, e pelo fato de a bexiga se tornar um órgão
abdominal durante a gestação pelo crescimento
uterino, dificultando seu esvaziamento.
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Na gestante, a bacteriúria assintomática, ao
contrário de em outras situações clínicas, deve
ser considerada como uma ITU e tratada.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Complicações
ITU na gestação está associada a um maior
índice de aborto, prematuridade, baixo peso e
mortalidade neonatal, assim como morbidade
materna.
Diagnóstico
Clínico
O diagnóstico clínico é baseado nas queixas
da paciente e, apesar da necessidade de confir-
mação laboratorial, os sintomas são fortemente
sugestivos de cistite.
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NA MULHER
Laboratorial
Na gestação é necessário tratar as pacientes
que apresentam bacteriúria assintomática por-
que esta pode levar às mesmas complicações
que a cistite. Por isso, o exame de sedimento
urinário deve ser realizado na primeira consulta
do pré-natal, assim como a urocultura e repetido
ao longo do pré-natal, mesmo se a gestante não
apresentar queixas.
Imagem
Os exames de imagem não são realizados de
rotina para diagnóstico de cistite, mas a ultra-
sonografia pode ser utilizada para monitorar o
trato urinário de pacientes que apresentem ITU
para evitar complicações, e diagnosticar possíveis
obstruções que agravam o quadro.
Tratamento
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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NA MULHER
CISTITE NA MENOPAUSA
Considerações Gerais
Definição
As mulheres menopausadas são especial-
mente suscetíveis a infecções urinárias, sendo
a maioria delas recorrentes. Estas infecções,
diferente das que acometem mulheres jovens,
têm maior probabilidade de se complicarem, o
que determina um cuidado especial com tais
pacientes.
Fisiopatologia
Nas mulheres no menacme, a presença de
estrogênio estimula o crescimento de lactoba-
cilos, deixando o pH vaginal ácido, o que inibe
o desenvolvimento de uropatógenos. Com a
menopausa ocorrem mudanças na flora vaginal
e os lactobacilos são substituídos principalmente
por Escherichia coli. Esta mudança facilita a ins-
talação de infecções.
Etiologia
Na mulher menopausada, ao contrário de ou-
tras grupos etários femininos, a Escherichia coli
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Epidemiologia
Incidência e prevalência
Pelo menos 20% das mulheres na menopau-
sa têm bacteriúria assintomática e mais de 50%
destas podem se tornar cistites complicadas.
Fatores de risco
O principal fator de risco da mulher na me-
nopausa é a baixa de estrogênio que, como
mencionado, provoca mudanças na flora vaginal;
além disso, nesta faixa etária a mulher tem mais
chance de ter alterações anatomofuncionais do
períneo, como os prolapsos vaginais, que tam-
bém atuam como fator de risco, por aumentar o
resíduo pós-miccional
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NA MULHER
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Os sintomas da cistite na menopausa são os
mesmos das mulheres jovens e devem ser ainda
mais valorizados pela alta chance de complicação
das cistites nestas pacientes.
Complicações
As ITUs nestes grupos de pacientes compli-
cam-se com mais freqüência, o que leva a um
maior número de pielonefrites e sepse.
Diagnóstico
Clínico
O diagnóstico clínico, nestes casos, é feito
como nas cistites em todas as idades, valorizan-
do-se os sinais e sintomas das pacientes.
Laboratorial
Os exames de urina I e urocultura com anti-
biograma são essenciais e deve-se evitar tratar
esse grupo de pacientes empiricamente para não
criar resistência bacteriana, já que os patógenos
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
Não são realizados de rotina, mas têm utilidade
se há suspeita de complicações renais ou anoma-
lias estruturais ou obstrução da via urinária.
Tratamento
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NA MULHER
PIELONEFRITE
Considerações Gerais
Definição
Pode ser chamada também de infecção do
trato urinário alto, por refletir alterações anatô-
micas e/ou estruturais renais decorrentes de um
processo inflamatório bacteriano agudo acome-
tendo o rim e estruturas adjacentes.
Fisiopatologia
A maioria dos episódios de pielonefrite é cau-
sada por ascensão de bactéria a partir da bexiga
através dos ureteres. Geralmente a infecção se
instala na bexiga inicialmente; o edema associado
às cistites pode causar alterações na junção ure-
terovesical suficientes para permitir o refluxo de
urina. Essa ascensão é potencializada se as bac-
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Etiologia
Podem ser causadas por um maior número de
patógenos do que as cistites não complicadas.
Entre os agentes etiológicos podemos encontrar
fungos e infecções polimicrobianas. Apesar disso,
o patógeno mais freqüente ainda é a Escherichia
coli, seguido por Pseudomonas, Klebsiella, Strep-
tococcus faecalis e Proteus.
Epidemiologia
Incidência e prevalência
A pielonefrite tem uma incidência significativa
na população, sendo mais comum em mulheres
do que em homens e costuma acometer as mes-
mas mulheres acometidas pela cistite não com-
plicada, porém em menor proporção (1:28).
Fatores de risco
As seguintes condições são fatores de risco
para a pielonefrite em mulheres:
Alterações obstrutivas: presença de litíase,
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NA MULHER
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Os sintomas da pielonefrite são similares aos
sintomas encontrados na cistite, porém mais
exuberantes e com comprometimento sistêmico.
Assim, temos como quadro clínico disúria, piú-
ria, urgência miccional, aumento da freqüência
urinária, dor em hipogástrio, calafrios com dor
lombar, mal-estar geral, indisposição e ainda
febre, podendo ocorrer piora do estado geral e
toxemia.
Complicações
A pielonefrite pode apresentar como complica-
ções a sepse, cicatrizes no parênquima renal, al-
terações funcionais permanentes do trato renal.
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Diagnóstico
Clínico
O diagnóstico clínico da pielonefrite se dá pela
presença dos sinais e sintomas mencionados e o
que a diferencia da cistite simples é sua exuberân-
cia e seu comprometimento sistêmico (febre).
Laboratorial
Como nos outros quadros de ITUs, os exa-
mes de urina I, urocultura e antibiograma são
fundamentais para o diagnóstico. Além destes, o
hemograma costuma revelar leucocitose com ou
sem desvio à esquerda. A elevação dos níveis da
proteína C-reativa e da velocidade de hemosse-
dimentação (VHS) também auxilia no diagnóstico
da pielonefrite.
Imagem
Para auxílio diagnóstico podem ser usados:
- Ultra-sonografia de vias urinárias e a tomo-
grafia computadorizada permitem visibilização de
cálculos ou anormalidades no trato urinário que
podem ser fatores de risco para desenvolvimento
da doença;
- Urografia excretora não deve ser realizada na
fase aguda da infecção pelos resultados serem
pobres e pela nefrotoxicidade, mas ajuda na
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NA MULHER
Tratamento
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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NO HOMEM
INFECÇÕES
DO TRATO
URINÁRIO NO
HOMEM
CISTITE
Considerações Gerais
Definição
É uma síndrome clínica resultante da infec-
ção bacteriana da bexiga. Não é uma condição
comum no homem adulto. O termo cistite bac-
teriana pode ser utilizado para se diferenciar dos
quadros de cistites não-infecciosas ou daquelas
causadas por outros agentes infecciosos que
não as bactérias.
Fisiopatologia
A rota primária de infecção é por via ascen-
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Etiologia
A Escherichia coli é o agente etiológico mais
freqüente das cistites, sendo responsável por
cerca de 85% das infecções comunitárias adquiri-
das. Outras bactérias coliformes Gram-negativas
que podem ser encontradas são a Klebsiella e o
Proteus spp. Staphylococcus saprophyticus e
E. faecalis, as únicas participações significati-
vas de Gram-positivos, são patógenos menos
freqüentes. O Staphylococcus epidermidis ge-
ralmente aparece nas culturas devido à contami-
nação e raramente é causador de infecção.
Epidemiologia
Incidência e prevalência
As ITUs são mais comuns nas mulheres do
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NO HOMEM
Fatores de risco
As ITUs são resultado de interações entre o
patógeno e o hospedeiro. Virulência bacteriana
aumentada parece ser necessária para sobrepor
a resistência de um hospedeiro saudável. Por ou-
tro lado, bactérias com mínima virulência podem
ser capazes de infectar hospedeiros com saúde
comprometida.
São fatores de risco para as cistites o uso de
sonda vesical de demora ou cateterismo intermi-
tente, pacientes imunossuprimidos, diabéticos,
acamados, portadores de incontinência fecal,
disfunções miccionais que resultam em estase
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Sintomas miccionais irritativos são caracte-
rísticos de cistite, tais como disúria, polaciúria,
urgência e nictúria. Dor suprapúbica e lombar
também são freqüentes. Ocasionalmente podem
ocorrer hematúria, urina turva com odor fétido.
Em adultos, febre e outros sintomas constitucio-
nais são incomuns.
O exame físico revela poucos sinais carac-
terísticos, exceto pela presença ocasional de
hipersensibilidade e dor à palpação da região
suprapúbica.
Complicações
São complicações relativamente freqüentes
das cistites, principalmente em homens com
graus variados de disfunção miccional, a retenção
urinária e a pielonefrite.
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NO HOMEM
Diagnóstico
Clínico
Os sintomas de cistite são bastante suges-
tivos, apesar da escassez de sinais clínicos no
exame físico.
Laboratorial
A análise microscópica do sedimento urinário
identifica leucócitos e bactérias. Hematúria mi-
croscópica é encontrada em 40 a 60% dos casos
de cistite. A leucocitúria é indicativa de lesão
do trato urinário, porém não é patognomônica
de ITU. Por outro lado, a análise do sedimento
urinário algumas vezes pode ser normal, especial-
mente nas infecções por agentes Gram-positivos
e na vigência de intensa polaciúria.
A cultura de urina é necessária para confirmação
diagnóstica e identificação do patógeno. Em pa-
cientes sintomáticos, o crescimento de 100 UFC/
ml na amostra examinada confirma a presença de
ITU, mas em pacientes assintomáticos é necessária
a presença de mais de 100.000 UFC/ml.
Se o paciente apresenta sintomas e análise de
urina altamente sugestivos de infecção não com-
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
Embora raramente necessários, os exames de
imagem devem ser realizados em pacientes com
fatores de risco que necessitem de intervenção
além da terapia antimicrobiana.
As cistites com possível obstrução do trato
urinário devem ser avaliadas. São os casos dos
cálculos e das obstruções infravesicais, causa-
dos pelos adenomas prostáticos ou estenoses
uretrais, por exemplo.
Radiografia simples de abdome: embora de
baixa especificidade, pode ser útil para uma de-
tecção rápida de cálculos radiopacos;
Uretrocistografia retrógrada e miccional:
importante para avaliar refluxo vesicureteral e
estenoses de uretra, além da visibilização de
cálculos radiopacos;
48
NO HOMEM
Tratamento
PIELONEFRITE
Considerações Gerais
Definição
É uma síndrome clínica resultante de um pro-
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Fisiopatologia
A maioria dos episódios de pielonefrite é
causada por ascensão de bactéria a partir da
bexiga através dos ureteres. O edema associa-
do às cistites pode causar alterações na junção
ureterovesical suficientes para permitir o refluxo.
Essa ascensão é potencializada se as bactérias
possuírem adesinas ou se houver alguma inter-
ferência no peristaltismo ureteral.
A infecção por via hematogênica ou linfática
é rara.
Etiologia
A bacteriologia da pielonefrite segue a mes-
ma da maioria das ITUs. A infecção pela E. coli
predomina, sendo responsável por aproxima-
damente 85% dos casos. Outros organismos
entéricos Gram-negativos, como Klebsiella,
Proteus, Pseudomonas, Serratia, Enterobac-
ter e Citrobacter são isolados com menor
freqüência. Enterococcus e Staphylococcus
aureus são patógenos ocasionais, estando
50
NO HOMEM
Epidemiologia
Incidência e prevalência
As infecções do trato urinário são consideradas
as infecções bacterianas mais comuns. A preva-
lência global de bacteriúria gira em torno de 3,5%,
aumentando progressivamente com a idade. Em
aproximadamente 50% dos casos de cistite ocorre
infecção ascendente do trato urinário superior. Cer-
ca de 10% a 30% dos pacientes com pielonefrite
aguda necessitam de internação hospitalar.
Fatores de risco
O diabetes mellitus é um importante fator
de risco sistêmico, associado não só a maior
incidência, como também a maior gravidade da
doença.
Outros importantes fatores de risco são: litíase
urinária, refluxo vesicureteral e obstrução infra-
vesical (hiperplasia prostática benigna, estenose
de uretra).
51
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
A apresentação clássica de pielonefrite é fe-
bre, calafrios e dor lombar unilateral ou bilateral,
que em geral está acompanhada de sintomas
miccionais irritativos, como disúria, urgência e
polaciúria. Eventualmente pode apresentar sin-
tomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos,
dor abdominal e diarréia.
Em pacientes com o sistema imune com-
prometido, a pielonefrite pode ser relativamente
assintomática.
No exame físico, o paciente geralmente se
apresenta com estado geral comprometido. Ta-
quicardia e febre são comuns. Ocasionalmente
pode ocorrer íleo paralítico, que se manifesta com
dor e distensão abdominal. Sinal de Giordanno
(punho-percussão lombar dolorosa) geralmente
está presente.
52
NO HOMEM
Complicações
As complicações mais temíveis da pielonefrite
são o abscesso renal e a sepse. Os abscessos
renais são mais comuns nas infecções por via
hematogênica, freqüentemente associadas à
bacteremia por Staphylococcus aureus. Nestes
casos, a evolução clínica é muito grave.
Os quadros repetidos de pielonefrite podem
evoluir com perda progressiva da função renal.
Diagnóstico
Clínico
O quadro clínico composto de sintomas mic-
cionais irritativos e febre alta é muito sugestivo
de pielonefrite. A lombalgia constante diferencia
o quadro de uma prostatite, onde os sintomas
miccionais geralmente são mais exacerbados.
Laboratorial
O exame de urina I revela leucocitúria, geral-
mente acompanhada de hematúria, proteinúria
e bacteriúria. A cultura de urina é quase sempre
positiva.
53
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
A ultra-sonografia pode mostrar aumento do
volume renal e outras anormalidades do trato
urinário, quando presentes.
A urografia excretora contribui pouco para o
diagnóstico e conduta nas pielonefrites. Anorma-
lidades estão presentes em apenas 25% a 30%
dos casos. Aumento generalizado ou focal do rim
é visto em 20% dos pacientes. Outros achados
possíveis são o retardo na excreção e a dilatação
ureteral, apesar da ausência de mecanismos
obstrutivos.
Tomografia computadorizada, ressonância
magnética e cintilografia podem revelar áreas de
baixa perfusão no parênquima renal afetado.
Os exames de imagem assumem maior im-
portância para o diagnóstico de complicações
em pacientes que não estão respondendo sa-
tisfatoriamente ao tratamento e, também, para
54
NO HOMEM
Tratamento
55
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
PROSTATITE
Considerações Gerais
Definição
A prostatite é uma doença inflamatória da
próstata, a qual pode ser bacteriana ou não-
bacteriana, aguda ou crônica. Trataremos aqui
especificamente das prostatites bacterianas.
56
NO HOMEM
Fisiopatologia
A prostatite bacteriana aguda está associada a
infecções do trato urinário baixo e sepse. Prosta-
tite bacteriana crônica está associada a infecções
repetidas do trato urinário inferior, secundárias à
colonização bacteriana da próstata.
As prostatites provavelmente resultam do
refluxo de urina infectada para os ductos pros-
táticos. A maioria das infecções ocorre na zona
periférica da glândula, onde os ductos drenam
horizontalmente na uretra, facilitando o refluxo,
assim como a estase da urina.
A invasão de bactérias do reto, por via direta ou
linfática, é outro mecanismo possível de infecção.
A virulência das bactérias exerce importante
papel na patogênese das prostatites. A presen-
ça de adesinas facilita o processo. As bactérias
colonizam os ductos da glândula e, na vigência
do tratamento de uma infecção urinária, tendem
a se agregar como um mecanismo de defesa e
persistência.
Etiologia
A etiologia das prostatites é bastante se-
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Epidemiologia
Incidência e prevalência
A prostatite é um dos diagnósticos urológicos
mais comuns em homens. Representa 8% das
consultas aos urologistas. Entre 10% e 30%
dos homens terão um diagnóstico de prostatite
até os 79 anos. A prostatite aguda, diagnóstico
bastante raro no passado, vem se tornando
muito freqüente, provavelmente pela mudança
no comportamento das bactérias.
58
NO HOMEM
Fatores de risco
Estase da urina e micções com alta pressão no
trato urinário, causadas pela hiperplasia prostática
benigna ou estenose de uretra, são importantes
fatores de risco para as prostatites, especialmente
quando acompanhadas de história de cateterismo
vesical de alívio e/ou principalmente de demora.
Cistites isoladas ou associadas às disfunções
miccionais têm papel relevante na etiologia das
prostatites.
Não raro as biópsias transretais da próstata
são seguidas de quadros de prostatite.
São ainda fatores de risco as epididimites
agudas, cirurgias transuretrais, especialmente em
portadores de ITUs não tratadas e relação sexual
anal, por contaminação uretral.
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
Prostatite aguda: Os sintomas começam
abruptamente. O paciente apresenta disúria, ur-
gência e polaciúria. Pode existir dificuldade para
urinar, chegando às vezes à retenção urinária
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
60
NO HOMEM
Complicações
Quando presentes são geralmente graves e
exigem internação hospitalar. Aqui podem ser
citados a sepse, a retenção urinária aguda, o
abscesso prostático e de vesículas seminais.
Diagnóstico
Clínico
A história clínica detalhada e o exame físico
podem levantar facilmente a hipótese de prostatite.
É muito importante nesse momento diferenciar os
quadros agudos dos crônicos, bem como afastar
as possíveis complicações. A massagem prostática
é contra-indicada na suspeita de prostatite aguda
devido ao risco de bacteremia. Pelo mesmo motivo,
o cateterismo transuretral não deve ser realizado.
Laboratorial
Nas prostatites agudas a cultura de urina é o
único exame laboratorial necessário do trato uri-
nário inferior, uma vez que a massagem prostática
para coleta da secreção da glândula não deve ser
realizada. O exame de urina I vai mostrar leucoci-
túria, eventual hematúria e bacteriúria. O hemo-
61
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
Os métodos de imagem não são de auxílio
no diagnóstico dos quadros de prostatite, mas
a ultra-sonografia de vias urinárias pode ser utili-
zada para comprovação da integridade do trato
62
NO HOMEM
Tratamento
63
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
64
NO HOMEM
ORQUIEPIDIDIMITE
Considerações gerais
Definição
É o processo inflamatório do epidídimo e do
testículo, que pode ocorrer associada (orquiepidi-
dimite) ou isoladamente (epididimite, orquite), de
etiologia geralmente infecciosa. As orquites isola-
das são quase sempre de origem viral. Trataremos
neste capítulo das infecções bacterianas.
Fisiopatologia
A epididimite é causada pelo refluxo de urina
infectada nos ductos ejaculatórios e deferentes,
até atingir o epidídimo. A partir do epidídimo a
infecção pode propagar-se para o testículo. Já a
infecção bacteriana isolada do testículo é rara e
geralmente tem origem hematogênica.
A instrumentação uretral e cirurgias prostáticas
também podem causar ascensão bacteriana.
65
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Etiologia
Adultos jovens e idosos costumam ter epididi-
mite por diferentes agentes, conforme comentado
anteriormente. Abaixo dos 35 anos, os agentes
etiológicos mais freqüentes são a C. trachoma-
tis e a N. gonorrhoeae. Acima de 35 anos, os
patógenos mais comuns são os causadores
de cistite, tais como E. coli, Proteus, Klebsiella,
Enterobacter, Pseudomonas. Nos praticantes
de intercurso anal, os coliformes fecais são os
principais agentes.
Epidemiologia
Incidência e prevalência
É a causa mais comum de dor e edema escro-
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NO HOMEM
Fatores de risco
A vida sexual promíscua sem o uso de pre-
servativos é o principal fator de risco no adulto
jovem. Após os 50 anos de idade, as infecções
urinárias são as causas mais comuns, principal-
mente quando associadas a quadros de obs-
trução infravesical, como hiperplasia prostática
benigna e estenose de uretra, nos quais ocorrem
altas pressões de micção, o que facilita o fluxo
retrógrado de urina para os deferentes.
O cateterismo uretral, principalmente de demo-
ra, e as cirurgias prostáticas podem aumentar as
chances de infecção ascendente dos epidídimos.
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
É um quadro escrotal doloroso de início insi-
dioso, progressivo, geralmente unilateral, com
sinais flogísticos, que se inicia no epidídimo,
67
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Complicações
As epididimites podem levar a abscessos do
epidídimo e/ou testículo. Isquemia testicular tam-
bém pode ocorrer. A cronificação pode ser con-
siderada uma complicação, levando a fibrose e
induração do epidídimo, com conseqüente infer-
tilidade, se bilateral e quadros de dor crônica.
Diagnóstico
Clínico
O quadro clínico de epididimite e orquiepidi-
68
NO HOMEM
Laboratorial
O exame bacterioscópico da secreção uretral
e da urina freqüentemente oferece um diagnós-
tico presuntivo: a presença de diplococos e
leucócitos sugere N. gonorrhoeae; a ausência
de diplococos e a presença de leucócitos su-
gere C. trachomatis; a presença de organismos
Gram-negativos indica infecção por organismos
entéricos.
Culturas de urina, secreção uretral e esperma
podem auxiliar o diagnóstico.
69
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
O aspecto mais importante no diagnóstico é
a diferenciação entre epididimite/orquiepididimite
e torção de testículo. O exame de escolha na
urgência é a ultra-sonografia com Doppler, que
comprova a hipervascularização do epidídimo e
do testículo nos quadros infecciosos e ausência
de fluxo arterial nos quadros de torção do cordão
espermático. O exame de cintilografia escrotal é
o melhor método diagnóstico, porém de difícil
acesso em nosso meio. A ressonância magnética
também é uma opção.
A ultra-sonografia escrotal simples é um bom
método para seguimento e avaliação de possíveis
abscessos.
Tratamento
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NO HOMEM
71
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
72
na criança
INFECÇÃO
DO TRATO
URINÁRIO NA
INFÂNCIA
Considerações Gerais
Definição
É definida como a colonização de um micror-
ganismo em qualquer ponto do trato urinário,
seja ele alto ou baixo. É uma importante causa
de febre a esclarecer na infância.
Fisiopatologia
A bactéria geralmente atinge o trato urinário
pela rota fecal-perineal-uretral e subseqüente-
mente alcança a bexiga por via ascendente. A
infecção do trato urinário superior ocorre tam-
bém por via ascendente a partir da bexiga. Este
73
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Etiologia
Infecções clinicamente importantes usualmen-
te são causadas por bactérias, embora vírus, fun-
gos e parasitas também possam causar ITU.
Os agentes causais podem variar de acordo
com a idade e co-morbidades. E. coli é o agente
mais freqüente. Em neonatos, ITU secundária a
Streptococcus do grupo B é mais comum do que
nos mais velhos.
São também agentes etiológicos co-
muns as bactérias Gram-negativas Klebsiella,
Proteus, Enterobacter, Pseudomonas e
74
na criança
Epidemiologia
Incidência e prevalência
É a infecção mais comum em crianças. É
responsável por 13,6% dos quadros febris em
neonatos.
Durante o primeiro ano de vida, a incidência de
ITU em meninas é de 0,7% comparada a 2,7%
em meninos (proporção de 1:3,8). Em crianças
entre 1 e 5 anos, a incidência anual de ITU é de
0,9% a 1,4% em meninas e 0,1% a 0,2% em
meninos (proporção de 8:1).
Em nosso meio, 5% das crianças atendidas
em serviços de pronto-atendimento apresen-
tam ITU.
Fatores de risco
Algumas subpopulações têm maior susceti-
bilidade às infecções do trato urinário. Recém-
nascidos e crianças nos primeiros meses de vida
têm maior risco de ITU. Isso tem sido atribuído à
imaturidade do sistema imunológico.
75
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Quadro Clínico
Sinais e sintomas
A ITU em crianças pode se apresentar de vá-
rias maneiras de acordo com a idade. Crianças
com menos de 60 a 90 dias apresentam sintomas
76
na criança
Complicações
Complicações agudas em crianças saudáveis
são incomuns, exceto em crianças menores, que
podem evoluir com abscessos renais, pionefrose
e sepse. Complicações a longo prazo estão rela-
cionadas ao dano renal causado pelos episódios
de pielonefrite e incluem hipertensão, insuficiência
renal crônica e toxemia na gravidez.
77
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Diagnóstico
Clínico
O diagnóstico de ITU na infância não é fácil. O
clínico deve estar atento para a variabilidade de
sinais e sintomas ou mesmo a inexistência deles.
Somente as crianças maiores podem apresentar
sintomas típicos do trato urinário. A alta prevalên-
cia de ITU e sua potencial morbidade relacionada
às complicações requerem atenção especial ao
diagnóstico e tratamento.
O exame da região sacral deve ser realizado
em todas as crianças em busca de saliências,
depressões, ou um panículo adiposo sacral,
que podem sugerir malformação da coluna e
conseqüente bexiga neurogênica. Em todos os
meninos deve ser investigada a possibilidade
de epididimite ou orquiepididimite. Os sinais
e sintomas compatíveis com infecções respi-
ratórias ou gastrointestinais estão freqüente-
mente presentes em crianças com ITU. Como
conseqüência, ITU deve ser considerada uma
doença grave em todas as crianças, mesmo
se houver forte evidência de infecção fora do
sistema urinário.
78
na criança
Laboratorial
O diagnóstico definitivo de ITU requer o iso-
lamento de pelo menos um patógeno na cultura
de urina. O exame deverá ser realizado antes do
início da antibioticoterapia.
Vários métodos de coleta de urina podem ser
utilizados. O mais simples e menos traumático é
o uso de uma bolsa plástica adesiva que envolve
o períneo. No entanto, este método apresenta
alto índice de falso-positivo (85% ou mais). As
técnicas recomendadas para neonatos e crian-
ças menores são a aspiração suprapúbica ou a
cateterização uretral. Crianças maiores podem
colher urina do jato médio. Infelizmente este es-
pécime está freqüentemente contaminado com
organismos periuretrais e prepuciais, dificultando
a interpretação da cultura.
Embora a cultura de urina seja o método pa-
drão de diagnóstico, seus resultados somente
são viáveis após 24 a 48 horas. Neste período,
um exame mais simples e rápido, que pode au-
xiliar no diagnóstico e início do tratamento, é a
bacterioscopia com coloração de Gram.
O exame de urina I pode revelar leucocitúria
e hematúria.
79
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Imagem
Ultra-sonografia: É o método de escolha para
investigar malformações do trato urinário ou pre-
sença de complicações como pionefrose e abs-
cessos. Indicações: 1) menores de cinco anos com
ITU febril; 2) primeira ITU em meninos de qualquer
idade; 3) primeira ITU em meninas menores de três
anos; 4) ITU recorrente; 5) ITU que não responde
ao tratamento.
Uretrocistografia miccional: Exame de escolha
para avaliar a presença de refluxo vesicoureteral.
Indicações: 1) menores de cinco anos com ITU
febril; 2) primeira ITU em meninos de qualquer
idade; 3) primeira ITU em meninas menores de
dois anos; 4) ITU recorrente.
Cintilografia renal com DMSA: É considerado
o exame de referência para o diagnóstico de
lesões renais pós-infecciosas. Diversos autores
sugerem que o DMSA pode ser útil no diagnóstico
das pielonefrites agudas. Indicações: 1) quando o
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na criança
Tratamento
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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na criança
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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doses recomendadas
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
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bibliografia
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Manual sobre Infecções do Trato Urinário
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89
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
Cipro® XR
ciprofloxacino cloridrato
90
ocultar doença intestinal grave (colite pseudomembranosa, com possível
evolução fatal) que exige tratamento urgente. Nesse caso, deve-se iniciar
terapia adequada, (por exemplo, vancomicina oral, 4 x 250 mg/dia). Medi-
camentos que inibem a peristalse estão contra-indicados. Pode ocorrer
um aumento temporário das transaminases e da fosfatase alcalina ou ic-
terícia colestática, especialmente em pacientes com doença hepática
prévia. Sistema nervoso: Em pacientes epilépticos ou com distúrbios do
SNC (ex.: limiar convulsivo reduzido, antecedentes de convulsão, redução
do fluxo cerebral, lesão cerebral ou AVC), ciprofloxacino deve ser adminis-
trado se os benefícios do tratamento forem superiores aos possíveis riscos,
por eventuais efeitos colaterais sobre o SNC. Em alguns casos, essas
reações ocorreram logo após a primeira administração de ciprofloxacino.
Raramente, podem ocorrer depressão ou reações psicóticas, que possam
evoluir para um comportamento de auto-exposição a riscos. Nesse caso,
ciprofloxacino deve ser suspenso. Hipersensibilidade: Em alguns casos,
reações alérgicas e de hipersensibilidade podem ocorrer após a primeira
administração. Raramente reações anafiláticas ou anafilactóides podem
progredir para um estado de choque, com risco de vida em alguns casos,
após a primeira administração. Em tais circunstâncias, a administração de
ciprofloxacino deve ser interrompida e instituir-se tratamento médico ade-
quado (ex.: tratamento para choque). Sistema musculoesquelético: Ao
primeiro sinal de tendinite (por exemplo, inflamação dolorosa), a adminis-
tração de ciprofloxacino deve ser suspensa e os exercícios físicos evitados.
Observou-se, em alguns casos, ruptura do tendão, principalmente de
Aquiles, predominantemente em pacientes idosos em tratamento sistêmi-
co anterior com glicocorticóides. Pele e anexos: O ciprofloxacino pode
induzir reações de fotossensibilidade na pele. Portanto, deve-se evitar a
exposição direta e excessiva ao sol ou à luz ultravioleta. O tratamento deve
ser interrompido se ocorrer fotossensibilização (por exemplo, reações
cutâneas do tipo eritema solar). Habilidade para dirigir veículos e operar
máquinas: Mesmo com a dose exata prescrita de ciprofloxacino, a capa-
cidade de reagir prontamente às situações pode ser alterada, comprome-
tendo a habilidade de dirigir veículos ou de operar máquinas. Tal fato
ocorre, principalmente, com a ingestão concomitante de álcool. Gravidez
e lactação: Ciprofloxacino não deve ser prescrito a mulheres grávidas ou
a lactantes, já que não há experiência sobre a segurança da droga nesses
pacientes; além disso, com base em estudos realizados com animais, não
é de todo improvável que o medicamento possa causar lesões na cartila-
gem articular de organismos imaturos. Estudos feitos com animais não
evidenciaram efeitos teratogênicos. Interações medicamentosas: A ad-
ministração concomitante de ciprofloxacino oral e substâncias com cátions
polivalentes e suplementos minerais (Ca, Mg, Al e Fe), sucralfato ou anti-
ácidos e medicamentos tamponados (por exemplo, didanosina comprimi-
dos), que contenham magnésio, alumínio ou cálcio, reduz a absorção do
ciprofloxacino. Conseqüentemente, este deve ser administrado de 1 a 2
91
Manual sobre Infecções do Trato Urinário
horas antes ou, pelo menos, 4 horas após essas medicações. Essa restri-
ção não se aplica aos antiácidos da categoria dos bloqueadores do recep-
tor H2. Administração concomitante de omeprazol e ciprofloxacino resulta
em leve redução de Cmáx e AUC de ciprofloxacino. A administração con-
comitante de ciprofloxacino e teofilina pode causar aumento indesejável
das concentrações séricas de teofilina. Isso pode levar a efeitos colaterais
induzidos pela teofilina; em raros casos, esses efeitos podem colocar a
vida do paciente em risco (arritmias ventriculares, convulsões, etc.) ou
mesmo ser fatais. Quando o uso da associação for inevitável, as concen-
trações séricas de teofilina deverão ser cuidadosamente monitoradas, para
o ajuste da dose. Esse ajuste deverá ser feito antes da administração da
primeira dose, quando poderá ocorrer o primeiro sinal de toxicidade, sem
prévio aviso. Estudos realizados com animais demonstraram que a asso-
ciação de doses altas de quinolonas (inibidores da girase) e de certos
antiinflamatórios não esteróides (mas, não o ácido acetilsalicílico) pode
provocar convulsões. A administração simultânea de ciprofloxacino e ci-
closporina causou aumento transitório da creatinina sérica. Portanto, é
necessário monitorar a concentração de creatinina sérica nesses pacien-
tes (duas vezes por semana). O uso concomitante de ciprofloxacino e
varfarina pode intensificar a ação desta. Em casos isolados, a administra-
ção concomitante de ciprofloxacino e glibenclamida pode intensificar a
ação desta. A probenecida interfere na secreção renal do ciprofloxacino e,
quando administrada concomitantemente, causa aumento da concentração
sérica de ciprofloxacino. A administração concomitante de ciprofloxacino
e metotrexato pode inibir o transporte no túbulo renal deste último, poden-
do aumentar o risco de reações tóxicas relativo ao metotrexato. Conse-
qüentemente, pacientes medicados com essa associação devem ser
cuidadosamente monitorados. A metoclopramida acelera a absorção de
ciprofloxacino, fazendo com que a concentração máxima no plasma seja
atingida em um período de tempo menor. Reações adversas: Nos estudos
clínicos realizados com ciprofloxacino oral e parenteral, foram documen-
tadas e aqui estão classificadas por freqüência as seguintes reações ad-
versas: Incidência entre ≥ 1% e < 10%: - Sistema digestivo: náusea e
diarréia. Pele e anexos: erupção cutânea. Incidência entre ≥ 0,1% e <
1%: - Geral: dor abdominal, monilíase e astenia (sensação de fraqueza e
cansaço). - Sistema digestivo: aumento da TGO e/ou TGP, vômito, dispep-
sia, alterações dos testes de função hepática, aumento da fosfatase alca-
lina, anorexia, flatulência e bilirrubinemia. -Sistemas linfático e sangüíneo:
eosinofilia e leucopenia. -Sistema musculoesquelético: artralgia. -Distúrbios
metabólicos e nutricionais: aumento da creatinina e aumento da uréia. -
Sistema nervoso: cefaléia, tontura, insônia, agitação e confusão mental.
- Pele e anexos: prurido, erupção maculopapular e urticária. - Órgãos dos
sentidos: alteração do paladar. Incidência entre ≥ 0,01% e < 0,1%: - Ge-
ral: dor, dor nas extremidades, dor nas costas e dor no peito. - Sistema
cardiovascular: taquicardia, enxaqueca, síncope e vasodilatação (calor e
92
rubor). - Sistema digestivo: monilíase (oral), icterícia, icterícia colestática
e colite pseudomembranosa. -Sistemas linfático e sangüíneo: anemia,
leucopenia (granulocitopenia), leucocitose, alteração dos valores de pro-
trombina, trombocitopenia e trombocitose. - Hipersensibilidade: reação
alérgica, febre medicamentosa e reação anafilática. - Distúrbios metabó-
licos: edema (periférico, vascular e facial) e hiperglicemia. -Sistema mus-
culoesquelético: mialgia e edema articular. - Sistema nervoso: alucinação,
sudorese, parestesia, ansiedade, pesadelos, depressão, tremores, con-
vulsão e hipestesia. - Sistema respiratório: dispnéia e edema de laringe.
-Pele e anexos: reação de fotossensibilidade. - Órgãos dos sentidos:
zumbido, surdez transitória (especialmente para freqüências altas), alte-
rações da visão, diplopia, cromatopsia e perda do paladar. -Sistema uro-
genital: insuficiência renal aguda, disfunção renal, monilíase vaginal, he-
matúria, cristalúria e nefrite intersticial. Incidência < 0,01%: - Sistema
cardiovascular: vasculite (petéquias, bolhas hemorrágicas, pápulas e for-
mação de crostas) e hipotensão. - Sistema digestivo: monilíase (gastrin-
testinal) e hepatite. - Sistemas linfático e sangüíneo: anemia hemolítica.
-Hipersensibilidade: choque (anafilático, com risco de vida), erupção cutâ-
nea e prurido. - Sistema musculoesquelético: miastenia. - Distúrbios me-
tabólicos e nutricionais: aumento de amilase e de lipase. -Sistema nervo-
so: convulsão do tipo grande mal e alteração da marcha (desequilíbrio).
- Pele e anexos: petéquias, eritema multiforme (menor) e eritema nodoso.
As reações adversas mais comuns, coletadas com base em relatos es-
pontâneos e classificadas por freqüência, são as seguintes: Incidência <
0,01%: - Sistema digestivo: necrose hepática (muito raramente progredin-
do para insuficiência hepática com risco de vida), colite pseudomembra-
nosa grave com evolução fatal e pancreatite. -Sistemas linfático e sangü-
íneo: petéquias (hemorragias puntiformes na pele), agranulocitose, panci-
topenia (com risco de vida) e depressão da medula (com risco de vida). -
Sistema nervoso: psicose, hipertensão intracraniana e ataxia. - Hipersen-
sibilidade: reação semelhante à doença do soro. - Sistema musculoesque-
lético: tendinite (predominantemente do tendão de Aquiles) e ruptura
parcial ou completa do tendão (predominantemente do tendão de Aquiles).
Exacerbação dos sintomas de miastenia grave. - Pele e anexos: síndrome
de Stevens-Johnson, necrólise epidérmica (síndrome de Lyell) e erupção
permanente. - Órgãos dos sentidos: parosmia, anosmia (usualmente re-
versível com a interrupção do tratamento). Posologia: Adultos: Salvo
prescrição médica em contrário, recomendam-se as seguintes doses:
Cipro® XR 500 mg: 1 x 500 mg por 3 dias para infecção aguda não-
complicada do trato urinário (cistite aguda). Cipro® XR 1000 mg: 1 x 1000
mg por 7 a 14 dias para infecção complicada do trato urinário e pielonefri-
te aguda não-complicada. A duração do tratamento dependerá do grau de
infecção, do quadro clínico e bacteriológico. É essencial continuar a me-
dicação por, pelo menos, mais três dias após o desaparecimento da febre
ou dos sintomas clínicos. Insuficiência renal e Insuficiência hepática:
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