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532 Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador, v. 03, n. 08, p. 532-547, maio/ago. 2018
Guilherme do Val Toledo Prado; Renata Barroso Siqueira Frauendorf; Grace Carolina Chaves Buldrin Chautz
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Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação
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debruçamo-nos no percurso realizado por di- reencontrá-los pelo paciente gesto de recolher
ferentes pesquisadores do GEPEC, entre os peças e remover-lhes o pó depositado pelo
tempo; raspar de leve, camada por camada, e
anos de 2006 a 2016. Para esse estudo foram
desvelar o que havia se acomodado embaixo
analisadas 70 produções, entre dissertações
delas; desfazer as nervuras do tempo que, pro-
e teses, disponíveis no Repositório Institucio- positalmente ou por acaso, se dobraram sobre
nal da Unicamp2 dos quatro orientadores que o que precisava ser dito; organizá-las de modo
compunham o grupo na época.3 Desse conjun- a construir e reconstruir um sentido do todo a
to, refinamos a busca para as pesquisas que partir de cada fragmento, num jogo de contínuo
cotejamento.
continham o inventário, delimitando nosso
campo de análise a 27 pesquisas. A partir do levantamento de várias contri-
Dialogar com essas produções nos permitiu buições tecidas no interior das pesquisas, pu-
observar o quanto essa prática de inventariar demos ampliar o significado da palavra inven-
é muito maior que apenas catalogar os mate- tário, para além da ideia de ser uma relação
riais de pesquisa como algo frio e distancia- dos bens pertencentes ou que pertenceram a
do. No processo de elaboração do inventário, alguém ou a alguma empresa; ou entendido
os autores da pesquisa dão contornos únicos como descrição minuciosa; registro; rol; rela-
à ação investigativa, ao experienciar diferen- ção; catálogo; lista, de acordo com os dicioná-
tes rememorações produzidas no contato com rios. Passamos a compreender o termo inven-
inúmeros materiais constituintes do tema tário como um procedimento metodológico
pesquisado. Para além de pontos comuns, foi que convida o pesquisador a revisitar a sua
possível conhecer as singularidades de cada
prática pedagógica, compreender e visitar es-
pesquisador, neste peculiar exercício investi-
critos, imagens, objetos, suportes de lembran-
gativo. As formas de organizar, como organizar,
ças, que fazem parte de sua história, por terem
o que incluir, o que deixar de fora, dizem mui-
sido produzidos em tempos e lugares outros.
to da história do sujeito pesquisador, porque
Aprendemos com esse estudo que, mais do
são escolhas que contam de si, que desvelam
que fazer uma análise distanciada dos (guar)
e revelam: sofrimento, desencanto, encanto,
dados (GERALDI, 1993), inventariar significa
paixão, medos de um passadopresentefuturo,
senti-los em suas múltiplas ressignificações,
de algo que foi, é e virá a ser.
que renascem na tessitura do texto, delinean-
Nas palavras de Lima (2003, p. 31), uma das
do para o pesquisador possíveis achados que
pesquisadoras pioneiras a fazer uso dessa me-
contam de uma pesquisa, que acontecem ao
todologia:
se pesquisar.
ao inventariar, é [...] necessário promover uma Passamos a considerar também a produ-
busca arqueológica, vasculhar baús, remexer ção do inventário como um processo transfor-
os (guar)dados e recuperar sua história. Se, por
mador, porque os documentos não se limitam
um lado, as condições de produção dos dados
e a distância do acontecimento no tempo di- mais apenas ao pesquisador, mas também a
ficultaram a arqueologia dos dados, por ou- quem mais queira se apropriar deles, no in-
tro, possibilitaram a extraposição. Foi possível tuito de reinventá-los ou de, simplesmente,
2 Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/>.
lê-los sem nenhuma pretensão.
Acesso entre os meses de abril e junho de 2017. Trata-se de um convite que permite tanto
3 Professora Corinta M. G. Geraldi (1992 a 2007); Prof.
Maria Carolina Boverio Galzerani (2013 a 2015, in me- ao pesquisador como ao leitor o reencontro
moriam); Prof. Ana Maria Falcão de Aragão (2003 até com um mundo conhecido, embora muitas ve-
hoje) e Prof. Guilherme do Val Toledo Prado (1996 até
hoje). zes adormecido, outras tantas vezes esqueci-
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Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação
do, em uma certa caixa de guardados, em ca- espaços podem ajudar a recontar as histórias
dernos num sótão escuro, ou entre milhares a contrapelo.
de arquivos digitais. Morais (2006, p. 241) brinca com a palavra
Reencontrar-se com esses materiais, que inventariar e chega em “ inventar-criar”. Agre-
se configuram como documentos pela rique- ga a qualidade de levantamento de informa-
za de informações e dados que trazem explí- ções à ação de criação, de algo que é particu-
cita ou implicitamente algo da temática a ser lar para algo que é muito diferente do que é
investigada, por vezes acaba sendo um ato padronizado. Ao organizarem o inventário, os
muito maior que a própria pesquisa, principal- pesquisadores acabam sendo convocados a
mente para aqueles sujeitos que investigam a realizar um ato de criação para dar a ver e a
própria prática. Como diz Benjamin (1995), os entender de onde brotam, e por que brotam os
materiais recolhidos nos diferentes tempos e sentidos para os dados da pesquisa.
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dia ainda de inverter a sua ordem naturaliza- memorado. Quão solitário e belo é o interior
da. Por quê?” de uma reminiscência do vindouro! Diz Morais:
Entretanto, essa não é a única forma do in- “[...] um inventário ao mesmo tempo em que
ventário ser apresentado e, talvez como res- tem uma função conservadora, pode ter tam-
posta à provocação de Morais (2006), nas pro- bém uma importante função emancipadora,
duções a partir de 2006 é possível encontrá-lo pois possibilita uma certa forma de (re)conhe-
como parte do texto da pesquisa, mesmo que cimento (2006, p. 241)”.
ainda lhe seja destinado um lugar entre os Outra descoberta interessante, e que pode
anexos para expor as tabelas, as listas das re- ajudar novos pesquisadores, na tentativa de
lações de documentos analisados. Entre as 27 compreender as razões para esse procedimento
produções analisadas, 12 apresentam um texto metodológico ser relevante para a pesquisa nar-
de reflexão sobre o processo de confecção do rativa ainda no aspecto da organização, é que
inventário, como indicado a seguir: os documentos catalogados eram basicamente:
• referentes a materiais que dizem da
Aos poucos vou compreendendo que o ato de
inventariar surge no entremeio da narrativa história do pesquisador, recolhidos ao
como sendo uma opção metodológica de pes- longo de toda sua trajetória, princi-
quisa em Educação. Em meus cadernos, o en- palmente nas pesquisas cujo foco é a
contro sublime com a experiência e a narrativa, autoinvestigação ou a investigação da
que me possibilitaram ver/viver/sentir a pro- própria prática profissional;
fessora narradora de outrora no porvir do agora
• referentes aos documentos que inte-
[...]. (CHAUTZ, 2017, p. 53)
gram o corpus da pesquisa, principal-
Ou como afirma Cunha (2010, p. 230): mente nas pesquisas que analisam a
cotidiano escolar, a partir do envolvi-
O guardado dos outros é sempre interessante,
você vai criando a criatura/fato inventariada mento de outros sujeitos.
a cada descoberta. Mas o SEU inventário é um Por fim, alguns autores, ao catalogarem os
horror! documentos, fazem referência aos dois mo-
Você se vê frente ao seu passado pelos seus
mentos, unindo, em seu inventário, o material
restos, sem o seu arsenal de desculpas que ro- produzido antes da pesquisa aos documentos
deavam o dado, o resto, o detalhe importante que integram o corpus da mesma.
que... Meus cadernos de escola!
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aconselha seus orientandos a inventariar o era nebuloso. O que estaria buscando naquelas
acervo de materiais de pesquisa por com- marcas? Separei tudo em caixas e levei para o
preender que a organização desses materiais sótão novamente. Fora como guardar para não
auxilia na sistematização da própria pesquisa. enfrentar novas possibilidades de reflexão.
Para a pesquisadora Chautz (2017, p. 86-90), Depois de longos dias pensava que teria que re-
este processo foi cercado de momentos de visitá-los e o dia estava próximo. Todas as vezes
encantamento. Em sua dissertação, ela narra que subia as escadas, sabia que os cadernos
estavam lá, à minha espera. Ao penetrá-los no-
o seu feliz encontro com os seus (guar)dados,
vamente, resolvi lê-los na sequência. Escolhi o
que permitiram avivar memórias e intensificar ano de 2008. Primeiro ano após a formatura da
sentimentos, vivendo em sentidos o percurso graduação, agora, professora iniciante. É como
que responderia, ou não, a sua pergunta de se tivesse aprendido a andar. Fora o encontro
pesquisa. Cadernos resgatados de um sótão entre professora e seus alunos, sem a presença
empoeirado, que, ao serem inVENTARiados, acalentadora da academia, com suas propostas
de leitura e formação. As palavras borbulhavam
trouxeram para o âmbito da pesquisa o arejar
e logo eram impressas no papel.
da vida vivida na escola.
Antes desse encontro fulminante com meus
[...] Ao resgatar meus Cadernos Refúgio e frag- cadernos, tinha a ideia de que era uma profes-
mentos de experiência, registrados em meus sora bem diferente no Ensino Fundamental. Ao
trabalhos da graduação, do sótão empoeirado, término da leitura do Diário de 2008, começou
pude revisitá-los em longos dias, mergulhan- um processo de desconstrução de alguns sen-
do em um universo só meu. Em um universo de tidos que se ressignificaram. Descobri que não
linhas manuscritas e vividas, registros de uma foi a prática na Educação Infantil que me fez
história que avivou a memória e intensificou os a professora que sou hoje; que a necessidade
sentimentos. Ao longo dessa revisitação encon- da escrita nasceu da minha busca em saber o
trei a resposta quando em meu projeto de pes- que as crianças queriam e precisavam aprender
quisa escrevi que estaria fazendo uma “pesquisa – não seguia livros, mas pesquisava nos livros;
manual”. Uma pesquisa de escritas feito à mão mostrou a maneira que me apropriei da autono-
e tomada de significados que me perfaziam, to- mia pedagógica que existe na escola pública, e
das encontradas em meus Cadernos Refúgio. como gerir o espaço da sala de aula.
Segundo Walter Benjamin (1987, p. 197), ‘a expe- Digo desconstruí, pois tinha absoluta certeza de
riência da arte de narrar está em vias de extin- que tinha uma prática eminentemente sistema-
ção’, uma vez que com a rapidez e volume da tizada e desejei voltar para o Ensino Fundamen-
informação as experiências estão deixando de tal, imbuída pela prática da Educação Infantil,
ser comunicáveis. Assim sendo, a narrativa que na tentativa de fazer diferente. Mas, desco-
tem em suas raízes o trabalho manual, compa- bri com a leitura do Caderno Refúgio de 2008,
rado ao de um artesão, por Benjamin, hoje está que já havia tido uma prática diferenciada no
quase extinta pelo trabalho industrial, uma vez Ensino Fundamental e que na verdade a cons-
que a praticidade e a rapidez imperam em nossa tatação não era essa, mas o fato de que eram
sociedade contemporânea e capitalista [...]. as crianças que me moviam a uma prática e eu
O exercício de inventariar me remeteu ao exer- buscava desvendar essa prática, narrando.
cício de colher, sendo assim, meu primeiro exer- Através dessa experiência de inventariar, abri o
cício fora ler os registros aleatoriamente, sem baú da compreensão sobre o meu ato de pro-
uma ordem pré-determinada. A medida que fessorar.
folheava os cadernos, escolhia um trecho e lia,
revivendo aqueles momentos que moram den- Me lembro que ao ser indagada por uma colega
tro de mim. Assim transcorreu o exercício, sem professora que insistia em dizer que a capaci-
pretensões. Confesso que por muito tempo tudo dade de escrever é um “dom”, me perguntando
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que dizem os alunos e escutar melhor suas mú- de Sant’Anna (2011), me apresentou um ângu-
sicas, penso também me encontrar [...] lo diferente: o autor inicia nos provocando, ao
dizer que descer ‘não é mais fácil nem menos
[...] Muitas das coisas que me lembrei, não en-
perigoso do que subir — é diverso’. E arremata
contrei. Muitas das coisas que tinha esquecido,
dizendo que ‘a sensação ao descer é de com-
pude ver que aconteceram! (SERODIO, 2014, p.
plemento e não de vertigem, pois descer é outra
332)
arte’. Claro que se ele sobe e está condenado a
Em sua narrativa, Frauendorf (2016) conta empurrar a grande pedra morro acima, então
ao chegar ao cume ele tem que descer. Como
que, ao inventARIAR, descobriu como ir des-
desce? Como sobe? Sempre faz o mesmo cami-
bastando seu grande acervo, a fim de identi- nho? O que é mais difícil: subir empurrando uma
ficar os materiais de pesquisa. Para ajudar a pedra ou descer cuidando para não ser atrope-
explicar o que viveu ao longo deste processo lado por ela? Será que ele pensou em diferentes
de produção do inventário utiliza o trabalho estratégias a cada vez que precisava descer? Ou
de Sísifo5 como metáfora. isto não estava em suas mãos, pois a gravidade
se encarregava dessa tarefa? E subir? Em que
É sabido que, no caso deste personagem,
medida essa tarefa tornou–se um processo de
a tarefa de empurrar pedra morro acima lhe é
aprendizagem e descobertas sem fim, mas que,
dada para castigá-lo por ter enganado a morte, certamente, impactavam de uma forma ou ou-
algumas vezes, e ter contrariado a ordem su- tra a nova trajetória a encarar? Será que Sísifo
prema. Assim, fazer o mesmo movimento, re- fez disto uma experiência, como nos diz Larrosa
petidamente, é a forma encontrada pelos deu- (2014) a partir da ideia de que ao realizar esta
ação algo podia lhe tocar, inspirar, provocar
ses para puni-lo, uma vez que se trata de um
tremores? Eu acredito que sim, porque por mais
trabalho rotineiro, interminável, sem razão de
que o fizesse todo dia, havia essa possibilidade.
acontecer, justamente porque quando parece E nesse sentido deixaria de ser um castigo para
terminado é necessário recomeçá-lo. Segundo se tornar uma aventura, um desafio? Será que
a pesquisadora, olhar para a tarefa de organi- a forma como olhamos para esta tarefa – um
zar o inventário como um castigo eterno era simples acontecimento ou experiência – é o que
a coloca como castigo ou possibilidade?
uma perspectiva que aos poucos foi tomando
outros sentidos, foi se transformando, a cada Enfim, essa narrativa já me perseguia nos meus
nova subida de montanha, como pode ser ob- momentos de graça e dor durante meu trabalho
servado no trecho de sua longa narrativa que como formadora e, novamente, como pesquisa-
dora retornou à minha mente com força durante
tematiza o inventário:
o processo de organização do meu inventário.
[...] Especificamente em meu caso, praticamente Eu, pesquisadora, recorri ao eu, formadora, e
todo meu acervo está no computador. Ao inven- pedi-lhe emprestada sua metáfora. Apelei a Sí-
tariar meu material, constatei no final que tran- sifo em busca de dar sentido a esta tarefa. Na
sitei por 3.320 Arquivos, 111 Pastas. Mas o que primeira ‘subida morro acima’ abri meu grande
desse material seria relevante para a pesquisa? acervo, e me desesperei quando notei a quanti-
O que selecionar? dade de documentos que tinha guardados em
meu computador desde quando era professora.
O mito de Sísifo sempre mexeu comigo e a ima-
Como dar conta de analisar todo aquele mate-
gem que tinha era apenas o movimento de ida,
rial, o que olhar, como olhar? À primeira vista
a subida da montanha. Porém, a leitura do poe-
tudo parecia importante.
ma ‘Como se desce uma montanha’, no livro
Sísifo desce a montanha de Affonso Romano A conversa com colegas que também estavam
vivendo esse processo e a análise de outros in-
5 Tarefa de Sísifo: empurrar uma pedra de mármore
montanha acima até que ao chegar ao topo ela teima ventários de pesquisa utilizados por pesquisa-
em voltar para o início. dores do grupo – como Cunha (2006), Ferreira
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Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação
(2013) e Proença (2014) – me ofereceram pistas cer que os documentos já eram nomeados, mas
e ideias do caminho que poderia percorrer, mas não havia um padrão. Para não me perder nes-
ainda ficava insegura sobre o que excluir sem sa seleção criei um novo repositório chamado
correr o risco de ‘mutilar um acervo que consti- INVENTÁRIO.
tui nossa própria experiência’ (PRADO e MORAIS
Nas primeiras vezes, eu transferi cada grupo
2011, p. 144).
de documento analisado para o repositório
Na segunda subida – a partir da sugestão de Inventário. Porém, levava um certo tempo por
meu orientador –, analisei documento por do- precisar ir de uma tela para outra, para depois
cumento nas pastas referentes apenas a pro- localizar a pasta ou subpasta para a qual faria
gramas de formação continuada em que parti- a transferência. Outra vez aquele abatimento,
cipei como formadora externa desde 2003. Essa a certeza de que era um trabalho sem fim! E fi-
trajetória foi um pouco menos sofrida que an- nalmente, num momento de descida da monta-
terior, mas mesmo assim, ao abrir cada pasta nha, compreendi que poderia ser mais eficien-
para olhar os arquivos, era como se tivesse a te contando com a ajuda de um pen drive. O
longa caminhada morro acima para seguir. Ao procedimento passou a ser o de abrir a pasta
finalizar sabia que haveria uma nova pasta a se do programa (considere, caro leitor, que em al-
abrir e, com isso, iniciar o processo todo nova- guns casos são mais de cinco anos de atuação),
mente. Quanta insensatez: é o que me parecia! analisar os documentos e renomeá-los, e então
copiar para o pen drive e, finalmente, fazer a
Recorri à dissertação: Um olhar sobre a (com-
transferência para a determinada pasta ou sub-
plexidade da aula): componentes do trabalho
pasta. Esta simples solução me encheu de espe-
pedagógico a partir de uma análise de uma pro-
rança. ‘Consentiu-me contemplar essa sucessão
fessora sobre a sua própria prática, de Adriana
de atos aparentemente sem nexo que se tornou
Varani (1998), que contribuiu para que eu enxer-
meu destino, porque foi criado por ele [mim]’
gasse com outros olhos essa árdua tarefa. Sua
(CAMUS, 1989, p. 88).
pesquisa, assim como a minha, tinha como ob-
jetivo olhar e analisar a própria prática enquan- E assim passei a enxergar a tarefa de organizar
to continuava professorando. Ao refletir sobre o inventário como uma possibilidade. O percurso
o seu processo como formadora de alunos do podia até ser o mesmo: abrir pastas ano a ano,
Magistério, a pesquisadora voltou sua atenção subpastas, verificar repetidamente o que sele-
para registros, gravações, nos quais podia ana- cionar e o que deixar. Isto, caro leitor, à primeira
lisar sua linguagem, seus gestos, suas escolhas vista pode parecer mesmo entediante; entretanto,
de atuação e decisões. E o quanto isso se arti- esse caminhar foi se transformando e a cada nova
culava ao seu discurso teórico, a suas ideias tão pasta, novo programa vasculhado, minha subida
defendidas em diferentes espaços. Ler as análi- morro acima era diferente: a descida segurando
ses sobre si mesma – a partir das categorias que a pedra também foi se constituindo como uma
elencou – abriu um horizonte de possibilidades etapa importante, uma vez que ‘descer com a pe-
para mim. Trouxe uma luz para o que eu poderia dra nos ombros pode ser leve’ (SANT’ANNA, 2011).
buscar em meus registros. Ou seja, perseguiria A transformação se deu não só no que se refere à
situações de interlocução com as pessoas, luga- metodologia que fui desenvolvendo para tornar o
res, tempo com que interagi e que contribuíram processo mais ágil, como também ao tornar mais
na minha constituição como formadora. claro o critério de seleção a partir dos questiona-
mentos que ia me fazendo: será que me assus-
Mais confiante, recomecei um novo processo
taria, assim como Varani (1998), ao me perceber
ao analisar a pasta de determinado programa.
entre incoerências e a partir disso aprender? Em
Passei a renomear os documentos já incluindo
que medida o meu discurso como formadora é
informações que julguei serem pertinentes para
alienante? Em que medida como formadora dei-
me ajudar a identificar o que, daquele grande
xo-me alienar pelo discurso do outro?
conjunto, parecia razoável (informações como
data, um nome para a ação realizada, local Em muitos momentos dessa caminhada parei
onde isso se deu e outras). É importante esclare- para apreciar a paisagem ao redor, ou mesmo
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para tirar uma pedra de meu caminho, para único, por isso tão rico e potente. Não há uma
tomar fôlego, medir o tanto que faltava para única forma para se fazer! Não há um único
chegar ao topo, olhar para trás e ver o que já
sentimento a viver!
tinha subido. Nesse movimento, fui me deten-
Este ineditismo se dá porque, como obser-
do nesses documentos, rememorando minhas
relações com diversos interlocutores e contex- vamos nas variadas pesquisas, está relaciona-
tos – porque foram muitos municípios, regiões, do à temática do sujeito, assim como a orga-
escolas... muitas pessoas. Mas: e Sísifo, será que nização do material é constituída a partir da
ele também podia fazer essas paradas? Teria história do sujeito.
ele prazo para realizar a tarefa? (FRAUENDORF,
2016, p. 27-30) Inventariar os materiais resulta em nós uma
ampliação da noção de documento: não apenas
Em sua narrativa, a pesquisadora eviden- a materialidade dos acontecimentos, mas tam-
cia a dificuldade que teve de realizar a tarefa, bém os discursos, as narrativas, os pequenos
assim como por vezes desejou desistir de fa- objetos, os materiais ordinários, insignificantes.
Exige um trabalho paciente, de dias a fio, ven-
zê-la. Momentos de recusa, de aborrecimento,
do e revendo lembranças. Ao debruçarmos-nos
estão presentes em seu text,o revelados pela sobre materiais que posteriormente se trans-
escolha de palavras como “insegurança”, “ in- formam em inventário, nos debruçamos sobre
sensatez”, “desespero”, como no trecho: “me nós mesmos. É inventariar nossa própria vida,
desesperei quando notei a quantidade de do- nossa trajetória profissional e pessoal. (PRADO;
cumentos que tinha guardados em meu com- MORAIS, 2011, p. 151)
putador desde quando era professora”. Assim, o arejar da investigação, a partir dos
Mas evidencia também a transformação materiais da vida pessoal e profissional, pro-
que foi percorrendo. Revela como passou a re- picia a produção de novos sentidos tanto para
conhecer a relevância que inventariar os da- o vivido como para a temática investigativa
dos e guardados da pesquisadora tinha para que nos orienta na produção do conhecimento
buscar a si mesma: E assim passei a enxergar científico.
a tarefa de organizar o inventário como uma
possibilidade [...].
Certamente, o registro das reflexões e cons-
No diálogo com autores,
tatações acerca do processo percorrido pelo a sustentação da ação de
pesquisador, ao inventariar os dados de pes- inventariar
quisa mais que apenas listá-los, foi um grande
Conceitos por vezes
ganho para as pesquisas do grupo.
Não é fácil definir
Ao partilhar os procedimentos realizados
Algumas questões pautadas
e como os foi descobrindo, o pesquisador Vão em aberto por aqui.
permite que o leitor tenha acesso a um con-
Wilson Queiroz (2012, p. 222)
junto de informações pouco evidenciado nas
pesquisas, ou seja, acesse o processo per- Mas não são apenas conselhos, orienta-
corrido por ele e não apenas o produto final, ções e saberes da experiência que circundam e
como geralmente tem ocorrido. Ao desvelar sustentam a produção de um inventário. Para
os meandros do ato de inventariar, cada au- esta análise, são convidados teóricos que aju-
tor/pesquisador expõe a relação estabeleci- dam o pesquisador a dialogar com o material
da e os sentimentos evocados por esta ação. a partir do conhecimento construído por eles e
Revela-se pessoa e o quanto cada processo é assim enxergar, lidar, compreender coisas que
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Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação
sozinho não conseguiria e, consequentemente, da disposição, mas uma criação do sujeito que
produzir um novo conhecimento. pesquisa, uma quase ficção.
A escolha desse referencial teórico não é Bakhtin, no livro Estética da criação verbal,
aleatória e nem independente do processo de faz uma referência à palavra “inventário”. Está
pesquisa. Ela justamente acontece em sintonia em um trecho em que discute o “texto” e as ciên-
com o objeto desta última e a partir das expe- cias humanas, afirmando que onde não há texto
riências pessoais e profissionais do pesquisa- não há objeto de pesquisa e pensamento. Tex-
dor. tos, para Bakhtin (2011, p. 307), “são pensamen-
Cunha (2010, p. 239) diz que: tos sobre pensamentos, vivências das vivências,
Procurei fazer e pensar o meu inventário a par- palavras sobre palavras, textos sobre textos”:
tir destes ganhos de reflexão que Jacqueline
O pensamento das ciências humanas nasce
e outras pesquisadoras do GEPEC escreveram,
como pensamento sobre pensamentos dos ou-
mas a partir da leitura do texto ‘Para uma so-
tros, sobre exposições de vontades, manifesta-
ciologia das ausências e uma sociologia das
ções, expressões, signos atrás dos quais estão
emergências’, de Boaventura de Sousa Santos
os deuses que se manifestam (a revelação) ou
(2002) passei a reolhar meus guardados de ou-
os homens (as leis dos soberanos do poder, os
tra forma, tentando enxergar o que faltava ne-
legados dos ancestrais, as sentenças e enigmas
les, o que não guardei, o que não encontrei, o
anônimos, etc.). O inventário, por assim dizer,
que ausentei, transformando em categorias de
cientificamente exato dos textos e a crítica dos
meu inventário as ausências e emergências dos
meus catálogos: quais foram as coisas silencia- textos são fenômenos mais tardios (trata-se
das? as pistas que estão por perto, mas parecem de toda uma reviravolta no pensamento das
não se encaixar em nada, é um recado de pouca ciências humanas, do nascimento da descon-
importância, mas que guardamos, guardamos... fiança). A princípio era a fé, que exige apenas
por que guardamos? as experiências ausentes compreensão – interpretação. Independente de
foram silenciadas porque não soavam moder- quais sejam os objetivos de uma pesquisa, só
nas, bonitas, contemporâneas ou oficiais? o texto pode ser o ponto de partida. (BAKHTIN,
2011, p. 308, grifo nosso)
Já Morais (2006, p. 240-241) recorre a Morin
Compreendemos que confeccionar um in-
(1990) para ajudá-la em seu processo de refle-
ventário significa um desafio para a grande
xão disparado pelo inventário e consequente-
maioria dos pesquisadores, pois estes não
mente sobre si mesma:
devem ser trazidos para o texto da pesquisa,
Meu inventário, portanto, revela minhas pró- apenas na configuração de “dados sem vida”,
prias contradições, limites, inconclusões, incer-
para serem apresentados em tabelas, mas
tezas, imprecisões. Ele é o produto e o processo
de alguém que está em busca de um modelo como narrativas do percurso. Chautz (2017, p.
que reconheça e incorpore a possibilidade de 55) nos convida a pensar a partir desta citação
pensar o conhecimento de maneira comparti- de Bakhtin:
lhada e complexa. Em busca. Não em chegada.
Como inventariar a vida? É aí que esse frag-
[...]
mento de Bakhtin me ajuda, pois toma o ‘texto’
Mas, como afirma Morin, conhecer é produzir como ponto de partida da pesquisa e isso me
uma tradução da realidade (1990: 161). Sen- permite no corpo da dissertação, ‘inventariar’.
do tradução, será então uma (re)leitura e uma Não para comprovar nada, mas para trazer a
(re)escrita da experiência vivida pois somos vida vivida e sentida no limiar das palavras.
co-produtores do objeto que conhecemos (MO-
RIN, 1990: 161). Os dados da pesquisa, portanto, Além de Bakhtin, encontramos nas pala-
não são os elementos objetivos sob determina- vras de Walter Benjamin (1995, p. 239-240, grifo
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Guilherme do Val Toledo Prado; Renata Barroso Siqueira Frauendorf; Grace Carolina Chaves Buldrin Chautz
nosso) um convite ao ato de escavar-se, sem que esta se tornou, deve estar se perguntando:
temer o que irá encontrar. Desse modo, o pes- mas como é possível registrar memórias? De
quisador passa a ser visto como um arqueólo- quais registros lançar mão, para desvendar as
go de si mesmo, ao inventariar os “guardados memórias que não fazem parte de nosso acer-
e achados da pesquisa”. A memória deixa de vo material? Além de fotos, como recuperar
ser coadjuvante, nesse processo, e passa a ser fragmentos de uma infância, experiências no
protagonista, por ser compreendida como im- curso de magistério – momentos vividos, mas
portante fonte de informação: não escritos? Como resgatar a experiência de
um passado, de uma infância e adolescência,
A língua tem indicado inequivocamente que a
memória não é um instrumento para a explora- a partir de uma outra perspectiva, a adulta?
ção do passado; é, antes, o meio. É o meio onde Como rememorar? O que rememorar?
se deu a vivência, assim como o solo é o meio no Para isso, o Memorial de Formação (PRADO,
qual as antigas cidades estão soterradas. Quem FERREIRA; FERNANDES, 2011) surge como outra
pretende se aproximar do próprio passado so-
prática de investigação, relevante e potente, no
terrado deve agir como um homem que escava.
contexto da pesquisa narrativa, por permitir a
Antes de tudo, não deve temer voltar sempre
ao mesmo fato, espalhá-lo como se espalha a reconstrução dessas histórias que são evoca-
terra, revolvê-lo como se revolve o solo. Pois das pelo movimento de encontrar-se consigo
“fatos” nada são além de camadas que apenas mesmo a partir da análise dos documentos da
à exploração mais cuidadosa entregam aquilo pesquisa. É um caminho para tornar público
que recompensa a escavação. Ou seja, as ima-
algo que era privado e que fazia parte apenas
gens que, desprendidas de todas as conexões
das lembranças do pesquisador. Porém, este
mais primitivas, ficam como preciosidades nos
sóbrios aposentos de nosso entendimento tar- tema merece um outro artigo.
dio, igual a torsos na galeria do colecionador.
E certamente é útil avançar em escavações se-
gundo planos. Mas é igualmente indispensável
Arremate de ideias
a enxada cautelosa e tateante na terra escura.
Transformar em poesia
E se ilude, privando-se do melhor, quem só faz
Uma experiência marcante
o inventário dos achados e não sabe assinalar
Dizer do quanto foi feito
no terreno de hoje o lugar no qual é conservado
E do que vem adiante.
o velho. Assim, verdadeiras lembranças devem
proceder informativamente muito menos do Wilson Queiroz (2012, p. 222)
que indicar o lugar exato onde o investigador
se apoderou delas. A rigor, épica e rapsodica- A relevância de organizar e inventariar os
mente, uma verdadeira lembrança deve, por- dados foi sendo desvelada na maioria das
tanto, ao mesmo tempo, fornecer uma imagem pesquisas analisadas, paulatinamente, contri-
daquele que se lembra, assim como um bom buindo para com o processo de autoformação
relatório arqueológico deve não apenas indi-
de cada sujeito, cada pesquisador. Ao refletir-
car as camadas das quais se originaram seus
achados, mas também, antes de tudo, aquelas
mos sobre o propósito de fazer o inventário,
outras que foram atravessadas anteriormente. concordamos com Clandinin e Connelly (2011,
p. 122):
Certamente, o leitor, ao compreender a re-
Nossos textos de campo do dia da viagem, inal-
levância de trazer à tona as memórias a fim de
terados com o passar dos anos, não influencia-
enxergá-las com olhos distanciados, de refletir
dos por memórias e experiências interventoras,
sobre o impacto dessas lembranças e a relação pode mostrar uma imagem mais complexa, tal-
destas com a vida pessoal e profissional e no vez até mesmo diferente dos acontecimentos
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador, v. 03, n. 08, p. 532-547, maio/ago. 2018 545
Inventário de pesquisa: uma possibilidade de organização de dados da investigação
daquele dia [...]. As notas de campo, as foto- José Carlos M. Barbosa. 5. ed. São Paulo: Brasiliense,
grafias, os trabalhos escritos pelos estudantes, 1995. p. 71-142.
as notas de planejamento dos professores são
todos textos de campo que nos ajudam a aden- BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e
trarmos em uma observação fria dos eventos o saber de experiência. Revista Brasileira de Edu-
que são relembrados de forma apaixonada. cação, [online], Campinas, n. 19, p. 20-28, jan./abr.
2002. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/
Ao finalizar a organização do inventário,
S1413-24782002000100003>. Acesso em: 26 out. 2017.
apenas concretizamos uma parte da pesqui-
sa narrativa, visto que o grande desafio como CHAUTZ, Grace Caroline Chaves B. Abrindo os cader-
pesquisador não está na coleta de informações nos da professora que pesquisa a própria prática:
escrita narrativa e produção de conhecimento. 2017.
somente, mas em produzir o texto de pesquisa
195 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Facul-
a partir dos textos de campo. Um deslocar-se
dade de Educação, Universidade Estadual de Cam-
movido a responder perguntas sobre o signifi-
pinas, Campinas, 2017.
cado, a relevância social e o propósito de tudo
isso. Um deslocar-se em busca de uma pista CLANDININ, Jean; CONNELLY, Michael. Pesquisa nar-
rativa e histórias na pesquisa qualitativa. Tradução
para a pergunta: quem sou eu?
do Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Pro-
E na busca por si mesmo, seja no âmbito
fessores ILEEL/UFU. Uberlândia, MG: Edufu, 2011.
pessoal e profissional, no contexto de uma
pesquisa narrativa, voltar-se para o passado, CUNHA, Glória P. SONORIDADES DO SUL: ausências,
na perspectiva benjaminiana, é sair do pre- emergências, traduções e encantaria na educação.
sente orientado pelo futuro, movimento posto 2010. 267 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de
pela questão de pesquisa que, ao associar a
Campinas, Campinas, 2010.
pergunta – quem sou eu? – possibilita que en-
contremos em nossas próprias reminiscências, FRAUENDORF, Renata Barroso de S. A voz de uma
os muitos eus que nos habitam e que podem professora-formadora que se inventa e reinventa
colaborar para a produção de respostas no a partir da/com/na escola. 2016. 170 f. Dissertação
contexto de nossas investigações no âmbito (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
educacional.
2016.
Perguntas e respostas que, mais do que in-
dicarem um caminho, estão abertas para pro- GERALDI, Corinta Maria G. Produção do ensino e
duzir novos sentidos à ação de inventariar os pesquisa na educação: estudo sobre o trabalho do-
(guar)dados e produzir conhecimentos a partir cente no curso de Pedagogia. 1993. 147 f. Tese (Dou-
torado em Educação) Faculdade de Educação, Uni-
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Estadual de Campinas, Campinas, 2012. Aprovado em: 05.02.2018
Guilherme do Val Toledo Prado é Doutor em Linguística Aplicada em Ensino de Língua Materna pelo Instituto de Estudos
da Linguagem da UNICAMP. Professor do Departamento de Ensino de Práticas Culturais (DEPRAC), Faculdade de Educa-
ção, UNICAMP. Livre-Docente na Área de Educação Escolar. Coordenador do GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação Continuada. e-mail: gvptoledo@gmail.com
Rua Papa Leão XIII, n.14, casa 11, Bairro: Real Parque, Campinas, S.P., CEP: 13082-793, (19) 3325-8254 e (19) 99731-8714.
Renata Barroso de Siqueira Frauendorf é Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UNICAMP. Formadora do
Instituto Avisa Lá. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da UNICAMP.
e-mail: rsfrauendorf@globo.com
Grace Caroline Chaves Buldrin Chautz é Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UNICAMP. Orientadora
Pedagógica da Rede Municipal de Campinas. e-mail: gbuldrin@gmail.com
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