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Esta é uma questão importante, pois essa disciplina tem abordar determinados temas que
não são exclusivos deste ou daquele ramo das ciências sociais mas, principalmente na
atualidade, do interesse de todos.( P. 17)
Um grupo social primitivo, por exemplo, mesmo com uma “tênue” e provisória fixação num
determinado espaço exprimiu, a partir dessa relação, uma série de manifestações: mitos,
cultos, sacralizados, etc. Do mesmo modo, exprimiu, com o seu trabalho e sua técnica,
formas de apropriação e exploração desse espaço, marcando-o com as suas necessidades
e o seu modo de produzir , porque não dizer, impregnando-o assim com a sua cultura. (P.
18)
Nesse sentido, o seu espaço possui limites, cujo traçado não é constituído por linhas
rígidas, mas zonas que se destinam a delimitar o espaço de recursos necessário à
reprodução biológica e cultural desse grupo.(P. 18)
Por isso, toda sociedade que delimita um espaço de vivência e produção e se organiza para
dominá-lo, transforma-o em seu território. Ao demarcá-lo, ela produz uma projeção
territorializada de suas próprias relações de poder.(P. 18)
O processo histórico de desenvolvimento dessa relação pode ser periodizado, pelo menos
em seus traços essenciais.( P. 18)
[...] a constituição dessa forma maior de institucionalização do poder político é que tem
determinado a fixação cada vez mais rígida de limites entre as sociedades-nações.
Rafael Lisboa da Silva
Estes são, em linhas gerais, os processos a que nos referimos. O seu conhecimento, como
é óbvio, implica o recurso das muitas especialidades que têm se dedicado ao estudo dos
fatos políticos contemporâneos e passados. Daí a necessidade da geografia política passar
a interessar-se pelos processos ligados às formas atuais de gestão do território,
examinando mais de perto as engrenagens da atividade estatal que têm formulado e posto
em prática as políticas públicas territoriais.( P. 19)
A geografia política tem a idade da geografia moderna, aquela que se desenvolveu a partir
de meados do século XIX na Alemanha, com Humboldt, Ritter e Ratzel. [...] ela é parte da
mesma do movimento de constituição dessa disciplina. Antropogeografia(1882) e Geografia
política (1887), obras fundamentais do naturalista e geógrafo alemão Friedrich Ratzel, são
referências obrigatórias para todo e qualquer estudo sobre o pensamento geográfico,
geopolítico e geográfico-político.( P. 19)
Duas características são marcantes nessa evolução, que ocupa o período que vai de 1987
até os dias de hoje. A primeira, é que os estudos publicados ganhavam intensidade nos sub
períodos pré, durante e pós-guerra.[...] . A segunda refere-se ao fato de que cada estudo é
o estudo de um autor de determinada nação, relacionado ou não aos objetivos de
determinado Estado ou grupo de estados, mas de todo modo, produzindo uma geografia
política marcada pelo seu contexto territorial próprio.( P. 20)
Não se nega, igualmente, que a geografia política possua estatuto científico. Não é essa a
questão. Trata-se de ramo da geografia que desde o início esteve voltado para o estudo da
política. Principalmente da política dos estados, ou, mais precisamente, da política territorial
dos estados( P. 200
Rafael Lisboa da Silva
A própria discussão sobre as diferenças entre a geografia política e a geopolítica fica, por
assim dizer, “atravessada” por esse traço característico.( P. 20)
Por isso é que, mesmo com os riscos deste tipo de generalização, poder-se-ia identificar
“geografias políticas” da paz, da guerra, alemã francesa, inglesa, norte-americana, etc. ( P.
21)
[...] é verdade que podemos estabelecer algum tipo de distinção entre a geografia política e
a política (estrito senso). A primeira e mais simples é a que ocorre entre os estudos de um
geopolítico do aparelho militar do estado, seja este formalmente democrático ou não, e os
de um cientista social dos meios acadêmicos em geral(cientistas, políticos, geógrafos, etc.) (
P. 21)
Os estudos sobre o estado já são tradição na filosofia (desde os gregos) e nas ciências
sociais modernas, cobrindo praticamente todas as vertentes teórico-interpretativas
conhecidas sobre o tema.( P. 22)
A geografia política, por sua vez, iniciou os seus estudos sobre o Estado já apresentando
um sério vício de origem. Ocorre que ela surgiu justamente em contexto histórico e científico
que marcou profundamente as suas interpretações pioneiras e seus posteriores
desdobramentos.( P. 22)
A geografia política que se produz nos dias atuais está razoavelmente distante daquela que
se desenvolveu até a Segunda Guerra e nos anos imediatamente posteriores (o contexto da
“Guerra Fria”).( P. 24)
mesmo se aplicaria ao território, que deixaria de ser a fonte exclusiva do poder dos estados
e da riqueza de uma nação.( P. 25)