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ele são “as infrações penais de menor potencial ofensivo” (art. 60), isto é, “as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a um ano” (art. 61). Porém, consequência do princípio da
retroatividade da lei nova mais favorável, tais efeitos poderão
operar-se até em casos de réus condenados por “crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a um ano” (art. 89), suspendendo-se
condicionalmente o processo.
Mediante a composição dos danos civis, poderá portanto o
autor da infração (primário e de bons antecedentes) obter
pronunciamento judicial, em que lhe seja infligida pena restritiva
de direitos (cf. art. 43 do Código Penal: prestação de serviços à
comunidade; interdição temporária de direitos e limitação de fim de
semana) ou multa.
A Lei dos Juizados Especiais Criminais atendeu, sem contradita
possível, a notáveis e antigas aspirações da sociedade, porque:
imprimiu rapidez à solução dos conflitos penais(5), estimulou a
reparação dos danos causados à vítima, beneficiou o delinquente
primário (seja subtraindo-o logo ao tormento do processo-crime,
seja evitando-lhe o estrépito e o prejuízo que a menção de fato
desabonador, em sua folha de antecedentes, de ordinário acarreta),
reduziu o número espantoso de feitos, originados de questões de
bagatela que assoberbam e empecem o Judiciário, etc.
Prevenindo a objeção do inteligente leitor, de que a aceitação do
acordo pelo autor do fato equivale a confissão e, pois, contrasta com o
dogma constitucional da presunção de inocência, que domina o
processo penal, diremos que:
a) é direito do autor da infração penal recusar a proposta (de
aplicação imediata de pena não privativa de liberdade); como se
trata de acordo, imprescindível é seu consentimento, para que
se aperfeiçoe;
b) desde que o aceite, porém (porque diz com o seu interesse), que
muito se isto importe confissão? De feito, que coisa é preferível:
aceitar o infrator o acordo, e receber sanção, que todavia não
constará de assentamentos criminais nem induzirá reincidência
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Notas
Carlos Biasotti
Desembargador aposentado do TJSP e ex-presidente da Acrimesp