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Pérola 79.

A MORADA SUPREMA (versos 5 a 8)

5. Aqueles que estão livres do falso prestígio, da ilusão e da falsa


associação, que compreendem o eterno, que se enfastiaram da
luxúria material, que estão livres das dualidades manifestas sob a
forma de felicidade e sofrimento, e que com toda a lucidez sabem
como se render à Pessoa Suprema alcançam este reino eterno. 6.
Essa Minha morada suprema não é iluminada pelo Sol ou pela Lua,
nem pelo fogo ou pela eletricidade. Aqueles que a alcançam jamais
retornam a este mundo material.

Nos versos anteriores o Senhor Krishna recomenda que devemos


desenvolver interesse em buscar a morada eterna suprema e render-
se à Suprema Personalidade de Deus. Agora, portanto, Ele passa a
explicar como se efetua o processo de rendição. Primeiramente, o
Senhor afirma que temos que nos livrar das garras da ilusão. Na
verdade, este tema é o ponto central do Bhagavad-gita. Como já foi
explicado, as entidades vivas são partes integrantes do Senhor e,
dessa maneira, são consideradas Suas energias divinas. Porém, ao
desejarem dominar a natureza material, elas ficam sob as garras da
energia material ilusória e não conseguem superar sua influência. É
preciso, portanto, aceitar o serviço devocional e, desse modo, atrair a
misericórdia do Senhor, que é o único que pode conceder a liberação
à alma condicionada. A aceitação do serviço devocional só se torna
possível para uma pessoa que, devido a inteligência, tenha se
tornado verdadeiramente humilde e tenha se livrado do orgulho
absurdo de se julgar o Senhor da natureza material. Antes disso, não
há como se iniciar no processo de rendição.

Como foi explicado no Capítulo Sete, o necessitado, o aflito, o


inteligente e o curioso que executaram atividades piedosas se voltam
para a adoração do Senhor. De modo geral, quando as dificuldades
surgem nas vidas dessas pessoas piedosas, eles não encontram outra
alternativa além de buscar abrigo no serviço devocional do Senhor.
Entretanto, aqueles que estão acumulando ações impiedosas não
podem se aproximar do Supremo. Ao contrário disso, tais pessoas
impiedosas permanecem associadas com as atividades falsas da
energia ilusória material e nunca se rendem ao Senhor. Na verdade,
a menos que a pessoa tenha a misericórdia do Senhor, ela não
poderá admitir e entender que este mundo material é um lugar
perigoso, cheio de calamidades. O sintoma de uma pessoa
verdadeiramente inteligente é que ela desiste de fazer planos para
ajustar-se permanentemente a essas calamidades materiais. Ao
mesmo tempo, tal pessoa compreende que enquanto estiver neste
mundo terá que se deparar com os inevitáveis infortúnios, os quais
são considerados como estímulos positivos para o progresso na
compreensão espiritual. Compreendendo sua posição como alma
espiritual eterna, a pessoa deve manter-se transcendental às
aparentes calamidades materiais, as quais são comparadas a um
pesadelo. Num sonho, por exemplo, o homem pode ter a sensação
que um tigre o está engolindo. Certamente, ele sofrerá com isto.
Porém, assim como este ‘tigre’, o sofrimento material é ilusório, pois
trata-se unicamente de um pesadelo. Já que são ilusórias, as
calamidades desse mundo só poderão afetar a pessoa que não
compreendeu a natureza ilusória deste mundo material. Aquele que
não se rende ao Senhor, portanto, não pode compreender a
verdadeira essência deste mundo. Deste modo, ao invés de dedicar
sua vida ao Senhor, uma pessoa tola prefere buscar sua felicidade
neste mundo cheio de perigos. Ela não têm informação da morada do
Senhor, a qual é eterna e plenamente bem aventurada, sendo livre
de qualquer vestígio de calamidades.

Este mundo material é comparado a um oceano turbulento, o qual


deve ser cruzado o mais rápido possível. A conclusão é que, enquanto
estivermos neste oceano, sempre estaremos numa posição perigosa,
à mercê das ondas violentas. Mesmo que estejamos num grande e
resistente barco, a qualquer momento poderá surgir um imprevisto e
teremos que nos deparar com as situações mais adversas. Por isso, a
nossa única preocupação deveria ser como atravessar o mais rápido
possível este oceano de perigos. O Srimad-Bhagavatam explica que
quem se refugia no Senhor está aceitando o barco mais adequado
para cruzar o oceano da ignorância. Se uma pessoa aceita o abrigo
dos pés de lótus do Senhor, ela poderá cruzar o oceano de existência
material, assim como pode-se saltar facilmente as águas que ficam
acumuladas nas covas criadas pelas pegadas de um bezerro. O
destino final deve ser permanecer com o Senhor em Sua residência,
que nada tem a ver com o lugar onde existe perigo à cada passo. Já
que, enquanto estivermos neste mundo não poderemos evitar suas
adversidades, devemos, então, com ou sem elas, cantar Hare Krishna
e dedicar-nos ao desenvolvimento de nossa consciência de Krishna
para retornarmos ao mundo espiritual, onde tudo é iluminado pela
potência interna do Senhor.

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