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ESPECIAL I região norte

A REGIÃO QUE MAIS AVANÇA


Tradicionalmente a Região Norte assistiu de longe ao crescimento do restante do pais,
mas neste ano a balanca
, inverteu ...

TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB PIB POR REGIÃO

.,
_ Brasil _ Norte NORTE SUDESTE SUL NORDESTE

PI B
133
bilhões

1,5
trilhão
356
~
(em reais).-"--""--"""""--------"--""--"----"--------""-"-----"----------

bilhões
348
bilhões
236
bilhões

UMA OBRA ATRÁS DA OUTRA


•••••• ••••
~ ~
••
Pelo menos 20 grandes projetos de infraestrutura,
fábricas e shopping centers estão hoje sendo
erguidos na Região Norte

AMAZONAS
BR-319 ligando Ponte
..
Porto Velho a Manaus Manaus-Iranduba
986milhÕ~
de reais 810 de reais
milhõ~s
em investimento em investimento

ACRE
Corredor Viário
Interoceãnico, que
liga Assis Brasil ao
litoral do Peru

1, 2 debilhão
reais
em investimento

BR-364, que liga


Sena Madureira
a Cruzeiro do Sul

860 milhék!s
de reais
RONDÔNIA TOCANTI ;S
em investimento
Hidrelétrica Hidrelétrca Ponte sobre Ferrovia
Rio Branco Shopping de Santo Antônio de Jirau o rio Madeira Norte-Sul
7S demilhék!s
reaIS
bilhões
13, S de reais 10 de reais bilhõ~
220 de reais
milhék!s
em investimento
21 bil~
, dereas
em investimento em investimento em investimento em investime-::
\.

1581 www.exame.corn.br
previsão é que as receitas alcancem 700
milhões de reais em 2010. Quase 60%
...num crescimento puxado por investimentos recorde dos 650 milhões de reais lançados pela
Direcional neste ano foram de projetos
localizados nessas cidades. "Não ima-
INVESTIMENTOS NA REGIÃO NORTE ~e"1 bilhões de reais) ginávamos todo esse potencial no Nor-
te. Mas as oportunidades são tantas que
2,6 2,6 4,6 5,8 13,4 recentemente ganhamos a companhia
de grandes concorrentes, como Cyrela,
Agre e Tecnisa", diz Ribeiro, que acaba
de iniciar as obras de um shopping em
parceria com a paulista JHSF.
Nos últimos anos, o mercado consu-
midor da Região Norte não atraiu ape-
nas construtoras e incorporadoras. A
região vive uma explosão de consumo
que não se via desde os tempos áureos
do ciclo da borracha, no início do sécu-
lo 20, quando suas principais capitais
recebiam empresários e arti tas vindos
daEuropa. Após essa fase, com exceção
2005 2006 2007 2008 2009
de projetos como o da Zona Franca, o
Norte brasileiro entrou num longo pe-
.N •• __ ._. __ • • __ • __ • • • •• __ • •• ._._._. __ ._ • '"..,
ríodo de letargia, longe do foco dos
grandes grupos instalados no Sul e no
AMAPÁ
Sudeste, e a região mergulhou num ce-
avrmentacão Amapá Ga,den
da BR- 56 Shoppíng, em Macapá nário de pobreza e atraso que ainda a
caracteriza Por décadas, para a maior
81 milhõ~s
derealS 80 milhões
de reais parte dos homens de negócios, era sim-
, em investimento em investimento
plesmente caro demais montar uma
.•-..... ----- _ .. - ---- _._--- ----- --------- ------ ------~
operação em cidades isoladas pela flo-
resta tropical e cercadas por estradas
PARÁ esburacadas, e por uma precária malha
Alpa (Siderurgia, da Vale) Eclusas Hidrelétrica de portos e ferrovias - isso quando ha-
bilhões de rucuruí
5 ,8 de reais
em investimento 815 milh~s
de reais
"ia algum tipo de acesso. Com um ter-
ritório semelhante ao tamanho do con-
em investimento tinente europeu e o menor PIB de todas
Duplicação da estrada
de ferro Carajás Hidrov!a as regiões brasileiras - 133 bilhões de
bilhões ne Tocantíns reais, o equivalente a 40% do produto
4 de reais
520 milhõ~
de reais
interno nordestino e a meros 9% do
em investimento registrado no Sudeste -, os sete esta-
em investimento
Projeto Onça Puma dos do Norte têm a segunda menor
(de Níquel, da Vale) Parque Shopping renda per capita do país e o segundo
bilhões B.elém
2 ,3 de reais
em investimento 300 milh~s
de'realS
pior desempenho em educação (cada
habitante frequenta a escola por 7,7
em investimento anos, em média, enquanto no Sudeste
BR-163, que liga
Cuiabá a Santarém Shopping Marabá são 8,2 anos). Apenas 16%da população
tem acesso à internet. Mas, sob diver-
1, 4 bilhão
de reais 150
em investimento
milh~s
derealS sos aspectos, a região entrou num ciclo
em investimento de crescimento semelhante ao que foi
Shopping Capim BR-230. que liga Unique Shopping visto, há alguns anos, no Nordeste e no
ourado, em Palmas RurópoHs ao Tocantíns Parauapebas Centro-Oeste. Segundo estimativas da
200 milh~s
de reais 970 milhões
de reais 50 milh~s
de reais
em investimento
consultoria Tendências, O Norte brasi-
leiro deverá crescer dois dígitos em
em investimento em investimento
-----_._._._------_. __ .....•.. 2010, bem acima da média nacional- e
(1) Pre'liSiÕo Fontes: Banco da Amazónia. BNDES. IBGE. Macrologistica e Iendêndas

17 de novembro de 2010 1159


ESPECIAL I região norte

deverá manter essa liderança até 2014, /------ ---------_ ..... _----

numa média de 6,8% ao ano -, um rit-


mo explicado em grande medida pela "(res'-- I e Oc =<2
base de comparação atual. Embora a
rn ladO e G -;a::s~ere ela
r "

:"'5
pobreza continue a ser um elemento
onipresente na paisagem da região - .- ~ ..
algo que a chegada dos investimentos
Aoo açao e j 88
tende a ressaltar -, os números mos-
tram um rápido movimento de ascen-
a íenCa r e
são social por parte da população. Des- \•._-----------_._---------------
de 2005, 20% dos nortistas ascenderam
das classes D e E para a C, entrando no Um sinal claro dessa nova fase pode gundo empreendimento em Be
mercado de consumo. Essa nova leva ser visto em Belém, capital do Pará. Parque Shopping. Juntos, o 0',_
de consumidores fez dobrar os gastos Durante mais de 15anos nenhum gran- jetos devem receber invesrimen s
da população com itens como alimen- de centro comercial foi inaugurado na 700 milhões de reais até 2012 - __
tos e eletrodomésticos. "Diferentemen- cidade. Em novembro do ano passado, vamos em todas as regiões do ais e -'
te do que acontece no _ ordeste, o cres- o Boulevard Shopping abriu suas por- podíamos mais ignorar O po e.G
cimento do Norte não é impulsionado tas, trazendo 44 novas marcas, como crescimento do Xorte". diz E
pela transferência de renda. A região Victor Ruga, Osklen, Renner e Saraiva. Visco, direror regional da Alians -
tem uma população jovem e ativa, com Todos os dias, as novas lojas atraem até O impulso para e e novo m -
88% da renda proveniente do trabalho", 45000 consumidore . volume que ani- da Região Xorte começou .
diz Marcelo Neri, coordenador do Cen- mou o executivo dacarioca Aliansce, te das cidades. Foi o av
tro de Pesqui a ociais da Fundação empresa respo ável e' -= e
Getulio Vargas do Rio 'e Janeiro, ;::- :::~ _ .3.I:.Cll" ê
GASQUES, DA CITV LAR:
dificuldades logisticas obrigam a rede a
trabalhar com estoques de até 90 dias
na região - o dobro da média nacional

mente as distâncias entre o Norte e o


restante do país nas últimas décadas.
Rondônia parece ser o exemplo máxi-
mo desse movimento. Até pouco tempo
atrás, os rondonienses sobreviviam ba-
sicamente da exploração da borracha
e da castanha-do-pará. Hoje, o estado
reúne 12 milhões de cabeças de gado
- numa incrível proporção de oito ani-
mais por pessoa. Localizados nos arre-
dores das fazendas, os municípios ron-
donienses de Ji-Paraná e Ariquemes se
transformaram em polos regionals ae
çomércio, com ruas asfaltadas, conces-
sionárias de veículos e redes de fast
food. Mas o fator crucial para o recorde
de crescimento do Norte é o movimen-
to de construção de grandes obras de
infraestrutura iniciado há poucos anos.
Hoje, mais de 50 estradas, ferrovias,
pontes, siderúrgicas e usinas estão bro-
tando na região. O investimento nesses
projetos chegou a l3,4 bilhões de reais
em 2009. "A fase de aventura acabou",
diz Paulo Resende, coordenador do nú-
cleo de infraestrutura da Fundação
Dom Cabra!. elA agropecuária e as gran-
des obras atraem novos investidores e
devem garantir um crescimento sus-
tentado para os próximos anos:'

INFRAESTRUTVRA
A chegada da rede de farmácias Pague
Menos, uma das maiores do país, à ci-
dade de Manacapuru, no Amazonas, é
um exemplo desse processo. Com
86 000 habitantes, Manacapuru é o
quarto maior municí pio do estado, mas
ficava separado da capital pelas águas
escuras do rio Negro. A travessia entre
as duas cidades era feita apenas por
balsa - uma viagem que levava pelo
menos 40 minutos e dificultava a che-
gada de qualquer grande rede varejista
a Manacapuru. Esse problema deve ser
superado a partir de dezembro, quando
uma ponte de 3 600 metros, ligando
Manaus à outra margem do rio, deve
ser inaugurada, derrubando o tempo
de travessia para 5 minutos. A irninen-

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ESPECIAL I região norte

BOULEVARD SHOPPING, EM
BELÉM: inaugurado há pouco mais
de um ano, o centro comercial levou
44 novas marcas para a cidade

te conclusão da obra estimulou a Pague


Menos a fincar sua bandeira em Mana-
capuru - sua primeira farmácia na
cidade deve ser aberta em janeiro de
2011."Aponte vai levar progresso para
a região, e eu não queria ficar fora des-
se barco", diz Deusmar Queirós, presi-
dente da Pague Menos. Em Porto Ve-
lho, as obras das usinas de Santo Antô-
nio e Jirau, a poucos minutos do centro
da cidade, são as prin cipais responsá-
veis pelo crescimento nas vendas do
comércio local, que chegam neste ano
a um espantoso aumento de 31% em
relação a 2009. O impacto das obras na
economia de Porto Velhoé direto. Ape-
nas a usina de Santo Antônio paga sa-
lários anuais de 300 milhões de reais
para 10 000 moradores da cidade. Ou-
tros 30 milhões são gastos em compras
de insumos que vão de alimentos a ci-
mento. Até 2015, quando estiver con-
cluída, Santo Antônio terá injetado na
economia de Rondônia o equivalente a
um PIE anual do estado.
Mas em nenhum lugar do Norte a
transformação provoca da pelas gran- o 'CONSUMO
.. AUMENTOU
des obras é tão evidente quanto-no su- que praticamente
Nos últimos cinco anos, •..0
deste do Pará. Localizada a 700 quilô-
metros de distância da capital Belém, a
a soma de habitantes da Região dobrou o poder de compro
região viveu um período de euforia Norte pertencentes às classes A, B dos consumidores locai
com a exploração de ouro na mina de e C passou de 60% para quase 80% CONSUMO PER CAPITA
Serra Pelada, nos anos 80, época em de toda a população ... NA REGIÃO NORTE (em reais,
que centenas de garimpeiros ficavam
_2005 _2010 _2005 _2010
ricos da noite para o dia - e, depois,
pobres do dia para a noite. Com a re-
gião, ocorreu algo parecido. Logo após Classes AB •...!
j
o declínio de Serra Pelada, o sudeste
paraense foi palco de constantes con-
flitos entre fazendeiros e trabalhadores
sem terra, resultando em episódios co- Classe C .--_.:
mo o massacre de Eldorado dos Cara-
jás, em 1996. A esperança de cresci-
mento - e, quem sabe, futuro desen-
Classe O
volvimento - para a região está hoje
depositada em grandes obras de infra-
estrutura. A cidade de Marabá, por
exemplo, deve dobrar de tamanho até Classe E
2015, chegando a 500 000 habitantes.
A 100 quilômetros de distância, Pa-

162 I www.exame.com.br
IMÓVEL DA DIRECIONAL, EM
MANAUS: em cinco anos, a Região
Norte passou a responder por 60% dos
lançamentos da incorporadora mineira

rauapebas, com 150 000 habitantes,


projeta uma expansão parecida. Tudo
graças aos investimentos maciços da
Vale e de outras companhias na explo-
ração de minérios e na construção de
siderúrgicas e estradas de ferro, Em
Parauapebas, nos grandes terrenosÕi1-"
de até pouco tempo atrás havia criação
de gado, hoje surgem condofillllos re-
sidenCléUs,concesslOnanas de veiCulos,
~ até um shopping center, projetado
pelo grupo paulista Urbia. Previsto pa-
ra ser inaugurado em março, o shop-
pingvai ter as primeJras sãlas de cme-
mas'do interior do Para. HOJe, a uruca
estrutura mais parecida a um cinema
por ali é um auditório localizado dentro
da unidade da Vale, no alto da serra de
Carajás, distante 20 quilômetros do
centro de Parauapebas.
O crescimento das cidades da Região
Norte tem uma característica singular.
Isoladas em meio à floresta, acossadas
por-chuvas torrenciais e castigadas por
um calor infernal, elas sempre intimi-
daram os grandes grupos do pais. Gran-
des redes de varejo, como o Pão de
AÇÚCéU·, chegaram a tentar atuar na re-
...puxando OS)::;.:::si!:Jf __eletrodomésticos ...
gião, mas desistiram ao perceber que
itens como '::-==::E!:::I.ilIClL-. bilhões de reais)
os custos envolvidos na logística do ne-
(em biihões é: _ gócio não compensavam os investimen-
_2005 tos. "Quem lidera a expansão do con-
sumo 110 Norte são basicamente grupos
locais, que conhecem os consumidores,
e se adaptam melhor às adversidades",
diz Adriano Pitoli, sócio da consultaria
Tendências. O maior varejista do Nor-
te é o gTUpOparaense Yamada, fundado
em Belém em 1957, um dos raros casos
de empreendedorismo local que ga-
...e aumenzzxia: ,..e internet nhou peso na região. Até hoje nas mãos
populaç - - ,:l!!'!lEMl'"'_ da família - apesar de inúmeras pro-
_2005 _2005 _2010 postas de fusão e aquisição -, o Yama-
da fatura 1,3 bilhão de reais ao ano com
33 lojas na região metropolitana de
Norte « tlll arte .j
16%
Belém, que vendem de frutas a moto-
cicletas, Nos últimos dois anos, o grupo
iniciou sua expansão para o interior do
Média ~ "1édia .F estado, A unidade aberta em 2009 no
Brasil Brasil i.,••••••••• 128%
municíjiiô'de Castanhal, por exemplo,
Fontes: FG'I, IBGE, IPC Marketing Data e LCA

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tem três salas de cinema. Todas as lojas
oferecem ainda pratos locais, como
acaí e manicoba, uma espécie de fei-
joada paraense, feita com carnes defu-
madas e folhas de mandioca cozidas.
"É a diversidade e o apego aos hábitos
locais que fazem nossos consumidores
fiéis defensores da rede", diz Bernardo
Yamada, diretor financeiro do grupo e
bisneto do fundador, o imigrante japo-
nês Yoshio Yamada.

PIONEIROS
Assim como os Yarnada, boa parte dos
líderes de mercado na região não são
empresários genuinamente locais, mas
sim pioneiros, que decidiram desbravar
a região quando o Norte não passava de
uma imensa mancha verde no mapa do
Brasil. A história do mato-grossense
Erivelto Gasques, presidente do grupo
City Lar, maior varejista de móveis e
eletrônicos do Norte, é um exemplo.
Fundada por seu pai em 1979 na cidade
de Mirassol d'Oeste, no Mato Grosso, a
City Lar abriu sua primeira loja na Re-
gião Norte em Manaus, em 1996, fugin-
do da concorrência das grandes redes
nacionais, que começavan1 a se instalar
em Mato Grosso e na vizinha Goiás.
Hoje opera 96 unidades no Amazonas,
em Rondônia, no Pará, no Acre e em
Roraima. (Há cinco meses, a City Lar,
dona de um total de 200 lojas, foi ad-
quirida pela Máquina de Vendas, em-
presa resultante da fusão das redes
Insinuante, da Bahia, e Ricardo Eletro,
de Minas Gerais.) Para ganhar espaço
na região, Gasques desenvolveu ao lon-
go dos anos alguns macetes. ada de
TV de plasma na vitrine, por exemplo.
"Afugenta a clientela", diz. O que atrai
os consumidores do Norte, segundo ele,
são tanquinhos e televisores de tubo,
vendidos em até 24 prestações.
Fazer negócios na Região Norte, po-
rém, exige mais do que a adaptação da
linguagem e do portfólio aos consumi-
dores locais. Para não sucumbir à falta
de infraestrutura é preciso contar com

BR-319, QUE LIGA MANAUS A


PORTO VELHO: para resolver gargalos
de transporte, o Norte precisa investir
14 bilhões de reais em 71 projetos

1641 www.exame.com.br
FÁBRICA DA HONDA EM MANAUS: cional, por exemplo, inclui um atraso
15 dias de viagem para levar as 7000 de pelo menos três meses no cronogra-
motos produzidas diariamente aos ma de cada empreendimento - o que
principais mercados consumidores
encarece a obra em 20%. Em 2009, a
francesa Alstom e a paulista Bardella
doses extras de planejamento e com quase desistiram de construir uma fá-
uma estrutura de custos peculiar. A brica de comportas e pontes rolantes
City Lar, por exemplo, está construin- para abastecer usinas hidrelétricas do
do novos centros de distribuição em rio Madeira, em Rondônia, por causa
Manaus, em Porto Velho e em Boa Vis- das chuvas que inundaram completa-
ta. Além disso, trabalha com estoques mente o canteiro de obras. As empresas
de até 90 dias - o dobro da média na- precisaram improvisar uma gigantesca
cional para seu setor. "Se não tomar lona para cobrir uma estrutura de
esses cuidados, posso ficar sem produ- 33 000 metros quadrados - e passaram
tos nas lojas", diz Gasques. Além disso, a trabalhar sob essa cobertura. "Nunca
as longas distâncias dos principais cen- vi tanta água", diz o paulista Gustavo
tros aumentam os custos com o frete. Almeida, diretor da IMMA, empresa
A Ronda investiu 90 milhões de reais formada pela Alstom e a Bardel1aa par-
no último ano para fazer de sua unida- tir de um investimento de 100 milhões
de de Manaus a maior fábrica de mo- de reais e que fabrica 12 000 toneladas
tocicletas do grupo no m~do. Todos de equipamentos por ano.

..---"~~-_._------
(

Além de adaptar os produtos aos


consumidores locais, é preciso contar
com doses extras de planejamento para
não sucumbir à falta de infraestrutura

os dias, 7 000 motos deixam a unidade Num estudo sobre o custo de fazer
em direção aos principais mercados negócios na região da Amazônia Legal
consumidores. Para chegar ao Sudeste, (que inclui os estados do Norte, além de
os produtos viajam cinco dias de barco Mato Grosso e Maranhâo), obtido com
até Belém e, depois, mais dez de cami- exclusividade por EXAME, a consulto-
nhão em estradas esburacadas. Expor- ria paulista Macrologística calculou
tar para países vizinhos, como Peru e que, com investimento de 14 bilhões de
Colômbia, exige viagens de até 8 000 reais em 71 projetos, o Norte resolveria
quilômetros, passando pelo canal do seus principais gargalos de transporte
Panamá. "Gastamos 200 dólares para pelos próximos dez anos. Oproblema é
transportar cada motocicleta, duas ve- que algumas dessas obras, como a BR-
zes acima de nossa média global", diz 163,que liga Cuiabá a Santarém, come-
Issao Mizoguchi, vice-presidente da çaram a ser feitas nos anos 70 - e nun-
Ronda para a América Latina. ca foram concluídas. "Sem finalizá-Ias,
As chuvas diluvianas que caem na vai ficar mais difícil atrair novos negó-
região obrigatoriamente têm de ser cios para a região", diz Olivier Girard,
contempladas nos planos de negócios. sócio da Macrologística É o tipo de obs-
Entre novembro e março chove tanto táculo que, para garantir um crescimen-
que fica impossível fazer qualquer tra- to sustentado, a região terá de deixar de
balho ao ar livre. A construtora Dire- uma vez por todas para trás .•

17 de novembro de 2010 1165

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