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Cuidado!

Mulher na TPM

Motivo de piadas e, às vezes, provocações, a tensão pré-menstrual é ainda mal compreendida até
pelas mulheres. A TPM, como é popularmente chamada, é responsável por inúmeros problemas
na vida pessoal, familiar e profissional de milhões de mulheres e conviver com ela é uma desafio
que vale a pena vencer.
Cerca de 80% das mulheres enfrenta algum tipo de alteração física ou de humor. Desse grupo,
40% chega a precisar de auxílio médico. Em outros 10% das mulheres, os efeitos da TPM são tão
severos que chegam a incapacitá-las por até duas semanas em cada mês. Nesse último grupo, a
TPM chega a ser associada a tentativas de suicídio, crimes violentos, acidentes, uso abusivo de
cigarros e drogas, crises de pânico, bulimia, impulsos para compras, etc... Nesses casos é
indicada a ajuda psiquiátrica. Os relatos mais comuns, entretanto, são de: retenção de líquidos,
inchaço, mudanças de humor e irritabilidade, dores de cabeça e cólicas.
As queixas femininas no período pré-menstrual são tão frequentes que há até quem pense que
seja um fenômeno natural, normal, mas não é. A TPM pode e deve ser tratada. Ela deixou de ser
vista como um fricote e passou a ser encarada como um problema de saúde que pode exigir um
tratamento multiprofissional. Além do acompanhamento do ginecologista e do endocrinologista (no
caso das mulheres que têm diabetes) o apoio de um nutricionista, de um professor de educação
física e de um psicólogo é igualmente importante.

Afinal o que causa a TPM?

As concentrações inadequadas de estrógeno e progesterona explicam boa parte dos sintomas.


Esses hormônios também alteram a taxa de serotonina que regula o humor e as emoções e
controla a dor, mas não é só. São mais de 150 sintomas. Além das flutuações hormonais, fatores
ambientais, domésticos e socioeconômicos, entre outros, também desencadeiam o problema. A
TPM ainda não está totalmente esclarecida, mas grandes avanços já foram conseguidos para
minimizar os danos que causa. De acordo com os sintomas, a síndrome ganhou uma classificação
que facilita o tratamento. São elas:
TIPO A: é a mais comum. Deixa a mulher ansiosa, irritada e de pavio curto. Prevalece a sensação
de insatisfação geral que pode levar a um quadro de depressão moderada. Normalmente esses
casos são frutos do aumento do estrogênio e da diminuição de progesterona. Uma dieta leve e
atividade física costumar dar bons resultados;

TIPO H: tão comum quanto o tipo A, caracteriza-se por aumento do peso e do volume das mamas
e do abdome. Nessa fase a mulher pode ganhar até 2 kg, retém líquido, mãos e pés costumam
apresentar inchaço. Recomenda-se a diminuição do consumo de sal e açúcar;

TIPO C: pode apresentar os mesmo sintomas das outras, mas a característica principal aqui é a
dor de cabeça, acompanhada de cansaço e palpitações.

TIPO D: é a menos comum. Pode incapacitar a mulher no período pré-menstrual e exigir até
acompanhamento psiquiátrico. Caracteriza-se por muito choro, distúrbios do sono, confusão
mental e depressão grave.

10 mandamentos para se livrar da TPM

1. Adote um diário de sintomas. Assim, você vai vai poder observar melhor o que acontece
com mais frequência e intensidade. No mesmo diário anote também o que come. As
mudanças podem começas pela dieta.
2. Inclua na sua rotina uma atividade física, nem que seja uma caminhada de 30 minutos,
três vezes na semana. Considere a possibilidade de fazer algum esporte em grupo. Pode
aumentar sua rede de relacionamentos, ser mais motivador e relaxante.
3. Converse com seu parceiro e explique o que acontece com você. Se ele não entender o
problema, não terá como ajudá-la.
4. Tome água, de 2 a 3 litros por dia. Não tem contraindicações. Você vai urinar mais e reter
menos líquido.
5. Evite alimentos industrializados e ricos em sódio. Risque do cardápio embutidos e
salgadinhos.
6. Evite bebidas que contenham cafeína, como café, chá preto e alguns refrigerantes (mesmo
diet) se não quiser se irritar mais.
7. Os carboidratos integrais são úteis no controle da glicemia e da TPM. Além de
colaborarem para a produção da serotonina que garante nosso bem-estar, são ricos em
fibras que aumentam a saciedade, melhoram o funcionamento do intestino e a eliminação
de resíduos.
8. Não use o álcool contra o estresse. Ele sobrecarrega o fígado e pode ocasionar
hipoglicemia.
9. Evite o chocolate. O bem-estar que promove é passageiro. Se for irresistível, consuma
uma porção pequena na versão diet.
10. Não perca tempo. Procure um médico. Ele saberá dar a orientação mais adequada ao seu
caso.

Essa divisão, entretanto, serve apenas para facilitar o diagnóstico, já que não há exame que
possa identificar e definir o tipo de síndrome que a mulher enfrenta. Por isso o ginecologista Dr.
José Bento, autor do livro “TPM Sob Controle”, adota o diário de sintomas, para que o paciente
anote por três meses as sensações e os desconfortos observados nesse período. Em geral, as
queixas são comuns a pelo menos dois tipos, com mais destaque para um. É um exercício de
autoconhecimento que ajuda a mulher a enfrentar o problema, garante o médico.
Nas mulheres com diabetes, os efeitos da TPM podem ser mais avassaladores, já que os mesmos
fatores que desencadeiam a síndrome podem ter efeitos sobre o índice glicêmico. O
sedentarismo, a alimentação e o estresse criam condições para que o índice do açúcar se eleve.
Ou seja, o diabetes não provoca a TPM e ela não desestabiliza a glicemia, mas juntos podem
complicar muito a rotina da mulher.
A recepcionista Elisa Coelho tem diabetes e TPM. Ela explica que nos dias que antecedem a
menstruação, a exemplo de outras mulheres, sente-se mais sensível e chora facilmente. Em geral,
tem uma alimentação equilibrada, mas nesse período precisa se controlar. Tende a comer mais.
De acordo com recomendação médica, quando é impossível resistir, procura comer uma porção
bem pequena. No caso dos doces, opta por versões diet. Essas mudanças no cardápio exigem
um aumento na frequência das monitorizações e ajustes na aplicação de insulina. Um exemplo:
nossa entrevista aconteceu em plena TPM. Dessa vez, “bateu” uma vontade de tomar milk shake
de morango. No lugar de consumir um de 700 ml, se contentou com um menor, de 300 ml.
Eventualmente sente vontade de ingerir salgados. Como mora na Bahia, tem vontade de acarajé e
batata frita.
Ana Paula Almeida convive com o diabetes e a TPM desde os 22 anos. Hoje, aos 40, relata que
sente os seios mais sensíveis e cólicas, além do irresistível desejo de comer chocolates.
Consome quase que diariamente, mas se controla. Não passa de uma pequena barrinha. Ela
sabe que esses sintomas são típicos da TPM, nada tem a ver com o diabetes mas, por causa
dele, precisa ficar muito atenta à glicemia, que às vezes, nesse período, vai às alturas. Ana Paula
usa bomba de infusão de insulina, faz medição de glicemia seis vezes ao dia e toma a insulina
para corrigir as oscilações. Ela acrescenta que isso não é tão simples. A insulina que toma nem
sempre deixa a glicemia no nível desejado.
O Dr. José Bento lembra que a TPM deve ser combatida em diversas frentes, mas o tratamento
deve ser individualizado, principalmente no caso das mulheres que têm diabetes. Em geral, além
de mudanças na dieta os médicos adotam, dependendo do tipo de TPM, ansiolíticos, diuréticos e
antidepressivos no tratamento.
Outras alternativas de tratamento são alguns anticoncepcionais orais de baixa dosagem (sem
contraindicação para mulheres com diabetes) que devem ser tomados durante 24 dias, com
intervalo de quatro. A experiência tem se revelado eficiente entre mulheres que reclamavam de
depressão, baixa produtividade e problemas nos relacionamentos.
Quando se pensa em diabetes e TPM, é possível traçar um programa que possa cuidar dos dois
problemas ao mesmo tempo. A atividade física regular, é recomendada nos dois casos. Se de um
lado, os exercícios físicos promovem a liberação de endorfinas capazes de diminuir a incidência e
a intensidade dos sintomas da TPM, por outro colaboram também para o controle da glicemia.
A má alimentação é outra questão que deve ser bem resolvida para o benefício de todas as
mulheres portadoras de diabetes ou não. Dietas ricas em açúcar e refinados, por exemplo,
favorecem a produção de serotonina. Na dose certa o chocolate promove o bem-estar geral da
pessoa, mas em excesso provoca ansiedade e altera o humor. Segundo o ginecologista Dr. José
Bento, é como “jogar gasolina na fogueira”.
Os alimentos de difícil metabolismo sobrecarregam o fígado que, funcionando mal, compromete a
ação da insulina e a falta de fibras dificulta a excreção de resíduos do organismo.
O apoio emocional, porém, não deve ser esquecido. Se nos “períodos de fúria” a mulher não
encontrar um parceiro preparado, a própria relação pode acabar. É importante que ele entenda o
problema e saiba lidar com ele. Isso só se resolve com o diálogo.
No campo profissional, a situação tende a ser mais complicada. Ao assumir a TPM como um
problema e não tratá-lo, a profissional pode permitir que o fato seja usado contra ela mesma. Por
isso, a mulher deve buscar ajuda o quanto antes. Estima-se que no Brasil, 8 em cada 10 mulheres
em idade reprodutiva sofram com a TPM. Isso equivale a 41 milhões de mulheres. O dado é ainda
mais grave se pensarmos que boa parte delas sequer tem consciência de que a síndrome é um
problema e pode sim ser tratada.

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