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Rafael Lisboa da Silva

Universidade Federal do Tocantins


Discente: Rafael Lisboa da Silva
Disciplina: Geografia Política
Docente: Demis
Data: 08/04/2019

Fichamento acerca do Texto: ​Importância da Geografia Política

Todo ramo do conhecimento científico que se dedica sistematicamente ao estudo de


determinados temas específicos da realidade, possui um objeto teórico de investigação,
mais ou menos delimitado(p. 17)

É possível identificar, no interior do movimento da realidade social, ​processos reais que


sejam passíveis de agrupamento para fins de análise e reflexão pelas ciências sociais, em
particular pela geografia social, que possuam identidade no real, nitidez histórica e
relevância para a sociedade, de modo a credenciá-los para justificar a existência de um
sub-ramo específico do conhecimento e da pesquisa acadêmica, usualmente rotulado de
geografia política?(P. 17)

Em primeiro lugar, é preciso verificar se essa identificação far-se-á através de um recorte de


determinados aspectos da realidade social ​– o que poderá levar a uma delimitação rígida
(portanto formal) do objeto ​– ​ou se o mais conveniente não seria trabalhar com um conjunto
de processos, o que resultaria num estudo necessariamente interdisciplinar, com o foco da
análise centrado no que é específico da geografia política.(P. 17)

Esta é uma questão importante, pois essa disciplina tem abordar determinados temas que
não são exclusivos deste ou daquele ramo das ciências sociais mas, principalmente na
atualidade, do interesse de todos.( P. 17)

[...] podemos identificar determinados processos reais que se estabelecem no amplo


espectro de relações entre a sociedade e seu espaço de vivência e produção( P. 18)

Em qualquer tempo e lugar, os grupos sociais, desde os estágios primitivos até as


modernas sociedades capitalistas industriais, por exemplo, estabelecem determinados
modos de relação com o seu espaço; em outras palavras, valorizam-no a seu modo.( P. 18)
Rafael Lisboa da Silva

Um grupo social primitivo, por exemplo, mesmo com uma “tênue” e provisória fixação num
determinado espaço exprimiu, a partir dessa relação, uma série de manifestações: mitos,
cultos, sacralizados, etc. Do mesmo modo, exprimiu, com o seu trabalho e sua técnica,
formas de apropriação e exploração desse espaço, marcando-o com as suas necessidades
e o seu modo de produzir , porque não dizer, impregnando-o assim com a sua cultura. (P.
18)

Nesse sentido, o seu espaço possui limites, cujo traçado não é constituído por linhas
rígidas, mas zonas que se destinam a delimitar o espaço de recursos necessário à
reprodução biológica e cultural desse grupo.(P. 18)

Por isso, toda sociedade que delimita um espaço de vivência e produção e se organiza para
dominá-lo, transforma-o em seu território. Ao demarcá-lo, ela produz uma projeção
territorializada de suas próprias relações de poder.(P. 18)

O que importa ressalvar é que a relação espaço-poder é relação sócio-política por


excelência, processo real que se expressa empiricamente sob várias formas e tipos e que
tem um significado preciso para a sociedade e a ciência social.(P. 18)

O processo histórico de desenvolvimento dessa relação pode ser periodizado, pelo menos
em seus traços essenciais.( P. 18)

À medida que o grau de complexidade aumenta, essas relações de poder tendem a se


tornar mais explícitas, ou seja, a nitidez do espaço político aumenta.(P. 19)

Ele revela a projeção no espaço(cercas e limites em geral) de transformações profundas no


interior daquela sociedade. Desse modo, a legalização da propriedade fundiária não deixa
de representar uma institucionalização de determinada correlação de forças marcada pelo
conflito.( P. 19)

[...] a constituição dessa forma maior de institucionalização do poder político é que tem
determinado a fixação cada vez mais rígida de limites entre as sociedades-nações.
Rafael Lisboa da Silva

Estes são, em linhas gerais, os processos a que nos referimos. O seu conhecimento, como
é óbvio, implica o recurso das muitas especialidades que têm se dedicado ao estudo dos
fatos políticos contemporâneos e passados. Daí a necessidade da geografia política passar
a interessar-se pelos processos ligados às formas atuais de gestão do território,
examinando mais de perto as engrenagens da atividade estatal que têm formulado e posto
em prática as políticas públicas territoriais.( P. 19)

A geografia política tem a idade da geografia moderna, aquela que se desenvolveu a partir
de meados do século XIX na Alemanha, com Humboldt, Ritter e Ratzel. [...] ela é parte da
mesma do movimento de constituição dessa disciplina. ​Antropogeografia​(1882) e ​Geografia
política (1887), obras fundamentais do naturalista e geógrafo alemão Friedrich Ratzel, são
referências obrigatórias para todo e qualquer estudo sobre o pensamento geográfico,
geopolítico e geográfico-político.( P. 19)

Alemães, Franceses, ingleses e norte- americanos, principalmente,publicaram desde então


milhares de títulos sobre o que poderíamos chamar de modo geográfico de ver o estado e
as políticas públicas em sua “dimensão”, “instância”, “nível’ ou “forma” territorial.( P. 20)

Duas características são marcantes nessa evolução, que ocupa o período que vai de 1987
até os dias de hoje. A primeira, é que os estudos publicados ganhavam intensidade nos sub
períodos pré, durante e pós-guerra.[...] . A segunda refere-se ao fato de que cada estudo é
o estudo de ​um autor de determinada nação​, relacionado ou não aos objetivos de
determinado Estado ou grupo de estados, mas de todo modo, produzindo uma geografia
política marcada pelo seu contexto territorial próprio.( P. 20)

É como se a conjuntura e o ​território fossem verdadeiros “marcapassos”, elementos


destinados a ​particularizar o que porventura uma obra pudesse ter de “universal”, naquele
sentido do conhecimento científico fundado em leis comprováveis e duradouras.( P. .20)

Não se nega, igualmente, que a geografia política possua estatuto científico. Não é essa a
questão. Trata-se de ramo da geografia que desde o início esteve voltado para o estudo da
política. Principalmente da política dos estados, ou, mais precisamente, da política territorial
dos estados(​ P. 200
Rafael Lisboa da Silva

A própria discussão sobre as diferenças entre a geografia política e a geopolítica fica, por
assim dizer, “atravessada” por esse traço característico.( P. 20)

Por isso é que, mesmo com os riscos deste tipo de generalização, poder-se-ia identificar
“geografias políticas” da ​paz​, da ​guerra​, ​alemã francesa,​ inglesa​, norte-americana, ​etc. ( P.
21)

[...] é verdade que podemos estabelecer algum tipo de distinção entre a geografia política e
a política (estrito senso). A primeira e mais simples é a que ocorre entre os estudos de um
geopolítico do aparelho militar do estado​, seja este formalmente democrático ou não, e os
de um cientista social dos meios acadêmicos em geral(cientistas, políticos, geógrafos, etc.) (
P. 21)

[...] o desenvolvimento da geografia política, enquanto um corpo de teorias fundamentais e


de certo modo universais, sempre se deu a partir de uma prática acadêmica que procurava
manter um certo distanciamento crítico, uma dada autonomia relativa frente aos objetivos
imediatistas e pragmáticos dos estados, em especial de seu segmento militar. ( P. 21)

Os estudos sobre o estado já são tradição na filosofia (desde os gregos) e nas ciências
sociais modernas, cobrindo praticamente todas as vertentes teórico-interpretativas
conhecidas sobre o tema.( P. 22)

A geografia política, por sua vez, iniciou os seus estudos sobre o Estado já apresentando
um sério vício de origem. Ocorre que ela surgiu justamente em contexto histórico e científico
que marcou profundamente as suas interpretações pioneiras e seus posteriores
desdobramentos.( P. 22)

A geografia política que se produz nos dias atuais está razoavelmente distante daquela que
se desenvolveu até a Segunda Guerra e nos anos imediatamente posteriores (o contexto da
“Guerra Fria”).( P. 24)

[...] nas sociedades avançadas dos países do chamado Primeiro Mundo, ou


industrializados, não caberia mais a velha concepção de um Estado uno, centralizados e
‘sem foco”, pairando autoritariamente sobre a sociedade, está sendo concebida pelos donos
do poder, enquanto um conjunto amorfo de pessoas designadas como “população”. O
Rafael Lisboa da Silva

mesmo se aplicaria ao território, que deixaria de ser a ​fonte exclusiva do poder dos estados
e da riqueza de uma nação​.( P. 25)

Entretanto, nas sociedades menos avançadas, em especial as da periferia do capitalismo,


como a brasileira, não se pode, em hipótese alguma, subestimar o papel e a importância do
Estado quando examinamos qualquer aspecto da vida nacional. Principalmente no caso do
Brasil, com sua tradição de conservadorismo e centralização exacerbada de riqueza e de
poder.( P. 25)

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