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Solares para a
Produção de Calor de Processo Industrial
EDIÇÃO
DGGE / IP-AQSpP
DESIGN
2 & 3 D, Design e Produção, Lda.
IMPRESSÃO
Tipografia Peres
TIRAGEM
1000 exemplares
ISBN
972-8268-30-0
DEPÓSITO LEGAL
?????????????????????????????
Publicação gratuita
AIGUASOL Enginyería
O projecto POSHIP foi finan-
ciado pela Comissão Europeia –
Direcção-Geral de Energia e
Transporte, através do Programa
ENERGIA (5º Programa Quadro;
Energia, Ambiente e Desenvolvi- Instituto Nacional de Engenharia, Instituto para la Diversificación
mento Sustentável; projecto n.º Tecnologia e Inovação (INETI) y Ahorro de la Energía (IDAE)
NNE5-1999-0308).
I NTRODUÇÃO
1.3 Indústria Alimentar 3. REGRAS BÁSICAS PARA AVALIAÇÃO 5.1 Incentivos Públicos
1.3.1 Vinho e outras Bebidas DE VIABILIDADE E PROJECTO DE 5.1.1 Programas de Incentivos da
1.3.2 Carne SISTEMAS SOLARES . Comunidade Europeia
1.3.3 Conservas Vegetais (página 20) 5.1.2 Programas de Incentivos
1.3.4 Conservas de Peixe 3.1 Análise de Viabilidade – Nacionais
1.3.5 Produtos de Nutrição Infantil Critérios de Avaliação 5.2 Financiamento de Sistemas
1.4 Indústria de Lacticínios 3.1.1 Selecção dos Processo mais Solares Térmicos Industriais
1.5 Indústria Têxtil Adequados (interfaces) para
1.5.1 Acabamento Acoplamento do Sistema Solar
1.5.2 Fabrico de Lã 3.1.2 Influência da Temperatura
1.6 Indústria do Papel de Funcionamento
1.6.1 Produção de Pasta do Papel 3.1.3 Continuidade da Carga e
1.6.2 Produção do Papel Armazenamento
1.7 Indústria Química 3.1.4 Zonas Climáticas na Penín-
1.8 Indústria Automóvel e Indús- sula Ibérica
trias Auxiliares 3.1.5 Resumo dos Critérios de
1.8.1 Produção de Pneus Avaliação
1.8.2 Pintura 3.2 Regras Básicas para o Projecto
1.9 Indústria dos Curtumes de Sistemas.
1.10 Indústria Corticeira 3.2.1 Campo de Colectores
3.2.2 Armazenamento
2. C OLECTORES SOLARES . 3.2.3 Acoplamento ao Sistema
T ECNOLOGIA DISPONÍVEL . Convencional e Regulação
(página 14) 3.2.4 Sistemas Solares Térmicos e
2.1 Introdução Cogeração
2.2 Tipos de Colectores Solares
2.2.1 Colectores Solares Planos 4. E STUDO DE CASOS .
8
Os processos com um consumo trias, está na gama de tempera- Essa análise esteve focalizada na
contínuo de calor durante as horas turas que vai até aos 200ºC. avaliação do consumo de calor
de sol e ao longo do ano são aque- • O maior consumo de calor está pelos níveis de temperatura dos
les onde são encontradas as localizado nas indústrias de papel e processos industriais. Baseado nos
condições mais favoráveis para a alimentar. Um considerável con- resultados desta análise, foi estu-
aplicação da energia solar. sumo de calor está também situado dada a potencial implementação
Estes processos podem ser, por nas indústrias têxteis e químicas. de sistemas solares térmicos.
exemplo, o aquecimento de ba- • Na gama dos 100ºC aos 200ºC O Quadro 1 dá uma visão geral
nhos líquidos para lavagem, a maior parte do calor de processo das indústrias analisadas no pro-
processos de secagem e tratamen- é usado na indústria alimentar, j e c t o P O S H I P. M e s m o q u e o
tos químicos, aquecimento de ar têxtil e química para diversas apli- número de empresas para as quais
para secagem e produção de vapor cações tais como secagem, cozi- há dados disponíveis, seja dema-
a baixa pressão para usos vários. mento, limpeza, extracção e siado escasso para tirar conclusões
Um outro grande leque de apli- muitas outras. quantitativas exactas extrapo-
cações dos sistemas solares pode lando-as a sectores industriais
ser encontrado na produção de Nas secções seguintes apresenta-se completos, os números obtidos
frio através de máquinas de um resumo dos dados mais impor- podem ser considerados como
absorção ou que usem outros ci- tantes sobre o consumo de calor uma primeira estimativa do
clos térmicos, sendo a combi - nos sectores e processos industri- potencial da energia solar térmica 9
Figura 1 Distribuição das necessidades de calor por temperaturas. Indústrias estudadas no projecto POSHIP,
agrupadas em sectores industriais.
Quadro 2 Potencial solar em calor de processo na indústria espanhola e portuguesa. Dados em TWh (milhões de MWh)
temas térmicos solares. portuguesa das Figuras 1 e 2, a
Na Figura 2 mostra-se o potencial ordem de magnitude do potencial 1.2.1 M ALTE
de aplicações, técnicamente pos- solar pode ser estimado por sim-
síveis, para a energia solar térmica ples extrapolação proporcional A acção mais importante do calor
(dada pela área de telhado máxima para o conjunto total da Indústria no processo de fabrico do malte é
disponível e por uma contribuição (Quadro 2). O potencial total de na secagem do malte germinado,
solar máxima de 60%). A mesma aplicações técnicamente possíveis de forma a reduzir a sua percenta-
Figura mostra também o potencial para obtenção de calor de gem de humidade. Como tal, é
de aplicações, económicamente processo com sistemas solares em usado ar pré-aquecido entre os 35
viáveis (competitividade económica Espanha e Portugal pode ser esti- e os 80ºC com um fluido auxiliar
com os combustíveis fósseis, con- mado, em primeira aproximação, (vapor a baixa pressão saturado ou
siderando uma potencial redução em 5.5 TWh ou 3.6% do con- água sobreaquecida).
de custo de 50% para os sistemas sumo industrial total de calor. O consumo de calor a baixas tem-
solares a curto prazo e 25% de
financiamento público).
Espanha Portugal Penísula Ibérica
Em muitas indústrias, o factor
Consumo de Energia Final 855,119 209,340 1,064,459
limitador é a área de telhado ou
de solo disponível, de tal modo Calor Total na Indústria 128,268 25,121 153,389
(% do consumo de energia final) 15% 12% 14%
que não há diferença entre o Baixa e Média Temperat. 29,117 7,285 36,402
(% do calor total na indústria) 23% 29% 24%
potencial técnico e económico.
Potencial do solar térmico 4,368 1,093 5,460
Usando os dados referentes às
10
lidade de cobrir parte das necessi-
dades de frio através do arrefeci-
mento solar.
fábricas de cerveja na parte sul da Na indústria alimentar, são usados maior procura de calor situa-se no
Península Ibérica. o s s e g u i n t e s c o m b u s t í ve i s , n a processo de esterilização, que é le-
maioria para produção ou apli- vado a cabo em autoclaves usando
1.2.2 C ERVEJA cação directa de vapor: fuel-óleo o vapor como fonte de calor. Esta
(bastante usado), gás natural, operação é feita controlando o
No processo de fabrico de cerveja, gasóleo, propano e biomassa. Nos tempo vs. a curva de temperatura.
a energia térmica necessária repre- últimos anos, o fuel-óleo tem
senta 77%. O Quadro 3 mostra a vindo a ser substituido parcial- Preparação do mosto 40 a 50 %
distribuição do consumo de calor mente por gás natural. Aquecimento local <5%
12
conseguido directamente através sárias temperaturas entre 40 e do POSHIP mostraram grandes
de jactos de vapor ou, indirecta- 130ºC. Neste sector, são usadas consumos de calor, entre 28 000 e
mente, num permutador de calor. variadas técnicas na recuperação 75 000 MWh.
do calor do efluente.
peraturas dos 70 aos 90ºC, e para peratura de 170-180ºC e de 8 a É possível estimar a seguinte dis-
secagem dos têxteis com ar quente 10kg/cm 2 de pressão, durante o tribuição do consumo de energia
e cilindros de secagem aquecidos processo de lixiviação. neste sector: electricidade 38 a
por vapor. 45%, combustíveis (sobretudo gás
O sistema mais amplamente uti- Os combustíveis mais amplamente natural) 62 a 55%.
lizado para o aquecimento dos utilizados são fuel-óleo, fuel- O consumo de calor é principal-
banhos é o uso de vapor, quer por -óleo/estilha, estilha e gás natural. mente para a produção de vapor. O
injecção directa no fluido quer São frequentemente utilizados sis- vapor é usado em processos carac-
indirectamente fazendo circular o temas de co-geração com turbinas terísticos de tratamento da borracha
vapor por um tubo submerso den- a vapor. (85 a 90%) e o restante do consumo
tro do banho. de calor é usado para a climatização
1.6.2 P RODUÇÃO DE PAPEL dos edifícios (10-15%).
Em muitas destas indústrias, a
produção é contínua e o consumo Mais de 90% do consumo de calor 1.8.2 P INTURA
de calor é bastante elevado. Exis- para a produção de papel é usada
tem muito boas condições para o em processos de secagem tanto Na secção de pintura da indústria
uso de energia solar no aqueci- com ar quente como com cilin- automóvel, são usados banhos
mento dos banhos. dros aquecidos a vapor, a cerca de líquidos a temperaturas bastante
O gás natural tem tomado uma 135ºC. O consumo de calor nesta baixas (35 a 55ºC) para limpeza e
posição predominante entre os indústria é contínuo, 24 horas por desengorduramento.
combustíveis usados no acaba- dia e quase 365 dias por ano. As
mento dos produtos têxteis. relativamente altas temperaturas
requeridas nos cilindros de 1.9 I NDÚSTRIA DOS C URTUMES
1.5.2 P RODUÇÃO DE LÃ secagem, podem ser obtidas
através de colectores solares cilin- A energia neste sector representa
No armazenamento, bombagem e drico-parabólicos. As duas indús- entre 4 e 5% dos custos de pro-
pulverização do velo, são neces- trias de papel incluidas na análise dução. No custo total, a energia
eléctrica representa 60 a 65% e a No entanto, o valor mais elevado Na secção 2.2, apresenta-se uma
energia térmica 40 a 35%. de temperatura é atingido na pro- breve descrição técnica das dife-
O consumo total de energia é de dução de aglomerado negro de cor- rentes tecnologias de colectores
cerca de 700 GWh/ano, dis- tiça, em que o vapor é aquecido solares e dos diferentes tipos de
tribuido da seguinte forma: ener- acima dos 300-370ºC na entrada sistemas solares existentes actual-
gia térmica: 550 GWh; energia da autoclave usando um queimador mente. Na secção 2.3, faz-se uma
eléctrica: 153 GWh/ano. alimentado por cortiça em pó. avaliação do comportamento tér-
O combustível mais utilizado é o mico e uma análise económica dos
fuel-óleo (80% em 1994), seguido sistemas solares térmicos activos
do gás natural (18%), gasóleo, 2. C OLECTORES S OLARES para produção de calor industrial.
propano, resíduos florestais e outros. T ECNOLOGIA D ISPONÍVEL A Secção 2.4 apresenta alguns dos
Os processos de consumo de calor sistemas deste tipo já existentes.
são processos húmidos (água 2.1 I NTRODUÇÃO O componente principal de um sis-
quente a temperaturas entre os 30 tema solar térmico é o colector
e 60ºC) e processos de secagem Os processos industriais necessi- solar. O colector solar mais simples
(aquecimento de ar). tam habitualmente de energia é formado por uma superfície preta
numa gama de temperaturas, e por um fluido que circula em con-
desde a temperatura ambiente até tacto com esta de modo a extrair a
1.10 I NDÚSTRIA C ORTICEIRA 250ºC. Podem, assim, utilizar-se energia solar absorvida e a utilizá-la
s i s t e m a s s o l a re s t é r m i c o s p a r a para um determinado fim.
Nos processos de armazenagem e fornecer energia nesta gama de Claro que as perdas de um
bombagem do combustível, o temperaturas. absorsor deste tipo são grandes
nível de temperatura usado para De acordo com a gama de tempe- sendo necessário proceder de
aquecimento é, respectivamente, raturas necessárias ao processo modo a reduzí-las, colocando o
de 40-45ºC e 60-70ºC. Para a industrial, podem utilizar-se absorsor dentro de uma caixa com
pulverização do combustível, este colectores com diferentes tecnolo- isolamento por baixo e uma
é aquecido a temperaturas de 100- gias, assim como diferentes for- cobertura transparente por cima.
130ºC, quer dentro quer fora do mas de integração do sistema solar Esta solução é conhecida como
Quadro 4 Sectores e processos industriais com condições favoráveis para a aplicação de calor solar.
queimador. no sistema de aquecimento con- sendo o colector plano com uma
A cortiça é fervida em água a uma vencional do processo. cobertura.
temperatura de 100ºC, de ma-
neira a extrair o ácido tânico, a SECTOR PROCESSOS NÍVEL DE TEMP. (ºC)
14
Figura 4 Secção transversal de um colector solar plano.
colectores. (ver Caixa 1). com um bom rendimento. terem um coeficiente de emissão o
A descrição dos tipos de colectores mais baixo possível nos c.d.o. do
Pa r a a p l i c a ç õ e s e m q u e s ã o mais importantes é feita na secção IV (Infra-vermelho) que corres-
necessárias temperaturas acima de seguinte. ponde às temperaturas de fun-
80 ºC, não pode ser utilizado o cionamento do colector. Os colec-
colector solar plano normal uma tores que utilizam este tipo de
vez que terá rendimentos instan- 2.2 T IPOS DE COLECTORES SOLARES revestimento são designados por
tâneos inferiores a 40%. 2.2.1 COLECTORES SOLARES selectivos e todos os outros que
No entanto, foram, desenvolvidas PLANOS têm apenas uma pintura preta, são
outras tecnologias para colectores designados por não-selectivos.
s o l a re s q u e a p re s e n t a m re n d i - Como foi já mencionado, o colec- Cobertura simples/Dupla cober-
mento superior para as tempera- tor solar plano (CSP) é o disposi- tura, barreiras convectivas. Outro
turas mais elevadas. Os colectores tivo mais simples para conversão dos mecanismos de perdas é a
a utilizar para a produção de calor da energia solar em calor. convecção. Uma forma de reduzir
industrial podem dividir-se em O fluido que circula no absorsor é a convecção é a utilização de uma
dois grandes tipos: normalmente água (frequente- cobertura transparente, normal-
mente com aditivos para protecção mente uma película fina transpa-
Colectores Estacionários de congelamento). No entanto, rente colocada entre a cobertura
Estes colectores não utilizam podem utilizar-se outros fluidos de vidro e o absorsor. O melhor
qualquer mecanismo de acompa- dependendo principalmente das material para este fim é o Teflon,
nhamento do movimento apa- temperaturas de funcionamento. que tem transmissividade elevada
re n t e d o So l . Po d e m p r o d u z i r e boa resistência térmica. Outra
calor para temperaturas baixas e Os colectores incorporam dife- possibilidade é a utilização de
médias até 150ºC. Pertencem a rentes tecnologias de modo a materiais transparentes isolantes
este grupo os colectores planos, os reduzir as perdas térmicas. (TIM) que permitem a construção
colectores de tubos de vácuo e os Absorsores selectivos vs não selec- de colectores planos estacionários
concentradores do tipo CPC. tivos. Num colector solar um dos com rendimentos elevados.
Figura 7 Representação esquemática de um colector do tipo CPC com absorsor tubular.
O rendimentos instantâneo (η) de um
colector solar é dado pela razão entra
potência fornecida pelo fluido de
transferência e a radiação solar inci-
2.2.2 C OLECTORES DE VÁCUO Para um colector sempre esta-
dente na abertura do colector. O
cionário, θ deve ser elevado, i.e., a
rendimento é habitualmente represen-
Estes dispositivos permitem a eli- concentração deve ser baixa. Pode
tado em função de ∆Τ em que:
GΤ minação das perdas por condução e demonstrar-se que, para um con-
∆T (K) é a diferença entre a tempe- convecção através da remoção do ar centrador ideal, o ângulo de
ratura média do fluido de transferên- em torno do absorsor, de onde aceitação deve ser θ ≥ 30º sendo,
da transmissividade da cobertura, do comparação com a área de cap- indicada, era uma combinação de
coeficiente de absorção e da reflectivi- tação, atendendo a que as perdas parábolas. Os espelhos são pro-
dade dos espelhos no caso de colec- térmicas são proporcionais à área duzidos com a forma adequada e
tores concentradores). de absorsor e não à área de captação reflectem a radiação para o
(abertura). A concentração pode absorsor.
c1 , c2 são os coeficientes de perdas tér-
obter-se utilizando reflectores que
micas, linear e quadrático; parâmetros
forçam a radiação, incidente com Os grandes ângulos de aceitação
que caracterizam as perdas do colector
um ângulo inferior a um determi- destes dispositivos permitem-lhes
para a atmosfera (incluem perdas por
nado ângulo na abertura do colec- captar radiação directa e difusa
convecção, condução e radiação).
tor, a incidir no absorsor após uma tal como acontece com os colec-
c1 (W/K m2); c2 (W/K2m2).
ou mais reflexões. tores planos. Este é um aspecto
interessante deste tipo de con-
A concentração da radiação solar centradores quando comparados
pode obter-se aplicando os princí- com os concentradores que
pios da óptica não focante em que necessitam de seguir o movi-
a relação entre a concentração e o mento aparente do Sol.
Figura 6 Colector de tubos de vácuo (CTV).
16
• Os colectores com um eixo de
rotação e foco linear podem seguir
o Sol apenas acompanhando a
altura do Sol acima do horizonte.
• Nos colectores com dois eixos de
rotação e foco pontual (pratos
parabólicos, centrais de torre com
heliostatos e fornos solares) os
raios solares estão sempre perpen-
diculares à superfície do colector.
Estes colectores são habitual-
mente utilizados em aplicações
que requerem temperaturas supe-
riores a 400ºC. Figura 9 Possibilidades para o acoplamento do sistema solar com o sistema de aquecimento convencional.
400°C para produção térmica de por estes colectores, é limitada. tores solares nos quais circula um
energia eléctrica ou para produção No entanto, devido ao mecanismo fluido, água ou água com glycol
de calor industrial. Os reflectores que lhes permite o acompanha- (circuito primário). A circulação
com forma parabólica concentram mento aparente do movimento do do fluido é controlada por um dis-
a radiação solar directa no Sol, captam radiação directa sem- positivo dependendo da intensi-
absorsor colocado no foco linear pre com incidência normal, o que dade da radiação solar incidente
da parábola. O absorsor é consti- não acontece com os colectores nos colectores. Um permutador
tuído por um tubo com uma área estacionários. permite a transferência de energia
habitualmente 25 a 35 vezes infe- térmica, resultante da conversão
rior à abertura. O fluido a aquecer Nos anos 90, nos EUA foram insta- da radiação solar nos colectores,
circula através deste tubo. Os fluidos lados diversos sistemas com áreas que pode ser utilizada para aque-
utilizados são água pressurizada ou entre 500 m2 e 2 500 m2 que apre- cer líquidos, ar ou produzir vapor.
óleo térmico. sentam um funcionamento regular O acoplamento do sistema solar ao
e fiável ao contrário de casos ante- sistema de aquecimento conven-
riores. Nos últimos anos, várias cional pode ser feito em diferentes
empresas iniciaram a venda de pontos: acoplamento directo a um
colectores cilindro-parabólicos processo, pré-aquecimento de água
para uma gama de temperaturas ou geração de vapor no sistema
entre 50°C – 300°C. Dois projec- central. (Figura 9).
tos de arrefecimento solar com
colectores cilindro-parabólicos, em Em muitas indústrias as necessi-
Barcelona (Espanha) e em Alanya dades de aquecimento são tão ele-
(Turquia), iniciam o seu funciona- vadas que não há necessidade de
mento em 2001. armazenamento da energia cap-
2.4 A VA L I A Ç Ã O T É R M I C A E
mite instalar sistemas solares de TRIAIS COM ARMAZENAMENTO DE Para exemplificação considerou-se
muito baixo custo uma vez que ENERGIA um sistema sem armazenamento
são eliminados os custos do como o descrito em 2.3.1. Este sis-
armazenamento de energia. Se, como é frequentemente co- tema é constituído por um campo
mum, o processo industrial fun- de colectores (com uma área bruta
O caso mais simples é aquele que ciona só 6 ou 5 dias na semana, i. de 1000 m 2 ) e pelos dispositivos
corresponde a um sistema solar é, não funciona no fim de semana, necessários à circulação e controlo
fornecendo energia a um processo o sistema pode ser projectado con- do fluido de transferência nos
industrial em funcionamento con- siderando o armazenamento da colectores. A energia média anual
tínuo e com uma carga constante energia captada durante o fim de fornecida, foi determinada por um
(ou pelo menos durante grande semana. Esta será utilizada durante método de simulação dinâmica,
número de horas do período de os restantes dias da semana. com o programa TRNSYS.
funcionamento) e superior aos
ganhos solares (processo funcio- O armazenamento será também Nos casos em que se consideraram
nando pelo menos 12 horas por necessário se se verificarem grandes c o l e c t o re s e s t a c i o n á r i o s , e s t e s
dia no período diurno). flutuações nas necessidades de estavam orientados na direcção Sul
energia para o processo industrial e com uma inclinação de aproxi-
Nestes casos, o sistema solar pode durante os períodos de funciona- madamente 30º que dependia da
ser projectado sem armazena- mento (picos de carga, pequenos latitude do local de instalação.
mento. O calor solar produzido intervalos de paragem do processo)
alimenta directamente o processo A representação esquemática de um A Fi g u r a 1 2 m o s t r a a e n e r g i a
ou o sistema de aquecimento con- sistema solar térmico com arma- média anual fornecida para três Figura 11 Sistema solar com armazenamento.
vencional. Na Figura 10 pode ver- zenamento é feita na Figura 11. locais e para cinco tipos de colec-
-se uma respresentação esquemática
de um sistema deste tipo.
18
tores já mencionados. A energia
fornecida é representada em
função da temperatura de
processo, i.é, da temperatura do
fluido na saída do colector.
Figura 12 Energia média anual fornecida para 3 locais, em função da temperatura do processo. Todos os valores são referidos
É possível observar que a energia à área bruta do colector.
Quadro 5 Custos totais do investimento para sistemas solares por área bruta de colector.
Tipo de Colector Custo do investimento
para todos os locais, um fraco indo montagem, fundações, estru- [Euro/m2]
Plano 275
compor tamento para tempera - tura de apoio e tubagens no
campo de colectores) corresponde CPC 300
turas superiores a 60ºC. Estes
colectores são, no entanto, a a 80% dos custos totais. O adi- Cilindro-Parabólico 312.5
escolha de mais baixo custo para cional de 20% corresponde à Plano c/ Vácuo 400
as aplicações industriais com tem- tubagem até ao processo, permu- Tubos de vácuo 437.5
peraturas de processo baixas. tadores de calor, bombas, disposi- Tubos de vácuo c/ CPC 437.5
cos para aplicações industriais, (INTERFACES) MAIS ADEQUADOS PARA O acoplamento directo a um
cuja listagem é feita nos Quadros 6 ACOPLAMENTO DO SISTEMA SOLAR . processo pode ser feito, essencial-
e 7; alguns deles encontram-se, no mente, de duas formas:
entanto, já fora de funcionamento. Um primeiro passo no estudo de O (pré-)aquecimento de um fluido
Na Fi g u r a 1 4 p o d e m v e r - s e viabilidade é a selecção da inter- em circulação (e.g. água de alimen-
fotografias de dois dos sistemas face mais adequada para acopla- tação do processo, retorno de um
solares térmicos para aplicações mento do sistemas solar ao sis- circuito fechado, pré-aquecimento
industriais que ainda estão em tema de aquecimento já existente. de ar, ...). Esta possibilidade existe
funcionamento. se a circulação do fluido é contínua
Os critérios de selecção são os ou periódica (e.g. renovação perió-
seguintes: dica de água de banhos). Se a cir-
3. R EGRAS BÁSICAS PARA AVALIA - • Baixo nível de temperatura. Os culação é descontínua é necessário
ÇÃO DE VIABILIDADE E PROJECTO sistemas solares para produção de um depósito de armazenamento.
DE SISTEMAS SOLARES energia a temperaturas superiores
a 150ºC são técnicamente pos- Aquecimento de banhos líquidos
Nas secções seguintes são dadas síveis mas são de mais difícil via- ou câmaras de aquecimento
algumas regras básicas para ava- bilização económica. São prefe- (secagem...). Neste caso o con-
liação da viabilidade e para o pro- ríveis as solução de aquecimento a sumo de energia pode dividir-se
jecto de sistemas solares térmicos baixa temperatura (<60ºC). em consumo para aquecimento
para aquecimento industrial. No • Distribuição temporal do con- até à temperatura de início do
Quadro 9 é apresentado um s u m o. O c o n s u m o c o n t í n u o é processo – que ocorre de forma
resumo dos critérios de avaliação preferível (caso contrário existe concentrada no início do dia ou
de viabilidade. necessidade de armazenamento) que ocorre periódicamente depois
• Possibilidade técnica de intro- de cada renovação do conteúdo de
dução de um permutador de calor fluido – e no consumo para
3.1 A N Á L I S E DE VIABILIDADE – entre o sistema solar e o circuito manutenção de temperatura
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO de aquecimento já existente. durante o processo, que corres-
ponde de um modo geral a um
Nesta secção são considerados os Sempre que possível, é preferível o consumo constante durante o
aspectos mais importantes a ter em acoplamento directo do sistema período de funcionamento.
consideração na avaliação de viabi- solar a um ou mais processos indus- Os permutadores de calor exis-
tentes para aquecimento dos ba-
nhos utilizam vapor a tempera-
turas demasiado elevadas para um
sistema solar. A introdução de um
permutador de calor adicional nos
banhos nem sempre é possível, de-
vido à falta de espaço ou a outras
restrições técnicas. Nessas situações
pode utilizar-se um permutador de
calor externo em associação com
uma bomba circuladora.
Figura 14 Instalações solares para produção de calor industrial que se encontram em funcionamento: (esquerda)
Fábrica da Knorr, Portugal; (direita) Produção de água quente com colectores Cilidro-parabólicos, Califórnia, EUA.
20
Informação Geral Informação do Processo Informação do Sistema Solar
Acrónimo Empresa Local Ano início de Processo Área de Temperatura (à saída
(utilizador do sistema) funcionamento colectores campo colectores)
m2 0
C
ESPANHA
Aquecimento de água,
PORTUGAL
E.U.A.
22
e Su l d e Po r t u g a l , A n d a l u s í a , Podem obter-se custos razoáveis da
Múrcia, Valência, Zona Centro de energia (20 - 60 Euro/MWh, sem
Espanha. Observam-se níveis financiamento do estado) em sis-
médios de radiação (1400 … temas para temperaturas baixas
1600 kWh/m 2 .ano) na Catalunha, (<60ºC) mesmo em condições não
Galiza e Norte de Portugal. Os va- óptimas (níveis médios de radiação
l o re s b a i xo s d e r a d i a ç ã o ( H < solar ou consumo descontínuo).
1400 kWh/m 2 .ano), comparáveis Só se recomendam os sistemas para
aos dos climas da Europa Central, temperatures acima de 100ºC, a
são predominantes na Costa custos actuais, se todas as outras
Figura 16 Radiação solar global incidente na superfície horizontal (H) na Península Ibérica. Fonte: Meteonorm.
P ENÍNSULA I BÉRICA .
Figura 17 Custo da energia útil para diferentes sistemas em função da temperatura média anual de
funcionamento. Cores: radiação solar muito elevada (escuro), elevada (branco), média (tom médio). círcu-
los: sistemas com carga contínua. losangos: sistemas com carga contínua durante a semana e paragem no fim-
de-semana; triângulos: sistemas com funcionamento sazonal.
O Quadro 8 dá uma orientação colectores (telhado, terraço ou nas primeiras horas da manhã e a
para a selecção dos colectores mais terreno anexo) estes poderão ser extracção de calor residual depois
adequados. instalados com uma inclinação do pôr do sol, utilizando um con-
A área de colectores necessária pode inferior de modo a aumentar os trolo adequado do sistema solar.
ser estimada a partir dos resultados ganhos solares. No entanto, para
apresentados no Capítulo 2. Os colectores com cobertura (vidro) 3.2.2 A RMAZENAMENTO
ganhos máximos médios anuais que é recomendado um limite mínimo
podem ser obtidos com um sistema para a inclinação de 20º, aten- No Capítulo 2 foi feita uma intro-
solar térmico variam entre 350 a dendo à possibilidade de limpeza dução aos sistemas solares térmi-
1100 kWh/m 2 , dependendo do da cobertura com o efeito da cos com armazenamento.
local de instalação e da temperatura chuva e também à estanquicidade Quando existe um desajuste tempo-
de funcionamento. Para um pro- do colector. É aceitável um desvio ral entre disponibilidade de radia-
jecto detalhado do sistema, devem da orientação Sul até 45º que con- ção solar e a ocorrência de consumo
utilizar-se simulações dinâmicas do duz a cerca de 10 % de redução na recomenda-se a utilização de um
funcionamento do sistema tendo energia fornecida pelos colectores. armazenamento de curto prazo.
em c o n ta o p e r fi l d e c o n su m o Para este armazenamento de curto
específico. A potência térmica de Com um cálculo adequado do cau- prazo (algumas horas) recomenda-
pico de um colector solar é aproxi- dal, do diâmetro da tubagem e do se um volume de 25 litros/m 2.
madamente 500 W/m 2 para sis- isolamento da mesma, os con-
temas funcionando a temperatura sumos de energia eléctrica nas Este armazenamento de curto
média e 1000 W/m 2 para sistemas bombas circuladores podem ser prazo pode ser adequado também
a baixa temperatura. inferiores a 1% dos ganhos solares. para processos com um funciona-
As perdas térmicas na tubagem mento contínuo, com o objectivo
Na Península Ibérica, a instalação não devem ultrapassar os 5% dos de baixar a temperatura média de
dos colectores com uma incli - ganhos solares para sistemas de funcionamento do sistema solar,
nação de 30º e uma separação média e grande dimensão. aumentando o seu rendimento,
entre filas de, pelo menos, 1.5 Os ganhos solares são superiores especialmente quando se utilizam
vezes a altura bruta dos colectores, se os caudais no sistema solar e no colectores de baixo custo mas com
corresponde à obtenção de ganhos consumo forem próximos. Deve perdas térmicas elevadas.
médios anuais óptimos por pôr-se a hipótese de haver uma
unidade de área de colectores. regulação do caudal no campo de Quanto maior for a dimensão do
Quadro 8 Selecção do tipo de colector de acordo com a temperatura de funcionamento.
Neste caso a razão entre a área colectores (e.g. caudais variáveis). sistema, mais eficaz é o armazena-
bruta de colectores e a área de Po d e m m e l h o r a r - s e o s g a n h o s mento para períodos de tempo mais
implantação dos colectores é infe- solares até 20%, considerando a longos (p.exemplo, fins de semana).
rior a 2/3. Se existe uma área li- instalação de um by-pass para pré- O armazenamento de fim de sema-
mitada para a implantação dos aquecimento do circuito primário na torna-se económico a partir de
500 m 2 de área instalada. Os volu-
mes de armazenamento de fim-de-
semana devem ser da ordem de 250
GAMA DE TEMPERATURA PROCESSO
litros/m 2. Neste caso, os custos do
< 40 ºC Colectores sem cobertura ou colectores planos comuns de baixo custo. armazenamento serão cerca de 10 -
24
existe maior disponibilidade de
radiação solar implicaria um
aumento da energia eléctrica
fornecida pela rede nesse período.
Na Fi g u r a 1 9 c o m p a r a - s e a
Figura 18 Combinação de sistemas solares térmicos com a recuperação de calor de efluentes.
Temperatura de funcionamento Temperaturas não superiores a 150 ºC, melhor comportamento abaixo de 100 ºC.
No Sul e Centro da Península Ibérica existem muito boas condições. Nas regiões com níveis médios e baixos de
Clima radiação (H < 1600 kWh/m2) pode considerar-se a instalação deste tipo de sistemas, se todas as outras condições
forem favoráveis (baixa temperatura de funcionamento, consumo constante).
As paragens no Verão afectam o comportamento do sistema. As perdas dos potenciais ganhos solares são
Continuidade do consumo proporcionais à duração dos períodos de paragem.
Distribuição anual São favoráveis os consumos contínuos ou com picos no período diurno. As pequenas interrupções (algumas horas)
Distribuição diária podem ser amortecidas utilizando um armazenamento de pequeno volume que implica um pequeno acréscimo do
custo do sistema.
A viabilidade económica dos sistemas solares térmicos depende muito da dimensão do sistema. O custo da energia
Dimensão do sistema fornecida pelo sistema solar nos grandes sistemas (> 1000 m2, potência solar de pico > 0.5 MW), pode ser cerca
de 50% inferior ao dos pequenos sistemas (< 100 m2, potência solar de pico < 50 kW).
Ganhos solares anuais Para garantir a viabilidade económica, os ganhos anuais de um sistema solar devem ser de pelo menos 500 kWh/m2.
Fracção solar Os sistemas devem ser projectados para terem Fracções Solares não superiores a 60% (para consumos contínuos).
Deve existir uma disponibilidade de área de instalação no solo ou em telhado que permita obter Fracções Solares
Área de solo ou telhado entre 5 to 60 %. A orientação dos colectores virados a Sul e com inclinações de aproximadamente 30º é óptima.
disponíveis São aceitáveis pequenos desvios relativamente a estes valores(±45º relativamente à direcção Sul), (±15º da
inclinação óptima). Devem ser evitados grandes comprimentos de tubagem.
Aspectos de resistência estática A necessidade de reforçar a estrutura de suporte do telhado aumenta o custo do sistema e reduz a viabilidade
do telhado económica. A carga estática devida à instalação de colectores é de 25 – 30 kg/m2 para colectores comuns.
Numa primeira fase, devem ser exploradas todas as possibilidades de melhorar o rendimento energético do
Recuperação do calor de
processo industrial por aproveitamento do calor de efluentes e por cogeração. Os sistemas solares devem ser
efluentes e cogeração
concebidos de modo a cobrir (parte das) as restantes necessidades de aquecimento.
26
Quadro 10 Lista dos parâmetros mais relevantes dos projectos de demonstração propostos, descritos nas secções 4.1 a 4.4.
EMPRESA /SECTOR /PAÍS PROCESSO GAMA DE TEMPERATURAS TIPO DE COLECTOR ÁREA DE COLECTORES CUSTO ESTIMADO
DE SERVIÇO (**) PROJECTADA
m2 Euros
Cruzcampo
Pré-aquecimento do ar Baixa temperatura CSP com ou sem
Fábrica de Malte 5000 1 320 000
para secagem do malte (10 – 80 ºC) cobertura
Sevilha, Espanha
Um p e r m u t a d o r d e c a l o r a d i -
cional água quente–ar será insta-
lado em frente do permutador de
calor existente que utiliza vapor
do sistema de fornecimento de
calor convencional.
de Portugal, a Península de Setúbal, Ganho solar anual (calor útil) 4770 MWh / ano
caro mudar a actual utilização de unidade moderna (com menos de • A fábrica localiza-se num sítio
grande quantidade de fuelóleo 10 anos) e incorpora no seu pro- com muito boas condições de
pesado (thick fuel) para uma fonte jecto medidas de recuperação de insulação anual: mais de 2800 h
de energia convencional mais limpa. calor que aumentam o potencial de luz solar e 1720 kWh/(m 2 ano).
A fábrica produz malte, passando de utilização de energia solar, • O sistema solar ficará total -
por 3 fases até ao final do processo: quando consideradas novas acções mente independente do sistema
1 a fase: Humidificação da cevada de poupança de energia. convencional existente.
2a f a s e : Ge r m i n a ç ã o d o m a l t e Existem vários factores na fábrica
verde (frio) favoráveis à implementação de um
3 a fase: Secagem do malte (calor) sistema solar: 4.3 B EIRALÃ – L ANIFÍCIOS S.A.
• A fábrica está em operação (P ORTUGAL )
A maior par te do consumo de durante todo o ano: 24 horas/dia,
energia é utilizado na produção de 7 dias/semana, 52 semanas/ano; A BEIRALÃ é uma fábrica têxtil
vapor sobreaquecido (180 ºC, 14 • A energia pode ser utilizada em portuguesa, que produz peças de
bar), o qual é dissipado nos per- simultâneo com a sua captação, o roupa e tecidos de lã. Localiza-se no
mutadores de calor água-ar que que evita a necessidade do seu centro de Portugal, no lado NW do
promovem a secagem do malte armazenamento; sopé da mais alta montanha Por-
(60-80 ºC). Uma pequena parte é • A energia solar é utilizada a um tuguesa - a Serra da Estrela, com
consumida para a manutenção da nível de temperatura baixa, para condições de radiação solar médias -
temperatura apropriada do thick pré-aquecimento do ar exterior para Portugal - de 1520 kWh/m2 ano
fuel no depósito. A fábrica é uma para secagem; e 2400 h de luz solar.
No processo de tinturaria, apenas
uma pequena fracção do consumo
Empresa Grupo Unicer
de calor de processo (1/5) é a
Localização Poceirão (Setúbal) 1 2 0 º C . Na m a i o r p a r t e d e s t e
Sector de produção Fábrica de malte processo não se excede 80ºC. Uma
Processo Préaquecimento do ar para secagem do malte grande quantidade de água quente
a 60-70ºC é também consumida
Temperatura de serviço 20 - 80 ºC
para a lavagem de vasilhame uti-
Quadro 12 Dados característicos do sistema solar proposto.
28
Figura 26 Esquema do sistema solar proposto.
Figura 25 Radiação solar em Portugal e localização da fábrica da BEIRALÃ.
Figura 27 Procura de calor (escuro), frio (claro) e água quente doméstica (tom médio) das instalações
das Bodegas Mas Martinet.
de certificação pela ISO 14000. Figura 28 Necessidades totais de calor e contribuição solar ao longo do ano.
período de inverno. Uma pequena de arrefecimento por absorção DE SISTEMAS SOLARES TÉMICOS
30
5.1.1. P ROGRAMAS DE INCENTIVOS entados para as políticas centradas O preço de custo do equipamento
DA C OMUNIDADE E UROPEIA nas medidas não-tecnológicas específico para sistemas solares
para explorar o melhor potencial (principalmente colectores sola-
O seu objectivo principal é o económico em práticas inovadoras re s ) é a g r a v a d o c o m u m a t a x a
desenvolvimento na Europa de no mercado da energia. Financia- intermédia de IVA de 12%.
sistemas e serviços de energia sus- mento máximo: 50% das despesas
tentáveis, contribuindo para um relevantes.
desenvolvimento mais sustentável 5.2 F INANCIAMENTO DE S ISTEMAS
em todo o mundo, conduzindo a S OLARES T ÉRMICOS I NDUSTRIAIS
uma crescente segurança e diversi- 5.1.2. P ROGRAMAS DE I NCENTIVOS
desenvolvidos na Europa. Os sis- empresas e demais agentes conhecida por ESCO (Energy Ser-
temas de energia propostos devem económicos, o POE – Programa vice Company). Por seu lado, o uti-
alcançar um alto grau de inovação Operacional da Economia (actual lizador de energia tem que fazer
e sustentabilidade, levando em PRIME - Programa de Incentivos pagamentos periódicos à ESCO,
conta os aspectos sociais e o seu à Modernização da Economia). os quais estão indexados ao con-
potencial de demonstração em Inclui o sub-programa MAPE, sumo de energia ou fixados no
t o d o s o s s e c t o re s e c o n ó m i c o s . que regulamenta a medida de contrato. Este contrato é normal-
Financiamento máximo: 50% das a p o i o n a á r e a d a E n e r g i a . No mente concebido de modo a que o
despesas relevantes. MAPE, os sistemas solares térmi- período de retorno do investi-
Programa Energia Inteligente cos são elegíveis para um incen- mento cobre o investimento e os
para a Europa. Este programa, em tivo de 20% (c/ um limite máxi- custos variáveis de empresa de
vigor de 2003 a 2006, tem por mo de 300 000 euros) e um investimentos por terceiros, mais
objectivo reforçar a segurança de e m p r é s t i m o re e m b o l s á v e l a d i - uma margem de lucro. Depen-
abastecimento, combater as alte- cional sem juros de 20% (Portaria dendo da dimensão do projecto e a
rações climáticas e aumentar a nº 394/2004, de 19 de Abril). As garantia de cash flow o modo de
competitividade da indústria empresas que invistam em equipa- pagamento pode ser:
europeia. O "Energia Inteligente – mento solar podem amortizar o
Europa (EI-E)" concederá apoio respectivo investimento no • Pagamento a prestações
financeiro às iniciativas locais, período de quatro anos, visto ser • Compra a prestações
regionais e nacionais nos domínios de 25% o valor máximo da taxa de • Qualquer outro acordo de leasing
das energias renováveis, eficiência reintegração e amortização aplicável
energética e transportes, incluindo (Decreto Regulamentar n.º 22/99, Normalmente, o sistema de ener-
a sua promoção fora do espaço da de 6 de Outubro). Trata-se de uma gia torna-se propriedade do uti-
União Europeia. importante medida, por permitir lizador de energia no final do con-
O Programa EI-E integra por sua a amortização dos sistemas solares trato, se bem que para pequenos
vez os Programas ALTENER e em quatro anos, independente- projectos seja o utilizador de ener-
SAVE. Estes programas estão ori- mente do incentivo. gia o proprietário desde o início.
Estes contratos têm que assegurar
que os riscos do projecto assumi-
dos pela parte financiadora estão
cobertos no caso da produção ou
do consumo de energia não
alcançarem os níveis esperados.
Num projecto bem concebido, o uti-
lizador de energia poupará dinhei-
ro em comparação com os custos
de sistemas alternativos e o finan-
ciador obterá um lucro.
1. P ROGRAMAS E UROPEUS
5º Programa Quadro Iniciativa CONCERTO Orçamento previsto: Projectos integrados de Investi- Organismo:
(2002-2006) -Sub-domínio da secção ~75 MEuros gação, Desenvolvimento e/ou GRICES – Gabinete de Relações
"Sistemas Sustentáveis demonstração transnacionais, Internacionais e do Ensino
de Energia", da Área Incentivo: Até o montante de grande dimensão, geridos Superior
Temática de Prioridade 6 máximo de 50% do custo pelos próprios promotores sob o
total elegível do projecto controlo da Comissão Europeia www.grices.mces.pt
www.cordis.lu/fp6/ist.htm
Incentivos máximos por pro-
jecto:
Programa Energia Sub-programas Save Orçamento: 200 MEuros Projectos transnacionais - Organismo:
Inteligente para a (promoção da eficiência cooperação entre empresas DGGE – Direcção Geral de
Europa energética), e Altener Incentivo: Até o montante (pelo menos três empresas de Geologia e Energia
(2003-2006) (promoção das energias máximo de 50% do custo distintos Estados membros)
renováveis) total elegível do projecto www.dge.pt
http://europa.eu.int/comm/dgs/
energy_transport/index_pt.html
2. P ROGRAMAS N ACIONAIS
PRIME (ex POE) MAPE – Medida de Incentivo: Até o montante Apoio à instalação de sistemas Organismo:
(2003-2006) Apoio ao Aproveita- máximo de 40% do custo solares térmicos Gabinete de Gestão do PRIME
mento do Potencial total elegível do projecto
Energético e Raciona- www.prime.min-economia.pt
lização de Consumos 20% (fundo perdido até o
montante máximo de
300000 Euros) + 20% (finan-
ciamento reembolsável)
Quadro 15 Panorama dos programas de financiamento para centrais solares produtoras de calor de processo. Ponto de situação em Julho de 2003.
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abr_04
Água Quente Solar para Portugal