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O Acordo entre a CVRD e a RFFSA

Antes de qualquer coisa, devemos nos lembrar de que a Estrada de Ferro Vitória a
Minas – EFVM chegou à Nova Era - MG em 1932. Quatro anos depois, em 1936, os
trilhos da Estrada de Ferro Central do Brasil – EFCB também atingiram Nova Era! A
EFVM não prosseguiu avançando em direção ao ramal de Nova Era porque o objetivo
dela era atingir Itabira - MG para a exploração de minério de ferro. Então, após quatro
anos a Central também chegou a Nova Era.

Em 1940 o Presidente Getúlio Vargas empreendeu uma viagem de extrema importância,


para visitar o chamado Vale do aço, a zona metalúrgica em Ipatinga - MG e região e
também, em Governador Valadares – MG.

Então, o Ministério dos transportes emitiu uma ordem Federal, alguns anos antes, para
que os trilhos da Central do Brasil e da Vitória a Minas fossem unidos, o que aconteceu
por volta de 1937 – 1938.

A partir daí, teve início um acordo entre a EFVM e a EFCB e, em 1940, o Presidente
Getúlio Vargas e sua grande comitiva de políticos, militares e jornalistas, viajaram
direto de Belo Horizonte até Governador Valadares.

Portanto, o acordo começou nesta época, entre a EFVM e a EFCB.


A partir de 1941, para ser mais exato, teve início a famosa baldeação de passageiros
entre a Vitória a Minas e a Central, para quem viajava na 2ª ou na 1ª classe com destino
a Belo Horizonte, com exceção de quem viajava nos Carros Leito de madeira da
Central, que bastava aguardar nos mesmos, até que eles fossem engatados no trem NF-2
da Central.
Quando surgiu a Companhia Vale do Rio Doce - CVRD em 1942, o acordo continuou
entre a EFCB e a CVRD.

Claro, houve alguns pequenos contratempos, alguns desentendimentos entre essas duas
empresas, mas nada que viesse a atrapalhar realmente os passageiros e nada que um
diálogo não resolvesse.

Em 1957, é fundada a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA, sob Lei
Federal Nº 3115, que encampa a Central do Brasil e toda a malha férrea e patrimônio
desta última.
A partir de 1965 - 1967 aproximadamente, surge um novo convênio, desta vez, entre a
RFFSA e a CVRD.

Através desse acordo, a RFFSA dá livre concessão à CVRD, para esta trafegar em suas
linhas, ao passo que a CVRD transporta minério de ferro para a RFFSA através das
linhas da EFVM, com destino à Vitória – ES e de lá, para Volta Redonda - RJ, através
da E.F.Leopoldina, também encampada pela RFFSA, lembrando que a estação da
Leopoldina é paralela à da Vitória a Minas, no bairro de Argolas em Vila Velha - ES, na
Grande Vitória.

Foi mais ou menos por essa época, que os carros de aço carbono na sua cor original
vermelho óxido da RFFSA-CENTRAL entraram em serviço, no Trem Noturno Rio
Doce.
Depois, um novo convênio é firmado, nos anos de 1970 e, principalmente em 1976,
quando então, os mesmos carros de aço carbono da RFFSA - CENTRAL, agora como
RFFSA - Regional Belo Horizonte – SR2, continuam a prestar serviços no Noturno Rio
Doce da EFVM.

Foi uma infinidade de fatores, que levou o Rápido Vitória a Minas da EFVM - CVRD à
extinção.

Informações restritas nos dizem que os representantes dos países que importavam
minério de ferro da CVRD indagavam do porque do certo atraso em descarregar os trens
de minério de ferro no porto de Vitória, atrasando, com isso, os navios. O fato disso,
alegava a diretoria da CVRD à época, é que as composições de minério de ferro tinham
que parar por alguns minutos, para que o passageiro Noturno Rio Doce passasse para a
outra linha, no desvio, liberando a linha para o trem de minério.

A partir de 1984, com a extinção do Rápido Vitória a Minas, a CVRD cria os prefixos
P-21, P-22, P-23 e P-24, indo estes somente entre Vitória - ES e Itabira - MG! O P-21 ia
de Vitória à Governador Valadares; o P-22, de Valadares para Vitória. Já o P-23 ia de
Itabira a Governador Valadares e o P-24, de Governador Valadares à Itabira, sendo
estes diurnos e, obviamente, sem carros dormitórios ou carros poltrona-leito (que, aliás,
pertenciam à RFFSA).

Apenas para conhecimento público, eram estes os antigos Expressos diurnos, P-1, P-2,
P-3 e P-4, os únicos que continuaram até o ano de 1993, quando então, o trem de
passageiros da EFVM voltou a vir até Belo Horizonte - MG, agora com os prefixos P-
01 e P-02 (hoje, P-0001 e P-0002). O Rápido Vitória a Minas, RD-1 e RD-2 fora extinto
em 1983, conforme já se sabe. A década de 80 foi uma verdadeira tragédia, diria, uma
desgraça, para os trens de passageiros de longo percurso no Brasil, no caso, os saudosos
Noturnos. Foi o fim de uma era de ouro na história da E.F.Vitória a Minas, o fim de um
sonho, de uma aventura que marcou muitas vidas para sempre!

Hélio dos Santos Pessoa Júnior


10/09/2010

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