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Adorando um Deus que Talvez Condene os Seus

Filhos
Como você pode adorar um Deus que talvez mande os seus filhos para o inferno?

Você mandaria o seu filho para uma eternidade de sofrimento, simplesmente por causa dos pensamentos
em suas mentes? Se o seu filho ou filhos vivessem vidas maravilhosas, mas não acreditam que Jesus Cristo
morreu por seus pecados, você os mandaria para o inferno? E se eles não conseguissem assimilar o
conceito? Você ainda os mandaria para o inferno? Se a resposta for não, como você pode amar e adorar um
Deus que você acredita que faria isso com os seus filhos? Como você pode pensar que isso seja algo justo e
razoável para qualquer pessoa fazer?

Dale
Canadá

Dr. Craig responde


Na verdade, há duas perguntas diferentes aqui, que foram feitas juntas; a primeira é uma pergunta
psicológica: “como você pode amar e adorar um Deus que você acredita que faria isso com os seus
filhos?”; e a segunda, uma pergunta filosófica: “como você pode pensar que isso é algo justo e razoável
para qualquer pessoa fazer?”

A pergunta filosófica não é nada mais que uma manobra carregada de emoção. É só uma pergunta sobre o
estado psicológico de alguém. É um pedido de um relatório autobiográfico sobre a condição subjetiva de
alguém. Como tal, a sua resposta seria relativa à pessoa e não tem nada a ver com a verdade objetiva.

Um conselho: quando alguém faz perguntas que começam com “O que você faria” ou “Se você estivesse
em [...]”, então você sabe imediatamente que essa é uma pergunta feita somente para colocar você em uma
situação constrangedora, e não para chegar à verdade.

A irrelevância da pergunta filosófica para a verdade é evidente a partir do fato de que, mesmo se alguém
respondesse negativamente, não teria nenhuma implicação para a verdade da doutrina do inferno. Suponha
que eu fosse uma dessas pessoas que não faria ou não conseguiria fazer X. Isso não quer dizer nada sobre o
certo ou errado de fazer X ou a verdade ou mentira de que alguém faz X. Tudo isso simplesmente tem a ver
comigo e minha psicologia pessoal.

Além disso, Dale, a suas perguntas são, de qualquer modo, ou baseadas em falsos pressupostos ou são
ambíguas. Por exemplo, você está supondo que Deus seja considerado em uma analogia como uma pessoa
privada em vez de como alguém exercendo a capacidade oficial de juiz. Um juiz, em um tribunal, seria
forçado a abandonar o caso se o seu filho ou filha fosse trazido diante dele acusado de um crime,
precisamente porque a conexão pessoal dele com o acusado iria tender a comprometer a sua objetividade. É
por isso que sua pergunta é baseada em uma falsa analogia.

Além disso, você está falando de filhos pequenos ou adultos? Nem Deus, nem eu mandaria um filho
pequeno para o inferno, porque eles não são responsáveis moralmente. Jesus disse "Deixem vir a mim as
crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas" (Mateus 19:14).
Mas os filhos adultos não são diferentes de nós, e serão julgados como adultos moralmente responsáveis,
assim como nós.
Novamente, nem Deus, nem eu mandaria alguém para o inferno “simplesmente por causa do pensamento
em suas mentes”. De onde você tirou essa ideia? As pessoas vão para o inferno porque eles, por vontade
própria, rejeitam o perdão de Deus e resistem aos esforços Dele para salvá-los. Nesse sentido, é errôneo
falar sobre Deus “mandar” pessoas para o inferno. Ele deseja e luta pela salvação de todas as pessoas, mas
algumas livremente resistem à Sua graça e, então, se separam dele irrevogavelmente. Não é obra dele.

Mais uma vez, supondo que estamos falando sobre filhos adultos (a única categoria relevante) o que você
quer dizer com “não acreditam que Jesus Cristo morreu por seus pecados”? Se eles não acreditam porque
eles não sabem da mensagem do Evangelho, então eles não serão julgados baseados nisso. Mas se você
quer dizer que eles conscientemente e intencionalmente rejeitam Jesus Cristo como o seu Salvador, então,
sim, Deus irá julgá-los com base nisso. O problema não é que eles simplesmente não têm uma certa crença,
mas se eles repudiam a provisão de Deus para o seu pecado e se encontram sem um salvador a partir das
exigências da justiça retributiva. Nenhum de nós vive uma “vida maravilhosa”, de modo que merecemos ir
para o céu. “E se eles não conseguissem assimilar o conceito”? Nesse caso, estamos falando ou sobre
filhos pequenos ou adultos mentalmente deficientes, que não serão julgados com base naquilo que eles não
podem entender. Nem Deus, nem eu os condenaria.

Então, para resumir, a pergunta filosófica “como você pode amar e adorar um Deus que você acredita que
faria isso com os seus filhos”? Eu acho que eu responderia que eu sei que Ele os condenaria somente se
eles merecessem. Eu confio na justiça Dele. Eu também sei que Ele ama a eles mais do que eu, e deseja a
salvação deles assim como ele deseja a minha. A única razão que eles estariam perdidos é se eles
livremente e deliberadamente resistissem a Deus, assim como um homem se afogando rejeita várias vezes
o salva-vidas, ou uma pessoa que sabe que tem uma doença fatal mas escolhe não tomar um antídoto
apesar das súplicas da sua família. Em tais casos, como você pode culpar quem resgata ou o médico pela
conduta autodestrutiva deles? O coração de Deus quebra pela perda muito mais que o meu! Essa é a minha
resposta honesta para a pergunta filosófica de como eu posso adorá-lo e amá-lo.

Para a pergunta filosófica “Como você pode pensar que isso é algo justo e razoável para qualquer pessoa
fazer”? Eu já fiz alusão à resposta, e eu te indicaria o meu debate com o Prof. Ray Bradley sobre esse
assunto. É razoável acreditar, porque Jesus ensinou a realidade do inferno, e eu tenho boas razões para
pensar que ele foi quem ele afirmou ser, o divino Filho de Deus e, portanto, um mestre confiável. Além
disso, não há bons destruidores [defeaters] dessa doutrina, dado os fatos como (i) a realidade universal do
mal humano e nossa a profunda necessidade de perdão e limpeza moral, (ii) a santidade e justiça de Deus,
(iii) a vontade de Deus para a salvação humana universal e seus esforços para chamar todos livremente
para um conhecimento salvador Dele mesmo e (iv) a liberdade humana.

- William Lane Craig

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