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BELO HORIZONTE – MG
MARÇO DE 2019
INTRODUÇÃO
Após o período pós reforma protestante, o cristianismo tem se dividido em dois grupos
soteriológicos: calvinistas e arminianos. Esses dois movimentos ultrapassaram os
tempos e gerações até os dias hodiernos e fazem parte da maioria das igrejas
protestantes, ou evangélicas da atualidade.
O Calvinismo recebeu este nome por causa de John Calvin (João Calvino), teólogo
francês que viveu de 1509 a 1564. O Arminianismo recebeu este nome por causa de
Jacobus Arminius, teólogo holandês que viveu de 1560 a 1609.
Segundo Olson (2001) apud Lima e Silveira (2018) diante de tal divergência os
oponentes de Jacobus Arminius começaram a perceber o erro do sinergismo em sua
pregação e ensino. Então, ele passou a ser perseguido pelos ministros calvinistas
que o acusaram de heresia para os oficiais da igreja e da cidade.
Na conclusão dos Cânones de Dort, percebemos que para além de rejeitar os artigos
arminianos, também foi enfatizado que as doutrinas reformadas eram comumente
atacadas falsamente.
O CALVINISMO
Segundo Zágari (2013), o calvinismo crê que Deus elegeu algumas pessoas para irem
para o Céu e outras para o inferno, ou seja, predestinou uns para a salvação e outros
para a perdição.
Calvino partiu dos mesmos textos de Lutero, principalmente da Carta de Paulo aos
Romanos, mas inverteu a maneira de ver de Lutero. Se para Lutero, o ser humano não
tem como discutir e mergulhar na compreensão da soberania de Deus e teologizar sobre
ela e, por isso, a eleição deve ser vista como garantia de nossa esperança,
principalmente nos momentos de dificuldades e sofrimentos, para Calvino a base da
vida cristã é a escolha eterna de Deus. Assim, na teologia, não seria fim, mas começo
e central idade.
Tanto em seu Comentário sobre a Carta aos Romanos, como nas Instituições da Igreja
Cristã, Calvino constrói uma teologia da eleição que tem por base a soberania de Deus.
E olha a eleição sempre do “ponto de vista” de Deus, de cima, descartando uma leitura
a partir da imago Dei e a possibilidade de escolha humana
A “TULIP” Calvinista
Basicamente, esses são os cinco pilares mais importantes do sistema calvinista. Banzoli
(2014) mencionam que esses cinco pilares formam um sistema fechado, de modo que,
ou todos esses pontos são, obrigatoriamente, defendidos, ou a negação de um deles,
invalida o sistema dado o fato que todos esses pilares estão interligados.
A TOTAL DEPRAVITY baseia-se nas passagens bíblicas dos livros de: Sl 51:5, Jr 13:23,
Rm 3:10-12, Rm 7:18; 1Co 2:14, Ef 1:3-12 e Cl 2:11-13. Esta doutrina teológica foi
derivada do conceito agostiniano do pecado original cometido por Adão e Eva em
desobediência a uma ordem expressa de Deus, que não comessem do fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Em outras palavras, a doutrina da depravação total
afirma que o homem natural é incapaz de fazer coisas boas, devido a sua natureza
caída. (Monteiro e Monteiro Barros, 2016)
A doutrina da LIMITED ATONEMENT é uma das mais polêmicas, pois ela afirma a
crença que Jesus morreu e ressuscitou apenas por aqueles que foram eleitos por Deus,
privando os demais de serem salvos. FEINBERG et al. (2000) reproduzem a afirmação
de Agostinho, o qual afirma que a graça de Deus é “suficiente para todos, eficiente para
os eleitos”. Cristo foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi- lo. Ele
abriu a porta da salvação para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente
entram.
Pinheiro (2016) relata que Arminius defendeu uma posição sublapsariana, alertando
para o fato de que Deus não predetermina ninguém para a perdição. Segundo Arminius,
Deus em seu decreto escolheu seu Filho como Salvador para mediar a favor daqueles
pecadores que se arrependem e crêem em Cristo, e para administrar os meios eficientes
e eficazes para a fé de cada um deles. Assim, para ele, Deus decreta a salvação e a
perdição de pessoas em particular.
A PARTIAL DEPRAVITY defende que cada aspecto da humanidade está contaminado pelo
pecado, mas não ao ponto de fazer que os homens sejam incapazes de colocar sua fé em
Deus por iniciativa própria. Embora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza
humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador
pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador
precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a
participação humana no novo nascimento. (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co
5:10).
Pela doutrina da CONDITIONAL ELECTION Deus escolheu as pessoas para a salvação, antes
da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a
salvação e predestinou os salvos. A salvação ocorre quando o pecador, tocado pela Graça,
escolhe a Cristo. O pecador deve exercer fé, para crer em Cristo e ser salvo. Os que se perdem,
perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram a graça auxiliadora de
Deus. (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17)
A doutrina da ILIMITED ATONEMENT é a crença de que Jesus morreu por todos, mas que
Sua morte não tem efeito enquanto a pessoa não crê. A expiação é universal. O sacrifício
de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa se salvar pela fé, mas não assegura a
salvação de ninguém. Só os que creem nEle, e todos quantos creem, serão salvos. Nos
cânones de Dort, isso foi expresso da seguinte forma:
Na doutrina da RESISTIBLE GRACE Deus faz tudo o que pode para salvar os pecadores.
Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir
positivamente, o Espírito não pode conceder vida. Portanto, a graça de Deus não é infalível
nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação. (Lc 18:23;
19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19)
Calvinismo Arminianismo
Aspecto da humanidade Depravação total Depravação parcial
Eleição Incondicional Condicional
Expiação Limitada Ilimitada
Graça Irresistível Resistível
Conceito de salvação Salvação Incondicional Salvação Condicional
Tozer coloca os dois sistemas como ferramentas que podem ser úteis para o
evangelho quando ambas trabalham juntas pela mesma causa. Isto não significa
que ele abraçava os dois sistemas como plenamente legítimos e bíblicos.
FEINBERG, J. Predestinação e livre-arbítrio. 3.ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2000