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O TEATRO NA ESCOLA: UMA POSSIBILIDADE PARA SUPERAR OS

DESAFIOS DOS EDUCANDOS1

Claudinéia Gomes Cardozo2


Nilso Lemos Lopes3
Simone Aparecida Giacomelli4

RESUMO

Inicialmente se fará um breve histórico sobre a origem do teatro e a sua


importância para a educação. Embasado em estudos teóricos veremos a acepção do
teatro e a contribuição do mesmo para o processo educacional, veremos exemplos de
resultados positivos das artes cênicas na construção do conhecimento e no
desenvolvimento da formação global do educando.

Palavra-chave: teatro, educação, arte, disciplina.

ABSTRACT

Initially there will be a brief history about the origin of the theater and its
importance to education. Embossed in theoretical studies will see the sense of theater
and contribution to the educational process, we see examples of the positive results of
scenic arts in the construction of knowledge and the development of comprehensive
training of educating.

Keywords: theater, education, art, Subject.

INTRODUÇÃO
                                                            

1 Artigo apresentado à Faculdade de Ciências Hamans, Exatas e Letras de Rondônia – FARO, como

requisito parcial para obtenção do título de especialista em Lingüística e Literatura.

2
 Pós-Graduanda em Lingüística e Literatura

3
 Pós-Graduando em Lingüística e Literatura 

4
 Pós-Graduanda em Lingüística e Literatura 
  2

A arte tem sido proposta como instrumento fundamental de Educação,


ocupando historicamente papéis diversos, desde Platão, que a considerava como base
de toda a educação natural.

O teatro, como arte, foi formalizado pelos gregos, surgiu cerca de 700 anos
antes do nascimento de Cristo, em uma região ao sul do continente europeu, a Grécia,
passando dos rituais primitivos das concepções religiosas que eram simbolizadas, para
o espaço cênico organizado, como demonstração de cultura e conhecimento. É, por
excelência, a arte do homem exigindo a sua presença de forma completa: seu corpo, sua
fala, seu gesto, manifestando a necessidade de expressão e comunicação.

O teatro era visto, naquela época, como uma celebração de caráter cívico e
religioso. Ao assistirem a uma tragédia, as pessoas se identificavam com a
representação do sofrimento humano, mostrada por meio da dança e do canto, com
atores que usavam máscaras.

Depois dessa vivência, todos saíam do teatro purificados, haviam feito uma
verdadeira catarse ou limpeza em seus espíritos, o que vem sendo questionado e
entendido também como uma forma de esvaziar a rebeldia e submeter o homem ao
poder. Vale lembrar que, depois da tragédia, era sempre apresentada uma comédia para
contrabalançar.

Ao longo dos tempos, a linguagem teatral foi utilizada de formas bem


diferentes.

Pelos governantes, para difundir a sua visão de mundo, pelos que se opõem a
governos injustos, para denunciar o presente e anunciar o futuro; pela Igreja Católica
em especial na época dos Descobrimentos, para catequizar os não-cristãos e convencê-
los de que suas crenças eram “coisas do demônio”.

No Brasil o teatro começou como catequese. O padre José de Anchieta (1534-


1597) foi o primeiro a encenar peças de teatro em solo brasileiro, os Autos, uma
modalidade de teatro de tema sempre religioso. Em nome da moral cristã, os Autos de
Anchieta condenavam os costumes dos índios e seus modos próprios de reverenciar, o
sagrado. Depois desse teatro religioso do século XVI, há um vazio de séculos. Para
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Sábato Magaldi, só depois da Independência, em 1822, o país começaria a moldar o seu


teatro.

O ensino do teatro na educação escolar básica nacional foi formalmente


implantado há mais de trinta anos no âmbito dos conteúdos abrangidos pela matéria
Educação Artística, oferecida obrigatoriamente por força da Lei 5692/71. Embora o
ensino do teatro se encontre presente na educação escolar brasileira já desde o século
dezesseis, com a implementação da pedagogia inaciana pelos jesuítas, somente a partir
da década de setenta incrementaram-se os estudos e investigações a respeito das inter-
relações entre teatro e Educação, no país.

O TEATRO UM RECURSO VALIOSO NA ESCOLA

O que se pode perceber é que as artes são ainda contempladas sem a atenção
necessária por parte dos responsáveis pela elaboração dos conteúdos programáticos.

O teatro na educação é um espaço a ser conquistado. No Brasil, existe um


número reduzido de instituições de ensino que inseriram a atividade teatral em suas
escolas. Embora existam educadores que acreditam na força que o teatro tem para
promover a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno ainda há um grande número
de escolas que não aceitam, não acreditam e não dão o devido valor ao exercício teatral
no processo educativo do aluno. De acordo com Freire:

O educador deve propiciar o meio adequado para que os educandos em suas


relações intrapessoais e interpessoais busquem “assumir-se como ser social e histórico,
como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz
de amar” e, nesse sentido, o teatro é um recurso valioso. Freire (1996, p. 46),

Utilizar o teatro aliado à educação, oportuniza-se aos educandos um


conhecimento diversificado e lúdico, existindo um clima de liberdade onde o aluno
libera as suas potencialidades, expressando seus sentimentos, emoções, aflições e
sensações, pois é um meio de expressão para o aluno. Quando o educando interpreta
um personagem ou dramatiza uma situação, revela uma parte de si mesmo, mostrando
como sente, pensa e vê o mundo. É uma atividade artística que permite ao aluno
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expressar-se, explorando todas as formas de comunicação humana. O teatro amplia o


horizonte dos alunos, melhora sua auto-imagem e colabora para torná-los mais críticos
e abertos ao mundo em que vivem.

O teatro a serviço da educação dá ao educando o ensejo de valorizar-se, de


integrar-se harmoniosamente a um grupo, aumentando o senso de responsabilidade e o
sucesso do trabalho se dá devido à soma dos esforços de todo o conjunto. É o momento
em que ocorre o desenvolvimento de cada um e do grupo, fundamentado na
complementaridade das diferenças. A atividade teatral ensina aos educandos a
aprenderem com a diversidade, pois somente assim é que pode ocorrer a construção do
conhecimento do sujeito.

EXPRESSÕES TEATRAIS NA ESCOLA

Nos dias atuais, vive-se uma época de comunicação ostensiva, extensiva e


impulsiva e o teatro desenvolve nos alunos a expressividade. De acordo com Reverbel
(1997, p. 168) “é preciso lutar para que o teatro tenha seu lugar na Educação, porque se
ele existe na sociedade, deve existir na escola”. O teatro é o caminho para as escolas
atingirem uma integração entre os sujeitos de forma criativa, produtiva e participativa,
é um recurso pedagógico eficaz no desenvolvimento do educando, preparando-o a
discernir os problemas em que ele irá enfrentar na sua trajetória de vida.

Quando se pensa teatro na escola pretende-se desconstruir a idéia de que esse


acontece apenas de uma forma, ou seja, espetáculo e platéia e que a encenação seja de
obras que não permitam reflexão durante o processo de criação do espetáculo. Percebe-
se, muitas vezes, nas escolas a encenação de peças infantis. A criança possui a
capacidade de assistir espetáculos que não sejam as famosas obras de contos infantis.
Por isso, é importante que os educadores percebam o teatro além da representação de
obras consagradas. É preciso se abrir pra o amplo universo das artes.Segundo Barbosa:

Precisamos levar a arte que hoje está circunscrita a um mundo socialmente


limitado a se expandir, tornando-se patrimônio da maioria e elevando o nível de
qualidade de vida da população (Barbosa ,1991, p. 6).
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A CRIATIVIDADE É O ÚNICO RECURSO INDISPÉNSAVEL

A escola não precisa de um espaço com poltronas confortáveis ou ricos figurinos


para montar uma peça, podem começar em sala de aula o educador pode estar
utilizando alguns recursos da linguagem teatral. Podemos começar incentivando os
alunos com a leitura de contos em voz alta, impostando a voz e mudando a entonação
marcando os diferentes personagens.

O contato com a linguagem teatral ajuda crianças e adolescentes a perder


continuamente a timidez, a desenvolver e priorizar a noção do trabalho em grupo, a se
sair bem de situações onde é exigido o improviso e a se interessar mais por textos e
autores variados. A consultora do Ministério da Educação Ingrid Dormien Koudela
que ajudou na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) na área de
Arte argumenta: "O teatro é um exercício de cidadania e um meio de ampliar o
repertório cultural de qualquer estudante".

O teatro talvez não seja apenas uma saída para os problemas da educação, por
desenvolver habilidades de interpretação, improvisação e de escrever ou por trazer
alguns benefícios, como saber trabalhar em grupo, superação da timidez e de alguns
limites, troca de experiências, responsabilidade, comprometimento, respeito, saber
ouvir o outro, compreender melhor as pessoas, ter um pensamento solidário, interação,
enfrentar os problemas, compartilhar, participação, resgate da auto-estima e da
autoconfiança. Essas contribuições sozinhas, também, não justificariam a importância
do teatro na escola. Considera-se a necessidade de destacar a possibilidade de construir
conhecimento e propiciar ao aluno também uma formação global, crítica e reflexiva.

Pudemos perceber esse desenvolvimento dos alunos através de uma Peça


Teatral desenvolvida na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental
Prof. Levi Alves de Freitas, onde a Professora Marisa Ferro que participou de um
Curso de teatro oferecido pela Secretaria Municipal de Educação, a mesma está
desenvolvendo um trabalho maravilhoso com os alunos, podendo assim observar que a
criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo simbólico, percebe-se a
procura na organização do seu conhecimento de mundo de forma integradora. A
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dramatização desenvolve na criança uma manifestação espontânea. Ao participar de


atividades teatrais, o aluno tem a oportunidade de se desenvolver dentro de um
determinado grupo social de maneira responsável, legitimando seus direitos dentro
desse contexto, estabelecendo relações individuais e coletivas, aprendendo a ouvir, a
colher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a finalidade
de organizar a expressão de um grupo.

O teatro proporcionou experiências que contribuíram para o crescimento


integrado dos alunos sob vários aspectos. No plano individual, o desenvolvimento das
capacidades expressivas e artísticas. No plano do coletivo, o teatro ofereceu aos alunos,
por ser uma atividade grupal, o exercício das relações de cooperação, diálogo, respeito
mútuo, reflexão sobre como agir com os colegas, flexibilidade de aceitação das
diferenças e aquisição de sua autonomia como resultado do poder agir e pensar sem
coerção.

TEATRO É CONHECIMENTO

O homem está inserido em um mundo cultural, não valorizar esses


conhecimentos seria negar sua própria existência. Para morim:

O homem somente se realiza plenamente como ser humano pela cultura e na


cultura. Não há cultura sem cérebro humano (aparelho biológico dotado de
competências para agir, perceber, saber, aprender), mas não há mente, (mind), isto é,
capacidade de consciência e pensamento, sem cultura (Morim, 2004, p. 52)

O teatro desenvolvido na Escola Levi trouxe a reflexão sobre o que já dizia


Morim, sobre valorizar esses conhecimentos. A escola deve viabilizar o acesso dos
alunos à literatura especializada, aos vídeos, às atividades de teatro de sua comunidade.
Saber ver, apreciar, comentar e fazer juízo crítico deve ser igualmente fomentado na
experiência escolar.

A peça teatral desenvolvida na Escola foi uma lenda da Região Norte, Iara,
antes de começarem a ensaiar a professora compartilhou com os alunos um pouco da
lenda, contando a história para os alunos.
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A professora organizou as aulas numa seqüência, oferecendo estímulos por meio


de jogos preparatórios, com o intuito de desenvolver habilidades necessárias para o
teatro, como atenção, observação, concentração e preparou temas que aguçaram a
criação dos alunos em vista de um processo de aquisição e domínio da linguagem
teatral.

É importante que o professor esteja consciente do teatro como um elemento


fundamental na aprendizagem e desenvolvimento do aluno. O teatro é uma maneira de
expressar opiniões e ideais, logo, não é apenas para divertimento, mas um manifestador
de pensamentos sociais e culturais. O teatro tem uma grande importância que,
geralmente, é ignorada pela sociedade. O teatro é político.

CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados podemos concluir que o teatro não é mais uma
opção, mas uma necessidade dentro da instituição educacional. Através de encenações,
apresentações que desperta nos alunos o interesse por clássicos da literatura. As
propostas educacionais devem compreender a atividade teatral como uma combinação
de atividades para o desenvolvimento global do indivíduo, um processo de socialização
crítico, um exercício de convivência democrática, uma atividade artística com
preocupações de organização estética e uma experiência que faz parte das culturas
humanas.

Por tudo o que foi exposto, fica patente a importância desta iniciativa do teatro
na escola e a necessidade de divulgarmos, pois estaremos colaborando com a melhoria
do desenvolvimento e conhecimento dos educandos e conseqüentemente com o
desempenho dos professores. Contudo é necessário a formação dos profissionais da
educação na área de arte, o professor que atua nesta área deve ser um profissional capaz
de promover interlocuções entre os conhecimentos artísticos.

REFERÊNCIAS
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BARBOSA, A.M. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


arte. Brasília: MEC/ SEB, 1997, p. 83-113.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

MORIN, E. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. – 4 ed. – São Paulo:


Cortez: Brasília, DF: Unesco, 2004.

REVERBEL, Olga Garcia. Um Caminho do teatro na Escola. São Paulo: Editora


Scipione, 1997.

HUIZINGA, Joah. Homo ludens: o jogo com elemento da cultura. São Paulo.
Perspectiva, 1971. Livro republicado, em 4ª Ed., em 1993.

LEFEBVRE, Henri. O teatro épico de Brecht como crítica da vida cotidiana, In: teatro
e vanguarda. Lisboa: Presença, 1970.

MAGALDI, Sábato. Panorama do teatro brasileiro. São Paulo. Global 1977.

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo. Perspectiva, 1987. P. 6.

ANEXOS - PARTICIPAÇÃO
Alunos de quinta a oitava séries do ensino fundamental da Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental Prof. Levi Alves de Freitas.
Professora da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Prof.
Levi Alves de Freitas.
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ANEXOS

PEÇA TEATRAL

A Iara

Marido – Que bela noite, mulher a lua dourada parece refletir nas águas do rio Amazonas. Que
belezura de rio.
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Mulher – É home ocê tem razão esse rio Amazonas é mesmo uma formosura. Os únicos sons
que se ouve são os dos remos batendo nas águas e o alegre canto dos passarinhos.

Marido – É muié nós temos muita sorte mesmo de morar num lugar tão rico, tão bonito como
esse, somos pessoas de muita sorte.

Bate palmas lá fora.

Amigo (1) – oh! De casa! Tem gente não...

Amigo (2) – oh! De casa!!! Cadê o pessoal dessa casa?

Marido – Muié tem gente batendo parmas lá fora, quem será a esse hora?

Muié é mior eu atender a porta.

* a mulher atende a porta de avental.

Mulher – Eta que alegria, entrem por favor..

- Estava acabando de um cafezinho.

Amigo(1) – Cafezinho hum... Dá até água na boca...

Mulher – Pois entrem vamos experimentar o café.

Marido – É vocês pessoal.

- Que milagre é esse sô, dizem que quem é vivo sempre aparece né? Mas vamos
entrar...

As crianças cresceram.

Amigo(1) – É cumpade agente tava com muita saudade e resolvemos fazer uma visita pro ocês.

Amigo(2) – É o cumpade sumiu não foi mais lá em casa pra gente prosear.
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Marido – Mas é que ando muito ocupado num sabe?

- Mais ora que satisfação receber ocês aqui em minha casa. Mas vamos entrar gente
logo duma vez.

Amigo(1) – É mior agente ficar aqui fora no terreiro a noite está mesmo tão linda. A lua está
tão bela! Está iluminando toda a terra.

Marido – Está bem ocês que decide vamos fazer uma roda para modê agente conversar.

- E ai pessoal de que falamos hoje? Vamos falar de casa alegre, coisa de nossa terra.
Pra modê espantar essa friagem.

Amigo(1) – Isso mesmo cumpade vamos falar da nossa floresta, das riquezas dos nossos rios,
oiá que num rio sinuoso uma canoa segue com seus passageiros que são caçadores, pescadores
que andam nos rios pra contemplar, explorar a riqueza da nossa região.

Amigo(2) – óra falando de pescadores cumpade vamos cumbinar um dia desses uma pescaria...

Marido – Isso mesmo, que idéia boa vamos pascar todo mundo junto, pra mim será prazeroso.
E oia que falamos em rio em pescaria eu me lembrei da Iara.

Amigo(2) – A Iara filha da dona do Armazém que é vendedor de peixes.

Marido – Deixa de ser ignorante homem. - A Iara que ele fala é da sereia das águas amazônica,
mulher cujo corpo da cintura para baixo é uma cauda de peixe, linda de pele alva, cabelos
longos e negros, vive nos rios e tem uma beleza sem igual.

Amigo(2) – É mesmo cumpade a beleza dela é tão rara assim é?

Homem – Ocê nem imagina com ela é bonita sô.

Amigo(1) – Cumpade pensando bem essa tá de Iara não é esquisita com o corpo metade
mulher e metade peixe?

Marido – Bem, eu nunca vi o povo é que conta que ela é encantadora.

Amigo(2) – Vixe nossa senhora! Essa história já tá me dando arrepio.

Amigo(1) – Deixe de ser medroso home. Mais vamos cumpadre continue tô gostando de ouvir
sobre essa tá de Iara. Espero que qualquer hora dessa eu encontre ela por um rio desse aí fora.
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Marido – Oia cumpade dizem que seu canto, é de uma encantadora voz, enfeitiça e atrai índios
e pescadores que apaixonados mergulham nos rios e são por ela arrastados para o fundo da
águas.

Amigo(2) – Vixe Maria! Já tá me dano até um soador! Só em pensar nessa tá de Iara.

Marido – Carma cumprade que eu nem acabei de lhe contar toda a história dizem que com o
seu canto mágico que ecoa pela floresta e ressoa pelas águas atrai quem ouve a melodia. Dizem
que ela tem a voz mais bela que existe e quem ouve a voz dela não resiste. .

Amigo(2) – Cruz credo gente essa tá de Iara deve ser uma feiticeira.

Marido – Dizem que os índios tem tanto medo dela que evita ficar ao entardecer perto dos
rios, porque dizem que os corpos dos homens que são arrastados nunca mais são encontrados.

Amigo(2) – Valei – me mia nossa senhora! Essa tá de Iara é mesmo um terror.

Amigo(1) – Que nada deixe de ser froxo home. Pois oia agora que to doidim pra nós pude
marcar uma pescaria numa noite dessas. Já pensou agente ter o privilegio de ver uma belezura
de muié por ai nesses rios. Agora eu fiquei mais animado, ainda.

Mulher(1) – Deixa de ser assanhado home em casa agente conversa, visse..

Pescado(1) – Carma muié, não precisa ficar nervosa eu só to brincando pra mode descontrai.

Mulher(2) – Eu acho que meu marido tá cheinho de razão eu já estou ficando assustada com
essa ta assombração. Vamos simbora que a noite tá caino, tá ficando e tarde para demais sô.

Marido – Oia mia gente e tem mais dizem que quem notar a presença da Iara nos rios e logo
deve fechar os olhos e tapar os ouvidos. Porque não consegue escapar pois fica logo enfeitiçado
com o seu canto e sua beleza e só um talismã feito de escama de boto vermelho, pode livrar o
pescadores da sedução da Iara.

Amigo(1) – É pessoar a prosa tá boa mas já tá tarde e temos que ir embora.

Homem – Mais tá cedo pessoal, vamos tomar mais um bucadinho de café.

Amigo(2) – É cumpade vamos deixar o cafezim pra outro diz. E oia que nós tamos esperano a
visita de ocês lá na nossa casa.

Amigo(1) – É mesmo cumpade a parece pra mode nós tomas um cafezinho e leva a famia.
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Mulher(1) – Ai cumade daí eu aproveito e lhe peço a receita dos balinhos de chuva que eu
custo fazer.

Mulher – Está bém comade pode deixar que eu vou mesmo. Estou doidinha para aprender
fazer desses seus bolinhos, falando nisso já tá até me dano água na boca.

Amigo(2) – Inte cumpade.

Amigo(1) – Até mais cumprade até outro dia pro nós falar mais sobre a rainha das águas.

Marido – Inté pessoal.

Finalmente chegou o dia da pescaria.

Os pescadores no rio:

pescador(1) – Etá pessoa eu tava aflito pra mode chegar o dia da pescaria.

Marido - É cumpade a noite está fria! Vamos torcer pra que agente faça uma boa pescaria.

Pescador(2) – Tô ovindo barulho parece ser de índio.

Marido (1) – É mesmo e eles estão cantano, escute vamos ouvir:

Do outro lado do rio. Aparecem os índios cantando:

Música

Os índios saem os pescadores chegam.

Marido – ufa ainda bem que eles foram embora.


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Marido (1) – Etá cumpade a noite hoje tá boa, o rio tá calmo. Hoje nós vamos pegar bastante
peixe. Imagine pessoa só faltava a Iara aparecer por aqui agora.

Pescador(2) – Hoje tá bom! Hoje a noite promete.

(De repente a Iara aparece sentada em uma pedra e diz:)

Iara – Com o meu pente de ouro fico a me pentear, passo o tempo brincando com os peixinhos
e com meu belo espelhinho fico a me admirar. E aquele que me olha não admirar. E aquele que
me olha não consegue escapar, fica logo enfeitiçado com a minha beleza, sou conhecida como a
rainha das águas. E encantar e seduzir são da minha natureza. Iara das águas me transforma
em uma linda mulher. Mas volto rápido para o rio. Mas antes de partir vou mostrar a minha
voz.

Cantarei uma música e depois irei embora.

Iara canta a música

Música – Peixe vivo

− Como pode o peixe viver


− viver fora da água fria?
− Como pode o peixe vivo
− viver fora da água fria?

− Como poderei viver


− Como poderei viver
− Sem a tua, sem a tua
− sem a tua companhia
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Pescadores – De onde vem esta voz?

Marido(1) – Psiu – Escute alguém esta cantano.

Pescador(2) – Quem será?

Pescador(1) – Será a tá da Iara! Já estou ficando assustado.

Marido – Só pode ser a Iara tampe os ouvidos pegue o talismã feito com a escama do boto
vermelho que vai nos livra desse canto.

É vamos simbora cumpade vamos deixar pra pescar um outro dia.

Pescador(1) – É cumpade você tem razão outro dia desse nós vorta aqui, nesse rio.

(o pescador (1) é seduzido pelo canto da Iara e sai em sua direção hipnotizado).

Marido – vamos cumpade volte isso é muito perigoso. (colocar o talismã no ouvido)

O pescador que se assusta meio atordoado.

Pescador (1) – Não cumpade vamo ficar mais um bucadinho.

Marido – cuidado cumpade vamos embora. Oia dizem que a última vez que o índio Jaguari foi
visto por esses rios, foi quando ele tava numa canoa com uma muié muito bonita e depois desse
dia nunca mais foi encontrado.

É a mior a gente ir embora outro dia a gente volta.

Pescador (1e 2) –vamos.


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FOTOS
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