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1. Introdução ............................................................................................... 1
2.1. Potencial numa Esfera Homogênea e Estática........................................ 3
2.2. Uma Esfera em Rotação: o Elipsóide ..................................................... 4
2.3 O Elipsóide de Referência ...................................................................... 6
2.4 O Geóide................................................................................................. 7
3 Medindo a Aceleração da Gravidade..................................................... 8
3.1 Pêndulos.................................................................................................. 8
3.2 Gravímetros de queda-livre .................................................................. 11
3.3 Gravímetro LaCoste-Romberg ............................................................. 11
3.4 Gravímetros Supercondutores .............................................................. 13
4 Corrigindo as Medidas.......................................................................... 15
Bibliografia recomendada..................................................................... 28
1 Introdução
m × m0
F =G (Equação 1)
r2
Considerando m0 uma massa de valor unitário, podemos obter a atração (ou acelera-
ção) gravitacional exercida pela massa m no ponto P:
m
g = −G û (Equação 2)
r2
1
A aceleração gravitacional g é um campo potencial e podemos definir o potencial gra-
vitacional V(P) como:
∇ V ( P) = g ( P)
(Equação 3)
dm ρ (Q )
V ( P) =G ∫ =G ∫ dv
V r r
(Equação 4)
2
2.1 Potencial numa Esfera Homogênea e Estática
N o caso de uma esfera em que a densidade é constante para qualquer ponto em que
r’<R, onde R é o raio da esfera e r’ a coordenada radial esférica (com origem no seu
centro) de um ponto qualquer (figura 3), o campo gravitacional gerado em P é dado
pela integração de cada componente infinitesimal de massa. Dada a simetria da distribuição:
MG
V ( P) =
d
(Equação 5)
Exercício 1
Exercício 2
3
Uma conclusão importante que obtemos da equação 5 é que o campo depende da
massa total e da posição do centro da esfera mas é independente do seu tamanho. Assim, uma
esfera de grande raio e pequena densidade pode gerar um campo de igual magnitude ao de
outra esfera com pequeno raio e grande densidade. No limite, temos um ponto de massa
quando o raio tende a zero e a densidade ao infinito.
Exercício 3
Qual é a aceleração da gravidade terrestre exercida sobre um
satélite numa órbita a 300 km de altitude?
Essa é a primeira aproximação do próprio campo gravitacional da Terra uma vez que
podemos considerá-la próxima da simetria esférica.
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Já em 1672, o cientista francês Jean Richer notara que um relógio de pêndulo, muito
preciso à época, construído em Paris atrasava alguns minutos por dia em Caiena, na Guiana
Francesa (esse fato, como veremos mais adiante, demonstrou a aplicabilidade dos pêndulos na
medida de variações do geopotencial).
Tal interpretação não era aceita nos meios acadêmicos franceses e sua Academia de
Ciências promoveu duas expedições (uma no Equador, outra na altura da Suécia) para medir
com acurácia um arco de grau nas duas partes do globo.
Esse achatamento pode ser definido pela relação entre dois fatores apenas: os raios
equatorial, a, e polar, c (figura 4). Assim, o achatamento f é:
a −c
f =
a
(Equação 6)
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Basicamente, podemos desmembrar o campo potencial total V do esferóide em duas
componentes: o seu potencial gravitacional próprio Vg e o potencial rotacional Vr, de modo
que:
V =V g +V r
1 (Equação 7)
V r = ω 2 r 2cos 2λ
2
O potencial rotacional é dado em função da velocidade angular w da Terra e da lati-
1
Vr = ω 2 r 2 cos 2 λ (Equação 8)
2
tude l:
Vg =
GMa 2 J 2
2 r 3 δV
( )
3sin 2 λ − 1) (Equação 9)
g0 = − =
δr
(Equação 10)
GM 3GMa 2 J 2
= 2 −
r r4
( )
3sin 2 λ − 1 − ω 2 r cos 2 λ
Exercício 4
Saturno,efetivamente, tem raio equatorial de 60.000 km. O raio
calculado no Exercício 2 é, portanto, sobrestimado. Explique o
motivo dessa diferença.
A forma real da Terra e do seu campo potencial associado é bastante complexa. Entre-
tanto, podemos assumir uma forma relativamente simples mas que possa descrevê-la de modo
bastante acurado.
A partir de uma série de medidas distribuídas numa rede mundial, foram obtidas fór-
mulas que descrevem o chamado elipsóide de referência.
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As fórmulas do elipsóide são estabelecidos e melhoradas por acordos internacionais
patrocinados pela associação Internacional de Geodésia (IAG, do seu nome em inglês). Três
sistemas já foram assim estabelecidos, o primeiro deles em 1930. Com o advento de medidas
por satélite e incremento na acurácia de medidas geodésicas, um novo elipsóide foi definido
em 1967. O sistema atualmente aceito é o Sistema Geodésico de Referência de 1980.
1 + 0,00193185138639 sin 2 λ
g 0 = 9,7803267714 × (Equação 11)
1 − 0,00669437999013sin 2 λ
2.4 O Geóide
A superfície eqüipotencial real que coincide com o nível médio dos mares sobre as
áreas oceânicas é denominada geóide. Ela corresponde ao efeito combinado das acelerações
da gravidade e centrífuga atuantes na superfície do planeta.
Podemos imaginar o geóide como a superfície dos mares sem nenhum efeito da dinâ-
mica de ventos e correntes; nas áreas continentais essa superfície está no mais das vezes
abaixo do nível do solo.
Mas, de todo modo, as diferenças de nível entre o geóide e a superfície teórica rara-
mente excedem os 100 metros e se restringem a menos de 50 metros de maneira geral.
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3 Medindo a Aceleração da Gravidade
N a média, o valor de g na superfície da Terra é de cerca de 980 cm/s2 ou 980 Gal (Gal
é a unidade padrão utilizada nas medidas gravimétricas). Ou, simplificando, o valor
de g é da ordem de 103 Gal.
3.1 Pêndulos
(2π ) 2
g =l
T2 (Equação 12)
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Figura 5 –Geometria de um pêndulo.
Entretanto, há uma série de imprecisões no mundo real para se efetuar tais medições.
Basicamente, o pêndulo deve ser caracteristicamente um aparato que mantém um ponto de
massa sustentado por um fio sem nenhuma massa associada; o ângulo de oscilação deve ser
desprezível de modo a eliminarmos um dos termos trigonométricos da equação original de ve-
locidade angular (para obter a forma simplificada da equação 12, o seno do ângulo de oscila-
ção e sua medida em radianos devem ser muito próximos); e os efeitos de atrito também
devem ser eliminados ou postos em magnitudes muito pequenas comparativamente.
Praticamente todos os efeitos podem ser minimizados, ora por procedimentos constru-
tivos (por exemplo, pelo uso de massas com grande densidade e cabos de sustentação muito
longos), ora por artifícios de cálculo, exceto o cabo de massa desprezível. A medida, portanto,
tem necessariamente um alto valor de erro associado.
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Pivô 1
Centro de Massa
Plano de oscilação
Pivô 2
g1 ⎛ T2 ⎞ 2
=⎜ ⎟
g 2 ⎜⎝ T1 ⎟⎠ (Equação 13)
Os pêndulos físicos podem também ser utilizados para medidas absolutas através de
um pequeno artifício. Inicialmente, fixa-se o pivô e obtém-se o período de oscilação. A se-
guir, procura-se um segundo pivô em posição oposta ao primeiro em relação ao centro de
massa e que resulte no mesmo período de oscilação (figura 6).
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Com esse truque, o valor de g é obtido em função da distância entre os pivôs (pas-
sando pelo centro de massa do pêndulo) e do período de oscilação. Como essas grandezas são
diretamente mensuráveis, o valor obtido é uma mediada absoluta da aceleração da gravidade.
Por esses motivos, há longo tempo os pêndulos estão em desuso como instrumentos
relativos e apenas algumas poucas estações ao redor do globo são mantidas para medidas
absolutas.
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Simplificadamente, esse instrumento é uma derivação dos gravímetros de mola mas
com uma geometria que os torna conceitualmente bastante diferentes dos primitivos dinamô-
metros usados até a Segunda Grande Guerra.
Um braço de massa desprezível fixado à mola e sustentando uma massa junto a esse
ponto pode oscilar livremente em torno de um pivô na sua outra extremidade.
Caixa de engrenagens
Micrômetro
Mola de
comprimento zero
y
Massa
O sistema tem período infinito pois se o braço está em equilíbrio para um determinado
valor de q, a situação se mantém para qualquer valor de q. Qualitativamente, o mecanismo
que garante o funcionamento do sistema é simples: se movermos a massa m para cima, o tor-
que da mola que atua no sentido anti-horário diminui pois o seu comprimento total é menor;
mas também ocorre diminuição no valor do torque horário devido à atuação da gravidade pois
o ângulo entre a vertical (a aceleração da gravidade, para todos os efeitos, está sendo aplicada
segundo a vertical) e o braço que sustenta a massa é menor.
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Desse modo, um efeito cancela a atuação do outro e a massa sempre se mantém em
equilíbrio.
mg
y=
k (Equação 14)
Assim, se a relação não é obtida, esse braço oscila livremente nos dois sentidos em
desequilíbrio, tocando nos batentes que limitam o seu movimento.
Para efetuar a medida, ajusta-se o valor de y até se obter o equilíbrio. De modo sim-
ples, um parafuso é girado de modo a diminuir ou aumentar a distância y.
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A acurácia obtida é menor que 1 μGal mas o equipamento é especificamente indicado
para estações fixas que monitoram as marés sólidas. Nessa faixa de precisão há também gra-
vímetros LaCoste-Romberg construídos para essa mesma utilização.
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4 Corrigindo as Medidas
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Desse modo, a medida bruta deve ser corrigida para cada um desses efeitos, exceto o
último. E resta ao intérprete relacionar o sinal corrigido com a distribuição interna de densi-
dades mais compatível com a Geologia da área.
A maior contribuição no sinal medido é dada pela atração teórica da Terra como o
corpo homogêneo em rotação descrito pelo elipsóide de referência. Ao subtrair esse valor teó-
rico (g0 obtido pela equação 11), o sinal é reduzido a apenas uma pequena parcela da gravi-
dade medida pois foi retirada a grande contribuição do campo associado à própria distribuição
‘normal’ de densidades de todo o globo terrestre (figura 9).
Observando atentamente a figura, vemos que resta somente a contribuição dos volu-
mes com densidades anômalas: a grande massa topográfica representada pela elevação no
centro do perfil e sua correspondente raiz de compensação isostática, e o pequeno corpo
rochoso mais denso à direita do perfil, dividido em duas partes, acima e abaixo da superfície
do geóide.
Usualmente, nessa fase também se corrigem os efeitos de marés sólidas (que estão
associadas às pulsações cíclicas da superfície terrestre pela atração das massas solar e lunar, a
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exemplo do que se observa com as marés propriamente ditas) e a correção de Eötvös no caso
de instrumentos de medida sobre plataformas móveis.
As marés sólidas são apenas uma parte dos efeitos da força de atração lunissolar. A
força gravitacional do Sol e da Lua causa o movimento orbital terrestre e esse é, de fato, o
principal efeito da atuação dessa força sobre a Terra. Porém, essa força também resulta em
deformações sobre a crosta e oceanos; a estas deformações denomina-se genericamente
marés. Na verdade, há uma parte da força garvitacional lunissolar que é constante sobre toda
a Terra e um pequeno resíduo que provoca as marés.
Para o caso da Lua, por exemplo, a força gravitacional total, representada pelas setas
na figura 9, atua no sentido Terra-Lua em todos os pontos e é maior naqueles mais próximos
do nosso satélite.
Figura 9 – Atuação da força gravitacional da Lua sobre a Terra. O tamanho das setas indica
o módulo desta força e suas variações; Ω representa a rotação da Terra.
A força orbital é dada pela média de todos os vetores e, em grande medida, corres-
ponde ao vetor de força agindo sobre o centro da Terra.
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longo da linha imaginária que une os dois corpos, na face voltada e também na oposta à Lua,
os vetores se dispõem radialmente para fora da Terra; nas direções transversais, as forças
atuam no sentido do centro de massa do planeta (figura 10-a).
a)
Terra Lua
w
b) +
Figura 10 – Padrão da força de maré da Lua atuante sobre a superfície da Terra em vista
lateral (a) e zenital (b).
A freqüência na qual o arranjo de forças atuante sobre esse ponto muda é, portanto,
uma função da geometria dessas massas no espaço.
Suponha que o sistema Terra-Lua tivesse a geometria da figura 11-a, com a Lua dis-
posta numa superfície que contém o equador terrestre. É fácil observar que o lado da Terra
diretamente voltado para a Lua (e o seu oposto) é deslocado para fora, formando uma eleva-
ção; concomitantemente, as outras faces estarão deprimidas; um ponto qualquer, exceto nos
pólos, vai ‘navegar’ por duas elevações e duas depressões durante o curso de um dia após
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uma rotação completa da Terra, e assim sucessivamente. Então, a freqüência da força de maré
é de 2 ciclos por dia e corresponde ao período de 12 horas ou semi-diurno.
Figura 11 – Esquema de forças de maré devidas à Lua segundo três geometrias ideais do
sistema Terra-Lua.
Com a Lua sobre o Pólo Norte (figura 11-c), qualquer ponto permanece na mesma ele-
vação ou depressão ao longo do dia, independente da rotação da Terra. Neste caso, a compo-
sição de forças não varia em função do tempo e, portanto, o período é infinito.
Inicialmente, o ponto se encontra numa elevação que está sendo atraída pela Lua; após
12 horas, ele está na posição A’ sobre a depressão correspondente; em 24 horas, ele retorna à
posição original no topo da elevação. Neste caso, o período para este ponto ⎯ ou qualquer
outro na Terra ⎯ é de 1 dia e a freqüência é de um ciclo por dia: é a variação diurna da maré.
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Esta descrição é um pouco simplificada, é claro, pois há alguma componente com período de
12 horas ou ∞ (infinito) mesmo com a Lua nesse plano a 45º.
Na realidade, a Lua não está fixa em nenhuma dessas três posições; ao contrário, ela
orbita em torno da Terra. Assim, a qualquer dado instante, conforme a real disposição geomé-
trica do sistema Terra-Lua, temos uma combinação linear de todas essas freqüências: 12
horas, 24 ou ∞.
Como a Lua se move entre ±23,5º do equador (num período mensal), a maior parte do
tempo a componente semi-diurna é mais importante. Por isso, as marés com períodos de 12
horas são as mais importantes na maioria dos lugares.
Neste ponto vale lembrar que estamos tratando de marés lunissolares e, até agora, só
nos detivemos com a primeira parte do problema. Ainda resta o efeito do Sol e o efeito conju-
gado do sistema como um todo.
Na verdade, não necessitamos retomar todo esse árduo caminho a cada estação gravi-
métrica que medimos. A base da correção está descrita em dois artigos de I.M. Longmann que
utiliza uma determinada função (denominada função de Green) para descrever a dinâmica
deste sistema e, por conseqüência, permite retirar esse efeito das medidas reais num determi-
nado tempo e localização.
De todo modo, o efeito de maré nunca excede 0,3 mGal e só tem maior impacto em
levantamentos de alta precisão; em levantamentos menos precisos, pode-se assumir que este
efeito se comporta de modo linear num período de algumas horas e sua correção é
considerada como parte da deriva do próprio instrumento de medida.
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Figura 12 – Correção de Eötvös.
Esta correção é muito importante nas medidas sobre plataformas móveis. Por exemplo,
num navio rumando para leste na altura da latitude de 45ºN a uma velocidade de apenas 1 nó,
a correção atinge 5,4 mGal, valor bastante expressivo.
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instrumento vai avançando sobre a elevação (cabe aqui recordar a equação 2 e apontar que a
aceleração gravitacional decresce segundo o quadrado da distância da superfície até o centro
de massa).
A correção de ar-livre (gfa, do inglês ‘free-air correction’) permite fazer esse ajuste do
nivelamento. O seu nome deriva do fato de que nessa correção apenas se leva em conta a
altitude (h) do ponto de medida (ou, seja, a sua distância vertical em relação ao nível do mar),
como se não existissem massas entre o observador e o nível de referência.
Essa forte correlação com as massas topográficas é um efeito pouco interessante das
anomalias de ar-livre pois há modos mais simples de descrever a topografia que levantamen-
tos gravimétricos; e, afinal, a gravidade é mais útil para fornecer informações acerca das den-
sidades no interior da Terra.
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Figura 13 – Seção crustal após a correção de ar-livre. Observar que a anomalia é
fortemente influenciada pela topografia.
Imagine que a topografia é relativamente suave e que se pode aproximar toda a massa
acima do geóide como uma placa infinita de espessura igual à altitude h do ponto de medida
(figura 14). A atração gsb dessa placa é dada por:
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Essa é a correção Bouguer simples (por isso o índice sb, do inglês ‘simple Bouguer
correction’) e a anomalia resultante é:
Entretanto, a aproximação da forma do relevo para uma simples placa infinita a cada
ponto de medida pode ser melhorada. É simples imaginar que montanhas que se erguem ao lado
do ponto de medida são simplesmente ignoradas na aproximação, e que vales abaixo do nível de
observação constituirão ‘vazios’ igualmente desconsiderados pela correção (figura 14). Em am-
bos os casos, a correção Bouguer simples tende a sobrecompensar as medidas feitas junto a
essas feições topográficas.
Para solucionar esse problema, aplica-se a correção de terreno ou topográfica (gt) que
compensa a atuação da massas topográficas ao redor do ponto de medição. Em geral, a área
em torno desse ponto é subdividida em setores de círculo (figura15) do qual se conhece a
altitude média (através de cartas topográficas ou modelos digitais de terreno) e o valor da cor-
reção corresponde à integração (ou soma) de todas essas contribuições.
Usualmente, essa correção é mais usada por geodesistas que por geofísicos. Exceto
nos casos de relevos mais perturbados, a correção de terreno representa apenas uma pequena
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parcela da anomalia Bouguer e acaba tendo pouca influência na interpretação de feições geo-
lógicas; daí ser mais comum a utilização da anomalia Bouguer simples nos estudos geofísicos.
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Por esse comportamento, as anomalias Bouguer apresentam tipicamente uma forte cor-
relação negativa com as componentes de longo comprimento de onda da topografia. A corre-
ção apenas contempla a retirada dos efeitos diretos da topografia mas não os das raízes de
baixa densidade que suportam isostaticamente os relevos elevados. Por razões similares, as
anomalias Bouguer são negativas sobre os continentes e positivas nas bacias oceânicas devido
à diferença de espessura crustal entre os dois ambientes.
É interessante também observar que, nesse caso, a diferença entre a anomalia Bouguer
completa e a simples é relativamente pequena.
Finalmente: e no caso de calcularmos a anomalia Bouguer sobre áreas oceânicas?
Nesse caso, a medida é feita diretamente navegando-se sobre o geóide e não há neces-
sidade de correção de ar-livre.
Mas, entre o geóide e o fundo do mar existe água; e como todos sabem a água é menos
densa que as rochas crustais. Se não corrigirmos as medidas para a topografia de fundo e o
déficit de massa representado pela lâmina d’água, haverá uma clara descontinuidade entre as
anomalias na interface continente-oceano ao longo da linha de costa; as medidas de
aceleração serão sistematicamente menores sobre a água em comparação com aquelas obtidas
na área emersa adjacente.
Assim, para uma dada profundidade H e a densidade rw da água do mar, a correção
Bouguer simples será:
g sb _ mar = 2πG ( ρ − ρ w ) (Equação 22)
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Exercício 5
Exercício 6
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Bibliografia recomendada
Para posterior consulta e para aprofundar os pontos expostos nessa apostila, foram
selecionados algumas publicações.
Inicialmente, as notas de aula de John Wahr (Wahr, J. – 1996, Geodesy and Gravity,
Samizdat Press, 294 p., disponível em arquivo PostScript em http://landau.mines.edu/~samizdat)
fornecem uma boa base teórica sobre o potencial gravitacional, instrumentos de medida e
aplicações em Geodésia, Geofísica e Geologia. O tratamento matemático formal é bastante
adequado mas o autor não descuida dos exemplos qualitativos, simplificando a leitura para
aqueles menos afeitos às notações do cálculo.
Para o ítem específico das correções de maré sólida, os artigos clássicos de Longman
em que o autor discute a teoria e a aplicação de uma função de Green para realizar estas
tarefas (Longman, I. M. – 1962 , A Green’s function for determining the deformation of
Earth and the surface mass loads, 1, Theory, Journal of Geophysical Research, 67: 845-850; e
idem, 2, Computation and Numerical Results, Journal of Geophysical Research, 68: 485-496).
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