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O LÚDICO E A LITERATURA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI


Pedagogia/Licenciatura – Prática educativa
Criciúma 03/10/2014

RESUMO

A literatura infantil é objeto de muitas pesquisas nas últimas décadas. Alguns estudiosos tecem
reflexões sobre a importância de estimular a leitura e a escrita e apontam alternativas para
orientar os professores a realizar um trabalho mais sistemático e aprofundado com obras literárias
voltadas às crianças. Outros discutem o papel da literatura infantil na formação de leitores.
apresentaremos algumas orientações metodológicas para garantir essa dupla função, pois
queremos que a leitura na escola seja marcada por momentos lúdicos e prazerosos no contato das
crianças com os textos literários, tendo como consequência o estímulo à alfabetização e ao
letramento já nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Importancias; Ludicidade; Crianças.

1 INTRODUÇÃO

A literatura infantil sempre esteve e está presente em nossas vidas muito antes da leitura
e da escrita, seja por meio das cantigas de ninar, das brincadeiras de roda ou das contações de
histórias realizadas pelos familiares. Porém quando as crianças chegam à escola é que a
literatura passa a ter o poder de construir uma ligação lúdica entre o mundo da imaginação, dos
símbolos subjetivos, e o mundo da escrita, dos signos convencionais impostos pela cultura
sistematizada.

Sabemos que a partir do momento em que a criança tem acesso ao mundo da leitura, ela
passa a buscar novos textos literários, faz novas descobertas e consequentemente amplia a
compreensão de si e do mundo que a cerca. Nesse cenário, professores e coordenadores
pedagógicos devem atuar em sintonia, assegurando que o trabalho com a literatura infantil aconteça
de forma dinâmica, por meio de práticas docentes geradoras de estímulos e capazes de influenciar
de maneira significativa o desenvolvimento de habilidades orais, leitoras e escritoras. A contação
diária de histórias é bastante significativa, porque proporciona um momento mágico de valor
educativo sem igual na correlação destes três eixos: leitura, escrita e oralidade.
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As atividades de leitura devem ocorrer desde os primeiros dias de aula, mesmo com crianças
que ainda não conhecem nenhuma letra, pois, por meio da visão e da audição, elas realizam a leitura
de ilustrações e acompanham a leitura do texto feita pelo professor. Nessa fase inicial, em contato
com os livros, elas aprendem a manuseá-los, a reconhecer suas formas, a perceber a diagramação e
iniciam suas experiências com os modos de composição textual.

Uma boa obra literária é aquela que apresenta a realidade de forma nova e criativa,
deixando espaço para o leitor descobrir o que está nas entrelinhas do texto. A
interação da criança com a literatura possibilita uma formação rica em aspectos
lúdicos, imaginativos e simbólicos. O desenvolvimento dessa interação, com
procedimentos pedagógicos adequados, leva a criança a compreender melhor o
texto e seu contexto(SANTOS, 1999, p. 92).

Com o intuito de formar leitores, a literatura especializada aconselha os professores e a


escola a utilizar alguns procedimentos pedagógicos como: convívio contínuo com histórias, livros e
leitores; valorização do momento da leitura; disponibilidade de um acervo variado; tempo para ler,
sem interrupções; espaço físico agradável e estimulante; ambiente de segurança psicológica e de
tolerância dos educadores em relação às singularidades e às dificuldades de aprendizagem de cada
criança; oportunidades para que expressem, registrem e compartilhem interpretações e emoções
vividas nas experiências de leitura; acesso à orientação qualificada sobre por que ler, o que ler,
como ler e quando ler. Nessa perspectiva, é importante ressaltar a relevância do contato permanente
das crianças com os livros, para que elas possam conviver com suas histórias desde cedo.

2 LUDICIDADE E EDUCAÇÃO

Sabemos que a ludicidade não está somente no ato de brincar, mas também no ato de ler. Por
isso achamos relevante estar trabalhando as histórias dos livros infantis, através de teatro, fantoches
eleituras compartilhadas. A criança precisa vivenciar muitas vezes, para assim poder compreender a
atividade, desta forma a maneira de aprender se torna mais prazerosa pelas crianças, pois elas
estarãofazendo parte da história. Isso faz com que as crianças desenvolvam uma melhor
compreensão sobre a obra trabalhada, a aprendizagem se torna mais eficaz, elas vão conquistar
autonomia, desenvolvendo oseu cognitivo e a motricidade, além de uma aprendizagem mais eficaz,
pois atrai a atenção das crianças.

A entrada da criança no mundo lúdico marca uma nova fase de sua capacidade de
lidar com arealidade, com os simbolismos e com as representações. Com uma
leitura lúdica a criança satisfaz certas curiosidades e traduz o mundo dos adultos
para a dimensão de suas possibilidades e necessidades( ALMEIDA, 2003, p. 84).
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A criança precisa vivenciar idéias em nível simbólico para compreender o significado na


vida real. O pensamento da criança evolui a partir de suas ações, razão pela qual as atividades são
tãoimportantes para o desenvolvimento do pensamento infantil. Mesmo que conheça determinados
objetos ou que já tenha vivido determinadas situações, a compreensão das experiências fica mais
clara quando se faz arepresentação em seu faz-de-conta. Neste tipo de leitura têm também
oportunidade de expressar e elaborar de forma simbólica, desejos, conflitos e frustrações. A
educação infantil é para que a criança se desenvolva socialmente e cognitivamente de forma
lúdica".

O trabalho com a literatura infantil deve ter como um dos pontos norteadores a preocupação
em formar leitores autônomos e críticos. Isso exige dos professores um olhar atento e tenaz para as
metodologias que devem ser empregadas, bem como para o material a ser utilizado (livros só com
textos; livros com textos e imagens; livros só com imagens; livros com recursos audiovisuais, entre
outros). É importante ressaltar que esses materiais, quando bem trabalhados, atraem bastante as
crianças. Além disso, podem ser explorados em atividades de ordenação das narrativas e de
(re)criação de histórias orais ou escritas.

Independentemente do tipo de livro que utilizem em sala de aula, orientamos que


os professores destinem pelo menos 25 minutos diários das aulas para proporcionar
a seus alunos um momento de leitura, que pode ser realizado de forma coletiva ou
individual, sistematicamente, não deixando para trabalhar apenas no dia destinado
a atividades de Língua Portuguesa(CORSARO, 2008, p. 85).

Outra estratégia importante é incluir brinquedos e brincadeiras como parte da formação de


alunos leitores. Ao misturar livros e brinquedos, livros e brincadeiras, a escola realiza um trabalho
de sedução das crianças para a leitura, pois, à medida que o livro entra em sua vida, desde muito
cedo e de forma prazerosa, desperta seu imaginário e, consequentemente, o desejo de ler. Partindo
desse princípio, acreditamos que as atividades lúdicas envolvendo a leitura, realizadas diariamente
pelos professores, bem como a disponibilização de livros de literatura infantil e brinquedos fazem
com que os primeiros contatos com a leitura sejam agradáveis e divertidos. Dessa forma, quanto
mais lúdico for o trabalho com a literatura infantil, melhor será seu impacto na formação de leitores
e na aprendizagem da leitura e da escrita.

Ler histórias para as crianças é incitar o imaginário, provocar perguntas e buscar respostas, é
despertar grandes e pequenas emoções como rir, chorar, sentir medo e raiva, emoções estas que vêm
das histórias ouvidas e lidas. Juntos, livros, brinquedos e brincadeiras fortalecem ainda mais a
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construção de novos conhecimentos, favorecendo o desenvolvimento motor, social, emocional e


cognitivo das crianças.
Na educação infantil, devemos enfrentar uma longa tradição de algo que começou com o
significativo nome de jardim da infância, com a ideia de que a criança ficaria ali para desenvolver-
se espontaneamente, com pessoas que estariam ali apenas atentas ao que elas faziam. Esse é um
conceito errôneo de educação infantil, o conceito de que, nessa etapa, não deve haver
aprendizagem. Há, ainda hoje, quem rejeite que as instituições voltadas a essa fase sejam chamadas
de escolas. Na realidade, essa fase representa o início da educação formal das crianças. O que
diferencia essa educação formal da educação familiar, e também da educação que se dava em
instituições, antes das novas concepções de educação infantil? É que na educação infantil se
formaliza a educação da criança. E uma das maneiras de fazer isso é criando um currículo que
oriente a criança em sua progressiva inserção no mundo social, no mundo da natureza, e propicie
oportunidades para que ela desenvolva linguagens, por meio de sua introdução no mundo da
música, da expressão corporal, das representações simbólicas e também no mundo da escrita. É uma
fase em que a criança está se desenvolvendo em várias frentes, desde a motora, a do convívio social,
da inserção cultural, etc. A escola propicia o processo formal de inserção da criança na sociedade e
em sua cultura. E uma parte importante desse processo é a introdução à escrita, ao mundo do
impresso. Então é também o momento em que a criança deve e pode ser introduzida no mundo do
letramento.

O brincar na escola estimula uma aprendizagem diferente e interessante. Nesse sentido, para
Machado (1994, p. 37): “ o brincar é um grande canal para o aprendizado, senão o único canal
para verdadeiros processos cognitivos.” É importante salientar que, acima de tudo, o brincar
motiva e dá prazer.

Ao brincar a criança se distancia do real, vivencia o imaginário, pois, cria situações do


cotidiano, mas que quase sempre ainda não aconteceu. Para Sigmund Freud (1973), o brincar é visto
como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter certa distância do real. Brincar, para
ele significa tornar-se o arquétipo de toda atividade cultural que, como a arte, não se limita a uma
relação simples com o real.

Na atividade lúdica, o objeto representa um símbolo que sugere algo pré-existente na mente
do aprendiz. Vygotsky (1989) defende a idéia de que o jogo infantil não é 5simplesmente uma
recordação do que já foi vivido, mas que ao investigar o desenvolvimento do conhecimento nas
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crianças, se depara com novos espaços criados pelas mesmas, sem que elas jamais tenham vivido
em tal situação.

O termo jogo tem três significados diferentes: Às vezes esse termo pode designar uma
situação nas quais as pessoas “jogam”. Outras vezes, designa o sistema de regras que precisam ser
obedecidas pelos jogadores. Pode ser também usar o mesmo termo para indicar o material que
compõem um jogo.

Na psicanálise, adota-se ora o termo jogo, ora o termo brincar. Segundo a psicanálise,
podemos expressar nossos desejos de forma simbólica quando sonhamos, fantasiamos ou
brincamos. A brincadeira de faz conta permite à criança ir além do que pode realizar no seu
cotidiano, a criança troca de lugar com o adulto e assim, experimenta novas posições.

os jogos constituem um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento integral do


aluno. As crianças adquirem mais aprendizado quando estimulados por curiosidade, desafio ou
qualquer outro desejo de realizá-lo. Desta forma não há nenhum jogo ou brincadeira que não possa
trazer algo novo para se aprender.

Segundo Winnicott (1975), “o brincar pode interessar tanto ao professor quanto ao


psicoterapeuta”. O primeiro, ao compartilhar com a criança, visa o enriquecimento dela. O segundo
se interessa pela remoção de bloqueios que prejudicam seu desenvolvimento. O autor ainda salienta
que compartilhar a brincadeira não significa administrá-la pela criança. Neste caso, o adulto estaria
subestimando a capacidade da criança de brincar criativamente.

A literatura, no principio, foi baseado na fantasia, pois sem conhecimento científico, foi
representada pelo mito, pela mágica e pela lenda. No entanto, essa forma literária fantástica,
transformou-se em literatura infantil, porque as histórias relatadas nesses termos, sempre atraíram as
crianças e os críticos literários.

Monteiro Lobato foi o percussor da literatura infantil no Brasil o que significou o aumento
de livros infantis na década de 70 e 80. A valorização da literatura infantil enquanto propiciadora de
uma visão da realidade, representando a própria arte ficcional determinou sua ascensão ao plano
educacional.
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De acordo com Coelho (1981), a literatura infantil pertence a duas áreas distintas: a da arte
que sendo ela um objeto que provoca emoções, prazer, diverte e modifica o conhecimento de
mundo do leitor e o da área pedagógica aqui, a literatura infantil é usada como instrumento
manipulado por uma intenção educativa.
A literatura infantil possibilita que a criança construa seu conhecimento do mundo de modo
lúdico, transformando o real com os recursos da fantasia e da imaginação, uma vez que é através da
atividade lúdica que a criança prepara-se para a vida assimilando a cultura do meio em que vive.

Os jogos de computador ou qualquer outro jogo para a criança é o exercício, é a preparação


para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas
potencialidades, mas é importante saber como a criança aprende, pois, se não forem adequadas ao
modo de aprender da criança pode por tudo a perder.

A leitura de histórias pelas professoras não deve ser apenas uma leitura seguida da pergunta
se as crianças gostaram ou não. É uma oportunidade de desenvolvimento da linguagem oral.
Enquanto a professora lê, vai fazendo com que as crianças façam previsões sobre os rumos da
história, analisem as ações das personagens. No fim da leitura, a criança pode reconstruir o texto, de
modo a trabalhar as habilidades de compreensão, de inferência e de avaliação, que serão
importantes para a leitura individual, quando ela aprender a ler e a escrever. A ampliação do
vocabulário é fundamental, e a literatura colabora demais para isso. A ampliação de visão que a
leitura proporciona à criança, numa fase em que ela está conhecendo o mundo, também é
importantíssima.

A infância é o melhor momento para o indivíduo iniciar sua emancipação mediante a função
liberatória da palavra. É entre os oito e treze anos de idade que as crianças revelam maior interesse
pela leitura. O estudioso Richard Bamberger reforça a idéia de que é importante habituar a criança
às palavras. "Se conseguirmos fazer com que a criança tenha sistematicamente uma experiência
positiva com a linguagem, estaremos promovendo o seu desenvolvimento como ser humano."

Inúmeros pesquisadores têm-se empenhado em mostrar aos pais e professores a importância


de se incluir o livro no dia-a-dia da criança. Bamberger afirma que, comparada ao cinema, ao rádio
e à televisão, a leitura tem vantagens únicas. Em vez de precisar escolher entre uma variedade
limitada, posta à sua disposição por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os filmes
disponíveis no momento, o leitor pode escolher entre os melhores escritos do presente e do passado.
Lê onde e quando mais lhe convém, no ritmo que mais lhe agrada, podendo retardar ou apressar a
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leitura; interrompê-Ia, reler ou parar para refletir, a seu bel-prazer. Lê o que, quando, onde e como
bem entender. Essa flexibilidade garante o interesse continuo pela leitura, tanto em relação à
educação quanto ao entretenimento.

Na leitura, por meio dos sentidos, a criança é atraída pela curiosidade, pelo formato, pelo
manuseio fácil e pelas possibilidades emotivas que o livro pode conter. A autora comenta que "esse
jogo com o universo escondido no livro "pode estimular no pequeno leitor a descoberta e o
aprimoramento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação com o mundo.
Esses primeiros contatos despertam na criança o desejo de concretizar o ato de ler o texto escrito,
facilitando o processo de alfabetização. A possibilidade de que essa experiência sensorial ocorra
será maior quanto mais freqüente for o contato da criança com o livro.

Às crianças brasileiras, o acesso ao livro é dificultado por uma conjunção de fatores sociais,
econômicos e políticos. São raras as bibliotecas escolares. As existentes não dispõem de um acervo
adequado, e/ou de profissionais aptos a orientar o público infantil no sentido de um contato
agradável e propício com os livros.

Mais raras ainda são as bibliotecas domésticas. Os pais, quando se interessam em comprar
livros, muitas vezes os escolhem pela capa por falta de uma orientação direcionada às preferências
das crianças. É de extrema importância para os pais e educadores discutir o que é leitura, a
importância do livro no processo de formação do leitor, bem como, o ensino da literatura infantil
como processo para o desenvolvimento do leitor crítico.

Como forma de motivarmos as crianças e os jovens ao hábito de ler: abordar as relações


entre a literatura e ensino legitimando a função da leitura, sugerindo livros, assim como atividades
didáticas, a fim de alcançar o uso da obra literária em sala de aula e nas suas casas com objetivos
cognitivos, e não apenas pedagógicos; considerar o confronto entre a criação para crianças e o livro
didático, tornando o último passível de uma visão crítica e o primeiro ponto de partida para a
consideração dos interesses do leitor e da importância da leitura como desencadeadora de uma
postura reflexiva perante a realidade.

Assim, com relação à leitura e à literatura infantil, pais e professores devem explorar a
função educacional do texto literário: ficção e poesia por meio da seleção e análise de livros
infantis; do desenvolvimento do lúdico e do domínio da linguagem; do trabalho com projetos de
literatura infantil em sala de aula, utilizando as histórias infantis como caminho para o ensino
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multidisciplinar.
Estratégias para o uso de textos infantis no aprendizado da leitura, interpretação e produção de
textos também são exploradas com o intuito final de promover um ensino de qualidade, prazeroso e
direcionado à criança. Somente desta forma, transformaremos o Brasil num país de leitores.

Wallon foi o primeiro a quebrar os paradigmas da época ao dizer que a aprendizagem não
depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento
também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar
livremente para que façam descobertas. Levando em conta que as escolas davam muita importância
à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. Isso
significa introduzir na rotina atividades diversificadas, como jogos. Preocupado com o caráter
utilitarista do ensino, Wallon pontuou que a diversão deve ter fins em si mesma, possibilitando às
crianças o despertar de capacidades, como a articulação com os colegas, sem preocupações
didáticas.

Já Piaget, focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou
como diferem as características do brincar de acordo com as faixas etárias. Ele descobriu que,
enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores
lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras.

As pesquisas de Vygotsky apontaram que a produção de cultura depende de processos


interpessoais. Ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um indivíduo, mas às relações
dentro de um grupo. Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável
por ampliar o repertório cultural das crianças. Consciente de que elas se comunicam pelo brincar,
Vygotsky considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de
instrumentos para enriquecê-las. Ele afirmava que um importante papel da escola é desenvolver a
autonomia da turma. E, para ele, esse processo depende de intervenções que coloquem elementos
desafiadores nas atividades, possibilitando aos pequenos desenvolver essa habilidade.

Brincadeira é coisa séria, pois brincando, a criança se expressa, interage, aprende a lidar
com o mundo que a cerca e forma sua personalidade, recria situações do cotidiano se expressa;
desta maneira percebe-se a importância do brincar como forma da criança expressar-se e
desenvolver suas habilidades de criação, de relacionar-se e de interagir.
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A maneira lúdica de aprender na educação infantil é de extrema importância, pois leva o


aluno a sensações e emoções fundamentais para o seu desenvolvimento. Afinal, brincando a criança
forma sua personalidade e aprende a lidar com o mundo. Assim, pelo fato da brincadeira estar
intrinsecamente ligada ao desenvolvimento infantil,também deve estar inserida no contexto escolar
com o objetivo de auxiliar o processo de aprendizagem. A maioria dos adultos, incluindo pais e
professores, está preocupada apenas com o aspecto pedagógico. Para estes, a escola representa um
lugar sistemático de aprendizado, enquanto consideram jogo, brinquedo ou brincadeira
simplesmente um lazer.

Dentro desta perspectiva, este artigo pretende levar pais e educadores a uma reflexão,
fazendo com que os mesmos adotem uma postura que transforme sua visão em relação ao lúdico
como forma de aprendizagem.

É com carinho e uma dose de saudosismo que lembramos do nosso tempo de criança,
momentos prazerosos de alegria e amizade que se solidificavam com o brincar e com o
acompanhamento dos pais, que aproveitavam a nossa brincadeira para se reunir no portão com os
vizinhos.

O brincar é tão importante à criança quanto se alimentar e descansar, por meio do brincar a
criança estabelece relações de conhecimento consigo, com os outros e com o mundo. De acordo
com Kishimoto (2004, p. 15), consideramos que o jogo tradicional faz parte da cultura de um
determinado povo, que transmite características próprias por meio das gerações que se sucedem e
com isso tornam o jogo tradicional uma manifestação cultural sempre presente no cotidiano das
crianças.

3 CONCLUSÃO.

Com a elaboração do tema proposto por este artigo pode-se notar a importância do lúdico
para a promoção do desenvolvimento da criança na Educação Infantil. De acordo com a revisão
bibliográfica e outras referências consultadas, pode-seorganizar e selecionar as principais
contribuições que fundamentaram teoricamente o presente artigo.

Considerando que o brincar enquanto primeira forma de cultura, enquanto atividade


biológica essencial e espontânea da criança, sempre esteve presente em seu cotidiano, com o passar
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do tempo se transformou e agregou características específicas de cada povo em seu espaço e tempo,
todavia sendo perpetuado pela transmissão de geração à geração.

Pode-se constatar que o jogo, o brinquedo e a brincadeira são instrumentos mediadores no


processo didático-pedagógico, são importantes ferramentas, auxiliares no desenvolvimento
cognitivo, motor, afetivo, psicológico e social da criança emformação. Peças-chave neste processo,
estimulam a relação da criança consigo mesmo, com os outros e com o mundo.

Pode-se visualizar a transformação do contexto social, modificado e marcado por um estilo


de vida acelerado, abarrotado de compromissos e atividades, espaços e tempos limitados, a
introdução da tecnologia e do ambiente virtual, a violência e a insegurança causadas pelo
crescimento acelerado das cidades e do consumo, todos esses são fatores contribuintes para a
mudança no conceito de brincar na vida de nossas crianças.

De acordo com toda essa constatação, concluí-se que o educador ocupa um papel principal
nesta situação, pois é na escola, e talvez somente na escola, que ocorram oportunidades para as
crianças brincarem. Portanto, o educador necessita refletir sobre a questão do brincar, criar espaços
e tempos que permitam a realização de jogos, brincadeiras, instituindo estratégias que permitam a
promoção e evolução integral da criança.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica. Técnicas e jogos pedagógicos. 11ª edição. São
Paulo: Loyola, 2003.

CORSARO, William. Cultura se constrói brincando. Revista Pátio Educação Infantil, Porto
Alegre – RS, Ano V, n. 15, p. 18-21- Nov. 2007/ Fev. 2008.

SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 4 ed. Petrópolis:
Vozes, 1999. SIROTA, R. l´emergence d´une sociologia d´enfonce: évolution de L´objet, évolution

VIGOTSKI (1998). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

VYGOTSKY, Lev S. A Formação social da Mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
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VYGOTSKY, L. S. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: A formação social da mente.


São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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