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RELAÇÕES HOSPEDEIRO-BACTÉRIA
- Essas relações ocorrem tanto no estado de normalidade quanto no estado de doença. O estado de doença é gerado
quando a relação causa desequilíbrio para o hospedeiro.
- Essas relações também são dependentes de múltiplos fatores inerentes à bactéria e ao hospedeiro.
- Sendo assim, há dois tipos básico de relação hospedeiro-bactéria:
• Bactérias como microbiota normal (no organismo sadio, contribuem para equilíbrio fisiológico);
• Bactérias como agentes patogênicos (no organismo doente, infecções)
- Infecção: resultado de uma interação que causa dano ao hospedeiro, devido a perturbações no balanço entre
virulência bacteriana (agressão) e resistência do hospedeiro (defesa).
A severidade e localização da infecção podem variar de acordo com:
a) Hospedeiro = seu estado de resistência e susceptibilidade.
b) Bactéria = grau de patogenicidade e mecanismo de virulência.
- Patógeno: microorganismo capaz de causar dano.
- Patogenicidade: capacidade de um microorganismo causar dano a um hospedeiro.
- Virulência: grau de patogenicidade de um microorganismo.
Susceptibilidade do hospedeiro
- Influenciada por fatores ambientais, genéticos e fisiológicos.
* Fisiológicos = estado emocional, nutricional, imunológico, idade, condições hormonais.
- Para determinadas infecções é mais elevada no inicio da vida e na velhice, assim como nos pacientes
imunocomprometidos.
Para ser considerado bom, o patógeno deve apresentar pelo menos 2 dessas propriedades. Alguns poucos
patógenos apresentam muitas dessas características.
Cada etapa acima depende tanto da virulência da bactéria quanto da capacidade de defesa do organismo. Sendo
assim, infecção ocorre ou não em função desses fatores.
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Produzidas para combater as bactérias da flora normal.
As bactérias da flora normal também produzem bacteriocinas, mas contra as bactérias invasoras.
Normalmente a bactéria da flora normal vence, por estar em maior número, mas isso pode se reverter dependendo da
carga que infecta o individuo.
São antibióticos naturais.
- Fatores que contribuem para a evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro:
→ Escape / inibição da fagocitose (cápsulas, LPS, OMPs- ptns de superfície)
Neisseria, pneumococos e H. influenzae, são causadoras de meningites bacterianas e possuem a cápsula
como principal fator de inibição da fagocitose.
→ Variação antigênica
→ Similaridade com antígenos do hospedeiro
Reação cruzada pode produzir seqüelas como as produzidas por infecção por Streptococcus, sobretudo
orofaringite (febre reumática, glomerulonefrite)
→ Produção de enzimas degradadoras de Igs
Neisseria, pneumococos e H. influenzae produzem IgAs proteases.
- Fatores que contribuem para a sobrevivência em células fagocitárias
- Fatores que contribuem para a resistência a antimicrobianos
a) Mutação
b) Aquisições de genes R (resistência)
- Fatores que contribuem para causar dano direto (efeito tóxico) ao hospedeiro:
a) Endotoxinas (LPS)
Presentes em todas as Gram negativas
b) Exotoxinas (diftérica, tetânica, colérica, botulínica)
Hemolisinas
Leucocidina
Proteasas
Nucleases
Possuem efeitos genéricos. É necessária concentração elevada para causar dano.
Infecções urinárias
- Podem ser alta ou baixa:
a) Alta (pielonefrite)
Menos comuns, mais graves
Vias hematogênica ou ascendente (cistite mal tratada)
b) Baixa (cistite)
Mais comuns, menos graves
Via ascendente, apenas
- Patogênese:
Vias: a) hematogênicas
b) ascendente
As infecções mais comuns são adquiridas por ascendência das bactérias presentes no terço distal da uretra, que por sua
vez são aquelas que colonizam o períneo (oriundas do trato gastrointestinal). Em condições normais a urina lava a uretra e
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impede a multiplicação exagerada das bactérias da flora e, além disso, impede que elas subam o trato urinário. No
entanto, se estamos debilitados, com cateter, etc, essa lavagem pode não ocorrer direito e podemos adquirir infecção
urinária.
A infecção urinária também pode ser originada da disseminação hematogênica das bactérias, mas não há
comprometimento inicial da bexiga, pois seu pH é desfavorável ao crescimento microbiano.
Urinocultura quantitativa = análise da quantidade de bactérias que estão colonizando a bexiga de verdade.
Acima de 105UFC/ml
Acima de 10³UFC/ml para mulheres jovens sintomáticas
OBS: Deve ser quantitativa, porque a bexiga é estéril.
Deve-se pegar o jato médio, porque se supõe que o primeiro jato lavou a uretra, simulando melhor a esterilidade da
bexiga.
Composição:
- Bactérias
- Fungos
- Protozoários
- Vírus
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Estado fisiológico – gravidez, doenças crônicas e outras condições debilitantes, menstruação, uso de
imunossupressores, uso de antimicrobianos.
Dieta, ocupação e clima (temperatura e umidade).
Condições sanitárias ambientais e pessoais.
- Específica:
Quantidade e tipo de nutrientes disponíveis – justifica a maior presença de bactérias no trato gastrointestinal.
pH e potencial de óxido-redução – por exemplo: estômago (possui uma microbiota escassa por causa do pH
muito baixo), bexiga (é um local ruim para bactérias anaeróbias) e intestino (é um local bom para bactérias anaeróbias).
Substâncias antimicrobianas locais – como a lágrima, rica em componentes antimicrobianos.
Receptores de células epiteliais locais do hospedeiro (para que bactéria se fixe no sítio)
Interações microbianas – competição por nutrientes e receptores, inibição por produtos do metabolismo de outros
microorganismos (antimicrobianos e bacteriocinas) no mesmo local.
STREPTOCOCCUS
Streptococcus β-hemolíticos
· streptococcus piogênicos
Características gerais
· grupo heterogêneo de bactérias
· células esféricas (ovais)
· Gram-positivos (em cadeias, pares ou isolados)
· catalase negativos
· facultativos
· exigem meios complexos para o crescimento
· susceptíveis à vancomicina
Streptococcus β-hemolíticos
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· Grupo A – S.pyogenes
· Grupo B – S.agalactiae
· Grupo C – S.dysgalactiae
– S.equi
· Grupo G – S.canis
– S.dysgalactiae
· Grupo F – S.anginosus
Obs: S.galactiae do grupo C e G são da mesma espécie, mas possuem antígenos diferentes
· Streptococcus pyogenes (Grupo A) ampla variedade de infecções não-invasivas, assim como invasivas e
toxigênicas e seqüelas pós-estreptocócicas
· Streptococcus dysgalactiae (Grupos C,G) infecções respiratórias (faringite, pneumonia), infecções oportunistas
invasivas (bacteremia, endocardite)
Seqüelas:
· Clássicas
Febre reumática principal seqüela pós-estreptocócica
lesões inflamatórias de tecidos cardíacos (dano progressivo de válvulas), articulações, sistema
circulatório, tecido subcutâneo e SNC (fases mais tardias)
Glomerulonefrite inflamação aguda do glomérulo renal com edema, hipertensão, hematúria, proteinúria, com perda
progressiva da função renal
Componentes celulares:
· Componentes somáticos
cápsula (ácido hialurônico)
carboidrato C (antígeno de grupo)
proteínas T e M (antígenos de tipo)
ácidos teicóicos
obs: proteína M é anti-fagocitária e funciona como adesina, o ácido teicóico também funciona como adesina
· enzimas e toxina
hemolisinas (S e O)
desoxirribonucleases (DNAses A,B,C,D)
hialuronidase
estreptoquinase (fibrinolisina)
toxinas eritrogênicas ou pirogênicas
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obs: A hemolisina O é oxigênio lábil. Na sua presença perde sua função.
A DNAse B é usada como marcador diagnóstico.
Marcadores diagnósticos
· Fatores de virulência
Componentes que contribuem para a aderência
LTA (ácido lipoteicóico)
Componentes anti-fagocitários
Ptn M, cápsula (ácido hialurônico)
Diagnóstico laboratorial
· microbiológico baseado no isolamento do agente
(faz-se coloração de Gram, teste da catalase, entre outros)
Para fazer diagnóstico das seqüelas dosagem de anticorpos anti-produtos das bactérias (anti-hialuronidase, anti-
estreptolisina O, etc)
Tratamento
· penicilina, eritromicina
Vacinação
Aspectos recentes da emergência ou reemergência das infecções por grupo A renovaram o interesse
Problemas:
Multiplicidade dos tipos M
Dificuldade em identificação de anticorpos protetores
“Toxicidade” ou hipersensibilidade a ptns M
Reação cruzada com tecidos do hospedeiro
“Heterogenicidade” de frações de ptn M
Identificação de determinantes M
Habitat normal
Trato genital, intestinal e respiratório
Tratamento
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Penicilina em doses mais elevadas do que pro grupo A
Penicilina+aminoglicosídeo (gentamicina)
Principais infecções
· meningite
· pneumonia
· otite média
· sinusite
· conjuntivite
· bacteremia
· endocardite
· pericardite
obs: bactéria tem taxia especial pelas mucosas do trato respiratório
Características
· cocos Gram positivos
· catalase negativos
· extracelular
· cápsula polissacarídica principal responsável pela virulência
· arranjo de 2 a 2 (eram chamados de diplococos)
Componentes celulares
· componentes somáticos
cápsula polissacarídica (mais de 90 tipos sorológicos) ação anti-fagocitária, importante no processo inicial da
infecção
ptns
ácidos teicóicos
· enzimas e toxinas
pneumolisina
autolisina
neuraminidase
IgA 1 protease atua sobre IgA do hospedeiro (principal Ig nas mucosas), importante no processo inicial da infecção
Virulência
· aderência, colonização e entrada no pulmão
adesinas, IgA protease
· transpasse dos mecanismos de defesa do hospeiro
IgA protease, penumolisinas
População de risco
Idosos, crianças com menos de 2 anos, pacientes imunocomprometidos
Tratamento e prevenção
· penicilina
problemática atual surgimento de amostras resistentes à penicilina
· vacina polivalente
23-valente nas populações de maior risco
composta por polissacarídeos existentes na cápsula
7-valente espectro mais reduzido
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conjugada ao CRM 197 (toxina diftérica modificada)
Diagnóstico laboratorial
· clássico:
isolamento Agar sangue+CO2
Morfologia colonial
identificação Morfologia celular
confirmação sorologia (reação de quellung)
ENTEROCOCCUS
· marcadores importantes
resistentes a pH e temperaturas variadas
resistentes a antimicrobianos
· emergência de novos padrões de resistência
resistência à níveis elevados de aminoglicosídeos
β-lactâmicos
glicopeptídeos
Fatores predisponentes
· doença de base grave
· hospitalização prolongada (UTI, unidades renais, oncológicas)
· cirurgia (cardiovascular, abdominal)
· cateterização
· terapia antimicrobiana prolongada (cefalosporinas, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas, glicopeptídeos)
· lesão de valva cardíaca
· imunossupressão
STAPHYLOCOCCUS
Características
As bactérias do gênero Staphylococcus são cocos Gram+, assim como as dos gêneros Streptococcus e Enterococcus.
Outras características dos estafilococos:
• Em esfregaços corados pelo método de Gram, as bactérias aparecem agrupadas em arranjos irregulares semelhantes a
cachos de uvas. Isso porque uma bactéria tem diferentes planos de divisão. Os estreptococos e enterococos possuem um único
plano de divisão.
• São catalase positivos, ou seja, em lâmina com H2O2 + suspensão de bactérias, ocorre formação de bolhas e liberação de
O2.
• Não são exigentes nutricionalmente, crescendo em meio simples.
• Crescimento em meio sólido: formam colônias grandes (3 a 5mm de diâmetro), circulares, lisas e com pigmento que
varia do amarelo ouro ao branco leitoso.
Essas características permitem a identificação dos estafilococos dentre tantos microorganismos patogênicos isolados do
material biológico.
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Breve histórico
No início do século passado foram observadas duas espécies de estafilococos:
- Staphylococcus aureus = era isolada de processos purulentos, e formava colônia amarelo ouro, daí o nome.
- Staphylococcus albus = era isolada de pele e mucosas íntegras, e formava colônia branco leitosa.
Entretanto, foi observado posteriormente que essas espécies podiam permutar o pigmento que sintetizavam. Assim, tornava-
se impossível diferenciar as espécies pela cor de suas colônias. Então, observou-se que a presença da enzima coagulase seria
mais adequada para identificar as espécies:
- Staphylococcus aureus = coagulase positivo.
- Staphylococcus epidermidis = coagulase negativo.
O que era identificado anteriormente como S. albus era agora identificado como S. epidermidis. Observou-se, ainda, que
existiam outras espécies de estafilococos coagulase negativos que não a S. epidermidis, sendo necessários testes adicionais para
determinação da espécie. Hoje sabe-se que existem 32 espécies de estafilococos.
A espécie de estafilococos de maior potencial de virulência é a S. aureus, que está frequentemente associada a infecções
cutâneas purulentas. Outras espécies, de menor virulência, podem estar associadas a processos infecciosos, como a S.
epidermidis, frequentemente relacionada a bacteremias, e S. saprophyticus, mais relacionada a infecções do trato urinário.
Outras espécies podem estar ocasionalmente associadas a quadros infecciosos.
Staphylococcus aureus
É a espécie mais estudada, pois pode ser isolada da superfície de várias mucosas, como das fossas nasais, cavidade oral,
tratos gastrointestinal e genitourinário.
São bactérias oportunistas, pois fazem parte da microbiota natural do organismo, estando presentes na pele e mucosas. Só
levam a condições clínicas quando há fatores predisponentes para sua multiplicação. Por exemplo, quando há alguma lesão de
solução de continuidade, o S. aureus pode colonizar aquele tecido.
Quadros clínicos
Infecções cutâneas
Ocorre quando há lesão de solução de continuidade da pele, pois, como a bactéria já se encontra ali, é fácil colonizar este
tecido. O tratamento é feito com antibióticos.
- Foliculite = com a retirada do pêlo, o folículo fica exposto.
- Impetigo bolhoso = formam-se bolhas purulentas na superfície da pele, que não formam crostas. Ocorre intenso prurido,
que promove a colonização de outras áreas. É uma doença mais freqüente em crianças e no verão, quando o corpo fica mais
exposto e sujeito a escarificações.
- Furunculose = lesão purulenta mais profunda.
- Carbúnculo = infecção cutânea, superficial, de fácil tratamento.
Infecções profundas
O S. aureus é muito resistente a antibióticos, o que permite com que eles sobrevivam ao ambiente hospitalar. Esses
microorganismos serão justamente os agentes etiológicos de infecções hospitalares, que surgem aproximadamente 4 dias após
a internação! As infecções profundas tem prognóstico ruim, com pouca expectativa de cura.
- Pneumonia.
- Meningite.
- Septicemia.
- Artrite bacteriana.
- Endocardite.
- Osteomielite = ocorre em pacientes com fraturas.
- Enterocolite estafilocócica aguda = ocorre multiplicação de bactérias ao nível de trato intestinal, promovendo formação de
fezes líquidas. É de difícil tratamento.
IMPORTANTE: Estafilococos não causam faringite ou amigdalite!!
Toxinfecções
São infecções causadas por exotoxinas liberadas extracelularmente pelas bactérias.
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- Intoxicação alimentar = causada pela enterotoxina, que é uma exotoxina termostável. Um indivíduo que possui
estafilococos na sua pele pode contaminar um alimento ao manipulá-lo. Em condições ótimas, as bactérias se multiplicam e
liberam a toxina. Os alimentos que podem veicular a enterotoxina são: carnes (presunto, carne de porco e bovina), saladas
(batatas, ovos, etc.), laticínios (leite, queijo, manteiga), alimentos assados (aves e ostras). A contaminação ocorre normalmente
quando a pessoa interrompe o preparo de um alimento e começa outro. Neste intervalo, a bactéria se prolifera e libera a toxina,
sendo que o tempo para que tudo isso aconteça é de aproximadamente 1 hora. Quando o alimento é cozido, a bactéria é
exterminada, mas a toxina não perde seu efeito porque é termostável. A intoxicação alimentar pela enterotoxina se manifesta
como um quadro agudo de diarréia, vômitos, náuseas. A recuperação ocorre em 24 horas. O tratamento é sintomático,
composto por hidratação e medicação para evitar os vômitos.
- Síndrome do choque tóxico = causado pela toxina da síndrome do choque tóxico (TSST). Inicialmente acometeu mulheres
que usavam absorventes de longa duração, pois o S. aureus residente se proliferou mais nesta situação. Esta síndrome leva a
hipotensão. Como o S. aureus já faz parte da flora vaginal, ele normalmente produz a exotoxina, mas com o aumento da
quantidade dessas bactérias, aumenta-se a concentração da toxina na corrente sangüínea, causando a toxinfecção.
- Síndrome da pele escaldada = causada pela esfoliatina. Ocorre descamação intensa da pele, produzindo uma lesão
semelhante a queimadura principalmente na região próxima ao pescoço. A toxina altera a aderência de células da camada
granulosa da epiderme. Acomete principalmente crianças até 3 anos, pois a partir dessa idade acredita-se que a população já
teve contato com várias cepas de S. aureus, já produzindo anticorpos contra essas bactérias.
Fatores de virulência
O alto poder de virulência do S. aureus pode ser explicado pela variedade de fatores de virulência que ele possui, que
podem ser estruturais, extracelulares ou exotoxinas.
Estruturais
- Proteína A = está presente na parede celular, liga-se a fração Fc de IgG e IgM, dificultando a fagocitose. Tem ação anti-
fagocitária por inibir a ligação do anticorpo à célula fagocitária.
- Coagulase ligada = está presente na parede celular do S. aureus, age no fibrinogênio formando rede de fibrina. A reação de
formação de fibrina pode ser observada em laboratório: numa lâmina, pinga-se de um lado plasma e de outro solução salina, e a
seguir faz-se uma suspensão de bactérias nas duas gotas. Se no pingo de plasma a solução permanece homogênea, o resultado é
negativo. Se formam-se grumos, o resultado é positivo. Se grumos se formam nos dois pingos, não há como saber se há reação
pela coagulase ligada, ou seja, se há realmente S. aureus na suspensão. Isso porque várias bactérias têm superfície hidrofóbica
e tendem a se aglutinar em solução, formando grumos de bactérias. A presença da coagulase ligada representa um fator de
virulência porque a malha de fibrina tem no seu interior as amostras de bactérias, impedindo que os antibióticos cheguem até
elas. Além disso, a malha de fibrina protege as bactérias do contato com células de defesa, favorecendo a sua multiplicação.
Por outro lado, a rede de fibrina “prende” as bactérias, impedindo que elas colonizem outros tecidos.
- Alteração de PBP (penicilin binding protein) = a penicilina era comumente usada para tratamento de infecções por S.
aureus. Na parede da bactéria existem proteínas que se ligam à penicilina, permitindo a sua internalização (PBP). Daí a droga
pode agir impedindo a formação da parede celular das bactérias. Acontece que a S. aureus produz β-lactamase, que inativa o
anel β-lactâmico da penicilina. O gene que codifica a produção da β-lactamase é extra-cromossômico, ou seja, se localiza em
plasmídio, que pode ser transferido entre bactérias. Com a produção de novas drogas resistentes à β-lactamase, como a
meticilina e oxacilina, a alteração da PBP atua como principal fator de virulência, pois impede a ligação e internalização da
droga, impedindo assim a sua ação. A resistência a meticilina é um marcador de S. aureus causador de infecção hospitalar.
Nestes pacientes, utiliza-se vancomicina como tratamento, mas já existem cepas resistentes a essa droga. O prognóstico destes
pacientes é muito ruim.
Extracelulares
- Coagulase livre =
Coagulase + FRC → coagulase ativa (estafilotrombina).
Fator de reatividade da coagulase, que está presente no plasma
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Fibrinogênio → Fibrina (ação protetora do microorganismo, entretanto impede sua dispersão).
- Estafiloquinase = age no plasminogênio transformando-o em plasmina, destruindo a rede de fibrina. Essa enzima devolve
ao S. aureus sua capacidade de dispersão, pois libera-o da malha de fibrina.
- Lípases = facilitam a colonização da pele, pois os ácidos graxos e lipídios da pele dificultam o crescimento bacteriano.
- Nucleases = atua despolimerizando DNA e RNA, que atuam tornando o pus mais viscoso.
Exotoxinas
- Enterotoxina.- Infecção alimentar
- TSST. – Síndrome do Choque Tóxico
- Esfoliatina. – Síndrome da Pele Escaldada
Essas três levam ao aparecimento de quadro clínico.
Staphylococcus epidermidis
Está associado como agente etiológico de bacteremias, principalmente em pacientes com material estranho no organismo.
Isso porque essa espécie de bactéria tem facilidade de aderência ao material de próteses (cardíacas, cerebro-espinhais e
articulares) e cateteres. As bactérias colonizam as próteses e cateteres e se disseminam por via hematogênica, causando a
bacteremia. A infecção por S. epidermidis produz sinais e sintomas pouco expressivos.
Staphylococcus saprophyticus
Está associado como agente de infecções urinárias, principalmente em mulheres na faixa etária dos 12 anos. Tem
capacidade de aderência às células da mucosa ureteral.
Fatores predisponentes
⇒ Antibioticoterapia prolongada.
⇒ Pacientes imunocomprometidos, seja de origem medicamentosa ou infecciosa.
⇒ Alteração da integridade da superfície de pele e mucosas.
⇒ Presença de corpos estranhos, como próteses e cateteres.
⇒ Lesões em válvula cardíaca.
⇒ Etc.
Diagnóstico Laboratorial
1. Bacterioscopia = visualização da bactéria no material clínico.
2. Cultivo = Meio de ágar sangue (meio rico) permite o desenvolvimento de bactérias mais exigentes nutricionalmente. As
bactérias do gênero Staphylococcus não são exigentes, mas deve-se fazer o cultivo nesse meio de cultura para pesquisar
bactérias associadas ao Staphylococcus. Meio de ágar manitol-salgado favorece o crescimento de colônias de Staphylococcus,
sendo um meio seletivo diferencial.
3. Identificação
- Teste da coagulase (coagulase ligada e livre) = se o teste é positivo, a bactéria é S. aureus. Se é negativo, a bactéria é um
estafilococo coagulase negativo (não há como especificar).
- Teste da sensibilidade a novobiocina = se a bactéria é sensível a esta droga, é S. epidermidis. Se é resistente, é S.
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saprophyticus.
Tratamento
Antibiograma = amostras de S. aureus resistentes a meticilina → infecção hospitalar.
O uso inadequado de antibióticos favorece o desenvolvimento de cepas resistentes.
NEISSERIA
- Diplococos gram-negativos
- Possuem LPS na parede celular
- Encontram-se algumas espécies participando da flora anfibiôntica da superfície de mucosas (cavidade oral, trato
genitourinário feminino)
- Possuem oxidase em sua cadeia respiratória (OXIDASE-POSITIVO)
- São aeróbias
♦ Duas espécies patogênicas para o organismo humano (não oportunistas):
Neisseria menigiditis (meningococos)
Neisseria gonorrhoeae (gonococos)
NEISSERIA MENIGIDITIS
♦ Fatores de Virulência
- Cápsula constituída de polissacarídeos: protege o microorganismo ação do sistema inespecífico de defesa (ação
antifagocitária), mas não protege contra as defesas específicas. , induzindo a formação de anticorpos protetores.
De acordo com a composição de polissacarídeos que formam a cápsula dividem-se meningococos em sorogrupos.
Sorogrupos: A,B,Y,C e W135 são mais freqüentemente associados a infecções invasivas (mais importantes). As
vacinas são feitas a partir desses polissacarídeos (eficazes contra maiores de dois anos)
No entanto, o polissacarídeo de cápsula do grupo B, ácido N-acetil neuroamínico, está presente também no SNC. Isso
faz com que a elaboração de uma vacina seja mais complicada já que não criamos imunidade contra esse polissacarídeo
(pesquisas para utilizar ptns de membrana externa da bactéria com antígeno).
♦ Patogenicidade
- Oro e Nasofaringe são a porta de entrada (ligação do meningococos às células da mucosa)
- Invasão da mucosa da oro/naso faringe, gerando primeira infecção
- Alcance da corrente sanguínea através de capilares da naso e orofaringe. Bacteremia → sintomas mais brandos
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(causada por tentativa de combate por parte das defesas inespecíficas). Se pessoa não for imune ao menigococo (por
infecção anterior ou vacina). A bactéria se multiplica por toda a circulação podendo atingir vários órgãos e tecido. Se
pessoa for imune (tiver AC) bactéria é retirada rapidamente do sangue
- Chega por vasos capilares ao SNC, onde há BHE
- Pili gruda na superfície das células da BHE e bactéria é endocitada.
- Há intensa multiplicação intracelular de bactérias. Levando a destruição da célula, criando uma fresta, ruptura da
BHE (Barreira fica permeável a células de defesa, antibióticos que podem combater bactéria). De qq maneira passagem
da bactéria é por dentro da célula.
- Meningococcemia → sintomas mais graves. (febre elevada e rash cutâneo). Bacteremia muito alta, gerando uma
sepse por meningococos. Reação inflamatória generalizada a LPS bacteriano, podendo levar a CID, com coagulação dos
vasos periféricos, ruptura desses vasos, hemorragias pontuais e isquemia. Há pontos hemorrágicos na pele que podem se
juntar e evoluir para grandes áreas necróticas escuras. Pode ocorrer com ou sem a meningite em si, se poucas bactérias
invadirem o SNC.
- Meningite → surge de forma abrupta com intensa dor de cabeça, vômitos em jato e rigidez nucal (conseqüência da
menincoccemia).
♦ Epidemiologia
- Transmissão de pessoa a pessoa
- Detecção de portadores
- Vacinação: para os sorogrupos A,C,Y e W135 → Ag polissacarídeo
para o sorogrupo B → Ag protéico (?)
NEISSERIA GONORRHOEAE
- Agente etiológico da gonorréia, uretrite gonocócica (masculina e feminina), proctite (ampola retal), faringite e
oftalmia neonatal (atualmente rara).
- Atinge sistema genito-urinário: No homem (uretra) na mulher (cérvice uterina e também, porém menos comum
uretra). Também pode (menos comum) na mucosa ano-retal (sexo anal), dedos (penetração com dedo), mucosa
conjuntival (bebe que nasce de parto normal de mãe afetada, pode levar a cegueira), mucosa oral.
Obs: Gonococos não se multiplicam bem na mucosa vaginal da mulher em fase reprodutiva (pq tem pH baixo). Mas
pode se reproduzir na mucosa neutra de mulheres pós menopausa e antes da primeira menstruação.
♦ Fatores de Virulência
- Polissacarídeo não capsular: não forma anticorpos protetores (não tem cápsula, por isso não conseguem também ficar
na circulação sanguínea – não tem proteção da cápsula - Gera só infecções locais).
- LPS: estimula os macrófagos a liberarem citocinas → reação inflamatória intensa → piogênese intensa (secreção
purulenta)
- Pili: responsável pela aderência às mucosas.
- Proteína de membrana externa – Opa ou Ptn II
- Auxilia na aderência
- Capaz de apresentar grande capacidade antigênica (torna o desenvolvimento de vacinas inviável)
- IgA protease: inativa IgA de mucosas.
♦ Patogenicidade
- Aderência dos gonococos às células da superfície de mucosa (genitourinária, retal, conjuntiva ocular e orofaringe)
por ligação do pili a receptores específicos na célula hospedeira (CD46).
- Depois há ligação entre outros receptores da bactéria e da célula hospedeira, que é irreversível. (Não adianta urinar
para expulsar a bactéria. A formação da ligação irreversível ocorre logo após entrada da bactéria na uretra).
- endocitose
- Dentro da célula bactéria não sofre ação dos lisossomos e não é destruída.
- Intracelularmente se multiplica e migra para tecido subepitelial (passagem para tecido subepitelial ocorre por
transcitose - por dentro das células )
- No tecido subepitelial é induzida uma inflamação aguda (principalmente em homens), em mulheres pode muitas
vezes ser assintomática. Com produção de mediadores inflamatórios (TGF-alfa, IL-1, IL-6 , etc), que levam a ativação do
complemento, produção de prostaglandinas que acabam levando a dano tecidual.
Obs: O mecansimo descrito é mto semelhante ao que acontece com meningococos só que a célula atingida é a da
BHE.
♦ Quadro clínico:
Homem: Pode ser assintomática, mas geralmente leva a quadro clínico caracterizado por corrimento principalmente de
manhã (antes da primeira urina), dor em ardência ao urinar.
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Mulher: Pode aparecer corrimento vindo da uretra. No entanto, a mulher pode demorar a notar (ou nem notar) o
corrimento que em mulheres é algo normal. (P/ homem não, por isso ele logo nota). Mas normalmente a infecção ocorre
na cérvice uterina, onde processo inflamatório é menor e corrimento é pequeno e imperceptível. Logo, mulher muitas
vezes é assintomática (só toma conhecimento da infecção quando vai pro ginecologista ou se parceiro apresentar
gonorréia). Pode haver corrimento intenso na mulher
- Complicações:
Epididimite em homens
Salpingite, doença pélvica inflamatória (DPI) em mulheres. Quando gonococos infectam células
não ciliadas da mucosa da tuba uterina, mas causam paralisia dos cílios de células ciliadas e tb extrusão dessas células
(causa processo inflamatório que se não tratado joga célula ciliada é jogada pra fora da mucosa). Isso aumenta as chances
de gravidez ectópica. Também pode causar colabamento da tuba uterina, que se for bilateral causa infertilidade.
Lesões na pele e artrite (bacteremia)
♦ Epidemiologia
- Uso de preservativo: importante para o controle
O microorganismo sobrevive colonizando exclusivamente a mucosa humana.
- Tratamento dos portadores assintomáticos (são principalmente as mulheres).
Obs: Infecção por gonococos em crianças: Sugere abuso sexual.
Obs2 Gonococos e HIV (Infecção por gonococos aumenta carga viral de HIV, agravando o quadro. Presença de
gonococo tb facilita infecção por HIV)
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A. Meningite
Espécime clínico: LCR (punção lombar) para os doentes (líquido normal é transparente, infectado é turvo)
“swab” de nasofaringe para os portadores
Indicativo de meningite bacteriana: LCR turvo
Faz-se então a bacterioscopia do líquor e cora-se pelo método Gram.
B. Gonorréia
Espécime clínico: secreção ureteral masculina
“swab” de cérvix uterino (colher com especulo)
Tb feito no ânus.
Bacterioscopia
Feita bacterisocopia da amostra colhida, encontrando-se gram – intra e extra celular, cel inflamatórias, etc
Possui valor diagnóstico na uretrite gonocócica masculina e meningite. Fecha-se o diagnóstico só com a bacterioscopia
porque na microbiota desses locais não há outros diplococos (ex: LCR é estéril)
Cultura
Depois da bacterioscopia faz cultura de célula
Sempre deve ser usada para diagnóstico de portadores e infecções de cavidade oral e retal.
Meios
- Ágar chocolate: agar sangue aquecido. Para semear material clínico estéril (ou seja, sem micorbiota normal: parte da
uretra, cérvice e líquor).
A Neisseria não cresce em qualquer meio de cultura. No meio Agar sangue existem ptns que não são boas para o seu
crescimento, mas que são inativadas com o aquecimento (promove também a lise de hemácias → coloração de
chocolate !!!).
- Meio de Thayer-Martin: Em meios que já tem microbiota normal (ampola retal, secreção da mucosa da orofaringe,
cérvix, outra parte da uretra) É o agar chocolate seletivo. Para isso é adicionado a ele suplemento nutritivo e antibióticos
(vancomicina, colimicina e nistatina - VCN) para inibir crescimento de bactérias da flora normal.
Vancomicina → inibe cocos gram positivos
Colimicina → inibe bacilos gram negativos
Nistatina → fungicida
TRATAMENTO
Meningite
- Não apresenta resistência a Penicilina (mas é pouco absorvida nas meninges, o que requer alta dose para chegar no
líquor)
- Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona): Boa peneração na BHE, requer menor dose.
Obs: Em caso de meningocsemia, como bacteremia é muito grande, muitas bactérias morreriam ao mesmo tempo,
havendo alta liberação de endotoxina, que aumentaria reação inflamatória, agravando a sepse e podendo levar a morte.
Então, junto com antibiótico se dá corticoesteróide para diminuir reação inflamatória. (Pesquisas: criar A monoclonal
específico contra mediadores inflamatórios)
Gonorréia
- Isoladas amostras resistentes a penicilinas (no Brasil não temos dados).
- Quinolonas ( ciprofloxacina, não mais utilizado pq tb há resistência
- Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona) São os mais utilizados hoje.
HAEMOPHILUS
Características
• São bastonetes Gram – pleomórficos (variam de cocóides a filamentosos)
• Imóveis.
• São nutricionalmente exigentes.
• Cultiva-se em meio rico em nutrientes e com alta quantidade de CO2.
• As colônias geralmente têm aspecto acizentado.
• São comensais de mucosas de trato respiratório.
Haemophilus influenzae
É a principal espécie patogênica entre os Haemophilus.
Pode causar:
A) Infecção assintomática: Não causam infecção, participam como membro da flora normal de mucosas: trato
respiratório superior, principalmente nasofaringe. Pode colonizar também conjuntiva e trato genital. Geralmente são
H.influenzae sem cápsulas amostras não-capsuladas, mas também podem ser capsulados. Principal forma de disseminação pela
população.
B) Infecção sintomática: H.influenzae capsulados (cápsula, dá proteção que permite invasão)
Invasivas (sangue, órgão internos): Meningite e Epiglotite (Mais graves)
Não-invasivas (infecções localizadas, superficiais): Conjuntivite, Sinusite, otite média, celulite, artrite.
Fatores de virulência
- Cápsula polissacarídica = constituída de PRP (poli ribosil fosfato). Há variações na cápsula que possibilitam agrupar o H.
influenzae em 6 sorotipos, com diferentes determinantes antigênicos. Protege contra a fagocitose. O H. influenzae sorotipo B
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(Hib) é o principal agente da meningite bacteriana (comunitária).
PRP é constituinte da vacina para H. influenzae
- Endotoxina (LPS).
- OMPs = proteínas de membrana externa.
- Fímbrias = interação bactéria-hospedeiro.
- IgA protease = é liberada pela bactéria e degrada IgA. Constitui, junto com a cápsula, o principal fator de virulência da
bactéria → proteção contra fagocitose.
- Resistência a antibióticos = ampicilina e cloranfenicol.
Em geral, observando espécimes clínicas de um indivíduo doente, serão observadas bactérias capsuladas, já que esta
estrutura é um dos principais fatores de virulência da bactéria.
Patogenicidade
Diagnóstico laboratorial
Bacteriológico direto
- Colheta do espécime clínico representativo geralmente removido do local da infecção. Assim, no caso de meningite,
observa-se o líquor; de pneumonia, escarro; de conjuntivite, secreção da conjuntiva.
- Material é corado e observado numa lâmina (procura do bacilo na microscopia).Observa-se a presença da bactéria no
espécime clínico utilizado,
Em seguida, deve-se fazer a cultura, em meio rico (muito nutritivo) e, em alguns casos, pode-se fazer junto a coloração de
Gram. A cultura é feita em ágar chocolate enriquecido com complexo vitamínico e numa atmosfera rica em CO2.
Numa cultura dessas crescem vários haemofilus. Para diferencia-los:
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Provas bioquímicas
A) Testes de dependência química a fatores de crescimento, principalmente os fatores X (hematina, presente nas hemácias),
e V (NAD):
Cultivam-se as bactérias achadas num meio sem os fatores e em seguida adicionam-se um e depois os dois fatores.
H.influenzae é a única Haemofilus que crescerá na presença dos dois fatores. Outra Haemofilus crescem na presença de um,
outro ou nenhum e não dos dois.
Teste de sateletismo
É mais caseiro, usado em situações de emergência, quando não há ágar chocolate e fatores X e V. Faz-se uma estria de
estafilococos aureus num meio de agar sangue, que lisam hemácias (fator X) e liberam fator V, de modo que os Haemophilus
crescem em “pontinhas” ao redor da estria.
Testes sorológicos
Os testes identificam os sorotipos das bactérias infectantes (ou sejam detectam ag capsulares)
Para isso, adicionam-se anticorpos anti-antígenos (anti-soro) da cápsula das bactérias de diferentes sorotipos a amostras
coletadas ( fluidos orgânicos como líquor, sangue,urina – local de excreção final ) ou em soro de paciente.Se houver
aglutinação é positivo. Esses testes só servem para identificar o sorotipo B!
Tratamento e profilaxia
A)Tratamento
A Ampicilina já foi muito usada, mas originou muitas espécies resistentes.
O Cloranfenicol causa muitos efeitos colaterais, sendo pouco utilizado.
Pode-se usar a Sulfa-trimetoprim, que é uma droga mais barata.
Existem drogas mais caras: Azitromicina, Fluoroquinolonas, a associação Ampicilina-Sulbartam e Cefalosporinas.
B) Profilaxia
Rifampicina (elimina estado de portador ex:indivíduos que tiveram contato com doentes.)
Atualmente, pode ser empregada vacinação contra o sorotipo B (só o B, a partir do seu PRP, que é mais importante). A
vacinação diminuiu muito o número de casos, além de diminuir o número de infecções invasivas. A vacina é feita a partir da
purificação do antígeno da cápsula (PRP), que é associado a uma proteína carreadora (geralmente de outro agente infeccioso, o
que faz com que a vacina também proteja contra outras doenças). Esse tipo de vacina foi feito pq vacina convencional, só com
PRP, sem estar ligado a ptns protegia contra todas a faixa etárias menos as crianças que são as principais afetadas (pq não
desenvolvem AC contra polissacarídeo sozinho)
Haemophilus ducrey
Bacilo Gram – , disposto em cadeias. É muito exigente nutricionalmente, aparecendo em mucosas genital sendo grande
causador de úlceras genitais (cancro mole). É uma bactéria geralmente sensível a tratamentos aplicados para outras DSTs.
Diagnóstico laboratorial
Coleta de espécime clínico
Raspagem da base ou margens da lesão / aspirado de linfonodos.
Bacterioscopia direta
Coloração com Gram.
Cultura
É feita em meios enriquecidos e seletivos. É muito difícil por isso H.ducrey é pouco pesquisado.
Tratamento
Cetriaxone, Ceprossoxacina, Eritromicina e SXT... (tratamento convencional para outras DST)
BORDETELLA
Bordetella pertussis
É o agente etiológico da coqueluche, uma infecção respiratória aguda, altamente contagiosa, marcada por intensa tosse
durante a fase paroxística. Muito prevalente antes de existir a vacina.
É uma doença aguda, mas com curso arrastado (devido às várias e demoradas fases), parece crônica, mas não é devido
aos diferentes estágios que podem demorar mais ou menos de acordo estado fisiológico/nutricional do hospedeiro.
Coqueluche
- Fase de incubação: Dura de 7 a 10 dias. Da infecção até surgirem sintomas.
- Fase catarral: 1 a 2 semanas. Ocorre liberação de secreção aquosa pelo nariz, são os primeiros sintomas. É a fase de maior
eliminação de bactérias. Logo, maior probabilidade transmissão.
- Fase paroxística ou convulsiva: 2 a 4 semanas. Ocorre tosse com ruídos típicos (chiados). Carga bacteriana ainda é alta
(pode haver transmissão), mas vai decrescendo.
- Fase convalescente: 1 a 4 semanas. Nesta fase, os sintomas e a carga bacteriana vão diminuindo sensivelmente.
Ao longo dessas fases, vai havendo produção de anticorpos. Além disso, elas seguem ordem cronológica de aparecimento,
mas podem acontecer ao mesmo tempo.
Fatores de virulência
- Toxina Pertussis.
- Hemaglutinina filamentosa.
- Pertactina.
- Adenil ciclase.
- Toxina dermonecrótica.
- Citotoxina traqueal.
- LPS.
A toxina Pertussis, hemaglutinina filamentosa e pertactina mediam a aderência da bactéria às células epiteliais ciliadas.
Patogenicidade
Inicialmente ocorre a entrada da bactéria no hospedeiro, por meio da inalação de aerossóis. Caso o hospedeiro seja
vacinado, a bactéria é eliminada pelo sistema imune. Se o hospedeiro não é vacinado, a bactéria coloniza as mucosas do trato
respiratório, multiplicando-se e aderindo-se apenas às células ciliadas, que possuem receptores específicos para ela. Aí, a
bactéria vai produzindo aos poucos os fatores de virulência, de acordo com necessidade de cada fase da infecção (se precisa de
subst de adesão ou subst. Tóxicas). As toxinas liberadas vão então alterando funções fisiológicas, promovendo a paralisação
dos cílios e acúmulo de secreção (que era eliminada por batimento dos cílios para sair por nariz). Em seguida, há tosse, com a
função de eliminar as bactérias, acabando por aumentar a contaminação. Notar que bactéria não é invasiva, não vai para o
pulmão permanecendo no trato respiratório superior.
A toxina Pertussis é chamada “AB”, sendo bifuncional e o principal fator de virulência: o B deveria ser de binding, já que a
toxina somente se liga em células suscetíveis; e o A deveria ser de ação, já que simboliza a ação do componente tóxico. Isso
pode levar a uma “diarréia respiratória”, de modo que a toxina irá alterar o metabolismo das células infectadas, aumentando a
excreção de água por elas. Assim, haverá a tosse (fase convulsiva). Nessa fase, pode haver cianose, colapso respiratório
(infecção pode comprometer musc respiratórios que entram em tetania), hemorragia das mucosas como a do olho, aparência
facial cansada devido ao esforço respiratório etc. Por isso, a grande preocupação com crianças é a de se manter a função
respiratória e a hidratação.
Normalmente a doença costuma curar-se sozinha. Nos casos mais graves são utilizados antibióticos e até ventilação
mecânica (em pacientes com colapso respiratório).
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Podem haver seqüelas neurológicas (Bactéria não invade SNC, mas sua toxinas sim) encefalopatias;
Infecção induz imunidade permanente
Transmissão
Dá-se basicamente de pessoa para pessoa, de modo que a bactéria não se mantém viva no meio ambiente por muito tempo.
A contaminação é por inalação ou por contato direto com secreções. (principalmente nas fases catarral e paroxística). A
bacteremia é rara (invasão do sangue)
Diagnóstico laboratorial (é complicada feita só em laboratórios de referência)
Coleta de espécime
Aspirado nasofaríngeo, colhido com swab de fibras sintéticas, ou pela “placa de tosse” (o paciente tosse em cima do meio
de cultura).
Transporte
Meio de Regan e Lowe, sendo importante a rapidez na semeadura da cultura, pois a bactéria é muito sensível à dessecação.
Microscopia
Imunofluorescência usando anticorpos marcados.
Cultura
Meio de Bordet e Gengou (agar sangue enriquecido). Ocorre crescimento após 4-5 dias.
Identificação para confirmar que é bordetella:
Testes bioquímicos e sorológicos.
Obs: Testes bacteriológicos são mais eficazes nas fases iniciais da doença (quando há maior eliminação da bactéria: fases
catarral e paroxística)
Testes sorológicos utilizados nas fases finais (baixa eliminação de bactérias)
Grupo de risco
Indivíduos, principalmente crianças, não imunizadas ou inadequadamente imunizados (n tomou todas as doses).
Tratamento
Manutenção da função respiratória + hidratação.
Uso de antimicrobianos para diminuir o número de bactérias = Eritromicina = não altera o curso da infecção, mas
diminui o seu tempo e minimiza sintomas.
Profilaxia
Vacinas de células inteiras inativadas (muito usada) => São baratas e eficazes ,mas podem causar seqüelas,
principalmente no SNC, causando encefalopatias. A vacina contra coqueluche é dada juntamente com difteria e tétano (DTP)
Vacinas acelulares em desenvolvimento.
CORINEBACTÉRIAS
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♦ Causam: septicemia, endocardite, infecção dos tratos urinário e respiratório, e da pele.
♦ Fatores de Virulência:
o Produção de urease (relacionada a complicações no trato urinário)
o Produção de Fosfolipase (fator dermonoecrótico)
o Resistência a anitimicrobianos
♦ Fontes de Infecção
- Portadores assintomáticos: 1-3% na população em geral
- Contactantes de convalescentes: 8-14% (se tornam portadores)
- Convalescentes: 1-2% (continuam transmitindo mesmo após o tratamento)
População de Risco
- Crianças menores de 10 anos (principalmente de 1 a 4 anos: contato com um universo maior de pessoas – possíveis
portadores).
- Adultos não imunizados
Patogenia
1. Colonização da orofaringe
2. Formação de pseudomembrana: exudato neutrofílico, céls epiteliais necrosadas, eritrócitos, céls
bacterianas
3. Produção intensa de exotoxina
- absorvida pela mucosa, atua sobre o coração, SN periférico e SN central.
DIFTERIA CUTÂNEA: comum em países tropicais. Indivíduos já possuem lesões na pele. Formação de úlceras e
pseudomembrana nas lesões.
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Toxina Diftérica: ptn bifuncional (AB)
A = action
B = binding
- O componente B se liga ao receptor nas células-alvo, que promove então a endocitose do complexo receptor-toxina.
- Dentro do endossoma, o Fragmento B, que já não tem mais funcionalidade, se dissocia do Fragmento A que é então
ativado e passa para o citoplasma onde vai atuar interferindo na síntese protéica das células do hospedeiro e levando a
morte celular.
Toxigenicidade
Exotoxina: principal fator de virulência
Amostras virulentas são doentes, infectadas (parasitadas) por um bacteriófago que possui o gene tox. Sem o gene tox a
amostra torna-se avirulenta !!!!
Diagnóstico Laboratorial
Baseado na detecção da toxina.
- convencional: isolamento do microorganismo e comprovação da toxigenicidade.
- rápido: detecção da toxina por sondas imunológicas ou genéticas.
Coleta de Material
Swab de naso ou orofaringe, lesões de pele
Exame Direto
Coloração Albert-Laybourn → valor questionável
Cultura
Semeadura em meios (Loeffer, PAI, ACT, Tinsdale,...) – são meios seletivos/indicativos
Testes Fisiológicos
Testes de detecção de toxina (CONFIRMATÓRIO)
Testes Confirmatórios
In vivo – em cobaias (SC) morte em 2-3 dias
Em coelhos (ID) lesão necrótica
In vitro – Imunodifusão (teste de Elek)
Neutralização de efeitos tóxicos em culturas de células
Uso de sondas imunológicas ou genéticas.
Prevenção
Imunização: antitóxica
- Com toxóide diftérico = toxina diftérica tratada com formol → promove resposta imunológica mas perde as
propriedades tóxicas.
Tratamento
- Deve ser realizado o mais rápido possível.
- O ideal é que seja realizado após a confirmação, mas quando o diagnóstico é convencional isto não acontece.
- Soro Anti-Diftérico (SAD): anti-toxina (produzido em cavalos, carneiros). Neutraliza a ação da toxina.
Deve ser usado somente quando se tem certeza de que é difteria, porque senão o tratamento é incorreto e pode trazer
conseqüências para o futuro. Por exemplo, caso o paciente tenha que tomar algum outro soro de origem animal no futuro
ele pode fazer uma reação imunomediada mais intensa devido a exposição prévia desnecessária.
LEGIONELLA
Parasitas intracelulares de protozoários aquáticos (ex: ameba). Ativam o sistema de internalização desses protozoários.
Usam um mecanismo de multiplicação semelhante ao que utilizam em células de mamíferos.
Possuem mecanismos de escape das defesas do hospedeiro (enzimas, etc...), como, por exemplo, quando são
fagocitadas por macrófagos.
Podem sobreviver em ambientes úmidos e temperaturas relativamente altas (mas não muito altas) por longos períodos.
Ex: tubulação de ar-condicionado (tem freqüentemente vários protozoários). Deve-se prestar atenção sobretudo em
ambientes hospitalares (UTI, setor de queimados, de transplantados,....) onde os pacientes tem alguém grau de
comprometimento e estão mais susceptíveis → deve-se fazer prevenção !
Síndromes Clínicas:
Principais hospedeiros susceptíveis: idosos e imunocomprometidos
Ambas as síndromes podem apresentar também: febre (↑38°C), mialgia, mal-estar, cefaléia, anorexia.
Fontes: chuveiros, torneiras e pias; piscinas, umidificadores de ar, equipamentos de terapia respiratória, torres de
resfriamento de ar (hospitais, grandes edifícios, empresas, etc).
Indivíduos de Risco
Diagnóstico
Laboratórios de Referência
Prevenção
Agente infeccioso
Porta de entrada (via de aquisição): única ou múltipla
Transmissão de agentes zoonóticos → ser humano atua como hospedeiro final: como intruso acidental no
envolvimento em cadeias animais.
Antrax
Doença epidêmica em todo o mundo, através de sua transmissão por animais e humanos.
Causador: Bacillus anthracis
Gram positivo
Formador de esporos
Hospedeiros variados: bovinos, eqüinos, caprinos
OBS: contaminação comum em veterinários → caráter ocupacional
Epidemiologia:
Vias de contaminação:
o Respiratória (aspiração)
o Gastrointestinal (ingestão)
Cutânea (penetração)
Reservatório: animais infectados, solo
• Exposição a animais
• Laboratoristas
• Pessoal de processamento de produtos de origem animal
Terrorismo biológico
Conforme a forma de contaminação, maior a gravidade da doença. A doença sistêmica de maior gravidade ocorre
quando há contaminação pela via respiratória, seguindo-se o trato gastrointestinal e a pele.
Fator de Virulência: mais importante é a toxina do antrax - grande responsável pela sintomatologia.
Toxinas
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Clínica:
• Existem 3 formas clínicas:
- cutânea (mais comum em situações de exposição) → Pápulas, seguida de vesículas, úlceras necróticas (escaras) com
centro negro. Áreas mais comuns: cabeça/pescoço, mãos/braços. Normalmente sem dor.
- gastrointestinal (rara) → Período de incubação: 1-7 dias. O envolvimento faríngeo inclui ulceração orofaríngea com
adenopatia cervical e febre. O envolvimento Intestinal inclui dor abdominal, febre, vômito com sangue e diarréia.
- inalação → Período de incubação: 1-7 dias (podendo chegar a 43 dias). Tosse, mialgia, fadiga e febre. Rápida
deterioração, dispnéia, cianose e choque, muitas vezes com evidência radiográfica de alargamento do mediastino. Caso
fatalidade:
– Sem tratamento com antibiótico: 86%- 97%
– com tratamento: 75% (45% em 2001)
Diagnóstico laboratorial:
• Coloração de Gram de material clínico (lesão de pele,sangue, fluído pleural, líquor)
• Cultura: “padrão ouro”
• Exames específicos:
– PCR
– Sorologia (ELISA)
– Imunohistoquímica
Tratamento:
• Hospitalização
• Antimicrobianos
– Tratamento empírico temporário
– Terapia intensiva de suporte
– Eletrólitos e equilíbrio ácido-base
– Ventilação mecânica
– Suporte hemodinâmico
• Antibióticos
– ciprofloxacina ou doxiciclina e mais outra droga ativa contra B. anthracis*
– 30 a 60 dias de duração
Vacina:
• Filtrado de culturas toxigênicas (cell-free) de B. anthracis
• O Filtrado contém antígeno protetor (PA) e outros produtos celulares
• Ligado a hidróxido de alumínio, atua como um adjuvante
• Contém pequenas quantidades de (conservante) e formaldeído (estabilizanter)
• 95% soroconvertem após 3 doses
– 92.5% de eficácia (doença cutânea e inalação combinada)
– Estudos com modelo animal sugerem proteção contra a forma por inalação
• Duração da imunidade e desconhecida
•
Bacillus cereus
Características:
• BG+ aeróbio
• Esporogênico (central, elipsóide, não deformante)
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• Esporulam em 2-3 dias
• Móvel
Produtos extracelulares
• proteases (afeta produtos lácteos)
• beta-lactamases
• fosfolipases
• hemolisinas
• toxinas
Fatores de virulência na doença gastrointestinal
• Toxina emética (cereulida)
• Produzida na fase estacionária
• Detectada por observação de vômito em macacos primatas
• Estrutura (identificada em 1994)
• Peptídeo em forma de anel (1,2 kDa)
• Resistente a 121oC / 90 min
• Ácido-resistente: pH 2 – 11
• Resistente à tripsina e pepsina
• Produção: ótima em arroz e leite à 25 - 32o C
• Função: Estimula o nervo vago e induz o vômito
Patogenias:
FORMA DIARRÉICA (D):
– PRODUZIDA NA FASE LOG
– PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 10-12 horas
– TOXINA TERMOLÁBIL (55ºC, 20 MIN)
– ÁCIDO-LÁBIL
– Enterotoxina
– Hemolisina BL (B, L1 e L2)
– Componente B (enterotoxina) -37,8 kDa
– Teste em alça ileal de coelho, primata, cultura de célula, letalidade em camundondo
– Componente L2 (43kDa) - potencializa a atividade de B e L1 (38 kDa)
– Nem todos os B. cereus enterotoxigênco produzem L2
– Modo de ação: 100 vezes mais potente que a enterotoxina de C. perfringens. Destrói a membrana das
células epiteliais.
Infecções não gastrointestinais B. cereus
Infecções disseminadas:
• Imunodrepimidos
• pacientes com câncer
• viciados em drogas
• pacientes que fazem hemodiálise e cirurgias
bacteremia
pneumonia
endocardite
infecções oculares
infecções cutâneas (gangrena gasosa)
Diagnóstico:
• Isolamento de > 105 UFC/g alimento E
• Isolamento da bactéria nas fezes ou vômitos, com características fenotípicas idênticas.
• Polimixina – antibiótico seletivo
• Gema de ovo – Diferencial
• Lecitinase ou fosfolipase
• Manitol – B. cereus não fermenta manitol
→ Ágar Manitol-Gema-Polimixina
Egg Yolk / Mossel (24h / 30oC)
Identificação Bioquímica
Produz ácido da glicose
reduz o nitrato
Decompõe a tirosina
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lisozima resistente
Fortemente beta-hemolítico (móvel)
Fracamente beta-hemolítico (não móvel)
Listéria monocytogenes
Morfologia regular
Habitat primário: solo e vegetais em decomposição
Patógeno de caráter oportunista.
Cocobacilo Gram-positivo (0,5-2µ m por 0,4-05 µ m )
intracelular
anaeróbio facultativo
Catalase +
oxidase -
Não esporulado
Móvel
Esculina +
CAMP +
Cresce em 6.5% de NaCl
Formam biofilmes
Acido-resistentes, termo-resistente e sais-resistentes.
Estrutura antigênica
– 4 principais sorogrupos (1- 4) baseados no antígeno O
– Sorotipos baseados no antígeno H
– O tipo 1b causa a maioria das infecções, juntamente com 1a e 4b
Listeriose
O microrganismo é isolado do sangue, líquor ou sítio normalmente estéril do corpo como placenta ou feto.
Ocorrem cerca 1600 casos de listeriose por ano nos EUA, com mais de 415 mortes.
Na grande maioria são casos isolados, dificultando a análise epidemiológica
- Principais alimentos envolvidos: .
• Queijo mole maturado.
• Sorvete.
• Vegetais crus
• Leite cru e supostamente pasteurizado
• Salsichas cruas fermentadas
• Carne, peixe e frangos
- População alvo:
Grávidas e o feto
Imunodrepimidos e imunocompremetidos por corticosteróides, drogas anticancer,
Aidéticos
Idosos
Pacientes com câncer: leucemia
Menos freqüente:
Diabéticos, doenças hepáticas, asmáticos, colite ulcerativa;
Pessoas sadias
- Fatores de Virulência:
– Agente produtor de monocitose:
– Proteínas de invasão
– hemolisina oxigênio Lábil
– (Listeriolinina O)
– Fosfolipase
– Cápsula polisscarídica
– ActA: Proteína responsável pela motilidade
– intracelular
– Estrutura semelhante ao LPS: febre
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– Tropismo pelo sistema nervoso central
Síndromes clínicas:
o Infecção assintomática (portadores assintomáticos humanos → a bactéria fica na microbiota intestinal) ou
infecção com quadro inespecífico, presentes também em outras infecções bacterianas.
OBS: não tem sintomatologia entérica como quadro principal.
o Infecções neonatais (abscessos generalizados), aborto séptico (depende da fase de gestação)
o Meningites, encefalites e outras infecções do SNC (meningoencefalite). No adulto essas manifestações,
assim como a bacteremia, são as mais comuns, podendo evoluir para as demais manifestações citadas abaixo.
o Bacteremia
o Endocardite, artrite, osteomielite, abcessos intrabdominais, infecções pleuropulmonares
o Grávidas: septicemia, meningite ou meningoencefalite, encefalite, infecção intrauterina ou cervical em
grávidas, pode resultar em aborto espontâneo no 2o ou 3o trimestre, ou natimortos
o Infecção em adultos normais: resulta em sintomas auto-limitantes semelhantes à influenza, e/ou
distúrbios gastrointestinais brandos: nausea, vômitos e diarréia
o Em indivíduos imunodeprimidos: pode ocorrer doença grave.
o Corresponde a uma das principais causas de meningite em pacientes com câncer e em receptores de
transplante renal.
o Idosos:, os sintomas primários podem ser imperceptíveis. A infecção pode se tornar aguda e levar à
sépse (febre alta e hipotensão). A principal complicação da bacteremia é a endocardite.
o Feto: pode ser de início precoce ou tardio
Foram descritos também infecções em surtos, apesar de a tendência é de os casos de Listeriose serem isolados.
Nestas descrições os surtos ocorreram pela ingestão de produtos alimentares de origem animal contaminados.
Atualmente a contaminação acontece isoladamente por contato com um animal contaminado
Quando o inoculo é pequeno, temos uma forma mais branda da Listeriose, onde há uma bacteremia que é
eliminada pelo organismo.
Transmissão:
- Contato direto com animais contaminados (mamíferos, aves, peixes, insetos)
- Transplacentária
- Ingestão de alimentos contaminados (leite, queijos, carnes, vegetais)
- Contato com ambiente contaminado: solo, água e vegetação.
Fatores Bacterianos:
- Patógenos intracelulares facultativos – cresce em macrófagos e células epiteliais (sobrevive nos
fagossomas).
- Amostras virulentas produzem listeriolisina (LLO) – hemolisina
OBS: Também lisa outras células → vantagens na implantação → degrada a parede dos fagossomas.
- Crescem em baixas temperaturas (geladeira) e pHs variados.
Diagnóstico Laboratorial:
o Espécime: LCR, sangue, líquido amniótico, biópsias de tecidos
o Em caso de surtos: espécimes de alimentos (vegetais – repolho, cogumelos – queijos, aves, salsichas,
leites, patês). Objetivo → investigação epidemiológica
Bacterioscopia: Bacilos gram + (intra ou extracelular)
Cultura: microorganismo exigente – meio seletivo para listeria
Diferencial entre listeria e streptococcus grupo B = bacterioscopia
A síndrome clínica é parecida em neonatos
Testes fisiológicos
- teste de motilidade 20-25°C
- produção de β-hemolisina
- produção de co-hemolisina
- fermentação de açucares
Família Enterobacteriaceae
São constituintes da microbiota (ou flora) intestinal.
Distribuição mundial: água, solo, ar, microbiota intestinal humana e animal, insetos, frutas, vegetais, grãos,
plantas, árvores.
Características:
1. São Bacilos (forma de bastão) gram-negativo, retos, oxidase-negativos, não formam esporos, não são álcool-ácido
resistentes.
- Reação da oxidase: produção da enzima citocromo-oxidase, que atua na respiração aeróbica transferindo elétrons
para o citocromo C (oxidação). Usa-se uma fita, na qual coloca-se um pouco da cultura (raspado?) e em seguida coloca-se
um reagente. Se houver reação (mudar de cor) o resultado é positivo – a bactéria possui a enzima.
OBS: As características mais importantes para a caracterização das enterobactérias são ser oxidase-negativa e
fermentadoras.
OBS: Quando se encontra uma nova bactéria, deve-se caracterizá-la quanto ao fenótipo expresso. Os testes fenotípicos
compreendem tanto aqueles que definem a natureza metabólica da bactéria (fermentação, redução de nitrato, por
exemplo), quanto àqueles que analisam os antígenos expressos em sua estrutura. Esses testes permitem que outros
pesquisadores, em qualquer laboratório, possam reconhecer estas bactérias. Somente depois de caracterizadas é que estas
bactérias podem receber um nome (nomenclatura oficial).
Composição Antigênica:
Antígeno O – polissacarídeo ligado ao lipídio A
Antígeno K – polissacarídeo capsular
Antígeno H – flagelo
Sorogrupo: AgO
Sorotipo: AgO e AgH
Escherichia coli
- Em 1907 foi reconhecida como um patógeno – diarréia em neonatos.
- Existem outras espécies do gênero Escherichia, mas sua importância para a microbiologia médica é irrelevante
(muito raro serem a causa de doenças).
- A maioria das amostras é parte da microbiota residente.
- Agentes de infecções em humanos e animais.
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Espécime Clínico: material coletado no ser humano para análise em laboratório. Ex: sangue, urina.
- Patógenos especializados:
• Infecções intestinais – E. coli dierreiogênicas
• Infecções urinárias – E. coli uropatogênicas (em geral, estas não pertencem a microbiota residente)
- Isolamento
• Meios de cultura não seletivos: espécime clínico de sítios extra-intestinais, normalmente estéreis (sangue, urina).
agar sangue, CLED (cysteine-lactose electrolyte deficient agar)
• Meios de cultura seletivos-indicadores: especialmente para a pesquisa de E. coli diarreiogênicas (espécimes
clínicos não-estéreis). São chamados indicadores por estarem associados a algum outro teste que evidencie uma
característica bioquímica ou fisiológica de microorganismo de interesse (ex: fermentação de carboidratos – lactose,
sorbitol).
agar MacConekey, agar EMB (eosin-methylene blue), agar MacConkey-sorbitol
• Fermentação de Carboidratos
lactose: CLED, EMB, MacConkey
ausência de fermentação de sorbitol: MacConkey-sorbitol
Observações:
1. O sorbitol é um carboidrato que é produto da redução da glicose. Neste caso, ele é utilizado para selecionar as
bactérias E.coli das demais enterobactérias. CONFIRMAR.
2. O meio de cultura CLED é um meio diferencial, onde a lactose inibe a motilidade das enterobactérias do gênero
Proteus (muito móvel que pode contaminar toda a cultura), que pode fazer parte da microbiota normal. Este meio é muito
utilizado quando o espécime clínico é a urina (comum no TGU).
Caracterização Sorológica:
- Determinação dos Sorogrupos (AgO) e Sorotipos (AgO e AgH): com o advento da biologia molecular (é mais
precisa) observou-se que isso nem sempre é correto.
EX: Sorogrupo – O6, O111, O157 // Sorotipos – O111:H2, O111:H9, O111:H- (não tem o AgH)
- Aplicações da Sorotipagem:
• Valor histórico
• Estudo epidemiológico
• Interesse Diagnóstico: caracterização das cepas diarreiogênicas
E. coli Diarreiogênicas
EPEC – Enteropatogênica
- Causam diarréia infantil e persistente (principalmente até 2 anos; pico de 0 a 6 meses)
- Estão associadas à desnutrição.
- A infecção geralmente ocorre nas células do cólon e/ou íleo terminal.
- Virulência: produz a lesão AE (attaching and affacing) que se processa da seguinte forma:
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Proteínas da superfície bacteriana:
• Bfp: adesão, agregação e colonização
• Adesina timina : adesão
• EspA: filamentos de superfície
A aderência bacteriana às células epiteliais ocorre via Bfp e EspA. Há então a injeção do receptor de intimina
(Tir) para dentro do enterócito pela EspA, juntamente com outras moléculas que promovem a despolimerização
da actina, o que resulta em perda das microvilosidades.
As conseqüências são: redução da superfície de absorção (que se associa à desnutrição), pode haver perda de
eletrólitos pelo enterócito e até morte celular.
- Não adianta dar antibióticos porque esta bactéria não é invasiva. O uso de antibióticos pode inclusive ser nocivo
por atacar a microbiota natural, que seria um mecanismo de defesa do organismo (competição).
- Ocorre redução importante na absorção de eletrólitos e de nutrientes, e diarréia moderada (2 a 3x ao dia, pouco
intensa mas PERSISTENTE). O tratamento é uma reposição hidroeletrolítica.
ETEC – Enterotoxigênicas
- diarréia aguda, aquosa e severa, sem muco ou sangue.
- Dores abdominais e vômitos; febre ausente ou discreta.
- Crianças (desmame) e adultos (“doença dos viajantes”).
- Doença endêmica e surtos.
- Virulência:
Não alteram a estrutura da mucosa do intestino delgado.
Genes em plasmídios: adesinas (fatores de colonização) hospedeiro-específicas e
enterotoxinas termo-lábil LT e/ou termo-estável ST
Mecanismo
Toxina LT: possui 2 subunidades A e B
1. Internalizada na mucosa do Intestino Delgado (fagocitose)
2. A subunidade A é translocada para o citoplasma.
3. Ocorre ativação da adenilato-ciclase: ↑ AMPc e ativação de transportadores de membrana.
Conseqüências: secreção de eletrólitos e água para fora do enterócito.
Toxina ST
1. Ligação ao receptor na membrana (agonista endógeno: guanilina – mantém a homeostase intestinal).
2. Ativação de guanilato-ciclase: ↑ GMPc e ↑ secreção de Cl -.
EHEC – Enterohemorrágica
- Uma nova doença em 1983 – dor abdominal intensa, diarréia aquosa seguida de diarréia sanguinolenta (HC – colite
hemorrágica) - surto após a ingestão de hambúrgeres mal cozidos (carne bovina moída = maior chance de contaminação).
- Cultura de fezes: encontrou-se um sorotipo raro de E coli ( O157H7)
- Diarréia seguida as vezes de síndrome hemolítico-urêmica (SHU): insuficiência renal aguda, trombocitopenia,
anemia hemolítica, microangiopatia.
- Presença de citotoxina (Shiga-like toxin: Stx) nas fezes.
- STEC: E.coli produtora de Stx
- EHEC: um subgrupo de STEC que inclui conotação clínica (algumas cepas STEC podem não ser patogênicas)
• Causa colite hemorrágica e SHU
• Expressa Stx (codificada em um fago) – inibição da síntese protéica
• Causa lesão AE
- Mecanismo: lesão AE (aderência íntima - perda das microvilosidades) e lançamento da toxina Stx no enterócito. Esta
toxina atinge a corrente sanguínea promovendo os efeitos sistêmicos.
- Histopatologia: hemorragia e edema da lâmina própria, necrose focal, infiltrado neutrofílico -- colite
pseudomembranosa.
Tratamento: suporte renal, transfusão, nutrição parenteral, etc = suporte geral ao doente. O uso de antibióticos
ainda é controverso.
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- transmissão zoonótica
o Alimentos de origem animal (bovina)
o Legumes e vegetais
o Sucos de frutas
o Água
o Contaminação cruzada
- transmissão interpessoal
EIEC - Enteroinvasiva
- Diarréia aguda, com muco, sangue e pus – disenteria
- Crianças acima de 2 anos e adultos
- Biótipo: imóveis, lisina-descarboxilase negativas
- Virulência:
Infectam o íleo terminal e invadem enterócitos: inflamação local e necrose da mucosa
Plasmídeo com genes associados à invasão
Internalização, escape do vacúolo, passagem célula-célula
EAEC – Enteroagregativa
TOXINAS
HEMOLISINA – A a-hemolisina é uma citotoxina capaz de formar poros na membrana de diferentes células do
organismo, resultante em morte celular.
Endotoxina (LPS-Ag “O”) – Uma das principais ações desta endotoxina ocorre ao estimular a produção de citocinas
pró-inflamatórias
Salmonella
Infecção intestinal: diarréia, febre, dor abdominal (1 semana)
Origem: freqüentemente a partir de alimentos de origem animal, água, outro ser humano.
- Ovo – contaminação extrínseca e intrínseca: transmissão trans-ovariana
- Animais de estimação (répteis – tartarugas)
Surtos: carne defumada, chocolate, contaminação posterior de leite pasteurizado, sorvete, maconha
Incubação: 6 a 24hs. Após desaparecimento de sintomas, o indivíduo pode permanecer como portador por
mais 3 meses. Pequena proporção de pacientes: Salmonella invade corrente sanguínea → choque séptico, principalmente
indivíduo imunocomprometidos.
Classificação atual:
- Baseado no sequenciamento de RNAr
- 2 espécies
♦ S. entérica – 6 subespécies e 2501 sorotipos
♦ S. bongori (anteriormente subespécie V)
Nomenclatura
Salmonella entérica supsp. entérica sorovar Typhimurium ou Salmonella Typhimurium
Salmonella Typhi – febre tifóide: infecção da corrente sanguínea, em países em desenvolvimento → febre contínua,
cefaléia, sem diarréia.
Transmissão: contato pessoal ou alimentos ou água contaminados com fezes → dose infectante muito baixa (<103 ufc).
Período de incubação: 1-6 semanas → invasão , multiplicação no fígado e baço, bacteremia intensa, MO excretado
pela bile → volta ao tubo gastrointestinal
Síndrome semelhante:
Salmonella Paratyphi A, Salmonella Paratyphi B e Salmonella Paratyphi C.
Manifestações clínicas:
_ Gastroenterite – mais freqüente.
_ Bacteremia ou septicemia.
_ Febre entérica.
Febre tifoide
_ Febre tifoide (e paratifoide) são causadas pela S. Typhi, S. Paratyphi e mais raramente por alguns outros
sorotipos.
_ Curso da doença é bimodal:
_ 1a fase – hemocultura (+) e coprocultura (-) com febre e constipação.
_ 2a fase – hemocultura (-) e coprocultura (+).
_ Ocorre mais freqüentemente em crianças do que em adultos.
_ Febre prolongada (10-14 dias).
_ Dor de cabeça.
_ Desconforto abdominal.
_ Letargia generalizada.
_ Calafrios, tontura e dor muscular são freqüentemente observados antes do início da febre.
_ Cerca de 10% dos pacientes podem evoluir para um quadro mais severo, inclusive com perfuração do
intestino delgado.
_ Salmonella está comumente presente no trato intestinal de répteis (tartarugas, iguanas e cobras) e anfíbios
(sapos, rãs e salamandras).
_ A transmissão de Salmonelas por répteis e anfíbios (Pet) é responsáveis por algo em torno de 74.000
casos/ano de
infecção nos EUA.
_ Os alimentos mais freqüentemente implicados na disseminação de Salmonella são os de origem animal,
tais
como ovos, leite e carnes (frangos e bovinos).
_ Estima-se que 0,01% dos ovos de galinha estejam “naturalmente” contaminados por Salmonela,
originários das
ovotecas e de ovodutos em galinhas de criação comercial.
_ Contaminação de origem fecal pode ocorrer também em decorrência de rachaduras, microfissuras ou
aumento da porosidade da casca, contaminado internamente o ovo ou simplesmente permanecendo
externamente a casca.
_ Pode ainda ser fonte de contaminação primária para outros alimentos (base para diferentes produtos
alimentícios como massas, maioneses, sorvetes, etc).
Fatores de virulência
_ Adesinas
_ Fimbria tipo I
_ Fimbria tipo curli (Agf = aggregative fimbrial)
_ Long polar fimbriae (Lpf)
_ Fímbria tipo IV
_ SSPE → (Sintema de secreção de proteinas efetoras) Aparato secretor de transferência de proteínas
efetoras da bactéria para a célula eucariótica hospedeira.
_ ShdA (Shedding) → Proteína de superfície que se liga a fibronectina (atividade de adesina), parece estar
envolvida com a capacidade de manter-se colonizando o ceco por longos períodos, mantendo a excreção da
bactéria para o ambiente mesmo após a fase clínica da doença (estado de portador assintomático).
_ Rck (Resistence to complement killing) → Proteína de membrana externa que interfere na formação de
MAC (Membrane attack complex) fazendo com que a salmonela resista a ação do sistema complemento.
_ LPS → Pode conferir impedimento estérico a ação de defensinas e do sistema complemento, em
decorrência das longas cadeias laterais. Apresenta atividade pirogênica.
_ Antígeno Vi (capsula) → Impede a opsonização mediada por anticorpos, aumentando a resistência da
bactéria a ação do sistema complemento (atua como uma evasina).
_ Flagelina → Estimula a secreção de IL-8
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Condições ambientais afetam a capacidade invasiva das
Salmonelas
_ Nível de O2.
_ Osmolaridade.
_ Estado de crescimento bacteriano.
_ pH.
S. Typhimurium é mais invasiva em condições de baixa concentração de O2 do que em situação de
aerobiose.
S. Typhi em baixa osmolaridade aumenta a produção de antígeno Vi (cápsula polissacarídica), promovendo
a exacerbação do fenótipo aderente e invasor.
Sensibiliade a antimicrobianos
_ Amostras de Salmonela multiresistentes tem sido observadas.
_ Uso indiscriminado e inadequado de antimicrobianos (prescritos ou automedicação).
_ Emprego de antimicrobianos como promotores de crescimento em criações animais.
_ Tratamento – Emprego reservado para casos de complicação sistêmica ou em casos de febre tifóide (fase
aguda e de portador).
_ Primeira opção - Cloranfenicol, SFM+T, ampicilina ou amoxilina.
_ Segunda opção – Cefalosporinas de terceira geração e fluoroquinonas (também já tem se observado
emergência de cepas resistentes).
Peste Bubônica:
Yersinia pestis (enterobactéria)
Vias de aquisição:
o Penetração pela pele (penetração da bactéria por microfissuras e soluções de continuidade)
o Respiratória (inalação)
Hospedeiros naturais: carnívoros e roedores. Podem ser sintomáticos ou não.
Vetor → pulga
Ciclo urbano: cães e gatos; ratos e camundongos picados por pulgas do ciclo silvestre passam a ser hospedeiros
urbanos da bactéria.
Transmissão:
o Pela pulga: penetração na pele
o Homem a homem (respiratória)
o Animal doente – homem (respiratória)
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Shigella
Escherichia e o Shigella.
Aparentemente parecem dois gêneros bem distintos. As E. coli são caracteristicamente mais “ativas”
bioquimicamente, quando comparadas as shigellas, que são mais “inertes”. Entretanto, os dois gêneros estão
estreitamente relacionadas geneticamente. Com base em estudos de hibridação de DNA-DNA, na verdade, não
representam gêneros distintos.
São bacilos imóveis, não fermentadores da lactose muito parecidos com EIEC. A manutenção desta
distinção ocorre além das características filogenéticas, devendo-se principalmente a certas peculiaridades,
tais como patologias causadas (desinteira bacilar), diferentes tipos sorológicos, etc.
Mecanísmo de virulência
_ Invasão → Proteínas associadas a invasão, aparato secretor e regulação estão codificados
em um plasmídio ( pInv) de alto peso molecular (~220kb).
_ Citotoxina - STx
S. dysenteriae tipo I = Bacilo de Shiga → Produz uma toxina (STx), similar a de EHEC, com atividade
citotoxica, enterotóxica e neurotóxica. Esta toxina está codificada no cromossomo bacteriano.
_ Enterotoxina – SheT1 e SheT2 (Shigella enterotoxin)
_ São enterotoxinas que apresentam capacidade de causar acúmulo de liquido, em modelo animal (alça
ligada de coelho), bem como positivo para tecido ileal isolado em câmaras de Ushen.
_ O locus shet1 está presente principalmente em S. flexneri 2a, mas pode ocorrer em outras espécies de
Shigella e de E. coli.
_ A capacidade de produzir shet pode explicar o aparecimento de diarréia aquosa (com características
toxigênicas) precedendo alguns casos de disenteria bacilar.
Patogênese
_ Estudos em voluntários demonstraram que Shigella é altamente infecciosa, bastando uma dose de 101 a
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102 ufc via oral (aparentemente apresenta grande resistência ao suco gástrico).
_ Período de incubação de 12-48 horas
_ Infecção de íleo terminal e especialmente do cólon.
_ Lesão histopatológica - Invasão e destruição da camada epitelial, com formação de infiltrado inflamatório
e úlceras. A região do reto-sigmoide é a mais afetada.
Doença
_ Formas de infecção por Shigella:
_ assintomática ou subclínica (até 50% dos casos);
_ episódios de diarréia aquosa;
_ disenteria bacilar - formas severas e tóxicas.
_ Estas variações podem ocorrer na dependência de:
_ Natureza e tamanho do inoculo.
_ Estado imune do hospedeiro.
_ Arsenal genético da bactéria.
_ A disenteria bacilar causada por S. dysenteriae é caracterizada por uma diarréia aquosa, febre, cólicas
abdominais e tenesmo, com emissão de fezes mucopurulentas e sanguinolentas.
_ Outras manifestações clínicas também podem estar associadas: anorexia, náuseas, vômito, cefaléia,
calafrios, convulsões (associado ao quadro febril).
_ Encefalopatia, letargia, alucinações, confusão mental podem ocorrer e estão associados a produção de STx
que é uma toxina com atividade neurotóxica (além de citotóxica e enterotóxica).
_ Síndrome Hemolítica Urêmica pode ocorrer como uma das complicações extraintestinais provocados pela
STx.
Epidemiologia
_ Reservatório: Homem e outros primatas.
_ Principais espécies no Brasil são:
_ S. flexneri e S. sonnei.
_ Transmissão:
_ Pessoa-pessoa (contaminação fecal – creches, hospitais psiquiátricos)
_ Prática sexual – Contaminação oral, pós prática de sexo anal.
_ Moscas (contaminação de alimentos)
_ Alimentos mal cozidos e água contaminados.
Tratamento
_ Formas leves de cura espontânea.
_ Ampicilina (antimicrobiano de primeira escolha), seguido de SMT+T (tem aumentado a frequência de
cepas resistentes a Amp ou SMT+T)
_ Qinolonas, Ciprofloxacina e Norfloxacina tem sido indicados para cepas resistentes as drogas de primeira
escolha (não devendo ser utilizados para menores de 17 anos e gestantes – dano a tecido cartilaginoso)
recomendando-se Ceftriaxona e Cefotaxima.
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Aula Prática
Bacterioscopia: é o primeiro passo do diagnóstico na microbiologia médica. É realizada diretamente de um espécime
clínico. Pode ser a fresco ou com coloração (ex: gram). Aplicações:
♦ investigação de quadros de sepse (colher sangue e fazer hemocultura). Fazer coloração Gram.
♦ Diagnóstico de tuberculose; corar escarro com Ziehl-Nielsen e tratar com álcool-ácido BAAR
Coloração Fontana-Tribondeau. É uma impregnação de grânulos de prata. Para espitoquetas ou espirilo.
Nesse grupo estão incluídos os bacilos gram-negativos que utilizam a glicose na via oxidativa, mas não fermentam a
mesma, e os que não utilizam a glicose nunca.
Assacarolíticos – não utilizam a glicose como fonte de carbono
Sacarolíticos – utilizam a glicose como fonte de carbono, seja por via aeróbia seja por via anaeróbia.
A identificação dos organismos é feita por coloração de gram e pelo teste de citocromo oxidase.
Coloração de gram – são gram-negativos
Citocromo oxidase – são oxidase positivos
Obs: o teste da citocromo oxidase serve para diferenciar os BGNNF das enterobactérias, que são oxidase negativo.
A forma mais usada de teste é o meio Hugh-Leifson, um meio com elevada concentração de glicose, em que se mede a
utilização desse açúcar na via oxidativa.
À medida que a bactéria vai consumindo a glicose do meio, ela vai produzindo ácidos, que são detectados pela
viragem de pH.
Medidas de crescimento
2 tubos: um com óleo e outro sem óleo.
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Resultado +: coloração do tubo muda de verde para amarela.
Resultado -: tubo permanece verde.
BGNNF x Enterobactérias
BGNNF Enterobactérias
Oxidase positivo Oxidase negativo
Não reage no meio Hugh- Reage no meio Hugh-
Leifson Leifson
Características epidemiológicas
- Microorganismos do ambiente
- Raramente encontrados na flora normal
- Produzem poucos fatores de virulência (com exceções) – são oportunistas
- Resposta insatisfatória aos desinfetantes (são resistentes)
- Agentes de infecções hospitalares
- Menos de 20% dos microorganismos isolados em rotina diagnóstica
Características fisiológicas
- Aeróbios
- Não esporulados
- Não acidificam os meios usuais de identificação DAU, KTA, TSI
- Assacarolíticos ou utilizam carboidratos por vias oxidativas
- Versatilidade nutricional
Identificação laboratorial
- É difícil, pois o isolamento é raro
- Os microorganismos exigem meios específicos, com prazos de validade restritos, de modo que os meios de
identificação são raros.
Pseudomonas aeruginosa
- É o patógeno mais importante do gênero
- Tem elevada morbidade e mortalidade (bacteremias e pseudomonias)
- Tem grande gama de infecções, desde infecções simples até complexas
- Ausência de especificidade tecidual
- Resistência aos antimicrobianos
- Espectro de doenças varia de infecções de pele a sepses fulminantes
Infecções comunitárias:
* endocardite pelo uso de drogas injetáveis ilícitas (elevada bacteremia sepses e endocardites)
* foliculites e otite externa (piscinas)
* infecções dos olhos (lentes de contato)
* osteomielite do calcâneo
* infecções respiratórias em portadores de fibrose cística (70 – 80% têm a mucosa respiratória cronicamente
colonizada) – infecções recorrentes
* pneumonia em indivíduos de meia idade, fumantes ou com história de fumo
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Fatores de virulência
* Alginato: é um mucopolissacarídeo, sendo importante para a aderência de cepas mucóides à mucina respiratória.
Além disso, é importante na defesa, pois inibe a ligação de anticorpos e a fagocitose e na formação de biofilmes, que
confere resistência a antimicrobianos.
* Exotoxinas: efeitos locais e sistêmicos, como necrose de tecidos.
* Proteases extracelulares (ex: elastase e protease alcalina): aderência, necrose de tecidos pela degradação de
elastina, laminina e colágeno, inativação do sistema complemento e inativação de Igs.
* LPS: efeitos de endotoxina
* Pili: aderência de cepas não mucóides.
Infecções hospitalares
* Pneumonia: em pacientes fazendo uso de respiradores artificiais (entubados ou traqueotomizados)
Susceptibilidade - aparelho + condições imunológicas do paciente + fatores do patógeno
Eventos – colonização primeiro episódio recaídas reinfecções
* Infecções do trato urinário: pacientes com cateteres, sondas e exames urológicos.
* Infecções da corrente sangüínea (bacteremia): pacientes com doenças cardio-pulmonares, doenças neoplásicas
hematológicas, queimadura, falência renal, diabetes, pneumonia.
Reservatórios
* Nosocomiais: soluções aquosas, desinfetantes, pomadas, sabonetes, equipamentos de terapia respiratória e de diálise,
pias, chuveiros, anti-sépticos...
* Extra-nosocomiais: vegetais crus, flores no quarto, frutas, piscinas, tubulações de aquecimento, colírios, cosméticos,
etc.
Obs: nosocomial: restrito a um ambiente – ex: asilos, hospitais.
Diagnóstico laboratorial
- Pseudomonas é facilmente identificada em laboratório (exceção)
- Cresce na maioria dos meios
- Coleta do espécime clínico (vários espécimes): sangue e fezes.
- Testes bioquímicos para diferenciar P. aeruginosa dos outros dois tipos mais comuns de Pseudomonas:
P.aeruginosa P.fluorescens P. pulida
Piocianina + - -
Crescimento 42°C + - -
Gelatinase variável + -
Obs: Piocianina = pigmento / Gelatinase = degrada gel.
Burkholderia
- Existem mais de 20 espécies
- Presente no solo e na água
- É nosocomial
- Presente em alimentos contaminados, medicamentos, equipamentos.
- Morbimortalidade baixa em relação a Pseudomonas
- Pode causar bacteremia em pacientes com cateteres inseridos, com infecção de trato urinário, artrite séptica e
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peritonite.
- Tem baixa virulência em pacientes não portadores de fibrose cística.
Ralstonia
- São patógenos respiratórios.
- Evolvido em surtos de infecção de corrente circulatória – ocorrem por administração de produtos endovenosos
contaminados.
- Causa infecções respiratórias em pacientes com fibrose cística.
Stenotrophomonas
- Engloba 2 espécies: Maltophilia e Africana.
S. africana: presentes em fluido espinhal de pacientes HIV +
S. maltophilia: patógeno nosocomial, causando bacteremia, meningite, infecção do trato urinário.
- Importante na fibrose cística.
Provas bioquímicas
Microorgani Mobilid Oxi Argi Li 4 Po
smo ade dase nina sina 2°C li B
P. Móve + + - S
aeruginosa l +
B. cepacia Móve + - + R
l -
S. Móve - - + S
maltophilia l -
R. piskettii Móve + - - R
l -
Obs: S: sensível / R: resistente.
3 últimos gêneros: crescimento lento e em temperatura ambiente.
Acinetobacter
- É o segundo BGNNF mais comum
- Diferente da P. aeruginosa, que só cresce em ambientes úmidos, a Acinetobacter cresce tanto em ambientes úmidos
quantos em secos.
Reclassificação das espécies
* Estudos de hibridização DNA-DNA resultaram na descrição de homologia no DNA: genomoespécies (DNAs com
homologia, mas com fenótipos diferentes)
* Uma dessas gemoespécies inclui o gênero Acinetobater.
- Tem crescimento em temperatura ambiente
- Tem forma cocobacilar na fase estacionária e em meios seletivos.
Obs: Na cultura de sangue podem parecer cocos gram-positivos, mas são bacilos gram-negativos. Isso ocorre por
defeito na descoloração.
- São aeróbios estritos
- Imóveis e oxidase negativos (diferente dos outros gêneros)
Epidemiologia
* São encontrados no solo, água e alimentos.
* Cresce em ambientes úmidos e secos.
* São oportunistas
* Comensais na pele de humanos e animais e orofaringe
* Fatores de risco: hospitalização, cirurgia, antibioticoterapia.
* Espécimes clínicos: urina, escarro, fezes, secreção vaginal e secreção de feridas.
Patogenicidade
* Número limitado de fatores de virulência: polissacarídeos de cápsula (slime: citotoxidade contra neutrófilos –
aderência em superfícies inertes), fimbrias, lipídeo A do LPS, aerobactina (sideróforo – captação de ferro).
* Causam mais comumente pneumonias, infecções de trato urinário, infecções de feridas (que pode progredir para
septicemia)
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* Causam, raramente, peritonite, endocardite, meningite e artrite.
Tratamento
P. aeruginosa
* Grupo A: ceftazidina, gentamicina e amicacina, tircacilina, piperacilinas.
* Grupo B: azetionam, cefepina, ciprofloxacinas, imipenem, tobramicina.
* Grupo C: netilmicina
- Os antibióticos do grupo A são todos testados e informados aos médicos, os do grupo B são testados, mas não são
informados e os do grupo C são usados apenas em casos de emergência, surtos com bactérias resistentes.
- Primeiro usa-se os do grupo A, se todas as bactérias forem resistentes recorre-se aos do Grupo B.
- O mesmo processo existe para Acinetobacter, Burkholderia e Stenotrophomonas.
- Essa padronização só existe para essas espécies/gêneros de BGNNF.
ESPIROQUETAS
- Ordem: Spirochaetales
- Conformação → helicóide
- Móveis → flagelos
Patógenos: gêneros Treponema, Leptospira, Borrelia (saprófitas humanos).
1. TREPONEMA
- Infecção apenas em humanos
- Não são cultivados in vitro.
♦ T. pallidum subespécie pallidum – sífilis (é o mais importante)
♦ T. pallidum subespécie perteneu – bouba (yaws)
♦ T. pallidum subespécie endemicum – bejel
♦ T. carateum – pinta
OBS : Os 3 últimos são encontrados apenas em comunidades muito subdesenvolvidas na África. Para a prova, só o
primeiro importa.
Epidemiologia:
Doença universal. Ressurge na década de 60 (↑ freqüência): uso indiscriminado de antibióticos e uso da pílula
(latência – casos assintomáticos).
Aumento da freqüência também observado durante a epidemia de HIV (imunossupressão). Aparecimento de formas
clínicas atípicas, com evolução mais grave e mais aguda.
Contato: sexual (coito, beijo), raramente por transfusão sangüínea (há triagem por sorologia).
Via de entrada: membrana da mucosa ou lesão cutânea (infecção em 50% dos casos após contato sexual com parceiro
infectado)
Colonização Local: invasão de vias linfáticas e sangüíneas → infecção sistêmica (incubação média de 3 semanas 3-
90dias / após 3 meses já tem Ac)
CLASSIFICAÇÃO:
• S1) Sífilis Primária: 2 dias de incubação
Após a entrada do treponema no organismo surgem as primeiras manifestações:
- cancro duro: (úlcera no local da penetração do treponema).
Locais → pênis, colo do útero. É uma lesão única.
- poliadenopatia regional
Vai haver involução com ou sem tratamento.
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• S2) Sífilis Secundária: 2 a 3 meses depois da S1. Pode ser em várias crises.
É semelhante a um quadro viral: febre, mialgia, manifestações cutâneas (maculo-papulares) que involuem
espontaneamente. Cuidado: podem ser “imitadoras de outras doenças”!!!!
Fase infectante: secreções de mucosas (sexual principalmente) em paciente assintomático, lesões de pele.
OBS: contaminação pelo beijo → é preciso que hajam pequenas lesões na mucosa oral para se contaminar, porque na
prática isso não acontece com freqüência.
Recente Recidivante (SRR): lesões pouco numerosas, infectantes, porém ainda não destrutivas.
► Imunidade Celular
o 1/3 se cura em S1
o 1/3 se cura em S2
o 1/3 evolui e chega em S3
Clínica
Primária: cancro duro único, indolor, ulcerado, bordos ulcerados, fundo limpo, lesão altamente contagiosa.
Localização: no homem → sulco bálanoprepucial e glande, na mulher → colo uterino
Sífilis Congênita
4º mês de gestação → Passagem do T.pallidum da mãe para o feto (TRANSMISSÃO TRANSPLACENTÁRIA)
conseqüências:
♦ Natimorto
♦ Parto prematuro
Ao nascer a criança apresenta manifestações clínicas de estágios iniciais da doença, geralmente na forma congênita
precoce (apresenta também icterícia, má formação).
Diagnóstico
Pesquisa direta do T. pallidum – é mais usado nas fases iniciais da sífilis.
Lesões muco-cutâneas (S1 e S2), matérias de biópsia, placenta
♦ Microscopia de campo escuro: microorganismo vivo, mobilidade mantida (é muito fino para se
fazer a coloração Gram, e dependendo do movimento pode-se diferenciar de outras espiroquetas da flora)
♦ Imunofluorescência direta (DFA-TP): microorganismo fixado em lâmina + Ac
♦ Impregnação pela prata → inespecífico (não diferencia das demais espiroquetas da flora, mas pode
ser usado para a placenta – espécime estéril).
Tratamento
1ª Escolha: penicilina benzatina (que tem liberação gradual) ou penicilina cristalina (penetra no SNC).
2ª Escolha: tetraciclina, eritromicina (em casos de alergia).
Prevenção
Diagnosticar infectados e tratar
Busca dos contactantes
Uso de preservativos
2. LEPTOSPIRA
• Família Leptospiracea
As bactérias têm forma de gancho, tendo uma propulsão por rotação em líquidos; não são encontradas em ambientes
secos, mas muito encontradas em ambientes úmidos.
São aeróbios obrigatórios; tem ácidos graxos e álcoois como fonte de carbono e energia; calor, detergentes,
desinfetantes, pH ácido e altas concentrações de sal.
Duas espécies:
• L. biflexa (não são patogênicas para os humanos; são saprófitas)
• L. interrogans (patogênica para mamíferos, anfíbios e répteis)
Há uma maior diversidade genética dentre as duas espécies, com vários sorogrupos e sorovariantes, o que dificulta a
taxonomia.
Na espécie L. interrogans há um sorovariante muito importante: ICTEROHAEMORRHAGIAE, o qual se associa aos
casos mais graves. Reservatório deste sorovariante → rato.
Leptospira pode infectar o homem, animais domésticos e roedores, de modo que os dois últimos geralmente são
portadores assintomáticos, eliminando a bactéria na urina por anos. Já o homem nunca é reservatório, liberando a bactéria
na urina por pouco tempo. A bactéria sobrevive por meses na lama, água, rios ou solo úmido (áreas tropicais ou
subtropicais), e é aí que o homem pode se contaminar.
Transmissão
a. Entre animais (por feridas)
b. De animal para o homem (hospedeiro acidental final)
c. Entre homens
Grupos de Risco
• Contato ocupacional: fazendeiros, veterinários, trabalhadores de abatedouro, de canalização de esgoto.
• Contato em atividades recreativas: canoagem, natação
• Doença emergente em países desenvolvidos
Patogenia
A bactéria penetra na pele com pequenas escoriações e mucosa íntegra, de modo que a bactéria tem hialuronidases,
que executam a penetração.
Há uma inicial SEPTICEMIA, uma bacteremia que vai se espalhando por vários órgãos, causando febre, mialgia
intensa e dor de cabeça; tais sintomas sendo facilmente confundidos com a dengue (e outras viroses). A maioria das
pessoas é assintomática, mas nas formas mais graves pode ser letal.
Depois da fase inicial SEPTICÊMICA, causada pela multiplicação da bacteriana, pode haver a segunda fase
IMUNOGÊNICA, caracterizada pela capilarite difusa, onde a leptospira não é detectada no sangue e no líquor (petéquias
pelo corpo), e pela deposição de complexos imunes (lesões locais), com o paciente avermelhado e desidratado.
− Intensa localização nos túbulos renais (proteção imunológica): aumenta a eliminação pela urina.
− Meningite asséptica: confundida com meningite viral
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Em decorrência da segunda fase pode ocorrer hemorragia pulmonar (hemoptise), que é a maior causa de morte, e
também uma insuficiência renal.
• Isolamento
o 1º dia – sangue
o 5º dia – líquor
o 7º dia – urina
• Diagnóstico
o Cultura em meios ricos pelo sangue (até o 5º dia da doença)
o Cultura pelo líquor (5º - 7º dia)
o Cultura pela urina (7º - 2 semanas)
• Sorologia
o Aglutinação Macroscópica
Não permite identificar o sorovariante nas pesquisas epidemiológicas
Detecta Acs específicos para o gênero (triagem): leptospiras inativadas por formol
Vantagens: resultado imediato; fácil execução; não usa microscópio; apresenta resultado + antes
da microaglutinação (mas após algum tempo de infecção é falso -)
o MAT (Microscopic Aglutination Test)
Considerado diagnóstico padrão pela OMS (soroconversão)
Vantagens: sorovar específico e sensível (ajuda na investigação epidemiológica)
Desvantagens: técnica trabalhosa, execução demorada, difícil padronização, risco de infecção
acidental (leptospira viva)
Deve-se fazer sorologia pareada para comprovar o resultado do MAT. No início pode haver resultado positivo para
vários sorovares (fase aguda).
• Tratamento
o Uso de penicilina G até o 5º dia.
o Na 2ª fase deve-se fazer reidratação.
o Dioxiclina (profilaxia)
• Prevenção
o Controle dos ratos (vetores)
o Saneamento
o Ingestão de água filtrada, fervida ou clorada
o Limpeza e canalização de córregos
o Vestimentas adequadas e higiene para pessoas em risco de contato ocupacional
o Dioxiclina profilática para esportistas de áreas endêmicas, contato ocupacional, moradores de áreas
endêmicas após enchentes
o Desinfecção de locais que sofreram inundações
o Vacinação de animais (reduz o tempo e a quantidade de leptospiúria)
o Não há vacina para humanos no Brasil
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BACTÉRIAS ANAERÓBICAS
Fonte de energia: via fermentativa na qual os aceptores finais de elétrons são compostos orgânicos (ácidos
orgânicos, álcoois).
Anaeróbios obrigatórios
o Estritos → incapazes de crescer em superfície de agar exposta a níveis de O2 > 0.5% (oxigênio
atmosférico altamente tóxico).
o Moderados → crescem se expostos a níveis de O2 2-8%. Ex: Bacterióides fragilis, Clostridium
perfringens (a maioria isoladas de espécimes clínicos)
Anaeróbios aerotolerantes – crescimento mínimo em as ambiente ou estufa contendo mistura de 5-10% de CO2,
crescimento ótimo em anaerobiose.
Bacteriódes e Clostrídios
Anaeróbios
♦ Habitat: disseminadas no solo, oceanos, alimentos, animais
♦ Seres humanos: cavidade oral (sulco entre dentes e gengiva), TGI, orifícios do TGU, pele (folículos pilosos).
Infecções Endógenas
Abscessos e lesões necrotizantes – polimicrobianas, podendo incluir aeróbios estritos e anaeróbios facultativos –
atuação conjunta com trauma, estase, necrose que diminuem a tensão de oxigênio e o potencial de oxi-redução.
Infecções Exógenas
o Diarréia hospitalar por C. perfringens
o Gangrena gasosa
o Tétano
Gênero Clostridium
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- bacilos gram positivos formadores de esporos
- gênero heterogêneo – várias mudanças na taxonomia
1. C. perfringens
2. C. difficile
3. C. botulinum
4. C. tetani
1) Clostridium perfringens
Pertence à microbiota normal do TGI e microbiota transitória da pele.
2) C. difficile
Patogenicidade descoberta na década de 70 – diarréia associada a antibióticos (branda) e colite pseudomembranosa
(grave)
Fatores envolvidos:
o Toxina A (D-1): enterotoxina, produz acúmulo de líquido no modelo da alça intestinal ligada (secreção
de líquido para a luz intestinal)
o Toxina B (D-2): citotoxina, produz efeito citopático em cultura de células
o “fator que altera a motilidade intestinal”
Tratamento
Vancomicina
Metronidazol
3) C. botulinum
Botulismo → toxina botulinica (são produzidas 7 toxinas – A a G)
Ação da toxina: ligação às vesículas sinápticas colinérgicas de nervos, impedindo a liberação de neurotransmissores e
gerando paralisia flácida aguda.
Se inicia nos nervos cranianos, com paralisia dos músculos da face, cabeça e garganta, seguindo para os músculos
torácicos e diafragma e extremidades.
O indivíduo morre por insuficiência respiratória.
Formas:
Intoxicação alimentar: ocorre em adultos (ingestão da toxina pré-formada)
Processamento doméstico de alimentos (tomate, feijão, milho, espinafre, peixes em conserva)
Ferimentos (mais raro): produção da toxina in vivo após a infecção de ferida cutânea.
Infantil (forma mais comum): multiplicação in vivo e produção da toxina no intestino.
A criança ingere esporos (e não a toxina pré-fromada) do solo, poeira no domicilio, mel. No intestino, C. botulinum se
multiplica e elabora a toxina.
Clínica: constipação, dificuldade de mamar, hipotonia, fraqueza muscular, insuficiência respiratória
Indeterminada: (>12meses de idade, sem identificação de fonte alimentar ou ferida cutânea)
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Diagnóstico: Demonstração da produção da toxina no soro, fezes e conteúdo gástrico.
4) C. tetani
- Esporos distribuídos na natureza
- Colonização eventual em humanos
- A bactéria na forma vegetativa produz a toxina tetânica (tetanospamina).
Contaminação de um ferimento (pode ser mínimo) por esporos de C. tetani e formação da célula vegetativa e produção
da toxina → absorção → efeitos sistêmicos
- Tétano neonatal → contaminação fecal do cordão umbilical
Patogenia:
Toxina bloqueia a modulação do impulso motor (bloqueia os impulsos inibidores do neurônio motor).
A tetanospasmina se liga às terminações dos nervos motores periféricos, percorre o nervo em direção ao
SNC, onde se liga a gangliosídios bloqueando os impulsos inibitórios do neurônio motor (ácido γ-aminobutírico) →
espasmos
Clínica: contrações espásticas dos músculos voluntários e hiperrreflexia, trismo (dificuldade de abrir a boca),
contração de músculos do dorso, extrema irritabilidade, espasmos tetânicos.
Momentos de agravamento = espasmos musculares
Diagnóstico: clínico
Vacina: toxóide tetânico (DTP, dT, T) → fator imunogênico inativado por formol
OBS: o indivíduo que teve tétano não é imunizado contra ele, tem que se vacinar!
HELICOBACTER PYLORI
Distribuição na população
Países em desenvolvimento:
- Colonização precoce e alta incidência.
- Taxa de câncer elevada.
Países desenvolvidos:
- Colonização tardia e incidência mais baixa.
- Taxa de úlcera elevada.
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4. O Patógeno deve ser reisolado do animal infectado e este corresponder ao inoculado em cultura pura.
Pessoas colonizadas pela bactéria não tinham a doença.
Falta de um modelo animal
Modelo humano? Como tratar depois? Quem seria o louco?
Características do microorganismo
Gênero: 19 espécies.
Bacilos espirais ou curvos.
Bem fino e comprido.
Gram-negativos.
Não esporulados.
Aspecto asa de gaivota (2 bactérias juntas).
Móveis com flagelos e bainha (protege o flagelo das proteases do estômago).
Apenas H. pullorum e H. rodentium não possuem bainha.
Metabolismo
Respiratório obrigatório.
Microaerófilo.
Fastidioso.
Fontes de carbono: glicose, aminoácidos, ácidos orgânicos.
Produzem a maioria dos aminoácidos e vitaminas necessárias.
pH intracelular: 7,0-7,3.
Reservatórios
Entérico: TGI baixo, intestino delgado, cólon, reto, trato hepatobiliar de mamíferos e pássaros.
Outros: ramster, cães. Existe a transmissão de animais para humanos em algumas espécies.
Fatores de agressão
Alta eficiência na motilidade (na forma de saca-rolha devido à presença de muco no estômago).
Forma curva.
Mucinase.
Bainha do flagelo.
Produção da enzima urease.
Citotoxinas.
Adesinas (aderência ao epitélio).
LPS.
Colonização
Fuga do suco gástrico e proteção sob a mucina.
⇒ Motilidade.
⇒ Flagelo com bainha.
⇒ Produção de urease = converte uréia presente no estômago em bicarbonato de amônio, que fica no entorno do
microorganismo. Sua falta: incapacidade de colonização.
Urease
Localização da urease: intracelular.
Importação da uréia ou efeito pela lise da bactéria.
Tem ação inflamatória na mucosa gástrica.
Determinam a produção de anticorpos anti-urease.
Resposta inflamatória
Infiltração de PMNs e linfócitos T e B na submucosa.
Ferramentas:
Citotoxina Vacuolante (VacA).
Citotoxina Associada ao gene A (CagA).
Proteína ativadora de neutrófilos (NAP) = Injetada nas células hospedeiras causa desregulação do crescimento celular.
Produz adesinas que aderem a células epiteliais (Bab A).
Estas intimamente aderidas são responsáveis pela resposta inflamatória na úlcera.
BAb A é encontrada em apenas algumas estirpes.
Acredita-se que a inflamação favoreça a bactéria.
Destrói células que liberam nutrientes.
A dieta do hospedeiro também pode ajudar.
LPS e camuflagem
Baixa toxicidade e efeito pirogênico.
Contém moléculas de carboidratos idênticas às encontradas na superfície do epitélio gástrico (Ag Lewis x e y).
Havendo resposta imune, os Acs podem atuar contra o epitélio do hospedeiro.
Pacientes infectados têm Acs que reagem com Ags do tecido da mucosa gástrica.
Diagnóstico
♦ Baseado na detecção da urease e seus produtos = Teste da Urease pré-formada.
♦ Teste respiratório = Uréia marcada com 13C, 14C.
♦ Detecção do microrganismo:
♦ Cultura (padrão ouro).
Importância: - CO2 (5-10%)
- O2 (5-10%)
- Nitrogênio (90-80%)
- 37º C
- Elevada umidade
- 5-7 dias
- Meios ricos com sangue ou soro (BHI, Brucella, Colúmbia, Skirrow)
♦ Detecção de anticorpos anti-H.pylori.
♦ Detecção de anticorpos anti-urease.
♦ Amplificação do DNA (PCR).
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Tratamento
Principais antimicrobianos: Metronidazol, (nitroimidazol), Claritromicina (macrolídeo).
Inclui também um antiácido: inibidor da bomba de próton ou antagonista de H2 (omeprazol).
Diferentes esquemas de tratamento.
Desenvolvimento de vacinas
Preventiva e terapêutica.
Bons resultados em modelo animal.
Problemas com o uso em humanos:
Precisa de várias doses; Proteção incompleta.
Rota de imunização: oral, retal, intranasal.
Diversidade genética do microrganismo.
Reação cruzada com estruturas do corpo.
CAMPYLOBACTER
Características
♦ Bacilos Gram-negativos curvos em forma de “S”.
♦ Filtráveis em membrana de 0,65µm.
♦ Oxidase-positivos.
♦ Não esporulados.
♦ Microaerófilos capnofílicos (10% de CO2).
♦ Móveis por flagelo polar.
♦ Não fermentador.
♦ Não cresce em aerobiose.
♦ Normalmente 5 espécies estão associadas a isolamento de material clínico:
- C. sputorum, biovar sputorum – microbiota normal de humanos.
- C. fetus, ssp. fetus
- C. fetus, ssp. venerealis
- C. jejuni
- C. coli
C. coli e C. jejuni são clinicamente indistinguíveis.
Significado clínico
♦ Campylobacter jejuni: Infecções gastrointestinais com maior incidência em infantes e jovens adultos (20-40 anos).
♦ Leite e água são mais associados.
♦ Surtos no outono e primavera.
Distribuição do microorganismo
♦ Em países em desenvolvimento.
♦ Muitos portadores sintomáticos e assintomáticos.
♦ Sintomáticos: principalmente na infância, a taxa diminui com a idade.
♦ Viajantes para estes países: 0-39%.
Fatores de virulência
Enterotoxina = inibe adenilato ciclase – liberação de água e eletrólitos.
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Endotoxina.
Adesinas.
Invasibilidade.
Sobrevivência intracelular.
Infecção
o Água ou alimentos contaminados.
o Contato com animais infectados (pássaros e mamíferos).
A doença
o Dose infectante: aproximadamente 1000 células.
o Invasão do epitélio do intestino delgado e multiplicação.
o Invasão e resposta.
o PI 1-10 dias.
Sintomas
⇒ Cólicas abdominais seguida de forte dor abdominal.
⇒ Diarréia sanguinolenta; Calafrios; Febre 3 a 6 dias.
⇒ Estado de portador.
⇒ Tratamento: eritromicina.
Campylobacter sp
Infecção sistêmica:
Associada normalmente a C. fetus ssp. Fetus.
Comum em indivíduos debilitados e imunocomprometidos.
Reservatório: bovinos, ovinos, roedores, aves, cães e gatos.
Quadros:
- Bacteremia e infecção sistêmica extraintestinal.
- Aborto, artrite séptica, abscesso, meningite, endocardite, peritonite, etc.
- Gastroenterite: subestimada (cefalotina e 42º C).
Detecção
Coleta da amostra:
- Fezes ou swab retal
- Sangue
Cultura:
- Filtração seletiva em membrana
- Meios de cultura
- CampyBAP = Brucella agar base com 10% de sangue de carneiro, vancomicina, trimetoprim, polimixina B,
anfotericina B, e cefalotina.
- Skirrows = sangue de cavalo lisado e desfibrinado e vancomicina, polimixina B, e trimetoprim.
CÓLERA
Junto com o V. cholerae, desenvolvem-se em águas marítimas temperadas costeiras e estuarinas, de moderada
salinidade, e são associadas com invertebrados aquáticos.
V. cholerae compreende 200 sorogrupos relacionados com variações do antígeno O → somente 2 são associados
com as principais epidemias: O1 e O139
• Sorogrupo O1 → cepas de 2 biotipos: clássico e El Tor (fenótipos diferentes)
O V. cholerae é natural de ambientes aquáticos e associado a crustáceos. É descrito como tendo forma de vírgula.
Patogenia
o Após a ingestão de cepas que vencem a acidez gástrica → intestino delgado (alcalino), multiplicam-se
intensamente, principalmente em duodeno e jejuno.
o 90% dos casos → infecção assintomática ou diarréia de pequena intensidade
o 10% dos infectados → após período de incubação que varia de algumas horas a 5 dias: diarréia aquosa
profusa de instalação súbita, potencialmente fatal, com evolução rápida (horas) para desidratação grave e diminuição
acentuada da pressão sanguínea.
OBS: pode haver CHOQUE antes da diarréia por perda de líquido para a luz intestinal (é muito rápido!!!).
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Fatores de Virulência
o AgO é protetor, e provavelmente tem papel na colonização
o Toxina colérica (TC): que causa diarréia aquosa intensa. Codificada em genes ctxAB como parte do fago
filamentoso CTX. É uma toxina do tipo AB (action-binding). Somente as cepas que estão infectadas pelo fago conseguem
produzir a toxina.
o Pilus corregulado com a toxina (PCT) – fator de colonização. Sua produção é induzida nas chamadas
ilhas de patogenicidade (“blocos de DNA” adquiridos pela bactéria). Ele só é produzido quando a bactéria produz a
toxina, mas a bactéria pode ter o material para fabricá-lo sem estar infectada pelo fago (só a produção que é dependente, o
resto não).
OBS: CT e TCP são predominantemente associados com as cepas de O1 e O139, porém podem ser encontrados em
amostras não epidêmicas.
Em alimentos a bactéria pode sobreviver por até 5 dias na temperatura ambiente (15 – 40°C) ou por até 10 dias
entre 5 – 10°C.
A cólera pode ocorrer em uma cidade que tenha água tratada e esgotos, porém em geral afeta principalmente os
habitantes de comunidades carentes, onde o saneamento básico é inadequado.
Prevenção
o Medidas de tratamento do esgoto e água (OMS → 6mg de cloro para cada litro de água)
o Alimentos: cozimento e fervura (o vibrio não resiste a temperaturas superiores a 80°C)
o Alimentos de maior risco → mal cozidos ou crus, saladas, frutos do mar, maionese caseira, molhos,
sobremesas tipo mousse, leite não pasteurizado, gelo, sucos, legumes (mal lavados).
o Vacinação: pouco prática e útil. Não disponível no Brasil. Atualmente → usa-se vacina com células
inteiras inativadas (não se multiplicam, imunidade de curta duração).
Diagnóstico
o Isolamento: meio seletivo indicador
TCBS (tiossulfato citrato bile sacarose)
- tiossulfato e citrato (+ pH alcalino) → inibem o crescimento de outros fermentadores (notadamente enterobactérias)
- bile → inibe enterococos
- sacarose → indicador (com a fermentação da sacarose, o ambiente fica ácido e o indicador (azul de bromotimol) vira
para amarelo. Além disso, outros coliformes que poderiam vir a crescer na cultura não metabolizam sacarose.
MICOBACTÉRIAS
A visualização das micobactérias só é possível com a coloração de Ziehl-Neelsen, a qual só é útil para os bacilos álcool-
ácido resistentes (BAAR) – primeiramente utiliza-se o álcool e o ácido, e depois emprega-se o azul de metileno.
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⇒ Considera-se que esses parasitas intracelulares têm uma virulência multifatorial, de modo então que o bacilo consegue
resistir aos macrófagos ativados. Além disso, a própria resposta imune do hospedeiro contribui para ampliar as lesões
apresentadas.
Tuberculose
É uma doença de caráter mundial, de modo que muitas pessoas estão infectadas, mas destas apenas 10% são efetivamente
doentes (dentre os indivíduos imunocompetentes). O tratamento costuma ser bem efetivo, porém nem sempre há adesão de
todos os infectados, seja por questões culturais, políticas, econômicas, etc. No Brasil, a incidência de tuberculose é maior no
Rio de Janeiro.
Tuberculose doença
- Também há reação granulomatosa porque há sistema imune, mas não há impedimento da multiplicação do bacilo.
- Ao mesmo tempo, há liberação de fatores solúveis do organismo no parênquima pulmonar, os quais lesam o
parênquima, determinando a necrose caseosa. O conteúdo desse foco necrótico é eliminado na tosse, com milhares de bactéri
também. A saída desse conteúdo determina a formação da caverna.
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Transmissão
A transmissão é inter-pessoal, pela grande liberação de bacilos de Koch pelos indivíduos doentes. O bacilo pode se manter por
pouco tempo no ar em função das condições ambientais: umidade, temperatura e não há multiplicação no ambiente. Não ocorre
transmissão por objetos pessoais, sendo ela apenas aerógena.
A tuberculose é também chamada de “Peste Branca”, pois é uma doença crônica com formação granulomatosa e resposta imune
para impedir a multiplicação do bacilo.
Formas de tuberculose
A principal forma da doença é a pulmonar, mas há também formas extra-pulmonares, em que há acometimento de SNC, osso,
etc.
Existem formas mais graves, como a meningite e a tuberculose miliar, que acometem principalmente crianças, devido a menor
imunidade em comparação aos adultos; e a disseminada, associada aos pacientes com AIDS.
A baciloscopia é positiva, de modo que em qualquer forma de tuberculose a contaminação é pulmonar.
Vacina BCG
É dada ao nascimento. Não previne as formas pulmonares comuns, mas previne as formas graves mais comuns em crianças:
meningite e tuberculose miliar. Além disso, como a vacina é composta por bacilos atenuados, não deve ser administrada em
pacientes com AIDS.
Diagnóstico laboratorial
Baciloscopia = é feita coloração de Ziehl-Nielsen. A baciloscopia é rápida e barata, mas não é muito sensível. Permite o
diagnóstico e acompanhamento do tratamento da tuberculose pulmonar.
*A baciloscopia pode ser negativa e o paciente ter tuberculose; entretanto, a lesão deve aparecer na radiografia de tórax.
*No caso de uma baciloscopia positiva (>10000 bacilos/ml de escarro), já se começa o tratamento.
Cultura = terá resultado positivo quando houver de 10 a 100 bacilos/ml. Necessita de processamento prévio em espécimes
clínicos naturalmente contaminados e longo tempo de incubação. O processamento consiste na administração de desinfetantes para
eliminar outra flora. A cultura é muito mais sensível, permitindo diagnóstico de formas extra-pulmonares e também a realização de
antibiograma.
Prevenção
A quimioprofilaxia, ou seja, uso de antibióticos antes do aparecimento da doença, é feita em pacientes com AIDS,
imunossuprimidos com PPD positivo de viragem recente, etc. Também deve-se tratar os doentes (principalmente os bacilíferos),
fazer diagnóstico precoce e vacinação de BCG. Também é importante a pesquisa de contactantes.
Hanseníase
O M. leprae tem tropismo por nervos periféricos, atuando na bainha de mielina. O grande sinal da doença é uma mancha
hipocrômica na pele, havendo também perda da sensibilidade nas lesões e, quando não tratada, pode levar a lesões irreversíveis aos
olhos, mucosas, etc.
O período de incubação da doença é longo, podendo variar de 5 a 20 anos. A transmissão é inter-pessoal, mas a hanseníase não
é altamente contagiosa.
De acordo com o número de lesões, a hanseníase pode ser multibacilar ou paucibacilar, e as formas clínicas variam de acordo
com a resposta imune do paciente:
- TT: tuberculóide tuberculóide;
- TB: tuberculóide bordeline;
- BB: bordeline bordeline;
- BL: bordeline lepromatosa;
- LL: lepromatosa lepromatosa.
Formas clínicas
Tuberculóide Lepromatosa
Histologia Granuloma Célula de Virshow
(indica resposta imune) macrófago com muitos bacilos
dentro se replicando
(não tem resposta imune efetiva)
Bacteriologia Negativa Positiva
(tem poucos bacilos) (tem muitos bacilos)
Teste de Mitsuda Positivo Negativo
Injeção de bacilos (não há resposta imune efetiva)
mortos
Tratamento
Faz-se uma poliquimioterapia ou MDT, também para avaliar a resistência. A transmissão cessa com a primeira dose de MDT.
Para a forma multibacilar, usa-se: Dapsona, Rifampicina e Clofazimina por 1 ano.
Para a forma paucibacilar usa-se: Rifampicina e Dapsona por 6 meses.
Prevenção
Diagnóstico e tratamento dos pacientes. Vacinação BCG para os contactantes negativos. Realização de campanhas
esclarecedoras: “como reconhecer a hanseníase”, “saber que a doença tem cura”.
BACTÉRIAS ESPECIAIS
Chlamydia thachomatis
- Tem vários sorovares
- Podem causar: conjuntivites, uretrite, cervicite, pneumonia neonatal e linfogranulomas venéreos.
- Transmissão: sexual ou horizontal.
- Sua infecção atua de modo crônico, podendo evoluir para quadros mais graves.
Ex: Tracoma – é uma cegueira decorrente de uma complicação da conjuntivite.
Infertilidade – decorrente da evolução da uretrite.
- Linfogranuloma venéro: é uma DST rara e ocorre quando as bactérias migram para linfonodos cervicais, causando
linfadenopatia. Às vezes, com a evolução da doença, os gânglios se fundem e formam uma massa, que pode resultar em
inflamação linfática.
Chlamydia pneumoniae
- Causa faringite, sinusite, bronquite e pneumonia comunitária.
- A pneumonia é atípica: pouco purulenta, de evolução lenta e com lesões mais infiltradas no parênquima.
- O tratamento é diferente das demais pneumonias, podendo ser feito com eritromicina (ou derivados) por período de
tempo curto.
- A transmissão é interpessoal, através de gotículas de secreção. É mais grave em idosos.
Chlamydia psittaci
- Geralmente ocorre em bovinos, aves e ovinos.
- No homem causa doença ocupacional: pneumonia atípica, endocardite, uretrite não gonocócica (não tem diagnóstico de
gonococo e não administra penicilina).
- O problema dessa bactéria é que na maioria dos casos provoca doença assintomática e prolongada.
Doenças genitais: são a maior causa de infertilidade em paises desenvolvidos, de modo geral, determina uma
inflamação pélvica, com dor e infertilidade. Também pode causar, por contaminação do canal vaginal, conjuntivite neonatal.
Tracoma: cegueira prevenível e caracterizada por cicatrização e cegueira em indivíduos que não desenvolvem
resposta imune. O tratamento é feito com Eritromicina e derivados em dose única, essa droga também é utilizada para
prevenção em crianças de áreas endêmicas.
- O controle da infecção por Chlamydia psittaci é feito com diagnóstico precoce, rastreamento, notificação de parceiros e
tratamento eficaz.
Diagnóstico laboratorial
- Importante para prevenção de complicações: prevenção = diagnóstico precoce + tratamento.
Cultura:
* Não há culturas artificiais em meio de cultura, havendo então a necessidade da incubação das bactérias com células
eucarióticas para observar os corpúsculos de inclusão.
* Tal método só detecta bactérias vivas.
Detecção de antígenos:
* Feito por ensaio enzimático e teste de fluorescência direta, baseados na captura de LPS por anticorpos mono ou
policlonais.
PCR e hibridização:
* Por swab de região endocervical e uretral, acondicionados em meio adequado.
* Ou com urina de primeiro jato.
Raspado da conjuntiva:
* Faz-se um raspado da pálpebra e cora-se.
* O objetivo é a observação dos vacúolos de inclusão
* É o método mais barato.
Mycoplasma
- Não tem parede celular
- Tem colesterol na membrana, como os eucariotos.
- Não se coram com Gram, apesar de serem “parentes” dos gram-positivos.
- São resistentes aos beta-lactâmicos.
Mycoplasma pneumoniae
- Causa pneumonia atípica, que afeta, principalmente, crianças e adolescentes.
- A pneumonia é resultado da ligação da adesina P da bactéria com a membrana das células do trato respiratório.
Mycoplasma hominis
- Transmissão sexual (DST)
- Causa uretrite, doença perinatal, doença inflamatória pélvica.
Diagnóstico laboratorial
- Pode-se fazer: sorologia, isolamento em meios ricos bifásicos (raros) e métodos moleculares.
Rickettsia
- São cocos-bacilos gram-negativos.
- LPS
- É um hospedeiro intracelular obrigatório, de modo que logo determina a fagocitose das células infectadas.
- No fagócito modificam o citoesqueleto e se multiplicam
- Quando causam infecção atingem a corrente sangüínea e fazem sepse.
- Normalmente vivem em reservatórios (sem doenças), como os artrópodes, onde ficam na glândula salivar e no ovário.
- A infecção humana é acidental.
Rickettsia rickettsii
- É a espécie mais comum de Rickettsia
- Causa a febre maculosa das montanhas rochosas: febre, cefaléia, mialgia e erupção puerpérica palpável, principalmente
em mãos e pés (é diferencial).
Diagnóstico
- Feito por sorologia pareada – tem que fazer vários intervalos de tempo
- A gravidade da doença está no atraso do diagnóstico e tratamento
Tratamento
- Eritromicina e tetraciclina