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APOSTILA DE MICROBIOLOGIA MÉDICA

RELAÇÕES HOSPEDEIRO-BACTÉRIA

- Essas relações ocorrem tanto no estado de normalidade quanto no estado de doença. O estado de doença é gerado
quando a relação causa desequilíbrio para o hospedeiro.
- Essas relações também são dependentes de múltiplos fatores inerentes à bactéria e ao hospedeiro.
- Sendo assim, há dois tipos básico de relação hospedeiro-bactéria:
• Bactérias como microbiota normal (no organismo sadio, contribuem para equilíbrio fisiológico);
• Bactérias como agentes patogênicos (no organismo doente, infecções)
- Infecção: resultado de uma interação que causa dano ao hospedeiro, devido a perturbações no balanço entre
virulência bacteriana (agressão) e resistência do hospedeiro (defesa).
A severidade e localização da infecção podem variar de acordo com:
a) Hospedeiro = seu estado de resistência e susceptibilidade.
b) Bactéria = grau de patogenicidade e mecanismo de virulência.
- Patógeno: microorganismo capaz de causar dano.
- Patogenicidade: capacidade de um microorganismo causar dano a um hospedeiro.
- Virulência: grau de patogenicidade de um microorganismo.

Bactérias causam infecções:


- Inaparentes (subclínicas), Latentes ou sintomáticas;
- Primária (se desenvolve por infecção inicial por uma bactéria), secundária (se desenvolve após infecção primária
inicial por outro agente – bactéria/vírus/fungo) , mista (causada por mais de um agente etiológico- bact/vírus/fungo);
- Localizada, generalizada;
- Superficial (pele) ou invasiva (Atingem órgãos internos - mais perigosas)
- Aguda ou crônica.
Obs: A maioria das infecções causadas por bactérias são agudas e sintomáticas

Bactérias como patógenos:


A) Clássicos ou convencionais (vacina diminui probabilidade de bactérias clássicas);
B) Oportunistas: Só causam doença na presença de outra doença no hospedeiro;
C) Emergentes: Infecções que já existiam, mas não haviam sido identificadas;
D) Reemergentes: achava-se que os agentes estavam controlados, mas voltaram a causar doença;

Susceptibilidade do hospedeiro
- Influenciada por fatores ambientais, genéticos e fisiológicos.
* Fisiológicos = estado emocional, nutricional, imunológico, idade, condições hormonais.
- Para determinadas infecções é mais elevada no inicio da vida e na velhice, assim como nos pacientes
imunocomprometidos.

Fatores de defesa do hospedeiro


- Fatores que atuam na resistência contra infecções.
a) Fatores inespecíficos ou naturais:
 Idade, estresse (emocional e nutritivo), dieta
 Especificidade tecidual (componentes da bactéria atuam em componentes celulares específicos; essa
especificidade garante uma maior agressividade)
 Defesas anatômicas (mecanismos constituídos por secreções, fluxos e movimentos e/ou microbiota
normal ao nível de trato respiratório, trato gastrointestinal, trato urogenital e conjuntiva) – pele e mucosas em geral.
b) Fatores específicos:
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 Baseada na resposta imunológica do hospedeiro.

Um patógeno ideal deve ser capaz de:


- Infectar superfícies (mucosas) – aderir e colonizar.
- Invadir mucosa – área preferencial para servir de porta de entrada para infecção - e ultrapassá-la indo para outros
tecidos
- Multiplicar-se nas condições do organismo ou tecidos do hospedeiro – como, por exemplo, no estômago, seu pH
baixo restringe muito o número de bactérias sobreviventes.
- Elaborar produtos que causem danos aos tecidos do hospedeiro.
- Interferir com os mecanismos de defesa do hospedeiro.

 Para ser considerado bom, o patógeno deve apresentar pelo menos 2 dessas propriedades. Alguns poucos
patógenos apresentam muitas dessas características.

Eventos essenciais do estabelecimento de um processo infeccioso:


- Aderência (contato, associação) – contato superficial com atração física (por atração de cargas) e/ou química (pela
existência de receptores na célula hospedeira: adesinas) entre a bactéria e a célula do hospedeiro.
*Atração física apenas = patógeno fraco.
*Atração física e química = patógeno forte.
- Multiplicação (colonização) – é nessa etapa que o processo infeccioso se estabelece.
- Invasão (disseminação) e/ou dano tecidual – são variáveis, dependendo principalmente da virulência da bactéria e
de seus danos locais ou disseminados. É nesse ponto que a infecção torna-se sintomática.

 Cada etapa acima depende tanto da virulência da bactéria quanto da capacidade de defesa do organismo. Sendo
assim, infecção ocorre ou não em função desses fatores.

Tipos de contato inicial:


- Inalação - Feridas ou cortes
- Ingestão - Picadas de insetos
- Contato sexual - Mordedura de animais

* Inalação, ingestão e contato sexual são os principais tipos de contato.

Fatores de virulência bacteriana:


- Fatores da bactéria, normalmente distribuídos na superfície da bactéria (parede celular), que contribuem para a
aderência, sobrevivência e colonização.
→ Adesinas:
 Contribui para a aderência específica.
 Podem estar isoladas ou organizadas em estruturas (fimbrias, fibrilas, glicocálix)
 A aderência bacteriana apresenta – tropismo tecidual, espécie especificidade, especificidade de ligação
(adesinas x receptores)
- Fatores que contribuem para a invasão
→ Invasinas:
 Presentes em bactérias altamente invasivas.
- Fatores que contribuem para a competição e captação de nutrientes:
→ Sideróforos:
 Competem com o hospedeiro pela captação de ferro sangüíneo (importantes para bactérias presentes na
circulação)
→ Bacteriocinas:

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 Produzidas para combater as bactérias da flora normal.
 As bactérias da flora normal também produzem bacteriocinas, mas contra as bactérias invasoras.
Normalmente a bactéria da flora normal vence, por estar em maior número, mas isso pode se reverter dependendo da
carga que infecta o individuo.
 São antibióticos naturais.
- Fatores que contribuem para a evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro:
→ Escape / inibição da fagocitose (cápsulas, LPS, OMPs- ptns de superfície)
 Neisseria, pneumococos e H. influenzae, são causadoras de meningites bacterianas e possuem a cápsula
como principal fator de inibição da fagocitose.
→ Variação antigênica
→ Similaridade com antígenos do hospedeiro
 Reação cruzada pode produzir seqüelas como as produzidas por infecção por Streptococcus, sobretudo
orofaringite (febre reumática, glomerulonefrite)
→ Produção de enzimas degradadoras de Igs
 Neisseria, pneumococos e H. influenzae produzem IgAs proteases.
- Fatores que contribuem para a sobrevivência em células fagocitárias
- Fatores que contribuem para a resistência a antimicrobianos
a) Mutação
b) Aquisições de genes R (resistência)
- Fatores que contribuem para causar dano direto (efeito tóxico) ao hospedeiro:
a) Endotoxinas (LPS)
 Presentes em todas as Gram negativas
b) Exotoxinas (diftérica, tetânica, colérica, botulínica)
 Hemolisinas
 Leucocidina
 Proteasas
 Nucleases
Possuem efeitos genéricos. É necessária concentração elevada para causar dano.

Principais infecções bacterianas


- Infecções do trato respiratório;
- Infecções do trato gastrintestinal;
- Infecções do trato genitourinário;
- Infecções do SNC, da corrente sanguínea;
- Infecções cutâneas.

Infecções urinárias
- Podem ser alta ou baixa:
a) Alta (pielonefrite)
 Menos comuns, mais graves
 Vias hematogênica ou ascendente (cistite mal tratada)
b) Baixa (cistite)
 Mais comuns, menos graves
 Via ascendente, apenas
- Patogênese:
Vias: a) hematogênicas
b) ascendente
As infecções mais comuns são adquiridas por ascendência das bactérias presentes no terço distal da uretra, que por sua
vez são aquelas que colonizam o períneo (oriundas do trato gastrointestinal). Em condições normais a urina lava a uretra e
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impede a multiplicação exagerada das bactérias da flora e, além disso, impede que elas subam o trato urinário. No
entanto, se estamos debilitados, com cateter, etc, essa lavagem pode não ocorrer direito e podemos adquirir infecção
urinária.
A infecção urinária também pode ser originada da disseminação hematogênica das bactérias, mas não há
comprometimento inicial da bexiga, pois seu pH é desfavorável ao crescimento microbiano.
Urinocultura quantitativa = análise da quantidade de bactérias que estão colonizando a bexiga de verdade.
Acima de 105UFC/ml
Acima de 10³UFC/ml para mulheres jovens sintomáticas
OBS: Deve ser quantitativa, porque a bexiga é estéril.
Deve-se pegar o jato médio, porque se supõe que o primeiro jato lavou a uretra, simulando melhor a esterilidade da
bexiga.

MICROBIOTA ANFIBIÔNTICA (Flora normal)

- Microbiota anfibiôntica é definida como um conjunto variado de microorganismos normalmente encontrados


colonizando um determinado sítio (superfície e mucosas do corpo) do organismo, convivendo de maneira harmoniosa
com o hospedeiro;
- O termo “microbiota anfibiôntica” é mais adequado que “microbiota normal” porque um microorganismo que não é
patogênico em certas condições pode vir a ser.

Composição:
- Bactérias
- Fungos
- Protozoários
- Vírus

Pode ser dividida em duas categorias:


A) Microbiota residente (permanente, estável) = ocorre quando encontram condições adequadas de sobrevivência;
são encontradas em praticamente todos os seres humanos (90%)
B) Microbiota transitória (temporária, instável) = podem ser patogênicas ou não; não são encontradas em todos os
seres humanos.
*As bactérias transitórias patogênicas podem produzir sintomas ou não e as transitórias não patogênicas não produzem
sintomas. O tratamento só é aconselhado em casos em que os sintomas apareçam.

Origem da microbiota anfibiôntica


- O feto sadio é estéril, pois o útero é totalmente livre de contaminação (não tem microbiota)
- A colonização inicia no nascimento e depende de:
 Via de nascimento (cesária ou normal) – quando o bebê nasce pela via natural a colonização inicia no momento
da passagem pelo canal vaginal (área com microbiota).
 Tipo de alimentação recebida imediatamente após nascimento – deve ser preferencialmente leite materno (outra
alimentação pode estar contaminada, interferindo na flora normal).
 Grau e tipo de exposição ao ambiente. (Se só fica com a mãe; se é exposto a outras pessoas; se sai logo de casa;
etc)
- Semanas após o nascimento o padrão de colonização é semelhante ao do adulto, salvo alguns nichos ecológicos que
passam por alterações significativas de acordo com a idade e o estado fisiológico.

Fatores influenciadores da composição da microbiota:


- Gerais:
 Idade, sexo e raça.

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 Estado fisiológico – gravidez, doenças crônicas e outras condições debilitantes, menstruação, uso de
imunossupressores, uso de antimicrobianos.
 Dieta, ocupação e clima (temperatura e umidade).
 Condições sanitárias ambientais e pessoais.
- Específica:
 Quantidade e tipo de nutrientes disponíveis – justifica a maior presença de bactérias no trato gastrointestinal.
 pH e potencial de óxido-redução – por exemplo: estômago (possui uma microbiota escassa por causa do pH
muito baixo), bexiga (é um local ruim para bactérias anaeróbias) e intestino (é um local bom para bactérias anaeróbias).
 Substâncias antimicrobianas locais – como a lágrima, rica em componentes antimicrobianos.
 Receptores de células epiteliais locais do hospedeiro (para que bactéria se fixe no sítio)
 Interações microbianas – competição por nutrientes e receptores, inibição por produtos do metabolismo de outros
microorganismos (antimicrobianos e bacteriocinas) no mesmo local.

Sítios do corpo humano que possuem microbiota:


- Pele (toda a pele, mas principalmente. axila, virilha, espaços interdigitais que tem secreções (úmidos) e estão menos
expostas).
- Trato digestivo
- Trato respiratório, trato urinário e trato genital
Obs: Odor da pele é resultado da interação das bactérias com as nossas secreções.
- Distribuição:
 Áreas densamente colonizadas – trato gastrointestinal, trato respiratório e trato genitourinário, sendo TGI > TR e
TGU.
Obs: Nasofaringe e int. grosso: locias com maior densidade.
 Áreas pobremente colonizadas – áreas cutâneas mais expostas como pele da testa e mãos (alta descamação,
bactérias não conseguem se fixar)
 Áreas com flora transitória – estômago (devido ao baixo pH)
 Áreas estéreis – Sem microbiota - tecidos profundos, sangue, líquor (e todo SNC), líquido sinovial, líquido
pleural, ou seja, líquidos que circulam em meios fechados. Além disso, órgãos nobres como coração, fígado e pâncreas.
Obs: GRAM +: Preferencialmente pele
GRAM - : Preferencialmente trato gastrintestinal

Defesas do organismo contra colonização/invasão - TGI.


- Cavidade oral:
 Descama com freqüência (bactérias aderidas a essas células mais superficiais são descartadas)
 Fluxo de saliva (ou a bactéria é levada para o exterior ou é levada para o estômago, onde pode sofrer digestão)
 Lisosima (ação lítica)
 IgA secretória
 Microflora residente
 Lactoferrina
- Nasofaringe:
Mucosa com cílios (Bactérias retidas nos cílios)
- Estômago:
 Flora escassa
 pH baixo
 Enzimas proteolíticas
- Intestino:
 Recolonização intensa, principalmente intestino grosso.
 Muitos nutrientes
 Células descamativas
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- Cólon:
 Microbiota residente é abundante
 Fluxo lento de nutrientes
 pH e potencial óxido-redutor que facilita a colonização.

Aspectos positivos da microbiota:


- Proteção contra outras infecções bacterianas (ajuda sistema imune):
 Vantagens físicas, quantitativa e/ou qualitativa
 Competição por sítios de ligação e nutrientes
 Produção de substâncias inibidoras de outros microorganismos
- Imunização natural (estimulam constantemente sistema imune)
- Importância nutritiva:
 Microbiota do intestino auxilia na digestão, produzindo enzimas que digerem vários nutrientes da dieta.
- Produção de vitaminas, sobretudo aquelas do complexo B e vitamina K.
Obs: Também importantes para reciclagem de materiais na natureza (Decomposição de cadáveres, etc)
Obs2 : Esses aspectos foram obtidos a partir do estudo com animais convencionais (com microbiota) ou livres de
germes (“germ-free”).

Efeitos maléficos da microbiota:


- Infecções:
 Podem ser fontes de infecções endógenas (infecções oportunistas) quando hospedeiro está debilitado –
ex: infecção urinária (E. coli vive normalmente no trato unrinário inferior, mas por motivos diversos podem subir para
bexiga, causando infecção urinária.)
- Câncer:
 São produtoras de carcinógenos
- Indução de hipersensibilidade/tolerância imunológica
Obs: a infecção é o principal efeito maléfico.

STREPTOCOCCUS

 Streptococcus β-hemolíticos
· streptococcus piogênicos

 Streptococcus não β-hemolíticos


· pneumococos (α-hemolíticos)
· viridans (streptococcus α e γ-hemolíticos)
· streptococcus do grupo D

Características gerais
· grupo heterogêneo de bactérias
· células esféricas (ovais)
· Gram-positivos (em cadeias, pares ou isolados)
· catalase negativos
· facultativos
· exigem meios complexos para o crescimento
· susceptíveis à vancomicina

Streptococcus β-hemolíticos

· Grupos sorológicos de Lancefield


Antígenos polissacarídeos de parede celular

· maioria encontrada em seres humanos e animais

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· Grupo A – S.pyogenes
· Grupo B – S.agalactiae
· Grupo C – S.dysgalactiae
– S.equi
· Grupo G – S.canis
– S.dysgalactiae
· Grupo F – S.anginosus

Obs: S.galactiae do grupo C e G são da mesma espécie, mas possuem antígenos diferentes

Espécies que se destacam em patologia humana:

· Streptococcus pyogenes (Grupo A)  ampla variedade de infecções não-invasivas, assim como invasivas e
toxigênicas e seqüelas pós-estreptocócicas

· Streptococcus agalactiae (Grupo B)  infecções em neonatos e adultos

· Streptococcus dysgalactiae (Grupos C,G)  infecções respiratórias (faringite, pneumonia), infecções oportunistas
invasivas (bacteremia, endocardite)

· Streptococcus anginosus (Grupo F)  abscessos, endocardite

Streptococcus do grupo A (pyogenes)


Infecções causadas:
· faringo-amidalite (orofaringe)
· piodermites (impetigo)
· erisipela,escarlatina
· febre puerperal
· bacteremia
· pneumonia
· pericardite
· peritonite
· celulite, osteomielite, miosite
· fascite necrosante  evolução muito rápida
· síndrome do choque tóxico estreptocócico  geralmente é decorrente do quadro de fascite, quando esta não é
tratada.

Seqüelas:
· Clássicas
Febre reumática  principal seqüela pós-estreptocócica
 lesões inflamatórias de tecidos cardíacos (dano progressivo de válvulas), articulações, sistema
circulatório, tecido subcutâneo e SNC (fases mais tardias)

Glomerulonefrite  inflamação aguda do glomérulo renal com edema, hipertensão, hematúria, proteinúria, com perda
progressiva da função renal

Componentes celulares:
· Componentes somáticos
cápsula (ácido hialurônico)
carboidrato C (antígeno de grupo)
proteínas T e M (antígenos de tipo)
ácidos teicóicos
obs: proteína M é anti-fagocitária e funciona como adesina, o ácido teicóico também funciona como adesina

· enzimas e toxina
hemolisinas (S e O)
desoxirribonucleases (DNAses A,B,C,D)
hialuronidase
estreptoquinase (fibrinolisina)
toxinas eritrogênicas ou pirogênicas
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obs: A hemolisina O é oxigênio lábil. Na sua presença perde sua função.
A DNAse B é usada como marcador diagnóstico.

Marcadores de virulência x Marcadores epidemológicos

Marcadores diagnósticos

· Fatores de virulência
Componentes que contribuem para a aderência
LTA (ácido lipoteicóico)

Componentes anti-fagocitários
Ptn M, cápsula (ácido hialurônico)

Diagnóstico laboratorial
· microbiológico  baseado no isolamento do agente
(faz-se coloração de Gram, teste da catalase, entre outros)

· sorológico  baseado na pesquisa de anticorpos

Para fazer diagnóstico das seqüelas  dosagem de anticorpos anti-produtos das bactérias (anti-hialuronidase, anti-
estreptolisina O, etc)

Epidemiologia das infeções por grupo A


· Grande parte da população é colonizada por essa bactérias
· Portadores assintomáticos são os disseminadores
· Colonizam nasofaringe e pele (habitat normal do grupo A)
· Creche e escola são as fontes mais comuns de aquisição

Tratamento
· penicilina, eritromicina

Vacinação
Aspectos recentes da emergência ou reemergência das infecções por grupo A renovaram o interesse

Problemas:
Multiplicidade dos tipos M
Dificuldade em identificação de anticorpos protetores
“Toxicidade” ou hipersensibilidade a ptns M
Reação cruzada com tecidos do hospedeiro
“Heterogenicidade” de frações de ptn M
Identificação de determinantes M

Streptococcus do grupo B (S.agalactiae)

Importância do grupo B em patologia


· adultos imunossuprimidos
· neonatos
infecções perinatais  forma precoce (septicemia e pneumonia, meningite)
 forma tardia (septicemia e meningite)

obs: Grupo B é uma das principais ou a principal causa de infecção perinatal


Fontes prováveis de infecção de fetos e neonatos: colonização vaginal materna é a principal fonte de infecção
perinatal

Habitat normal
Trato genital, intestinal e respiratório

Tratamento

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Penicilina em doses mais elevadas do que pro grupo A
Penicilina+aminoglicosídeo (gentamicina)

Streptococcus não β-hemolíticos

Streptococcus pneumoniae (α-hemolítico)

Principais infecções
· meningite
· pneumonia
· otite média
· sinusite
· conjuntivite
· bacteremia
· endocardite
· pericardite
obs: bactéria tem taxia especial pelas mucosas do trato respiratório

Características
· cocos Gram positivos
· catalase negativos
· extracelular
· cápsula polissacarídica  principal responsável pela virulência
· arranjo de 2 a 2 (eram chamados de diplococos)

Componentes celulares
· componentes somáticos
cápsula polissacarídica (mais de 90 tipos sorológicos)  ação anti-fagocitária, importante no processo inicial da
infecção
ptns
ácidos teicóicos

· enzimas e toxinas
pneumolisina
autolisina
neuraminidase
IgA 1 protease  atua sobre IgA do hospedeiro (principal Ig nas mucosas), importante no processo inicial da infecção

Virulência
· aderência, colonização e entrada no pulmão
adesinas, IgA protease
· transpasse dos mecanismos de defesa do hospeiro
IgA protease, penumolisinas

· sobrevivência nos tecidos do hospedeiro


cápsula polissacarídica, pneumolisinas

· capacidade de desencadear resposta inflamatória


ácido teicóico, peptideoglicano, pneumolisina

População de risco
Idosos, crianças com menos de 2 anos, pacientes imunocomprometidos

Tratamento e prevenção
· penicilina
problemática atual  surgimento de amostras resistentes à penicilina

· vacina polivalente
23-valente  nas populações de maior risco
 composta por polissacarídeos existentes na cápsula
7-valente  espectro mais reduzido
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 conjugada ao CRM 197 (toxina diftérica modificada)

Diagnóstico laboratorial
· clássico:
isolamento  Agar sangue+CO2
 Morfologia colonial
identificação  Morfologia celular
confirmação  sorologia (reação de quellung)

· rápido: direto do material clínico

ENTEROCOCCUS

· são componentes de flora normal


· têm grande capacidade de agressão em pacientes que apresentam fator de risco (é uma bactéria oportunista)
· são extremamente resistentes a certas condições físico-químicas e a certas drogas microbianas (difícil tratamento
quando causam infecção)
· são encontrados em ambientes variados: solo, água, alimentos
· flora normal: trato GI, genito-urinário e cavidade oral
· Principais infecções:
urinárias, feridas, bacteremia, endocardite

Fatores relacionados com o microorganismo


· distribuição ubiquitária (universal)
fontes endógenas/exógenas

· marcadores importantes
resistentes a pH e temperaturas variadas
resistentes a antimicrobianos
· emergência de novos padrões de resistência
resistência à níveis elevados de  aminoglicosídeos
 β-lactâmicos
 glicopeptídeos

Fatores predisponentes
· doença de base grave
· hospitalização prolongada (UTI, unidades renais, oncológicas)
· cirurgia (cardiovascular, abdominal)
· cateterização
· terapia antimicrobiana prolongada (cefalosporinas, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas, glicopeptídeos)
· lesão de valva cardíaca
· imunossupressão

STAPHYLOCOCCUS

Características
As bactérias do gênero Staphylococcus são cocos Gram+, assim como as dos gêneros Streptococcus e Enterococcus.
Outras características dos estafilococos:
• Em esfregaços corados pelo método de Gram, as bactérias aparecem agrupadas em arranjos irregulares semelhantes a
cachos de uvas. Isso porque uma bactéria tem diferentes planos de divisão. Os estreptococos e enterococos possuem um único
plano de divisão.
• São catalase positivos, ou seja, em lâmina com H2O2 + suspensão de bactérias, ocorre formação de bolhas e liberação de
O2.
• Não são exigentes nutricionalmente, crescendo em meio simples.
• Crescimento em meio sólido: formam colônias grandes (3 a 5mm de diâmetro), circulares, lisas e com pigmento que
varia do amarelo ouro ao branco leitoso.
Essas características permitem a identificação dos estafilococos dentre tantos microorganismos patogênicos isolados do
material biológico.
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Breve histórico
No início do século passado foram observadas duas espécies de estafilococos:
- Staphylococcus aureus = era isolada de processos purulentos, e formava colônia amarelo ouro, daí o nome.
- Staphylococcus albus = era isolada de pele e mucosas íntegras, e formava colônia branco leitosa.
Entretanto, foi observado posteriormente que essas espécies podiam permutar o pigmento que sintetizavam. Assim, tornava-
se impossível diferenciar as espécies pela cor de suas colônias. Então, observou-se que a presença da enzima coagulase seria
mais adequada para identificar as espécies:
- Staphylococcus aureus = coagulase positivo.
- Staphylococcus epidermidis = coagulase negativo.
O que era identificado anteriormente como S. albus era agora identificado como S. epidermidis. Observou-se, ainda, que
existiam outras espécies de estafilococos coagulase negativos que não a S. epidermidis, sendo necessários testes adicionais para
determinação da espécie. Hoje sabe-se que existem 32 espécies de estafilococos.
A espécie de estafilococos de maior potencial de virulência é a S. aureus, que está frequentemente associada a infecções
cutâneas purulentas. Outras espécies, de menor virulência, podem estar associadas a processos infecciosos, como a S.
epidermidis, frequentemente relacionada a bacteremias, e S. saprophyticus, mais relacionada a infecções do trato urinário.
Outras espécies podem estar ocasionalmente associadas a quadros infecciosos.

Staphylococcus aureus
É a espécie mais estudada, pois pode ser isolada da superfície de várias mucosas, como das fossas nasais, cavidade oral,
tratos gastrointestinal e genitourinário.
São bactérias oportunistas, pois fazem parte da microbiota natural do organismo, estando presentes na pele e mucosas. Só
levam a condições clínicas quando há fatores predisponentes para sua multiplicação. Por exemplo, quando há alguma lesão de
solução de continuidade, o S. aureus pode colonizar aquele tecido.

Quadros clínicos
 Infecções cutâneas
Ocorre quando há lesão de solução de continuidade da pele, pois, como a bactéria já se encontra ali, é fácil colonizar este
tecido. O tratamento é feito com antibióticos.
- Foliculite = com a retirada do pêlo, o folículo fica exposto.
- Impetigo bolhoso = formam-se bolhas purulentas na superfície da pele, que não formam crostas. Ocorre intenso prurido,
que promove a colonização de outras áreas. É uma doença mais freqüente em crianças e no verão, quando o corpo fica mais
exposto e sujeito a escarificações.
- Furunculose = lesão purulenta mais profunda.
- Carbúnculo = infecção cutânea, superficial, de fácil tratamento.

 Infecções profundas
O S. aureus é muito resistente a antibióticos, o que permite com que eles sobrevivam ao ambiente hospitalar. Esses
microorganismos serão justamente os agentes etiológicos de infecções hospitalares, que surgem aproximadamente 4 dias após
a internação! As infecções profundas tem prognóstico ruim, com pouca expectativa de cura.
- Pneumonia.
- Meningite.
- Septicemia.
- Artrite bacteriana.
- Endocardite.
- Osteomielite = ocorre em pacientes com fraturas.
- Enterocolite estafilocócica aguda = ocorre multiplicação de bactérias ao nível de trato intestinal, promovendo formação de
fezes líquidas. É de difícil tratamento.
IMPORTANTE: Estafilococos não causam faringite ou amigdalite!!

 Toxinfecções
São infecções causadas por exotoxinas liberadas extracelularmente pelas bactérias.
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- Intoxicação alimentar = causada pela enterotoxina, que é uma exotoxina termostável. Um indivíduo que possui
estafilococos na sua pele pode contaminar um alimento ao manipulá-lo. Em condições ótimas, as bactérias se multiplicam e
liberam a toxina. Os alimentos que podem veicular a enterotoxina são: carnes (presunto, carne de porco e bovina), saladas
(batatas, ovos, etc.), laticínios (leite, queijo, manteiga), alimentos assados (aves e ostras). A contaminação ocorre normalmente
quando a pessoa interrompe o preparo de um alimento e começa outro. Neste intervalo, a bactéria se prolifera e libera a toxina,
sendo que o tempo para que tudo isso aconteça é de aproximadamente 1 hora. Quando o alimento é cozido, a bactéria é
exterminada, mas a toxina não perde seu efeito porque é termostável. A intoxicação alimentar pela enterotoxina se manifesta
como um quadro agudo de diarréia, vômitos, náuseas. A recuperação ocorre em 24 horas. O tratamento é sintomático,
composto por hidratação e medicação para evitar os vômitos.
- Síndrome do choque tóxico = causado pela toxina da síndrome do choque tóxico (TSST). Inicialmente acometeu mulheres
que usavam absorventes de longa duração, pois o S. aureus residente se proliferou mais nesta situação. Esta síndrome leva a
hipotensão. Como o S. aureus já faz parte da flora vaginal, ele normalmente produz a exotoxina, mas com o aumento da
quantidade dessas bactérias, aumenta-se a concentração da toxina na corrente sangüínea, causando a toxinfecção.
- Síndrome da pele escaldada = causada pela esfoliatina. Ocorre descamação intensa da pele, produzindo uma lesão
semelhante a queimadura principalmente na região próxima ao pescoço. A toxina altera a aderência de células da camada
granulosa da epiderme. Acomete principalmente crianças até 3 anos, pois a partir dessa idade acredita-se que a população já
teve contato com várias cepas de S. aureus, já produzindo anticorpos contra essas bactérias.

Fatores de virulência
O alto poder de virulência do S. aureus pode ser explicado pela variedade de fatores de virulência que ele possui, que
podem ser estruturais, extracelulares ou exotoxinas.

 Estruturais
- Proteína A = está presente na parede celular, liga-se a fração Fc de IgG e IgM, dificultando a fagocitose. Tem ação anti-
fagocitária por inibir a ligação do anticorpo à célula fagocitária.

- Coagulase ligada = está presente na parede celular do S. aureus, age no fibrinogênio formando rede de fibrina. A reação de
formação de fibrina pode ser observada em laboratório: numa lâmina, pinga-se de um lado plasma e de outro solução salina, e a
seguir faz-se uma suspensão de bactérias nas duas gotas. Se no pingo de plasma a solução permanece homogênea, o resultado é
negativo. Se formam-se grumos, o resultado é positivo. Se grumos se formam nos dois pingos, não há como saber se há reação
pela coagulase ligada, ou seja, se há realmente S. aureus na suspensão. Isso porque várias bactérias têm superfície hidrofóbica
e tendem a se aglutinar em solução, formando grumos de bactérias. A presença da coagulase ligada representa um fator de
virulência porque a malha de fibrina tem no seu interior as amostras de bactérias, impedindo que os antibióticos cheguem até
elas. Além disso, a malha de fibrina protege as bactérias do contato com células de defesa, favorecendo a sua multiplicação.
Por outro lado, a rede de fibrina “prende” as bactérias, impedindo que elas colonizem outros tecidos.

- Cápsula = tem ação anti-fagocitária.

- Alteração de PBP (penicilin binding protein) = a penicilina era comumente usada para tratamento de infecções por S.
aureus. Na parede da bactéria existem proteínas que se ligam à penicilina, permitindo a sua internalização (PBP). Daí a droga
pode agir impedindo a formação da parede celular das bactérias. Acontece que a S. aureus produz β-lactamase, que inativa o
anel β-lactâmico da penicilina. O gene que codifica a produção da β-lactamase é extra-cromossômico, ou seja, se localiza em
plasmídio, que pode ser transferido entre bactérias. Com a produção de novas drogas resistentes à β-lactamase, como a
meticilina e oxacilina, a alteração da PBP atua como principal fator de virulência, pois impede a ligação e internalização da
droga, impedindo assim a sua ação. A resistência a meticilina é um marcador de S. aureus causador de infecção hospitalar.
Nestes pacientes, utiliza-se vancomicina como tratamento, mas já existem cepas resistentes a essa droga. O prognóstico destes
pacientes é muito ruim.

 Extracelulares
- Coagulase livre =
Coagulase + FRC → coagulase ativa (estafilotrombina).
Fator de reatividade da coagulase, que está presente no plasma
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Fibrinogênio → Fibrina (ação protetora do microorganismo, entretanto impede sua dispersão).

- Estafiloquinase = age no plasminogênio transformando-o em plasmina, destruindo a rede de fibrina. Essa enzima devolve
ao S. aureus sua capacidade de dispersão, pois libera-o da malha de fibrina.

- Hialuronidase = fator de dispersão.

- Lípases = facilitam a colonização da pele, pois os ácidos graxos e lipídios da pele dificultam o crescimento bacteriano.

- Nucleases = atua despolimerizando DNA e RNA, que atuam tornando o pus mais viscoso.

- β-lactamase = sintetizada por plasmídio, destrói o anel β-lactâmico da penicilina.

 Exotoxinas
- Enterotoxina.- Infecção alimentar
- TSST. – Síndrome do Choque Tóxico
- Esfoliatina. – Síndrome da Pele Escaldada
 Essas três levam ao aparecimento de quadro clínico.

- Hemolisina = tóxica a várias células.


- Leucocidinas = lisa leucócitos e mastócitos, tornando as bactérias resistentes a fagocitose.
 Essas duas não levam ao aparecimento de quadro clínico.

Staphylococcus epidermidis
Está associado como agente etiológico de bacteremias, principalmente em pacientes com material estranho no organismo.
Isso porque essa espécie de bactéria tem facilidade de aderência ao material de próteses (cardíacas, cerebro-espinhais e
articulares) e cateteres. As bactérias colonizam as próteses e cateteres e se disseminam por via hematogênica, causando a
bacteremia. A infecção por S. epidermidis produz sinais e sintomas pouco expressivos.

Staphylococcus saprophyticus
Está associado como agente de infecções urinárias, principalmente em mulheres na faixa etária dos 12 anos. Tem
capacidade de aderência às células da mucosa ureteral.

Fatores predisponentes
⇒ Antibioticoterapia prolongada.
⇒ Pacientes imunocomprometidos, seja de origem medicamentosa ou infecciosa.
⇒ Alteração da integridade da superfície de pele e mucosas.
⇒ Presença de corpos estranhos, como próteses e cateteres.
⇒ Lesões em válvula cardíaca.
⇒ Etc.

Diagnóstico Laboratorial
1. Bacterioscopia = visualização da bactéria no material clínico.
2. Cultivo = Meio de ágar sangue (meio rico) permite o desenvolvimento de bactérias mais exigentes nutricionalmente. As
bactérias do gênero Staphylococcus não são exigentes, mas deve-se fazer o cultivo nesse meio de cultura para pesquisar
bactérias associadas ao Staphylococcus. Meio de ágar manitol-salgado favorece o crescimento de colônias de Staphylococcus,
sendo um meio seletivo diferencial.
3. Identificação
- Teste da coagulase (coagulase ligada e livre) = se o teste é positivo, a bactéria é S. aureus. Se é negativo, a bactéria é um
estafilococo coagulase negativo (não há como especificar).
- Teste da sensibilidade a novobiocina = se a bactéria é sensível a esta droga, é S. epidermidis. Se é resistente, é S.

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saprophyticus.

Tratamento
Antibiograma = amostras de S. aureus resistentes a meticilina → infecção hospitalar.
O uso inadequado de antibióticos favorece o desenvolvimento de cepas resistentes.

NEISSERIA

- Diplococos gram-negativos
- Possuem LPS na parede celular
- Encontram-se algumas espécies participando da flora anfibiôntica da superfície de mucosas (cavidade oral, trato
genitourinário feminino)
- Possuem oxidase em sua cadeia respiratória (OXIDASE-POSITIVO)
- São aeróbias
♦ Duas espécies patogênicas para o organismo humano (não oportunistas):
 Neisseria menigiditis (meningococos)
 Neisseria gonorrhoeae (gonococos)

NEISSERIA MENIGIDITIS

♦ Principal agente etiológico de meningite bacteriana.


OBS: Qualquer microorganismo que consiga atravessar a barreira hematoencefálica e chegar ao líquor e de lá às
meninges leva ao quadro de meningite (fungos, bactérias, vírus, parasitas, etc), embora alguns estejam mais associados a
este quadro, como a neisseria menigidits. Como SNC é fechado e estéril qq agente infeccioso que consegue chegar lá
pode causar infecção, mas o difícil é chegar lá (passar por BHE, só alguns agentes conseguem)

Meningite Bacteriana causada por: Neisseria menigiditis (meningococo)


Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
Haemophilus influenza

- Pneumococo: mais freqüente em crianças até 2 anos de idade


Microbiota da cavidade oral → otite →corrente sanguínea →meningite

- Haemophilus influenza: entre 2 e 4 anos de idade.


- Meningococo: meningite contagiosa. Como a transmissão é possível, é o grande responsável pelas epidemias
mundiais.

♦ Fatores de Virulência
- Cápsula constituída de polissacarídeos: protege o microorganismo ação do sistema inespecífico de defesa (ação
antifagocitária), mas não protege contra as defesas específicas. , induzindo a formação de anticorpos protetores.
De acordo com a composição de polissacarídeos que formam a cápsula dividem-se meningococos em sorogrupos.
Sorogrupos: A,B,Y,C e W135 são mais freqüentemente associados a infecções invasivas (mais importantes). As
vacinas são feitas a partir desses polissacarídeos (eficazes contra maiores de dois anos)
No entanto, o polissacarídeo de cápsula do grupo B, ácido N-acetil neuroamínico, está presente também no SNC. Isso
faz com que a elaboração de uma vacina seja mais complicada já que não criamos imunidade contra esse polissacarídeo
(pesquisas para utilizar ptns de membrana externa da bactéria com antígeno).

- LPS: é composto por uma fração lipídica (toxicidade) e um polissacarídeo (diversidade).


Estimula os macrófagos a liberarem citocinas.
Pode levar a trombose em pequenos vasos, infiltração perivascular, petéquias e, em casos mais graves, a coagulação
intravascular disseminada (CID) e colapso circulatório (síndrome de Waterhouse Friderichesen = choque séptico)

- Pili: estrutura responsável pela aderência

♦ Patogenicidade
- Oro e Nasofaringe são a porta de entrada (ligação do meningococos às células da mucosa)
- Invasão da mucosa da oro/naso faringe, gerando primeira infecção
- Alcance da corrente sanguínea através de capilares da naso e orofaringe. Bacteremia → sintomas mais brandos
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(causada por tentativa de combate por parte das defesas inespecíficas). Se pessoa não for imune ao menigococo (por
infecção anterior ou vacina). A bactéria se multiplica por toda a circulação podendo atingir vários órgãos e tecido. Se
pessoa for imune (tiver AC) bactéria é retirada rapidamente do sangue
- Chega por vasos capilares ao SNC, onde há BHE
- Pili gruda na superfície das células da BHE e bactéria é endocitada.
- Há intensa multiplicação intracelular de bactérias. Levando a destruição da célula, criando uma fresta, ruptura da
BHE (Barreira fica permeável a células de defesa, antibióticos que podem combater bactéria). De qq maneira passagem
da bactéria é por dentro da célula.
- Meningococcemia → sintomas mais graves. (febre elevada e rash cutâneo). Bacteremia muito alta, gerando uma
sepse por meningococos. Reação inflamatória generalizada a LPS bacteriano, podendo levar a CID, com coagulação dos
vasos periféricos, ruptura desses vasos, hemorragias pontuais e isquemia. Há pontos hemorrágicos na pele que podem se
juntar e evoluir para grandes áreas necróticas escuras. Pode ocorrer com ou sem a meningite em si, se poucas bactérias
invadirem o SNC.
- Meningite → surge de forma abrupta com intensa dor de cabeça, vômitos em jato e rigidez nucal (conseqüência da
menincoccemia).

♦ Epidemiologia
- Transmissão de pessoa a pessoa
- Detecção de portadores
- Vacinação: para os sorogrupos A,C,Y e W135 → Ag polissacarídeo
para o sorogrupo B → Ag protéico (?)

NEISSERIA GONORRHOEAE

- Agente etiológico da gonorréia, uretrite gonocócica (masculina e feminina), proctite (ampola retal), faringite e
oftalmia neonatal (atualmente rara).
- Atinge sistema genito-urinário: No homem (uretra) na mulher (cérvice uterina e também, porém menos comum
uretra). Também pode (menos comum) na mucosa ano-retal (sexo anal), dedos (penetração com dedo), mucosa
conjuntival (bebe que nasce de parto normal de mãe afetada, pode levar a cegueira), mucosa oral.
Obs: Gonococos não se multiplicam bem na mucosa vaginal da mulher em fase reprodutiva (pq tem pH baixo). Mas
pode se reproduzir na mucosa neutra de mulheres pós menopausa e antes da primeira menstruação.

♦ Fatores de Virulência
- Polissacarídeo não capsular: não forma anticorpos protetores (não tem cápsula, por isso não conseguem também ficar
na circulação sanguínea – não tem proteção da cápsula - Gera só infecções locais).
- LPS: estimula os macrófagos a liberarem citocinas → reação inflamatória intensa → piogênese intensa (secreção
purulenta)
- Pili: responsável pela aderência às mucosas.
- Proteína de membrana externa – Opa ou Ptn II
- Auxilia na aderência
- Capaz de apresentar grande capacidade antigênica (torna o desenvolvimento de vacinas inviável)
- IgA protease: inativa IgA de mucosas.

♦ Patogenicidade
- Aderência dos gonococos às células da superfície de mucosa (genitourinária, retal, conjuntiva ocular e orofaringe)
por ligação do pili a receptores específicos na célula hospedeira (CD46).
- Depois há ligação entre outros receptores da bactéria e da célula hospedeira, que é irreversível. (Não adianta urinar
para expulsar a bactéria. A formação da ligação irreversível ocorre logo após entrada da bactéria na uretra).
- endocitose
- Dentro da célula bactéria não sofre ação dos lisossomos e não é destruída.
- Intracelularmente se multiplica e migra para tecido subepitelial (passagem para tecido subepitelial ocorre por
transcitose - por dentro das células )
- No tecido subepitelial é induzida uma inflamação aguda (principalmente em homens), em mulheres pode muitas
vezes ser assintomática. Com produção de mediadores inflamatórios (TGF-alfa, IL-1, IL-6 , etc), que levam a ativação do
complemento, produção de prostaglandinas que acabam levando a dano tecidual.
Obs: O mecansimo descrito é mto semelhante ao que acontece com meningococos só que a célula atingida é a da
BHE.

♦ Quadro clínico:
Homem: Pode ser assintomática, mas geralmente leva a quadro clínico caracterizado por corrimento principalmente de
manhã (antes da primeira urina), dor em ardência ao urinar.

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Mulher: Pode aparecer corrimento vindo da uretra. No entanto, a mulher pode demorar a notar (ou nem notar) o
corrimento que em mulheres é algo normal. (P/ homem não, por isso ele logo nota). Mas normalmente a infecção ocorre
na cérvice uterina, onde processo inflamatório é menor e corrimento é pequeno e imperceptível. Logo, mulher muitas
vezes é assintomática (só toma conhecimento da infecção quando vai pro ginecologista ou se parceiro apresentar
gonorréia). Pode haver corrimento intenso na mulher
- Complicações:
 Epididimite em homens
 Salpingite, doença pélvica inflamatória (DPI) em mulheres. Quando gonococos infectam células
não ciliadas da mucosa da tuba uterina, mas causam paralisia dos cílios de células ciliadas e tb extrusão dessas células
(causa processo inflamatório que se não tratado joga célula ciliada é jogada pra fora da mucosa). Isso aumenta as chances
de gravidez ectópica. Também pode causar colabamento da tuba uterina, que se for bilateral causa infertilidade.
 Lesões na pele e artrite (bacteremia)

♦ Epidemiologia
- Uso de preservativo: importante para o controle
O microorganismo sobrevive colonizando exclusivamente a mucosa humana.
- Tratamento dos portadores assintomáticos (são principalmente as mulheres).
Obs: Infecção por gonococos em crianças: Sugere abuso sexual.
Obs2 Gonococos e HIV (Infecção por gonococos aumenta carga viral de HIV, agravando o quadro. Presença de
gonococo tb facilita infecção por HIV)

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
A. Meningite
Espécime clínico: LCR (punção lombar) para os doentes (líquido normal é transparente, infectado é turvo)
“swab” de nasofaringe para os portadores
Indicativo de meningite bacteriana: LCR turvo
Faz-se então a bacterioscopia do líquor e cora-se pelo método Gram.
B. Gonorréia
Espécime clínico: secreção ureteral masculina
“swab” de cérvix uterino (colher com especulo)
Tb feito no ânus.

Bacterioscopia
Feita bacterisocopia da amostra colhida, encontrando-se gram – intra e extra celular, cel inflamatórias, etc
Possui valor diagnóstico na uretrite gonocócica masculina e meningite. Fecha-se o diagnóstico só com a bacterioscopia
porque na microbiota desses locais não há outros diplococos (ex: LCR é estéril)

Cultura
Depois da bacterioscopia faz cultura de célula
Sempre deve ser usada para diagnóstico de portadores e infecções de cavidade oral e retal.
Meios
- Ágar chocolate: agar sangue aquecido. Para semear material clínico estéril (ou seja, sem micorbiota normal: parte da
uretra, cérvice e líquor).
A Neisseria não cresce em qualquer meio de cultura. No meio Agar sangue existem ptns que não são boas para o seu
crescimento, mas que são inativadas com o aquecimento (promove também a lise de hemácias → coloração de
chocolate !!!).

- Meio de Thayer-Martin: Em meios que já tem microbiota normal (ampola retal, secreção da mucosa da orofaringe,
cérvix, outra parte da uretra) É o agar chocolate seletivo. Para isso é adicionado a ele suplemento nutritivo e antibióticos
(vancomicina, colimicina e nistatina - VCN) para inibir crescimento de bactérias da flora normal.
Vancomicina → inibe cocos gram positivos
Colimicina → inibe bacilos gram negativos
Nistatina → fungicida

- As culturas, em ambos os meios, devem ser incubadas em atmosfera enriquecida em CO2.

Testes Fisiológicos: Para diferenciar meningococos de gonococos

- Teste da oxidase Gonococo Meningococo


( Testa a partir de Glicose + +
que substratos Maltos - +
e
Lactose - - Página | 16
Amido - -
como glicose,
maltose há
produção de ácidos
por oxidação)

TRATAMENTO

 Meningite
- Não apresenta resistência a Penicilina (mas é pouco absorvida nas meninges, o que requer alta dose para chegar no
líquor)
- Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona): Boa peneração na BHE, requer menor dose.
Obs: Em caso de meningocsemia, como bacteremia é muito grande, muitas bactérias morreriam ao mesmo tempo,
havendo alta liberação de endotoxina, que aumentaria reação inflamatória, agravando a sepse e podendo levar a morte.
Então, junto com antibiótico se dá corticoesteróide para diminuir reação inflamatória. (Pesquisas: criar A monoclonal
específico contra mediadores inflamatórios)

 Gonorréia
- Isoladas amostras resistentes a penicilinas (no Brasil não temos dados).
- Quinolonas ( ciprofloxacina, não mais utilizado pq tb há resistência
- Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona) São os mais utilizados hoje.

HAEMOPHILUS

Características
• São bastonetes Gram – pleomórficos (variam de cocóides a filamentosos)
• Imóveis.
• São nutricionalmente exigentes.
• Cultiva-se em meio rico em nutrientes e com alta quantidade de CO2.
• As colônias geralmente têm aspecto acizentado.
• São comensais de mucosas de trato respiratório.

Espécies mais relevantes e infecções


 H. influenzae = meningite, conjuntivite, epiglotite, celulite, artrite, otite média, sinusite, pneumonia. O principal agente
da epiglotite é tal bactéria. A epiglotite e a meningite são as infecções mais graves.
- H. influenzae biogrupo aegyptius = febre purpúrica brasileira.
 H. ducrey = cancróide (cancro mole). É uma DST.
 Demais espécies = geralmente presentes no trato respiratório e causadoras de infecções oportunistas (São saprofíticas:
Não causam infecção no hospedeiro hígido) Ex: H. parainfluenza, H. haemolyticus.

Haemophilus influenzae
É a principal espécie patogênica entre os Haemophilus.
Pode causar:
A) Infecção assintomática: Não causam infecção, participam como membro da flora normal de mucosas: trato
respiratório superior, principalmente nasofaringe. Pode colonizar também conjuntiva e trato genital. Geralmente são
H.influenzae sem cápsulas amostras não-capsuladas, mas também podem ser capsulados. Principal forma de disseminação pela
população.
B) Infecção sintomática: H.influenzae capsulados (cápsula, dá proteção que permite invasão)
Invasivas (sangue, órgão internos): Meningite e Epiglotite (Mais graves)
Não-invasivas (infecções localizadas, superficiais): Conjuntivite, Sinusite, otite média, celulite, artrite.
Fatores de virulência
- Cápsula polissacarídica = constituída de PRP (poli ribosil fosfato). Há variações na cápsula que possibilitam agrupar o H.
influenzae em 6 sorotipos, com diferentes determinantes antigênicos. Protege contra a fagocitose. O H. influenzae sorotipo B

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(Hib) é o principal agente da meningite bacteriana (comunitária).
PRP é constituinte da vacina para H. influenzae
- Endotoxina (LPS).
- OMPs = proteínas de membrana externa.
- Fímbrias = interação bactéria-hospedeiro.
- IgA protease = é liberada pela bactéria e degrada IgA. Constitui, junto com a cápsula, o principal fator de virulência da
bactéria → proteção contra fagocitose.
- Resistência a antibióticos = ampicilina e cloranfenicol.

Em geral, observando espécimes clínicas de um indivíduo doente, serão observadas bactérias capsuladas, já que esta
estrutura é um dos principais fatores de virulência da bactéria.

Patogenicidade

Amostras capsuladas X Amostas não-capsuladas


Infecções mais invasivas e persistentes X Infecções menos invasivas e passageiras
Podem ser bactérias da flora normal
⇒ As bactérias capsuladas frequentemente causam meningite. A bactéria entra pela mucosa respiratória coloniza a mucosa
(infecção não invasiva), depois invadem as células colunares do epitélio respiratório (liberando toxinas) e invadem submucosa
e de lá vão para corrente sanguínea.
⇒ Provocam bacteremia e se espalham sistemicamente. Daí, podem atingir outros locais a distância como nas meninges
(pode gerar meningite, outros agentes de meningite: N.meningites e S. penemoniae), onde se multiplica. Ou seja, há infecção
invasiva.
⇒ De uma infecção não-invasiva na mucosa respiratória (colonizando como fora normal), a bactéria pode adquirir cápsula e
causar uma infecção invasiva. Na mucosa respiratória, a bactéria se multiplica e libera substâncias que podem prejudicar as
células locais. A seguir, tais bactérias podem invadir os tecidos subjacentes, causando problemas locais (infecção não-
invasiva). Porém, caso a bactéria atinja o sangue e adquira um aspecto de bacteremia, tem-se uma infecção invasiva. Um
exemplo é a pneumonia, que inicialmente é localizada.

Febre Purpúrica Brasileira


Doença pediátrica fulminante, tendo, portanto gravidade muito acentuada (lembra miningite de neisseria meningocos)
Há um acometimento agudo de febre, vômito e dor abdominal, progredindo para um quadro de aparecimento de petéquias,
púrpura, colapso vascular, choque hipovolêmico e morte em 48 horas. Atualmente, sabe-se que ela é geralmente precedida de
conjuntivite purulenta (que passa e depois acontecem os sintomas descritos. Provavelmente conjuntiva é porta de entrada da
bactéria)
Mecanismos envolvidos:
H. influenzae biogrupo aegyptius (variante que circula em certas regiões geográficas) que se diferencia dos demais H.
influenzae por: características clínicas, propriedades fisiológicas (incluindo crescimento) e perfil de proteínas da membrana
externa e é ainda mais exigente em termos nutritivos.

Diagnóstico laboratorial
 Bacteriológico direto
- Colheta do espécime clínico representativo geralmente removido do local da infecção. Assim, no caso de meningite,
observa-se o líquor; de pneumonia, escarro; de conjuntivite, secreção da conjuntiva.
- Material é corado e observado numa lâmina (procura do bacilo na microscopia).Observa-se a presença da bactéria no
espécime clínico utilizado,
Em seguida, deve-se fazer a cultura, em meio rico (muito nutritivo) e, em alguns casos, pode-se fazer junto a coloração de
Gram. A cultura é feita em ágar chocolate enriquecido com complexo vitamínico e numa atmosfera rica em CO2.
Numa cultura dessas crescem vários haemofilus. Para diferencia-los:
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 Provas bioquímicas
A) Testes de dependência química a fatores de crescimento, principalmente os fatores X (hematina, presente nas hemácias),
e V (NAD):
Cultivam-se as bactérias achadas num meio sem os fatores e em seguida adicionam-se um e depois os dois fatores.
H.influenzae é a única Haemofilus que crescerá na presença dos dois fatores. Outra Haemofilus crescem na presença de um,
outro ou nenhum e não dos dois.
 Teste de sateletismo
É mais caseiro, usado em situações de emergência, quando não há ágar chocolate e fatores X e V. Faz-se uma estria de
estafilococos aureus num meio de agar sangue, que lisam hemácias (fator X) e liberam fator V, de modo que os Haemophilus
crescem em “pontinhas” ao redor da estria.
 Testes sorológicos
Os testes identificam os sorotipos das bactérias infectantes (ou sejam detectam ag capsulares)
Para isso, adicionam-se anticorpos anti-antígenos (anti-soro) da cápsula das bactérias de diferentes sorotipos a amostras
coletadas ( fluidos orgânicos como líquor, sangue,urina – local de excreção final ) ou em soro de paciente.Se houver
aglutinação é positivo. Esses testes só servem para identificar o sorotipo B!

Tratamento e profilaxia
A)Tratamento
A Ampicilina já foi muito usada, mas originou muitas espécies resistentes.
O Cloranfenicol causa muitos efeitos colaterais, sendo pouco utilizado.
Pode-se usar a Sulfa-trimetoprim, que é uma droga mais barata.
Existem drogas mais caras: Azitromicina, Fluoroquinolonas, a associação Ampicilina-Sulbartam e Cefalosporinas.
B) Profilaxia
Rifampicina (elimina estado de portador ex:indivíduos que tiveram contato com doentes.)
Atualmente, pode ser empregada vacinação contra o sorotipo B (só o B, a partir do seu PRP, que é mais importante). A
vacinação diminuiu muito o número de casos, além de diminuir o número de infecções invasivas. A vacina é feita a partir da
purificação do antígeno da cápsula (PRP), que é associado a uma proteína carreadora (geralmente de outro agente infeccioso, o
que faz com que a vacina também proteja contra outras doenças). Esse tipo de vacina foi feito pq vacina convencional, só com
PRP, sem estar ligado a ptns protegia contra todas a faixa etárias menos as crianças que são as principais afetadas (pq não
desenvolvem AC contra polissacarídeo sozinho)

Haemophilus ducrey
Bacilo Gram – , disposto em cadeias. É muito exigente nutricionalmente, aparecendo em mucosas genital sendo grande
causador de úlceras genitais (cancro mole). É uma bactéria geralmente sensível a tratamentos aplicados para outras DSTs.
Diagnóstico laboratorial
 Coleta de espécime clínico
Raspagem da base ou margens da lesão / aspirado de linfonodos.

 Bacterioscopia direta
Coloração com Gram.

 Cultura
É feita em meios enriquecidos e seletivos. É muito difícil por isso H.ducrey é pouco pesquisado.

Tratamento
Cetriaxone, Ceprossoxacina, Eritromicina e SXT... (tratamento convencional para outras DST)
BORDETELLA

- Mais exigentes que Haemofillus em termos nutritivos


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- Só 3 espécies são patogências:
Bordetella pertussis ................................. Coqueluche
Bordetella parapertussis ......................... Coqueluche
Bordetella branchiseptica ....................... Infecção broncopulmonar
Obs:grande mairoria de casos de coqueluche= Bordetella

Bordetella pertussis
É o agente etiológico da coqueluche, uma infecção respiratória aguda, altamente contagiosa, marcada por intensa tosse
durante a fase paroxística. Muito prevalente antes de existir a vacina.
É uma doença aguda, mas com curso arrastado (devido às várias e demoradas fases), parece crônica, mas não é devido
aos diferentes estágios que podem demorar mais ou menos de acordo estado fisiológico/nutricional do hospedeiro.
Coqueluche
- Fase de incubação: Dura de 7 a 10 dias. Da infecção até surgirem sintomas.
- Fase catarral: 1 a 2 semanas. Ocorre liberação de secreção aquosa pelo nariz, são os primeiros sintomas. É a fase de maior
eliminação de bactérias. Logo, maior probabilidade transmissão.
- Fase paroxística ou convulsiva: 2 a 4 semanas. Ocorre tosse com ruídos típicos (chiados). Carga bacteriana ainda é alta
(pode haver transmissão), mas vai decrescendo.
- Fase convalescente: 1 a 4 semanas. Nesta fase, os sintomas e a carga bacteriana vão diminuindo sensivelmente.
Ao longo dessas fases, vai havendo produção de anticorpos. Além disso, elas seguem ordem cronológica de aparecimento,
mas podem acontecer ao mesmo tempo.

Fatores de virulência
- Toxina Pertussis.
- Hemaglutinina filamentosa.
- Pertactina.
- Adenil ciclase.
- Toxina dermonecrótica.
- Citotoxina traqueal.
- LPS.
A toxina Pertussis, hemaglutinina filamentosa e pertactina mediam a aderência da bactéria às células epiteliais ciliadas.

Patogenicidade
Inicialmente ocorre a entrada da bactéria no hospedeiro, por meio da inalação de aerossóis. Caso o hospedeiro seja
vacinado, a bactéria é eliminada pelo sistema imune. Se o hospedeiro não é vacinado, a bactéria coloniza as mucosas do trato
respiratório, multiplicando-se e aderindo-se apenas às células ciliadas, que possuem receptores específicos para ela. Aí, a
bactéria vai produzindo aos poucos os fatores de virulência, de acordo com necessidade de cada fase da infecção (se precisa de
subst de adesão ou subst. Tóxicas). As toxinas liberadas vão então alterando funções fisiológicas, promovendo a paralisação
dos cílios e acúmulo de secreção (que era eliminada por batimento dos cílios para sair por nariz). Em seguida, há tosse, com a
função de eliminar as bactérias, acabando por aumentar a contaminação. Notar que bactéria não é invasiva, não vai para o
pulmão permanecendo no trato respiratório superior.
A toxina Pertussis é chamada “AB”, sendo bifuncional e o principal fator de virulência: o B deveria ser de binding, já que a
toxina somente se liga em células suscetíveis; e o A deveria ser de ação, já que simboliza a ação do componente tóxico. Isso
pode levar a uma “diarréia respiratória”, de modo que a toxina irá alterar o metabolismo das células infectadas, aumentando a
excreção de água por elas. Assim, haverá a tosse (fase convulsiva). Nessa fase, pode haver cianose, colapso respiratório
(infecção pode comprometer musc respiratórios que entram em tetania), hemorragia das mucosas como a do olho, aparência
facial cansada devido ao esforço respiratório etc. Por isso, a grande preocupação com crianças é a de se manter a função
respiratória e a hidratação.
Normalmente a doença costuma curar-se sozinha. Nos casos mais graves são utilizados antibióticos e até ventilação
mecânica (em pacientes com colapso respiratório).
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Podem haver seqüelas neurológicas (Bactéria não invade SNC, mas sua toxinas sim) encefalopatias;
Infecção induz imunidade permanente

Transmissão
Dá-se basicamente de pessoa para pessoa, de modo que a bactéria não se mantém viva no meio ambiente por muito tempo.
A contaminação é por inalação ou por contato direto com secreções. (principalmente nas fases catarral e paroxística). A
bacteremia é rara (invasão do sangue)
Diagnóstico laboratorial (é complicada feita só em laboratórios de referência)
 Coleta de espécime
Aspirado nasofaríngeo, colhido com swab de fibras sintéticas, ou pela “placa de tosse” (o paciente tosse em cima do meio
de cultura).
 Transporte
Meio de Regan e Lowe, sendo importante a rapidez na semeadura da cultura, pois a bactéria é muito sensível à dessecação.
 Microscopia
Imunofluorescência usando anticorpos marcados.
 Cultura
Meio de Bordet e Gengou (agar sangue enriquecido). Ocorre crescimento após 4-5 dias.
 Identificação para confirmar que é bordetella:
Testes bioquímicos e sorológicos.
Obs: Testes bacteriológicos são mais eficazes nas fases iniciais da doença (quando há maior eliminação da bactéria: fases
catarral e paroxística)
Testes sorológicos utilizados nas fases finais (baixa eliminação de bactérias)
Grupo de risco
Indivíduos, principalmente crianças, não imunizadas ou inadequadamente imunizados (n tomou todas as doses).
Tratamento
 Manutenção da função respiratória + hidratação.
 Uso de antimicrobianos para diminuir o número de bactérias = Eritromicina = não altera o curso da infecção, mas
diminui o seu tempo e minimiza sintomas.

Profilaxia
 Vacinas de células inteiras inativadas (muito usada) => São baratas e eficazes ,mas podem causar seqüelas,
principalmente no SNC, causando encefalopatias. A vacina contra coqueluche é dada juntamente com difteria e tétano (DTP)
 Vacinas acelulares em desenvolvimento.

CORINEBACTÉRIAS

♦ Bacilos gram positivos, não esporulados, aeróbios


♦ Pleomórficos, geralmente com extremidades em forma de clavas ou alteres
♦ Podem apresentar granulações metacromáticas (polimetafosfatos) e dispor-se em forma de paliçada ou de letra
chinesa – são vistas pela coloração de Albert Laybourn

♦ A maioria as espécies (difteróides; corinifóides):


 Presentes na microbiota normal da faringe, nasofaringe, uretra distal e pele. Nestas superfícies estão
normalmente em vida saprofítica.
 São patógenos de caráter oportunista.

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♦ Causam: septicemia, endocardite, infecção dos tratos urinário e respiratório, e da pele.

♦ Fatores de Virulência:
o Produção de urease (relacionada a complicações no trato urinário)
o Produção de Fosfolipase (fator dermonoecrótico)
o Resistência a anitimicrobianos

♦ Corynebacterium diphtheriae → É o único agente da DIFTERIA


o Controle vacinal: permitiu que a freqüência da doença fosse diminuída e seja baixa atualmente
o Infecção toxigênica: associada à toxina diftérica. Infecção aguda do trato respiratório superior
(especialmente faringe, mas também pode ser laríngea ou nasal) com formação de uma pseudomembrana.
o Acomete principalmente crianças com menos de 10 anos e adultos, ambos parcialmente ou não
imunizados.
o A bactéria não invade o organismo, permanece superficial (nas mucosas), apesar de seus efeitos mais
graves serem sobre os órgãos internos. A toxina é a principal responsável por estes efeitos (= efeitos sistêmicos da toxina
diftérica), e assim, pelos sinais e sintomas da doença.
o A bactéria é um patógeno bem adaptado ao ser humano e coloniza as células do trato respiratório
superior. A transmissão é direta, de pessoa a pessoa (inalação de aerossóis ou contato direto). Os portadores
assintomáticos funcionam como reservatórios para esta bactéria. A bactéria não sobrevive no ambiente.

 A bactéria multiplica-se e permanece na porta de entrada:


- Inflamação, infartamento ganglionar (“pescoço de touro”), febre e prostração
- Formação de pseudomembrana acinzentada no sítio da infecção podendo levar à asfixia por obstrução.
(Cianose, Dificuldade respiratória)
A pseudomembrana se forma na parte posterior da orofaringe, ao nível das amídalas. Ela é diferenciável das amidalites
comuns por ser mais rígida e não ser facilmente destacável. Caso haja resistência ao toque não se deve tentar destacar a
membrana pois há risco de disseminar ainda mais a toxina diftérica e agravar o quadro. Esta resistência é um indicativo
de que se trata de difteria.
- Produção local do toxina diftérica que é absorvida através das mucosas – toxemia.

Efeitos destrutivos mais intensos se dão sobre:


- Células cardíacas
- Células do SNC

Podem apresentar ainda:


- Conjuntivite
- Pseudomembrana
- Linfadenite
- Miocardite

♦ Fontes de Infecção
- Portadores assintomáticos: 1-3% na população em geral
- Contactantes de convalescentes: 8-14% (se tornam portadores)
- Convalescentes: 1-2% (continuam transmitindo mesmo após o tratamento)
População de Risco

- Crianças menores de 10 anos (principalmente de 1 a 4 anos: contato com um universo maior de pessoas – possíveis
portadores).
- Adultos não imunizados

Patogenia
1. Colonização da orofaringe
2. Formação de pseudomembrana: exudato neutrofílico, céls epiteliais necrosadas, eritrócitos, céls
bacterianas
3. Produção intensa de exotoxina
- absorvida pela mucosa, atua sobre o coração, SN periférico e SN central.

DIFTERIA CUTÂNEA: comum em países tropicais. Indivíduos já possuem lesões na pele. Formação de úlceras e
pseudomembrana nas lesões.

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Toxina Diftérica: ptn bifuncional (AB)
A = action
B = binding

- O componente B se liga ao receptor nas células-alvo, que promove então a endocitose do complexo receptor-toxina.
- Dentro do endossoma, o Fragmento B, que já não tem mais funcionalidade, se dissocia do Fragmento A que é então
ativado e passa para o citoplasma onde vai atuar interferindo na síntese protéica das células do hospedeiro e levando a
morte celular.

Este receptor esta presente em:


- céls do miocárdio
- céls do SN

Toxigenicidade
Exotoxina: principal fator de virulência
Amostras virulentas são doentes, infectadas (parasitadas) por um bacteriófago que possui o gene tox. Sem o gene tox a
amostra torna-se avirulenta !!!!

Diagnóstico Laboratorial
Baseado na detecção da toxina.
- convencional: isolamento do microorganismo e comprovação da toxigenicidade.
- rápido: detecção da toxina por sondas imunológicas ou genéticas.

Coleta de Material
Swab de naso ou orofaringe, lesões de pele

Exame Direto
Coloração Albert-Laybourn → valor questionável

Cultura
Semeadura em meios (Loeffer, PAI, ACT, Tinsdale,...) – são meios seletivos/indicativos
Testes Fisiológicos
Testes de detecção de toxina (CONFIRMATÓRIO)

Testes Confirmatórios
In vivo – em cobaias (SC) morte em 2-3 dias
Em coelhos (ID) lesão necrótica
In vitro – Imunodifusão (teste de Elek)
Neutralização de efeitos tóxicos em culturas de células
Uso de sondas imunológicas ou genéticas.

Prevenção
Imunização: antitóxica
- Com toxóide diftérico = toxina diftérica tratada com formol → promove resposta imunológica mas perde as
propriedades tóxicas.

Tratamento
- Deve ser realizado o mais rápido possível.
- O ideal é que seja realizado após a confirmação, mas quando o diagnóstico é convencional isto não acontece.
- Soro Anti-Diftérico (SAD): anti-toxina (produzido em cavalos, carneiros). Neutraliza a ação da toxina.

Deve ser usado somente quando se tem certeza de que é difteria, porque senão o tratamento é incorreto e pode trazer
conseqüências para o futuro. Por exemplo, caso o paciente tenha que tomar algum outro soro de origem animal no futuro
ele pode fazer uma reação imunomediada mais intensa devido a exposição prévia desnecessária.

LEGIONELLA

 Bacilo gram negativo, pleomórficas, aeróbias


 Nutricionalmente exigentes
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 Parasitas intracelulares obrigatórios (hospedeiros e natureza), amplamente distribuídas em ambientes
aquáticos.
 Histórico: surto de pneumonia nos EUA → Legionella pneumophila

Parasitas intracelulares de protozoários aquáticos (ex: ameba). Ativam o sistema de internalização desses protozoários.
Usam um mecanismo de multiplicação semelhante ao que utilizam em células de mamíferos.

Possuem mecanismos de escape das defesas do hospedeiro (enzimas, etc...), como, por exemplo, quando são
fagocitadas por macrófagos.

Podem sobreviver em ambientes úmidos e temperaturas relativamente altas (mas não muito altas) por longos períodos.
Ex: tubulação de ar-condicionado (tem freqüentemente vários protozoários). Deve-se prestar atenção sobretudo em
ambientes hospitalares (UTI, setor de queimados, de transplantados,....) onde os pacientes tem alguém grau de
comprometimento e estão mais susceptíveis → deve-se fazer prevenção !

Síndromes Clínicas:
 Principais hospedeiros susceptíveis: idosos e imunocomprometidos

1. Doença do Legionário: forma grave de pneumonia


Comprometimento pulmonar intenso, visível radiologicamente e freqüentemente no ápice pulmonar e bilateral.
2. Febre de Pontiac: forma menos grave da doença, sem pneumonia.

Ambas as síndromes podem apresentar também: febre (↑38°C), mialgia, mal-estar, cefaléia, anorexia.

Modo de aquisição / Transmissão

- inalação de aerossóis contendo água contaminada (principalmente os mais susceptíveis).


- não houveram casos por ingestão ou por contato direto (transmissão de pessoa a pessoa).

Fontes: chuveiros, torneiras e pias; piscinas, umidificadores de ar, equipamentos de terapia respiratória, torres de
resfriamento de ar (hospitais, grandes edifícios, empresas, etc).

DESTAQUE: Torres de resfriamento e sistemas de aquecimento → países industrializados

Indivíduos de Risco

- Comprometimento da imunidade celular – transplantados cardíacos e renais, neoplásicos.


- fumantes (alteração da função pulmonar)
- Idosos

Diagnóstico

Laboratórios de Referência

 Microscopia – imunofluorescência direta


 Detecção de Antígenos: Espécimes respiratórios e urina
 Cultura: Meios complexos, BCYE Agar
 Sorologia: imunofluorescência

Prevenção

Higienização de equipamentos e ambientes aquáticos, evitar a formação de biofilmes e crostas, e a proliferação de


bactérias.

LISTERIA E OUTROS BACILOS PATOGÊNICOS

Doenças que são transmitidas de animais para humanos

Vias de aquisição de zoonoses:


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 Por penetração direta através da pele (atividade veterinária, manutenção de animais)
 Através de escoriações de feridas
 Artrópodes (vetores mecânicos – ponte entre animal e homem ou biológico quando a bactéria ocupa o artrópode) –
ex: doença de Lyme, Peste Bubônica
 Através de mordida de animais
 Por inalação (ex: Anthrax)
 Por ingestão (ex: Listeriose, Salmonelose)

Manifestações clínicas de zoonoses dependem de:

 Agente infeccioso
 Porta de entrada (via de aquisição): única ou múltipla

Transmissão de agentes zoonóticos → ser humano atua como hospedeiro final: como intruso acidental no
envolvimento em cadeias animais.

Antrax
 Doença epidêmica em todo o mundo, através de sua transmissão por animais e humanos.
 Causador: Bacillus anthracis
 Gram positivo
 Formador de esporos
 Hospedeiros variados: bovinos, eqüinos, caprinos
OBS: contaminação comum em veterinários → caráter ocupacional
Epidemiologia:
 Vias de contaminação:
o Respiratória (aspiração)
o Gastrointestinal (ingestão)
Cutânea (penetração)
Reservatório: animais infectados, solo
• Exposição a animais
• Laboratoristas
• Pessoal de processamento de produtos de origem animal
Terrorismo biológico

• O esporo pode permanecer viável no solo por anos.


• Os esporos podem ser inativados por vapor de paraformaldeído, hipoclorito, fenol, ou autoclave.
• A toxina é responsável por danos teciduais e edema.
Patogenia
• Esporos entram na pele através de lesões ou membranas mucosas
• Os esporos inalados podem permanecer por semanas nos alvéolos sem germinar.
• Este retardo no início da doença não foi observado nas formas cutâneas ou gastrointestinais.
• A Bactéria produz cápsula
• Germinam em macrófagos, replicam-se nos nódulos linfáticos e no espaço intracelular.
• A produção de toxinas causa destruição tecidual e edema.
o
Após o primeiro contato, ocorre a desesporulação (a forma vegetativa é assumida) e são produzidos os fatores de
virulência.

Conforme a forma de contaminação, maior a gravidade da doença. A doença sistêmica de maior gravidade ocorre
quando há contaminação pela via respiratória, seguindo-se o trato gastrointestinal e a pele.
 Fator de Virulência: mais importante é a toxina do antrax - grande responsável pela sintomatologia.

Toxinas

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Clínica:
• Existem 3 formas clínicas:
- cutânea (mais comum em situações de exposição) → Pápulas, seguida de vesículas, úlceras necróticas (escaras) com
centro negro. Áreas mais comuns: cabeça/pescoço, mãos/braços. Normalmente sem dor.
- gastrointestinal (rara) → Período de incubação: 1-7 dias. O envolvimento faríngeo inclui ulceração orofaríngea com
adenopatia cervical e febre. O envolvimento Intestinal inclui dor abdominal, febre, vômito com sangue e diarréia.
- inalação → Período de incubação: 1-7 dias (podendo chegar a 43 dias). Tosse, mialgia, fadiga e febre. Rápida
deterioração, dispnéia, cianose e choque, muitas vezes com evidência radiográfica de alargamento do mediastino. Caso
fatalidade:
– Sem tratamento com antibiótico: 86%- 97%
– com tratamento: 75% (45% em 2001)
Diagnóstico laboratorial:
• Coloração de Gram de material clínico (lesão de pele,sangue, fluído pleural, líquor)
• Cultura: “padrão ouro”
• Exames específicos:
– PCR
– Sorologia (ELISA)
– Imunohistoquímica
Tratamento:
• Hospitalização
• Antimicrobianos
– Tratamento empírico temporário
– Terapia intensiva de suporte
– Eletrólitos e equilíbrio ácido-base
– Ventilação mecânica
– Suporte hemodinâmico

• Antibióticos
– ciprofloxacina ou doxiciclina e mais outra droga ativa contra B. anthracis*
– 30 a 60 dias de duração
Vacina:
• Filtrado de culturas toxigênicas (cell-free) de B. anthracis
• O Filtrado contém antígeno protetor (PA) e outros produtos celulares
• Ligado a hidróxido de alumínio, atua como um adjuvante
• Contém pequenas quantidades de (conservante) e formaldeído (estabilizanter)
• 95% soroconvertem após 3 doses
– 92.5% de eficácia (doença cutânea e inalação combinada)
– Estudos com modelo animal sugerem proteção contra a forma por inalação
• Duração da imunidade e desconhecida

Bacillus cereus

Características:
• BG+ aeróbio
• Esporogênico (central, elipsóide, não deformante)

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• Esporulam em 2-3 dias
• Móvel
Produtos extracelulares
• proteases (afeta produtos lácteos)
• beta-lactamases
• fosfolipases
• hemolisinas
• toxinas
Fatores de virulência na doença gastrointestinal
• Toxina emética (cereulida)
• Produzida na fase estacionária
• Detectada por observação de vômito em macacos primatas
• Estrutura (identificada em 1994)
• Peptídeo em forma de anel (1,2 kDa)
• Resistente a 121oC / 90 min
• Ácido-resistente: pH 2 – 11
• Resistente à tripsina e pepsina
• Produção: ótima em arroz e leite à 25 - 32o C
• Função: Estimula o nervo vago e induz o vômito
Patogenias:
FORMA DIARRÉICA (D):
– PRODUZIDA NA FASE LOG
– PERÍODO DE INCUBAÇÃO: 10-12 horas
– TOXINA TERMOLÁBIL (55ºC, 20 MIN)
– ÁCIDO-LÁBIL
– Enterotoxina
– Hemolisina BL (B, L1 e L2)
– Componente B (enterotoxina) -37,8 kDa
– Teste em alça ileal de coelho, primata, cultura de célula, letalidade em camundondo
– Componente L2 (43kDa) - potencializa a atividade de B e L1 (38 kDa)
– Nem todos os B. cereus enterotoxigênco produzem L2
– Modo de ação: 100 vezes mais potente que a enterotoxina de C. perfringens. Destrói a membrana das
células epiteliais.
Infecções não gastrointestinais B. cereus
Infecções disseminadas:
• Imunodrepimidos
• pacientes com câncer
• viciados em drogas
• pacientes que fazem hemodiálise e cirurgias
bacteremia
pneumonia
endocardite
infecções oculares
infecções cutâneas (gangrena gasosa)

Diagnóstico:
• Isolamento de > 105 UFC/g alimento E
• Isolamento da bactéria nas fezes ou vômitos, com características fenotípicas idênticas.
• Polimixina – antibiótico seletivo
• Gema de ovo – Diferencial
• Lecitinase ou fosfolipase
• Manitol – B. cereus não fermenta manitol
→ Ágar Manitol-Gema-Polimixina
Egg Yolk / Mossel (24h / 30oC)

Identificação Bioquímica
Produz ácido da glicose
reduz o nitrato
Decompõe a tirosina

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lisozima resistente
Fortemente beta-hemolítico (móvel)
Fracamente beta-hemolítico (não móvel)

Listéria monocytogenes
 Morfologia regular
 Habitat primário: solo e vegetais em decomposição
 Patógeno de caráter oportunista.
 Cocobacilo Gram-positivo (0,5-2µ m por 0,4-05 µ m )
 intracelular
 anaeróbio facultativo
 Catalase +
 oxidase -
 Não esporulado
 Móvel
 Esculina +
 CAMP +
 Cresce em 6.5% de NaCl
 Formam biofilmes
 Acido-resistentes, termo-resistente e sais-resistentes.

Estrutura antigênica
– 4 principais sorogrupos (1- 4) baseados no antígeno O
– Sorotipos baseados no antígeno H
– O tipo 1b causa a maioria das infecções, juntamente com 1a e 4b

Listeriose

O microrganismo é isolado do sangue, líquor ou sítio normalmente estéril do corpo como placenta ou feto.
Ocorrem cerca 1600 casos de listeriose por ano nos EUA, com mais de 415 mortes.
Na grande maioria são casos isolados, dificultando a análise epidemiológica
- Principais alimentos envolvidos: .
• Queijo mole maturado.
• Sorvete.
• Vegetais crus
• Leite cru e supostamente pasteurizado
• Salsichas cruas fermentadas
• Carne, peixe e frangos
- População alvo:
Grávidas e o feto
Imunodrepimidos e imunocompremetidos por corticosteróides, drogas anticancer,
Aidéticos
Idosos
Pacientes com câncer: leucemia
Menos freqüente:
Diabéticos, doenças hepáticas, asmáticos, colite ulcerativa;
Pessoas sadias
- Fatores de Virulência:
– Agente produtor de monocitose:
– Proteínas de invasão
– hemolisina oxigênio Lábil
– (Listeriolinina O)
– Fosfolipase
– Cápsula polisscarídica
– ActA: Proteína responsável pela motilidade
– intracelular
– Estrutura semelhante ao LPS: febre
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– Tropismo pelo sistema nervoso central

 Síndromes clínicas:
o Infecção assintomática (portadores assintomáticos humanos → a bactéria fica na microbiota intestinal) ou
infecção com quadro inespecífico, presentes também em outras infecções bacterianas.
OBS: não tem sintomatologia entérica como quadro principal.
o Infecções neonatais (abscessos generalizados), aborto séptico (depende da fase de gestação)
o Meningites, encefalites e outras infecções do SNC (meningoencefalite). No adulto essas manifestações,
assim como a bacteremia, são as mais comuns, podendo evoluir para as demais manifestações citadas abaixo.
o Bacteremia
o Endocardite, artrite, osteomielite, abcessos intrabdominais, infecções pleuropulmonares
o Grávidas: septicemia, meningite ou meningoencefalite, encefalite, infecção intrauterina ou cervical em
grávidas, pode resultar em aborto espontâneo no 2o ou 3o trimestre, ou natimortos
o Infecção em adultos normais: resulta em sintomas auto-limitantes semelhantes à influenza, e/ou
distúrbios gastrointestinais brandos: nausea, vômitos e diarréia
o Em indivíduos imunodeprimidos: pode ocorrer doença grave.
o Corresponde a uma das principais causas de meningite em pacientes com câncer e em receptores de
transplante renal.
o Idosos:, os sintomas primários podem ser imperceptíveis. A infecção pode se tornar aguda e levar à
sépse (febre alta e hipotensão). A principal complicação da bacteremia é a endocardite.
o Feto: pode ser de início precoce ou tardio
 Foram descritos também infecções em surtos, apesar de a tendência é de os casos de Listeriose serem isolados.
Nestas descrições os surtos ocorreram pela ingestão de produtos alimentares de origem animal contaminados.
 Atualmente a contaminação acontece isoladamente por contato com um animal contaminado
 Quando o inoculo é pequeno, temos uma forma mais branda da Listeriose, onde há uma bacteremia que é
eliminada pelo organismo.

 Transmissão:
- Contato direto com animais contaminados (mamíferos, aves, peixes, insetos)
- Transplacentária
- Ingestão de alimentos contaminados (leite, queijos, carnes, vegetais)
- Contato com ambiente contaminado: solo, água e vegetação.

 Fatores Bacterianos:
- Patógenos intracelulares facultativos – cresce em macrófagos e células epiteliais (sobrevive nos
fagossomas).
- Amostras virulentas produzem listeriolisina (LLO) – hemolisina
OBS: Também lisa outras células → vantagens na implantação → degrada a parede dos fagossomas.
- Crescem em baixas temperaturas (geladeira) e pHs variados.

 ADESÃO, INVASÃO E MOTILIDADE

Invasão pela via do epitélio intestinal


Após a entrada na célula e a formação do fagossoma
primário, ela multiplica-se e ao mesmo tempo
desestabiliza a parede do fagossoma, conseguindo atingir
o citoplasma.
A seguir, ela continua se multiplicando e, passa a ser
dotada de uma cauda de actina tornando-se móvel e
dirigindo-se a um dos pólos da célula, onde forma uma
protuberância, que é engolfada pelas células adjacentes.
Assim o ciclo recomeça.
Isso confere a Listeria uma certa proteção pois ela
consegue se manter ilesa em ambiente intracelular, onde
na verdade deveria estar sendo digerida.
Depois de se disseminar célula a célula a listéria ataca
a membrana basal e se dissemina pelos vasos sanguíneos
(pode ocorrer simultaneamente) → circulação sistêmica
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→ BACTEREMIA

Fatores de virulência associados a estes processos:


 Ptn de suporte (internalina): propicia a invasão dos tecidos subjacentes à mucosa
 Listeriolisina O (LLO) – escape do fagossoma
 Fosfolipase: hidrolisa fosfolipideos de membrana
 Formação da cauda de actina: movimentação para a célula vizinha (Act A)
 Flagelos peritríquios → motilidade a 20-25°C (temperatura baixa para outras bactérias, mas não para a listéria)

 Diagnóstico Laboratorial:
o Espécime: LCR, sangue, líquido amniótico, biópsias de tecidos
o Em caso de surtos: espécimes de alimentos (vegetais – repolho, cogumelos – queijos, aves, salsichas,
leites, patês). Objetivo → investigação epidemiológica
Bacterioscopia: Bacilos gram + (intra ou extracelular)
Cultura: microorganismo exigente – meio seletivo para listeria
Diferencial entre listeria e streptococcus grupo B = bacterioscopia
A síndrome clínica é parecida em neonatos

Testes fisiológicos
- teste de motilidade 20-25°C
- produção de β-hemolisina
- produção de co-hemolisina
- fermentação de açucares

 Controle / Prevenção e Tratamento


 Evitar alimentos crus ou parcialmente cozidos, principalmente queijos
 Tratamento: Penicilina (ampicilina) só ou em combinação com gentamicina tem mostrado efetividade.
 Trimetoprim+sulfametoxazol para alérgicos à penicilina
 Pode ser usada a eritromicina ou tetraciclina.
 Prevenção
ENTEROBACTÉRIAS

Família Enterobacteriaceae
São constituintes da microbiota (ou flora) intestinal.

Distribuição mundial: água, solo, ar, microbiota intestinal humana e animal, insetos, frutas, vegetais, grãos,
plantas, árvores.

Características:

1. São Bacilos (forma de bastão) gram-negativo, retos, oxidase-negativos, não formam esporos, não são álcool-ácido
resistentes.
- Reação da oxidase: produção da enzima citocromo-oxidase, que atua na respiração aeróbica transferindo elétrons
para o citocromo C (oxidação). Usa-se uma fita, na qual coloca-se um pouco da cultura (raspado?) e em seguida coloca-se
um reagente. Se houver reação (mudar de cor) o resultado é positivo – a bactéria possui a enzima.

2. Reduzem nitratos a nitritos (com raras exceções).


3. São anaeróbios facultativos (fermentadores). Isto geralmente quer dizer que o microorganismo é capaz de fermentar
no mínimo a glicose e talvez outros açucares.

OBS: As características mais importantes para a caracterização das enterobactérias são ser oxidase-negativa e
fermentadoras.

4.Produzem um antígeno comum de enterobactérias: AgO

Bactérias Gram - : membrana externa



LPS: lipídio A + Polissacarídeo (antígeno O)

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Parte central (conservada – Ag específico das enterobactérias) + Parte periférica (menos conservada)

O antígeno O (AgO) é usado como uma


maneira de subdividir linhagens diferentes
dentro de uma mesma espécie de
enterobactéria.

Famílias contendo Bastonetes Gram-negativos fermentadores

Características Enterobactericea Vibrionaceae Pasteurellaceae


e
Forma Celular Bacilo reto Bacilo curvo ou reto Bacilo reto
Motilidade V + -
Flagelo Lateral Polar Ausente
Oxidase - + +
Necessidade de Sódio para o - V -
metabolismo
Antígeno comum de + - -
enterobactéria

OBS: Quando se encontra uma nova bactéria, deve-se caracterizá-la quanto ao fenótipo expresso. Os testes fenotípicos
compreendem tanto aqueles que definem a natureza metabólica da bactéria (fermentação, redução de nitrato, por
exemplo), quanto àqueles que analisam os antígenos expressos em sua estrutura. Esses testes permitem que outros
pesquisadores, em qualquer laboratório, possam reconhecer estas bactérias. Somente depois de caracterizadas é que estas
bactérias podem receber um nome (nomenclatura oficial).

Composição Antigênica:
Antígeno O – polissacarídeo ligado ao lipídio A
Antígeno K – polissacarídeo capsular
Antígeno H – flagelo
Sorogrupo: AgO
Sorotipo: AgO e AgH

Escherichia coli
- Em 1907 foi reconhecida como um patógeno – diarréia em neonatos.
- Existem outras espécies do gênero Escherichia, mas sua importância para a microbiologia médica é irrelevante
(muito raro serem a causa de doenças).
- A maioria das amostras é parte da microbiota residente.
- Agentes de infecções em humanos e animais.

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Espécime Clínico: material coletado no ser humano para análise em laboratório. Ex: sangue, urina.

- Patógenos especializados:
• Infecções intestinais – E. coli dierreiogênicas
• Infecções urinárias – E. coli uropatogênicas (em geral, estas não pertencem a microbiota residente)

- Patógenos oportunistas: septicemias, abscessos, meningites.


Ocorre quando uma via de entrada para o patógeno é aberta, como por exemplo em cirurgias, transplantes, traumas,
etc.

- Isolamento
• Meios de cultura não seletivos: espécime clínico de sítios extra-intestinais, normalmente estéreis (sangue, urina).
 agar sangue, CLED (cysteine-lactose electrolyte deficient agar)
• Meios de cultura seletivos-indicadores: especialmente para a pesquisa de E. coli diarreiogênicas (espécimes
clínicos não-estéreis). São chamados indicadores por estarem associados a algum outro teste que evidencie uma
característica bioquímica ou fisiológica de microorganismo de interesse (ex: fermentação de carboidratos – lactose,
sorbitol).
 agar MacConekey, agar EMB (eosin-methylene blue), agar MacConkey-sorbitol
• Fermentação de Carboidratos
 lactose: CLED, EMB, MacConkey
 ausência de fermentação de sorbitol: MacConkey-sorbitol

Observações:
1. O sorbitol é um carboidrato que é produto da redução da glicose. Neste caso, ele é utilizado para selecionar as
bactérias E.coli das demais enterobactérias. CONFIRMAR.
2. O meio de cultura CLED é um meio diferencial, onde a lactose inibe a motilidade das enterobactérias do gênero
Proteus (muito móvel que pode contaminar toda a cultura), que pode fazer parte da microbiota normal. Este meio é muito
utilizado quando o espécime clínico é a urina (comum no TGU).

VIROTIPOS, VARIANTES PATOLÓGICAS

Caracterização Sorológica:
- Determinação dos Sorogrupos (AgO) e Sorotipos (AgO e AgH): com o advento da biologia molecular (é mais
precisa) observou-se que isso nem sempre é correto.
EX: Sorogrupo – O6, O111, O157 // Sorotipos – O111:H2, O111:H9, O111:H- (não tem o AgH)

- Aplicações da Sorotipagem:
• Valor histórico
• Estudo epidemiológico
• Interesse Diagnóstico: caracterização das cepas diarreiogênicas

OBS: Exemplo de estudo epidemiológico


- Muitos casos de diarréia em uma UTI-NEO. Seria um surto? Realiza-se a coleta de espécimes clínicas (fezes, sangue
– risco de bacteremia). No resultado do isolamento observa-se que em um percentual ainda grande de neonatos é a mesma
bactéria a causadora da diarréia. A avaliação por sorotipagem nos diz se essas bactérias são da mesma linhagem (infecção
hospitalar) ou não.

- Pesquisa de Marcadores de Virulência


• Toxinas, adesinas, efeitos sobre células cultivadas in vitro (invasão, alterações no citoesqueleto), efeitos sobre
modelos anomais
• Pesquisa direta dos genes de virulência: sondas de DNA ou PCR

E. coli Diarreiogênicas
EPEC – Enteropatogênica
- Causam diarréia infantil e persistente (principalmente até 2 anos; pico de 0 a 6 meses)
- Estão associadas à desnutrição.
- A infecção geralmente ocorre nas células do cólon e/ou íleo terminal.
- Virulência: produz a lesão AE (attaching and affacing) que se processa da seguinte forma:
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Proteínas da superfície bacteriana:
• Bfp: adesão, agregação e colonização
• Adesina timina : adesão
• EspA: filamentos de superfície

A aderência bacteriana às células epiteliais ocorre via Bfp e EspA. Há então a injeção do receptor de intimina
(Tir) para dentro do enterócito pela EspA, juntamente com outras moléculas que promovem a despolimerização
da actina, o que resulta em perda das microvilosidades.
As conseqüências são: redução da superfície de absorção (que se associa à desnutrição), pode haver perda de
eletrólitos pelo enterócito e até morte celular.
- Não adianta dar antibióticos porque esta bactéria não é invasiva. O uso de antibióticos pode inclusive ser nocivo
por atacar a microbiota natural, que seria um mecanismo de defesa do organismo (competição).
- Ocorre redução importante na absorção de eletrólitos e de nutrientes, e diarréia moderada (2 a 3x ao dia, pouco
intensa mas PERSISTENTE). O tratamento é uma reposição hidroeletrolítica.

ETEC – Enterotoxigênicas
- diarréia aguda, aquosa e severa, sem muco ou sangue.
- Dores abdominais e vômitos; febre ausente ou discreta.
- Crianças (desmame) e adultos (“doença dos viajantes”).
- Doença endêmica e surtos.
- Virulência:
 Não alteram a estrutura da mucosa do intestino delgado.
 Genes em plasmídios: adesinas (fatores de colonização) hospedeiro-específicas e
 enterotoxinas termo-lábil LT e/ou termo-estável ST

Mecanismo
Toxina LT: possui 2 subunidades A e B
1. Internalizada na mucosa do Intestino Delgado (fagocitose)
2. A subunidade A é translocada para o citoplasma.
3. Ocorre ativação da adenilato-ciclase: ↑ AMPc e ativação de transportadores de membrana.
Conseqüências: secreção de eletrólitos e água para fora do enterócito.

Toxina ST
1. Ligação ao receptor na membrana (agonista endógeno: guanilina – mantém a homeostase intestinal).
2. Ativação de guanilato-ciclase: ↑ GMPc e ↑ secreção de Cl -.

EHEC – Enterohemorrágica
- Uma nova doença em 1983 – dor abdominal intensa, diarréia aquosa seguida de diarréia sanguinolenta (HC – colite
hemorrágica) - surto após a ingestão de hambúrgeres mal cozidos (carne bovina moída = maior chance de contaminação).
- Cultura de fezes: encontrou-se um sorotipo raro de E coli ( O157H7)
- Diarréia seguida as vezes de síndrome hemolítico-urêmica (SHU): insuficiência renal aguda, trombocitopenia,
anemia hemolítica, microangiopatia.
- Presença de citotoxina (Shiga-like toxin: Stx) nas fezes.
- STEC: E.coli produtora de Stx
- EHEC: um subgrupo de STEC que inclui conotação clínica (algumas cepas STEC podem não ser patogênicas)
• Causa colite hemorrágica e SHU
• Expressa Stx (codificada em um fago) – inibição da síntese protéica
• Causa lesão AE

- Mecanismo: lesão AE (aderência íntima - perda das microvilosidades) e lançamento da toxina Stx no enterócito. Esta
toxina atinge a corrente sanguínea promovendo os efeitos sistêmicos.

- Histopatologia: hemorragia e edema da lâmina própria, necrose focal, infiltrado neutrofílico -- colite
pseudomembranosa.
 Tratamento: suporte renal, transfusão, nutrição parenteral, etc = suporte geral ao doente. O uso de antibióticos
ainda é controverso.

- mais de 100 sorotipos de E. coli


- surtos ou casos esporádicos

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- transmissão zoonótica
o Alimentos de origem animal (bovina)
o Legumes e vegetais
o Sucos de frutas
o Água
o Contaminação cruzada
- transmissão interpessoal

Bovinos são o principal reservatório animal de STEC/ EHEC.

EIEC - Enteroinvasiva
- Diarréia aguda, com muco, sangue e pus – disenteria
- Crianças acima de 2 anos e adultos
- Biótipo: imóveis, lisina-descarboxilase negativas
- Virulência:
 Infectam o íleo terminal e invadem enterócitos: inflamação local e necrose da mucosa
 Plasmídeo com genes associados à invasão
 Internalização, escape do vacúolo, passagem célula-célula

EAEC – Enteroagregativa

E. coli Extra-intestinal – incluindo uropatogênica


 Amostras de cistite, pielonefrite, prostetite, bacteremia, meningite, peritonite vs amostras isoladas de colonização:
fatores de virulência observados com freqüência significativamente maior em amostras da doença invasiva.
- Adesinas e invasinas: habilidade para aderir e invadir células fora do trato intestinal
- Sideroforos: obter ferro
- Toxinas e proteases: destruição tecidual, estímulo à resposta inflamatória.
 Tratamento
♦ Apenas infecções invasivas: sepse, infecção urinária, EIEC, (EHEC??).
♦ Gram-negativo emergente nos hospitais nos anos 1970 → uso intenso de antimicrobianos → emergência
de cepas que produzem várias beta-lactamases.

E. coli uropatogênica (UPEC)


As infecções do trato urinário estão entre as mais freqüentes em todo mundo
(aproximadamente 150 milhões de casos anuais), sendo a Escherichia coli o
principal agente etiológico.
Diferentes regiões do trato urinário podem ser acometidas, como a uretra, a
bexiga (cistite) e os rins (pielonefrite).
_Contaminação por via ascendente ou por via descendente.
_Diferenças anatômicas normais - ♀ e ♂ .
_Diferenças anatômicas durante a gestação.
_Problemas relacionados a formação do trato urinário.

FATORES DE VIRULÊNCIA EM UPEC


ADESINAS
Adesinas fimbriais
Fímbria tipo I – O seu receptor é a manose,presente em glicoproteinas secretadas pelo epitélio da bexiga.
Fímbria P – O seu receptor é a globobiose (a-DGal (1-4) a D-Gal) que é encontrado ligado a ceramida da membrana
da célula epitelial renal.

TOXINAS
HEMOLISINA – A a-hemolisina é uma citotoxina capaz de formar poros na membrana de diferentes células do
organismo, resultante em morte celular.
Endotoxina (LPS-Ag “O”) – Uma das principais ações desta endotoxina ocorre ao estimular a produção de citocinas
pró-inflamatórias

MECANISMOS DE INVASÃO E EVASÃO


- Fímbria tipo I – Atividade de invasina ?
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- ANTÍGENO K – Ao recobrir a superfície bacteriana por uma cápsula espessa, este confere uma “proteção” contra
atividade fagocítica e impede a ligação de anticorpos.
- PROTEINAS FIXADORAS DE FERRO – Dão aUPEC a capacidade de seqüestrar o ferro complexado às
lactoferrinas e outras proteínas (a baixa concentração de ferro é um limitador para o desenvolvimento bacteriano).

Salmonella
 Infecção intestinal: diarréia, febre, dor abdominal (1 semana)
 Origem: freqüentemente a partir de alimentos de origem animal, água, outro ser humano.
- Ovo – contaminação extrínseca e intrínseca: transmissão trans-ovariana
- Animais de estimação (répteis – tartarugas)
 Surtos: carne defumada, chocolate, contaminação posterior de leite pasteurizado, sorvete, maconha
 Incubação: 6 a 24hs. Após desaparecimento de sintomas, o indivíduo pode permanecer como portador por
mais 3 meses. Pequena proporção de pacientes: Salmonella invade corrente sanguínea → choque séptico, principalmente
indivíduo imunocomprometidos.
 Classificação atual:
- Baseado no sequenciamento de RNAr
- 2 espécies
♦ S. entérica – 6 subespécies e 2501 sorotipos
♦ S. bongori (anteriormente subespécie V)

Nomenclatura
Salmonella entérica supsp. entérica sorovar Typhimurium ou Salmonella Typhimurium

Salmonella Typhi – febre tifóide: infecção da corrente sanguínea, em países em desenvolvimento → febre contínua,
cefaléia, sem diarréia.

Transmissão: contato pessoal ou alimentos ou água contaminados com fezes → dose infectante muito baixa (<103 ufc).

Período de incubação: 1-6 semanas → invasão , multiplicação no fígado e baço, bacteremia intensa, MO excretado
pela bile → volta ao tubo gastrointestinal

Síndrome semelhante:
Salmonella Paratyphi A, Salmonella Paratyphi B e Salmonella Paratyphi C.

Portadores crônicos – colonização da bile.

Manifestações clínicas:
_ Gastroenterite – mais freqüente.
_ Bacteremia ou septicemia.
_ Febre entérica.

Febre tifoide
_ Febre tifoide (e paratifoide) são causadas pela S. Typhi, S. Paratyphi e mais raramente por alguns outros
sorotipos.
_ Curso da doença é bimodal:
_ 1a fase – hemocultura (+) e coprocultura (-) com febre e constipação.
_ 2a fase – hemocultura (-) e coprocultura (+).
_ Ocorre mais freqüentemente em crianças do que em adultos.
_ Febre prolongada (10-14 dias).
_ Dor de cabeça.
_ Desconforto abdominal.
_ Letargia generalizada.
_ Calafrios, tontura e dor muscular são freqüentemente observados antes do início da febre.
_ Cerca de 10% dos pacientes podem evoluir para um quadro mais severo, inclusive com perfuração do
intestino delgado.

_ Período de incubação 1 a 6 semanas.


_ Pode ocasionar bacteremia intensa, com localização do MO no fígado e baço, com (re-)ciclos de excreção
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(via bile) para o trato intestinal.

_ Salmonella está comumente presente no trato intestinal de répteis (tartarugas, iguanas e cobras) e anfíbios
(sapos, rãs e salamandras).
_ A transmissão de Salmonelas por répteis e anfíbios (Pet) é responsáveis por algo em torno de 74.000
casos/ano de
infecção nos EUA.
_ Os alimentos mais freqüentemente implicados na disseminação de Salmonella são os de origem animal,
tais
como ovos, leite e carnes (frangos e bovinos).
_ Estima-se que 0,01% dos ovos de galinha estejam “naturalmente” contaminados por Salmonela,
originários das
ovotecas e de ovodutos em galinhas de criação comercial.
_ Contaminação de origem fecal pode ocorrer também em decorrência de rachaduras, microfissuras ou
aumento da porosidade da casca, contaminado internamente o ovo ou simplesmente permanecendo
externamente a casca.
_ Pode ainda ser fonte de contaminação primária para outros alimentos (base para diferentes produtos
alimentícios como massas, maioneses, sorvetes, etc).

Fatores de virulência
_ Adesinas
_ Fimbria tipo I
_ Fimbria tipo curli (Agf = aggregative fimbrial)
_ Long polar fimbriae (Lpf)
_ Fímbria tipo IV
_ SSPE → (Sintema de secreção de proteinas efetoras) Aparato secretor de transferência de proteínas
efetoras da bactéria para a célula eucariótica hospedeira.
_ ShdA (Shedding) → Proteína de superfície que se liga a fibronectina (atividade de adesina), parece estar
envolvida com a capacidade de manter-se colonizando o ceco por longos períodos, mantendo a excreção da
bactéria para o ambiente mesmo após a fase clínica da doença (estado de portador assintomático).
_ Rck (Resistence to complement killing) → Proteína de membrana externa que interfere na formação de
MAC (Membrane attack complex) fazendo com que a salmonela resista a ação do sistema complemento.
_ LPS → Pode conferir impedimento estérico a ação de defensinas e do sistema complemento, em
decorrência das longas cadeias laterais. Apresenta atividade pirogênica.
_ Antígeno Vi (capsula) → Impede a opsonização mediada por anticorpos, aumentando a resistência da
bactéria a ação do sistema complemento (atua como uma evasina).
_ Flagelina → Estimula a secreção de IL-8

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Condições ambientais afetam a capacidade invasiva das
Salmonelas
_ Nível de O2.
_ Osmolaridade.
_ Estado de crescimento bacteriano.
_ pH.
S. Typhimurium é mais invasiva em condições de baixa concentração de O2 do que em situação de
aerobiose.
S. Typhi em baixa osmolaridade aumenta a produção de antígeno Vi (cápsula polissacarídica), promovendo
a exacerbação do fenótipo aderente e invasor.

Sensibiliade a antimicrobianos
_ Amostras de Salmonela multiresistentes tem sido observadas.
_ Uso indiscriminado e inadequado de antimicrobianos (prescritos ou automedicação).
_ Emprego de antimicrobianos como promotores de crescimento em criações animais.
_ Tratamento – Emprego reservado para casos de complicação sistêmica ou em casos de febre tifóide (fase
aguda e de portador).
_ Primeira opção - Cloranfenicol, SFM+T, ampicilina ou amoxilina.
_ Segunda opção – Cefalosporinas de terceira geração e fluoroquinonas (também já tem se observado
emergência de cepas resistentes).

Peste Bubônica:
 Yersinia pestis (enterobactéria)
 Vias de aquisição:
o Penetração pela pele (penetração da bactéria por microfissuras e soluções de continuidade)
o Respiratória (inalação)
 Hospedeiros naturais: carnívoros e roedores. Podem ser sintomáticos ou não.
 Vetor → pulga
 Ciclo urbano: cães e gatos; ratos e camundongos picados por pulgas do ciclo silvestre passam a ser hospedeiros
urbanos da bactéria.
 Transmissão:
o Pela pulga: penetração na pele
o Homem a homem (respiratória)
o Animal doente – homem (respiratória)
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Shigella
Escherichia e o Shigella.
Aparentemente parecem dois gêneros bem distintos. As E. coli são caracteristicamente mais “ativas”
bioquimicamente, quando comparadas as shigellas, que são mais “inertes”. Entretanto, os dois gêneros estão
estreitamente relacionadas geneticamente. Com base em estudos de hibridação de DNA-DNA, na verdade, não
representam gêneros distintos.
São bacilos imóveis, não fermentadores da lactose muito parecidos com EIEC. A manutenção desta
distinção ocorre além das características filogenéticas, devendo-se principalmente a certas peculiaridades,
tais como patologias causadas (desinteira bacilar), diferentes tipos sorológicos, etc.

_ O gênero é dividido e quatro espécies (que possuem diferentes sorotipos).


_ S. dysenteriae (sorogrupo A- 13 sorotipos)
_ S. flexneri (sorogrupo B – 6 sorotipos)
_ Infecta principalmente o homem e alguns outros primatas, entre eles o chipanzé, e raramente ocorre em
outros animais.
_ S. dysenteriae, S. flexneri e S. boydii são fisiologicamente muito próximas, já a S. sonnei são ornitina
descarboxilase e b-D-galactosidase.
_ S. boydii (sorogrupo C – 18 sorotipos)
_ S. sonnei (sorogrupo D – 1 sorotipo)

Mecanísmo de virulência
_ Invasão → Proteínas associadas a invasão, aparato secretor e regulação estão codificados
em um plasmídio ( pInv) de alto peso molecular (~220kb).
_ Citotoxina - STx
S. dysenteriae tipo I = Bacilo de Shiga → Produz uma toxina (STx), similar a de EHEC, com atividade
citotoxica, enterotóxica e neurotóxica. Esta toxina está codificada no cromossomo bacteriano.
_ Enterotoxina – SheT1 e SheT2 (Shigella enterotoxin)
_ São enterotoxinas que apresentam capacidade de causar acúmulo de liquido, em modelo animal (alça
ligada de coelho), bem como positivo para tecido ileal isolado em câmaras de Ushen.
_ O locus shet1 está presente principalmente em S. flexneri 2a, mas pode ocorrer em outras espécies de
Shigella e de E. coli.
_ A capacidade de produzir shet pode explicar o aparecimento de diarréia aquosa (com características
toxigênicas) precedendo alguns casos de disenteria bacilar.

Patogênese
_ Estudos em voluntários demonstraram que Shigella é altamente infecciosa, bastando uma dose de 101 a
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102 ufc via oral (aparentemente apresenta grande resistência ao suco gástrico).
_ Período de incubação de 12-48 horas
_ Infecção de íleo terminal e especialmente do cólon.
_ Lesão histopatológica - Invasão e destruição da camada epitelial, com formação de infiltrado inflamatório
e úlceras. A região do reto-sigmoide é a mais afetada.

• Fagocitada por macrófagos, posteriormente degradado, e a bactéria, no citoplasma, estimula a liberação de


IL-1, determinando o influxo de polimorfonucleares (PMN).
• Macrófagos sofrem apoptose, bactérias são liberadas para a superfície basolateral dos enterócitos
adjacentes do colon, podendo infectar as células colunares - endocitose baolateral.
• PMN através do epitélio pode causar o rompimento das “tight junctions” - possibilidade da bactéria
transmigrar do lúmem para o espaço sub-epitelial.
• Mobilizar uma série de proteínas do citoesqueleto celular - principalmente actina - movimento para infectar
células laterais.

Doença
_ Formas de infecção por Shigella:
_ assintomática ou subclínica (até 50% dos casos);
_ episódios de diarréia aquosa;
_ disenteria bacilar - formas severas e tóxicas.
_ Estas variações podem ocorrer na dependência de:
_ Natureza e tamanho do inoculo.
_ Estado imune do hospedeiro.
_ Arsenal genético da bactéria.

_ A disenteria bacilar causada por S. dysenteriae é caracterizada por uma diarréia aquosa, febre, cólicas
abdominais e tenesmo, com emissão de fezes mucopurulentas e sanguinolentas.
_ Outras manifestações clínicas também podem estar associadas: anorexia, náuseas, vômito, cefaléia,
calafrios, convulsões (associado ao quadro febril).
_ Encefalopatia, letargia, alucinações, confusão mental podem ocorrer e estão associados a produção de STx
que é uma toxina com atividade neurotóxica (além de citotóxica e enterotóxica).
_ Síndrome Hemolítica Urêmica pode ocorrer como uma das complicações extraintestinais provocados pela
STx.

Epidemiologia
_ Reservatório: Homem e outros primatas.
_ Principais espécies no Brasil são:
_ S. flexneri e S. sonnei.
_ Transmissão:
_ Pessoa-pessoa (contaminação fecal – creches, hospitais psiquiátricos)
_ Prática sexual – Contaminação oral, pós prática de sexo anal.
_ Moscas (contaminação de alimentos)
_ Alimentos mal cozidos e água contaminados.

Tratamento
_ Formas leves de cura espontânea.
_ Ampicilina (antimicrobiano de primeira escolha), seguido de SMT+T (tem aumentado a frequência de
cepas resistentes a Amp ou SMT+T)
_ Qinolonas, Ciprofloxacina e Norfloxacina tem sido indicados para cepas resistentes as drogas de primeira
escolha (não devendo ser utilizados para menores de 17 anos e gestantes – dano a tecido cartilaginoso)
recomendando-se Ceftriaxona e Cefotaxima.

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Aula Prática
Bacterioscopia: é o primeiro passo do diagnóstico na microbiologia médica. É realizada diretamente de um espécime
clínico. Pode ser a fresco ou com coloração (ex: gram). Aplicações:
♦ investigação de quadros de sepse (colher sangue e fazer hemocultura). Fazer coloração Gram.
♦ Diagnóstico de tuberculose; corar escarro com Ziehl-Nielsen e tratar com álcool-ácido BAAR
Coloração Fontana-Tribondeau. É uma impregnação de grânulos de prata. Para espitoquetas ou espirilo.

BACILOS GRAM-NEGATIVOS NÃO FERMENTATIVOS

Nesse grupo estão incluídos os bacilos gram-negativos que utilizam a glicose na via oxidativa, mas não fermentam a
mesma, e os que não utilizam a glicose nunca.
 Assacarolíticos – não utilizam a glicose como fonte de carbono
 Sacarolíticos – utilizam a glicose como fonte de carbono, seja por via aeróbia seja por via anaeróbia.

A identificação dos organismos é feita por coloração de gram e pelo teste de citocromo oxidase.
 Coloração de gram – são gram-negativos
 Citocromo oxidase – são oxidase positivos
Obs: o teste da citocromo oxidase serve para diferenciar os BGNNF das enterobactérias, que são oxidase negativo.

A forma mais usada de teste é o meio Hugh-Leifson, um meio com elevada concentração de glicose, em que se mede a
utilização desse açúcar na via oxidativa.
À medida que a bactéria vai consumindo a glicose do meio, ela vai produzindo ácidos, que são detectados pela
viragem de pH.

 Medidas de crescimento
2 tubos: um com óleo e outro sem óleo.

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 Resultado +: coloração do tubo muda de verde para amarela.
 Resultado -: tubo permanece verde.

Crescimento sem Crescimento com


óleo óleo
Fermentati + +
vo
Oxidativo + -
Assacarolí - -
tico
O óleo é usado para isolar o microorganismo do contato com o O2.

 BGNNF x Enterobactérias
BGNNF Enterobactérias
Oxidase positivo Oxidase negativo
Não reage no meio Hugh- Reage no meio Hugh-
Leifson Leifson

 Características epidemiológicas
- Microorganismos do ambiente
- Raramente encontrados na flora normal
- Produzem poucos fatores de virulência (com exceções) – são oportunistas
- Resposta insatisfatória aos desinfetantes (são resistentes)
- Agentes de infecções hospitalares
- Menos de 20% dos microorganismos isolados em rotina diagnóstica

 Características fisiológicas
- Aeróbios
- Não esporulados
- Não acidificam os meios usuais de identificação DAU, KTA, TSI
- Assacarolíticos ou utilizam carboidratos por vias oxidativas
- Versatilidade nutricional
 Identificação laboratorial
- É difícil, pois o isolamento é raro
- Os microorganismos exigem meios específicos, com prazos de validade restritos, de modo que os meios de
identificação são raros.

 Pseudomonas aeruginosa
- É o patógeno mais importante do gênero
- Tem elevada morbidade e mortalidade (bacteremias e pseudomonias)
- Tem grande gama de infecções, desde infecções simples até complexas
- Ausência de especificidade tecidual
- Resistência aos antimicrobianos
- Espectro de doenças varia de infecções de pele a sepses fulminantes

 Infecções comunitárias:
* endocardite pelo uso de drogas injetáveis ilícitas (elevada bacteremia  sepses e endocardites)
* foliculites e otite externa (piscinas)
* infecções dos olhos (lentes de contato)
* osteomielite do calcâneo
* infecções respiratórias em portadores de fibrose cística (70 – 80% têm a mucosa respiratória cronicamente
colonizada) – infecções recorrentes
* pneumonia em indivíduos de meia idade, fumantes ou com história de fumo

- São mais comuns no ambiente.


- A presença dessa bactéria na microbiota normal é rara, mas pode ocorrer no TGI, superfícies úmidas do corpo (axila,
períneo) e sítios úmidos do corpo (garganta).
- É um patógeno bastante virulento (exceção), mas não deixa de ser oportunista.
- No ambiente hospitalar está presente em várias soluções aquosas como desinfetantes e soros.

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 Fatores de virulência
* Alginato: é um mucopolissacarídeo, sendo importante para a aderência de cepas mucóides à mucina respiratória.
Além disso, é importante na defesa, pois inibe a ligação de anticorpos e a fagocitose e na formação de biofilmes, que
confere resistência a antimicrobianos.
* Exotoxinas: efeitos locais e sistêmicos, como necrose de tecidos.
* Proteases extracelulares (ex: elastase e protease alcalina): aderência, necrose de tecidos pela degradação de
elastina, laminina e colágeno, inativação do sistema complemento e inativação de Igs.
* LPS: efeitos de endotoxina
* Pili: aderência de cepas não mucóides.

 Infecções hospitalares
* Pneumonia: em pacientes fazendo uso de respiradores artificiais (entubados ou traqueotomizados)
Susceptibilidade - aparelho + condições imunológicas do paciente + fatores do patógeno
Eventos – colonização  primeiro episódio  recaídas  reinfecções
* Infecções do trato urinário: pacientes com cateteres, sondas e exames urológicos.
* Infecções da corrente sangüínea (bacteremia): pacientes com doenças cardio-pulmonares, doenças neoplásicas
hematológicas, queimadura, falência renal, diabetes, pneumonia.

 Reservatórios
* Nosocomiais: soluções aquosas, desinfetantes, pomadas, sabonetes, equipamentos de terapia respiratória e de diálise,
pias, chuveiros, anti-sépticos...
* Extra-nosocomiais: vegetais crus, flores no quarto, frutas, piscinas, tubulações de aquecimento, colírios, cosméticos,
etc.
Obs: nosocomial: restrito a um ambiente – ex: asilos, hospitais.

 Fatores de risco para colonização


* Entubação traqueal
* Traqueotomia
* Terapia com antimicrobiano de amplo espectro
* Hospitalização prévia
* Idade acima de 65 anos
* Cirurgia gastrintestinal

 Outras espécies de pseudomonas


- Raramente causam infecções
- São pouco virulentas
- Podem causar infecções iatrogênicas (associadas com a administração de soluções contaminadas, medicamentos e
cateteres).

 Diagnóstico laboratorial
- Pseudomonas é facilmente identificada em laboratório (exceção)
- Cresce na maioria dos meios
- Coleta do espécime clínico (vários espécimes): sangue e fezes.
- Testes bioquímicos para diferenciar P. aeruginosa dos outros dois tipos mais comuns de Pseudomonas:
P.aeruginosa P.fluorescens P. pulida
Piocianina + - -
Crescimento 42°C + - -
Gelatinase variável + -
Obs: Piocianina = pigmento / Gelatinase = degrada gel.

Outros gêneros além do Pseudomonas.

 Burkholderia
- Existem mais de 20 espécies
- Presente no solo e na água
- É nosocomial
- Presente em alimentos contaminados, medicamentos, equipamentos.
- Morbimortalidade baixa em relação a Pseudomonas
- Pode causar bacteremia em pacientes com cateteres inseridos, com infecção de trato urinário, artrite séptica e
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peritonite.
- Tem baixa virulência em pacientes não portadores de fibrose cística.

 Ralstonia
- São patógenos respiratórios.
- Evolvido em surtos de infecção de corrente circulatória – ocorrem por administração de produtos endovenosos
contaminados.
- Causa infecções respiratórias em pacientes com fibrose cística.

 Stenotrophomonas
- Engloba 2 espécies: Maltophilia e Africana.
 S. africana: presentes em fluido espinhal de pacientes HIV +
 S. maltophilia: patógeno nosocomial, causando bacteremia, meningite, infecção do trato urinário.
- Importante na fibrose cística.

 Provas bioquímicas
Microorgani Mobilid Oxi Argi Li 4 Po
smo ade dase nina sina 2°C li B
P. Móve + + - S
aeruginosa l +
B. cepacia Móve + - + R
l -
S. Móve - - + S
maltophilia l -
R. piskettii Móve + - - R
l -
Obs: S: sensível / R: resistente.
3 últimos gêneros: crescimento lento e em temperatura ambiente.

 Acinetobacter
- É o segundo BGNNF mais comum
- Diferente da P. aeruginosa, que só cresce em ambientes úmidos, a Acinetobacter cresce tanto em ambientes úmidos
quantos em secos.
 Reclassificação das espécies
* Estudos de hibridização DNA-DNA resultaram na descrição de homologia no DNA: genomoespécies (DNAs com
homologia, mas com fenótipos diferentes)
* Uma dessas gemoespécies inclui o gênero Acinetobater.
- Tem crescimento em temperatura ambiente
- Tem forma cocobacilar na fase estacionária e em meios seletivos.
Obs: Na cultura de sangue podem parecer cocos gram-positivos, mas são bacilos gram-negativos. Isso ocorre por
defeito na descoloração.
- São aeróbios estritos
- Imóveis e oxidase negativos (diferente dos outros gêneros)

 Epidemiologia
* São encontrados no solo, água e alimentos.
* Cresce em ambientes úmidos e secos.
* São oportunistas
* Comensais na pele de humanos e animais e orofaringe
* Fatores de risco: hospitalização, cirurgia, antibioticoterapia.
* Espécimes clínicos: urina, escarro, fezes, secreção vaginal e secreção de feridas.

 Patogenicidade
* Número limitado de fatores de virulência: polissacarídeos de cápsula (slime: citotoxidade contra neutrófilos –
aderência em superfícies inertes), fimbrias, lipídeo A do LPS, aerobactina (sideróforo – captação de ferro).
* Causam mais comumente pneumonias, infecções de trato urinário, infecções de feridas (que pode progredir para
septicemia)

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* Causam, raramente, peritonite, endocardite, meningite e artrite.

 Tratamento
 P. aeruginosa
* Grupo A: ceftazidina, gentamicina e amicacina, tircacilina, piperacilinas.
* Grupo B: azetionam, cefepina, ciprofloxacinas, imipenem, tobramicina.
* Grupo C: netilmicina
- Os antibióticos do grupo A são todos testados e informados aos médicos, os do grupo B são testados, mas não são
informados e os do grupo C são usados apenas em casos de emergência, surtos com bactérias resistentes.
- Primeiro usa-se os do grupo A, se todas as bactérias forem resistentes recorre-se aos do Grupo B.
- O mesmo processo existe para Acinetobacter, Burkholderia e Stenotrophomonas.
- Essa padronização só existe para essas espécies/gêneros de BGNNF.

ESPIROQUETAS

- Ordem: Spirochaetales
- Conformação → helicóide
- Móveis → flagelos
Patógenos: gêneros Treponema, Leptospira, Borrelia (saprófitas humanos).

1. TREPONEMA
- Infecção apenas em humanos
- Não são cultivados in vitro.
♦ T. pallidum subespécie pallidum – sífilis (é o mais importante)
♦ T. pallidum subespécie perteneu – bouba (yaws)
♦ T. pallidum subespécie endemicum – bejel
♦ T. carateum – pinta
OBS : Os 3 últimos são encontrados apenas em comunidades muito subdesenvolvidas na África. Para a prova, só o
primeiro importa.

T. pallidum – sífilis ou lues → DST


 Abordagem do paciente : dados sobre contatos sexuais, métodos contraceptivos, uso recente de antimicrobianos.
A presença de uma DST é fator de risco para outra (solicitar exames apropriados).
Notificação compulsória à Secretaria de Saúde.

 Epidemiologia:
Doença universal. Ressurge na década de 60 (↑ freqüência): uso indiscriminado de antibióticos e uso da pílula
(latência – casos assintomáticos).
Aumento da freqüência também observado durante a epidemia de HIV (imunossupressão). Aparecimento de formas
clínicas atípicas, com evolução mais grave e mais aguda.

 Contato: sexual (coito, beijo), raramente por transfusão sangüínea (há triagem por sorologia).

Via de entrada: membrana da mucosa ou lesão cutânea (infecção em 50% dos casos após contato sexual com parceiro
infectado)

Colonização Local: invasão de vias linfáticas e sangüíneas → infecção sistêmica (incubação média de 3 semanas 3-
90dias / após 3 meses já tem Ac)

 CLASSIFICAÇÃO:
• S1) Sífilis Primária: 2 dias de incubação
Após a entrada do treponema no organismo surgem as primeiras manifestações:
- cancro duro: (úlcera no local da penetração do treponema).
Locais → pênis, colo do útero. É uma lesão única.
- poliadenopatia regional
Vai haver involução com ou sem tratamento.

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• S2) Sífilis Secundária: 2 a 3 meses depois da S1. Pode ser em várias crises.
É semelhante a um quadro viral: febre, mialgia, manifestações cutâneas (maculo-papulares) que involuem
espontaneamente. Cuidado: podem ser “imitadoras de outras doenças”!!!!
Fase infectante: secreções de mucosas (sexual principalmente) em paciente assintomático, lesões de pele.
OBS: contaminação pelo beijo → é preciso que hajam pequenas lesões na mucosa oral para se contaminar, porque na
prática isso não acontece com freqüência.
Recente Recidivante (SRR): lesões pouco numerosas, infectantes, porém ainda não destrutivas.

• S3) Sífilis Terciária: mais de 2 anos de doença


Lesões localizadas não-infectantes (lesões gomosas), porém destrutivas.
Ocorre em pacientes não tratados.
Achados comuns: sífilis cardiovascular e lesões no SNC irreversíveis (neurosífilis).

► Imunidade Celular
o 1/3 se cura em S1
o 1/3 se cura em S2
o 1/3 evolui e chega em S3

► Mecanismo humoral → métodos de diagnóstico, sem relação com a imunidade.

Clínica
 Primária: cancro duro único, indolor, ulcerado, bordos ulcerados, fundo limpo, lesão altamente contagiosa.
Localização: no homem → sulco bálanoprepucial e glande, na mulher → colo uterino

 Secundária: erupção cutânea generalizada acometendo palmas e plantas, sintomas gerais:


micropoliadenopatias, febre, emagrecimento, meningite.

 Maligna Precoce: AIDS → lesões ulceradas profundas

 Terciária (Sífilis Tardia – ST):


o lesões tegumentares: gomas;
o complicações cardiovasculares: aortite (enfraquecimento da parede da aorta que pode gerar
aneurisma);
o neurosífilis: paresia geral, tabes dorsalis, atrofia do nervo óptico, meningite.

 Sífilis Congênita
4º mês de gestação → Passagem do T.pallidum da mãe para o feto (TRANSMISSÃO TRANSPLACENTÁRIA)
conseqüências:
♦ Natimorto
♦ Parto prematuro
Ao nascer a criança apresenta manifestações clínicas de estágios iniciais da doença, geralmente na forma congênita
precoce (apresenta também icterícia, má formação).

Diagnóstico
 Pesquisa direta do T. pallidum – é mais usado nas fases iniciais da sífilis.
Lesões muco-cutâneas (S1 e S2), matérias de biópsia, placenta
♦ Microscopia de campo escuro: microorganismo vivo, mobilidade mantida (é muito fino para se
fazer a coloração Gram, e dependendo do movimento pode-se diferenciar de outras espiroquetas da flora)
♦ Imunofluorescência direta (DFA-TP): microorganismo fixado em lâmina + Ac
♦ Impregnação pela prata → inespecífico (não diferencia das demais espiroquetas da flora, mas pode
ser usado para a placenta – espécime estéril).

 Reações Sorológicas – determinação de Ac (ROTINA)


OBS: Só identificam a infecção, não a imunidade.
o Testes treponêmicos
 FTA-ABS
 Colhe o soro do indivíduo
 Anticorpo contra treponema com fluorescência
 Alta especificidade ( não tem falso +)
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 Não é quantitativo
o Testes não treponêmicos
 Mais antigos
 Dosa Ac contra cardiolipina (VDRL) liberada pelas céls do hospedeiro durante a infecção.
 Risco de falsos positivos (mononucleose/LES/outras doenças auto-imunes)
 É um teste quantitativo.

Tratamento
 1ª Escolha: penicilina benzatina (que tem liberação gradual) ou penicilina cristalina (penetra no SNC).
 2ª Escolha: tetraciclina, eritromicina (em casos de alergia).

Prevenção
 Diagnosticar infectados e tratar
 Busca dos contactantes
 Uso de preservativos

2. LEPTOSPIRA
• Família Leptospiracea
As bactérias têm forma de gancho, tendo uma propulsão por rotação em líquidos; não são encontradas em ambientes
secos, mas muito encontradas em ambientes úmidos.
São aeróbios obrigatórios; tem ácidos graxos e álcoois como fonte de carbono e energia; calor, detergentes,
desinfetantes, pH ácido e altas concentrações de sal.
Duas espécies:
• L. biflexa (não são patogênicas para os humanos; são saprófitas)
• L. interrogans (patogênica para mamíferos, anfíbios e répteis)
Há uma maior diversidade genética dentre as duas espécies, com vários sorogrupos e sorovariantes, o que dificulta a
taxonomia.
Na espécie L. interrogans há um sorovariante muito importante: ICTEROHAEMORRHAGIAE, o qual se associa aos
casos mais graves. Reservatório deste sorovariante → rato.
Leptospira pode infectar o homem, animais domésticos e roedores, de modo que os dois últimos geralmente são
portadores assintomáticos, eliminando a bactéria na urina por anos. Já o homem nunca é reservatório, liberando a bactéria
na urina por pouco tempo. A bactéria sobrevive por meses na lama, água, rios ou solo úmido (áreas tropicais ou
subtropicais), e é aí que o homem pode se contaminar.

 Transmissão
a. Entre animais (por feridas)
b. De animal para o homem (hospedeiro acidental final)
c. Entre homens

Transmissão direta Transmissão Indireta


exposição à urina ou tecidos de animais infectados contato com água contaminada (+ comum)

 Grupos de Risco
• Contato ocupacional: fazendeiros, veterinários, trabalhadores de abatedouro, de canalização de esgoto.
• Contato em atividades recreativas: canoagem, natação
• Doença emergente em países desenvolvidos

 Patogenia
A bactéria penetra na pele com pequenas escoriações e mucosa íntegra, de modo que a bactéria tem hialuronidases,
que executam a penetração.
Há uma inicial SEPTICEMIA, uma bacteremia que vai se espalhando por vários órgãos, causando febre, mialgia
intensa e dor de cabeça; tais sintomas sendo facilmente confundidos com a dengue (e outras viroses). A maioria das
pessoas é assintomática, mas nas formas mais graves pode ser letal.
Depois da fase inicial SEPTICÊMICA, causada pela multiplicação da bacteriana, pode haver a segunda fase
IMUNOGÊNICA, caracterizada pela capilarite difusa, onde a leptospira não é detectada no sangue e no líquor (petéquias
pelo corpo), e pela deposição de complexos imunes (lesões locais), com o paciente avermelhado e desidratado.
− Intensa localização nos túbulos renais (proteção imunológica): aumenta a eliminação pela urina.
− Meningite asséptica: confundida com meningite viral

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Em decorrência da segunda fase pode ocorrer hemorragia pulmonar (hemoptise), que é a maior causa de morte, e
também uma insuficiência renal.

LEPTOSPIROSE ICTEROHEMORRÁGICA (síndrome de Weil)


O paciente tem tendência à hemorragia, e a bactéria ainda prejudica o escoamento da bile pelos hepatócitos, o que
aumenta a bilirrubina no sangue. Nesse caso, diz-se que o paciente tem uma icterícia rubínica (já que há mistura de
bilirrubina com o sangue dos vasos dilatados).
Relacionada à quantidade e virulência dos microorganismos e à defesa do hospedeiro. Alguns sorovariantes são mais
virulentos.

Leptospirose anictérica (90%)

• Isolamento
o 1º dia – sangue
o 5º dia – líquor
o 7º dia – urina

• Diagnóstico
o Cultura em meios ricos pelo sangue (até o 5º dia da doença)
o Cultura pelo líquor (5º - 7º dia)
o Cultura pela urina (7º - 2 semanas)

• Sorologia
o Aglutinação Macroscópica
 Não permite identificar o sorovariante nas pesquisas epidemiológicas
 Detecta Acs específicos para o gênero (triagem): leptospiras inativadas por formol
 Vantagens: resultado imediato; fácil execução; não usa microscópio; apresenta resultado + antes
da microaglutinação (mas após algum tempo de infecção é falso -)
o MAT (Microscopic Aglutination Test)
 Considerado diagnóstico padrão pela OMS (soroconversão)
 Vantagens: sorovar específico e sensível (ajuda na investigação epidemiológica)
 Desvantagens: técnica trabalhosa, execução demorada, difícil padronização, risco de infecção
acidental (leptospira viva)
Deve-se fazer sorologia pareada para comprovar o resultado do MAT. No início pode haver resultado positivo para
vários sorovares (fase aguda).

o ELISA (sensível e específica, rápida. Detecta IgM com eficiência)


o PCR (em estudo)

• Tratamento
o Uso de penicilina G até o 5º dia.
o Na 2ª fase deve-se fazer reidratação.
o Dioxiclina (profilaxia)

• Prevenção
o Controle dos ratos (vetores)
o Saneamento
o Ingestão de água filtrada, fervida ou clorada
o Limpeza e canalização de córregos
o Vestimentas adequadas e higiene para pessoas em risco de contato ocupacional
o Dioxiclina profilática para esportistas de áreas endêmicas, contato ocupacional, moradores de áreas
endêmicas após enchentes
o Desinfecção de locais que sofreram inundações
o Vacinação de animais (reduz o tempo e a quantidade de leptospiúria)
o Não há vacina para humanos no Brasil

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BACTÉRIAS ANAERÓBICAS

 Fonte de energia: via fermentativa na qual os aceptores finais de elétrons são compostos orgânicos (ácidos
orgânicos, álcoois).

 Anaeróbios obrigatórios
o Estritos → incapazes de crescer em superfície de agar exposta a níveis de O2 > 0.5% (oxigênio
atmosférico altamente tóxico).
o Moderados → crescem se expostos a níveis de O2 2-8%. Ex: Bacterióides fragilis, Clostridium
perfringens (a maioria isoladas de espécimes clínicos)

 Anaeróbios aerotolerantes – crescimento mínimo em as ambiente ou estufa contendo mistura de 5-10% de CO2,
crescimento ótimo em anaerobiose.

 Anaeróbios facultativos → Ex: E. coli, S. aureus.


Crescem bem em aerobiose ou anaerobiose.

Bacteriódes e Clostrídios

Anaeróbios
♦ Habitat: disseminadas no solo, oceanos, alimentos, animais
♦ Seres humanos: cavidade oral (sulco entre dentes e gengiva), TGI, orifícios do TGU, pele (folículos pilosos).

Infecções Endógenas
 Abscessos e lesões necrotizantes – polimicrobianas, podendo incluir aeróbios estritos e anaeróbios facultativos –
atuação conjunta com trauma, estase, necrose que diminuem a tensão de oxigênio e o potencial de oxi-redução.

 Tipos de infecção endógena:


o Pneumonia de aspiração
o Bacteremia
o Abscessos cerebral
o Infecção dentária
o Sinusite crônica
o Empiema torácico
o Sepsis de origem intra-abdominal ou pélvica
o Osteomielite

 Infecções Exógenas
o Diarréia hospitalar por C. perfringens
o Gangrena gasosa
o Tétano

Grupo Bacteriódes fragilis


- bacilos gram negativos imóveis, muitas cepas são encapsuladas (proteção contra fagocitose → facilita a
disseminação)
- resistentes à penicilina (os outros anaeróbios são susceptíveis)
- parte da microbiota intestinal (1%), mas não da microbiota oral
- se destacam pela facilidade de fazer bacteremias
- anaeróbios mais freqüentemente isolados de espécimes clínicos – abscessos e bacteremias associados ao trato
gastrointestinal e genital

Tratamento: drenagem cirúrgica e antimicrobianos (metronidazol, carbapenemas, clorafenicol, β-lactâmicos


combinados com inibidores de β-lactamases, clindamicina?)

- Infecção clássica: aborto séptico


- causa emergente de doença diarréica (enterotoxina)

Gênero Clostridium
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- bacilos gram positivos formadores de esporos
- gênero heterogêneo – várias mudanças na taxonomia
1. C. perfringens
2. C. difficile
3. C. botulinum
4. C. tetani

1) Clostridium perfringens
 Pertence à microbiota normal do TGI e microbiota transitória da pele.

Processos patológicos importantes:


o Gangrena gasosa: mionecrose → invasão rápida e necrose muscular com formação de gás e sinais
clínicos de toxemia.
o Intoxicação alimentar: ingestão de carne contaminada → 7-15h dor abdominal, diarréia. Doença
moderada, auto-limitada. Exotoxina produzida quando ocorre esporulação no intestino delgado (após o estímulo do pH
ácido gástrico). É a terceira causa, depois de Salmonella e S. aureus.
Diagnóstico na investigação de surtos: cultura quantitativa para C. perfringens do alimento suspeito (105
microorganismos) + contagem de esporos nas fezes (106g de fezes).
Outros processos patológicos: colecistite gangrenosa, sepsis após aborto, infecção pleuropulmonar.

2) C. difficile
 Patogenicidade descoberta na década de 70 – diarréia associada a antibióticos (branda) e colite pseudomembranosa
(grave)

Fatores envolvidos:
o Toxina A (D-1): enterotoxina, produz acúmulo de líquido no modelo da alça intestinal ligada (secreção
de líquido para a luz intestinal)
o Toxina B (D-2): citotoxina, produz efeito citopático em cultura de células
o “fator que altera a motilidade intestinal”

- Pode fazer parte eventualmente da nossa microbiota, mas não normalmente.


- Resistência natural aos antibióticos → seleção no uso de antibióticos.

OBS: quando o doente não responde ao tratamento → colectomia


Colite pseudomembranosa → ulceração + aspecto acinzentado

Tratamento
 Vancomicina
 Metronidazol

3) C. botulinum
Botulismo → toxina botulinica (são produzidas 7 toxinas – A a G)

Ação da toxina: ligação às vesículas sinápticas colinérgicas de nervos, impedindo a liberação de neurotransmissores e
gerando paralisia flácida aguda.

Se inicia nos nervos cranianos, com paralisia dos músculos da face, cabeça e garganta, seguindo para os músculos
torácicos e diafragma e extremidades.
O indivíduo morre por insuficiência respiratória.

Formas:
 Intoxicação alimentar: ocorre em adultos (ingestão da toxina pré-formada)
Processamento doméstico de alimentos (tomate, feijão, milho, espinafre, peixes em conserva)
 Ferimentos (mais raro): produção da toxina in vivo após a infecção de ferida cutânea.
 Infantil (forma mais comum): multiplicação in vivo e produção da toxina no intestino.
A criança ingere esporos (e não a toxina pré-fromada) do solo, poeira no domicilio, mel. No intestino, C. botulinum se
multiplica e elabora a toxina.
Clínica: constipação, dificuldade de mamar, hipotonia, fraqueza muscular, insuficiência respiratória
 Indeterminada: (>12meses de idade, sem identificação de fonte alimentar ou ferida cutânea)

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Diagnóstico: Demonstração da produção da toxina no soro, fezes e conteúdo gástrico.

Tratamento: Soro anti-toxina

4) C. tetani
- Esporos distribuídos na natureza
- Colonização eventual em humanos
- A bactéria na forma vegetativa produz a toxina tetânica (tetanospamina).
Contaminação de um ferimento (pode ser mínimo) por esporos de C. tetani e formação da célula vegetativa e produção
da toxina → absorção → efeitos sistêmicos
- Tétano neonatal → contaminação fecal do cordão umbilical

Patogenia:
 Toxina bloqueia a modulação do impulso motor (bloqueia os impulsos inibidores do neurônio motor).
 A tetanospasmina se liga às terminações dos nervos motores periféricos, percorre o nervo em direção ao
SNC, onde se liga a gangliosídios bloqueando os impulsos inibitórios do neurônio motor (ácido γ-aminobutírico) →
espasmos
 Clínica: contrações espásticas dos músculos voluntários e hiperrreflexia, trismo (dificuldade de abrir a boca),
contração de músculos do dorso, extrema irritabilidade, espasmos tetânicos.
 Momentos de agravamento = espasmos musculares

Diagnóstico: clínico

Tratamento: STA, penicilina

Vacina: toxóide tetânico (DTP, dT, T) → fator imunogênico inativado por formol

OBS: o indivíduo que teve tétano não é imunizado contra ele, tem que se vacinar!

HELICOBACTER PYLORI

Importância histórica do microrganismo


Agente etiológico de úlcera gástrica ou duodenal e Adenocarcinoma gástrico

Distribuição na população
Países em desenvolvimento:
- Colonização precoce e alta incidência.
- Taxa de câncer elevada.
Países desenvolvidos:
- Colonização tardia e incidência mais baixa.
- Taxa de úlcera elevada.

Uma doença infecciosa? Como assim?


- Úlcera gástrica: causada por estresse e tratada com anti-ácidos e dieta rigorosa.
- O tratamento não previa a recorrência.

Problemas na aceitação desta nova informação


O patógeno não respeitava os Postulados de Koch:
1. O patógeno deve ser detectável em hospedeiros infectados em todos os estágios da doença. Não deve ser encontrado em
sadios.
2. Deve ser isolado do doente e cultivado em cultura pura.
3. Quando susceptíveis, animais saudáveis que forem infectados com o patógeno em cultura pura devem desenvolver os
sintomas específicos.

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4. O Patógeno deve ser reisolado do animal infectado e este corresponder ao inoculado em cultura pura.
 Pessoas colonizadas pela bactéria não tinham a doença.
 Falta de um modelo animal
 Modelo humano? Como tratar depois? Quem seria o louco?

Características do microorganismo
 Gênero: 19 espécies.
 Bacilos espirais ou curvos.
 Bem fino e comprido.
 Gram-negativos.
 Não esporulados.
 Aspecto asa de gaivota (2 bactérias juntas).
 Móveis com flagelos e bainha (protege o flagelo das proteases do estômago).
 Apenas H. pullorum e H. rodentium não possuem bainha.

Metabolismo
 Respiratório obrigatório.
 Microaerófilo.
 Fastidioso.
 Fontes de carbono: glicose, aminoácidos, ácidos orgânicos.
 Produzem a maioria dos aminoácidos e vitaminas necessárias.
 pH intracelular: 7,0-7,3.

Reservatórios
 Entérico: TGI baixo, intestino delgado, cólon, reto, trato hepatobiliar de mamíferos e pássaros.
 Outros: ramster, cães. Existe a transmissão de animais para humanos em algumas espécies.

Fatores de agressão
 Alta eficiência na motilidade (na forma de saca-rolha devido à presença de muco no estômago).
 Forma curva.
 Mucinase.
 Bainha do flagelo.
 Produção da enzima urease.
 Citotoxinas.
 Adesinas (aderência ao epitélio).
 LPS.

Infecção: Acredita-se ser por meio de parentes ou de água e alimentos contaminados.

Colonização
 Fuga do suco gástrico e proteção sob a mucina.
⇒ Motilidade.
⇒ Flagelo com bainha.
⇒ Produção de urease = converte uréia presente no estômago em bicarbonato de amônio, que fica no entorno do
microorganismo. Sua falta: incapacidade de colonização.

Mut URE - não colonizam


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Inibidores de urease fazem o mesmo efeito
⇒ Microorganismos atraem células inflamatórias, gerando a ulcera gástrica.

Urease
 Localização da urease: intracelular.
 Importação da uréia ou efeito pela lise da bactéria.
 Tem ação inflamatória na mucosa gástrica.
 Determinam a produção de anticorpos anti-urease.

Persistência na camada de mucina


 Eficiência da motilidade.
 Em pacientes infectados a bactéria fica sobretudo na camada de mucina, e não intimamente aderida.
 A bactéria produz adesinas, que se ligam a açúcares sulfatados da mucina.

Resposta inflamatória
 Infiltração de PMNs e linfócitos T e B na submucosa.
 Ferramentas:
 Citotoxina Vacuolante (VacA).
 Citotoxina Associada ao gene A (CagA).
 Proteína ativadora de neutrófilos (NAP) = Injetada nas células hospedeiras causa desregulação do crescimento celular.
 Produz adesinas que aderem a células epiteliais (Bab A).
 Estas intimamente aderidas são responsáveis pela resposta inflamatória na úlcera.
 BAb A é encontrada em apenas algumas estirpes.
 Acredita-se que a inflamação favoreça a bactéria.
 Destrói células que liberam nutrientes.
 A dieta do hospedeiro também pode ajudar.

LPS e camuflagem
 Baixa toxicidade e efeito pirogênico.
 Contém moléculas de carboidratos idênticas às encontradas na superfície do epitélio gástrico (Ag Lewis x e y).
 Havendo resposta imune, os Acs podem atuar contra o epitélio do hospedeiro.
 Pacientes infectados têm Acs que reagem com Ags do tecido da mucosa gástrica.

Diagnóstico
♦ Baseado na detecção da urease e seus produtos = Teste da Urease pré-formada.
♦ Teste respiratório = Uréia marcada com 13C, 14C.
♦ Detecção do microrganismo:
♦ Cultura (padrão ouro).
Importância: - CO2 (5-10%)
- O2 (5-10%)
- Nitrogênio (90-80%)
- 37º C
- Elevada umidade
- 5-7 dias
- Meios ricos com sangue ou soro (BHI, Brucella, Colúmbia, Skirrow)
♦ Detecção de anticorpos anti-H.pylori.
♦ Detecção de anticorpos anti-urease.
♦ Amplificação do DNA (PCR).

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Tratamento
 Principais antimicrobianos: Metronidazol, (nitroimidazol), Claritromicina (macrolídeo).
 Inclui também um antiácido: inibidor da bomba de próton ou antagonista de H2 (omeprazol).
 Diferentes esquemas de tratamento.

Desenvolvimento de vacinas
 Preventiva e terapêutica.
 Bons resultados em modelo animal.
 Problemas com o uso em humanos:
 Precisa de várias doses; Proteção incompleta.
 Rota de imunização: oral, retal, intranasal.
 Diversidade genética do microrganismo.
 Reação cruzada com estruturas do corpo.

Que fatores causam a evolução da úlcera para o câncer?


 H. pylori: um microrganismo “diferente”.
 Flagelo e LPS incomuns.

CAMPYLOBACTER
Características
♦ Bacilos Gram-negativos curvos em forma de “S”.
♦ Filtráveis em membrana de 0,65µm.
♦ Oxidase-positivos.
♦ Não esporulados.
♦ Microaerófilos capnofílicos (10% de CO2).
♦ Móveis por flagelo polar.
♦ Não fermentador.
♦ Não cresce em aerobiose.
♦ Normalmente 5 espécies estão associadas a isolamento de material clínico:
- C. sputorum, biovar sputorum – microbiota normal de humanos.
- C. fetus, ssp. fetus
- C. fetus, ssp. venerealis
- C. jejuni
- C. coli
C. coli e C. jejuni são clinicamente indistinguíveis.

Significado clínico
♦ Campylobacter jejuni: Infecções gastrointestinais com maior incidência em infantes e jovens adultos (20-40 anos).
♦ Leite e água são mais associados.
♦ Surtos no outono e primavera.

Distribuição do microorganismo
♦ Em países em desenvolvimento.
♦ Muitos portadores sintomáticos e assintomáticos.
♦ Sintomáticos: principalmente na infância, a taxa diminui com a idade.
♦ Viajantes para estes países: 0-39%.

Fatores de virulência
 Enterotoxina = inibe adenilato ciclase – liberação de água e eletrólitos.

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 Endotoxina.
 Adesinas.
 Invasibilidade.
 Sobrevivência intracelular.

Infecção
o Água ou alimentos contaminados.
o Contato com animais infectados (pássaros e mamíferos).

A doença
o Dose infectante: aproximadamente 1000 células.
o Invasão do epitélio do intestino delgado e multiplicação.
o Invasão e resposta.
o PI 1-10 dias.
Sintomas
⇒ Cólicas abdominais seguida de forte dor abdominal.
⇒ Diarréia sanguinolenta; Calafrios; Febre 3 a 6 dias.
⇒ Estado de portador.
⇒ Tratamento: eritromicina.

Campylobacter sp
Infecção sistêmica:
 Associada normalmente a C. fetus ssp. Fetus.
 Comum em indivíduos debilitados e imunocomprometidos.
 Reservatório: bovinos, ovinos, roedores, aves, cães e gatos.
 Quadros:
- Bacteremia e infecção sistêmica extraintestinal.
- Aborto, artrite séptica, abscesso, meningite, endocardite, peritonite, etc.
- Gastroenterite: subestimada (cefalotina e 42º C).

Detecção
 Coleta da amostra:
- Fezes ou swab retal
- Sangue

 Exame direto das fezes:


- Gram
- Pesquisa de leucócitos
- PCR

 Cultura:
- Filtração seletiva em membrana
- Meios de cultura
- CampyBAP = Brucella agar base com 10% de sangue de carneiro, vancomicina, trimetoprim, polimixina B,
anfotericina B, e cefalotina.
- Skirrows = sangue de cavalo lisado e desfibrinado e vancomicina, polimixina B, e trimetoprim.

 Testes sorológicos: níveis de IgM, IgG, IgA.


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Identificação
 Oxidase positivo.
 Catalase positivo (exceto C. sputorum).
 Gram negativo.

Susceptibilidade aos antimicrobianos


De escolha para C. jejuni:
 Eritromicina ou ciprofloxacina.

De escolha para C. fetus:


 Parenteral: eritromicina, ampicilina, aminoglicosídeos, cloranfenicol.

CÓLERA

− Família vibrionaceae, gênero: vibrio


− Vibrio cholerae
− Bacilos gram negativos
− Oxidase positivos
− Fermentadores
− Bactéria dispersa na natureza (não há perspectivas de erradicação)
− Autóctone de ecossistema estuário (mistura de água doce com salgada, rio + mar)

 Vibrio parahaemolyticus e Vibrio vulnificus:


• Diarréia relacionada ao consumo de moluscos e crustáceos
• Infecções em ferimentos que podem ser seguidas de sepse relacionadas com atividades de
recreação, como natação e pesca (principalmente vulnificus) Ex: aspiração → pneumonia → sepse

 Junto com o V. cholerae, desenvolvem-se em águas marítimas temperadas costeiras e estuarinas, de moderada
salinidade, e são associadas com invertebrados aquáticos.

 V. cholerae compreende 200 sorogrupos relacionados com variações do antígeno O → somente 2 são associados
com as principais epidemias: O1 e O139
• Sorogrupo O1 → cepas de 2 biotipos: clássico e El Tor (fenótipos diferentes)

 Doença exclusiva de humanos, causada pelo Vibrio cholerae.

 Junto ao estudo da cólera nasceu o estudo da epidemiologia (John Snow).

 O V. cholerae é natural de ambientes aquáticos e associado a crustáceos. É descrito como tendo forma de vírgula.

 Transmissão ao ser humano:


o Ingestão de água ou de alimentos contaminados (transmissão fecal-oral)
o Ou de frutos do mar colonizados naturalmente

 Patogenia
o Após a ingestão de cepas que vencem a acidez gástrica → intestino delgado (alcalino), multiplicam-se
intensamente, principalmente em duodeno e jejuno.
o 90% dos casos → infecção assintomática ou diarréia de pequena intensidade
o 10% dos infectados → após período de incubação que varia de algumas horas a 5 dias: diarréia aquosa
profusa de instalação súbita, potencialmente fatal, com evolução rápida (horas) para desidratação grave e diminuição
acentuada da pressão sanguínea.
OBS: pode haver CHOQUE antes da diarréia por perda de líquido para a luz intestinal (é muito rápido!!!).

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 Fatores de Virulência
o AgO é protetor, e provavelmente tem papel na colonização
o Toxina colérica (TC): que causa diarréia aquosa intensa. Codificada em genes ctxAB como parte do fago
filamentoso CTX. É uma toxina do tipo AB (action-binding). Somente as cepas que estão infectadas pelo fago conseguem
produzir a toxina.
o Pilus corregulado com a toxina (PCT) – fator de colonização. Sua produção é induzida nas chamadas
ilhas de patogenicidade (“blocos de DNA” adquiridos pela bactéria). Ele só é produzido quando a bactéria produz a
toxina, mas a bactéria pode ter o material para fabricá-lo sem estar infectada pelo fago (só a produção que é dependente, o
resto não).

OBS: CT e TCP são predominantemente associados com as cepas de O1 e O139, porém podem ser encontrados em
amostras não epidêmicas.

 Quantidade de bactérias para produzir uma infecção:


103/ml em alimentos e 105/ml na água

 Em alimentos a bactéria pode sobreviver por até 5 dias na temperatura ambiente (15 – 40°C) ou por até 10 dias
entre 5 – 10°C.

 Após a infecção, o V. cholerae é eliminado nas fezes por 7 a 14 dias.

 A cólera pode ocorrer em uma cidade que tenha água tratada e esgotos, porém em geral afeta principalmente os
habitantes de comunidades carentes, onde o saneamento básico é inadequado.

 Prevenção
o Medidas de tratamento do esgoto e água (OMS → 6mg de cloro para cada litro de água)
o Alimentos: cozimento e fervura (o vibrio não resiste a temperaturas superiores a 80°C)
o Alimentos de maior risco → mal cozidos ou crus, saladas, frutos do mar, maionese caseira, molhos,
sobremesas tipo mousse, leite não pasteurizado, gelo, sucos, legumes (mal lavados).
o Vacinação: pouco prática e útil. Não disponível no Brasil. Atualmente → usa-se vacina com células
inteiras inativadas (não se multiplicam, imunidade de curta duração).

 Diagnóstico
o Isolamento: meio seletivo indicador
TCBS (tiossulfato citrato bile sacarose)
- tiossulfato e citrato (+ pH alcalino) → inibem o crescimento de outros fermentadores (notadamente enterobactérias)
- bile → inibe enterococos
- sacarose → indicador (com a fermentação da sacarose, o ambiente fica ácido e o indicador (azul de bromotimol) vira
para amarelo. Além disso, outros coliformes que poderiam vir a crescer na cultura não metabolizam sacarose.

MICOBACTÉRIAS

A visualização das micobactérias só é possível com a coloração de Ziehl-Neelsen, a qual só é útil para os bacilos álcool-
ácido resistentes (BAAR) – primeiramente utiliza-se o álcool e o ácido, e depois emprega-se o azul de metileno.

Características do gênero Mycobacterium


⇒ Formado por bacilos aeróbios estritos, de crescimento lento, não-esporulados, que não possuem cápsula e que são álcool-
ácido resistentes.
⇒ As espécies patogênicas para os humanos são: M. tuberculosis, M.leprae, M. bovis. De maneira geral, essas espécies se
encontram apenas no indivíduo doente, e nunca no ambiente.
⇒ Por outro lado, outras espécies têm como habitat natural o solo, sendo algumas saprófitas e outras oportunistas.
⇒ Outra característica importante é o tempo de geração desses bacilos, que é longo. O tempo de geração é o tempo
necessário para que ocorra divisão celular: para a M. tuberculosis, ele é de 15 horas, enquanto que para a M. leprae é de 12
dias. É por isso que M. leprae não cresce in vitro.

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⇒ Considera-se que esses parasitas intracelulares têm uma virulência multifatorial, de modo então que o bacilo consegue
resistir aos macrófagos ativados. Além disso, a própria resposta imune do hospedeiro contribui para ampliar as lesões
apresentadas.

Características do bacilo do gênero Mycobacterium


⇒ O bacilo é resistente ao descoramento álcool-ácido, sendo isso justificado pela grande complexidade da parede celular:
há grande quantidade de lipídeos que, além de dificultar o descoramento, dificulta também o próprio coramento de tais
bactérias.
⇒ Os bacilos desse gênero têm uma maior viabilidade (tempo de vida) que as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.
Isso ocorre por causa da grande quantidade de lipídeos e complexidade da parede celular. Sendo assim, as micobactérias são
muito resistentes a agentes químicos, como desinfetantes.

Tuberculose
É uma doença de caráter mundial, de modo que muitas pessoas estão infectadas, mas destas apenas 10% são efetivamente
doentes (dentre os indivíduos imunocompetentes). O tratamento costuma ser bem efetivo, porém nem sempre há adesão de
todos os infectados, seja por questões culturais, políticas, econômicas, etc. No Brasil, a incidência de tuberculose é maior no
Rio de Janeiro.

História natural da tuberculose


Tuberculose infecção
- Ocorre quando a resposta imune foi adequada e debelou a multiplicação do bacilo. Provavelmente há formação
de pequenos granulomas.
- Para saber se já tivemos infecção, fazemos o PPD. O sistema imune “enviará” linfócitos de memória para o local
da inoculação da proteína. Se formar um nódulo em aproximadamente 48h, maior que 10mm, o teste é positivo →
indicador de hipersensibilidade tuberculínica.

Tuberculose doença
- Também há reação granulomatosa porque há sistema imune, mas não há impedimento da multiplicação do bacilo.
- Ao mesmo tempo, há liberação de fatores solúveis do organismo no parênquima pulmonar, os quais lesam o
parênquima, determinando a necrose caseosa. O conteúdo desse foco necrótico é eliminado na tosse, com milhares de bactéri
também. A saída desse conteúdo determina a formação da caverna.

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Transmissão
A transmissão é inter-pessoal, pela grande liberação de bacilos de Koch pelos indivíduos doentes. O bacilo pode se manter por
pouco tempo no ar em função das condições ambientais: umidade, temperatura e não há multiplicação no ambiente. Não ocorre
transmissão por objetos pessoais, sendo ela apenas aerógena.
A tuberculose é também chamada de “Peste Branca”, pois é uma doença crônica com formação granulomatosa e resposta imune
para impedir a multiplicação do bacilo.

Formas de tuberculose
A principal forma da doença é a pulmonar, mas há também formas extra-pulmonares, em que há acometimento de SNC, osso,
etc.
Existem formas mais graves, como a meningite e a tuberculose miliar, que acometem principalmente crianças, devido a menor
imunidade em comparação aos adultos; e a disseminada, associada aos pacientes com AIDS.
A baciloscopia é positiva, de modo que em qualquer forma de tuberculose a contaminação é pulmonar.

Vacina BCG
É dada ao nascimento. Não previne as formas pulmonares comuns, mas previne as formas graves mais comuns em crianças:
meningite e tuberculose miliar. Além disso, como a vacina é composta por bacilos atenuados, não deve ser administrada em
pacientes com AIDS.

 A imunidade contra a tuberculose é celular; a humoral não é eficiente.

Diagnóstico laboratorial
 Baciloscopia = é feita coloração de Ziehl-Nielsen. A baciloscopia é rápida e barata, mas não é muito sensível. Permite o
diagnóstico e acompanhamento do tratamento da tuberculose pulmonar.
*A baciloscopia pode ser negativa e o paciente ter tuberculose; entretanto, a lesão deve aparecer na radiografia de tórax.
*No caso de uma baciloscopia positiva (>10000 bacilos/ml de escarro), já se começa o tratamento.

 Cultura = terá resultado positivo quando houver de 10 a 100 bacilos/ml. Necessita de processamento prévio em espécimes
clínicos naturalmente contaminados e longo tempo de incubação. O processamento consiste na administração de desinfetantes para
eliminar outra flora. A cultura é muito mais sensível, permitindo diagnóstico de formas extra-pulmonares e também a realização de
antibiograma.

Resistência a antibióticos e Tratamento


Tal resistência ocorre por causa da alta taxa de mutação cromossômica desses bacilos, de modo que o M. tuberculosis é
naturalmente muito resistente.
O tratamento da tuberculose é feito com uma poliquimioterapia de longa duração, o que contribui com o aparecimento de novas
cepas resistentes devido à alta taxa de abandono do tratamento. O principal esquema de tratamento (esquema 1) é: Isoniazida,
Rifampicina e Pirazinamida (RIP).

Prevenção
A quimioprofilaxia, ou seja, uso de antibióticos antes do aparecimento da doença, é feita em pacientes com AIDS,
imunossuprimidos com PPD positivo de viragem recente, etc. Também deve-se tratar os doentes (principalmente os bacilíferos),
fazer diagnóstico precoce e vacinação de BCG. Também é importante a pesquisa de contactantes.

Hanseníase
O M. leprae tem tropismo por nervos periféricos, atuando na bainha de mielina. O grande sinal da doença é uma mancha
hipocrômica na pele, havendo também perda da sensibilidade nas lesões e, quando não tratada, pode levar a lesões irreversíveis aos
olhos, mucosas, etc.
O período de incubação da doença é longo, podendo variar de 5 a 20 anos. A transmissão é inter-pessoal, mas a hanseníase não
é altamente contagiosa.
De acordo com o número de lesões, a hanseníase pode ser multibacilar ou paucibacilar, e as formas clínicas variam de acordo
com a resposta imune do paciente:
- TT: tuberculóide tuberculóide;
- TB: tuberculóide bordeline;
- BB: bordeline bordeline;
- BL: bordeline lepromatosa;
- LL: lepromatosa lepromatosa.

Formas clínicas
Tuberculóide Lepromatosa
Histologia Granuloma Célula de Virshow
(indica resposta imune) macrófago com muitos bacilos
dentro se replicando
(não tem resposta imune efetiva)
Bacteriologia Negativa Positiva
(tem poucos bacilos) (tem muitos bacilos)
Teste de Mitsuda Positivo Negativo
Injeção de bacilos (não há resposta imune efetiva)
mortos

Tratamento
Faz-se uma poliquimioterapia ou MDT, também para avaliar a resistência. A transmissão cessa com a primeira dose de MDT.
Para a forma multibacilar, usa-se: Dapsona, Rifampicina e Clofazimina por 1 ano.
Para a forma paucibacilar usa-se: Rifampicina e Dapsona por 6 meses.

Prevenção
Diagnóstico e tratamento dos pacientes. Vacinação BCG para os contactantes negativos. Realização de campanhas
esclarecedoras: “como reconhecer a hanseníase”, “saber que a doença tem cura”.

BACTÉRIAS ESPECIAIS

Chlamydia - “parasito de energia”


- Pequeno bacilo gram-negativo
- Tem parede
- É um parasita intracelular obrigatório: precisa dos nutrientes do hospedeiro e não consegue sintetizar seu DNA
- É oxidase negativo
- Seu ciclo de vida acontece em dois estágios:
1. Partícula elementar: não entra no hospedeiro, sendo altamente infecciosa e metabolicamente inativa. É endocitada e
se diferencia na partícula reticulada ou de inclusão. É ela que é liberada no ambiente.
2. Partícula reticulada ou de inclusão: é a metabolicamente ativa, podendo se difundir por células próximas.

 Chlamydia thachomatis
- Tem vários sorovares
- Podem causar: conjuntivites, uretrite, cervicite, pneumonia neonatal e linfogranulomas venéreos.
- Transmissão: sexual ou horizontal.
- Sua infecção atua de modo crônico, podendo evoluir para quadros mais graves.
Ex: Tracoma – é uma cegueira decorrente de uma complicação da conjuntivite.
Infertilidade – decorrente da evolução da uretrite.
- Linfogranuloma venéro: é uma DST rara e ocorre quando as bactérias migram para linfonodos cervicais, causando
linfadenopatia. Às vezes, com a evolução da doença, os gânglios se fundem e formam uma massa, que pode resultar em
inflamação linfática.

 Chlamydia pneumoniae
- Causa faringite, sinusite, bronquite e pneumonia comunitária.
- A pneumonia é atípica: pouco purulenta, de evolução lenta e com lesões mais infiltradas no parênquima.
- O tratamento é diferente das demais pneumonias, podendo ser feito com eritromicina (ou derivados) por período de
tempo curto.
- A transmissão é interpessoal, através de gotículas de secreção. É mais grave em idosos.

 Chlamydia psittaci
- Geralmente ocorre em bovinos, aves e ovinos.
- No homem causa doença ocupacional: pneumonia atípica, endocardite, uretrite não gonocócica (não tem diagnóstico de
gonococo e não administra penicilina).
- O problema dessa bactéria é que na maioria dos casos provoca doença assintomática e prolongada.
 Doenças genitais: são a maior causa de infertilidade em paises desenvolvidos, de modo geral, determina uma
inflamação pélvica, com dor e infertilidade. Também pode causar, por contaminação do canal vaginal, conjuntivite neonatal.
 Tracoma: cegueira prevenível e caracterizada por cicatrização e cegueira em indivíduos que não desenvolvem
resposta imune. O tratamento é feito com Eritromicina e derivados em dose única, essa droga também é utilizada para
prevenção em crianças de áreas endêmicas.

- O controle da infecção por Chlamydia psittaci é feito com diagnóstico precoce, rastreamento, notificação de parceiros e
tratamento eficaz.

 Diagnóstico laboratorial
- Importante para prevenção de complicações: prevenção = diagnóstico precoce + tratamento.
 Cultura:
* Não há culturas artificiais em meio de cultura, havendo então a necessidade da incubação das bactérias com células
eucarióticas para observar os corpúsculos de inclusão.
* Tal método só detecta bactérias vivas.
 Detecção de antígenos:
* Feito por ensaio enzimático e teste de fluorescência direta, baseados na captura de LPS por anticorpos mono ou
policlonais.
 PCR e hibridização:
* Por swab de região endocervical e uretral, acondicionados em meio adequado.
* Ou com urina de primeiro jato.
 Raspado da conjuntiva:
* Faz-se um raspado da pálpebra e cora-se.
* O objetivo é a observação dos vacúolos de inclusão
* É o método mais barato.

Mycoplasma
- Não tem parede celular
- Tem colesterol na membrana, como os eucariotos.
- Não se coram com Gram, apesar de serem “parentes” dos gram-positivos.
- São resistentes aos beta-lactâmicos.

 Mycoplasma pneumoniae
- Causa pneumonia atípica, que afeta, principalmente, crianças e adolescentes.
- A pneumonia é resultado da ligação da adesina P da bactéria com a membrana das células do trato respiratório.

 Mycoplasma hominis
- Transmissão sexual (DST)
- Causa uretrite, doença perinatal, doença inflamatória pélvica.

 Diagnóstico laboratorial
- Pode-se fazer: sorologia, isolamento em meios ricos bifásicos (raros) e métodos moleculares.

Rickettsia
- São cocos-bacilos gram-negativos.
- LPS
- É um hospedeiro intracelular obrigatório, de modo que logo determina a fagocitose das células infectadas.
- No fagócito modificam o citoesqueleto e se multiplicam
- Quando causam infecção atingem a corrente sangüínea e fazem sepse.
- Normalmente vivem em reservatórios (sem doenças), como os artrópodes, onde ficam na glândula salivar e no ovário.
- A infecção humana é acidental.

 Quadro clínico - riqueiosioses


- Bacteremia
- Rash cutâneo
- Lesões vasculares em vários órgãos: rim, baço, coração, fígado, SNC
- Colapso vascular periférico
- Choque

 Rickettsia rickettsii
- É a espécie mais comum de Rickettsia
- Causa a febre maculosa das montanhas rochosas: febre, cefaléia, mialgia e erupção puerpérica palpável, principalmente
em mãos e pés (é diferencial).

 Diagnóstico
- Feito por sorologia pareada – tem que fazer vários intervalos de tempo
- A gravidade da doença está no atraso do diagnóstico e tratamento

 Tratamento
- Eritromicina e tetraciclina

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