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“Dimensões da Globalização
O Capital e Suas Contradições”
Giovanni Alves
Dimensões
da
Globalização
O Capital e Suas Contradições
Praxis
Londrina
2001
Copyright © do Autor, 2001
ISBN 85-901933-1-4
2ª Tiragem
ISBN 85-901933-1-4
CDU 339.9
Praxis
Free edition
home-page: http://editorapraxis.cjb.net
2001
Sumário
APRESENTAÇÃO
PARTE 1
Dimensões da Globalização
Capítulo 1
Introdução
Capítulo 2
Globalização Como Ideologia
Capítulo 3
Globalização Como Mundialização do Capital
Capítulo 4
Globalização Como Processo Civilizatório
Humano-Genérico
Parte 2
Sociologia da Globalização
Capítulo 5
A Globalização Na Perspectiva dos
Clássicos da Sociologia
Capítulo 6
Weber e a Globalização Como
Racionalização do Mundo
Capítulo 7
Durkheim e a Globalização como
Fonte de Solidariedade Social
Capítulo 8
Marx e a Globalização como
Lógica do Capital
Parte III
Globalização e Trabalho
Capítulo 9
Toyotismo Como Ideologia Orgânica da
Produção Capitalista
Capítulo 10
Toyotismo e Neocorporativismo Sindical
no Século XXI
Capítulo 11
Dimensões do Proletariado Tardio
Bibliografia
Apresentação
Apresentação
O
livro Dimensões da Globalização é um resultado
teórico-prático de um percurso de reflexão
intelectual buscando compreender, numa perspectiva
dialética, um tema maldito: o problema da globalização. É um
livro de ensaios, o que significa que possui ainda um caráter
iniciático e inacabado, sugerindo algumas linhas de reflexões que
procuram sair do lugar-comum sobre a discussão da
“globalização”. Procuramos organizar o livro em 3 partes – a
primeira, que dá título ao livro : Dimensões da Globalização; a
segunda, Sociologia da Globalização e a terceira, Globalização
e Trabalho.
A primeira parte do livro procura desenvolver uma
interpretação original do processo de globalização, procurando
apreender seu caráter dialético e amplamente contraditório.
Buscamos evitar as unilaterialidades perenes dos apologistas da
globalização e dos seus críticos vorazes. Procuramos ensaiar
uma crítica mordaz da globalização como mundialização do
capital, mas sem deixar de perceber que, na medida em que
representa o desenvolvimento amplo e contraditório do capitalismo
moderno, a globalização é um processo civilizatório humano-
genérico prenhe de promessas de uma nova civilização humano-
genérica, profundamente frustradas pelo sistema orgânico do
capital.
Portanto, a globalização, é, ao mesmo tempo, a promessa e a
frustração de uma realização histórico-social do gênero humano e a
prova cabal de que o sistema do capital, com sua sanha incontrolável
não oferece nenhuma perspectiva de futuro para a humanidade.
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Dimensões da Globalização
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Apresentação
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Dimensões da Globalização
Hegel
“Hoje em dia tudo parece levar em seu seio sua própria contradição.
Vemos que as máquinas, dotadas da propriedade maravilhosa de
reduzir e tornar mais frutífero o trabalho humano, provocam a fome e
o esgotamento do trabalhador. As fontes de riqueza recém-descobertas
se convertem por artes de um estranho malefício, em fontes de
privações. Os triunfos da arte parecem adquiridos ao preço de
qualidades morais. O domínio do homem sobre a natureza é cada vez
maior; mas ao mesmo tempo, o homem se transforma em escravo de
outros homens ou da sua própria infâmia.”
Karl Marx
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Dimensões
da
Globalização
Introdução
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
Conceitos
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
Globalismo
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
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Introdução
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Globalização Como Ideologia
Globalidade
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Introdução
Glocalização
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Globalização Como Ideologia
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Introdução
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Dimensões da Globalização
2
A Globalização Como Ideologia
A
ideologia da globalização, tal como nós a
conhecemos hoje, surgiu (e se impulsionou) a
partir da mundialização do capital ocorrida a partir
da década de 1980. É só a partir de uma nova etapa de
desenvolvimento do capitalismo mundial, que a idéia de
globalização, com todos seus aspectos impressionistas, por
exemplo, as idéias de “aldeia global” ou de “sociedade global”,
tendeu a adquirir um conteúdo sócio-histórico concreto mais
desenvolvido e a constituir uma ideologia orgânica elaborada.
Com o desenvolvimento da mundialização do capital, o que
podemos denominar de ícones impressionistas da globalização
deixaram de ser uma mera projeção ideológica contingente e
residual, para assumir um substrato concreto efetivo.
O que procuraremos ressaltar é que a globalização se constituiu
através de uma operação ideológica que tendeu a ocultar a sua
natureza histórica e política de mundialização do capital.
O nexo essencial da ideologia da globalização é apresentar um
processo sócio-histórico concreto constituido através da luta de
classes, como um processo natural, de uma “segunda natureza”, a
qual todos nós, inclusive governos, somos obrigados a nos submeter.
De certo modo, a globalização tende a ser apresentada como um
processo homogêneo e homogeneizador que conduz ao progresso
e ao bem-estar universal, à globalização da democracia e à
desaparição progressiva do Estado-nação.Tais caracteristicas
da globalização, dissiminadas através dos aparatos midiáticos do
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Globalização Como Ideologia
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Ideologia
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Ideologia
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Globalização Como Ideologia
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Ideologia
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Dimensões da Globalização
O Novo Economicismo
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Globalização Como Ideologia
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Dimensões da Globalização
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pelo capital) “exala” uma ideologia orgânica, que tende a surgir
e se desenvolver nos anos de 1980. É uma ideologia que possui
bases concretas sócio-históricas reais (Gramsci, 1985).
Antes tinhamos apenas ícones impressionistas que apontavam
para o que hoje criticamos como globalismo e globalitarismo. Nos
anos de 1960, tais ícones impressionistas não se impunham como
ideologia orgânica pela própria imaturidade da mundialização do
capital. Contém grãos de verdade sem constituir ainda a verdade
que apenas iria se consolidar e se desenvolver a partir dos anos de
1980, em virtude de processos sócio-históricos e luta de classes.
Dimensões da Globalização
3
Globalização Como
Mundialização do Capital
A
o abordarmos a globalização como mun-
dialização do capital procuraremos tratá-la como
um processo sócio-histórico concreto que se
desenvolve a partir das últimas décadas do século XX. É uma
nova etapa de desenvolvimento do capitalismo mundial que surge
com a crise do capital em meados da década de 1970. É nessa
época que ocorre um complexo de fenomênos sócio-históricos
de novo tipo, com a mídia tendendo, mais tarde, a apreende-los
como a “globalização”. Entretanto, é do nosso interesse investigar
a lógica essencial de tal fenomêno sócio-histórico, apreendendo
suas múltiplas determinações.
Existe uma vastíssima literatura nas ciências sociais que trata
da globalização. Na verdade, tornou-se um tema da moda
intelectual do Ocidente no fin-du-siècle, uma palavra vadia que
procura traduzir a sensação íntima da profunda mudança sócio-
histórica que vivemos, de uma suposta ruptura com um passado
que nos parece distante. Sobre a globalização, ou a pretexto dela,
disseminaram-se, principalmente a partir da década de 1990, livros,
ensaios e artigos de revistas e jornais em diversos idiomas,
principalmente o inglês. Foi a partir dos anos 70 que dissiminou-
se uma vasta literatura das ciências sociais procurando discutir a
nova constelação do capitalismo mundial, buscando descobrir
as novas significações de um capitalismo criticamente em
expansão (a idéia de crítica é intrinseca a de expansão/
desenvolvimento do sistema mundial do capital).
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
E observa:
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
E logo a seguir:
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Mundialização do Capital
As políticas neoliberais
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Globalização Como Mundialização do Capital
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Dimensões da Globalização
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Por isso, o que pode parecer uma “ruptura” ou débacle da
globalização, como alguns discursos podem pressupor, é tão-
somente, o indicio de uma mutação da globalização, que procura
criar uma nova forma social e política capaz de reproduzir a
lógica predatórioa e autoritária do capital financeiro. Um capital
financeiro, que vale a pena ressaltar, tende a incrementar e
acelerar o sentido de regressão civilizatória intrinseco à lógica
de desenvolvimento sócio-histórico do próprio capital.
Existem, é claro movimentos sociais que pleiteam uma ruptura
com a globalização. São movimentos anti-capitalistas que, se não
se atinge o lastro estrutural de reprodução da ordem do capital, a
propriedade privada e sua contraparte orgânica, o Estado
político, tenderão a encenar tão-somente mutações da
globalização.
A globalização, isto é, a reprodução orgânica do sistema do
capital mundial, sob a hegemonia finnaceira, pode ter, certamente,
continuidade sob outras formas político-institucionais
administráveis, conduzindo e aprofundando as contradições
societais e a dilapadição paulatina de um sentido civilizatório que
o desenvolvimento sócio-histórico do capital ainda possa ter.
Dimensões da Globalização
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Globalização Como
Processo Civilizatório
Humano-Genérico
A
globalização é um momento tardio de desenvol-
vimento do capitalismo moderno em sua dimen-
são imperialista. É a mundialização do capital, do
“sujeito” capital em geral, como agente histórico da
modernização universal. Ela possui, em seu sentido originário,
uma ideologia e uma política que se desenvolve a partir do processo
da mundialização do capital.
É impossível separar a ideologia e a política da globalização
de seu movimento sócio-histórico como mundialização do capital,
até porque é deste modo que ela organiza processos hegemônicos
de construção das bases político-institucionais e culturais que
propiciam o poder e a dominação ampliada do capital.
Enquanto ideologia, a globalização tende a ser um construto de
idéias que ocultam/distorcem a apreensão do movimento do capital
como desenvolvimento de instauração/conservação/extensão/
intensificação da desigualdade, exploração e exclusão societária.
Entretanto, por ser expressão tardia do desenvolvimento
capitalista, a globalização traz em seu bojo, as contradições
candentes do capital. Por isso que, se por um lado, a globalização
é intrinsecamente mundialização do capital, por outro lado,
tende a ser processo civilizatório humano-genérico. Ela tende
a contribuir, de certo modo, para o desenvolvimento da integração/
desintegração, objetivação/subjetivação do gênero humano em-
si e para-si.
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Globalização Como Processo Civilizatório
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Dimensões da Globalização
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Globalização Como Processo Civilizatório
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Globalização Como Processo Civilizatório
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Dimensões da Globalização
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de uma rede de direitos de um amplo espectro civilizatório, o
avanço de associações transnacionais do mundo humano-genérico
voltado para o controle social (e para além) do capital.
Ora, a possibilidade concreta de uma cidadania global, para
se contrapor como elo resistente à exacerbação do sistema
orgânico do capital, se contrasta com a diluição real do estatuto
da cidadania nacional, através das políticas neoliberais de amplo
espectro. Talvez essa possa ser mais uma contradição
irremediável da globalização como desenvolvimento tardio do
capitalismo moderno.
Na verdade, tais elementos, as associações e os movimentos
sociais globais e a perspectiva de construção de uma cidadania
global como resultado de uma globalização para-si e não apenas
em-si, podem ser considerados aspectos (ou explicitações
espectrais) da globalização como processo civilizatório humano-
genérico e de todos os seus pressupostos negados pelo sistema
orgânico do capital.
Dimensões da Globalização
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Sociologia
da
Globalização
A Globalização na Perspectiva da Sociologia
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A Globalização Na Perspectiva dos
Clássicos da Sociologia
E
m sua obra Teorias da Globalização, publicada
em 1995, Octávio Ianni procurou recuperar, de
certo modo, a perspectiva dos clássicos da sociologia
para tratar da globalização. Não apenas isso, é claro, pois a obra
contém impressões de outras vertentes teóricas da sociologia
moderna.
A trilogia sociológica e ensaística, de Octávio Ianni, publicadas
na década de 1990 - A Sociedade Global, Teorias da
Globalização e A Era do Globalismo - é uma provocação
interessante, pois contém um potencial heurístico capaz de capturar,
em seus múltiplos aspectos, o que ele denominou de era do
globalismo (em 2001, Ianni acabou de publicar Enigmas da
Modernidade-Mundo). Além, é claro, de procurar instaurar
uma problemática sociológica no limite do próprio estatuto
sociológico clássico, que surgiu vinculado a uma perspectiva
nacional, principalmente em Durkheim e Weber.
É do nosso intuito, a partir da leitura de Ianni, demonstrar
como algumas idéias sociológicas presentes nas obras de Max
Weber, Karl Marx e Émile Durkheim podem ser utilizadas para
uma interpretação da globalização. Cabe salientar que, nesse
caso, a idéia de globalização adquire o sentido essencial e mais
geral de desenvolvimento do capitalismo moderno, não
significando, portanto, a rigor, o que temos tratado até agora, ou
seja, globalização como mundialização do capital, isto é, uma
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Dimensões da Globalização
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A Globalização na Perspectiva da Sociologia
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Max Weber e a Globalização
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Weber e a Globalização Como
Racionalização do Mundo
P
ara a sociologia de Weber, o processo de desenvol-
vimento do capitalismo moderno pode ser
apreendido como um processo de racionalização do
mundo. Deste modo, pode-se dizer que, para Weber, a
globalização, em seu sentido originário, poderia ser considerada
uma etapa superior da racionalização do mundo, de um vasto e
complexo processo de racionalização e intelectualização, cujo produto
e condição é dado pelo próprio desenvolvimento das ciências e da
tecnologia. É um processo de racionalização que nos atinge há milhares
de anos e que penetra as mais diversas esferas da vida social, em
maior ou menor proporção, o que implica considera-lo um processo
complexo e totalmente heterogêneo.
Em seu livro Teorias da Globalização, Octávio Ianni aborda
a globalização como racionalização do mundo, incorporando
contribuições de Weber, com sugestões analíticas de Marx. Deste
modo, o processo de racionalização do mundo é apreendido como
um processo de subordinação do principio da qualidade pelo
principio da quantidade. O mesmo principio que funda a
racionalidade da empresa e do mercado, da cidade e do Estado,
aos poucos impregna todos os círculos da vida social,
compreendendo o partido político e o sindicato, a mídia e a escola,
a Igreja e a família.
Ainda que o principio de qualidade jamais seja suprimido, ele
perde prerrogativas na maioria dos espaços públicos, e tende a
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Dimensões da Globalização
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Max Weber e a Globalização
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Dimensões da Globalização
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Max Weber e a Globalização
caótica e infinita.
Este poderia ser, portanto, o verdadeiro sentido da
globalização, segundo Weber:
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Dimensões da Globalização
...A menos que seja um físico, quem anda num bonde não
tem idéia de como o carro se movimenta. E não precisa saber.
Basta-lhe poder ‘contar’ com o comportamento do bonde e
orientar a sua conduta de acordo com essa expectativa; mas
nada sabe sobre o que é necessário para produzir o bonde
ou movimentá-lo. O selvagem tem um conhecimento
incomparavelmente maior sobre suas ferramentas. Quando
gastamos dinheiro hoje tenho certeza que, até mesmo se
houver colegas de Economia Politica neste auditório, cada
um deles terá uma diferente resposta pronta para a pergunta:
como é possível comprar alguma coisa com dinheiro - por
vezes mais, por vezes menos? O selvagem sabe o que faz
para conseguir sua alimentação diária e que instituições lhe
servem nessa empresa. A crescente intelectualização e
racionalização não indicam, portanto, um conhecimento maior
e geral das condições sob os quais vivemos. Significa mais
alguma coisa, ou seja, o conhecimento ou a crença em que,
se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a
qualquer momento. Significa principalmente, portanto, que
não há forças misteriosas, incalculáveis, mas que podemos,
em princípio, dominar todas as coisas pelo cálculo. Isto
significa que o mundo foi desencantado. Já não precisamos
recorrer aos meios mágicos para dominar ou implorar aos
espíritos, como fazia o selvagem, para quem esses poderes
misteriosos existiam. Os meios técnicos e os cálculos realizam
o serviço. Isto, acima de tudo, é o que significa a
intelectualização (Max Weber, 1988)
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Max Weber e a Globalização
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Dimensões da Globalização
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Durkheim e a Globalização
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Durkheim e a Globalização como
Fonte de Solidariedade Social
D
urkheim nos apresentou em sua obra A divisão
do trabalho social, de 1893, a divisão do traba-
lho como fonte de solidariedade social. Ele
caracterizou, por outro lado, a anomia, como sendo algo
decorrente de um período de rápidas transformações da economia
e da sociedade, em virtude do próprio desenvolvimento da divisão
do trabalho social. Em virtude disso, indicou a necessidade de
regulamentações mais complexas, salientando o papel do Estado-
nação e do governo.
Mas, para Durkheim, com o tempo tenderia a se formar tais
regulamentações sociais, capazes de instaurar e realizar a natureza
da própria divisão do trabalho mais desenvolvida: a solidariedade
orgânica. Deste modo, para ele, a anomia seria temporária e
um fenômeno excepcional nas sociedades mais complexas. Na
sua perspectiva, está implícito um otimismo com o
desenvolvimento das sociedades modernas.
Se Durkheim criticou o otimismo dos utilitaristas e dos
economistas diante da mão invisível do mercado, de certo modo,
ele próprio acreditava que o desenvolvimento da divisão do trabalho
social tenderia a incrementar a solidariedade social. Para isso,
depositou seu otimismo nas instâncias da regulamentação
juridico-moral da sociedade, como uma mera manifestação da
natureza da própria divisão do trabalho mais desenvolvida.
A ênfase de Durkheim no consenso social caracteriza um ponto
de vista corporativo que, de certo modo, iria predominar nas
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Ou ainda:
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Marx e a Globalização
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Marx e a Globalização Como
Lógica do Capital
U
tilizando algumas caracterizações gerais salien-
tadas por Octávio Ianni na obra Teorias da
Globalização, procuraremos apresentar as
implicações e impressões da globalização como
desenvolvimento ampliado do capitalismo moderno, na
perspectiva de Marx.
Na perspectiva de Octávio Ianni, a globalização pode ser
compreendida como uma nova condição e possibilidade de
reprodução do capital surgida principalmente após a Segunda
Guerra Mundial, quando começaram a predominar os movimentos
e as formas de reprodução do capital em escala internacionais.
A princípio, por capital se entende um signo do capitalismo,
o emblema dos grupos e classes dominantes em escala nacional,
regional e mundial. Isto é, o capital de que se fala aqui é uma
categoria social complexa, baseada na produção de mercadoria
e lucro, ou mais-valia, o que supõe todo o tempo a compra da
força de trabalho; e sempre envolvendo instituições, padrões
sócio-culturais de vários tipos, em especial os jurídico-políticos
que constituem as relações de produção (Ianni, 1996).
Ora, aos poucos, as formas singulares e particulares do capital
no âmbito nacional e setorial, subordinaram-se às formas de
capital em geral, conforme seus movimentos e suas formas de
reprodução em âmbito internacional.
Utilizando os termos da dialética materialista, verificou-se uma
metamorfose que é não apenas quantitativa, mas qualitativa,
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Marx e a Globalização
A Dialética da Globalização
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Marx e a Globalização
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Dimensões da Globalização
Alienação
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Marx e a Globalização
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Marx e a Globalização
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Globalização
e
Trabalho
Toyotismo e Produção Capitalista
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Toyotismo Como
Ideologia Orgânica
da Produção Capitalista
O
objetivo deste ensaio é tentar apresentar uma
breve caracterização do toyotismo, que conside-
ramos como sendo a ideologia orgânica da
produção capitalista sob a mundialização do capital.
Ao dizermos ideologia orgânica procuramos salientar a
amplitude de valores e regras de organização da produção que
sustentam uma série de protocolos organizacionais. Tais
protocolos organizacionais do toyotismo que aparecem sob
as mais diversas formas, atingem os empreendimentos
capitalistas, seja na área da indústria, seja na área de serviços
(inclusive, por analogia, na administração pública), tentando
articular, no plano da organização subjetiva da produção
capitalista latu sensu, um novo regime de acumulação centrado
no principio da flexibilidade, que consideramos a categoria
dominante da acumulação capitalista num cenário de crise
estrutural.
Na verdade, todo empreendimento capitalista é coagido pela
concorrência a adotar procedimentos organizacionais oriundos
da matriz ideológico-valorativa do toyotismo. Eles se articulam
e se mesclam com dispositivos tayloristas-fordistas, mesmo não
participando da criação de valor, organizações de serviços e de
administração pública incorporam, por analogia, tais valores do
neoprodutivismo toyotista.
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Dimensões da Globalização
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Toyotismo e Produção Capitalista
A gênese do toyotismo
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Toyotismo e Produção Capitalista
A Lógica do Toyotismo
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Toyotismo e Produção Capitalista
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Toyotismo e Produção Capitalista
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Dimensões da Globalização
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Toyotismo e Produção Capitalista
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precarizadas, revistas ou abolidas pelo capital, com suas condições
institucionais originárias, tal como se constituíram no seu país
capitalista de origem – o Japão, sendo negadas em virtude de
seu próprio desenvolvimento mundial.
O que tende a predominar é meramente o estímulo individual
através da concessão de bônus salariais, debilitando alguns
protocolos institucionais clássicos, como o emprego vitalício.
Toyotismo e Sindicalismo
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Toyotismo e Neocorporativismo
No Sindicalismo do Século XXI
U
ma série de analistas sociais constatam o avanço,
no Brasil dos anos 1990, de uma nova postura
sindical de cariz neocorporativo. Ela seria
caracterizada pela mudança do padrão de ação sindical da CUT,
que tenderia a privilegiar não mais a confrontação, tal como
ocorreu no decorrer dos anos 80, mas a negociação ou a
“cooperação conflitiva”. Diz Rodrigues:
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Toyotismo e Sindicalismo
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Toyotismo e Sindicalismo
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Toyotismo e Sindicalismo
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Toyotismo e Sindicalismo
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Toyotismo e Sindicalismo
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Dimensões da Globalização
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Toyotismo e Sindicalismo
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à mera resistência, ou melhor, a um jogo de influência
propositiva, considerado como uma nova defensividade do
trabalho diante do capital reestruturado, possui um significativo
conteúdo ideológico, de poderosa afinidade eletiva com o espírito
do toyotismo.
Na medida em que ela, a prática sindical imbuída da ideologia
política do sindicalismo neocorporativo, tende a negar e a
segmentar a dimensão da luta e da perspectiva política de classe,
reduzindo o sindicalismo à prática da influência propositiva, do
consenso e da parceria, mesmo conflituosa, entre capital e trabalho,
ela promove na política sindical, um redimensionamento ideológico
que só interessa à classe capitalista.
Proletariado Tardio
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Dimensões do
Proletariado Tardio
A
crise do capital não anula a expansão e
reprodução da modernização tardia, que se
desenvolveu, nos últimos trinta anos, através de ciclos
de recessão e recuperação desiguais e não-sustentáveis das
principais economias capitalistas.
Sob a crise do capital é perceptivel a exacerbação da
modernização e de sua própria “negação”, o que demonstra que
o sistema do capital contém uma contradição, que se manifesta
em tendências e fenomênos contraditórios, tais como a afirmação
e negação do trabalho.
A pletora de capitais, o avanço da indústria no globo,
indústria no sentido amplo, não se restringindo apenas à produção
material, mas principalmente à produção imaterial, e a expansão
da base produtiva do capital pelas mais diversas áreas da atividade
humana, incluindo os serviços e os novos negócios que surgiram
com a “globalização”, recriam, sobretudo nas fronteiras da
modernização, nos países do Ásia, da América Latina e do Leste
Europeu, um novo e precário mundo do trabalho, no bojo de uma
reestruturação produtiva que impulsiona a produção e acumulação
do capital e um novo patamar de exploração da força de trabalho.
Na economia capitalista mais desenvolvida do sistema mundial
do capital, a economia dos EUA, que teve um crescimento
exuberante na década de 90 é perceptivel que, para homens e
mulheres, o tempo de vida está se tornando, cada vez mais, tempo
de trabalho e, por conseguinte, objeto de exploração do capital.
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Dimensões da Globalização
Os Espectros do Capital
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