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O CICLO DO NITROGÊNIO

As primeiras semanas de um aquário novo são fundamentais para o sucesso dele. Antes de
pensarmos em adquirir peixes para colocarmos em nossos aquários, devemos primeiramente
preparar a "casa" para eles. Um aquário é um pequeno mundo vivo em miniatura, e preparar a casa
significa estabelecer neste mundinho toda a biologia necessária, que possibilitará vida saudável em
um ambiente fechado e pequeno. As fezes, a alimentação não consumida, os dejetos dos peixes e
qualquer outra matéria orgânica que se acumula não desaparecem do aquário por efeito de magia.
Eles são decompostos por microorganismos, muitas vezes resultando em substâncias tóxicas. Mas
como a natureza é sábia existem seres que nada mais querem do que transformar essa matéria
decomposta em outros compostos que possam ser novamente aproveitados por outros seres. Uma
das mais importantes classes de compostos que resultam da decomposição são os nitrogenados, e o
processo pelo qual eles são gradativamente transformados é chamado de Ciclo do Nitrogênio.

Como e quem faz essas transformações? São seres microscópios chamados bactérias nitrificantes,
cuja função na natureza são de decompositores dos compostos nitrogenados. Ao montarmos um
aquário novo, essas bactérias só existem em quantidades muito pequenas (aquelas poucas que por
acaso vieram junto com a água, com o cascalho, etc.). Portanto é fundamental, nas primeiras
semanas, fazer com que esta colônia de bactérias se multiplique até atingir uma quantidade que seja
capaz de processar os dejetos dos peixes que virão a seguir. Assim, dependemos da formação de
uma boa colônia de bactérias nitrificantes para que possa haver vida saudável em nossos aquários.
Na linguagem do aquarismo, esse período inicial de formação da colônia costuma ser chamado de
ciclagem do aquário. Um aquário só estará pronto para receber a população principal de peixes
quando ele estiver devidamente ciclado. Este processo normalmente leva entre 2 e 6 semanas para
se completar.

Vamos entender melhor como é este ciclo. O nitrogênio (N) é um elemento químico que entra na
constituição de duas importantíssimas classes de moléculas orgânicas: proteínas e ácidos nucleicos.
Embora esteja presente em grande quantidade no ar, na forma de gás nitrogênio (N2), poucos seres
vivos o assimilam nessa forma. Apenas alguns tipos de bactéria, principalmente cianobactérias
(antigamente conhecidas como algas azuis ou cianofíceas), conseguem captar o N2, utilizando-o na
síntese de moléculas orgânicas nitrogenadas. Essas bactérias são denominadas fixadoras de
nitrogênio. Eles acabam sendo comidas por outros organismos, que por sua vez são comidos por
outros animais, e assim por diante até que os compostos nitrogenados estejam espalhados por todos
os seres vivos.

Quando esses compostos nitrogenados são liberados, (pela morte de um organismo, ou parte dele,
ou pelas suas excreções), eles são processados por bactérias decompositoras, e um dos principais
produtos dessa decomposição é o gás Amônia (NH3). A amônia, em contato com a água, forma o
Hidróxido de Amônio (NH4OH), uma substância altamente tóxica que em grandes concentrações
tem o efeito de uma base altamente corrosiva. A amônia é uma substância muito perigosa para os
peixes, e a sua toxicidade depende da temperatura, do pH e da salinidade da água. Por exemplo,
quanto mais ácido for o pH, mais Hidróxido de Amônio é neutralizado e portanto diminui a
toxicidade da amônia. Por outro lado, quanto mais alcalino o pH mais perigosa é a Amônia.
Felizmente, essa substância é consumida por bactérias do gênero Nitrosomonas, que na presença
de oxigênio transformam a amônia em Nitrito (NO2-) obtendo energia através do seguinte processo:

2 NH3 + 3 O2 ----> 2 HNO2 + 2 H2O + Energia


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O HNO2 (ácido nitroso) dentro da água se dissolve liberando o íon nitrito (NO2-). O nitrito é mais
uma substância altamente tóxica para plantas e animais, mas felizmente ele também não se acumula
em um aquário bem montado, pois logo as bactérias do gênero Nitrospira o transformam em
Nitratos (NO3-), também obtendo energia pela reação:

2 HNO2 + O2 ----> 2 HNO3 + Energia

Agora sim, o nosso nitrogênio que partiu das moléculas orgânicas decompostas finalmente assumiu
uma forma bem menos tóxica. No aquário, o nitrato vai lentamente acumulando como resultado
desse processo. Mas não devemos deixá-lo acumular muito porque isso acaba levando ao
crescimento excessivo de algas que o aproveitam como nutriente. Para evitar isso, fazemos
regularmente trocas parciais de água e, melhor ainda, colocamos plantas naturais no aquário, pois o
nitrato é prontamente consumido por elas. Aliás, as plantas também são boas consumidoras de
amônia, e portanto ajudam muito a manter essa toxina sob controle.

As bactérias nitrificantes irão fixar-se em qualquer local onde haja uma boa oxigenação (visto que o
processo principal do ciclo é aeróbico, ou seja, com a presença de oxigênio). Porém, as colônias
serão mais prósperas em locais onde não haja muita luz, e onde a corrente de água não as moleste
em demasia. Esta é a parte mais importante do Ciclo do Nitrogênio em termos de aquarismo, mas
na verdade ele não para por aqui. Por exemplo, se faltar oxigênio na água o Nitrato pode ser
transformado novamente em Nitrito ou então, por um processo chamado denitrificação, ele volta a
ser transformado por bactérias anaeróbicas em nitrogênio gasoso (N2), e o ciclo fica completo.

Agora que sabemos como é o Ciclo do Nitrogênio, podemos entender melhor como devemos
proceder em um aquário novo para garantir um ambiente saudável para os peixes. O processo de
colonização dessas bactérias ocorre sem que seja necessária a sua intervenção, basta que haja uma
fonte de matéria orgânica. Uma vez montado o aquário, colocada a água e ligados os filtros,
precisamos fornecer um pouco de amônia para dar início ao processo de ciclagem. Às vezes a
própria água de torneira já vem com amônia, mas em geral é melhor incentivar o processo. Mais
uma vez, uma ótima maneira de começar é colocando plantas naturais. O seu próprio metabolismo e
as folhas que caem fornecem o nitrogênio inicial, e como já dissemos elas ajudam a evitar que o
nivel de amonia suba demais. Também se pode colocar uma pitada de ração, ou um pequeno pedaço
de peixe ou camarão, e existem produtos comerciais incentivadores do ciclo. Outro bom
procedimento é usar um pouco de cascalho e/ou água de um aquário já maturado, que esteja
seguramente em boas condições.

É muito comum colocar "peixes cicladores" para acelerar o processo também. Acrescenta-se uns 2
ou 3 peixes resistentes (paulistinhas, por exemplo) para viver no aquário enquanto este está
passando pela ciclagem. Mas este não é um bom procedimento pois se está submetendo estes peixes
a um stress desnecessário. O ideal é comprar um kit de testes completo de água doce (pH, amonia,
nitrito, nitrato) e acompanhar as subidas e descidas da amônia e do nitrito. Quando o nitrito cair a
zero depois de ter subido, o aquário está pronto para iniciar a colonização dos peixes. Mas mesmo
assim a população deve ser aumentada gradualmente, para permitir que a quantidade de bactérias
também vá se adaptando ao aumento da carga biológica.

Vany Devos, Tiago Beltrão e Marcos Avila


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O que é Filtração?

Uma operação de filtração consiste essencialmente em fazer passar um fluido (líquido ou gás), por
um dispositivo (filtro) formado por uma ou mais camadas de materiais diversos, conhecidos
conjuntamente como o “meio filtrante”. Essa operação visa obter como produto, o fluido
introduzido em estado de maior “pureza”, ou seja mais livre de eventuais agentes “poluentes”
(físicos, químicos e biológicos).

Este artigo trata da filtração da água para um aquário, levando em consideração as características e
necessidades essenciais desta atividade. Porém, algumas considerações gerais a respeito de filtros
utilizados para outras finalidades serão discutidas discutidas no texto.

Por que Filtrar?

Em um ecossistema semi-aberto como um aquário, onde são constantemente introduzidas porções


de matéria orgânica (alimentos, plantas, peixes, microorganismos, etc.), o consumo dos alimentos e
nutrientes por parte dos seres vivos gera uma “carga” de dejetos poluidores que tendem a se
acumular ao longo do tempo, causando um desequilíbrio orgânico, físico e químico no meio. Ou
seja, a água do aquário é gradativamente poluída por seus próprios ocupantes, tendendo a ficar
turva, carregada de substâncias químicas nocivas (nitritos, nitratos, amônia, fosfatos...), povoada
com algas indesejáveis, com o pH alterado, etc.

Para contrabalançarmos esses efeitos precisamos intervir para eliminar os detritos e compostos
indesejáveis acumulados da melhor maneira possível. Para essa tarefa, um dos melhores recursos
com que o aquarista pode contar é o filtro.

Para saber como são formados alguns dos mais importantes compostos nocivos, conheça detalhes
do Ciclo do Nitrogênio neste artigo do site.

Tipos de Filtração

Relacionamos e discutimos a seguir as diversas maneiras pelas quais as operações de filtração


realizam a tarefa de purificar a água.

Filtração por Gravidade

Pouco utilizado em aquarismo, consiste em introduzir o líquido pela parte superior do recipiente
filtrante e deixá-lo escoar através das camadas filtrantes por ação da gravidade. Bastante econômico
operacionalmente, é um filtro de ação relativamente lenta, cuja velocidade de filtração depende
essencialmente da altura da coluna d’água acima do elemento filtrante, (normalmente areia é
utilizada para esta finalidade), da granulometria do mesmo e, claro da quantidade de material em
suspensão no líquido que, ao ser retirado, vai gradualmente “entupindo” o filtro, exigindo limpezas
periódicas.

Por sua praticidade e baixo custo, esse tipo de filtro é utilizado largamente em estações de
tratamento de água para consumo humano, onde filtração em larga escala se torna necessária. A sua
ação é basicamente física, retirando do líquido matéria sólida em suspensão (detritos). Um outro
exemplo bastante simples e corriqueiro deste tipo de filtro é o filtro de café, feito com um funil de
papel ou coador de pano.
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Filtração por Circulação Forçada

Este tipo de filtração consiste em “forçar” a passagem do líquido através das camadas filtrantes por
meio de bombeamento, para aumentar a velocidade da operação. Este é o principal método utilizado
em aquarismo, onde é necessário uma boa capacidade de filtração em pouco espaço, com
equipamentos de porte relativamente pequeno, e também uma boa facilidade de controlar ou intervir
no filtro a qualquer tempo.

A capacidade final de filtração obtida por este processo depende do poder de compressão da bomba
ou estação de bombeamento para gerar o fluxo do líquido, da altura da coluna d’água, e da
permeabilidade total da(s) camada(s) de filtração utilizada(s).

Filtração Física (ou Mecânica)

Muito da amônia gerada em um aquário se origina da decomposição de matéria orgânica (restos de


comida, excrementos, urina, microorganismos, etc). Se pudermos retirar os detritos do sistema em
seu estado macroscópico, antes que comecem a se decompor, estaremos contribuindo
antecipadamente para a limpeza química do meio.

A Filtração Física consiste em retirar as impurezas macroscópicas (orgânicas e inorgânicas)


existentes em suspensão na água do aquário pelo método simples de passá-la através de um
“coador”. Este tipo de filtração não é capaz de retirar bactérias e plâncton de reduzidas dimensões, e
muito menos substâncias químicas dissolvidas na água.

Esta é normalmente, a primeira etapa de um processo de filtração, sendo o produto da mesma (água
livre de detritos), “entregue” às demais etapas, que assim não correm o risco de sofrer entupimentos
físicos.

Diversos materiais podem ser utilizados nessa etapa, tais como esponjas, cartuchos de papel ou
fibra, e mantas de material sintético, sendo o mais difundido e utilizado atualmente o Perlon, que
pode ser utilizado em camadas, sacos, etc., acomodando-se aos mais diversos tipos de filtro e
espaços disponíveis para acomodar esta “camada” da filtração. Trata-se de um material neutro, não
interferindo com as características químicas da água, quer pela retirada que pela adição de
elementos.

Podemos utilizar mantas de lã acrílica do tipo usado para o estofamento de móveis em lugar do
perlon, para a filtração física. Este material deve ser limpo a cada 15/30 dias dependendo da
capacidade do filtro x volume do aquário, e trocado a cada 3 meses aproximadamente. Obviamente,
dependendo das condições locais, este espaçamento entre as datas de manutenção poderá ser
modificado.

Nunca deveremos utilizar a lã de vidro verdadeira em filtros, pois esse material solta “farpas”
afiadas (virtualmente invisíveis na água), que representam um sério risco de ferimentos para os
nossos “pupilos”.

É recomendável manter, no mínimo, dois circuitos de filtração alternativos (particularmente em


aquários grandes), para prevenir contra acidentes. Outras vantagens estão no fato de haver captação
da água para filtração em mais de um ponto do aquário, e de oferecer maior segurança quanto à
proteção das colônias de bactérias, minimizando problemas caso haja a perda acidental de uma das
colônias enquanto se faz a limpeza de um filtro. Manter equipamento(s) de reserva, devidamente
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ciclados, é uma alternativa válida para quem tem muitos aquários, ou aquários pequenos. Em
aquários com injeção de CO2 deve-se procurar agitar a água o menos possível, para não provocar a
liberação do CO2 dissolvido.

Filtração Biológica

Esta é a denominação que se dá às ações nitrificante e desnitrificante proporcionadas pelas colônias


de bactérias, fundamentais para a saúde do nosso mini ecossistema. Conjuntamente, as bactérias
existentes no aquário (paredes, substrato, plantas, água, etc.), e no filtro biológico atuam
permanentemente de modo a manter em equilíbrio o meio que, sem sua presença rapidamente se
tornaria inabitável.

Existem na Natureza vários tipos de bactérias capazes de decompor a amônia em compostos menos
tóxicos (Nitritos e Nitratos). Elas existem naturalmente no meio ambiente (substrato, plantas, água,
etc.), e não necessitamos nos preocupar em adicioná-las a nossos aquários. A própria Natureza se
encarregará disso para nós. Bastará deixar um aquário recem-montado em repouso (com a
circulação de água ativa) por algum tempo, que as colônias de bactérias crescerão e se estabelecerão
naturalmente por toda a parte, prendendo-se em paredes, cascalho, rochas, plantas, nos elementos
do filtro, enfim em toda e qualquer superfície submersa (até nos próprios peixes e outros
organismos).

Estudos recentes mostram que a absorção da amônia pelas plantas aquáticas é muito mais rápida
que a absorção dos nitratos, existindo essencialmente uma competição entre plantas e bactérias pela
amônia dissolvida. E que as plantas necessitam basicamente desdobrar nitritos e nitratos em amônia
que será então absorvida.

As colônias de bactérias necessitam essencialmente de: um local para se fixarem, e nutrientes


(Nitrogênio e Oxigênio) para viver. Para a fixação das colônias de bactérias, são utilizados com
freqüência anéis de cerâmica porosa ou também as bio-balls, que proporcionam uma grande
superfície (externa e interna) possibilitando o estabelecimento de grandes quantidades de colônias
de bactérias.

Para a filtragem biológica, podemos substituir os anéis de cerâmica, ou as bio-balls, por pedaços
(cacos) de cerâmica porosa, obtidos a partir de velas de filtro quebradas (porém não devemos usar
as que têm prata em suas paredes internas, pois este é um elemento, prejudicial ao desenvolvimento
das colônias de bactérias). Durante a manutenção do filtro deve-se procurar manter úmidos os seus
componentes (anéis, cacos de cerâmica, etc.), mantendo-os mergulhados em água, (de preferência
retirada do próprio aquário).

Podemos também utilizar mantas de espuma de malha aberta, do tipo utilizado em filtros de
aparelhos de ar-condicionado, como elemento de fixação das colônias (na manutenção esta espuma
deve ser lavada apenas com água desclorada, e não muito ativamente, para não prejudicar as
colônias).

Nunca devemos trocar integralmente (a menos de acidentes por contaminação bacteriana), todos os
elementos da filtragem biológica ao mesmo tempo. Quando necessário é recomendável fazer a troca
por partes (duas trocas de 50% em 30 dias, ou três de 33% com intervalo de 15 dias).

Não mais utilizar os FBF (Filtros Biológicos de Fundo), considerados hoje mais como causadores
de complicações do que utilidade.
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A filtragem biológica é normalmente feita após a filtragem física, dessa maneira as colônias de
bactérias receberão uma água já livre de detritos, para “trabalhar”, reduzindo-se assim o risco de
entupimento dos poros dos elementos de cerâmica.

Se a filtração biológica é capaz de resolver o problema da intoxicação do meio, por que, então,
necessitamos de outros tipos de filtração ?

A filtração biológica ocorre a uma velocidade relativamente lenta comparada com os outros
métodos. Assim sua utilização de modo isolado limitaria bastante a quantidade de peixes que
poderíamos colocar no ambiente. Por isso ela é normalmente complementada por outros tipos de
filtração que reforçam a capacidade de estabilização do meio.

Filtração Química

Filtração Química é a remoção de substâncias dissolvidas na água do aquário a nível molecular.


Estas substâncias, quanto à sua natureza, podem ser polarizadas (íons) e não polarizadas
(moléculas). O método mais empregado para este tipo de filtração consiste em passar a água por
uma camada de Carvão Ativado (CA), que é mais eficiente para a remoção de moléculas, mas que
funciona também com alguns íons.

O CA pode conter elevados níveis de fosfato (nas cinzas internas), que poderá ser dissolvido na
água do aquário. Isso é particularmente nocivo ao aquarismo marinho, mas também não é bom para
os aquários de água doce. Portanto, ao adquirirmos CA deveremos dar preferência aos
especificamente produzidos para utilização em aquários.

Este problema pode ser diminuído fazendo-se a imersão prévia do CA em água limpa (renovada),
algum tempo antes de sua utilização (2 a 3 semanas). Com isso estaremos fazendo uma dissolução
prévia do fosfato e outros materiais, porventura existentes, atenuando seus efeitos.

Existe por parte de alguns aquaristas uma preocupação em relação à adsorção pelo CA de nutrientes
minerais vitais requeridos pelo ecossistema do aquário. Ocorre que o esgotamento de nutrientes
minerais é algo que ocorrerá tanto em aquários plantados como em aquários marinhos pelo
consumo dos organismos vivos, e isso ocorrerá com ou sem a presença do CA no sistema.
Considera-se que os ganhos proporcionados por sua utilização são suficientemente grandes em
relação aos “prejuízos”, para justificar plenamente sua utilização.

A utilização do CA deve ser suspensa enquanto estivermos administrando algum medicamento,


adubação química, etc., na água, pois o CA poderá absorver da água os remédios ou alguns
produtos químicos de maneira seletiva, prejudicando os resultados pretendidos.

CA já utilizado pode ser (parcialmente) reativado domesticamente aquecendo-o no forno a cerca de


150 oC e lavando-o em água pura sucessivamente. Através deste processo será feita a eliminação
dos gases aprisionados, permanecendo porém no interior dos poros as moléculas de material mais
pesado (ex.: metais tóxicos), que não serão eliminadas pelo aquecimento, razão pela qual este
procedimento é contra-indicado em aquarismo. Apenas em laboratórios, com equipamentos
adequados e testes apropriados a recuperação poderá ser feita com segurança.

Felizmente o custo do CA é suficientemente reduzido, possibilitando-nos usá-lo em quantidades


razoáveis. É recomendável lavar bem o carvão antes de utilizá-lo, para remover o pó que sempre se
acumula em sua superfície.
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Quanto de CA utilizar é uma recomendação difícil de ser feita, mas se verifica que a utilização de
quantidades menores, com trocas mais freqüentes funciona melhor do que o oposto. Como ponto de
partida, experimente usar 250 ml (1 copo de requeijão) para cada 150 litros de água, fazendo trocas
mensais do CA. Não se deve utilizar carvão comum (vegetal ou animal) em substituição ao Carvão
Ativado.

Além do CA diversos outros materiais foram desenvolvidos para a filtragem química. Um deles é a
argila de zeolita, capaz de remover amônia da água. Útil para emprego por curtos períodos, pode se
tornar prejudicial a longo prazo. Interfere também na ciclagem de aquários novos, impedindo a
formação das colônias de bactérias.

Outro tipo de substâncias, relativamente recentes, que podem ser utilizadas para a filtração química
são as Resinas Deionizadoras, formadas por materiais (há diversos tipos), que possuem a
capacidade de retirar (absorver) íons dissolvidos na água. São bastante eficientes, mas possuem
atualmente custos bem mais elevados do que o CA, possuindo porém em alguns casos a capacidade
de absorver substâncias sobre as quais o CA não tem capacidade de adsorção.

Os filtros do tipo Skimmer possuem pronunciada atuação na remoção de detritos químicos, sendo
hoje largamente utilizados em aquarismo marinho.

Ordem das Seções na Filtração

Foi dito anteriormente que a ordem de filtração é normalmente feita com a seção de filtração física
posicionada em primeiro lugar em relação ao fluxo de água. Isso não é absolutamente verdadeiro,
pois há sistemas de filtração (inclusive comerciais), em que a ordem das seções filtrantes é
diferente, por exemplo, com a seção responsável pela filtração biológica posicionada no início do
percurso da água a ser filtrada.

Há defensores de diferentes métodos, baseados em diferentes motivos. O interessante e importante é


que todos os métodos funcionem bem, havendo com certeza outros mais que poderão ser utilizados
com bons resultados.

Observe que, além das três categorias de filtração acima (física, biológica e química), outras seções
complementares poderão ser adicionadas a um filtro em operação, conforme a necessidade e desde
que a sua configuração física assim o permita, por exemplo, uma seção contendo material
alcalinizante poderia ser incorporada temporariamente em aquários que estejam necessitando deste
tipo de correção.

Outra seção que poderia ser útil poderia ser preenchida por fibras de xaxim, turfa ou similares, que
tem a ação de acidificar levemente a água, com um efeito “envelhecedor” adicional.

Ou seja, há uma grande diversidade de materiais filtrantes e auxiliares disponíveis e eles podem ser
usados de várias maneiras para atingirmos os objetivos desejados. Poderíamos por exemplo,
compor um filtro destinado ao tratamento preliminar da água da torneira, dispensando (ou
complementando) a utilização dos produtos químicos normalmente usados para essa finalidade.

Fluxo da Filtração

Recomenda-se como parâmetro geral para o fluxo de circulação da água pelos filtros, um fluxo
horário de 5 a 10 vezes a capacidade bruta do aquário (litros/hora). Estes valores são recomendáveis
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como referências iniciais seguras, particularmente para filtros do tipo externo de pendurar (power
filters), cuja capacidade em termos de quantidade de mídia filtrante é pequena em comparação com
outros tipos de filtro. Para outros tipos de filtro (canister, dry-wet, etc.) o fluxo de água ideal poderá
variar conforme o caso, pois sua maior capacidade em termos de mídia pode compensar com sobras
uma eventual redução no fluxo de água.

Mais adiante discutiremos alguns fatores que exercem influência complementar (positiva ou
negativa) no tratamento da água de um aquário, agindo simultaneamente à filtração. Avaliando
criteriosamente o comportamento de um setup estabilizado poderemos sintonizar melhor sua
filtração em função de suas características específicas.

Para realizar um ou mais dos tipos de filtração descritos na parte anterior, existe uma grande
quantidade de tipos de filtros. A seguir vamos descrever e conceituar os tipos mais conhecidos
quanto às suas características, tipo de filtração executada, equipamentos, capacidades, cuidados,
recomendações, etc.

Filtros Internos

Estes são os filtros projetados para funcionar inteiramente dentro do aquário. Seu custo é
normalmente baixo e apresentam uma boa eficiência em relação à potência consumida. São de
utilização bastante prática, normalmente de porte pequeno, mas costumam interferir com a estética
do ambiente, além de tomarem parte do espaço do aquário. Relatos de “acidentes” com este tipo de
filtro, onde ocorre a reintrodução na água aquário de parte dos detritos retirados anteriormente e
armazenados nos elementos filtrantes, fazem-nos não gostar muito da idéia básica de
funcionamento dos mesmos.

Mais informações sobre este tipo de filtro poderão ser encontradas na seção Produtos do site.

Filtros de Esponja / Filtros de Canto

Os filtros de esponja ou de canto baseiam-se em fazer circular a água através de uma espuma
porosa, usando uma bomba ou o borbulhamento de ar em um tubo ou caixa plástica, colocados em
um canto do aquário (de onde deriva o seu nome). O fluxo de água através da esponja propicia o
crescimento de uma colônia de bactérias responsáveis pela neutralização da amônia e nitrito
dissolvidos na água.

Este é um tipo de filtro bastante primitivo e econômico, que pode ser útil em pequenos aquários tais
como aquários de quarentena, hospitais, criatórios, etc., pois pode ser fácil e rapidamente
construído, com custos mínimos.

Sua capacidade de filtração, porém, é reduzida em relação a outras opções, motivo pelo qual
aconselhamos seu uso apenas em situações “emergenciais”. Tem os inconvenientes de ocupar
espaço interno no aquário e requerer manutenção freqüente, durante as quais não se deve fazer a
troca de todo o material filtrante para preservar pelo menos parte da colônia de bactérias.

Exemplos de filtros deste tipo podem ser encontrados aqui.

Filtros Biológicos de Fundo (FBF) / Undergravel Filters


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Este tipo de filtro constituiu a “primeira geração” dos filtros biológicos para aquários. Considerados
hoje obsoletos pelos aquaristas mais experientes, eles ainda se encontram à venda nas lojas do
comércio aquarista por todo o país. Tem como principais aliados para sua sobrevivência o baixo
custo e a ignorância dos que estão iniciando no aquarismo, sobre suas limitações e sobre as
vantagens de outros tipos de filtros.

O FBF é um filtro interno, constituído basicamente por uma camada de placas perfuradas (uma
grade), em material plástico colocada no fundo do aquário, sobre a qual é colocado cascalho
(obrigatoriamente de granulação elevada). Uma ou mais das placas possui uma torre de saída, à qual
é conectada uma bomba que, agindo por sucção, faz com que a água circule através da camada de
cascalho, passando pela grade para a parte inferior do aquário de onde será aspirada pela bomba e
lançada de volta para a parte “superior” do aquário.

Os filtros FBF contam essencialmente com a capacidade de tratamento biológico das colônias de
bactérias que se formam no substrato, para o tratamento da água do aquário. Pouca ou nenhuma
ação de filtração mecânica oferecem, uma vez que a granulometria do cascalho é bastante elevada,
não sendo capaz de reter matéria em suspensão.

A situação do aquário se complica quando a montagem envelhece, pois a tendência do FBF é


acumular matéria orgânica entre o cascalho e a parte inferior das placas, tornando-se, com o passar
do tempo, verdadeiros “circuladores de sujeira” incorporados ao aquário. Como se isso não
bastasse, desativar um FBF não é tarefa das mais agradáveis, uma vez que essa operação implica em
desmontar e refazer todo o setup do aquário.

Mais informações e considerações sobre este tipo de filtro podem ser encontradas neste tópico do
forum.

Sistema Jaubert de Filtragem

Também denominado sistema Plenum, sistema Mônaco ou sistema NNR (Natural Nitrate
Reduction), é utilizado em aquários marinhos. Este sistema tem uma aparente semelhança ao FBF
(por utilizar o mesmo tipo de placas), mas possui algumas modificações importantes. Desenvolvido
e patenteado pelo Dr. Jean Jaubert em 1995, o Sistema Jaubert, como ficou conhecido, é formado
essencialmente da seguinte maneira:

Em um aquário, colocam-se as placas de filtro de fundo, com uma ou duas placas com torre de
sucção (dependendo do tamanho do aquário), sobre as placas é colocada uma tela de nylon e a
seguir uma camada de cascalho fino de Halimeda e/ou cascalho de Coral, contendo aragonita, com
uma espessura de 3 a 4 cm (ou mais, dependendo do porte do aquário).

Com a ajuda de bombas conectadas às torres das placas, a água é circulada por cerca de uma
semana de modo a propiciar a formação de colônias de bactérias, devendo-se a seguir retirar as
bombas e fechar as aberturas das torres de sucção das placas.

A seguir, sobre o cascalho, deve ser colocada uma segunda tela de nylon, sobre a qual é colocada
uma segunda camada de cascalho (pode ser mais grosso) do mesmo material, também com a
espessura de 3 a 4 cm (ou mais).
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Relativamente fácil de montar, e de custo muito acessível, este filtro foi bastante utilizado até
recentemente. Ultimamente porém, vem caindo em desuso e sendo substituído por opções modernas
mais eficientes e fáceis de controlar (ver Filtro Skimmer).

Maiores detalhes sobre este filtro podem ser encontrados nas seguintes páginas da Aqualândia,
Revista Aqua, Advanced Aquarist e The Reefs.

Filtros Externos

Como o seu nome genérico implica, esta categoria de filtros funciona externamente ao aquário,
sendo a água circulada através dele e de volta ao aquário por um processo qualquer (gravidade,
bombeamento, etc.).

Existe disponível no mercado uma grande variedade de tipos, tamanhos e modelos de filtros desta
categoria, de diversos fabricantes, além de podermos também encontrar facilmente na Internet, uma
grande quantidade de projetos FVM/DIY (Faça Você Mesmo/Do It Yourself), de excelente
qualidade, com ótimos resultados finais e custos normalmente bem inferiores aos dos equipamentos
comerciais.

A opção de uso entre os filtros comerciais e os montados envolve essencialmente considerações de


custo, espaço, estética, tempo disponível, flexibilidade de uso, tendência pessoal, etc. A qualidade
final dos resultados obtidos é perfeitamente equivalente, obtendo-se montagens bem equilibradas
tanto usando-se filtros comerciais como filtros montados.

De nossa parte, sempre que o aspecto estético o permite, damos preferência aos projetos montados
por considera-los mais flexíveis e adaptáveis a novas circunstâncias, associados a custos
significativamente inferiores aos produtos de mercado. Porém, utilizamos também em várias
montagens, equipamentos comerciais com excelentes resultados.

Veja mais informações e opiniões sobre filtros externos neste tópico do forum.

Filtros Externos de Pendurar / Power Filters

Este tipo de filtro funciona “pendurado” em uma das paredes do aquário (fundo ou lateral). Ele
consiste basicamente em uma estação de bombeamento que aspira água do aquário por meio de um
tubo nele mergulhado, forçando sua passagem através das seções de material filtrante existentes em
seu reservatório. A água, após filtrada, retorna ao aquário por uma calha existente na parte superior
do filtro, tal como uma cascata, a qual serve também como suporte para a fixação e apoio do filtro
no aquário.

São bastante práticos e eficientes, prontos para uso imediato, necessitando apenas uma rápida
montagem, que consiste essencialmente em encaixar peças conforme o modelo do filtro. Sua
eficiência porém, faz com que seja necessário observar um certo cuidado em relação à aspiração
que, sendo bastante forte pode facilmente sugar alevinos, ou mesmo pequenos peixes para o interior
do filtro.

Para evitar esse risco, recomendamos bloquear a entrada do tubo com uma tela de nylon de modo a
proteger os peixes menores, embora esta providência prejudique um pouco a eficiência do filtro.
Existem no mercado diversas boas opções deste tipo de filtro, que apresentam algumas variações
quanto às suas características mais importantes, tais como: - Possibilidade (ou não) de regulagem do
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fluxo d’água (volume de filtração/hora); - Diferenças de nível de ruído operacional; - Potência


elétrica consumida; - Facilidade de obtenção dos materiais de reposição originais; - Maior ou menor
custo dos materiais de reposição originais; - Possibilidade (ou não) de substituição dos materiais
originais por equivalentes “caseiros”; - Possibilidade (ou não) de modificação do setup de filtração;

Mais informações sobre este tipo de filtro podem ser encontradas na seção Produtos do site.

Filtros tipo Canister / Canister Filters

Seu nome deriva da palavra inglesa canister (reservatório geralmente cilíndrico para estocagem),
significando que esta categoria de filtros consiste basicamente em um reservatório onde ficam
contidas as seções filtrantes. As seções podem ser acomodadas em bandejas ou prateleiras no caso
de filtros com fluxo vertical, ou em seções separadas por divisórias, nos filtros com fluxo
horizontal.

Semelhantes em “filosofia” aos filtros de pendurar, mas com um dimensionamento mais avantajado,
alguns destes filtros possuem bombeamento incorporado, enquanto outros necessitam de uma
estação de bombeamento externa (particularmente os montados a partir de projetos DIY).

Muito eficientes em sua maioria, proporcionam uma grande flexibilidade de configuração,


permitindo a seus usuários modificar facilmente o conteúdo das seções filtrantes conforme a
necessidade do momento. Como desvantagem podemos apresentar a maior necessidade de espaço
para operar, e uma instalação mais complexa em relação aos anteriores.

Este tipo de filtro (particularmente os montados), apresentam normalmente a melhor relação custo-
benefício, que, associada às suas características de flexibilidade o tornam provavelmente o preferido
entre aquaricultores da atualidade.

Mais informações sobre este tipo de filtro poderão ser encontradas na seção Produtos do site.

Projetos de filtros DIY e informações sobre este tipo de filtro serão encontrados neste Primeiro,
Segundo e Terceiro tópicos do forum, e também nestas páginas da Forum Aquário e Reef Corner.

Filtros tipo Copo

Este tipo de filtro é totalmente modular. Ele é formado por diversas seções filtrantes independentes
conectadas entre si por tubulações. Cada uma das seções é responsável pela execução de um tipo de
filtração, sendo sua manutenção bastante facilitada, pois podemos atuar em qualquer das seções do
filtro sem interferir nas demais.

Na prática funciona como se tivéssemos um filtro canister em que cada seção filtrante fosse isolada
das demais em seu respectivo recipiente (copo). Este filtro, por sua modularidade, é altamente
configurável, permitindo adicionar ou retirar elementos filtrantes a qualquer tempo, conforme a
necessidade.

Seus maiores inconvenientes são o custo elevado, o maior espaço requerido para seu
funcionamento, e a dificuldade de utilização de meios filtrantes alternativos, uma vez que é difícil
conseguir substitutos para os cartuchos padronizados utilizados.

Veja filtros deste tipo aqui.


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Filtros tipo Sump

Seu nome se baseia na palavra inglesa sump que significa local (ou recipiente) para coleta de água
drenada.

Este tipo de filtro consiste basicamente em um aquário-reservatório adicional, para o qual é


transferida gradualmente parte da água do aquário principal a ser tratada, que é restituída após a
filtragem. Neste reservatório são colocados os elementos filtrantes em seções.

O reservatório destinado ao sump pode ser integrado ao aquário fazendo parte do mesmo por
projeto de construção, ou um recipiente adicional, incorporado posteriormente a um aquário de
construção comum. A transferência da água para o sump pode ser feita por meio de gravidade
(transbordo) ou sifonagem do aquário para o sump, enquanto que a devolução da água é feita por
bombeamento. Como regra básica o volume de água do sump deve ser de no mínimo 20% do
volume total do aquário. Essa reserva adicional de água oferece a vantagem de aumentar a
estabilidade do conjunto.

Este tipo de filtro apresenta como principal vantagem a facilidade de manutenção, além de um fácil
acompanhamento visual da situação das seções filtrantes. Além disso a eventual administração de
medicamentos e produtos químicos ao sistema é bastante facilitada por este sistema de filtração.
Porém, a sua instalação nem sempre é fácil ou viável em aquários já montados pois alguns projetos
de sump requerem a introdução de furos nas paredes do aquário.

Para mais informações, e projetos sobre este tipo de filtros, acesse esta página.

Filtro de Plantas

Menos conhecida, mas nem por isso menos eficiente, é a utilização de plantas emersas como
“elemento filtrante”. Utilizadas com o objetivo principal de retirar excessos de compostos contendo
nitrogênio e fósforo, elas podem ser colocadas tanto diretamente dentro do aquário (pode ser
inconveniente devido a problemas estéticos causados pelas raízes), como fora do mesmo, em algum
recipiente que faça parte do percurso da água a ser filtrada.

Sua capacidade de absorção de nitratos é bastante elevada, tornando-se bastante úteis para o
controle de algas. Além disso suas raízes servem como suporte adicional para colônias de bactérias.

Veja mais a respeito deste tipo de filtro neste tópico do forum.

Filtros tipo Wet-Dry

Também chamados de trickle filters, trata-se de um método de filtração essencialmente biológico,


utilizado principalmente em aquarismo marinho. Consiste basicamente na introdução lenta
(gotejamento ou aspersão) da água a ser tratada em uma coluna de material filtrante bacteriológico
(contendo bio-balls), ocorrendo o processo pela atuação das bactérias em um meio aeróbico.

Dependendo do equipamento / projeto do filtro, pode haver uma pequena seção de pré-filtração
mecânica antes da entrada da água na coluna de filtração. Neste processo é importante que não haja
uma inundação da coluna de filtração, devendo-se prover uma boa aeração da água e das colônias
de bactérias residentes nas bio-balls para que o processo aeróbico possa ter lugar.
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É recomendável que a capacidade do filtro seja de pelo menos 10 % do volume do aquário, que as
bio-balls sejam mantidas no escuro, e que a distribuição da água aspergida sobre as mesmas seja
uniforme.

Um inconveniente deste tipo de filtro é a necessidade de mantermos as colônias de bactérias nas


bio-balls sempre úmidas, sob pena de as vermos destruídas, o que torna este tipo de filtro bastante
sensível a "acidentes", tais como falta de energia, quebra da bomba, etc. Nestas situações torna-se
conveniente inundar temporariamente a torre de filtração para proteger as colônias de bactérias.

Mais detalhes e projetos sobre este tipo de filtro poderão ser vistos aqui.

Filtros tipo Desnatador / Skimmer Filters

Este tipo de filtro é utilizado essencialmente em aquarismo marinho. Ele se baseia no fato de que
substâncias químicas orgânicas são atraídas para a superfície de bolhas de ar. Desse modo, fazendo
passar uma grande quantidade de bolhas através de uma coluna d’água, ocorre a formação de
espuma contendo detritos orgânicos e substâncias químicas (arrastadas junto com as bolhas), na
superfície. Ao remover esta espuma, fazemos uma excelente operação de limpeza com este
procedimento simples.

Este processo só funciona bem em água com pH elevado e bastante salinidade, o que o torna
específico para aquários de água salgada. Ele tem a excepcional capacidade de remover resíduos
orgânicos da água antes que eles se decomponham, o que o torna um processo de excepcional valia.

O filtro skimmer é o maior responsável pela ampla difusão do aquarismo marinho a partir dos anos
90, devido à sua simplicidade e à alta qualidade da água obtida na sua utilização. A tendência atual
em aquários de recifes de corais baseia-se no uso de skimmers e rochas-vivas, sem o emprego de
filtros wet-dry. Esta linha de pensamento é conhecida como o “Método de Berlim”.

Um aspecto inconveniente deste filtro, na opinião de alguns, é que, juntamente com a matéria
orgânica indesejável, ele também faz a “limpeza” de nutrientes e microorganismos (plâncton e
bactérias) úteis ao ecossistema, de maneira indiscriminada. Seus defensores afirmam que a
quantidade de matérial orgânico útil não é significativa em relação ao total removido, não chegando
a perturbar o equilíbrio do sistema. Outro possível inconveniente é a liberação de odores
desagradáveis, provenientes dos detritos retirados do aquário.

Mais informações e projetos sobre filtros skimmer serão encontrados nestas páginas da Reef Corner,
Saltaquarium e Cichlid Forum.

Filtros Desionizadores

A atuação deste tipo de filtros se baseia na absorção de íons dissolvidos, feita por certas resinas
especiais.

A utilização destas resinas é relativamente recente, sendo as mesmas objeto de extensa pesquisa
atualmente pelos fabricantes de equipamentos para aquários. Sua utilização é normalmente feita
com o objetivo obter água mais livre de impurezas químicas para utilização em montagens que
exigem manutenção mais crítica.

Mais informações podem ser obtidas em: aqui.


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Filtros por Osmose Reversa

Este tipo de filtro é utilizado para a obtenção de água com elevado grau de pureza. Não é utilizado
diretamente em aquários, mas como uma fonte de água de alta qualidade que deve ser
“recondicionada” a seguir pela adição de produtos químicos destinados a produzir uma água com as
características finais desejadas.

No momento não há fabricantes nacionais deste tipo de filtro, e os equipamentos e materiais de


reposição dos mesmos tem atualmente um custo bastante elevado.

Para mais informações acesse estas páginas na Automated Aquariums e Aquarium Water Filters.

“Filtro” UV

Este tipo de dispositivo deveria ser mais propriamente chamado de esterilizador baseado em luz
ultravioleta do que filtro, uma vez que da função conceituada como filtração no início desse artigo
ele nada executa.

Sua atuação se dá através da circulação de água por um recipiente em que se encontra acesa uma
lâmpada UV emitindo radiação em uma freqüência esterilizante: UV(C) ~250 Angstroms. A
radiação ultravioleta mata células vivas (bactérias, algas, etc.), por meio da destruição do seu DNA,
proporcionando um meio eficaz de controlar agentes patógenos.

Para que a ação da luz UV(C) seja eficaz, é necessário um tempo mínimo de exposição, com um
fluxo entre 35 a 95 litros por hora por Watt, ou seja, tipicamente para uma lâmpada de 15 W o fluxo
deverá estar entre 500 e 1400 litros por hora. No caso de projetos montados, como medida de
segurança recomendamos adotar sempre os fluxos mínimos de modo a garantir a exposição máxima
dos microorganismos do meio à radiação UV.

Problemas comuns que podem reduzir a eficiência e taxa de esterilização: - Fazer a água fluir muito
rápido pelo “filtro” UV. - A obstrução da luz devido ao acúmulo de depósitos na superfície da
lâmpada (processo gradual). - O enfraquecimento da luz devido à idade da lâmpada (que
tipicamente tem uma vida útil de seis meses.)

ATENÇÃO !!! A mesma propriedade desta luz que mata germes pode danificar os olhos humanos,
portanto cuidados especiais devem ser tomados em relação à exposição dos olhos quer direta quer
indiretamente à luz UV. Além disto esta radiação também pode causar sérios danos à pele humana,
desde queimaduras até câncer de pele. Seu maior perigo está em que a vítima não tem qualquer
sensação física (calor) ao ser exposta, não tendo portanto qualquer "aviso" dos danos que está
sofrendo.

Observação: Este tipo de filtro é pouco eficaz contra algas azuis (cianobactérias), em virtude das
mesmas possuírem um tipo diferenciado de material genético que é pouco sensível à radiação UV.
Informações sobre estas "algas" podem ser encontradas neste artigo do site.

Em continuação às partes I e II desta "trilogia" sobre filtração, relacionamos a seguir os materiais


filtrantes e auxiliares mais usados nos diversos tipos de filtros descritos na parte II, com alguns
comentários pertinentes a cada um deles.
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Esponja de malha aberta


Este tipo de esponja é normalmente utilizado como suporte para as colônias de bactérias na filtração
biológica. Um bom material substituto é obtido com o tipo de espuma utilizada em filtros de
aparelhos de ar-condicionado.

Esponja de malha fechada


Este tipo de esponja é utilizado em filtros internos de espuma, cumprindo dupla função: filtragem
mecânica e biológica.

Perlon
Este é o nome comercial dado ao tecido (manta) de lã acrílica utilizado em filtração. Como material
substituto podemos utilizar as mantas acrílicas utilizadas no estofamento de móveis. O perlon está
entre os materiais de filtração mecânica mais utilizados devido ao seu baixo custo e praticidade de
uso.

Velas de cerâmica porosa ou fibra sintética


Estas velas do tipo utilizado em residências ou empresas para a filtragem de água potável, podem
ser utilizadas com bons resultados em aquarismo. São encontradas em diferentes formatos e
encaixes, dependendo de sua finalidade, devendo ser preferidas as de maior granulometria (ex.: 25
micra) para reduzir a freqüência de manutenção. Em emergências, podemos utilizar velas de menor
granulometria (5 a 10 micra), com objetivos específicos como o tratamento de infestações por algas.
Este tipo de uso destes filtros é denominado help-filter na terminologia aquarística.

Cartuchos específicos
Normalmente fornecidos pelos fabricantes para utilização em seus produtos específicos, os
cartuchos podem conter combinações de diferentes materiais filtrantes, cumprindo mais de uma
função simultaneamente. De utilização prática, porém com custo normalmente elevado, os
cartuchos são descartáveis, não sendo passíveis portanto de reutilização.

Carvão ativado
Carvão mineral granulado ou em blocos, submetido a tratamento especial para criar poros, é um dos
melhores e mais econômicos agentes da filtração química por suas propriedades adsorventes. É
capaz de retirar diversas substâncias nocivas da água, entre as quais o cloro. Não possui ação
bactericida e alguns tipos podem ter nitrato de prata como aditivo (cuidado com estes, não
utilizar). Observe que, apesar de assim chamado, não existe exatamente um "carvão mineral", uma
vez que todo carvão é resultado da queima incompleta de organismos biológicos (vegetais ou
animais). O "carvão mineral" é assim chamado por ser extraído (minerado) de extensas jazidas
subterrâneas, resultado de camadas de matéria orgânica enterrada em eras anteriores. Além disto
outras substâncias também são utilizadas na fabricação de CA, tais como madeiras leves (produzem
um CA muito poroso), e cascas de nozes (ex.: coco, que produzem um CA com poros de menor
diâmetro), entre outras. Portanto, dependendo de sua origem, o carvão (mesmo o ativado) pode
conter substâncias nocivas ao aquário, principalmente fosfatos. Por esse motivo é recomendável sua
imersão antecipada (2 a 3 semanas) em água limpa, trocada freqüentemente, antes de sua colocação
no(s) filtro(s). A relação a seguir nos dá uma idéia da capacidade de adsorção do CA em relação a
diversas substâncias:

Alta a Muito Boa:


Antimônio, Arsênico, Bismuto, Branqueadores, Cloraminas, Cloretos, Cloro, Cromo, Corantes,
Ouro, Peróxido de Hidrogênio, Inseticidas, Monocloramina, Odores, Pesticidas, Fenóis, Tanino,
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Tri-halometanos, Compostos orgânicos (aromáticos, éteres, cetonas, glicóis, halogenados, esteres,


aldeídos, aminas), Gases em geral.

Boa a Moderada:
Ácido Acético, Cobalto, Detergentes, Sulfeto de Hidrogênio, Mercúrio, Ozônio, Permanganato de
Potássio, Prata, Sabão, Solventes, Vinagre, Zircônio.

Fraca:
Cobre (complexos), Ferro (Fe3+), Chumbo, Níquel, Titânio, Vanádio.

Baixa a Nenhuma:
Amônia, Bário, Berilo, Cádmio, Dióxido de Carbono, Cobre, Ferro (Fe2+), Manganês, Molibdênio,
Nitratos, Selênio, Tungstênio, Zinco.

Por ter uma estrutura química absolutamente neutra, o CA (livre de impurezas) não interfere
diretamente nas características da água do aquário (Alcalinidade, Dureza, pH). Porém, ao adsorver
substâncias diversas dissolvidas na água (umas mais que outras), o CA pode causar por via indireta
modificações no ambiente, que não são totalmente previsíveis, pois dependem da natureza e das
quantidades das substâncias dissolvidas na água tratada.

Carvão Vegetal
O carvão comum, do tipo utilizado para churrasco, também possui propriedades adsorventes, porém
em proporção muito inferior às do carvão ativado, pois não possui a estrutura porosa daquele.

Esse fato, associado ao maior risco de existência de fosfatos no seu interior, devido à queima
recente, e à possibilidade de o mesmo ter sido obtido a partir de plantas que apresentem toxidez
para os ocupantes do aquário nos fazem contra-indicar categoricamente sua utilização em filtros
de aquários.

Resinas Deionizadoras
Desenvolvidas nos últimos anos, esses tipos de resinas acrescentam uma importante opção à etapa
de filtração química, pois normalmente possuem maior capacidade de absorção e neutralização de
íons do que o carbono ativado, servindo como excelentes substitutas (ou complementos) para o
mesmo.

Xaxim
Xaxim é o nome vulgar de uma samambaia gigante de crescimento lento, (Dicksonia sellowiana)
que pode alcançar 10 metros de altura. O xaxim que conhecemos vem do "tronco", na verdade uma
raiz que se ergue suportando as folhas. Esse "tronco" é cortado em vasos, placas ou desfibrado.
Material orgânico (fibras ou pó), extraído da samambaia, atualmente ameaçada de extinção pela
super exploração, o xaxim tem propriedades levemente acidificantes contribuindo para
“envelhecer” a água do aquário. Devido à ameaça de extinção da planta da qual é obtido o xaxim,
existem hoje no país leis federais restringindo sua exploração. De nossa parte recomendamos aos
colegas aquaristas absolutamente não mais utilizarem este material, contribuindo assim para a
conservação da espécie.

Turfa
Material orgânico, extraído do solo de regiões específicas na Europa, a turfa apresenta propriedades
semelhantes às do xaxim, sendo porém de mais difícil obtenção no Brasil. Alguns fabricantes de
meios filtrantes apresentam embalagens contendo turfa tratada para utilização em seus
17

equipamentos. A turfa é capaz de reduzir a dureza (GH) da água, suavizando-a. A maneira mais
eficiente de suavizar a água usando turfa é arejar a água durante um bom tempo (1 a 2 semanas) em
um recipiente contendo turfa previamente fervida. É possível colocar turfa natural nos filtros de
aquários, porém esta técnica tem desvantagens: a turfa entope facilmente, pode turvar a água do
aquário, e é difícil calcular a quantidade de turfa correta para cada caso, (usar quantidades erradas
pode produzir efeitos indesejados).

Fibra de coco
Material orgânico alternativo, a fibra de coco ainda não possui suficiente “tempo de estrada” para
proporcionar uma avaliação segura de suas propriedades. Estima-se que poderia ser um bom
substituto para o xaxim (tal como em jardinagem), porém ainda não dispomos de confirmações
seguras de seus efeitos em aquarismo. De nossa parte acreditamos que valeria a pena para todos nós
aquaristas e para o meio-ambiente, fazermos análises e testes mais aprofundados para investigar a
viabilidade de sua utilização como substituto do xaxim, pois trata-se de material renovável e de fácil
obtenção em todo o país.

Bactérias
As bactérias constituem a base fundamental de toda a filtragem biológica. Sem elas seria muito
difícil, se não impossível, mantermos ambientes perfeitamente equilibrados e saudáveis. Uma das
suas principais funções é a sua atuação no ciclo do nitrogênio.

Plantas
As plantas, algumas espécies mais que outras, são também um importantíssimo agente de
“filtragem” nos aquários. Elas tem a capacidade de absorver amônia e nitratos (pelas folhas e pelas
raízes), contribuindo fortemente para a desintoxicação do meio em que estão mergulhadas. Além
disso elas também servem de suporte para colônias de bactérias que reforçam a ação desintoxicante
no interior do aquário.

Anéis de cerâmica porosa


Os anéis de cerâmica são utilizados para “hospedar” as colônias de bactérias da seção de filtragem
biológica. São bastante convenientes por proporcionarem uma superfície ampliada (devido aos
poros), para a fixação das bactérias, maximizando a utilização do espaço do filtro e a eficiência
dele.

Velas de filtro de cerâmica (cacos)


Pedaços de vela de cerâmica porosa, do tipo utilizado em filtros de água domésticos, podem ser
utilizados como um substituto válido (e econômico), para os anéis de cerâmica e também as bio-
balls, para a hospedagem de colônias de bactérias. Possuindo uma ação alcalinizante no início, este
material tende a perder este efeito após algum tempo de uso (maturação), quando passa a não mais
interferir no pH do ambiente.

Bio-balls
Consistem em bolas de material plástico não tóxico (nylon, polietileno, poliuretano, etc), que
apresentam uma superfície irregular, rugosa e com protuberâncias, destinadas a maximizar a
ocupação pelas bactérias das colônias suportadas. Sua principal utilização é feita nas torres de
filtração dos filtros do tipo wet-dry, usados no aquarismo marinho.

Rochas-Vivas
Assim são denominados genericamente os inúmeros tipos de organismo marinho constituintes dos
bancos de corais (pólipos), responsáveis por importante papel na ecologia oceânica e "construtores"
18

dos bancos de corais (reefs). Esses organismos são responsáveis por uma grande parte da
“reciclagem” da matéria orgânica que poluiria o aquário (dejetos). Devem ser utilizadas,
preferencialmente rochas-vivas de natureza calcária, que possuem grande diversidade de
microorganismos benéficos. Eles contribuem para manter estáveis os níveis de nitritos, amônia e
outras substâncias, agindo no interior do aquário..

Areia fluidizada
Os filtros de areia fluidizada chegaram recentemente ao mercado aquarístico. Eles executam uma
filtragem biológica baseando-se no bombeamento da água através de um recipiente (tubo) onde se
encontra a areia (partículas de sílica), nas quais estão fixadas colônias de bactérias. Este é um
processo muito eficiente, o que lhes permite ter uma constituição compacta que os torna aptos a
serem utilizados inclusive no interior de aquários.

Produtos Químicos
Produtos químicos diversos podem ser adicionados aos vários tipos de filtros, com a finalidade de
auxiliar no condicionamento da água aos parâmetros desejados. Desse modo substâncias
alcalinizantes, acidificantes, tamponadores (buffers), etc, podem ser facilmente incorporados ao
processo de tratamento da água, simplificando a operação. A este respeito podemos fazer a seguinte
consideração: só consideramos vantajoso interferir desta maneira no tratamento da água se for fácil
tanto a incorporação quanto a retirada de substâncias no processo. Ou seja, se o tipo de filtro
utilizado oferecer a possibilidade de uma reconfiguração fácil. Essa característica é essencial para a
rápida correção de eventuais erros porventura introduzidos, que então poderá ser feita com um
mínimo de trabalho. Caso o tipo de filtro em uso não ofereça esta facilidade, recomendamos
introduzir as modificações através de outros métodos, que possam ser mais facilmente controlados.

Operações Auxiliares

Embora não possamos enquadrar exatamente como operações de filtração, não poderíamos deixar
de referenciar as operações de Sifonagem, Tratamento de Água, e Trocas Parciais de Água (TPA)
que, juntamente com a filtração, constituem a base da manutenção aquarística atual.

Sifonagem

De certa forma esta operação pode ser vista como uma forma de filtração especial e dirigida,
destinada a remover detritos que, por seu tamanho ou posicionamento no aquário, não puderam ser
removidos por meio da filtração regular. Esta operação consiste em aspirar por meio de uma
mangueira, bomba, etc., os detritos depositados sobre o substrato, no fundo do aquário, tomando-se
o cuidado de não revolver ou aspirar os grãos de areia ou cascalho do mesmo. Ela deve ser feita
regularmente, sendo normal sua execução como ponto inicial de uma Troca Parcial de Água.

Tratamento de Água

Esta operação pode se tornar necessária para garantir que a água a ser introduzida no aquário esteja
livre de gases tóxicos (como o Cloro), ou quaisquer outras substâncias que possam afetar de
maneira prejudicial o aquário. Por isso, operações de ajuste de pH, dureza, alcalinidade,
temperatura, neutralização ou eliminação de sais (íons), etc., podem se tornar necessárias mesmo
para os que têm a felicidade de possuir uma boa fonte de água nas torneiras de suas residências.

Trocas Parciais de Água (TPA)


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A troca periódica de parte da água do aquário é uma forma eficiente de reduzir uma parte das várias
substâncias nocivas que não conseguem ser removidas pela filtragem e inevitavelmente acumulam
no aquário, assim permitindo uma renovação na qualidade da água. As TPA's devem ser feitas
regularmente, tipicamente a cada 1-2 semanas, recomendando-se geralmente que a quantidade de
água substituída em cada operação seja em torno de 20 a 50% do volume total do aquário. Deve-se
tomar cuidado para que a nova água a ser introduzida no aquário tenha propriedades tão próximas
quanto possível da existente no mesmo (exceto se a troca tem o objetivo de corrigir algum
parâmetro). Antes de realizarmos uma TPA é recomendável verificar os parâmetros da água do
aquário e da água de reposição, de forma a evitar surpresas desagradáveis.

O Aquário e a Filtração

Temos, até o momento, falado acerca da filtração tentando dar ao texto um caráter “objetivo”. Está
na hora de tecermos algumas considerações mais específicas, que levarão em conta as
características dos diversos tipos de “complexo” aquarístico. Qualquer aquarista com um pouco de
experiência sabe que aquários têm “personalidade”, ou seja, não há dois aquários que se comportem
exatamente da mesma maneira. As variações existem em função dos mais diversos fatores, tais
como o tamanho, a localização, a iluminação, as características da água, a população do aquário
(qual o tipo e quantidade de espécimens que o habitam), a quantidade de vegetação existente no
mesmo, o tipo de filtros agregados, a media filtrante utilizada, o fluxo d’água, etc.

Seria impossível abordar todos os casos possíveis, de modo que para simplificar, tentaremos
classificar os aquários em algumas categorias, tais como:

Pelo Tamanho

A capacidade de um aquário (volume de água nele contido) é o principal fator determinante do nível
de dificuldade na sua manutenção. Podemos, de uma forma simplista, agrupar os aquários em
categorias como:

 Muito pequenos: (até 20 litros): denominados “nano-aquários” no jargão aquarístico, demandam


manutenção de alto nível técnico;
 Pequenos (de 20 a 100 litros): ainda bastante exigentes em termos de manutenção;
 Médios (de 100 a 300 litros): esta é a faixa de tamanho ideal para iniciantes;
 Grandes (de 300 a 5000 litros): fáceis de manter, porém com maior carga de trabalho;
 Muito Grandes (acima de 5000 litros): aquários de centros de pesquisa, oceanários, etc.

Pela População Relativa

A população de um aquário, ou seja quantidade, tamanho, nível de atividade, etc., de seus ocupantes
é outro dos fatores determinantes nas suas necessidades de filtração, pois a quantidade de dejetos
produzidos é proporcional ao número e tipo de ocupantes do mesmo. Levando-se em consideração a
“ocupação relativa” (cm de peixes por litro do aquário), poderíamos classificar, de maneira bem
rudimentar, os aquários como:

 Escassamente Povoados (até 0,3 cm/litro): pouca geração de detritos;


 Medianamente Povoados (até 0,6 cm/litro);
 Densamente Povoados (até 1,0 cm/litro): maior volume de detritos;

Pela Destinação
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As características da filtração dos aquários são também influenciadas pela qualidade de seus
ocupantes, cuja natureza determina os parâmetros ideais da água para cada caso. Sendo os graus de
dissolução das diversas substâncias, etc., influenciados pelas características da água (pH,
temperatura, etc.), os parâmetros adotados para determinado aquário poderão tornar sua manutenção
mais crítica. Isto é especialmente verdadeiro para alguns tipos de aquários mono-espécie e também
para aquários marinhos.

 Aquários Comunitários: normalmente adotam parâmetros para a água próximos da neutralidade,


o que os tornam mais “equilibrados”;
 Aquários Mono-espécie e/ou Biótopos (Discos, Ciclídeos Africanos, Kinguios, Killies, Guppys,
etc.): dependendo da espécie podem requerer desvios significativos em relação à neutralidade, dos
parâmetros da água (pH, dureza, temperatura, etc.), tornando sua manutenção mais crítica;
 Aquários Marinhos: são os mais exigentes em termos de manutenção;

Pela Vegetação

A vegetação aquática desempenha importante papel no tratamento da água de um aquário. Tanto


pela função de fotossíntese (absorção de CO2 e liberação de O2), como pela capacidade de
absorção de amônia e nitratos das plantas (algumas espécies mais que outras) as plantas aquáticas
contribuem fortemente como agentes despoluidores do meio em que se encontram. Nem todas as
plantas utilizadas em aquarismo possuem as propriedades acima, algumas tem uma função
predominantemente ornamental. Mas, até mesmo estas, proporcionam superfícies submersas onde
se fixarão colônias de bactérias, contribuindo também, mesmo que de forma indireta, para o
tratamento da água. De acordo com sua vegetação, poderemos agrupar os aquários como:

 Sem Vegetação;
 Com pouca Vegetação;
 Com muita Vegetação (Aquários Plantados);
 Marinhos sem Rochas Vivas (rochas-vivas não são vegetação, mas sim animais complexos);
 Marinhos com Rochas-Vivas;

Resumo

Como resumo, de uma forma bastante simplificada poderemos dizer que:

 Quanto menor o aquário mais crítica é sua manutenção;


 Quanto mais densamente povoados maiores suas exigências;
 Aquários mono-espécie são normalmente mais exigentes do que aquários comunitários;
 Aquários sem vegetação apresentam maior dificuldade de manutenção;
 Aquários plantados podem ser mais exigentes, ou mais fáceis, em função do tipo de plantas
colocadas nos mesmos;
 Aquários marinhos com rochas-vivas têm um delicado equilíbrio a ser mantido;
 A qualidade da água de torneira disponível poderá facilitar ou complicar bastante a manutenção
de determinados setups;

Do acima exposto podemos concluir que o clássico “peixinho dourado em um pequeno aquário
redondo” é, provavelmente, o pior dos casos em termos de manutenção e qualidade de vida (pobres
Kinguios).

COMPRANDO PEIXES NOVOS


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Poucas coisas são mais decepcionantes para um aquarista do que comprar um lindo peixe novo
encontrado em alguma loja, apenas para vê-lo definhar e morrer em uma semana. Talvez a causa
mais frequente dessas mortes seja a falta de pesquisa por parte do dono, com respeito ao tipo de
água requerido pelo peixe (pH, temperatura, dureza), hábitos alimentícios, compatibilidade com os
outros peixes no tanque, etc.

Mas mesmo se você é um aquarista mais experiente e fez a sua lição de casa direito antes
de comprar, alguns peixes ainda são perdidos desta maneira. Vamos considerar algumas idéias
sobre como evitar isso ainda mais.

Trazer peixes novos para casa de uma loja é sempre estressante para eles, e alguns peixes são
particularmente sensíveis a mudanças bruscas, como Ramirezis, Bótias e Neons. Mas para qualquer
peixe, diversas condições podem piorar o processo a ponto de ser fatal. As coisas mais importantes
que devemos observar são:

Condição geral do peixe


Peixes saudáveis terão uma chance muito maior de sobreviver o estresse da mudança. Sempre
escolha os mais intensamente coloridos e mais espertos peixes do grupo. Se possível, verifique o
apetite do peixe também. Isto às vezes pode ser tão simples como deslizar o dedo no vidro da frente
e ver quais peixes o seguem. É claro, algumas espécies são perfeitamente saudáveis mas tímidas
demais para fazer isso.

Diferenças em pH e temperatura
Diz-se que a melhor água para um peixe é aquela em que ele está no momento. Isso é uma maneira
esperta de dizer que os peixes não gostam de mudanças bruscas. Uma mudança de mais de 0,2 no
pH ou 2oC na temperatura, num período de menos de 8 horas, é estressante e pode ser fatal. Então,
mesmo que o seu aquário esteja em condições ótimas para o peixe, ele sofrerá um choque se a água
da loja estiver muito diferente da sua. Pergunte ao lojista em que nível ele mantém estes parâmetros
no aquário de onde você está comprando o peixe. Se não estiver satisfeito com a resposta dele peça
para que ele faça o teste na sua frente. Uma vez eu tive problemas com a morte de alguns Ramirezis
novos, embora o meu aquário estivesse ideal, e mais tarde descobri que o lojista os mantinha em
aquários com pH em torno de 8,0 enquanto o meu estava em 7,0.

Capturando o peixe
Se o lojista fizer muito estardalhaço e perseguir o peixe durante muito tempo para pegá-lo, é melhor
mudar de idéia. O peixe pode estar machucado ou em pânico, a ponto de acabar morrendo mais
tarde. Não se sinta culpado fazendo isso...é obrigação do lojista pegar o peixe sem estressá-lo. Eu
geralmente acabo conhecendo os lojistas o suficiente para que eles me deixem pegar os meus
próprios peixes, assim eu posso escolher aquele que eu quero e pegá-lo da maneira que eu quero.

Transportando o peixe para casa


Certifique-se que os peixes têm uma quantidade razoável de água no saco plástico. Sempre
transporte-os no escuro, isso os acalma. Eu gosto de enrolar o saco com uma malha de lã para ficar
escuro e ajudar a manter a temperatura. Se você vai levar mais do que duas horas para chegar em
casa, ou se tem vários peixes no mesmo saco, peça ao lojista para colocar oxigênio puro nele.

Soltando os peixes
Antes de soltar os peixes no seu aquário, deixe o saco boiando por pelo menos 10 minutos, durante
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o qual você deve lentamente adicionar água do seu aquário à do saco. Isso permite ajustar o pH e
temperatura de ambas as águas. Depois disso, jogue fora a água do saco e solte os peixes novos no
aquário. Se você está preocupado que alguns dos peixes antigos possam atacar os novatos, desligue
a luz ou coloque um pouco de comida para distraí-los até que os peixes novos possam encontrar um
lugar para se esconderem.

Finalmente, se depois de todas estas precauções, você ainda perder um peixe pouco depois de
colocá-lo no seu aquário, então a única explicação razoável que sobra é uma molésita muito, muito
terrível, conhecida entre aquaristas como MMP - morte misteriosa de peixes :-)

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