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Qual é a gravidade do vazamento de petróleo no

Golfo do México?
Por: The New York Times

Pássaros sobrevoam a área poluída pelo óleo no Golfo do


México (Reuters)

O derramamento de petróleo no Golfo do México é grave. Mas quão grave ele é? Alguns especialistas foram
rápidos ao prever o apocalipse, projetando imagens cruéis com 1.600 quilômetros de águas irreparáveis e
praias em risco, pesca prejudicada por várias temporadas, espécies frágeis extintas e uma indústria
economicamente arrasada por anos.
O presidente Barack Obama chamou o vazamento de "um possível desastre ambiental sem precedentes." E
alguns cientistas previram que o petróleo poderá se prender na correnteza do golfo, levando a destruição
para a Costa Atlântica. Ainda assim, a explosão da plataforma de águas profundas não é sem precedentes,
nem é o pior acidente de petróleo da história. Seu impacto final dependerá de uma lista de variáveis, que
incluem o clima, correntes oceânicas, as propriedades do petróleo e o sucesso ou fracasso dos esforços
para estancar o fluxo.
Tragédias - Como disse um especialista, essa é a primeira batalha desta guerra. Ninguém sabe quem vai
vencer no final. O poço, do qual vazam sem parar cerca de 800.000 litros de petróleo por dia, poderia
continuar aberto por anos e mesmo assim não chegaria nem perto dos 136 bilhões de litros de petróleo
derramados pelas forças do Iraque quando deixaram o Kuwait em 1991. Não chega nem perto da magnitude
do Ixtoc I, que explodiu na baía de Campeche, no México, em 1979, e espalhou por volta de 500 milhões de
litros de petróleo antes que o poço fosse controlado.
Terá que ficar muito pior até alcançar o impacto do acidente do petroleiro Exxon Valdez, em 1989, que
contaminou 2.000 quilômetros de um intocado litoral e matou milhares de aves marinhas, lontras e focas,
além de 250 águias e 22 orcas.
Ninguém, nem mesmo os advogados das indústrias de petróleo, está defendendo o acidente. A área
contaminada do golfo continua aumentando e já foi encontrado petróleo em algumas áreas pantanosas na
ponta da Louisiana. As praias e os arrecifes das ilhas de Flórida correm perigo se o óleo entrar na correnteza
do golfo.
Esperança - Na segunda-feira, porém, o vento estava levando o petróleo para a direção contrária, para longe
da correnteza. Os piores efeitos do vazamento ainda estão para acontecer. E se os esforços para conter o
petróleo tiverem pelo menos um pouco de sucesso e o clima cooperar, o pior poderá ser evitado. "Até agora
o que as pessoas estão temendo ainda não se concretizou", disse Edward B. Overton, professor de ciência
ambiental da Faculdade do Estado de Louisiana e perito em vazamentos de petróleo. "Acham que será
como o Exxon Valdez. Eu não imagino essa gravidade aqui a não ser que as coisas piorem muito."
Overton disse ter esperança que os esforços da British Petroleum para colocar tampas de concreto na boca
do poço danificado vai funcionar, embora tenha dito se tratar de uma missão complicada e que poderia até
piorar as coisas se danificar outros canos submarinos.
"O céu não está desabando", disse Quenton R. Dokken, biólogo marinho e diretor executivo da Fundação
Golfo do México, um grupo de conservação em Corpus Christi, Texas. "Nós com certeza caímos em um
buraco e teremos que lutar para sair dele, mas isso não significa que é o fim do Golfo do México."
Engenheiros falaram que o tipo de petróleo que sai do poço é mais leve que o grosso espalhado pelo Exxon
Valdez, evapora com mais rapidez pela superfície e é mais fácil de queimar. Também aparenta responder
melhor ao uso de dispersantes, que ajudam a reduzi-lo. Ainda assim, o petróleo continua capaz de causar
danos significativos, principalmente quando se funde com a água e forma uma espécie de mousse que flutua
e pode percorrer longas distâncias.
Estrago - Jacqueline Savitz, cientista sênior da Oceana, um grupo ambiental sem fins lucrativos, disse que
grande parte do estrago já está se espalhando para longe do litoral e fora da vista da vigilância aeronáutica e
dos navios de pesquisa. "Algumas pessoas estão dizendo que, como ainda não atingiu a costa, está tudo
bem", ela diz. "Mas muitos animais vivem no oceano, e um vazamento deste é prejudicial assim que atinge a
água. Colocaram em risco as tartarugas marinhas, camarões, caranguejos e as ostras. Muitas dessas
espécies já estão sendo atacadas há dez dias. Nós estamos esperando para ver como é grave quando
chegar ao litoral, mas nunca saberemos os verdadeiros impactos no oceano."
O impacto econômico é tão incerto quanto os danos ambientais. Com milhões de galões na água, alguns
especialistas preveem um grande dano à economia. Especialistas no Instituto de Pesquisa Harte para
Estudos do Golfo do México em Corpus Christi, por exemplo, estimam que 1,6 bilhão de dólares da
economia anual - incluindo o turismo, pesca e outros - estão em risco. "E essa é só a ponta do iceberg", diz
David Yoskowitz, do Instituto de Economia Social. "Ainda é cedo e existem muitas chances de ocorrerem
impactos negativos."
Até quando? - O golfo não é um ambiente primitivo e já sobreviveu a problemas crônicos e agudos de
poluição anteriormente. Refinarias e indústrias químicas que cruzam a costa do México até o Mississipi
derramam incontáveis litros de poluentes na água.
Após o derramamento do Ixtox, há 31 anos atrás, o segundo maior da história, o golfo ricocheteou. Em três
dias houve um pequeno rastro do vazamento fora da costa mexicana, agravado por um acidente com um
petroleiro no golfo poucos meses depois, que liberou quase 10 milhões de litros, segundo especialistas. "O
golfo é tremendamente vivo", disse Dokken. "Mas nós sempre temos que nos perguntar o quanto podemos
aguentar de desastres como esse e nos recuperarmos. Como cientista, preciso reconhecer que
simplesmente não sei."

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/qual-gravidade-vazamento-petroleo-golfo-mexico acesso


feito dia acesso feito dia 10/10/2010

Responda as questões abaixo:

1-Por que o derramamento de petróleo provoca muitas mortes imediatas em animais? Resposta: Peixes,
aves, zooplâncton e fitoplâncton não resistem às toxinas presentes na água e no solo e morrem.
2-Por que muitos animais fogem dessas áreas afetas com o derramamento de petróleo? Resposta: Animais
que têm a migração como uma de suas características, como as aves, podem sair da região para evitar a
poluição.
3-Você tem conhecimento de algum ser vivo que pode resistir a esse acidentes ambientais? Resposta:
Pequenos invertebrados como as ostras podem sobreviver ao acidente. Eles filtram a água do mar e
armazenam toxinas.
4-Cite uma forma possível de contaminação por petróleo? Resposta: Os invertebrados, que estão na base
da cadeia alimentar, são ingeridos pelos demais, que assim também se contaminam.
5-Na sua opinião, é possível uma área afetada pelo derramamento de petróleo se recuperar? Resposta: O
ambiente se regenera de forma gradual, à medida que o petróleo se dispersa com a movimentação da água.

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