You are on page 1of 4

Data leitura: Autor N° ficha de acordo com plano de assunto.

Item do Plano:
Foucault neoliberalismo
Referência
Bibliográfica
Palavras-chave
“A íntima relação entre controle e liberdade (...) Nascimento da Biopolítica . (...) genealogia do neoliberalismo,
enquanto prática de governamentalidade e de crítica do governo baseado na razão de Estado. O governo da razão
de Estado, segundo Foucault [em STP], voltava-se para o fortalecimento do próprio Estado e a majoração de suas
riquezas, dentre elas sua população.” (Siqueira, 2009, 216).
“A governamentalidade neoliberal, além de nascer como reivindicadora de ‘liberdade’ ante uma razão de Estado
planificadora e no extremo totalitarista (como o nazismo), na ótica de Foucault, é aquela que só consegue
funcionar ‘se existe efetivamente certo número de liberdades: liberdade de mercado, liberdade do vendedor e do
comprador, livre exercício do direito de propriedade, (...) eventualmente liberdade de expressão, etc.’. Esta
governamentalidade não apenas necessita produzir liberdades como é também consumidora delas. Ao mesmo
tempo em que cria liberdades, esta nova razão governamental, estabelece limitações, controles e coerções,
implicando em um cálculo de criação e destruição de liberdades que Foucault denomina segurança. A
governamentalidade neoliberal terá como principal função administrar o jogo estabelecido entre os sujeitos de
interesse que ela estimula, o homo oeconomicus. Para isso, coloca em operação uma tecnologia de poder produtora
de liberdades via a criação de condições a partir das quais os indivíduos possam realizar seus interesses, seguindo
sua própria racionalidade.” (Siqueira, 2009, 217).
“‘A liberdade e a segurança, o jogo liberdade e segurança – e é isso que está no âmago dessa nova razão
governamental (...). Liberdade e segurança – é isso que vai animar internamente, de certo modo, os problemas do
que chamarei de economia de poder própria do liberalismo (Ibidem [NB, 2008], p. 67).’” (Siqueira, 2009, 217).
“[Capital humano] A extensão da análise econômica a domínios que até então não eram propriamente econômicos
(...).” (Siqueira, 2009, 218).
“o mercado torna-se o princípio chave para a análise das relações sociais e o lugar da formação da [218] verdade,
segundo regras que determinarão o que é falso e verdadeiro para o conjunto social.” (Siqueira, 2009, 219).
“uma generalização do modelo do homo oeconomicus do campo propriamente econômico para o campo social. O
homo oeconomicus é um empreendedor de si mesmo, inscrito na lógica da concorrência do mercado produtora de
sujeitos-empresa que requerem investimentos contínuos.” (Siqueira, 2009, 219).
“obra de Gary Becker (...) toma condutas e comportamentos com vistas a ‘otimizar a alocação ótima de recursos
raros a fins alternativos’ (Ibidem [NB, 2008], p. 366) (...).” (Siqueira, 2009, 219).
“o homo oeconomicus figura como aquele que é ‘eminentemente governável’ por uma governamentalidade que
age sobre o ambiente.” (Siqueira, 2009, 219).
“o neoliberalismo não é um governo econômico, mas um ‘governo de sociedade’ (Ibidem [NB, 2008], p. 199). O
homo oeconomicus e a sociedade civil são elementos indissociáveis na tecnologia de governamentalidade liberal.”
(Siqueira, 2009, 220).
“Ora, que função tem essa generalização da forma ‘empresa’? Por um lado, claro, trata-se de desdobrar o modelo
econômico, o modelo oferta-procura, o modelo investimento-custo-lucro, para fazer dele um modelo das relações
sociais, um modelo da existência, uma forma de relação do indivíduo consigo mesmo, com o tempo, com seu
círculo, com o futuro, com o grupo, com a família.” (Foucault, (NB, 2008), p. 332).
“no neoliberalismo o homo oeconomicus se torna aquele que é eminentemente governável, já que não consegue
escapar da lógica da concorrência ao assumir o papel de empreendedor de si, de empresa. (...) deslocamento dentro
do próprio pensamento liberal (...).” (Siqueira, 2009, 246).
“Quando o modelo empresa é generalizado para todo o tecido social, a autorregulação, ou neste caso, o
autocontrole passa a ser a conduta racional exigida das unidades-empresa, que substituem os indivíduos. O
autocontrole é efeito da governamentalidade neoliberal, a exigência que permitirá o governo do homo
oeconomicus (...). Se uma empresa não se adéqua a esta racionalidade, ela está fadada a falir. Quando um
indivíduo-empresa não desenvolve esta conduta racional, ele se torna incapacitado para os fluxos produtivos.”
(Siqueira, 2009, 246).
“neoliberais estadunidenses. Na América, esse problema não se colocou porque lá o neoliberalismo, mais do que
uma política, é uma maneira de ser e de pensar daquela sociedade, uma inteligibilidade ali desenvolvida para
decifrar as relações sociais e os comportamentos individuais. Trata-se de um princípio que permitiu a expansão da
análise econômica sobre assuntos não-econômicos [relação mãe-filho, casamento], inclusive sobre o que compete
à ordem moral.” (Siqueira, 2009, 267).

“necessidade de o indivíduo conceber determinadas capacidades e habilidades como propriedades que devem
ser não apenas mantidas como incrementadas permanentemente em vista de rendimentos futuros.” (Corbanezi,
2018, 343).
“Elabora nos anos 1980, a teoria do capital humano (...) [343] (...) o desenvolvimento e o aprimoramento de
qualidades e capacidades humanas inatas ou adquiridas exercem um papel econômico fundamental.”
(Corbanezi, 2018, 344).
“os teóricos do capital humano realizam uma transfiguração da categoria de trabalhador que afeta de modo
direto e extensivo a maneira como os homens devem conduzir suas próprias vidas. Em vez de trabalhadores
assalariados que vendem aos donos dos meios de produção sua força de trabalho quantificada
homogeneamente por meio do tempo empregado na atividade, todos os indivíduos devem conceber-se e
conduzir-se indistintamente como proprietários de determinadas qualidades que lhe são próprias, heterogêneas,
intangíveis e até mesmo inalienáveis, tais como a inteligência, a criatividade, a motivação, a iniciativa individual,
a persistência, a flexibilidade relacional, a comunicação, entre outras características louvadas em nossa
atualidade. Associadas a competências técnicas que podem ser igualmente adquiridas mediante investimentos
sistemáticos, é o conjunto dessas capacidades que determina o desempenho dos indivíduos conforme a
quantidade de capital humano acumulada.” (Corbanezi, 2018, 344, grifos do autor).
“para os neoliberais, o salário consiste no rendimento de um capital específico, o humano.” (Corbanezi, 2018,
344).
“Para a lógica inerente à teoria do capital humano, o trabalho se converte em capital e o trabalhador, em
capitalista. (...) a teoria do capital humano promove todos, indistintamente, à categoria de capitalistas de si
mesmos, afinal a administração do próprio capital humano implica saber quando, onde e como investir, tal como
procedem os investidores de capital financeiro.” (Corbanezi, 2018, 344).
“para se manterem socialmente valorizados e economicamente produtivos e rentáveis segundo a lógica
concorrencial determinada pelo mercado, os indivíduos precisam perseguir incansavelmente o imperativo
‘investimento-crescimento’. (...) os investimentos em educação formal – tais como escolarização, cursos
profissionais e idiomáticos, especializações e programas de treinamento no trabalho – que atendem tal
demanda; as relações de amizade, o tempo de lazer, o tempo de afeto dedicado aos filhos, a possível
constituição do equipamento genético deles mediante a escolha do parceiro conjugal adequado até
evidentemente o cuidado com a própria saúde constituem formas de investimento cujo efeito esperado é a
rentabilidade futura. (...) a ideia fundamental da teoria do capital humano reside na extensão e na aplicação da
racionalidade econômica e de mercado a todo um conjunto de fenômenos sociais e de comportamentos
individuais concebidos até então como não econômicos (e.g.: criminalidade, casamento, educação de filhos,
tempo de afeto). (...) ‘economização’ de todo o tecido social20 [nota 20: Como se sabe, para a doutrina neoliberal,
tal “economização” não se restringe apenas ao corpo social, mas se estende ainda ao corpo político, à arte de
governar, dado que a economia de mercado deve restringir a ação governamental, reduzindo o Estado a um
mínimo necessário.(...)] (...).” (Corbanezi, 2018, 345).
“nova ética do homo oeconomicus contemporâneo. Ao contrário do modelo clássico, que se caracterizava
principalmente por relações de troca em uma sociedade mercantil, o homo oeconomicus contemporâneo não
apenas aplica a racionalidade econômica a todas as relações como assume a forma empresa como um modo de
existência que orienta sua relação com o trabalho, com a propriedade privada, com o casamento, com a família,
com seu grupo, com o tempo, com o futuro e sobretudo consigo próprio. (...) a multiplicação da forma empresa
no tecido social inteiro constitui o escopo da política neoliberal. (...) em vez de uma ‘sociedade supermercado’
regulada pela troca mercantil, o neoliberalismo funda uma ‘sociedade empresarial’ que torna a dinâmica
concorrencial de mercado o impulso vital das instituições e corporações tanto quanto dos indivíduos
propriamente ditos.” (Corbanezi, 2018, 345).
“o neoliberalismo norte-americano constitui toda uma forma de ser, de pensar e de agir; ou seja, por meio da
teoria do capital humano, essa vertente do neoliberalismo institui o ethos característico do homo oeconomicus
atual, que é tornar-se empreendedor de si mesmo (...). Na qualidade de empresa múltipla e contínua, o indivíduo
deve perseguir o autoinvestimento [345] e a formação permanente como meios que o modulam
adequadamente para o mercado (...) a noção de ‘sociedade de controle’ ao espraiamento social da forma
empresa, que substitui a função da família e da escola, instalando-se no coração humano. (...) uma nova servidão
voluntária: ainda que os investimentos se dobrem sobre os próprios indivíduos, é em função do mercado que o
acúmulo de capital humano deve ser programado, executado e mobilizado. (...) a racionalidade governamental
do neoliberalismo reduz e une todas as dimensões da vida dos indivíduos e seus diferentes modos de existência
à esfera econômica do mercado.” (Corbanezi, 2018, 346).
“Se em um primeiro momento a teoria pretendia apenas explicar cientificamente a riqueza da sociedade norte-
americana no pós-guerra, ela logo se converte em um conjunto de princípios, valores e crenças que orienta a
conduta dos homens.” (Corbanezi, 2018, 346).
“a teoria do capital humano não interessa em si mesma, mas apenas na medida em que embasa a maneira como
o indivíduo racionaliza sua relação com o mundo, com os outros e consigo27 [nota 27: a teoria do capital humano
constitui apenas um elemento do capitalismo contemporâneo, cujas formas concretas são, evidentemente,
particulares no conjunto das sociedades ocidentais. A centralidade da teoria do capital humano reside, contudo,
no fato de que tal formulação teórica implica um conjunto prescritivo de valores que orientam sobremaneira o
modo como os indivíduos tendem a conduzir suas vidas. Nos termos de Foucault (2008), a teoria do capital
humano atua como princípio de governamentalidade, cuja função, nesse caso, consiste em programar a vida dos
indivíduos conforme as exigências do mercado.].” (Corbanezi, 2018, 346).

“Na teoria do capital humano de Gary Becker (...) comportamentos e condutas são tomados como elementos
fundamentais para a análise econômica dos indivíduos. Becker chama de conduta racional todo comportamento
que vise ‘otimizar a alocação ótima de recursos raros a fins alternativos’ [NB, 2008, 266](...).” (Siqueira, 2010,
160).
“A racionalidade neoliberal ainda joga para o indivíduo a responsabilidade de administrar o ‘mundo das
liberdades’ que ela cria, bem como as limitações, coerções e controles que cada nova ‘liberdade’ instaura [NB,
2008, 67]. [neoliberalismo e aumento da ansiedade? Colocar depois em um arquivo para minha tese] (...)
Foucault (...) neoliberalismo funcionar apenas se existir uma pletora de liberdades que devem ser consumidas.”
(Siqueira, 2010, 161).

“Em O nascimento da biopolítica (2005), Foucault interroga: § ‘Como é possível garantir o exercício do governo
nas sociedades liberais e neoliberais? Como governar uma população composta por sujeitos que se definem
como Homo economicus, isto é, como sujeitos capazes de tomar decisões racionais para atingir as metas
desejadas? Claro que não será por uma vigilância externa e contínua como era exigido no poder disciplinar.’
(FOUCAULT, 2005, p. 325).’ § A resposta de Foucault será dada ‘pela lógica do risco e da segurança’. (…)
antecipar os riscos e temores (…).” (Caponi, 2014, 749).

“O indivíduo tem que atingir metas e angariar recursos, como uma empresa. Sua adaptação ao meio depende
não somente de suas capacidades econômicas, como principalmente, de seus atributos emocionais. Ele funciona
como uma empresa emocional, em que os recursos angariados – subsistência, espaço, família, parceiros, amigos
– permitem o bom funcionamento [311] da empresa: através deles, as ‘metas biológicas’ são atingidas e um
lucro econômico, mas também afetivo, é produzido. (...) no capitalismo contemporâneo, atributos como
constância, solidez, rigidez, outrora qualidades fundamentais ao funcionamento do capitalismo em sua fase
sólida (Bauman, 2001), se tornaram obsoletos em nome das novas ‘exigências de afirmação individual’ (Kramer,
1994: 179), em que passam a valer a capacidade contínua de adaptação, a competência para flexibilizar escolhas
e a disposição para improvisar em situações de adversidade. § (...) uma ordem social que tem na flexibilidade e
na plasticidade suas palavras de ordem.” (Cortês, 2012, 312).
“No universo social das empresas, ‘o novo espírito do capitalismo’ [Luc Boltanksi e Ève Chiapello] exige dos
indivíduos uma postura permanente ‘pró-ativa’, um comportamento ousado, pronto a assumir riscos, adaptar-se
a situações inesperadas, flexibilizar funções, tomar decisões rápidas, ser agressivo quando necessário e não
apegar-se demasiadamente a constrangimentos morais.” Cortês, 2012, 312).
“Segundo filósofo [Foucault], a partir da década de 70, com o declínio do modelo de governamentalidade
instituído pelo Estado do Bem-Estar Social e as críticas à planificação da economia, institui-se um novo regime de
governamentalidade, que poderia ser definido como neoliberal. Neste regime, ‘ o que aparece não é, em
absoluto, o ideal ou o projeto de uma sociedade exaustivamente disciplinar em que a rede legal que encerra os
indivíduos seria substituída e prolongada de dentro por mecanismo, digamos, normativos (2008: 354). O
‘quadriculamento disciplinar, a regulamentação indefinidade, a subordinação/classificação, a norma’ (2008: 355)
não são mais os procedimentos aplicados na ‘governamentalidade dos indivíduos’, ou seja, nos meios de se
conduzir a conduta dos homens.” (Cortês, 2012, 356).

“A nova rede de inteligibilidade proposta pelo neoliberalismo estadunidense, através da ampliação das relações
econômicas para as relações sociais de maneira geral, possibilitou a emergência de novo tipo de cálculo entre os
indivíduos, um cálculo que tem como base a forma empresa.” (Ponzio, 2017, 41).
“como esses comportamentos característicos dos empreendedores expandem-se para outras relações sociais
como modelo normal de sociabilidade. (...) os teóricos do neoliberalismo formulam nova rede de inteligibilidade
das relações sociais (...).” (Ponzio, 2017, 42).
“liberalismo [para Foucault] (...) como racionalidade política no nível da prática.” (Ponzio, 2017, 56).
“‘a ideia de que o salário não é nada mais que a remuneração, que a renda atribuída a certo tipo de capital,
capital esse que vai ser chamado de capital humano, na medida em que, justamente, a competência-máquina de
que ele é renda não pode ser dissociada do indivíduo humano que é seu portador (FOUCAULT, 2008 [NB], p. 311-
312)’.” (Ponzio, 2017, 58).
“uma generalização da forma empresa para muito além da economia.” (Ponzio, 2017, 58).
“A economia como racionalização de toda racionalidade política, e a empresa como forma geral nas relações
sociais e na natureza humana.” (Ponzio, 2017, 59).

“(...) Rose (2011 [Inventando nossos selfs. Rio de Janeiro: Vozes, 2011.]) chama de um self empreendedor. Para
o sociólogo essa imagem estava associada a concepções basilares do que vem a ser o humano contemporâneo: o
self deve ser um ente subjetivo, ele deve aspirar à autonomia, lutar por realização pessoal em sua vida terrena,
interpretar sua realidade e destino como questão de responsabilidade individual e encontrar significado em sua
vida através de atos de escolha. (...) onde o indivíduo deve tornar-se empresário dele mesmo para potencializar
suas capacidades e felicidade: §‘Indivíduos contemporâneos são incitados a viver como se fossem projetos: eles
devem trabalhar seu mundo emocional, seus arranjos domésticos e conjugais, suas relações com o emprego e
suas técnicas de prazer sexual; devem desenvolver um estilo de vida que maximizaria o valor de suas existências
[capital humano] para eles mesmos’ (ROSE, 2011, p. 207).” (Coelho, 2016, 136).

You might also like