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Ja
Gangs
atacam
S. Nicolau
ilha abandonada
aponta Bai-bai
Mar de
Cabo Verde
o rumo
Em grande entrevista, o candidato a Primeiro
na alma de
Ana Fernandes
editorial
com os pontos nos iii
e contumaz
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
A
hora é de unir o campo democrático para o triunfo de
linhas gerais da plataforma eleitoral do PAICV; ou
Cabo Verde e da Democracia nas legislativas de
também no dia 9, em que o líder do PAICV esteve em
direto no Facebook, numa conversa na rede social.
Fevereiro. Este é, no momento, o grande (e único)
Aliás, não é só JMN que infringe as regras do chama- objetivo, que é desígnio nacional, que merece a especial atenção
do Estado Democrático: o “pecado” da propaganda a das forças democráticas. Tudo quanto as distraia deste foco, tudo
todo o preço, e com recurso aos mais variados meios, quanto, em vez de servir a unidade, contribua para suscitar
alarga-se ao próprio governo e organismos públicos, divisões no campo democrático, apenas beneficia o adversário.
A
presença, segunda feira passada, na inaugu- a quem é vedada qualquer tipo de publicidade co- Isto é óbvio. Por isso, e com razão, se afirmou que a “questão
ração de uma universidade no Mindelo e mercial. Uma evidência que mereceu, aliás, repri- presidencial” (a escolha de um candidato do campo democrático
lançamento da primeira pedra do respetivo menda da presidente da Comissão Nacional de para as eleições presidenciais) deveria ser (e é) matéria fora da
Campus universitário, é uma das muitas ilegalidades Eleições que, em carta dirigida a JMN, datada de 10
agenda imediata: há tempo para, depois das legislativas, debater
em que José Maria Neves tem incorrido nos últimos Dezembro último, solicitou que o executivo remova
dias, no frenesim propagandístico pré-eleitoral de a propaganda política em suporte de publicidade
- sem preconceitos de nenhuma ordem - qual a individualidade
que governo e PAICV têm dado mostras. Mais grave comercial e que se encontra afixada em vários locais melhor posicionada e que ofereça melhores garantias para a
que isso, é que se for levada à letra a penalização pelo de Cabo Verde. Com efeito, agindo como se gover- estabilidade do País e para a dignidade da Máxima Função
ato cometido, JMN arrisca-se a pena de prisão de nasse uma qualquer “República das Bananas” - e política no nosso Estado. Haverá tempo e mais que tempo.
dois anos. É o que preceitua o art.º 97 do Código com desrespeito do que preceitua a Lei do Código Por isto criticámos a assumpção pública de Jorge Carlos
Eleitoral, respeitante à neutralidade e imparcialidade Eleitoral, que também impede a propaganda comer- Fonseca como candidato presidencial. Por isto, de igual
que os titulares, funcionários e agentes dos órgãos do cial em qualquer meio ou suporte a partir da data da criticamos que Amílcar Spencer Lopes tenha corrido atrás do
Estado devem manter face às restantes candidaturas marcação das eleições (ou seja, desde o dia 23 de prejuízo e imitado Zona no erro. Na nossa opinião (e não
nos 60 dias antecedentes às eleições de 6 de Fe- Novembro, data da publicação do decreto presiden-
estamos sós), um e outro teimaram em colocar o carro à frente
vereiro. Aliás, no mesmo âmbito, apesar de a lei tam- cial em que foram agendadas as eleições legislativas)
bém não permitir tais atos neste período, JMN tem-se - o governo mantém muitos dos outdoors propa-
dos bois e, desse modo, cometeram erro tático. Somos capazes
revelado relapso e contumaz em infringir a lei. É vê- gandísticos à sua (des)governação, bem visíveis, por de perceber que Fonseca se sentisse incomodado por não ter
lo, pretensamente efusivo com a massa populacional, exemplo, em alguns locais mais movimentados da ecos à sua pré-disposição para eventualmente afirmar uma
à cata de migalhas eleitorais, a multiplicar-se, às Praia, como é o caso da Achada de Santo António, candidatura sua. Somos capazes de compreender que Spencer,
vezes de forma ridícula, em cerimónias diárias de onde continua instalado (pelo menos, no dia em que aspirando ao mesmo, se tenha sentido incomodado com o
inaugurações e lançamentos de primeiras pedras, escrevemos este artigo - terça-feira passada) um car- avanço de Zona. Mas, quanto a nós, um e outro, com a sua
sempre trazendo a tiracolo a TV e a Rádio públicas – taz panegírico ao grande feito de levar a energia pressa, com a sua recusa em ponderar o que realmente, no
órgãos subsidiados pelos contribuintes -, também elétrica a 95 por cento dos lares cabo-verdianos. Se momento atual, está em jogo, prestam um mau serviço à
eles violadores da lei de isenção e distanciamento a não fossem os apagões, até poderia ser verdade...
democracia. Um e outro, sendo políticos experientes, deveriam
que são obrigados face às diversas candidaturas. A CNE tem agora a batata quente nas mãos de pôr
cobro ao desaforo, mandando retirar a propaganda
(devem) ter sagacidade para não sobrepor os seus desejos
As provas do crime afixada e instaurando o competente processo judicial. pessoais aos interesses do País. Cometendo esse erro, criam
Para além desta presença no Mindelo, o Já registou Terá coragem para o fazer? handicaps para as eventuais candidaturas, quando disso chegar o
algumas das iniciativas em que JMN participou nos tempo.
últimos dias - as quais devem merecer a atenção da Nada temos contra, nada temos a favor de Zona ou de Spencer.
CNE. Há registos áudio e vídeo desses atos: basta Por um e outro até temos simpatias. Nada teremos a favor ou
consultar o site oficial do PAICV, onde consta a par- contra qualquer outro nome que, neste momento, ainda possa
ticipação de JMN, no dia 11 na Conferência Nacional surgir a anunciar-se como pré-candidato. Não vemos, todavia,
do partido, na qual, e citando o que está escrito no
que vantagem possa advir para o campo democrático em
site: “o Primeiro Ministro enumerou os muitos
ganhos alcançados e exortou os cabo-verdianos para
pretender-se imitar o perverso jogo de adagas a que se assiste no
Este outdoor de propaganda ao governo viola a lei eleitoral campo adverso.
no dia 6 de Fevereiro votarem no PAICV para que
A memória recorda que foram as divisões havidas no passado
que entregaram o Poder aos inimigos da Democracia. E lembra
Anuncie Já
que foi um caminho sinuoso, difícil e árduo de percorrer aquele
que levou à recomposição da unidade democrática, não estando
ainda de todo apagadas as cicatrizes.
Insegurança
prejudica negócio Processos
disciplinares
das casas de diversão noturna castigam
A noite mindelense já não seduz por causa da violência e do vandalismo. Muitos já não arriscam
sair de casa “porque não se sabe onde e quando os caço-budistas atacam ou os gangs atuam”
grevistas
Processos sem acusação
formulada: uma inovação da
Cabo Verde Telecom, cuja
administração não tem
emenda nem soneto
A
pesar de alguns insistirem em “noitada” termina, mete-se num táxi e O proprietário de um bar é por este se situar na minha residên- terem participado na greve, pode
fazer crer que “a situação não vai para casa. cia, e porque eu e a minha filha traba- inferir-se que esse processo tem
é tão grave”, a verdade é que, No centro da cidade de Mindelo, as na Praça Nova esclarece: lhamos por conta própria. Porque, conexão com o exercício do direito à
em S. Vicente, as pessoas “sentem-se casas de diversão noturnas sofrem com “as pessoas já não andam senão, as portas já estavam fechadas, greve.
inseguras e têm medo”. Numa terra os procedimentos de segurança dos de bar em bar. Agora, visto que, o movimento noturno Já contatou Carlos Lopes, dirigente da
pequena, mesmo que a Comunicação mindelenses. O proprietário de um bar baixou consideravelmente e somos Sindicato da Indústria, Transportes,
Social não diga nada, todos sabem das na Praça Nova esclarece-nos: “as pes-
escolhem um lugar que obrigados a fechar o bar às 22h30 por Turismo e Hotelaria (SITTHUR) que
histórias de assaltos, roubos e da ação soas já não andam de bar em bar como considerem seguro e ali falta de clientes”. nos disse ter conhecimento que esses
dos gangs. E o medo instala-se. Com acontecia antes. Agora, escolhem um ficam até a noite Maira Santos, moradora em trabalhadores foram notificados pela
exagero ou não: os cidadãos minde- lugar que considerem seguro e ali Ribeirinha, trabalha na Lanchonete empresa, mas pouco ou nada pôde
terminar. Isso acaba por
lenses “sentem-se inseguros e isso ficam até a noite terminar. E isso acaba “Calypso” e sente que a falta de segu- acrescentar, pois ainda não se conhece
afeta o seu comportamento e leva-os a por afetar o negócio”. Para além deste afetar o negócio”. Diz que rança nas zonas periféricas de São a matéria da acusação. Carlos Lopes
criar mecanismos de defesa”. facto, diz que “há menos pessoas com “há menos pessoas com Vicente também afetou o negócio e a diz que se pode deduzir que esse
Existem, todavia, os que continuam a poder de compra na noite mindelense. poder de compra na noite sua vida. “Trabalho no ‘Calypso’ há “expediente” terá algo a ver com a
lutar contra o medo e, pelo menos no E os que saem, trazem pouco dinhei- mais de três anos e nunca vi esta lan- questão da greve. “Temos assessoria
fim-de-semana à noite, não ficam em ro”. Por isso, este gerente não tem mindelense. E os que chonete render tão pouco dinheiro jurídica, e caso haja matéria para a
casa. Mas passaram a tomar algumas dúvidas de que o “clima de insegu- saem trazem pouco como nos últimos 10 meses. Quando nossa intervenção, estaremos ao lado
precauções. Por exemplo, Sandra fala- rança está a prejudicar o negócio das dinheiro”. Não tem cheguei, havia dias em que tínhamos da causa justa, a causa dos trabalhado-
-nos das suas medidas: “comprei um casas de diversão noturna, já afetadas que procurar ajuda porque o número res. Estivemos juntos, e juntos vamos
pela crise financeira”.
dúvidas de que o “clima de clientes era exorbitante e não con- continuar. Os trabalhadores estão
telemóvel barato só para sair a noite.
Levo uma carteirinha onde coloco de insegurança prejudica o seguíamos dar vazão aos pedidos. coesos e solidários, e o nosso sindicato
quinhentos ou mil escudos. E num Na periferia: falta de negócio, já afetadas pela Agora, não temos mais de 15 clientes está vigilante sobre qualquer medida
bolso coloco 200 escudos para o táxi”. clientes crise financeira” por noite, porque estes consideram a de retaliação”.
Mas, por que arriscar com dinheiro e Conversamos com proprietários e área perigosa, na medida em que assis- Lopes recorda que o sindicato deu
telemóvel? Sandra explica: “dizem empregados de bares e discotecas timos a vários assaltos nesta rua. A cobertura às greves realizadas nos dias
que se os caço-budistas te encontrarem situados na periferia da cidade. Muitos o espaço enchia-se de pessoas - por minha vida foi afetada pela insegu- 2 e 3 de Setembro e voltou a fazer o
sem nada, dão-te porrada. Por isso não são de opinião de que o negócio foi vezes, grupos de amigos, pais e filhos rança que vivemos em São Vicente. mesmo na greve de 2 e 3 de No-
arrisco”. afetado pela onda de caço-body e - e tínhamos um bom ambiente no bar Sem clientes, baixaram o meu salário e vembro. O sindicalista afirma que a
São estas e outras histórias verídicas pelos conflitos entre gangs. onde ficávamos até altas horas da o nosso patrão teve que fazer alguns Cabo Verde Telecom já violou um con-
que criaram o medo: “os assaltantes Bibia, proprietária do Bar “Bibia”, na madrugada. Neste momento, a insegu- despedimentos”. junto de disposições legais e que nem
são violentos e não se limitam a Ribeira Bote, afirma que “o movimen- rança é tanta que os clientes preferem O clima de insegurança que afeta a o SITTHUR, nem os trabalhadores
roubar; agridem”. Sandra passou a to de clientes, na parte noturna, foi afe- comprar os seus produtos e juntar-se cidade do Mindelo tem consequências. vão dar tréguas enquanto a administra-
andar só em grupo e a escolher melhor tado pelo caço-body e pelas brigas que com os amigos em casa. No meu caso, Já se sabia. Só que as autoridades ção não reconhecer os seus erros e
os locais que frequenta. E quando a acontecem nesta área. Noutros tempos, a única razão para manter o bar aberto insistem em negar a evidência. arrepiar caminho.
4 • Já • Sexta-feira 17 Dezembro 2010
D
eputado eleito por S. Nicolau, quem acusa de adjudicar obras por via responsabilidades: é o caso do o sanea-
Nelson Brito clama das autori- direta, sem concurso público, prejudi- mento, onde não há intervenção alguma,
dades que avaliem as dificul- cando empresas de construção que ope- excetuando a “ideia” de espalhar va-
dades que a ilha vive. Segundo ele, o ram na ilha. Diz que o presidente da zadouros municipais pela Cidade do
governo abandonou-a à sua sorte e as Câmara vendeu a antiga instalação, co- Tarrafal. Ademais, o edil tarrafalense
duas Câmaras (do PAICV) fazem-se nhecida por Coima, sem concurso pú- mandou construir uma pocilga em Al-
dele meras caixas de ressonância. blico e sem aval da Assembleia Munici- godoeiro, zona de aquífero, onde dejetos
Quanto às ligações marítimas, o deputado pal. Segundo o deputado, ali funciona- de animais podem infiltrar-se e entrar no
considera absurdo S. Nicolau não ter linha vam oficinas e, com a venda desse circuito da água.
estabelecida com o Sal, principal mercado espaço, os que ali operavam tiveram de O governo não é poupado por Brito: es-
da ilha do Chiquinho. “Os agricultores e procurar outro poiso. tá há quatro anos a reabilitar a estrada
pescadores não têm como escoar para lá As acusações de Brito prosseguem: de Praia Branca a Ribeira Prata e não a
os seus produtos. Nos anos 90, Sal era o aponta baterias ao edil do Tarrafal. An- conclui. “Os trabalhos estão suspensos,
seu principal mercado, e continua sendo, tónio Soares alugou uma casa em S. Vi- a empresa não cumpria cabalmente as
mas não há transporte”. Na década de 90, cente para albergar estudantes do con- cláusulas do acordo e o governo man-
havia linha marítima a ligar as duas ilhas celho, mas ela só serve para albergar fi- dou suspender a obra. A CARLOSINA,
e o negócio funcionava. lhos de vereadores, do Presidente e de- que estava a executar os trabalhos, era
Quanto a ligações aéreas, há agora três mais camaradas. Os estudantes verda- apoiante do Presidente da Comissão
voos semanais, mas constantemente deiramente carenciados não são ali Instaladora, mas as coisas deram para o
cancelados. “Para um sanicolaense che- acolhidos - a casa não recebe os que não torto”. Outras estradas estão afetadas,
gar à Praia tem de fazer rota pelo arqui- dispõem de meios para estudar. porque há pressa em fazer sem se olhar
pélago, não há voos diretos”. Brito diz que Soares está obcecado com à qualidade e nem se faz correção tor-
Nelson Brito aponta o dedo ao edil da obras da responsabilidade do governo, rencial a fim de precaver situações que
Ribeira Brava, Américo Nascimento, a em vez de se ocupar das suas próprias ponham em risco essas infra-estruturas.
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Já • Sexta-feira 17 Dezembro 2010 • 5
sem perdão
Governo já quer reprivatizar a Electra Terror nas ruas de Mindelo
Gangs atacam
Neves Covada de Bruxa
não assume
apagões
Pareceu um filme de terror. Marginais de Bela Vista,
Fernando Pó e Ribeira Craquinha juntaram-se e atacaram
Covada de Bruxa, em Mindelo. Houve feridos e um jovem
foi esfaqueado. Dos relatórios policiais nada consta
J
osé Maria Neves preferiu sacudir falta de investimentos e de política Electra a um conjunto de investimentos
cos do Mindelo, atacaram mo- hora, os gangs foram donos e sen-
o capote e tentar responsabilizar energética porque “não era prioridade” que não foram feitos ao longo dos anos.
radores e jovens da zona de hores da Belavista. Um polícia que
a Câmara Municipal da Praia e adianta a hipótese de privatizar a em- ”É o momento de o governo assumir a
Covada de Bruxa. Usaram pedras, mora na zona tentou reagir, dis-
pela situação energética no País, depois presa… de novo, depois de a ter nacio- sua responsabilidade e dar aos cabo-
chaves de fenda, facas e garrafas. parou tiros para o ar e foi agredido
de ouvir Ulisses Correia e Silva exigir nalizado há três anos, com o argumen- verdianos uma explicação”, disse Ulis-
Elvis Neves, 25 com garrafas, e teve
explicações sobre a constante es- to de que há “fortes interesses priva- ses Correia e Silva, acrescentando que
anos, foi esfaquea- se refugiar na casa
curidão na capital que tem provocado dos” na empresa cabo-verdiana de os investimentos feitos na energia reno-
do e houve vários “Eles chegaram a de um amigo”.
avultados prejuízos no comércio, em- energia e água, sem di- vável não chegam para
feridos. Os factos minha casa e quiseram Outra testemunha
presas e a indignação dos munícipes. zer quem são os inte- resolver o problema.
não constaram do relata: “havia ra-
“O Presidente da Câmara da Praia de- ressados. Apenas isso: "É mais o governo, e arrombar porta, pazes da Bela Vista,
relatório policial.
veria explicar aos praienses o montante “os capitais da empresa nem tanto a Electra,
Testemunhas ocu- dizendo que vinham Ribeira Craquinha
da dívida que, neste momento, o Muni- vêm de alguns países quem deve dar resposta
lares descrevem o da Covada para matar e Fernando Pó - do
cípio tem para com a Electra”, disse europeus e africanos”. tranquilizadora aos mu-
Neves, ao seu estilo, escondendo que o Para a resolução do nícipes e aos cabo-ver-
esfaqueamento de o meu filho porque terraço reconheci
Elvis: “No sábado, vários - e todos es-
seu governo já deu ordens ao Tesouro problema da rede de dianos, nesta quadra este estava na lista. tavam trajados de
houve uma ativida-
para pagar diretamente à Enacol o com- distribuição elétrica são ”É o momento do governo festiva", acrescentou
de cultural realizada Pessoas que estavam preto e sem lenços
bustível que essa empresa petrolífera precisos “avultadíssi- assumir a sua Ulisses Correia e Silva,
pela UCID. Por vol- nas ruas foram na cara. Há cerca de
fornece à Electra, pelo menos até às mos” recursos para a responsabilidade e dar aos incomodado com os
eleições. Tendo o primeiro-ministro sua renovação, reco-
cabo-verdianos uma
“apagões” na Praia.
ta das 23 horas, fui
à varanda da minha
agredidas. Por mais de uma semana, no pá-
tio da escola Ar-
dados que apontam para o desconten- nhece Neves. “Espero Entretanto, em declara- uma hora, os gangs naldo Medina (Bela
concluir as negociações explicação”, disse Ulisses ções à Sapo CV, o dire-
casa e vi rapazes a
tamento generalizado das populações
da Praia, S. Domingos e Ribeira Gran- ainda nesta legislatura, Correia e Silva, tor de Distribuição para
correrem por estas foram donos e Vista), houve rixa
acrescentando que os ladeiras. De repen- senhores da Belavista.” entre amigos nos-
de de Santiago (as três regiões a sul da para que possamos ter a Zona Norte da Elec-
investimentos feitos na te, vi um grupo com sos e elementos do
ilha de Santiago irão ter 19 deputados recursos necessários tra, José de Pina, justifi-
mais de 20 elemen- Black Enemy. E es-
na próxima legislatura), que o podem para investir em redes energia renovável não cou os apagões com a
tos a fazer rastejar um rapaz. Os tes, coligados com os de Fernando
penalizar nas urnas, a 6 de Fevereiro. de distribuição mais chegam para resolver o montagem e testes efe-
agressores chutavam-no e ele gri- Pó e Ribeira Craquinha, resolver-
José Maria Neves evitou também falar modernas e capazes de problema tuados na central back-
tava pela mãe… até que vi um am atacar em bloco com o objetivo
em “boicote” para se insurgir contra os permitir, por exemplo, up que ficou concluída
deles tirar uma faca e espetá-la no de matar aqueles rapazes. E houve
recentes apagões, depois de ouvir a às famílias, a possibilidade de produzir nos últimos dias. O mesmo responsável
rapaz” várias pessoas que foram agredi-
Electra fazer mea culpa. Antes optou energia solar ou eólica para o seu pró- não garantiu aos praienses que a situa-
Roberto Tavares viveu de perto o das por estarem ao telefone,
por chamar à capital toda a administra- prio consumo”, sublinhou o primeiro- ção se vá normalizar, tudo dependendo
tumulto. E conta: “O meu filho era porque os marginais pensaram que
ção da empresa para um valente “pu- ministro, defendendo que será possível da reparação de um grupo que devia
um dos que esse grupo procurava. estavam a chamar a polícia; ou
xão de orelhas” por não acatar a ordem vender o excedente produzido a nível ficar concluído na segunda-feira. Pina
Mais de 200 jovens chegaram e foram agredidas porque correram,
dada: “cortes de energia na Praia, só familiar à rede pública. revelou que a Electra vai contar,
acabaram com a atividade. Eles ou por terem feito um simples co-
depois das eleições” terá ditado. No início desta semana, o autarca da durante a quadra festiva, com mais
subiram pela ladeira e atiraram pe- mentário. Sinceramente parecia
O chefe do executivo justifica os apa- Praia não teve dúvidas em ligar a in- cinco megawatts do backup do parque
dras e garrafas. As visadas foram um filme de terror”.
gões com problemas técnicos e não por sólita situação de falência técnica da solar.
6 • Já • Sexta-feira 17 Dezembro 2010
grande reportagem
A nova geração não gosta dos políticos e defende outras políticas. É explorada no trabalho, mas conhece os seus
direitos. Acha que o compadrio está à solta, mas não perde oportunidade para ter vez e voz no futuro do País
(im) provavelm
António Alte Pinho e Carla Fernandes (texto) | José Ramos e CF (fotos)
Liberdade, mas pouco…
A democracia foi conquistada há vinte
bém é evidente. Uma geração mais
culta, insubmissa e com ideias próprias,
implicaria menos pobreza”.
Para Heloísa, “os políticos, tanto da
anos no arquipélago, mas a liberdade filhos da democracia à procura do seu oposição como do governo, estão no
er jovem em Cabo Verde não é estudos), se vejam tantos jovens de de expressão ainda é limitada: temos Ser cidadão… parlamento somente para ocuparem
grande entrevista
A pensar nas pessoas
Carlos Veiga
aponta
m o rumoEm extensa e importante entrevista
ao Já, Carlos Veiga, candidato a
próximo Primeiro Ministro, passa em
revista aspetos nucleares do
programa governativo que apresenta
ao eleitorado – o seu Manifesto
Eleitoral “A pensar nas pessoas” é
divulgado no próximo domingo, em
sessão pública, na Assembleia
Nacional. Nesta entrevista, Veiga,
além de enunciar as principais linhas
do seu Programa, indica também
como ele será concretizado
I
destacável
grande entrevista
Carlos Veiga enquanto espaços de desenvolvimento, cerca de 800 mil contos em IUR, con-
obrigando-nos a avançar para as autarquias tribuições ao INPS e outros impostos.
supramunicipais e para a regionalização. Convenhamos que são valores interes-
Mas também, o fator humano qualificado, santes para a nossa economia, apesar de o
culto e motivado, a produção científica e Governo do PAICV não ter feito nada que
tecnológica organizada, o acesso rápido, permitisse que os diversos setores da
fácil e a preços acessíveis, ao mundo economia, nomeadamente nas ilhas agríco-
através de telecomunicações, de sistemas las, estivessem a utilizar os hotéis como
de informação e comunicação e de trans- clientes de seus negócios.
portes. São decisões que exigem liderança,
determinação e convicção. Voltando à meta da redução do desem-
Em termos setoriais, a grande aposta de prego de um terço, durante a legislatura…
Cabo Verde e do meu Governo vai ser o Vamos criar condições para a criação de,
turismo. Basta falar com qualquer promo- pelo menos, 25 000 novos postos de traba-
tor dos grandes projetos de turismo em lho. O que está ao nosso alcance, com o
Cabo Verde para ouvir deles que os postos novo modelo de desenvolvimento que
de trabalho se medem em centenas e, em propomos ao eleitorado cabo-verdiano. E
alguns casos, em milhares. Dou-lhe o que, note, não se limita a promover apenas
exemplo de um grupo hoteleiro a operar em o turismo, que será o motor da economia, e
Cabo Verde (que foi trazido para cá pelo a indústria ligeira, como também setores
Governo do MpD), o grupo Riu, com três tão importantes como a agricultura, as
hotéis, um no Sal e outro na Boavista, num pescas, os transportes, os serviços, e novos
total de 1 820 quartos, e que emprega 800 setores económicos, tais como os serviços
trabalhadores. internacionais de saúde e a cultura.
Acresce que, além da criação do emprego
Diz-se que os grandes hotéis pouca para reduzir o desemprego, durante a legis-
riqueza deixam em Cabo Verde… latura, a pensar nos jovens e para lhes faci-
Corrijo-o, se me permite: “dizem alguns litar a abordagem do mercado do trabalho,
setores ligados ao PAICV”, que são contra vamos adotar um conjunto de políticas que
o investimento direto externo e criaram conduzam à criação, por ano, de 20.000
essa ideia na sociedade cabo-verdiana. O estágios profissionais e 5.000 para licencia-
que lhe digo é que o Governo do PAICV dos. É claro que este esforço de criação de
não foi capaz de adotar as medidas e políti- emprego produtivo significa crescimento
cas que permitissem que o conjunto da da riqueza nacional. Multiplicando por dois
economia nacional tirasse todos os benefí- a taxa de crescimento da riqueza nacional,
cios do investimento externo. Coisa que o como dizemos.
Governo do MpD irá fazer. Se é possível criar condições para que sur-
Voltando ao exemplo dos hotéis da Riu/ jam os tais 25 000 postos de trabalho em
Funaná, apesar dos erros e das omissões Cabo Verde, durante a próxima legislatura?
A grande bandeira que o seu partido lugar importante em Cabo Verde e o meu deste Governo relativamente ao empre- Sim. É possível. Dei-lhe o exemplo da
apresenta ao eleitorado cabo-verdiano Governo irá promovê-la. Com novas áreas endimento, veja o que tem estado a aconte- indústria ligeira, dou-lhe outro exemplo,
é, cito, “acelerar o crescimento da rique- de produção, seguramente. cer: em finais da década de 90, a estratégia retirado da má administração do PAICV,
za nacional e reduzir de pelo menos um O crescimento económico exige a escolha do Governo do MpD de atração dos que foi um governo de oportunidades per-
terço a atual taxa de desemprego exis- de parceiros internacionais a privilegiar, maiores grupos hoteleiros do mundo para didas.
tente no País, com acentuada dimi- nas relações comerciais, de investimento, investirem em Cabo Verde começou a dar Vale a pena voltar ao passado recente. Ao
nuição do desemprego jovem, no decur- de troca de conhecimento e de tecnologia, frutos. O grupo RIU, um dos cinco maiores ano de 2007. Nessa altura, havia um poten-
so dos próximos cinco anos”. É realista? sendo que a afirmação do papel de Cabo grupos hoteleiros do mundo, com presença cial de investimento acumulado para Cabo
Como irá fazê-lo? Verde no continente africano é cada vez nos cinco continentes, iniciou negociações Verde, até 2010, da ordem dos 4 biliões de
É realista e obedeceu a estudos feitos por mais decisivo para a sua utilidade no com o Governo com vistas à construção de Euros. Este era o potencial mínimo da
uma equipa constituída por economistas mundo. Centro de serviços internacionais, um grande hotel no Sal. Esta estratégia altura. Estes foram os dados oficiais, anun-
qualificados. Se é possível? Sim. Entre nomeadamente na área financeira, indústria procurava aumentar a visibilidade do nosso ciados pela Cabo Verde Investimentos, ou
1991 e 2000 criámos 52 mil postos de tra- ligeira, energia e ambiente, turismo e turis- destino turístico e credibilizar Cabo Verde seja, pelo Governo do PAICV. Todos nos
balho, ou seja: uma média de cerca de 5 mil mo residencial, ciência e indústria da como país de negócios internacionais. lembramos disso. Deste potencial manifes-
empregos anuais, porque a economia saúde, tecnologias de informação e comu- Em Setembro de 2000, o grupo RIU com- tado, esse Governo conseguiu captar ape-
cresceu de forma acelerada e sustentada, nicação e zonas francas comerciais - são prou um lote de terreno à Cabocan, onde nas 540 milhões de euros, ou seja, 14% do
particularmente na segunda metade. pilares que podem estruturar a economia seria construído o Hotel Riu Funaná, com total. Um mundo de oportunidades perdi-
Estamos convencidos que, com o novo cabo-verdiana. O futuro de Cabo Verde 1072 quartos, a que se seguiria outra das para Cabo Verde. O número de empre-
modelo de crescimento económico que obriga a fazer escolhas e a estabelecer prio- unidade, na Boavista, com 750 quartos. gos acumulados previstos era de 12 000 e
propomos, a economia pode retomar o rit- ridades de modelo económico mais flexível Estava previsto que o primeiro hotel come- este governo só criou 4 000. Cerca de 30%.
mo de crescimento que favoreça a criação e mais diversificado e a privilegiar a econo- çaria a receber hóspedes em 2003. Con- O investimento potencial no setor do turis-
de emprego. Dou-lhe um exemplo: entre mia de serviços, e toda a cadeia de valor a tudo, com a tomada de posse do Governo mo permitia criar cerca de 20 000 quartos e
1994 e 2000 foram autorizadas, pelas au- ela ligada, nos domínios da pesca, agricul- do PAICV, os atrasos começaram, essen- este Governo apenas criou 6 372, qualquer
toridades competentes, 63 empresas indus- tura, serviços financeiros, indústria cultu- cialmente devidos a erros e omissões do coisa como 31%. A taxa de crescimento do
triais, num montante de investimento de 87 ral, pecuária, tecnologias de informação e mesmo. Em 2005 entrou em funcionamen- PIB real, em 2009, que foi de 3%, deveria
milhões de dólares americanos, que se de comunicação e transportes, numa lógica to o primeiro hotel e, desde então, os dois ascender a 12%, caso o Governo do PAICV
comprometiam a criar mais de 7 000 postos intermodal. hotéis pagaram - em salários - cerca de 1,5 tivesse criado as condições para a realiza-
de trabalho direto. Na altura, a indústria O desenvolvimento de Cabo Verde requer milhões de contos (pagam cerca de 500 mil ção desses investimentos.
ligeira era uma das apostas para a criação escolhas e estabelecimento de prioridades contos em salários, por ano, atualmente); às As receitas do turismo deveriam ascender a
de riqueza e de emprego em Cabo Verde. em termos dos recursos essenciais. Desde alfândegas do País, direta e indiretamente, 617 milhões de Euros, contra os 192
Acredito que a indústria ligeira ainda tem logo, a promoção das Ilhas e cidades mais de 2,5 milhões de contos; e geraram milhões, realizados em 2009; o número de
II
turistas estrangeiros ascenderia a 900 000 propõe a escolaridade obrigatória mínima CEDEAO. São relações firmes que ajudá-
contra os 280 000 registados efetivamente, de 12 anos. Queremos transformar Cabo mos a consolidar e que vamos intensificar.
e os gastos efetuados (alojamento, bebidas, Verde num País que domine 4 línguas, sen- E agora a União Europeia (UE). Foi graças
transportes públicos, viagens, comuni- do três obrigatórias (o Português, o Francês a uma decisão do Governo do MpD, na dé-
cações, eventos culturais, artesanato, etc), e o Inglês) e uma facultativa (italiano, es- cada de noventa, que Cabo Verde deu o
que atingiram 868 milhões de euros, panhol ou alemão). Garantiremos o acesso maior passo, até hoje, com a UE, isto é, o
incluindo as viagens internacionais, deveria generalizado, e a baixo custo, da banda acordo cambial, que liga a nossa moeda ao
ser de 2.7 biliões de Euros. larga à população, implementaremos o en- euro. Vamos retomar, continuar e aprofun-
Ou seja, não fosse o mau desempenho do sino profissionalizante generalizado como dar essa medida.
Governo do PAICV, o País estaria a crescer parte do Ensino Obrigatório em articulação Porque não a euroização da nossa econo-
a dois dígitos e estaria praticamente sem com os Parques Científicos Tecnológicos, mia, em vez da dupla circulação monetá-
desemprego, em 2010. Vemos então que o as empresas e as associações empresariais; ria? Em primeiro lugar, porque a dupla cir-
problema não está na falta de oportuni- reforçaremos o ensino das ciências, nomea- culação só depende da nossa vontade. A es-
dades, mas sim num mau Governo, que não damente da matemática; apostaremos na colha da dupla circulação monetária é uma
soube adotar as medidas que se impunham qualificação dos professores, na integração forma de manifestarmos o nosso apoio ao
para consolidar as oportunidades objetivas do pré-escolar no sistema formal de ensino, euro e de indicarmos a seriedade da nossa
que surgiram. E confirmam aquilo que dis- nas Escolas como unidades com gestão proposta de convergência com a União Eu-
semos: sim, as metas da legislatura que
propomos para o emprego e o crescimento
são possíveis e estão ao alcance do País.
Além das preocupações e metas, vamos pôr
de pé um conjunto de medidas de natureza
conjuntural, que terão efeito imediato e
empresarial autónoma e na criação de
espaço para a flexibilidade curricular, intro-
duzindo cadeiras obrigatórias e facultati-
vas, permitindo maior liberdade aos esta-
belecimentos de ensino.
Note que tange à educação, a qualificação e
ropeia. Por outro lado, a circulação exclu-
siva do euro só faz sentido no quadro de
uma zona monetária, com participação em
Banco Central único, política monetária
única e livre circulação de bens, pessoas e
capitais.
“
Com a criação da
SOCID e sua ligação à
Bolsa de Valores de
direto sobre o emprego. a formação profissionais serão estruturadas, Além disso, com a criação da SOCID e a
Numa ação direta do Estado e das autar- não de costas para as necessidades reais da sua ligação à Bolsa de Valores de Cabo Cabo Verde na sua
quias, iremos criar 5 000 empregos, no âm- economia, mas em estreita ligação ao Verde, na sua ação de captação de financia- ação de captação de
bito de trabalho comunitário. Ou seja, mundo, nomeadamente em articulação com mentos para o País, estaremos a dar o
antes, e independentemente dos resultados os Parques Científicos e Tecnológicos. primeiro grande passo para a criação da financiamentos para o
do modelo que iremos implementar, criare- Este pacote deverá colocar as despesas com Praça Financeira de Cabo Verde. E quere- País, daremos o
mos uma almofada de emprego, com a educação em cerca de 8% do PIB. Este mos que essa entidade participe ativamente
efeitos na resolução de problemas diretos rácio estará acima da média da União na decisão do futuro monetário do País. primeiro grande passo
nos diversos municípios. Europeia, que é de 5% do PIB. Este será o O MpD trabalhará, na próxima legislatura, para a criação da
Uma das grandes diferenças entre este novo nosso objetivo até ao final da legislatura. para a convergência com a União Europeia,
modelo económico – o modelo da mudança Esta despesa será financiada através do adotando, nomeadamente, um travão legal Praça Financeira de
– e o modelo do Governo do PAICV é o aumento das receitas fiscais suportadas no para o défice e o endividamento, o reforço Cabo Verde. O MpD
facto de o emprego ser essencialmente cria- crescimento do PIB. O Governo do MpD da transparência nas Contas Públicas, com
do pelas empresas privadas, e não pelo criará ainda bolsas de mérito para a qualifi- a criação de uma Unidade de Informação trabalhará para a
Estado. Empresas que criam riqueza - para cação de jovens cabo-verdianos, nas Financeira (Finanças Públicas) junto do convergência com a
os acionistas das empresas, para os seus tra- melhores escolas e empresas do mundo, BCV, dos normativos legais e institucionais
balhadores, para a sociedade e para o num universo de 50 bolsas por ano. A para reforçar o Estado regulador – entida- União Europeia,
Estado. Por isso designamos o novo mode- requalificação dos professores e a atualiza- des reguladores efetivamente independen- adotando um travão
lo de “Crescimento económico, com em- ção dos manuais e equipamento das escolas tes, adotando o modelo europeu de regula-
prego de qualidade”. Emprego de qualida- e universidades, os incentivos fiscais para a ção económica. legal para o défice e o
de significa que as empresas integram no atração de competências internacionais de Proporemos, neste quadro, à União Euro- endividamento, para o
seu objeto, cada vez mais, atividades que primeiro nível, um fundo de garantia para o peia um acordo de livre circulação de bens,
utilizam o conhecimento e a inovação financiamento do ensino superior e a cria- capitais, tecnologia e conhecimento e reforço da
como suas matrizes de afirmação no merca- ção de condições para a oferta de 20 000 negociaremos um acordo de livre circu- transparência nas
do nacional e global e, em consequência, o estágios profissionais e 5 000 para licencia- lação progressiva de pessoas, até à livre
emprego que geram é bem remunerado, dos/ano fazem parte do pacote reformador circulação completa. Negociaremos um Contas Públicas, com
acompanhando os ganhos de produtividade do Governo do MpD na área da capacitação Programa de Apoio Estrutural, com a criação de uma
da economia e de cada setor de atividade. O dos recursos humanos. enfoque na educação e capital humano, no
que só se consegue, por um lado, com um Estado de Direito e reformas estruturais, na Unidade de
tecido empresarial privado forte e competi- O seu Programa Eleitoral coloca, no assistência tecnológica e financeira às Informação Financeira
tivo, constituído por uma rede bastante centro da política externa de Cabo empresas para se ajustarem às novas regras
densa de micro, pequenas e médias empre- Verde, a convergência com a União em matéria ambiental e de qualidade, nas (Finanças Públicas)
sas e de grupos económicos nacionais Europeia, começando com a dupla cir- energias alternativas, consumo racional de junto do BCV, dos
robustos, todos em estreita articulação com culação monetária em Cabo Verde, a do energia, transportes coletivos, transportes
a economia global. E, por outro, com o País escudo e a do euro. Como explica esta marítimos, uso racional da água, na Saúde normativos legais e
a assumir que a educação, a formação e a opção? E já agora, porque não a adoção e na Segurança. institucionais para
qualificação são variáveis estratégicas do do euro, pura e simplesmente? O Governo do MpD proporá, ainda neste
desenvolvimento económico e social e com Antes de falarmos da convergência com a quadro, a redefinição de uma agenda para reforçar o Estado
o Estado a adotar as políticas e medidas em União Europeia, vejamos a questão mais a CEDEAO que amplifique a nossa utili- regulador – entidades
conformidade, orientadas para uma edu- genérica da política externa de Cabo Verde. dade na organização. Essa agenda deve
cação, formação e qualificação de conheci- O nosso País possui um conjunto de abarcar a paz e segurança, regulação das reguladores
mento intensivo. relações e compromissos externos que o migrações, defesa e promoção dos direitos efetivamente
Governo do MpD irá manter e desen- humanos e cidadania, promoção da saúde,
No vosso modelo de desenvolvimento, a volver. Cito-lhe os casos de Portugal, do desenvolvimento da educação, livre circu- independentes,
qualificação dos recursos humanos Luxemburgo, dos Estados Unidos, da lação e diplomacia regional e africana. adotando o modelo
ocupa um lugar de destaque. China, do Brasil, dos países africanos de Cabo Verde deve assumir um papel de
Nesta matéria, o MpD é inovador. O MpD língua oficial portuguesa, do Senegal, e da destaque crescente neste domínio. europeu de regulação
económica.
III
destacável
grande entrevista
Carlos Veiga com um Parque Científico e Tecnológico modo a que se possam utilizar de forma
na ilha do Sal. Este parque deverá ser ele- sustentável as componentes da biodiversi-
mento dinamizador de um turismo de qua- dade em conformidade com as práticas cul-
lidade, sustentado e que funcione como turais tradicionais compatíveis com as
motor da economia nacional exigências da conservação e uso susten-
A indústria ligeira que, como disse, tem táveis. A escolha da ilha do Maio para sede
ainda importante lugar no processo de desta importante estrutura nacional tem a
desenvolvimento de Cabo Verde, contará ver com o facto de a ilha deter uma rica e
com dois Parques Tecnológicos, um na complexa biodiversidade e as suas autori-
Praia e outro em S. Vicente. Estes dois par- dades e a população estarem sensibilizadas
ques, como todos os outros, em parceria para esta problemática.
com as Universidades, as associações Criaremos, na Praia, o Parque Científico e
empresariais e o Poder Local e Regional, Tecnológico das Tecnologias de
terão como primeira missão a revitalização Informação e Comunicação (TIC). Em
da indústria ligeira já instalada em Cabo Cabo Verde, 75% da população não tem
Verde e o estudo do perfil da nova indústria acesso à Internet e 89% das famílias não
ligeira que interessa atrair para o País. possui computador em casa. O País posi-
O Parque Científico e Tecnológico da ciona-se na 108ª posição no índice de
Indústria Ligeira, em S. Vicente, terá, igual- desenvolvimento tecnológico e no 102º
mente no seu objeto, as Pescas e o Mar. O lugar no índice de governação eletrónica.
mar, que é a maior parte do nosso território Portanto, a esmagadora maioria da popula-
nacional e esconde riquezas de que impor- ção não tem acesso a computador e Internet
ta tirar partido e o País tem que se preparar e os custos de acesso à rede mundial de
para o efeito e, claro, as pescas, até aqui, a computadores são proibitivos para o poder
maior riqueza natural de Cabo Verde e que, de compra da população. Este Parque vai
infelizmente, tanto sofreram estes dez anos. desempenhar papel da maior importância,
A localização deste Parque em S. Vicente, tendo em vista os objetivos do modelo de
tem a ver com o papel que entendemos que desenvolvimento que estamos a propor ao
esta ilha pode vir a ter no desenvolvimento eleitorado: assente no conhecimento inten-
deste setor. sivo e na informação, com empresas cres-
Em S. Vicente será, ainda, sediado o Parque centemente a usar no seu objeto estes
Científico e Tecnológico das Energias inputs.
Renováveis e da Água. A água tem sido Este novo modelo de desenvolvimento
descurada em Cabo Verde e é urgente que apoia-se, em grande medida, nos Parques
uma entidade, que não seja vista como um Científicos e Tecnológicos, o que supõe,
parente pobre, se encarregue desta questão. entre outros, a necessidade da sua coorde-
É claro que esta abordagem supõe estreita nação e integração. Daí o Centro de
articulação com outras entidades com Desenvolvimento e Investigação de Cabo
responsabilidades nesta matéria, desde Verde (CIDCV) – que também integrará
A sua recente eleição para Presidente da instalados em estreita articulação do logo, os Parques Tecnológicos Agro- diversas instituições da administração cen-
IDC-África e Vice-Presidente da IDC Governo com o Poder Local e Regional, as pecuários, do Turismo e da Cultura, da tral, o poder local e regional, as universi-
serão de utilidade nesse processo? associações empresariais e as Universi- Biodiversidade e o da Indústria Ligeira. dades, as associações empresariais e as
Penso que sim. Como sabe, estão na IDC dades. O País irá fazer uma séria aposta nas ener- associações de artistas e de cultura.
(Internacional Democrática do Centro), O Governo discutirá com os parceiros a cri- gias renováveis, tais como a eólica, a solar Este centro, além das funções de coorde-
além do MpD, partidos como o do atual ação dos seguintes parques científicos e e as ligadas ao mar e à geotermia (especial- nação e impulsionamento do sistema de
Presidente francês, da Chanceler alemã, do tecnológicos: Parque Científico e mente nas ilhas do Fogo, da Brava e de Parques Científicos e Tecnológicos, terá
Primeiro-Ministro britânico e do Primeiro- Tecnológico da Saúde, na Praia; Parque Santo Antão). O Parque Tecnológico das importante papel de investigação e adap-
Ministro italiano, entre muitos outros. É Científico e Tecnológico de Agro-Pecuária, Energias Renováveis de S. Vicente será tação de novas tecnologias, e uma parte
esperada de nós uma atividade muito inten- em Santo Antão, Santa Catarina, S. chamado a ter papel importante neste par- importante das verbas que o Governo irá
sa na defesa dos interesses e valores da IDC Nicolau, Fogo e Brava; Parque Científico e ticular. destinar à investigação – corresponderão a
no continente africano e podemos dizê-lo Tecnológico do Ambiente, na Boavista; De notar que os Parques Tecnológicos – 1 por cento do Orçamento do Estado – será
que já a começámos. Acredito que vamos Parque Científico e Tecnológico das pela sua conceção, envolvendo a iniciativa canalizada por esta instituição.
ter sucesso e, é claro, todos ficarão a Pescas, do Mar e da Indústria Ligeira, em privada, nacional e internacional – serão
ganhar, incluindo a nossa diplomacia e, S. Vicente; Parque Científico e Tecnológico importante matriz de oportunidades de E como é que o MpD pensa que eles
logo, Cabo Verde. do Turismo e da Cultura, na ilha do Sal; negócio e de promoção de novas empresas, serão financiados?
Parque das TIC’ e Indústria Ligeira, na nomeadamente, em áreas de elevado valor Os Parques Tecnológicos são para o MpD o
O novo modelo de desenvolvimento que cidade da Praia; Parque Científico e acrescentado. veículo cimeiro para a promoção de expor-
propõe dá uma grande ênfase aos Tecnológico de Energias Alternativas e da Na ilha da Boavista sediaremos o Parque tação e criação de empresas e empregos,
Parques Científicos e Tecnológicos. O que Água, em S. Vicente; e Parque Científico e Científico e Tecnológico do Ambiente. A bem como da articulação da qualificação,
são? Tecnológico da Biodiversidade, na ilha do escolha desta ilha tem a ver com o enorme educação e formação profissional com o
O Governo do MpD irá favorecer a insta- Maio. O que quer dizer que cada ilha terá, desenvolvimento do turismo que nela se mundo real das empresas. Além das suas
lação de um conjunto de parques científicos pelo menos um Parque Científico adivinha e com o facto de ser nosso funções de catalisadores da investigação e
e tecnológicos em diversos pontos do ter- Tecnológico. entendimento que todo o território nacional difusão de novas tecnologias, em todas as
ritório nacional, que irão funcionar como A agricultura terá cinco Parques Agro- pode beneficiar bastante com o casamento ilhas. É dos elementos mais dinâmicos
os nós de uma rede de modernidade, de pecuários - em Santo Antão, S. Nicolau, que se pode estabelecer na Boavista entre o deste novo modelo que estamos a apresen-
inovação, de fomento empresarial nacional, Santa Catarina de Santiago, no Fogo e na desenvolvimento do Turismo e o respeito tar aos cabo-verdianos. A equipa de econo-
de atração do Investimento Direto Externo, Brava -, especializados em áreas comple- pelo ambiente. mistas que trabalhou connosco diz-nos que,
de integração do mercado nacional e de mentares, que serão o núcleo da modern- O Parque Científico e Tecnológico da sem esses veículos, o modelo não funciona.
globalização do mercado interno. Estes ização da nossa agro-pecuária. Biodiversidade do Maio terá como missão O Centro de Investigação e Desen-
parques tecnológicos serão concebidos e Os setores do turismo e a cultura contarão o controlo efetivo desta problemática, de volvimento de Cabo Verde (CIDCV), que
IV
coordenará todos os parques tecnológicos, especializada no financiamento, de médio e tornar o sistema fiscal mais justo e mais efi-
será uma empresa participada pelo Estado, longo prazos, às empresas cabo-verdianas e caz. É neste quadro que se encaixa a pro-
pelos municípios e por um conjunto de no apoio às exportações, internacionaliza- posta do MpD. Perante a realidade que
empresas de referência, nacionais e interna- ção, investimento e inovação. Chamar-se-á vivemos hoje no plano global, a vertente da
cionais. O CIDCV fará os investimentos Sociedade de Crédito e Investimento ao competitividade na condução da política
necessários e fará a gestão da utilização dos Desenvolvimento – SOCID e funcionará fiscal é fundamental.
parques numa lógica de sustentabilidade num quadro de complementaridade com o A taxa e o rendimento coletável do escalão
financeira. A entrada do Estado nesta atual sistema bancário. Terá, entre capital máximo não incentivam a captação/fixação
empresa será financiada através da alie- inicial e obrigações subordinadas, qualquer de quadros qualificados. O IUR/pessoas co-
nação de outros ativos, nomeadamente de coisa como 50 000 000 de euros. O Estado letivas não é competitivo no plano interna-
empresas hoje participadas pelo Estado e de irá alienar todas as participações não cional. Por isso, o Governo do MpD irá em-
parte do montante de 1% do Orçamento do estratégicas que detém nas empresas para preender um verdadeiro choque fiscal, tra-
Estado, que será afetado anualmente à capitalizar esse banco. E temos ativos sufi- duzido numa forte diminuição da carga fis-
investigação, ciência e tecnologia. cientes para o efeito. cal, adotando uma taxa máxima de 15%,
A SOCID não receberá depósitos de parti- com quatro escalões, de 15, 13, 10 e zero
Qual a importância da cultura neste culares no retalho e captará fundos, nomea- por cento, até ao fim da próxima legislatu-
damente através do mercado de capitais – ra, para as pessoas singulares e as empresas.
“
modelo?
O PAICV deu pouca importância à cultura em estreita articulação com a Bolsa de Ninguém, e nenhuma empresa, vai pagar
e à sua relação com o desenvolvimento, Valores de Cabo Verde –, garantindo-se que mais do que 15% do imposto até ao fim da
enquanto desafios crescentes da Nação. É funcione num quadro de complementari- próxima legislatura. E continuaremos a ga- O Governo do MpD
um erro que importa corrigir, imediata- dade com as demais instituições financeiras rantir, ainda assim, a progressividade fiscal.
mente. Ele é derivado de uma noção per- existentes. Terá o privilégio de ter o Rating Poderá significar, nos próximos 3 anos, criará bolsas de mérito
versa de como se gera a própria cultura. da República e ser contemplada com a uma perda fiscal na ordem de 1 300 000 para a qualificação de
Criou-se um monstro que dá pelo nome de Fiscalidade e para-fiscalidade “zero”. contos ano, equivalente a 12 milhões de
“cultura do pedinte”. Os criadores pedem A SOCID solicitará a integração nas euros, cerca de 4% das receitas fiscais, 1% jovens cabo-verdianos,
ao Estado que, por sua vez, pede à comu- EDFI´S – European Development Finance do PIB ao ano. Como financiaremos esta nas melhores escolas
nidade internacional. Mais de 90 % do Institutions – e trabalhará em estreita articu- renúncia fiscal?
orçamento de investimento para a área da lação com instituições internacionais de de- A dinâmica económica e o aumento da e empresas do mundo,
cultura é financiado através de donativos. senvolvimento. matéria coletável, a racionalização dos num universo de 50
Embora estudos internacionais demons- incentivos fiscais, que atingem hoje qual-
trem que o investimento na cultura é ren- E quanto à Cabo Verde Investimentos? quer coisa como 3% do PIB, num montante bolsas por ano
tável, Cabo Verde dispende apenas 0,8 a O Programa Eleitoral que apresenta fala da ordem dos 37 milhões de euros, o com-
0,9% do orçamento na Cultura, qualquer no papel de promoção do investimento bate à fraude e evasão fiscais, a redução
coisa como 0.2% do PIB. O Luxemburgo externo dos Parques Tecnológicos, mas significativa do setor informal e o aumento
investe 0.5% do PIB, ou seja o dobro, e a não se detém no papel da Cabo Verde do número de contribuintes pagantes, assim Não há, nem pode
ilha Maurícia 1%. Devemos, por isso, Investimentos. como o reforço da fiscalização, irão permi-
responsáveis políticos, atores municipais, A Cabo Verde Investimentos foi deixada ao tir compensar e financiar essa perda poten- haver,
gestores, empresários, criadores e promo- vento pelo Governo do PAICV. Sem liga- cial. Temos espaço fiscal suficiente para a desenvolvimento sem
tores de cultura e sociedade civil mudar a ção real aos setores de atividade e funcio- sua reforma.
nossa abordagem em relação a este ativo da nando ao sabor da inspiração ou desinspi- Mais. Com o Governo do MpD, o PIB irá cultura e sem
maior importância para o desenvolvimento ração de quem, em determinado momento, crescer na ordem dos 8%, em média, ao diversidade cultural.
de Cabo Verde. Não há, nem pode haver, estava à frente da instituição. E foram longo dos próximos 5 anos, o que permitirá
desenvolvimento sem cultura e sem diver- várias as pessoas colocadas à frente dela, alargar consideravelmente a base tributária Ela constitui um dos
sidade cultural. Ela constitui um dos cada uma com um perfil diferente do e mais que compensar essa renúncia fiscal. vetores principais, se
vetores principais, se não o principal, para a responsável que o antecedeu. Podemos Por exemplo, a economia informal vale
afirmação de Cabo Verde no mundo, na dizer que tivemos cinco CI nestes dez anos, 18% do PIB e existem mais de 24 000 não o principal, para a
perspetiva da promoção da cidadania e da tantos foram os seus responsáveis, cada um Unidades de Produção Informal, contra 7 afirmação de Cabo
criação de uma indústria cultural. O desen- com a sua agenda própria. 512 empresas formais que empregam 46
volvimento e a promoção da cultura devem Vamos manter o princípio do balcão único 567 pessoas. Temos aqui também enorme Verde no mundo, na
erigir-se como prioridades nacionais. Esta é no relacionamento com os investidores potencial de crescimento da base tributária. perspetiva da
a proposta de valor do MpD. externos, vamos ligar estruturalmente o Uma das principais barreiras ao nível do
Cabo Verde tem de atingir, rapidamente, organismo ao sistema dos Parques nosso sistema fiscal é a evasão, que distorce promoção da
esta fasquia, investindo pelo menos 1% do Tecnológicos e à SOCID e iremos contratar a concorrência. Com persistência e um cidadania e da criação
orçamento na cultura, assumindo a uma empresa internacional, de profissio- quadro reforçado de meios – legais, institu-
recomendação das Nações Unidas. Este é o nais, para fazer a promoção de Cabo Verde. cionais e humanos – é possível, no período de uma indústria
compromisso do MpD. Queremos que o de uma legislatura, reduzir para metade o cultural. O
setor da cultura seja responsável por 1% do No âmbito da melhoria da competitivi- peso da economia clandestina e paralela em
PIB, no final da legislatura. Para além de dade da economia cabo-verdiana, o seu Cabo Verde. desenvolvimento e a
um orçamento capaz, será preciso uma Programa Eleitoral destaca um choque O choque fiscal é auto-sustentável. Ele irá promoção da cultura
administração da cultura diferente da que fiscal durante a próxima legislatura… também permitir esse nível de crescimento
hoje existe e, em concertação com os seus Será possível no quadro atual de gran- económico e compensará a perda fiscal. E, devem erigir-se como
agentes, o Governo do MpD vai fazê-lo. des dificuldades nacionais e interna- repito, a meta dos 15% será alcançada gra- prioridades nacionais.
cionais implementá-lo? dualmente, ao longo dos cinco anos da leg-
O Programa Eleitoral do MpD propõe As reformas fiscais modernas, nomeada- islatura, com o Governo a pilotar a situação Esta é a proposta de
igualmente a criação de um banco de mente ao nível da União Europeia, têm-se real do País e garantindo, sempre, a sol- valor do MpD.
desenvolvimento. Como vai financiá-lo? caraterizado pelas seguintes tendências: vabilidade do Orçamento do Estado.
E quais os objetivos? diminuição das taxas marginais; redução do
Não será um banco, mas sim uma institui- número de escalões; alargamento das bases Quais as outras componentes deste
ção para-bancária, de direito público, foca- tributáveis; e eliminação de grande número choque fiscal?
da na execução da estratégia do Governo e de benefícios fiscais, com o objetivo de O MpD quer baixar também a carga fiscal.
V
destacável
grande entrevista
Carlos Veiga serviços públicos, desburocratizando e ficos, salvo situações determinadas por lei
garantindo uma regulação inteligente ge- que exijam a escolha política.
neralizada, eliminando os custos de contex- Para que tudo fique muito claro, dou-lhe a
to, premiando quem cumpre e penalizando lista das empresas e instituições em que a
quem não participa na construção do bem exceção à regra se verificará, bem como as
comum, potenciando a qualificação das em que se aplicará a regra. Assim, as
pessoas e das empresas. empresas e instituições em que a escolha
Com um peso da despesa total nos 50% do dos responsáveis será da responsabilidade
PIB, incluindo as despesas contingentes, do Governo, sem concurso público são as
Cabo Verde já está entre os países com seguintes: BCV; Embaixadores Itinerantes
maior peso do Setor Público Administra- e alguns diplomatas; SOCID; NOSI;
tivo (SPA) sobre o PIB. Mais grave ainda é BVCV; CV Telecom (Golden Share); BCA
o peso do SPA sobre o nível de rendimento, (Golden Share); ENACOL (Golden Share);
devido à conhecida lei de Wagner. Ou seja, CIDCV; Cabo Verde Investimentos; INPS
países com menor rendimento per capita e SDTIBM.
devem ter menor peso do SPA. As empresas e instituições – que serão a
O MpD propõe a redução do peso do grande maioria – em que o critério de
Estado na economia dos actuais 50% do escolha será o concurso ou a progressão na
PIB, incluindo a dívida contingente, para carreira serão as seguintes: todas as
valores abaixo dos 35% do PIB, no final da Direções Gerais e outros cargos de chefia
legislatura, sobretudo através de uma na Administração Pública; todos os
racionalização dos investimentos públicos Institutos Públicos; Electra; CECV; ASA;
e de uma forte contenção ao nível do ENAPOR; TACV; Universidade de Cabo
crescimento das despesas correntes do Verde; RTC; INFORPRESS; EMPRO-
Estado, nomeadamente das despesas cor- FAC; GARANTIA; SISP; PROMOTORA;
rentes primárias, que deverão baixar de IFH; NOVO BANCO; FIC; CORREIOS
19.5% do PIB para cerca de 17% do PIB, DE CABO VERDE; INTERBASE; SDE,
no final da legislatura. IMPRENSA NACIONAL DE CABO
O MpD propõe a contenção de custos, com VERDE; ARE; ARFA; ANAC; IAC; ACP
a redução de ministérios e secretarias de – Agência da contratação pública.
Estado, com assessores e adjuntos, com a O Governo dará instruções precisas para
racionalização dos institutos públicos e dos que esta mesma regra seja adotada a todos
investimentos públicos através de estudos os níveis da Administração Pública e nas
credíveis e transparentes realizados por empresas por ela detidas. Creio que assim
entidades idóneas. se abrirá novo capítulo do relacionamento
Ao nível das despesas de investimento, as dos partidos com a Administração Pública,
prioridades do MpD vão para os estímulos à com efeitos fundamentais para o novo
economia, abrangendo três pilares: investi- modelo de desenvolvimento que estamos a
mentos nos setores de energia, água e sanea- propor ao eleitorado. O novo Parlamento
Ela deve baixar para níveis da ordem dos Por fim, o Governo do MpD negociará, mento; medidas de estímulos fiscais, com- legislará no sentido do alargamento das
22% do PIB, no final da legislatura. com os seus parceiros, uma rede de acordos preendendo o choque fiscal e investimento incompatibilidades no exercício de cargos
Este choque proposto pelo MpD será ainda para evitar a dupla tributação. No mínimo, em I&D, ou seja, no conhecimento e na partidários e de cargos de chefia na
acompanhado do reforço dos direitos e das pensamos que estará ao nosso alcance a educação. A redução do peso do Estado na Administração Pública.
garantias dos indivíduos e das empresas assinatura de doze acordos para evitar a economia permitirá baixar o peso da dívida O Governo do MpD, para o reforço do
face ao Estado, de uma melhoria substan- dupla tributação, até ao final da legislatura. pública para 85% do PIB, no final da le- profissionalismo nas chefias da Adminis-
cial da qualidade dos serviços prestados Nesta matéria, o desempenho do Governo gislatura, incluindo a dívida contingente, e o tração Pública, criará a Escola da Re-
pela administração pública e da promoção do PAICV foi péssimo, ao não assinar um valor atualizado líquido da dívida externa pública para a formação permanente dessas
e fomento empresariais, tanto interno como único, em dez anos. para 45%. capacidades. Assim, durante a próxima le-
externo. gislatura, qualquer cidadão que entender
O MpD entende que a justiça fiscal e a Como reduzir o peso do Estado na O Programa Eleitoral do seu partido reunir condições para o acesso a altos car-
competitividade não devem ser analisadas economia, em período de crise? Não se enfatiza a questão da despartidarização gos na Administração Pública e nas empre-
apenas na perspetiva das taxas de incidên- trata de um exercício impossível? da Administração Pública cabo-ver- sas públicas e participadas pelo Estado, vai
cia. Os direitos e as garantias dos con- Impossível não, mas difícil, sim. É por isso diana. Até aonde pretende ir? ter a oportunidade de concorrer para tal,
tribuintes são igualmente pilares essenciais. que aqui estamos. Sabemos que é possível. Até ao máximo que é possível. E esta é sem a “obrigação” desta ou daquela cum-
O Governo do MpD dotará o tribunal fiscal Está ao nosso alcance. Sim, podemos fazê-lo. uma questão de respeito pela Constituição e plicidade partidária.
e aduaneiro dos meios humanos e materiais O nosso compromisso é a redução do peso pelos princípios do Estado de Direito
para o seu eficiente funcionamento. O do Estado na economia, o reforço da com- democrático. Vamos estabelecer alguns As privatizações, que papel ocupam no
Governo do MpD promoverá a criação da petência da Administração Pública, profis- princípios e práticas, para valerem desde o seu programa?
figura do Provedor dos Contribuintes, que sionalizando-a e dispartidarizando-a, e da primeiro dia da governação do MpD, tais Ocupam um lugar tranquilo, de um pensa-
zelará pelos seus direitos e garantias. O eliminação de um conjunto de barreiras e como: as nomeações passarão a ser crite- mento há muito conhecido sobre a matéria.
Governo do MpD garantirá também o “custos de contexto” ao crescimento riosas e em função do mérito. O Governo Para o MpD, as empresas são melhor geri-
cumprimento das obrigações fiscais por económico, aproveitando o potencial das do MpD irá contratar, por concurso, uma das e cumprem melhor o seu papel nas
parte dos contribuintes. Num contexto de TIC e realizando o investimento na qualifi- empresa especializada na captação de ta- mãos da iniciativa privada. Aliás, o mau
baixa fiscalidade e de respeito pelas garan- cação dos recursos humanos e moderniza- lentos para a ocupação de altos cargos, desempenho do Governo do PAICV nesta
tias dos cidadãos, o Governo do MpD será ção das infra-estruturas. dando oportunidade a todos os cabo-ver- área de governação – tanto na Electra,
rigoroso com os incumprimentos fiscais e Como? Entendemos que é importante liber- dianos, residentes e na diáspora. Durante a como na TACV, por exemplo – confirma a
promoverá a celeridade no seu tratamento tar recursos para as empresas e as famílias, próxima legislatura, a regra para o nossa posição.
por parte dos tribunais, como forma tam- diminuindo o peso do Estado na economia, preenchimento desses cargos será através Vamos privatizar as empresas que (e quan-
bém de reforçar o combate à fuga e evasão garantindo a gestão eficiente na de concurso público ou carreira, mediante do) estiverem em condições de serem pri-
fiscais. Administração Pública e na prestação de contrato de mandato com objetivos especí- vatizadas, sempre na perspetiva da defesa
VI
do interesse público e da busca de parcerias A multi-especialização, o que é para o pelo setor da cultura atinjam 1 por cento do
que sejam proveitosas para Cabo Verde e MpD? PIB, até ao final da legislatura. O Governo
para o modelo que defendemos, quer em O MpD define o turismo como o motor da do MpD legislará no sentido de que todas
termos de capital, de capacidade de gestão economia cabo-verdiana. Mas, não quere- as empreitadas públicas contribuam com 1
como ao nível do estabelecimento de parce- mos que o País se torne turismo-depen- por cento da fatura para a construção de
rias. dente, transferindo para o País os riscos infra-estruturas culturais e desportivas.
Avançaremos com as privatizações dos inerentes ao setor. A abordagem do turismo como cluster tem
TACV, da gestão da Enapor, da Electra, da A multi-especialização do País evita a cons- em vista estimular parcerias entre os dife-
Cabnave e da Interbase. Reduziremos ainda trução de uma economia dependente de um rentes níveis da atividade económica, con-
a participação direta do Estado nalgumas único setor de atividade. E Cabo Verde dis- cretizadas em associações, cadeias produti-
empresas, nomeadamente no BCA, na põe das condições para que outros setores vas ou simples convergência de negócio,
Garantia, na Promotora, na Enacol, etc, se imponham e contribuam significativa- bem como a competição entre os diferentes
mantendo as Golden Share atuais. Esses mente para a criação de riqueza, empregos segmentos de mercado, em plena sintonia
recursos devem servir, em primeiro lugar, e bem-estar. São os casos da agricultura, com a demanda dos mercados emissores a
para reforçar a estrutura de capital da das pescas, da indústria ligeira, dos serviços nível internacional e doméstico. A vocação
SOCID e promover o desenvolvimento e financeiros, dos transportes, da cultura e da turística global de Cabo Verde exige uma
nunca para aumentar a capacidade de reali- saúde, enquanto áreas prestadoras de aposta mais ousada em termos de políticas
zação de despesa direta do Estado. O
Objetivo do Estado é promover o desen-
volvimento e não investir em “pequenos
ganhos de capitais”.
VIII
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isto vimos
Natal na cidade da Praia Figueiredo Dias e a Justiça em Cabo Verde:
A
Câmara Municipal da Praia, conferências na Praia e dúvidas em afirmar
ao que Já apurou, pagou ape- central de betão e equipamento de pré- de 2006, emitidas pela Câmara, a
Mindelo.
demorados e que os “os acordos são
fabricação em betão, por 50 000 con- pedido da SIRAM, referentes a dois
nas 900 contos para a mon- Tendo presidido aos complicados esgotam bem-vindos à luz da
tagem de todas as iluminações decora- tos, acrescidos de 5 101 contos refe- tratos de terrenos para construção
trabalhos da revisão do a capacidade economia processual e
tivas para o embelezamento urbano da rentes a custas do processo e 1 500 urbana, localizados em Achada
CPP, feita em 1987 e seguem os princípios
cidade capital, longe dos 13 mil contos contos relativos ao IUP, perfazendo Grande Trás, com área total de 2 500
1995, que foi fonte
financeira dos do Estado de Direito”.
anunciados há dias pelo jornal “A um total de 56 601 contos. metros quadrados; um trato de terreno Estados”
inspiradora do Código Ao Já, Dias abordou
Semana”. Aliás, muito longe dos 50 O preço do lote (50 000 contos) deve- para construção urbana, localizado
Penal cabo-verdiano, ainda aquilo que con-
mil contos que Felisberto Vieira paga- ria ser pago parte em dinheiro e parte em Achada São Filipe, com área de
Figueiredo Dias sublinhou que os siderou ser fenómeno novo e preocu-
va para o aluguer do material pelos 23 em espécie, ou seja: 10 000 contos, 400 metros quadrados e ainda outro
“processos demorados e complicados pante: o da influência cada vez mais
dias acordados em 2003, com a em numerário, na data da assinatura trato de terreno para construção
esgotam a capacidade financeira dos latente de poderosos grupos finan-
empresa SIRAM, e que tanta polémica do contrato, 25 000 contos, em per- urbana, localizado na mesma locali-
Estados”, advogando a necessidade de ceiros e económicos que se movimen-
suscitou anos mais tarde, quando a muta de serviços de iluminações dade, com área de 42 090 metros
serem encontradas formas mais tam entre a esfera da política e da
imprensa descobriu o contrato leonino decorativas a prestar pela SIRAM CV quadrados.
céleres de agilizar a Justiça. Uma administração da Justiça: “Em re-
assinado entre a CMP e a referida e os outros 15 000 contos, em materi- Na Câmara Municipal da Praia, até
dessas formas, que espera ver con- lação aos pobres diabos, os poderosos
empresa portuguesa. ais de construção a produzir pela cen- hoje, não se vislumbrou qual a forma
cretizada no acrescento de mais alguns têm muito maior capacidade naquilo
Feitas as contas, Filu acordou pagar tral de britagem ou na participação do de regularização destes terrenos.
artigos no CPP cabo-verdiano, respei- que nós chamamos competência de
mais de 2 mil contos/dia para o ta à introdução de nova figura jurídica: ação, sobretudo sobre as instâncias
embelezamento da cidade da Praia, o acordo prévio entre as partes proces- políticas. É preciso estar atento a
tendo como pano de fundo a propa-
Feitas as contas,
suais envolvidas num julgamento, “no isso”.
ganda política para conquistar votos Filu acordou pagar caso de Cabo Verde e para se respeitar Resta acrescentar, e isto dizemos nós,
nas autárquicas de 2008, o que ditou a mais de 2 mil a vossa Constituição, sempre com a como é que vão encarar esta nova
sua derrota. Quando a atual equipa intervenção do juiz”. ideia jurídica do “acordo prévio”, que
contos/dia para o
camarária, liderada por Ulisses “Tudo no sentido de facilitar a prova, implica a assumpção de uma confis-
Correia e Silva, se apercebeu deste embelezamento o que exige uma confissão da parte do são, os tais grupos e figuras po-
dossiê e viu os contornos pouco claros da cidade da Praia, acusado, de forma a imprimir aos derosos, assessorados por bons advo-
do negócio, denunciou-o imediata- tendo como pano processos uma celeridade que até gados que, no decorrer do julgamen-
mente e explicou aos munícipes que agora não se tem conseguido to, sabem recorrer aos mais variados
não era possível, no ano de 2010, ter de fundo a
alcançar”, sustentou o professor cate- subterfúgios legais para conseguirem
luzes natalícias milionárias como propaganda drático, que escolheu como tema da uma absolvição… Isto já para não
estavam habituados por Filú, e com a política para conferência que deu na Praia, precisa- falar na “colaboração” de certas fi-
fatura que a CMP estava obrigada a mente o seguinte mote na interrogati- guras do aparelho judicial, que conti-
pagar.
conquistar votos
va: Os acordos em processo penal: o nuam a ver nesses “figurões”, princi-
Agora, a CMP comprou o material de nas autárquicas de “fim” do Estado de Direito ou um palmente mais afetos à política e ao
iluminação da Siram numa segurado- 2008, mas que ‘“novo princípio?” Ou seja, o Tri- poder, seres “intocáveis” e impunes.
ra, por 2.500 contos, alegadamente por ditou a sua bunal pode passar a fixar limites má- Em Cabo Verde, há muitos exemplos
calote da empresa portuguesa. Se ximos e mínimos da pena que se com- disso, a começar pelo governo.
essas luzes demorarem 5 anos, o que é derrota
Já • Sexta-feira 17 Dezembro 2010 • 9
isto vimos
Demagogia ao quilómetro
Propaganda do governo
“perde-se” nas estradas
Governo, ora diz que construiu 800 km de estradas ora “encolhe” a propaganda
e fala de 600. Há quem diga que fizeram as contas entre a ida e a volta. Mas,
entre outras coisas, não refere que todas foram sem concurso
O
governo faz cavalo de batal- topográfico. “É estratégia política para uma rede com alimentação solar para
ha de ter construído 600 qui- enganar incautos”, afirma, acusando fiscalizar excessos de velocidade em
lómetros de estradas. Mas as José Maria Neves de ter dito, em 2004, vez de construir desvios
contas não batem certo: ora são apre- que Tarrafal ficaria na lista de espera desnecessários, ou pelo menos não pri-
sentadas 600 quilómetros, ora são 800. enquanto não votasse na “estrela oritários.
Dir-se-ia que o atual governo está a negra”. Olhando para S. Vicente, Fernandes
calcular a olho… Em relação à qualidade das estradas entende que a prioridade deveria ser a
“Várias das estradas construídas pelo asfaltadas, Fernandes considera que são estrada asfaltada Mindelo-Baía das
atual governo não têm retorno finan- de péssima qualidade, sem escapatórias Gatas e não a que foi construída, de
ceiro, nem impato na vida socio- e sem sinalização conveniente, declives Baía das Gatas a Calhau. Não acredita
económica do País”: diz Mário não assinalados: uma situação que, que o governo tenha feito estudos de
Fernandes, especialista em matéria segundo ele, é fruto de trabalho não viabilidade sobre a construção destas Estradas disse partilhar das inqui- comentou ao nosso jornal fonte que
rodoviária. “O governo apostou no devidamente estudado e estruturado. estradas, e agora a Nação tem de arcar etações daquele especialista desafia o governo a esclarecer se foi
anel rodoviário da Praia e não fez com as consequências das “más rodoviário e fala de arbitrariedade 600 ou 800 quilómetros de estradas o
aposta maior no de Santiago”. Alguns casos opções”. nas decisões do governo. E questio- total construído em todo o País – pelo
Mário Fernandes, engenheiro mecâni- Mário Fernandes aponta a “estrada do Para Mário Fernandes, o maior inves- nou: por que é o executivo de JMN menos, para que a propaganda gover-
co e antigo diretor-geral dos desvio”, em Ribeirão Chiqueiro: tem timento a nível rodoviário deveria ser deu prioridade à construção do asfal- namental bata certo. A ideia que dela
Transportes Rodoviários, afirmou ao dois quilómetros de extensão, tendo o anel de Santiago, que comporta cerca tamento Assomada – Rincão e não fica é que o governo faz depender do
Já que, a nível nacional, o governo cada quilómetro custado cerca de 175 de 160 km - é o mais longo e por onde apostou no do Assomada – Ribeira termómetro a sua obra rodoviária: se
andou à deriva. “Não acredito que mil contos e em adjudicação directa, pode circular o maior número de da Barca, sendo esta via notoria- o calor propagandístico aperta, o
tenha feito os estudos prévios para a isto é, sem concurso público. A estrada automóveis. “O maior parque mente mais importante do ponto de asfalto dilata-se e torna-se mais
construção de certas estradas”: há do desvio em S. Domingos custou 198 automóvel está na ilha de Santiago, vista de desenvolvimento socio- extenso; se o tempo arrefece, o asfal-
estradas com boas taxas de utilização mil contos por quilómetro e tem muito com cerca de 50 % das viaturas do económico. to encolhe. Enfim, se os números da
que não foram contempladas por este pouco movimento. Em contrapartida, País. Esse investimento permitiria O chefe do Governo disse, recente- propaganda não batem certo, então
governo. a construção de uma estrada-desvio poupar em termos de importação de mente, no debate sobre o estado da este governo também não bate certo.
Diz não compreender por que o troço em Nhagar/Santa Catarina devia estar pneus, amortecedores, combustível e Nação, ter gasto cerca de 833 Mais do que construir estradas, o
Assomada/Tarrafal não está ainda liga- na lista das prioridades, porque é zona outros acessórios”. milhões de dólares na construção de governo devia ter apostado na
da por estrada asfaltada e só agora, em de tráfego intenso. infra-estruturas rodoviárias em todo requalificação de algumas vias muito
vésperas da campanha eleitoral, o Aquele especialista defende que o Afinal, quantos quilómetros? o País. A verdade é que o retorno importantes para o desenvolvimento
governo manda fazer o levantamento Estado devia apostar na instalação de Fonte contatada no Instituto de desse investimento é, por ora, nulo, socio-económico de Cabo Verde.
Comerciantes revoltados
em jogo
Poucos golos na Várzea
Varanda
empata
Sporting
Foi uma jornada de poucos golos no regional de Santiago-sul marcada com a vitória da Académica da Praia sobre os campeões nacionais, o Boavista,
por 2 a 1, o que levou os “estudantes” a dividirem a liderança na classificação com o Sporting, mercê do empate dos leões com a equipa do Varanda
N
o primeiro jogo de sábado, A equipa do Boavista entrou forte na No domingo, o Sporting não foi além
as expetativas eram segunda parte a tentar chegar à igual- do nulo com o Varanda e o Vitória
enormes, tendo em conta o dade, o que acabou por acontecer por superiorizou-se sobre o Desportivo,
embate entre dois canbdidatos ao Nuna, numa boa jogada dos por tangente 1 a 0.
título, o Boavista e a Académica e o axadrezados, com o atacante a atirar A Académica divide a liderança com
bom tempo (encoberto) que se fazia sem hipótese para o guarda-redes da o Sporting, mas a Micá tem maior
sentir para a prática de (bom) futebol. Micá, Ima. número de golos. O Boavista agora é
Contudo, logo nos minutos iniciais, o Só que a equipa da Académica pare- 7.º, embora com o mesmo número de
público que deslocou ao Estádio da cia mais ambiciosa e partiu para cima pontos que o Desportivo, os
Várzea deu conta que estava perante do Boavista à procura da vantagem Travadores e Ribeira Grande. A
duas equipas “amarradas” às táticas no marcador. Numa jogada de lanterna vermelha é para já, o Bairro,
dos dois treinadores (Beto e insistência, os estudantes fizeram o com 1 ponto.
Celestino Mascarenhas) e que a con- resultado final com auto-golo de Mia, Na próxima jornada, estão marcados
tenda podia ser decidida com o erro após remate à trave de Scoty. os seguintes encontros: Ribeira
do adversário. Nos outros jogos da 3.ª jornada, o Grande x Travadores (sexta-feira, 17,
Foi o que aconteceu ao cair da Bairro perdeu frente à Ribeira às 15h30), Boavista x Varanda e
primeira parte quando Ruginho da Grande, na sexta-feira por 1 a 0 e os Celtic x Académica (Sábado). No
Académica, livre de marcação, apon- Travadores estiveram a perder, mas domingo, às 14 horas jogam Sporting
tou um golo de cabeça, após canto venceram o Celtic (2-1), no segundo x Desportivo e Bairro x Vitória
apontado pelo capitão, Lambreta. jogo de sábado. encerram a jornada.
Filhos da Pulga (2) Justiça). Basta ir quem ganhou o concurso… Adivinham? bares, lá estão as chapas amarelas do
ao pátio do MJ e Pois claro: tinha que ser empresa Ministério de Marisa… em serviço. Pelos
Ser “amarelo” em Cabo Verde não é sinal de vê-lo todo pintado de amarelo… Ele há pertencente a familiar de algum membro do vistos, em horas extraordinárias, cogitando
icterícia. É apenas indicativo de propensão gostos para tudo. Convém, todavia, dizer júri. Nada mais, nada menos que a INOVE, entre goles, os complexos problemas da
para tachite, maleita que sobretudo atinge as que o problema do MJ não está nestas de que é sócio/dono Frantz dos Reis Justiça em Cabo Verde.
boka bedjo
!?!
!!
Sermão à Macaronésia kasu-bodi
“Não gostaria de
parecer ser tão ingénuo
ou maniqueísta ao ponto
de supor que todos os
militantes do PAICV são
uns ‘santinhos’, ao
passo que todos os
‘Ventoinhas’ são uns
desprezíveis, pois bem
sei que também há
muitos do PAICV que
são oportunistas, mau-
carácter, interesseiros e
até desonestos…”
Amadeu Oliveira, in suplemento
“Análise”
Polichinelo: Pois, pois,
Amadeu – “quem está no
convento é que sabe o que lá
vem dentro”. Se tu o dizes,
deve ser mesmo verdade…
Já SEMANÁRIO GRATUITO
bai-bai
Sexta-feira 17 Dezembro 2010
Escreva-nos:
semanarioja@gmail.com
C
om cunho acentuadamente político, a Acompanhando à distância o que se passa no tem história colonial africana como, por exemplo,
pelicula, que será apresentada em Cabo Arquipélago onde nasceu, Ana Fernandes sustenta Portugal ou França; é difícil encontrar uma ligação
Verde, retrata a história de um refugiado que os responsáveis da Cultura deviam interessar-se no passado que justifique o financiamento. Isso
africano, em vias de ser deportado, que por aquilo que se desenvolve fora de Cabo Verde. exige muita luta”.
trava amizade com um guarda, que se torna seu con- “Os artistas que trabalham fora do País são pequenos Ana Fernandes fala da cantora Mayra Andrade que,
fidente. É um filme que vive essencialmente das per- ´embaixadores` . Ficaria um dia muito orgulhosa se em Ruído do Mar, é agradável surpresa, vestindo a
sonagens, com uma cela de prisão a servir de único um trabalho meu também recebesse financiamento, pele de atriz: “Sempre gostei da naturalidade da
cenário. mesmo ínfimo, em Cabo Verde. Não precisava de ser Mayra no palco e da sua fascinante voz. Não me sur-
É história comovente sobre fuga e regresso, cuja com dinheiro… todo o apoio que pudesse ser dado a preenderá se este filme não for o único no qual
designação parece simbolizar o “ruído” ou revolta um projeto, ajudava-o a concretizar-se”. desempenhe um papel, pois tem muito talento”.
dos milhares de emigrantes africanos que se lançam Por falar em projetos para o futuro, Ana Fernandes Com o curso de arquitetura, Ana Fernandes acha que
à procura de um mundo melhor em sociedades pre- tem um, em Cabo Verde, com guião já terminado: essa atividade se complementa com a de realizadora:
tensamente mais desenvolvidas que lhes fecham a filme ficcionado sobre a história ”São áreas que exigem muita cria-
porta, voltando a lançá-los na miséria de origem. do primeiro grupo de jogadores de “Os cabo-verdianos têm tividade. Do ´nada` surge uma
“Foi essa a nossa intenção. Não se trata apenas do golfe em S. Vicente – os “Lordes”. ideia e a ideia passa por muita
“ruído” da água do mar, mas também, do ruído das “Esses jovens africanos con- grande potencial: metamorfose até atingir a forma
“almas” de muitos adultos e crianças a quem o mar seguiram, na década de trinta, sob a mistura de diversas ideal”
serviu como sepultura”, corrobora Ana Fernandes. O o domínio colonial, praticar um culturas! O apelo ao regresso a Cabo Verde
apelo ao valor da solidariedade, num mundo onde desporto só ao alcance da aristo- está-lhe no sangue. Visita o
materialismo e ganância atingiram dimensão exorbi- cracia branca. Uma grande revo- Isso enriquece-nos Arquipélago, pelo menos, uma vez
tante, é retratado em Ruído do Mar, de forma lução!”, sublinha Ana Fernandes, muito, torna-nos seres por ano. “Sinto saudades da minha
denotando entusiasmo neste proje-
comovente, como acentua a realizadora: “Às vezes de mente aberta, livres família, que amo. Mas sobretudo
passamos por situações nas quais temos de assumir a to. Já contatou com Antero Barros, sinto saudades do mar! O mar é a
responsabilidade que temos perante os mais fracos; um dos fundadores do grupo. no pensar. É muito minha fonte de energia. Os cabo-
em Ruído do Mar, o guarda do refugiado faz isso, “Antero é homem que admiro importante no viver”. -verdianos conhecem muito bem
pondo em risco o seu trabalho”. muito. Com 90 anos, continua a esse sentimento ambivalente de
O que significa o prémio na carreira promissora da lutar pela preservação da história desse desporto em partir e de regressar – ‘querer ficar e ter de ir’-, o
jovem cabo-verdiana? Ana acha que vale a pena Cabo Verde, opondo-se à venda do terreno de golfe nosso lema principal na música e literatura. É parte
tratar temas a priori encarados como dificeis, apesar em São Vicente, onde o grupo dava as suas tacadas. de nós e reflete-se em tudo o que fazemos”.
de se dizer que o espetador quer consumir, não quer Uma luta justa, que deve ser ouvida, pois o desa- Por isso, diz a realizadora, a influência de Cabo
pensar - o eterno dilema entre o cinema de qualidade parecimento desse espaço representa perda impor- Verde e da sua Cultura tornam-se imprescindíveis
versus cinema de massas: “Seria um drama se assim tante na historia colonial em Cabo Verde”. nos trabalhos que faz: “Muitas inspirações visuais
fosse. Não acredito que as pessoas, na sua maioria, Ana Fernandes realiza documentários para a TV minhas têm raiz na minha terra natal. São lem-
sejam fúteis e supérfluas. O prémio dá-me forças alemã. Mas não é fácil conseguir financiamentos branças da infância! Os cabo-verdianos têm grande
para continuar o caminho iniciado e fico honrada em com temática africana. Porquê? Explica: “Põe-se potencial: a nossa mistura de diversas culturas! Isso
contribuir dessa forma para o cinema cabo-ver- sempre em questão a relação entre país financiador e enriquece-nos, torna-nos seres de mente aberta,
diano”. país onde o filme vai ser realizado. A Alemanha não livres no pensar. É muito importante no viver”.