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Manual formação pme

PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO
Índice:
1. FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE 6

INTRODUÇÃO 6

2. 7

O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE 9
FACTORES DE COMPETITIVIDADE 9
SIGNIFICADO DA PRODUTIVIDADE 11

3. GESTÃO DA PRODUTIVIDADE 14

INTRODUÇÃO 14
MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO 15
PRODUTIVIDADE ENERGÉTICA 18
PRODUTIVIDADE EM SERVIÇOS 21
OUTROS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE 21
INDICADOR DE PRODUTIVIDADE REAL 22
ÍNDICES DE VARIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE 22

4. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO 24

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA 24


TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES 24
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO UNITÁRIA 25
PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO 25
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA 25
FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES 26
FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO 28
CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS 28
TIPOS DE ACTIVIDADES 29
OPERAÇÕES 29
CONTROLO OU INSPECÇÃO 30
TRANSPORTES 31
ARMAZENAGEM TEMPORÁRIA OU ESPERA 31
ARMAZENAGEM PERMANENTE 31

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5. FACTORES DE PRODUTIVIDADE 33

RECURSOS HUMANOS 33
PLANEAMENTO 33
RECRUTAMENTO 34
ANÁLISE DE FUNÇÕES 35
FORMAÇÃO 36
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 37
REGISTO E MANUTENÇÃO DE INFORMAÇÕES 39
ROTAÇÃO DE PESSOAL 39
ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT 41
O TRABALHO E ERGONOMIA 41
POSTO DE TRABALHO 41
PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DE MOVIMENTOS 42
1- USO DE MÚSCULOS ADEQUADOS 42
2.- MÃOS E BRAÇOS 43
3 - MOVIMENTOS CURVOS 44
4. LANÇAMENTOS 44
5. RITMO 44
6. ZONAS DE TRABALHO 46
7. ALTURA DO POSTO DE TRABALHO 47
8. UM LUGAR PARA CADA COISA 47
9. OBJECTOS EM ORDEM 48
10. USO DA FORÇA DA GRAVIDADE 48
11. FERRAMENTAS 49
12. FERRAMENTAS COMBINADAS 49
13. ACESSÓRIOS INTELIGENTES 50
FACTORES AMBIENTAIS 50
TRABALHO EM TEMPERATURAS ELEVADAS 50
TRABALHO EM BAIXAS TEMPERATURAS 51
AMBIENTE ACÚSTICO 52
DEFINIÇÕES 52
O RUÍDO 53
A INFLUÊNCIA DO RUÍDO NA SAÚDE E NO DESEMPENHO DO TRABALHADOR 55
FORMAS DE REDUZIR O RUÍDO NOS LOCAIS DE TRABALHO 56
ILUMINAÇÃO AMBIENTE 58
PRINCIPAIS GRANDEZAS DA ILUMINAÇÃO AMBIENTE 58
LUZ AMBIENTE 59
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA OS AMBIENTES DE TRABALHO 61

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QUALIDADE DO AR 63
CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS 63
HIGIENE E SEGURANÇA 66
DEFINIÇÕES 66
ACIDENTES DE TRABALHO 67
FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA 70
FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA 70
AS PERDAS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE 71
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 73
TRABALHO DO HOMEM 76
SIMPLIFICAÇÃO DE TAREFAS 77
MÉTODO DE TRABALHO 78
ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO 81
EQUILÍBRIO DA CAPACIDADE E DO FLUXO 81
TAXA DE UTILIZAÇÃO DE UM POSTO DE NÃO ESTRANGULAMENTO 81
TAXA DE UTILIZAÇÃO DOS POSTOS DE ESTRANGULAMENTO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA PRODUTIVO 82
REGRAS IMPORTANTES A SEGUIR 83
ANÁLISE DE LAYOUT (ARRANJO FÍSICO) 83
PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE LAYOUT 87
FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO 90

6. PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO 95

DESPERDÍCIOS 95
REFUGO 96
REPROCESSO 97
GESTÃO DE UTILIDADES 98
CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS 98

7. INOVAÇÃO 99

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 99
INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO 100
PRODUÇÃO ÁGIL ( AGILE MANUFACTURING ) 101
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING 102
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA AGILE MANUFACTURING 104
KAIZEN 106
INTRODUÇÃO 106
AS REGRAS DE OURO DO GEMBA 106
5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA 108
COMO ELIMINAR O DESPERDÍCIO 109

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O PAPEL DOS SUPERVISORES 110
CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC 111
CONCEITO DO TQC 112
DIMENSÕES DA QUALIDADE 112

8. CONCLUSÕES 114

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1. FUNDAMENTOS DA PRODUTIVIDADE

INTRODUÇÃO

A função produção, entendida como o conjunto de actividades que levam à


transformação de um bem em outro com maior utilidade, acompanha o
homem desde sua origem. Quando polia a pedra a fim de a transformar em
utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico executava uma actividade de
produção.

Nos milhares de anos que se seguiram , o homem evoluiu e as suas


actividades e necessidades tornaram-se cada vem mais vastas e complexas ,
auxiliadas pelo desenvolvimento de ferramentas e métodos de produzir cada
vez mais sofisticados .

No inicio do século XX , Henry Ford cria a linha de montagem em série,


revolucionando os métodos e processos produtivos
até então existentes. Surge então o conceito de
produção em massa, caracterizada por grandes
volumes de produtos. Esta metodologia de fabrico
trouxe consigo princípios inovadores relacionados
com a melhoria da produtividade por meio de
novos conceitos e técnicas de gestão das
actividades , como :

• linha de montagem;
• posto de trabalho;
• stoks intermédios;
• arranjo físico ou Layout;
• balanceamento de linha;
• produtos em curso de fabrico;

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• controlo de tempos de fabrico ;
• manutenção preventiva;

Neste contexto , é dada grande importância ao conceito de produtividade,


explicado como :
2.
a procura incessante por melhores métodos de trabalho e processos
de fabrico, com o objectivo de se obter a melhor e maior
produção com o menor custo possível.

Esta procura ainda hoje é o tema central em todas as empresas, mudando-se


apenas as técnicas utilizadas.

A análise da relação entre o que é produzido (carros , sapatos , livros ,


transportes , receitas , etc) e o que é consumido (matérias-primas, mão-de-
obra, energia, capital, instalações, etc), corresponde á medida que permite
quantificar a produtividade, que sempre foi o grande indicador do sucesso ou
fracasso das empresas.

Pr odução
Pr odutividade =
Consumo

A produção em série é responsável pelo grande


aumento da produtividade e posteriormente da
qualidade com a obtenção de produtos mais
uniformes, devido á padronização e aplicação de
técnicas de controle da qualidade.

O conceito de produção em massa e as técnicas produtivas dele decorrentes


predominaram nas fábricas até meados da década de 60, quando surgiram
novas técnicas produtivas , destinadas a aumentar a eficiência dos processos
de fabrico e a sua flexibilidade , promovendo entre outros , os seguintes
conceitos:

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• just-in-time
• células de produção;
• robotização
• qualidade total
• certificação

Ao longo desse processo de modernização da produção, cresce em importância


a figura do consumidor, em nome do qual tudo se tem feito.

Pode-se dizer que a procura da satisfação do consumidor é que tem levado as


empresas a se actualizar em com novas técnicas de produção, cada vez mais
eficazes, eficientes e de alta produtividade.

É tão grande a atenção dispensada ao consumidor , que este, em muitos


casos, já especifica em detalhes o "seu" produto, sem que isso atrapalhe os
processos de produção do fornecedor, que para tal tem de melhorar a sua
flexibilidade. Assim, estamos de novo a caminhar para a produção
personalizada , que, sob certos aspectos, constitui um "retomo ao artesanato"
sem a figura do artesão, que passa a ser substituído por fábricas e serviços
sofisticados .

Actualmente é o sector de serviços que emprega mais pessoas e gera maior


parcela do produto interno bruto na maioria das nações do mundo. Desta
forma, passou-se a dar ao fornecimento de serviços uma abordagem
semelhante à dada à fabricação industrial.

Uma empresa moderna e inserida na actual economia global , é a que está


voltada para o cliente, sem perder a característica de empresa eficiente, com
indicadores de produtividade que a colocam no topo entre seus concorrentes,
em termos mundiais, objectivo só atingido com a procura incessante de
melhorias.

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O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE

O que significa para uma empresa ser competitiva? A resposta a essa pergunta
tem sido objecto dos mais variados estudos, e muito ainda será dito e escrito
sobre o tema . Contudo poderemos dizer que :

ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais


fabricantes e/ou fornecedores de um produto/serviço num
determinado mercado

Essa capacidade de competir normalmente varia ao longo do tempo e não são


raros os exemplos de empresas que perdem tal capacidade e são expulsas do
mercado.

À medida que crescem as vantagens competitivas de uma empresa, aumenta


sua parcela do mercado. Assim, em uma situação normal de mercado aberto,
uma empresa só sobrevive enquanto mantém alguma vantagem competitiva
sobre seus concorrentes, e um dos factores que mais influencia a
competitividade é a produtividade , que constitui por si só , um dos principais
factores que determinam o sucesso das empresas e dos países .

FACTORES DE COMPETITIVIDADE

O sucesso da actividade de uma empresa é moldado por um conjunto de


factores que importa dominar para a boa gestão dos seus recursos e
consequente melhoria da sua competitividade.

• Custos. A produção de um bem e/ou serviço ao menor custo possível é


um objectivo permanente de toda e qualquer organização. A dimensão
custo, que pode traduzir-se no menor preço de venda, é o grande factor

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decisório do consumidor. Não há dúvida que uma estratégia de redução
de custos terá enorme impacto na vantagem competitiva.

• Qualidade. A melhoria contínua da qualidade foi o grande trunfo das


empresas japonesas na conquista de mercados cada vez maiores e mais
sofisticados. A dedicação de esforços na área da qualidade dos
produtos/serviços tem um duplo efeito no aumento da vantagem
competitiva, pois está demonstrado que a melhoria da qualidade, ao
contrário do que sempre se imaginou, resulta muitas vezes na redução
de custos de produção.

• Prazos de entrega, Quanto menor o prazo de entrega de um


produto/serviço, tanto mais satisfeito ficará o consumidor. Além disso,
quanto menor o prazo de entrega, tanto menores serão os Stocks
intermédios , os espaços necessários e os seus custos relativos.

• Flexibilidade. É a capacidade que a empresa deve ter para


rapidamente se adaptar às mudanças do mercado devendo ser ágil na
adaptação dos seus produtos às novas exigências do consumidor.
Quanto mais flexível e rápida for, mais cedo chega ao mercado com uma
solução ou inovação tirando partido de ser o primeiro no mercado .

• Inovação. É a capacidade da empresa se antecipar às necessidades dos


consumidores. A empresa americana 3M tem por característica sua
capacidade inovadora, o que tem lhe dado grande vantagem competitiva
em relação aos seus concorrentes.

• Produtividade. É uma dimensão que deve estar presente em todas as


acções da empresa, sob pena de perder competitividade e é resultado
da combinação dos factores anteriores .

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A produtividade de uma Empresa , é assim obtida a partir da sua
capacidade de inovar, da sua flexibilidade, da qualidade obtida e da redução
dos seus custos .

Em resumo a Produtividade é a resultado da melhor ou pior gestão dos


recursos de uma qualquer actividade , pelo que a optimização dos mesmos
deve ser uma prioridade de qualquer forma de gestão .

SIGNIFICADO DA PRODUTIVIDADE

A produtividade é tema importante para gerentes e supervisores, em qualquer


nível da organização. Como se referiu antes o aumento da produtividade
fornece os meios para a redução dos preços, aumento dos lucros, segurança
do trabalho e maiores salários.

Na maior parte dos casos o aumento de produtividade requer mudanças na


tecnologia, na qualidade ou na forma de organização do trabalho, ou em todos
estes factores no seu conjunto.

Entre outros podem ser citados alguns factores que determinam ou influenciam
a produtividade:

✓ Relação capital-trabalho, ou seja, o nível de investimentos em


relação à mão-de-obra empregada. A tendência cada vez maior é o
de emprego de linhas automatizadas.

✓ Escassez de alguns recursos, como por exemplo energia


eléctrica: ocasiona o aumento deste custo de produção.

✓ Mudanças na mão-de-obra, decorrentes de alterações de


processos produtivos, onde é necessário pessoal com maior grau de
formação e adaptabilidade .

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✓ Inovação e Tecnologia, são os grandes responsáveis pelo
aumento da produtividade .

✓ Restrições Legais, têm imposto limitações a certas empresas,


forçando-as a implantarem equipamentos de protecção ambiental,
com impactos na produtividade.

✓ Factores de Gestão, relacionados com a capacidade dos


administradores em se empenharem em programas de melhoria de
produtividade das suas empresas.

O termo produtividade é hoje exaustivamente usado não só nas publicações


especializadas como também no dia-a-dia da empresa. O termo produtividade,
foi utilizado pela primeira vez, num artigo do economista francês Quesnay, em
1766. Decorrido mais de um século, em 1883, outro economista francês,
Littre, usou o termo com o sentido de “capacidade de produzir”. Entretanto,
somente no começo deste século o termo assumiu o significado da relação
entre o produzido (output) e os recursos empregues para o produzir
(input).

Em 1950 a Comunidade Económica Europeia apresentou uma definição formal


de produtividade como sendo

o quociente produzido pela divisão do produzido (output) por um


dos factores de produção

Dessa forma, pode-se falar da produtividade do capital, das matérias-primas,


da mão-de-obra etc.

Dependendo de quem defina produtividade ( economista, gerente, político,


líder sindical, engenheiro de produção etc ) esta pode ter diferentes definições.

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Contudo uma análise cuidadosa leva a duas definições básicas:

Produtividade parcial: é a relação entre o produzido, medido de


alguma forma, e o meio de produção utilizado.

Assim, a produtividade da mão-de-obra é uma medida de produtividade


parcial. O mesmo é válido para a produtividade do capital

Produtividade total: é a relação entre o output total e a soma de


todos os meios de produção (Input)

Deste modo o significado de produtividade reflecte o impacto conjunto de


todos os factores na produção do output (Produto ou serviço final)

Determinar a PRODUTIVIDADE PARCIAL da mão-de-obra de uma empresa


que facturou 73 milhões de Euros em certo ano fiscal no qual os 372
colaboradores trabalharam em média 180 horas/mês.

Horas totais de trabalho = 372 funcionários x 180 horas = 66960 horas

Produtividade = 73 000 000 € / 66960 = 1090 € / hora de trabalho

Determinar a PRODUTIVIDADE TOTAL da empresa do exemplo anterior


sabendo-se que incorreu em custos de 71 milhões de Euros , referentes a
todos os recursos utilizados na sua actividade.

Produtividade = 73 000 000 € / 71 000 000€ = 1,028

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3. GESTÃO DA PRODUTIVIDADE

INTRODUÇÃO

O estudo sistemático da produtividade já faz parte dos processos de gestão de


várias empresa , como forma de medirem os seus desempenhos , detalhando
por vezes esta medida, para as áreas de Serviços , Financeira e Produção.

Avaliar a produtividade e compará-la com a de outras empresas


(benchmarking), concorrentes ou não, tornou-se um igualmente um acto de
gestão importante para os gerentes preocupados com o futuro da empresa e a
sua posição no mercado .

A qualquer instante uma empresa envolvida num programa de melhoria da


produtividade estará num dos quatro estágios ou fases:

1. medida
2. avaliação
3. planeamento
4. melhoria

A produtividade deve ser medida através da definição de métodos adequados,


utilizando dados já existentes ou recolhendo dados novos para o efeito . Estes
dados devem reproduzir e representar fielmente os factores de actividade da
Empresa como :

Horas de trabalho , remunerações , Custos de materiais e matérias primas ,


valores facturados , valores recebidos , quantidades produzidas e vendidas etc

Estes valores devem estar associados a um mesmo período de avaliação


(Semana , mês , Ano)

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Com os dados recolhidos e tratados , podem-se calcular os valores da
produtividade (parciais ou totais) , de acordo com a realidade da empresa .

A partir dos níveis identificados, e das comparações realizadas, podem-se


planear níveis a serem atingidos, tanto a curto quanto a longo prazo.Esta
planificação tem subjacente um trabalho de análise de processos menos
produtivos , para elaboração de medidas de melhoria da produtividade .

Redução de encargos financeiros , redução de tempos mortos , redefinição dos


fluxos de produção , adjudicação externa de serviços não essenciais , etc

Elaborado o planeamento com a devida fixação de objectivos de melhoria ,


resta passar à acção, introduzindo as melhorias propostas, fazendo as
verificações necessárias e realizando novas medições da produtividade para a
sua monitorização.

A gestão da produtividade é um processo formal de gestão,


envolvendo todos os níveis da administração e colaboradores,
com o objectivo último de reduzir custos de manufactura,
distribuição e venda de um produto ou serviço, através da
integração das quatro fases do Ciclo da Produtividade, ou seja

medida - avaliação - planeamento - melhoria

MEDIDA DE PRODUTIVIDADE DA ORGANIZAÇÃO

Quando falamos em produtividade, há que distinguir os diferentes termos em


que pode ser expressa , como no caso da produtividade do
trabalho(número de unidades produzidas por hora de trabalho) ou
produtividade do capital(o capital inclui capital ,máquinas, terras, edifício e

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em que a produtividade se mede pelo aumento da produção com o mesmo
capital).

Em qualquer destes casos, estamos a referir a produtividade parcial em que se


considera apenas um factor como input. Quando referimos todos os
inputs(produtividade do trabalho e a de capital) temos a produtividade total
dos factores.

Saídas ou Outputs

Constituem os resultados obtidos e podem ser aferidos pelas seguintes


medidas:

número de produtos produzidos por uma


Quantidade de
empresa ou o número de serviços
produção
prestados

Valor da valor das vendas do produto ou serviço


produção prestado, durante um dado período

traduz o resultado das vendas de uma


Valor adicionado empresa menos os valores pagos a
fornecedores e/ou terceiros

Consumos ou Inputs

Recursos necessários para produzir mercadorias ou serviços. Podem ser:

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Quantidade de reflecte o número de horas de trabalho ou
trabalho o número de empregados número de

reflecte o valor de utilização das máquinas


Quantidade de
e instalações ou aquilo que se gasta para
capital
produzir

Aumentar a produtividade NÃO SIGNIFICA que os trabalhadores


tenham de trabalhar mais horas; uma alta produtividade passa por
uma eficiente organização dos processos de produção e de trabalho e
uma constante formação profissional dos trabalhadores

Os processo de medida da produtividade mais indicados utilizam indicadores


que permitem avaliar as variações, ao longo do tempo, de uma grandeza não
susceptível de medida directa.

Assim a produtividade na empresa pode ser avaliada através dos indicadores:

Produtividade total (PT): é a relação entre a medida do output


gerado entre dois instantes i e j, a preços do instante inicial, e a
medida do input consumido entre os dois instantes i e j, a preços
do instante inicial.1

OI
PT = em que C = total de bens consumidos
CI
O = Total dos bens produzidos

1 Os preços devem ter a mesma base de referência, podendo ser tanto o instante i como j (ou qualquer outro). , reportando-se á

totalidade dos recursos usados na actividade .

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A produtividade é, pois, uma avaliação efectuada entre dois instantes no
tempo , fazendo sentido falar em produtividade no dia, no mês, no ano. Por
outro lado , a variação da produtividade é avaliada entre dois períodos,
consecutivos ou não.

Produtividade parcial do trabalho (Pm) (ou da mão-de-obra):


é a relação entre o output total no período, a preços constantes, e o
input de mão-de-obra no mesmo período, a preços constantes.

OI
Pm = em que M = total de Mão de obra usada (Horas ou trabalhadores)
MI
O = Total dos bens produzidos

Há duas variantes da medida que relaciona produto com o factor de produção


trabalho. A primeira divide o produto (ou um índice de produção) pelo número
de trabalhadores envolvidos na produção (ou pelo índice a ele relacionado). O
inconveniente de tal medida é que ela não considera o tempo de trabalho
despendido por cada um dos trabalhadores.

Assim, um mesmo número de trabalhadores trabalhando por mais tempo seria


interpretado como um aumento da produtividade ao invés de um aumento no
uso do trabalho.

Para se evitar esse problema, procura-se utilizar a segunda variante: a razão


entre o produto e o número de horas trabalhadas (homens-hora).

Y
Pr = onde,
H
Y é a quantidade produzida do bem e
H é o número de horas trabalhadas ou horas pagas.

Produtividade energética

Uma segunda medida de produtividade também de fácil construção é a


produtividade do factor energia, ou seja, a relação entre o produto e o
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consumo de energia. Dado que a energia é a principal força motriz nos
processos de produção, este índice mede o desempenho técnico destes
processos.
Y
Pr =
CE

Y é a quantidade produzida do bem e


CE – Consumo de Energia (Kwh)

No caso de actividades que utilizem outros tipos de energia (Gás , Fúel ,etc)
de maneira predominante, deve-se substituir o consumo de energia eléctrica
da equação pelo consumo da fonte de energia utilizada. Utilizando-se uma
medida comum de energia, a tonelada equivalente de petróleo – tep, por
exemplo, é possível se combinar o consumo energético de fontes diferentes. A
esta medida poderemos igualmente chamar consumo especifico de energia

A Produtividade energética (Consumo especifico) , constitui


uma das melhores medidas do desempenho de uma actividade ,
valor que pode ser comparado com os índices de regulamentados
2
para a actividade em causa .

Taxa de Produção em quilogramas por hora:

Representa o peso médio (em Kg) produzido no intervalo de uma hora. O


cálculo é feito dividindo-se o peso obtido em cada máquina pela diferença
entre o horário final e o horário inicial de produção .

2 Consultar o Regulamento de Racionalização dos Consumos de Energia da Direcção Geral de Energia


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No mês de janeiro de 1996 a empresa ABC produziu 1.330 unidades do
produto Z, com a utilização de 818homens/hora. No mês de fevereiro,
devido ao menor número de dias úteis, produziu 1.180 unidades, com a
utilização de 780 homens/hora. Determinar a produtividade total nos meses
de janeiro e fevereiro e sua variação.

Pm Janeiro = 1330 peças / 880 homens = 1,511 peças / Hm


Pm Fevereiro = 1180 peças / 780 homens = 1,513 peças / Hm

Variação da Produtividade = PmFev – PmJan = 1,513 – 1,511 =


0,003un/Hm

Uma indústria de cartão ondulado produziu, em 1989, 240000 de toneladas


com o emprego de 1570 empregados. Em 1994 produziu 290000 ton com o
emprego de 1390. Determinar as produtividades em 1989 e 1994

Pm 1989 = 240000 ton /1570 homens = 153 ton / Hm


Pm 1994 = 290000 ton / 1390 homens = 208 ton / Hm

Variação da Produtividade = 208 – 153 =55 ton/ hm

Produtividade parcial do capital(Pc) : é a relação entre o output


total no período, a preços constantes, e o input de capital no
mesmo período, a uma taxa de retorno constante

Produtividade parcial dos materiais (Pi): é a relação entre o


output total no período, a preços constantes, e o input dos
materiais intermediários comprados no período, a preços constantes

Uma industria utiliza água no seu processo industrial, e o consumo histórico


tem sido de 0,88 litro por 1.000 unidades produzidas. Uma melhoria no
processo industrial reduziu o consumo para 0,84 litro por 1.000 unidades.
Determinar a produtividade antes e depois da alteração e sua variação

Pi 1 = 1000 un / 0,88 L = 1136 un / L


Pi 2 = 1000 un / 0,84 L = 1190 un / L

Variação da Produtividade = 1190 – 1136 =60 un/ L

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Produtividade em Serviços

Exemplos de medida de produtividade para serviços , podem ser dados por :

Produtividade diária por doca (em Kg/doca.dia):

Representa a taxa diária de carregamento numa doca, ou seja, quantos


quilogramas foram movimentados em cada doca num dia. O cálculo é feito
dividindo-se o total carregado num dia (em Kg) pelo número de docas em
operação nesse dia.

Produtividade dos empilhadores (kg/hora.empilhadores):

Representa o peso (em Kg) movimentado por cada empilhador no intervalo de


uma hora. É calculado dividindo-se o total diário carregado (em Kg) pelo
produto entre o número de empilhadores e o total de horas de utilização por
dia

Outros Indicadores de Produtividade

PTF = produtividade total de uma firma = output total da firma


input total da firma

TTi = produtividade total do produto i = output total do produto i


input total do produto i

Txi = produtividade parcial do produto i com relação ao input do


factor j
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Tx = Output do Produto
Input do Produto

Indicador de produtividade real

Para ambos os casos citados anteriormente, é possível construir um indicador


que leve em consideração as unidades perdidas no processo produtivo, assim
como o retrabalho. Assim sendo, esse indicador forneceria uma medida mais
adequada da produtividade dos factores de produção.

(1 + P!) /(1 + P1 + P 2) Y
PRT = *
1 + P1 * r CM

onde,
p1 é a fracção de produto que necessita de retrabalho;
p2 é a fracção de produto que não pode ser aproveitada;
r é a taxa de consumo de materiais para um produto que necessita
de retrabalho;
Y é a quantidade de bem produzida; e
CM é o montante de MATERIAL utilizado.

Índices de variação da Produtividade

A par da medida da absoluta da Produtividade , podem-se compara valores e a


sua variação , a partir de índices de variação da produtividade .Define-se o
índice de variação da produtividade total da firma, no período t, como:

(IPTF)t = PTFt
PTFo

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Similarmente, o índice de variação da produtividade total do produto i, no
período t (entre os momentos a e b), (ITx)it, é dado por:

(ITx)it = Txb
Txa

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4. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO

Antes de abordarmos com maior detalhe os factores de influencia da


produtividade , será útil apresentar as formas e características mais
importantes dos tipos de organização das actividades de fabrico , para a
melhor identificação do relacionamento entre os diferentes meios de produção
necessários á obtenção de um artigo ou serviço .

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM MASSA

É caracterizada por elevado volume de produção


durante longos períodos, com poucas mudanças
tecnológicas ou de especificações . Podemos considerar
processos contínuos e discretos:

Processos contínuos envolvem matéria-prima, alimentada


contínua e regularmente , embora com características variáveis
dentro de um dado limite; Nos processos contínuos o produto flui
continuamente; trata-se do processo tecnológico mais eficiente,
mas pouco flexível.(Petróleo , Cimento , Papel , Químicos, etc)

Processos discretos envolvem a produção de unidades


individuais de produto, tais como frigoríficos , sapatos ou
componentes electrónicos..

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO EM LOTES

O mesmo equipamento é utilizado para produzir vários


produtos sendo a produção programada de forma cíclica.
Podemos considerar três tipos de produção em lotes:

9 Produção em longos lotes com montagem diferenciada.


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9 Produção em longos lotes com pouca variedade na montagem.
9 Produção em pequenos lotes.

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO
UNITÁRIA

Caracterizada pela produção de reduzida


quantidade de produtos e muito diversificados.
Podemos considerar três tipos de produção
unitária:

✓ Produção de equipamento especial.


✓ Montagens tecnicamente complexas.
✓ Produção de equipamento pesado

PRINCIPAIS TIPOS DE FLUXO DE PRODUÇÃO

Podemos identificar em sistemas de produção, diferentes formas para


estruturação do fluxo de produção:

1. Fluxo de produção em linhas do tipo mão-de-obra intensiva.


2. Fluxo de produção em grandes lotes
3. Fluxo de produção em pequenos lotes.
4. Fluxo de produção em células do tipo tecnológico.
5. Fluxo de produção em células do tipo mão-de-obra intensiva.

FLUXO DE PRODUÇÃO EM LINHA

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Fluxo de produção em Linhas é utilizada em unidades industriais com elevado
volume de produção durante longos períodos e com poucas mudanças
tecnológicas.

O layout de produção é orientado por produto, sendo caracterizado por


elevada velocidade de produção. Utiliza equipamento dedicado à produção
específica de um conjunto particular de produtos. Diferentes postos de
trabalho são agrupados na linha de produção, tipicamente um posto de cada
tipo, excepto onde postos semelhantes são
necessários para balancear o fluxo de produção. O
investimento em equipamento e ferramentas
especiais pode ser elevado; frequentemente os
tempos de ciclo de fabrico são inferiores a 10
minutos, incluindo tarefas com relativo baixo
conteúdo.

Os componentes são concebidos para fluir por uma sequência de operações,


através de equipamento de movimentação como transportadores de corrente,
rolos ou tela. Os componentes deslocam-se pelos diversos postos de trabalho,
componente a componente ou peça-a-peça.

Um dos factores de maior importância para a boa gestão deste tipo de fluxo
produtivo , é o Balanceamento da Linha . Uma linha balanceada significa
que o tempo das operações realizadas nos diferentes postos de trabalho, é
sensivelmente o mesmo, de forma a reduzir o seu tempo de inactividade.

Trata-se de um sistema de fabricação normalmente pouco flexível, no


respeitante à variedade e ao volume de produção.

FLUXO DE PRODUÇÃO EM LOTES

No fluxo de produção por lotes, o mesmo equipamento tecnológico é


utilizado por variados produtos sendo cada produto programado de forma

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cíclica. A característica que diferencia este sistema de fabricação, é a sua
capacidade para produzir uma
larga variedade de produtos, em lotes de grande, média ou reduzida dimensão
(mesmo unitária).

Unidades de produção em lotes são frequentemente


concebidas para responder a encomendas especiais dos
clientes; muitas indústrias de fabricação por lotes
fabricam para stocks de produtos acabados.

Os operadores/as necessitam de elevada capacidade técnica para realizarem


uma diversidade de tarefas. Verificam-se dificuldades em obter, neste tipo de
fabricação, elevados níveis de produtividade. Valores como 10% de tempo útil
de produção, num total de 8 horas de trabalho, são considerados correntes
neste tipo de fabricação.

Na fabricação por lotes


as máquinas
ferramentas encontram-
se funcionalmente
agrupadas, de acordo
com o processo de
fabricação: todos os equipamentos duma mesma família agrupados na mesma
área funcional. A vantagem deste layout reside na sua capacidade para
fabricar uma larga diversidade de produtos.

Cada componente, possuindo a sua própria


sequência de operações, pode ser programada
através dos diferentes departamentos funcionais, na
sequência adequada. São concebidas Folhas de
Acompanhamento para controlar o movimento dos
materiais. Em geral empilhadores e transportadores
são utilizados para transportar os produtos de um
posto de trabalho para o seguinte.

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Quando o volume de produção aumenta, o sistema de produção em lotes
pode-se tornar bastante complexo de gerir, resultando em longos prazos de
processamento e elevados produtos em curso de fabricação. Lotes típicos de
dimensão média envolvem 50 a 200 unidades.

FLUXO DE PRODUÇÃO EM CÉLULAS DE FABRICO

Trata-se de uma estrutura semelhante às linhas de produção, contudo


concebida para flexibilidade. A célula é frequentemente configurada na forma
de U, permitindo aos operadores/as deslocarem-se rapidamente entre
máquinas.

SE RE SE RE TO FR TO RE
TO FU TO RE TO FR FU RE

TO FR TO FU FU FU FU FR

CÉLULA 1 CÉLULA 2 CÉLULA 3 CÉLULA 4

As máquinas na célula são normalmente automáticas de ciclo único, ou


semiautomáticas, desligando-se automaticamente no final do ciclo. As células

m a te ria is p ro d. acab ad o
podem incluir todas as operações necessárias
à produção de um componente ou
2 min
POSTO 1 2 min
POSTO 8
subconjunto.

5 min
POSTO 2 1 min
POSTO 7 CONCEPÇÃO DAS CÉLULAS

• As máquinas são organizadas na sequência


3 min
POSTO 3
de fabricação.
10 min

POSTO 6

• As células são normalmente concebidas na


4 min 6 min
POSTO 4 POSTO 5
forma de U ou de C.

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• O processamento na célula pode ser peça-a-peça ou em pequenos lotes.

• Os operadores/as são treinados de forma a realizarem diversas


operações.

• O tempo de ciclo na célula, pode ser regulado de acordo com as


necessidades dos clientes.

• Os operadores/as operam frequentemente na posição de pé.

TIPOS DE ACTIVIDADES

Existem 5 tipos principais de actividades industriais que afectam o resultado


final da Produtividade :

1 - Operação

2 - Controlo ou inspecção

3 - Transporte

4 - Armazenagem temporária ou Espera

5 - Armazenagem permanente

OPERAÇÕES

As operações são as fases principais de um processo ou método. Em geral, a


peça, a matéria, ou o produto em causa, são modificados ou alterados durante
a operação. Uma operação pode ser igualmente um trabalho de preparação
para uma actividade que contribui para o acabamento do produto. Existem
dois tipos de operações:

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1. Operações que acrescentam valor ao produto

Normalmente transformam o material, mudando a


forma ou qualidade. Transformam componentes ou
produtos e aumentam o seu valor através de
actividades como

• Montagem
• Preparação de matéria-prima
• Estampagem de chapas de aço
• Soldadura, pintura

2. Operações que não acrescentam valor ao produto

Tratam-se de operações como manutenção de equipamento, reparações de


defeitos, preparação de equipamento e mudança de
ferramentas, que fundamentalmente reduzem a eficiência e
a produtividade da unidade.

A observação dos postos de trabalho indica que a


percentagem da actividade que acrescenta valor ao
produto, é inferior ao normalmente esperado. Isto significa,
que os colaboradores devem transformar os movimentos em operações de
valor acrescentado; mover rápido e eficientemente, pode não conduzir a valor
acrescentado para o produto.

Controlo ou inspecção

Indica o controlo de qualidade, verificação de quantidade


ou leitura de painéis de controlo. O controlo não contribui
directamente para produzir o produto. Visa simplesmente

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verificar se uma dada operação foi executada correctamente, do ponto de vista
qualitativo ou quantitativo.

Transportes

Representa a deslocação de colaboradores, matérias-primas ou materiais


acabados, de um local para outro. Existe transporte quando um objecto é
mudado de um lugar, salvo se a deslocação faz parte de
uma operação ou é efectuado por um colaborador no seu
posto de trabalho durante uma operação ou controlo.

Transporte significa que o material é deslocado por um


empilhador, por um empregado, por transportador de rolos ou por uma ponte
rolante.

Armazenagem temporária ou espera

Designa um atraso ocorrido no decorrer de uma série de acontecimentos,


como por exemplo:

• Espera de trabalho entre duas operações; espera de um elevador.


• Colocação de objecto de lado à espera de ser deslocado.
• Caixotes à espera de serem abertos.
• Peças soltas colocadas nos cacifos de armazenagem à espera de
serem controladas.

Armazenagem permanente

Designa uma armazenagem controlada na qual é requerida uma autorização


para que o material possa entrar ou sair do armazém. Existe armazenagem
permanente quando um objecto é conservado e protegido contra qualquer

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deslocação não justificada. A diferença entre armazenagem permanente e
temporária reside no seguinte facto:

• Armazenagem Permanente: Geralmente é preciso apresentar uma


requisição ou outra justificação para fazer sair um artigo do
armazém

• Armazenagem temporária: Não é preciso requisição ou


autorização para deslocar o material

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5. FACTORES DE PRODUTIVIDADE

Nesta secção , iremos abordar os factores e parâmetros relacionados com os


recursos produtivos que interferem com a produtividade no âmbito da
actividade de uma empresa , explicitando sempre que possível os aspectos de
potencial melhoria em cada caso .

RECURSOS HUMANOS

Os Recursos Humanos são a chave vital numa organização. São as pessoas


que fazem as organizações e que produzem pelo que a adequação e o
entrosamento desses recursos é determinante para o sucesso da organização.

A gestão de recursos humanos engloba vários pontos fulcrais comuns a á


maioria das empresas , como sejam :

9 Planeamento de recursos humanos


9 Recrutamento e selecção
9 Gestão documental
9 Processamento de salários
9 Definição de funções
9 Formação
9 Avaliação de desempenho.
9 Registo e manutenção de informações

Planeamento

O recrutamento de recursos humanos exige que se saiba previamente quem se


vai recrutar, quantos se vão recrutar e porque é que se vai recrutar. Ora isto

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só é possível se existir uma acção de planeamento que determine as
necessidades da organização.

O planeamento consiste em fazer uma previsão das futuras necessidades, ter


conhecimento das mudanças que irão ter lugar, analisar a mão-de-obra
existente, e analisar as ofertas interna e externa de mão-de-obra. Para se
poder efectuar um bom planeamento deve-se ter conhecimento absoluto dos
objectivos da empresa, e conhecer também o mercado de trabalho.

A previsão das futuras necessidades só é possível se :

9 Houver um perfeito conhecimento dos objectivos da empresa e


das mudanças que se irão verificar;
9 Existir um perfeito acompanhamento das movimentações de
pessoal no interior da empresa (e. transferências, baixas e
aposentações, promoções, etc.);

Recrutamento

O recrutamento consiste num conjunto de técnicas e métodos para atrair


candidatos. Uma organização recorre ao recrutamento sempre que se verifique
um défice de pessoal para desempenhar determinadas tarefas.

O recrutamento poderá fazer-se no interior da


organização, ou no exterior. Nalguns casos poderá
recorrer-se a outras técnicas para fazer face ao défice
de pessoal, procedendo a uma reorganização de
determinadas áreas da empresa onde se poderá
reduzir o pessoal e transferi-lo para os locais
deficitários em recursos humanos.

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O recrutamento interno apresenta uma economia para a empresa e um
aproveitamento do investimento feito na formação, assim como possibilita
uma maior rapidez no preenchimento da vaga. A probabilidade de
escolher um candidato adequado é maior, uma vez que já se conhece o
seu perfil.

O recrutamento externo permite importar novos conhecimentos e


experiências para a organização. A formação não é necessária na maioria
dos casos, pois escolhem-se candidatos que já possuam a formação
adequada. É mais fácil incutir nos novos funcionários o que se
espera deles, já que não possuem certos hábitos existentes na organização (menor
produtividade inicia compensada com maior flexibilidade).

Após o recrutamento , o candidato deverá ser sujeito a um período


experimental nas funções que lhe forem atribuídas , durante o qual o mesmo
deverá ser acompanhado por monitor ou superior hierárquico , para a mais
rápida integração e consequente aumento de produção .

É muito importante que o candidato seja bem acompanhado nesta fase , para
aumentar a taxa de sucesso de incorporação de novos funcionários (e redução
da rotatividade) , pois em geral é perdido todo o investimento capital , tempo
e materiais consumidos durante a sua formação inicial .

Análise de funções

Para evitar perdas de produtividade por inadaptação do colaborador , é muito


importante o bom conhecimento dos quesitos de cada função a desempenhar .
Só depois deste passo , é que se deve proceder ao recrutamento do melhor
elemento para o lugar.

A análise de uma função é efectuada através de uma investigação sistemática


das tarefas e responsabilidades dessa função, assim como dos conhecimentos

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e capacidades necessárias à função Obtemos assim um conjunto de tarefas e
responsabilidades que descrevem cada função e a distinguem das outras.

É necessário igualmente estabelecer o alcance de cada função a sua posição


hierárquica , as suas limitações, os recursos a atribuir e as actividades mais
significativas. Também se devem definir as condições de execução da função,
tais como ambiente, ruído, trabalho nocturno, deslocações, esforço físico, etc.

Os resultados esperados mais importantes também devem ser descritos. A


definição da função só estará concluída após terem sido efectuadas revisões,
correcções e ajustes, e finalmente a aprovação superior.

Formação

A integração pressupõe um período de adaptação e


de aprendizagem. A adaptação deve ser
proporcionada por uma acção de acolhimento que
consiste na apresentação da estrutura da
organização, das condições básicas de trabalho, dos
regulamentos e acordos em vigor, e das pessoas
com que se vai trabalhar, superiores, colegas e equipas de trabalho.

A aprendizagem pode tomar duas formas: treino e formação.

O treino serve para preparar o trabalhador a executar as suas tarefas.


Trata-se de uma forma de formação muito específica e determinada, que
normalmente é efectuada no próprio local de trabalho.

Devem-se implementar programas de treino a longo prazo , pois


Operadores/as em novas tecnologias requerem formação permanente para
manter um elevado desempenho

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A formação profissional pode e deve ser fomentada pela própria
organização, ou pode ser adquirida pelo próprio trabalhador no seu
interesse. A formação profissional difere do treino pelo seu conteúdo mais
geral e de acordo com os objectivos da organização.

A formação assume hoje um papel fundamental na melhoria da produtividade ,


pois existem frequentemente défices de competências técnicas ou funcionais
no desempenho das actividades de manufactura.

A formação para novas funções , deve ser programada com antecedência ,


para evitar situações em que o colaborador ocupa o lugar sem a devida
preparação , aumentando defeitos e perdas de produtividade .

Avaliação de desempenho

A avaliação de desempenho consiste na apreciação do comportamento dos


colaboradores na função que ocupam , através de uma análise objectiva dos
seus dados de produção e comportamento (Peças produzidas , nº de defeitos
horas trabalhadas , absentismo , funções desempenhadas etc) e posterior
comunicação do resultado da avaliação.

Pretende-se que os resultados forneçam uma


ideia do nível de desempenho e que sirvam
para motivar o aumento de qualidade e da
produtividade , mecanismo por vezes associado
á atribuição de remunerações adicionais (prémios de mérito ou produção) . Os
resultados da avaliação podem ser igualmente utilizados para fundamentar
promoções , despedimentos ou mudança de funções .

Neste sentido é preferível que o método de avaliação seja apoiado


predominantemente em factores objectivos (peças produzidas , absentismo ,
flexibilidade etc) contra factores subjectivos (avaliação da chefia) , para

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aumento da transparência dos resultados e assim funcionar como factor real
de motivação dos colaboradores .

Exemplo de parâmetros de avaliação

1 - DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE REALIZADA


PRODUÇÃO OBJECTIVO
TAREFA / OPERAÇÃO INICIO - FIM
OBTIDA (PC/H) (PÇ/H)

2 - ABSENTISMO
HORAS HORAS DE FALTA HORAS DE FALTA
MÊS % ABSENTISMO
POTENCIAIS JUSTIFICADAS TOTAIS

TOTAIS

3 - AVALIAÇÃO DO FUNCIONÁRIO

PRODUTIVIDADE: Comparação entre a quantidade de trabalho apresentada e aquela que é esperada para a
função. Implica a consulta dos registos de produção.

… 1 - Não atinge valores relevantes de Produção.


… 2 - Produção inferior a 50% do valor médio.
… 3 - Produção superior a 50% e inferior a 80% do valor médio.
… 4 - Atinge a produção média (100%) definida para a função
… 5 - Ultrapassa com frequência a produção média (100%) definida para a função.

Observações:

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Registo e manutenção de informações

O departamento ou responsável de RH , deve manter ,


tratar e actualizar todas as informações relativas aos
colaboradores da empresa , providenciando igualmente
informações em tempo útil aos colaboradores , de forma a
evitar perdas de tempo em deslocações dos funcionários
ao departamento .

A organização da gestão dos RH , deve ter em conta que deve ser evitado a
todo o custo a saída do funcionário do seu posto de trabalho para resolução de
problemas administrativos pois ela resulta muitas vezes em :

9 perda de produção
9 perda de tempo
9 atraso de outras tarefas
9 perda de ritmo
9 aumento de defeitos

Estes factores enunciados , determinam uma inevitável perda de produtividade


do trabalhador e possivelmente do seu sector .

Rotação de pessoal

Uma organização é composta por pessoas, e à semelhança de qualquer


sistema de pessoas, existem migrações tanto no interior da organização, como
no seu exterior. À migração exterior, ou seja, à movimentação de pessoas para
dentro e para fora da organização, chama-se rotação. A gestão da rotação
torna-se essencial pois uma rotação elevada gera custos também elevados ,
pois exige um esforço considerável de tempo e materiais para a sua formação.

Se bem que a um dado nível a substituição dos colaboradores de uma Empresa


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pode ser positiva dado se admitirem pessoas sem vícios de função e mais
abertas a novos desafios e possibilidades , os custos da rotação das pessoas
podem assumir um valor significativo , uma vez que ocorrem diversas
consequências :

custos com recrutamento e selecção,


custos com treino e formação,
aumento do risco de acidentes por falta de rotina e experiência,
baixa produção no período de treino
falta de entrosamento entre funcionários

As vantagens da rotação das pessoas podem ser identificadas por aspectos


como os seguintes:

✓ substituição dos profissionais menos eficientes torna-se mais fácil,


✓ permite a importação de novas ideias,
✓ novos talentos,
✓ novos estilos,
✓ novas tecnologias,
✓ garante o recrutamento de profissionais mais jovens.

A rotação pode, e deve ser controlado de forma a mantê-lo dentro de valores


aceitáveis, tendo em conta a necessidade de rejuvenescimento da organização
e as capacidades financeiras para fazer face a estes custos.

A rotatividade do pessoal , pode ser um meio de aumentar a flexibilidade da


organização , mas geralmente á custa da produtividade , a menos que as
funções a desempenhar sejam de muito fácil aprendizagem .

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ERGONOMIA E ORGANIZAÇÃO DO PT

O trabalho e Ergonomia

Como se verificam os problemas ergonômicos no posto de trabalho?

Diversos critérios podem ser adoptados para se diagnosticarem os problemas


ergonómicos de um posto de trabalho. Entre eles se incluem-se:

✓ o tempo gasto na operação


✓ o índice de erros e acidentes na execução das tarefas

Contudo, o melhor critério do ponto de vista ergonómico, é a postura e o


esforço físico exigido aos trabalhadores pois desta forma, determinam-se os
principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores
nos músculos e tendões.

Por este motivo, o factor mais importante na análise ergonómica de um posto


de trabalho são as posturas assumidas na execução das tarefas, visto que uma
má postura pode provocar não só problemas operacionais, como também
problemas de coluna e outros, colaterais, provocados por estes.

Posto de trabalho

É o local definido e delimitado para a realização de uma actividade qualquer.


Esse local deve ter tudo que é necessário para o trabalho: máquinas, mesas,
material, ferramentas, instalações etc.

Num posto de trabalho, podem trabalhar uma ou mais pessoas.

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A organização do espaço do posto de trabalho é de grande importância para se
obter produtividade, ou seja, para se produzir mais, com menos esforço,
tempo e custo, sem perda da qualidade.

Para essa organização, é valiosa a técnica baseada nos princípios de


economia de movimentos

Princípios de economia de movimentos

Esses princípios orientam procedimentos que visam reduzir os movimentos do


profissional e assim diminuir o seu esforço e aumentar a produtividade.

A ideia base desses princípios é a de que não se deve fazer nada que seja
desnecessário. Normalmente, esses princípios são empregues em trabalhos
contínuos, manuais e em pequenas montagens. De acordo com tais princípios,
o trabalho deve ser organizado a partir das seguintes regras :

1- Uso de músculos adequados

Deve haver concordância entre o esforço a ser feito e os músculos a serem


utilizados num trabalho físico. Pela ordem, devemos usar os músculos dos
dedos. Se estes não forem suficientes para o esforço despendido, vamos
acrescentando a força de outros músculos: do punho, do antebraço, do braço e
dos ombros. Essa quantidade de músculos deve ser usada de acordo com a
necessidade:

Nem demais, o que seria desperdício de energia;

Nem de menos, porque a sobrecarga de um só músculo pode


causar problemas sérios ao trabalhador.

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Quando um pintor usa um pincel médio para pintar uma porta numa
determinada altura, ele deve usar os
músculos dos dedos mais os músculos
dos punhos.

Se utilizar também o antebraço, estará a


realizar esforço desnecessário.

2.- Mãos e braços

As mãos e os braços devem trabalhar juntos. Sempre que possível, deve-se


organizar o trabalho de modo que ele possa ser realizado com as duas mãos
ou os dois braços num mesmo momento e em actividades iguais.

Se, por exemplo, temos de colocar uma porca num parafuso, dar meia-volta
na porca e colocar a peça numa caixa de embalagem, devemos fazer esse
trabalho com as duas mãos e os dois braços.

Numa empresa, esse tipo de trabalho pode ser feito de modo rápido e eficiente
pelo trabalhador, desde que se façam as adaptações necessárias no posto de
trabalho e que o trabalhador passe por um treino adequado.

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3 - Movimentos curvos
ÁREA DE TRABALHO

Os movimentos dos braços e das mãos devem ser


zona máxima
feitos em curvas contínuas, isto é, sem paragens
e, se possível, de forma combinada.

Um exemplo de movimento em curvas é o de


encerar que, em vez de vaivém, deve ser feito em
zona normal
círculos contínuos.
zona optima

Um exemplo de movimento combinado é o que


fazemos quando pegamos num parafuso com as
mãos e o seguramos de modo que sua posição fique adequada para o encaixar
num furo.

4. Lançamentos

Quando necessitamos transportar coisas, poderemos lançá-las em vez de as


carregar, se a distância assim o permitir. Esse lançamento deve seguir uma
trajectória curva com um
alcance adequado .

É o que fazem os operários da


Construção Civil , ao usarem
pás para lançarem areia de um
local para outro , ou para a
movimentação de materiais de construção .

5. Ritmo

O trabalho deve ser feito com ritmo, ou seja, cadência. Quando percorremos
uma longa distância, devemos manter um ritmo constante, de modo a que não

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nos cansemos tanto andando muito rápido, ou demoremos demasiado
andando muito devagar.

É contudo importante referir que cada pessoa tem um ritmo próprio. Assim, o
trabalhador deve seguir o seu próprio ritmo e mantê-lo constantemente.

O aumento do ritmo de trabalho é uma excelente forma de aumentar a


Produtividade , mas deve ser obtida á custa do treino do operador na
função que desempenha , sem que tal ponha em causa as suas condições de
segurança .

A melhoria do ritmo deverá ser um objectivo do treino e da formação do


operador , mas deverá igualmente ser obtida através a melhoria e
simplificação das máquinas e das ferramentas que são usadas . Ao serrar uma
barra de aço de bitola fina, por exemplo, com uma serra manual, o movimento
de vaivém deve ter um ritmo normal.

Um movimento excessivamente rápido, além de


cansar quem serra, pode resultar num corte
imperfeito, ou sem a qualidade pretendida.

Em alguns casos , poderá causar a redução da


produção pois o trabalhador, após esse esforço, vê-
se obrigado a parar por cansaço excessivo.

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6. Zonas de trabalho

É preciso demarcar bem a zona de


zona optima trabalho, que é a área da extensão das
mãos do trabalhador quando ele
movimenta os braços, sem precisar
movimentar o corpo.

No plano horizontal, temos a chamada


zona óptima, adequada para a realização de tarefas mais precisas, em que são
movimentados os dedos e os punhos.

zona normal
Quando usamos dedos, punho e
antebraço na execução de um trabalho,
estamos a usar a zona normal,
conforme ilustra a figura .

A zona de alcance máximo dos braços corresponde à área denominada zona


máxima.

Além desse limite, não é recomendável


a realização de nenhuma tarefa. Todas
zona maxima
as ferramentas, materiais, botões de
comando e pontos de operação devem
estar sempre colocados nessas áreas,
seguindo, se possível, a sequência:

ZONA ÓPTIMA - ZONA NORMAL - ZONA


MÁXIMA.

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7. Altura do posto de trabalho

A altura do posto de trabalho é um dos aspectos


importantes para manter o conforto do
trabalhador e evitar cansaço.

Sempre que possível, a pessoa deve ter


liberdade para trabalhar em pé ou sentada,
mudando essas duas posições de acordo com
sua disposição física.

Portanto, as máquinas e mesas de trabalho


devem ter altura adequada à altura do
trabalhador para ele trabalhar em pé.

Sempre que necessário e para seu conforto,


deve haver um assento regulável á sua estatura e fisionomia , que lhe
possibilite trabalhar sentado sem esforço da coluna . Existem trabalhos que só
podem ser feitos com o trabalhador sentado, como é o caso dos motoristas, ou
trabalhadoras da confecção e trabalhos que só podem ser feitos em pé, como
é o caso dos cozinheiros à frente de um fogão.

Se o posto de trabalho exigir que o operador esteja sentado numa cadeira alta,
o trabalhador precisa de ter um apoio para os pés, de modo que haja facilidade
de circulação do sangue pelas coxas, pernas e pelos pés.

8. Um lugar para cada coisa

Deve haver sempre um lugar para cada coisa e


cada coisa deve estar sempre num lugar próprio
.

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Pondo isso em prática, evitam-se fadiga, perda de tempo e irritação por não se
encontrar o que se necessita e quando se necessita .

Nas operações de manufactura como as confecções , é muito importante que a


posição dos artigos de produção e das ferramentas , estejam em posições
adequadas e pré definidas , para que o operador crie o hábito de proceder
sempre do mesmo modo (mecanização) sem perder tempo há procura dos
itens de produção . Caso isso não aconteça , perde-se muito tempo com
operações não produtivas .

Um exemplo desse princípio de ordem e organização é o dos quadros de


oficinas mecânicas, que apresentam contornos das ferramentas a fim de que
cada uma volte sempre ao seu local especifico , permitindo que os operadores
fixem ao fim de algum tempo , a posição da ferramenta no quadro de
ferramentas .

9. Objectos em ordem

Objectos em ordem facilitam o trabalho. Se, numa


sequência de operações, se usa uma ferramentas
ou outros objectos, deve-se procurar colocá-los na
mesma ordem da sequência de utilização e na zona
em que vai trabalhar.

Os objectos de uso mais frequente devem ser os que ficam mais próximo do
utilizador.

10. Uso da força da gravidade

A força da gravidade faz com que os corpos sejam


atraídos para o centro da Terra. Deve ser
aproveitada para pequenos deslocamentos, como é caso de abastecimento e

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uso de materiais. Se a banca de trabalho por exemplo, poder ter uma calha
para receber peças de outro posto de trabalho , evita-se o deslocamento do
operador .

11. Ferramentas

As ferramentas devem ser adequadas ao trabalho,


tanto no tipo quanto no tamanho.

Por exemplo, para pregar pregos pequenos, devemos


usar martelos pequenos e para pregos grandes,
martelos grandes.

Devemos apertar uma porca com chave de boca com


tamanho e tipo apropriados. Seria incorrecto usar por
exemplo um alicate para realizar essa operação ..

Quando para a operação a realizar não existem ferramentas adequadas , é


necessário adaptar ou criar ferramentas próprias para que a tarefa produtiva
possa ser mais rápida ou segura . Esta vertente da produção fabrico de
ferramentas próprias), corresponde a um dos aspectos que mais influencia o
saber fazer da Empresa e o que a pode distinguir dos seus concorrentes .

12. Ferramentas combinadas

Podemos utilizar combinações de ferramentas, desde


que não criem risco de acidentes.

É o caso do canivete, que tem lâmina de corte, abridor


de latas, de garrafas etc. É o caso, também, da chave
de bicicleta, que retira diferentes tipos de porcas e serve como chave de fenda.

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13. Acessórios inteligentes

Alguns acessórios úteis são inventados para aumentar o rendimento das


máquinas e para proporcionar maior segurança para quem trabalha.

Exemplos disso são os encostos, gabaritos, suportes, guias. São acessórios


conhecidos como inteligentes porque permitem de forma passiva , realizar
tarefas que de outro modo exigiriam um operador adicional ou mais operações
de controle .

FACTORES AMBIENTAIS

Outros factores, como iluminação, ruído, temperatura , poluentes , etc., devem


ser considerados quando se estuda a produtividade ( ou a falta dela)

Para aumentar a produtividade deve-se assegurar


que estes factores estão controlados ou optimizados,
pois eles afectam a saúde , o poder de concentração
e o nível de conforto do trabalhador , enquanto este
desempenha a sua tarefa.

Nestes casos , a perda de produtividade é indirecta e


dificilmente mensurável .

Trabalho em temperaturas elevadas

Durante o trabalho físico no calor, constata-se que a


capacidade muscular se reduz, o rendimento decai e a
actividade mental altera-se , apresentando perturbação da
coordenação motora e perda gradual de concentração.

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A frequência de erros e acidentes tende a aumentar pois o nível de vigilância
diminui, principalmente a partir de 30° C. Ocorrem igualmente outros
problemas ligados à saúde, quando o indivíduo trabalha em locais com
temperaturas elevadas:

Internação ou insolação;
Prostração térmica;
Catarata e conjuntivites;
Dermatites.

Algumas recomendações para o trabalho em locais quentes

✓ Isolamento das fontes de calor;


✓ Roupas e óculos adequados no caso de calor por radiação;
✓ Pausas para repouso;
✓ Reposição hídrica adequada - beber pequenas quantidades de
líquido (0,25 l/vez), frequentemente.
✓ Ventilação natural. Sempre que as condições de conforto
térmico não forem atendidas pela ventilação natural,
recomenda-se a utilização de ventilação artificial.

Trabalho em baixas temperaturas

Os danos à saúde, nestes casos, apresentam uma relação directa entre o


tempo de exposição e as condições de protecção corporal. Destacam-se, ainda,
os cuidados necessários à prevenção dos denominados choques térmicos, que
podem ocorrer quando o organismo é exposto a uma variação brusca de
temperatura.

Os efeitos sobre a saúde do trabalhador frente a um ambiente de trabalho com


baixas temperaturas são, entre outros:

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ƒ enregelamento dos membros devido a má circulação do sangue;
ƒ ulcerações decorrentes da necrose dos tecidos expostos;
ƒ redução das habilidades motoras como a destreza e a força, assim
como da capacidade de pensar e julgar;
ƒ tremores, alucinações e a inconsciência.

Como se compreende facilmente , o trabalho sob stress térmico , origina


desgaste físico prematuro ao colaborador , ou perda parcial das suas
faculdades . Nestas condições o seu desempenho é perturbado na
concentração e capacidade de realizar esforços contínuos , pelo que
naturalmente ocorrerão :

✓ Mais defeitos de produção


✓ Perdas de tempo em paragem para descanso
✓ Dificuldade de reagir prontamente
✓ Incapacidade física em realizar algumas tarefas mais pesadas

AMBIENTE ACÚSTICO

Definições

O SOM caracteriza-se por flutuações de pressão


num meio compressível (ar) .

Não são todas as flutuações de pressão que


produzem a sensação de audição quando atingem
o ouvido humano pois a sensação de som só
ocorrerá quando a amplitude destas flutuações e a frequência com que elas se
repetem estiverem dentro de determinadas faixas de valores.

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Estas flutuações têm as seguintes características:

a) Frequência (f) : é definida como o n° de repetições das flutuações de


pressão ou ciclos/segundo ou n° de ciclos/segundo (1 ciclo/segundo = 1
Hz). De 20 - 20000 Hz as ondas sonoras podem ser audíveis.

b) Amplitude : é o deslocamento máximo da posição de equilíbrio

c) Comprimento de onda (λ) : é a distância entre dois picos sucessivos de


ondas com amplitudes similares.

O RUÍDO

Definição subjectiva: som desagradável e indesejável

Definição operacional: é um estímulo que não contém informações úteis à


tarefa em execução

Exemplo: o bip intencional de uma máquina, ao final de um ciclo de operação,


pode ser considerado útil ao operador (aviso), mas para um colega pode ser
considerado um ruído, se estiver concentrado noutra tarefa.

Nível de pressão sonora - escala decíbel (dB)

O ouvido humano responde a uma larga faixa de intensidade acústica,


desde o limiar da audição até o limiar da dor. Por exemplo, a 1000 Hz a
intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de dor é 104 vezes a
intensidade acústica que é capaz de causar a sensação de audição

Intensidade sonora Exemplos


100.000.000.000.000 limiar da dor
10.000.000.000.000 avião a jato
. .

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. .
100 sala acústica
1 limiar da audição

A escala logarítmica empregada para descrever níveis de som é a escala BEL,


onde

1 BEL = Log 10 (1 divisão de escala)


1 BEL = log10 = 10 dB
14 BEL = 14 log 10 = 140 dB

intensidade da pressão sonora Exemplos – dB


100.000.000.000.000 140 – limiar da dor
10.000.000.000.000 130 . avião a jato , . martelo pneumático
1.000.000.000.000 120 . buzina de carro . fundição
100.000.000.000 110
M M
100.000 50 escritório, sala de estar
10.000 Æ 40 . biblioteca
1.000 Æ 30 quarto de dormir
100 Æ 20. sala acústica
10 Æ 10 limiar da audição
1 Æ0

Em geral as normas definem níveis de tolerância e risco para o ruído:

Leq= 85 dB(A) - nível de alerta


Leq= 90 dB(A) - nível de perigo,

Considera-se que a partir de 80 dB já pode ocorrer alterações do sistema auditivo.

Locais dB(A)
Hospitais
apartamentos, enfermarias, berçários 35-45

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laboratórios, áreas para uso público 40-50

serviços 45-55
Escolas
bibliotecas, salas de desenho 35-45

salas de aula, laboratórios 40-50

circulação 45-55
Hotéis
Apartamentos 35-45

restaurantes, salas de estar 40-50

portaria, recepção, circulação 45-55


Escritórios
salas de reunião 30-40

salas de gerência, salas de projectos 35-45

salas de computadores 45-65


Locais para desporto
pavilhões fechados para espectáculos e actividades 45-60
desportivas

A Influência do ruído na saúde e no desempenho do trabalhador

A consequência mais evidente do ruído é a surdez. A surdez pode ter naturezas


diferentes:

✓ surdez acidental: causada por infecção, perfuração do


tímpano, acumulação de cera;

✓ surdez nervosa: redução da sensibilidade das células nervosas.


Essa insensibilidade pode ocorrer, principalmente, nas faixas de
maior frequência, acima de 1000 Hertz e em função da idade,
sobretudo após os 40 anos.

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✓ surdez temporária ou permanente: a exposição diária a um
certo NPS elevado, durante a jornada de trabalho, sempre
provoca algum tipo de surdez temporária, que tende a
desaparecer com o descanso diário (desaparece num intervalo
de 24 a 48 horas).

Formas de reduzir o ruído nos locais de trabalho

Para combater o ruído deve-se agir sobre:

a) a prevenção no planeamento (quando da concepção da empresa)

- fábrica: colocar os postos de trabalho (escritórios) onde se


desenvolvem actividades mentais afastados das fontes de ruído
(máquinas);

- empresa de serviços: postos afastados de janelas que dão para


ruas movimentadas.

b) a fonte

- compra de equipamentos menos ruidosos (dentro do


recomendado);

- manutenção constante (fixação, ajuste dos parafusos e


equilíbrio dos aparelhos rotatório);

- adaptações na tecnologia (troca de peças rectas por


helicoidais das engrenagens, silenciadores nas saídas de ar
comprimido).

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c) a propagação (directa e indirecta - via aérea ou sólida)

- vibrações: pés anti-vibratórios, pranchas intermediárias,


fundações independentes;

- isolamento interno: usar placas de material absorvente de


som no tecto e nas paredes (escritórios);

- gabinetes que cobrem hermeticamente a fonte de ruído.

d) protecção individual do operador (menos aconselhável)

- solução paliativa;
- deve ser adequado ao trabalhador (são
geralmente pouco confortáveis);
- deve ser de qualidade (não deixar passar o
som);
- dificulta a comunicação entre os trabalhadores.

As consequências para a produtividade das empresa , por efeitos de ruído


excessivo , podem ser importantes pois afectam algumas das funções mais
importantes a desempenhar pelo colaborador , como :

Em ambientes ruidosos a troca de informações


Comunicação verbais faz-se com muita maior dificuldade e maior
perda de tempo

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A presença de ruído continuo ou descontinuo ,
perturba a capacidade de concentração dos
Concentração
operadores o que determina perda de ritmo ou
aumento de riscos de acidente

Em muitos trabalhos a condição física é importante


Disponibilidade dado o desgaste natural da função . Com o ruído ,
física a fadiga ocorre mais cedo , pedendo-se alguma da
capacidade de trabalho

Embora as perdas de produtividade por perda de capacidade produtiva não sejam


facilmente mensuráveis é vulgar verificar que operadores que operam em ambientes
mais ruídos têm um desgaste e absentismo superior .

ILUMINAÇÃO AMBIENTE

Principais Grandezas da iluminação Ambiente

Aalguns requisitos são necessário para a avaliação do conforto


visual de um ambiente, como:

✓ Iluminação suficiente;
✓ Boa distribuição de iluminação;
✓ Ausência de ofuscamento;
✓ Contrastes adequados (equilíbrio de iluminação);

Desta forma, serão apresentados os principais parâmetros do ambiente


lumínico, conforme ilustra o quadro a seguir.

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Ilustração das grandezas de iluminação
Principais parâmetros do Fórmula Unidades
ambiente luminoso
a) Fluxo Luminoso - é a emissão
φ lúmen (lm)
luminosa de uma fonte.

φ
b) Intensidade Luminosa - a luz I=
ω
que se propaga em uma dada candela (cd)
direcção.

E=
φ A ou
A
c) Iluminância - a quantidade de luz lux (lx)
I
recebida por uma superfície E= cosθ
d2

L=
I sup erficie

d) Luminância - luz recebida pelo A'


candela/m2(cd/m2)
olho de uma superfície (reflectida).
e) Contraste – diferenças de brilho
L0
(luminância) entre os objectos e as C=
La
superfícies no campo visual.
Tabela Grandezas do Ambiente de Iluminação

onde: d - é a distância entre a fonte e a superfície


θ - é o ângulo formado entre a direção da luz e a normal da superfícies
ω - ângulo sólido, é uma medida do espaço tridimensional.
A - é área real da superfície.

Luz Ambiente

Para determinar a quantidade de luz, é necessário distinguir entre a luz


ambiental e a iluminação no local de trabalho.

a) luz ambiental
Uma luz ambiental de 10 a 200 lux é suficiente para lugares como
corredores, depósitos e outros lugares onde não há tarefas críticas.

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O mínimo necessário para visualizar obstáculos é de
10 lux e uma intensidade maior é necessária para ler
avisos e, também, para evitar grandes contrastes. O
olho demora mais tempo para se adaptar, quando há
grandes diferenças de brilhos. Para diminuir esses
contrastes, pode-se fazer algumas adaptações, como por exemplo um túnel
deve ser melhor iluminado durante o dia, podendo ficar mais escuro durante a
noite.

b) iluminação em locais de trabalho

A intensidade de luz que incide sobre a superfície de trabalho deve ser


suficiente para garantir uma boa visibilidade. Além disso, o contraste entre a
figura e o fundo também é importante.

TAREFAS NORMAIS - para tarefas normais, como leitura de livros, montagens

de peças e operações com máquinas, aplicam-se as seguintes recomendações:

uma intensidade de luz de 200lux é suficiente para tarefas


com bom contrastes, sem necessidade de percepção de muitos
detalhes, como na leitura de letras pretas sobre um fundo branco

é necessário aumentar a intensidade luminosa à medida que


o contraste diminui e se exige a percepção de muitos detalhes;

uma intensidade maior pode ser necessária para reduzir as


diferenças de brilhos no campo visual, como por exemplo, quando
há presença de uma lâmpada ou uma janela no campo visual;

TAREFAS ESPECIAIS - quando há grandes exigências visuais, o nível de

iluminação deve ser aumentado, colocando-se uma fonte de luz directamente

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sobre a tarefa. Isso ocorre, por exemplo, em tarefas de inspecção, em que
pequenos detalhes devem ser detectados, ou quando o contraste é muito
pequeno. Nesses casos, o nível pode chegar até 3000 lux. Entretanto, níveis
muito elevados provocam fadiga visual.

Algumas recomendações para os ambientes de trabalho

Consegue-se melhorar a iluminação, providenciando


intensidade luminosa suficiente sobre os objectos e
evitando as diferenças excessivas de brilho no campo
visual, causadas por focos de luz, janelas e sombras.

Quando a informação for pouco legível, é mais eficaz melhorar


a legibilidade da mesma do que aumentar o nível de iluminação (os
aumentos da intensidade luminosa acima de 200 lux não
aumentam significativamente a eficiência visual). A legibilidade
pode ser melhorada com aumento dos detalhes (usando fontes
maiores ou reduzindo a distância de leitura) ou aumento do
contraste (escurecendo a figura e clareando o fundo).

A iluminação local, sobre a tarefa, deve ser ligeiramente superior


à luz ambiental. A relação entre elas depende das diferenças de
brilho entre a tarefa e o ambiente, e também das preferências
pessoais. De qualquer forma, é conveniente que a fonte de luz
local seja regulável

A luz natural pode ser usada para complementar a iluminação


ambiental. A luz natural, assim como a visão do exterior, é
apreciada por muitas pessoas. Mas nos postos de trabalho junto a
janelas,, pode ocorrer o ofuscamento. As grandes variações da luz
natural, durante o dia, podem ser reguladas com uso de cortinas
ou persianas

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A incidência de luz directa deve ser evitada, colocando-se
anteparos entre a fonte de luz e os olhos. Contudo, algumas
superfícies podem ficar mal iluminadas. Nesse caso, a luz natural
pode ser complementada ou substituída pela luz artificial,
convenientemente posicionada.

A luz deve ser posicionada, em relação à tarefa, de modo a evitar


os reflexos e as sombras. Nos trabalhos com monitores, deve-se
tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre o écran . Os
reflexos podem ser evitados com uso de luz difusa no tecto. Isso
pode ser feito também substituindo as superfícies lisas e polidas
das mesas, paredes e objectos, por superfícies rugosas e difusoras,
que disseminam a luz.

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QUALIDADE DO AR

Em virtude do desenvolvimento industrial e o consequente aumento no uso dos


produtos químicos, nenhum tipo de ocupação está inteiramente livre da
exposição de substâncias capazes de produzir efeitos nocivos aos organismos
biológicos e promover uma degradação da saúde ocupacional de uma empresa
, agravando o absentismo dos seus colaboradores , ou afectando a sua
capacidade produtiva

De realçar que em algumas empresas as condições


ambientais mais precárias , são precisamente neste
domínio por excesso de poeiras ou de humidade .

Refira-se que o National Institute of Ocupacional Safety and Health (NIOSCH)


nos Estados Unidos relacionou já em 1974, cerca de 42.000 substâncias
tóxicas. Por este motivo , a importância de estudos que possibilitem a
obtenção de informações a respeito da toxicidade dessas substâncias em
processos industriais (toxicologia ocupacional).

Qualidade do ar aceitável pode ser definido como :

o ar sem concentrações de contaminantes prejudiciais à saúde e


com o qual uma parcela significativa de pessoas expostas se sintam
satisfeitas

Contaminantes Atmosféricos

São gases, vapores e as partículas sólidas ou líquidas suspensas ou dispersas


no ar. A contaminação pode ocorrer por:

agentes biológicos (microorganismos: vírus, bactérias e fungos)


agentes químicos ( gases e vapores, poeiras, fumos, fumaças
neblinas e névoas)
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Por sua vez os agentes químicos podem ocorrer no estado sólido, líquido ou
gasoso.

Os sólidos são poeiras nocivas que podem ser de origem:


animal (pelos e couro), vegetal (fibras de algodão e do bagaço de
cana), mineral (sílica livre e cristalina, amianto, berílio e carvão) e
sintética (fibras de plástico).

Os líquidos, são soluções ácidas, alcalinas ou solventes


orgânicos.

Os gasosos são os gases e vapores, sendo este último a


evaporação de substâncias sólidas ou líquidas que estão distribuído no
ar. Ex.: monóxido de carbono, dióxido de carbono e metano

O material particulado suspenso no ar constitui os aerossóis, isto é, dispersão


de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. A classificação
dos aerossóis, ocorre de acordo com sua formação:

POEIRAS – são partículas sólidas resultantes da desintegração


mecânica de substâncias orgânicas ou inorgânicas (rochas, minérios,
metais, carvão, madeira, grãos, pólens, etc), seja pelo manuseio,
operações de esmagamento, de moagem, trituração, detonação e
outros.

FUMOS – são pequeníssimas partículas sólidas resultantes da


condensação, sublimação ou reacção química de vapores,
geralmente, provenientes da volatilização de metais em fusão (
fumos de óxidos de zinco, de chumbo, etc.).

FUMAÇA – são partículas resultantes da combustão incompleta de


materiais orgânicos (fumaças industriais).

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NÉVOAS – são aerossóis constituído por partículas líquidas
(gotículas) resultantes da condensação de vapores, ou dispersão
mecânica de líquidos ( névoa de ácido crómico, de ácido sulfúrico,
tinta pulverizada e agrotóxicos).

O ar de um ambiente, é alterado principalmente pelos seguintes factores:

emissão de substâncias aromáticas;


formação de vapor de água;
libertação de calor;
produção de dióxido de carbono e
impurezas do ar, que penetram de fora para dentro,
ou são produzidas pelo processo do trabalho.

A qualidade do ar em edifícios , considerando alguns tipos de ambientes de


trabalho, pode ser afectada pelos seguintes agentes:

agentes de envenenamento presentes nos ambientes fechados


Fontes de Poluição em edifícios
Fontes Agentes de envenenamento
- Fotocopiadora - Bactérias
- Ar-condicionado - Fungos
- Ambientes fechados - Poeira
- Fumaça de cigarro - Benzina
- Carpete - Tolueno
- Tinta para caneta - Ozono
- Vernizes - Formaldeídos
- Cola de móveis
- Detergentes

Riscos para a saúde: cansaço – sonolência - dor de cabeça - alergias de pele e


respiratória - tontura - doenças pulmonares

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HIGIENE E SEGURANÇA

A indústria sempre teve associada a vertente humana, nem sempre tratada


como sua componente preponderante. Actualmente em Portugal existe
legislação que permite uma protecção eficaz de quem integra actividades
industriais, ou outras , devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor
meio de beneficiar simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na
salvaguarda dos aspectos relacionados com as condições ambientais e de
segurança de cada posto de trabalho.

Nos dias de hoje em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e


Ambientais ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e
Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que o despertar de
consciências é fundamental.

Por outro lado , sabe-se que em algumas empresas , são os acidentes de


trabalho uma das causas mais importantes para a perda de capacidade de
produção , com afectação directa e indirecta da produtividade da Empresa .

A boa gestão dos meios e dispositivos de Higiene e segurança , corresponde a


mais uma ferramenta de melhoria da produtividade no âmbito da gestão global
das actividades .

Definições

A higiene e a segurança são duas actividades que estão intimamente


relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de
manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa

Segundo a O.M.S.-Organização Mundial de Saúde, a verificação de condições


de Higiene e Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e
social e não somente a ausência de doença e enfermidade ".

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A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico,
as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o
ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos
profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde,
segurança e bem estar do trabalhador).

A segurança do trabalho propõe-se combater, também dum ponto de


vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições
inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas
preventivas.

Para além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho


constituem o fundamento material de qualquer programa de prevenção de
riscos profissionais e contribuem, na empresa, para o aumento da
competitividade com diminuição da sinistralidade.

ƒ Segurança ; Estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação

ƒ Higiene ; Identificar e controlar as condições de trabalho que possam


prejudicar a saúde do trabalhador

ƒ Doença Profissional ; Doença em que o trabalho é determinante


para o seu aparecimento.

Acidentes de Trabalho

O que é ACIDENTE ?. Se procurarmos num dicionário poderemos


encontrar “Acontecimento imprevisto , casual , que resulta em
ferimento , dano , estrago , prejuízo , avaria , ruína , etc ..”

Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre


os quais se destacam as falhas humanas e falhas materiais.

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Vale a pena lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem
acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que
fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias.

Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles
ocorre porque os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar
certos riscos.

O que diz a lei ?. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo


exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução da capacidade para o trabalho, permanente ou
temporária...”

Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano,


seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave,
como a perda de um membro.

Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de


qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão,
provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma
perturbação funcional..

Doença profissional também é acidente do trabalho?

Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do


exercício do trabalho em si.

Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em


que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do
trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho.

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Um funcionário pode apanhar uma gripe, por contagio com colegas de trabalho
. Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de trabalho, não é
considerada doença profissional nem do trabalho, porque não é ocasionada
pelos meios de produção.

Contudo , se o trabalhador contrair uma doença ou lesão por contaminação


acidental, no exercício de sua actividade, temos aí um caso equiparado a um
acidente de trabalho. Por exemplo, se operador de um banho de decapagem se
queima com ácido ao encher a tina do banho ácido isso é um acidente do
trabalho.

Noutro caso, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem
protecção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo
trabalho executado junto a uma grande prensa, isso caracteriza igualmente
uma doença de trabalho.

Um acidente de trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa


apenas por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É
que ocorre, por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no
dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida.

Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas


actividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o
trabalhador acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até no dia
seguinte, temos o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na
incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda,
na incapacidade total e permanente para o trabalho.

A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o


trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o
trabalhador retorna às suas actividades normais.

A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda


vida, da capacidade física total para o trabalho. É o que acontece,

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por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista

incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o


trabalho.

Neste ultimo caso, o trabalhador não reúne condições para trabalhar o que
acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas num acidente
do trabalho. Nos casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador.

Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fracção de segundo,


ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos
mais dois colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser
removido urgentemente para o hospital e os dois outros trabalhadores
envolvidos são atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de
fundamental importância é paralisado em consequência do dano em algumas
peças da máquina. O equipamento parado é uma guilhotina que corta a
matéria-prima para vários sectores de produção.

Analise a situação anterior e liste as consequências directas e indirectas que


consegue prever , em resultado deste acidente .

Factores que afectam a Higiene e Segurança

FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA

Em geral a actividade produtiva encerra um conjunto de riscos e de condições


de trabalho desfavoráveis em resultado da especificidades próprias de alguns
processos ou operações , pelo que o seu tratamento quanto a Higiene e
Segurança costuma ser cuidado com atenção.

Contudo , na maior parte dos casos , é possível identificar um conjunto de


factores relacionados com a negligência ou desatenção por regras elementares
e que potenciam a possibilidade de acidentes ou problemas .

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Acidentes devido a CONDIÇÕES PERIGOSAS;

Máquinas e ferramentas

Condições de organização (Lay-Out mal concebido,

armazenamento perigoso,

falta de Equipamento de Protecção Individual - E.P.I.)

Condições de ambiente físico,

(iluminação, calor, frio, poeiras, ruído)

Acidentes devido a ACÇÕES PERIGOSAS;

Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.)

Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem)

Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar

empilhadores à Fangio, distracções, brincadeiras)

As Perdas de Produtividade e Qualidade

Foi necessário muito tempo para que se reconhecesse até que ponto as
condições de trabalho e a produtividade se encontram ligadas. Numa primeira
fase, houve a percepção da incidência económica dos acidentes de trabalho
onde só eram considerados inicialmente os custos directos (assistência médica
e indemnizações) e só mais tarde se consideraram as doenças profissionais.

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Na actividade corrente de uma empresa , compreendeu-se que os custos
indirectos dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos
directos , através de factores de perda como os seguintes :

perda de horas de trabalho pela vítima

perda de horas de trabalho pelas testemunhas e Responsáveis

perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas do


inquéritos

interrupções da produção,

danos materiais,

atraso na execução do trabalho,

custos inerentes às peritagens e acções legais eventuais,

diminuição do rendimento durante a substituição

a retoma de trabalho pela vítima

Estas perdas podem ser muito elevadas , podendo mesmo


representar quatro vezes os custos directos do acidente de
trabalho.

A diminuição de produtividade e o aumento do número de


peças defeituosas e dos desperdícios de material imputáveis à fadiga
provocada por horários de trabalho excessivos e por más condições de
trabalho, nomeadamente no que se refere à iluminação e à ventilação,
demonstraram que o corpo humano, apesar da sua imensa capacidade de
adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho decorre em
condições óptimas.

Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a produtividade


simplesmente com a melhoria das condições de trabalho. De uma forma geral,
a Gestão das Empresas não explora suficientemente a melhoria das condições

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de higiene e a segurança do trabalho nem mesmo a ergonomia dos postos de
trabalho como forma de aumentar a Produtividade e a Qualidade .

A relação entre o trabalho executado pelo operador e as


condições de trabalho do local de trabalho , passou a ser
melhor estudada desde que as restrições impostas pela
tecnologia industrial moderna constituem a fonte das
formas de insatisfação que se manifestam sobretudo entre
os trabalhadores afectos às tarefas mais elementares,
desprovidas de qualquer interesse e com carácter
repetitivo e monótono.

Desta forma pode-se afirmar que na maior parte dos casos a Produtividade é
afectada ,pela conjugação de dois aspectos importantes :

¾ um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a


riscos profissionais graves (causa directa de acidentes de trabalho e
de doenças profissionais)

¾ a insatisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que


não estejam em harmonia com as suas características físicas e
psicológicas

Em geral as consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa


da produção, numa rotação excessiva do pessoal e a num elevado absentismo.

Fica assim explicado que as condições de trabalho e as regras de segurança e


Higiene correspondentes , constituem um factor da maior importância para a
melhoria de desempenho das Empresas , através do aumento da sua
produtividade obtida em condições de menor absentismo e sinistralidade .

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

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Para executar qualquer tarefa com sucesso, é preciso que nos organizemos
antes. Organizar significa pensar antes de iniciar a tarefa. Mas pensar em
quê?

Na maneira mais simples de fazer a tarefa, evitando complicações ou controles


exagerados

No modo mais barato de fazer a tarefa


No meio menos cansativo para quem vai realizar a tarefa
Aspectos a Analisar Num procedimento que seja mais rápido
Em obter a melhor qualidade e o resultado mais confiável
Na maneira menos perigosa de executar a tarefa
Numa forma de trabalho que não prejudique o meio
ambiente, ou seja, que não cause poluição do ar, da água
e do solo

Como se compreende , é mais fácil tratar cada um destes itens isoladamente


para que a tarefa ou operação seja realizada com
maior rendimento . Contudo , na realidade qualquer
trabalho que se realize depende de um conjunto de
pequenas operações , pelo que muitas vezes teremos
de tratar todos estes itens em simultâneo , pois a
melhoria de uns , pode representar a degradação de
outros .

Podemos, por exemplo, escolher uma forma mais


rápida de realizar uma operação. Entretanto, essa
forma pode afectar a qualidade e a segurança, tornando o trabalho perigoso.

Se, por exemplo, é necessário mudar rapidamente uma lâmpada queimada


sobre uma máquina de trabalho, poderemos eventualmente fazer a troca
subindo para cima da máquina , melhorando a rapidez da operação. Contudo
esse procedimento não é aconselhável , pois pode levar a um acidente ou á
avaria da própria máquina.

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O procedimento correcto seria o de usar uma escada para realizar a operação .
A tarefa seria mais demorada mas a segurança e a qualidade estarão melhor
asseguradas.

Portanto, todos os itens devem ser pensados em conjunto, para que no final
haja um equilíbrio entre eles, de modo a que um não prejudique o outro.

Outro exemplo da preparação dos trabalhos de produção, resulta da


necessidade de pensar na organização da produção relativamente a aspectos
como :

sequência das operações a realizar


na quantidade e qualidade das pessoas e dos materiais
necessários,
na hora e no local em que eles são necessários.

Então antes de se iniciar um dado trabalho, deveremos assegurar que existem


as condições essenciais para que a produção seja realizada com a maior
eficiência , devendo providenciar:

MÁQUINAS
Fornos , Gruas , Empilhadores , Moinhos

MATÉRIA-PRIMA
Carvão , Petróleo , Barro , Sementes , Sucata , Farinha

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EQUIPAMENTOS DIVERSOS, INCLUSIVE OS DE
SEGURANÇA

Fatos macaco , máscaras , rede incêndios , Auriculares

TEMPO NECESSÁRIO

Tempo encomenda , tempo planeamento , compra ,


produção embalagem

PESSOAS QUALIFICADAS
Serralheiro , Pintor , Encarregado , Administrador

Quando fazemos, com antecedência, um estudo


de todos os factores que vão interferir no
trabalho e reunimos o que é necessário para a
sua execução, estamos a ORGANIZAR O
TRABALHO para alcançar bons resultados

Trabalho do homem

Sempre trabalhamos em função de um objectivo, ele pode destinado á


fabricação de um produto ou a realização de um serviço.
Serviço é o trabalho feito por uma pessoa para satisfazer a uma
necessidade, como, por exemplo, consertar uma torneira. A torneira é
consertada sem ser modificada.

Produto é o resultado de um trabalho de fabricação.

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Quando fazemos algum produto, causando modificações nas suas
características físicas ou químicas, ou quando fazemos um serviço, estamos a
realizar um trabalho com uma dada finalidade.

Se, por exemplo, misturamos várias matérias-primas e levamos a mistura ao


forno, as matérias fundem-se num só produto. Ocorre uma transformação
química, uma vez que mudam as características iniciais das matérias-primas.

Por outro lado, se pegamos numa barra de aço e a maquinamos num torno,
transformando-o numa peça, causamos uma transformação física sem que se
transformem as características químicas do aço.

Todas essas transformações são feitas graças à participação física ou


intelectual do homem.

Simplificação de Tarefas

A simplificação do trabalho ou de tarefas , constitui outro meio que favorece


directamente a produtividade.

Essa simplificação relaciona-se com a melhoria de um método de trabalho,


seja ele de natureza científica ou simplesmente surgido da experiência prática.

Para isso, o método passa por alterações de modo que o trabalho se torne:

MAIS SIMPLES
MAIS BARATO
MENOS FATIGANTE
MAIS RÁPIDO
MENOS PERIGOSO
COM MELHOR QUALIDADE
MENOS POLUIDOR

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Na técnica de simplificação do trabalho são usados os próprios recursos
humanos e materiais da empresa e sempre que possível , poucos recursos
financeiros.

Para a melhoria de método de trabalho, a simplificação dá


resultados altamente compensadores. Essa melhora só
modifica o método existente e não é destinada a
modificar as características de projecto ou dos produtos .
Como a simplificação do trabalho se liga ao modo ou
método de trabalho, é necessário saber o que se entende
por modo ou método de trabalho.

Método de trabalho

Se um trabalho simples for distribuído a diversas pessoas sem que se indique


qual o método a ser usado, é provável que cada pessoa use um modo
diferente para fazer sua tarefa. Como consequência, os trabalhos poderão ser
feitos em tempos diferentes, com custo e qualidade variados. O que lhes falta,
então, é um método de trabalho

Método de trabalho é um conjunto de princípios procedimentos e


técnicas, adoptado para se fazer algo, ou produzir alguma coisa .

Imaginemos que dois indivíduos tenham de transportar lingotes de alumínio do


armazém para o forno. Um indivíduo pode fazer o transporte pegando num
lingote com cada mão e colocando-os num carrinho. O carrinho é empurrado
até próximo ao forno e os lingotes são empilhados.

Já o segundo indivíduo decide apanhar dois lingotes de cada vez, puxando o


carrinho e empilhando os lingotes, aos poucos, perto do forno.

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São dois métodos diferentes de trabalhar, e um deles deve ser mais adequado à
produtividade. É preciso analisar e estudar os dois métodos para identificar as vantagens
de cada um. Com esse estudo, é possível chegar ao melhor método ou forma de fazer o
trabalho, ou seja, um modo de trabalhar que seja simples, rápido e produtivo.
É o que se chama de MÉTODO SIMPLIFICADO DE TRABALHO.

Para adoptar um método simplificado de trabalho, é necessário que as pessoas


sejam treinadas na sua utilização, até se acostumarem com ele e trabalharem
de forma entrosada e expedita . A duração da formação vai depender dos
operários e do nível de dificuldade das mudanças feitas.

No início, a implementação de um novo método de trabalho pode causar


dificuldades , o que é normal porque toda mudança na forma de trabalho exige
tempo e força de vontade para os operários se adaptarem ao novo método. É
importante que todos os operários usem o mesmo método para racionalizar o
trabalho, ou seja, com economia de esforços, de tempo e de materiais e sem
prejuízo da qualidade. Convém lembrar que a simplificação do trabalho liga-se
directamente ao método de trabalho com o objectivo de que ele fique melhor
para se alcançar maior produtividade.

A optimização da actividade no posto de trabalho pode ser obtida muitas


vezes com a simplificação das tarefas e consequente redução de tempos de
operação. Algumas metodologias simples , como as que a seguir são
apresentadas ,podem economizar esforço , tempo e deslocações do operador :

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Colocação das ferramentas e materiais ao alcance das mãos e se
necessário , proceder á sua pré identificação

Ordenar materiais ou acessórios de acordo com a melhor


acessibilidade e sequência de utilização

Eliminar todos os movimentos e acções de repetição que ocorram


desnecessariamente .

Preparar e conferir previamente todos os componentes do trabalho


, antes deste ser iniciado .

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ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

A optimização dos postos de trabalho para a máxima produtividade , passa


igualmente pela tomada de diversas decisões e metodologias de planificação
produtiva , que visam manter no máximo a taxa de ocupação de todos os
intervenientes assim como minimizar o efeito de estrangulamentos de
produção ou actividade

Os estrangulamentos determinam por completo as regras e as condições de


produção de um sistema produtivo, e desde o planeamento até á execução da
produção eles devem merecer a máxima atenção , pois qualquer redução de
produtividade nestes pontos , significa perda imediata de produção numa linha

Equilíbrio da capacidade e do fluxo

É necessário equilibrar o fluxo e não as capacidades . O fluxo deve ser


contínuo , pelo que os todos os postos devem estar alimentados
simultaneamente . Os postos com produção excedentária (folga) devem
permitir que os seus operadores façam mais que uma operação , para apoiar
operações mais lentas .

Taxa de utilização de um posto de não estrangulamento

Há dois tipos de recursos num sistema produtivo:

A taxa de utilização de um posto de não estrangulamento é


imposta pelos constrangimentos do sistema e não pela seu
próprio potencial de produção pelo que não adianta
aumentar a cadencia dos postos mais rápidos , se tal não
libertar o operador para outras funções .

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Seleccionar um equipamento de alta taxa de produção cujo custo por peça é
baixo não significa uma boa escolha desde que o sistema não permita essa
taxa.

Taxa de utilização dos postos de estrangulamento e funcionamento do sistema


produtivo

Se a taxa de utilização de um posto de estrangulamento for abaixo de 100%


toda a utilização do sistema é afectada.

Exemplo

Se o posto X, por alguma razão, apenas produzir 40p/h, então a linha apenas
produz 40 p/h.

Uma hora perdida num estrangulamento é uma hora perdida no


sistema de produção , com redução da produtividade total

É necessário proteger os estrangulamentos quanto a processos de interrupção


de trabalho , pois a sua paragem produz efeitos imediatos na redução do ciclo
produtivo , que não são recuperáveis .

È nestes postos de trabalho que deverão existir as melhores condições de :

Operação e controlo (Mão de Obra mais qualificada )

Manutenção (maior aplicação de Manutenção preventiva)

Fornecimento de Materiais e Matérias-primas

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Melhor fornecimento de Energia , água ou AR

Caso seja possível (e necessário) deverá ser criado um pequeno stock de


material anterior ao PT onde ocorre o Estrangulamento .

Se ocorrem mudanças de ferramentas , deve ser nestes pontos do processo


onde podem e devem ser aplicadas técnicas optimização de mudança de
Ferramentas .

Regras Importantes a Seguir

Os estrangulamentos (ou gargalos ) da actividade da empresa , devem então


concitar a maioria das atenções dos responsáveis , pois qualquer melhoria de
processos deve ser iniciada nesses postos de trabalho . A gestão dos
estrangulamentos aconselha a que se sigam algumas regras fundamentais
para a optimização da produção e da produtividade :

Utilizar os estrangulamentos em pleno rendimento

Controlar sempre o desempenho dos estrangulamentos

Ganhar horas de produção nos estrangulamentos

Análise de Layout (Arranjo Físico)

Qualquer posto de trabalho está ligado aos demais postos de trabalho, num
local qualquer de uma empresa. Esse local pode ser uma área grande ou
pequena , fabricação ou serviços .

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Em geral, essa área é coberta e abriga certos tipos de trabalho que estão
ligados entre si por apresentarem serviços semelhantes ou completarem o
produto fabricado. O seu conjunto é denominado por sector, departamento ou
Fábrica.

Nos locais destinados à fabricação, existem homens, máquinas, equipamentos,


matérias-primas localizados em determinados pontos que permitem que várias
actividades sejam realizadas simultaneamente em série ou em paralelo
conforme os requisitos do produto ou do serviço .

Pensando novamente na Produtividade, verifica-se, muitas vezes que nessas


instalações ocorrem factos que promovem a perda de eficiência e de
produtividade , como sejam :

Excesso de movimentação de pessoas e matérias-primas

Produtos semi-acabados e produtos acabados, causando


transtornos diversos e aumentando os riscos de quebra e acidentes,
além de custos e de tempo de produção.

Os produtos têm um percurso produtivo muito complicado

Como se referiu , a ideia base da simplificação


do trabalho corresponde á eliminação de tudo
aquilo que não agrega valor ao produto, ou
seja, tudo aquilo que não melhora ou não
transforma o produto e que aumenta os seus
custos.

O transporte pode representar esse tipo de actividade que não acrescenta


valor ao produto e que se for mal gerido no decorrer do processo , irá onerar
em tempo , energia , desgaste de máquinas e paragens o produto final .

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Torna-se em muitos casos imperioso a avaliar a participação dos processos de
transporte e percursos de pessoas e bens , por forma a minimizar a sua
participação no custo final do produto e na Produtividade do processo.

A melhor forma de reduzir o transporte entre dois postos de trabalho é a de


aproximar os dois postos, o máximo possível. Essa distância mínima entre
os dois postos de trabalho tem contudo valores mínimos a cumprir ,
relacionados com a ergonomia necessária e as normas de segurança de cada
operação

Por outro lado sugere-se que as vias principais destinadas á circulação de


pessoas e materiais devem possuir largura mínima de 1,20 m. devidamente
assinaladas com duas barras brancas ou amarelas , que sinalize o percurso
ideal e onde não poderá ocorrer qualquer atravancamento nem
armazenamento , mesmo que temporário.

Faixa de cor branca


1.20 com 10 cm Largura

Dentro desses princípios, para melhor organizar a produção, podemos elaborar


um estudo de reorganização do Layout fabril , ou seja, avaliar a necessidade
de mudança de máquinas, equipamentos e postos de trabalho , por forma a
optimizar a DISPOSIÇÃO FÍSICA desses recursos e dos espaços onde se
realiza a produção.

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Na melhoria de um arranjo físico das instalações produtivas , a primeira coisa
a fazer é observar o local em estudo e fazer um desenho em planta,
relativamente simples, mas com detalhes importantes de implantação como
sejam :

Posição real dos equipamentos principais


Corredores de passagem
Janelas , portas , Elevadores
Pontos de iluminação
Posição dos sistemas de segurança
Pontos de abastecimento de água , energia e ar comprimido
Posição média dos Operadores e dos postos de trabalho
Fluxos internos dos diferentes produtos

As medidas deverão ser tanto quanto possível rigorosas e a disposição relativa


dos diferentes equipamentos deve ser respeitada .

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Procedimentos para análise de layout

1º Passo: desenho (planta) do local

Como vimos, o primeiro passo para a melhoria de um Layout consiste na


elaboração de uma planta do local (desenho), que poderá ser feito,
preferencialmente em escala de 1:50, contendo detalhes importantes que
devem ser marcados claramente na planta.

Aspectos importantes que devem ser observados e, se necessário, anotados:

Materiais: produto semi-acabado; acabado ou matéria-prima.

Máquinas: Principais equipamentos de transformação.

Equipamentos : pontes rolantes, esteiras transportadoras etc.

Pessoal: posição de trabalho.

Transportes: circulação de pessoas, materiais e equipamentos.

Armazenamento de materiais.

Características do edifício: andar, dimensões , janelas , portas

, elevadores.

Pontos de iluminação

Instalações: eléctrica; pneumática, vapor, hidráulica ,

Segurança.

Pontos de abastecimento : Água , energia e ar comprimido

Fluxo de circulação: sequência ordenada da movimentação do

produto, indicado por flecha.

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Realizado o desenho do Layout ele deve ser examinado para ser pensada a
reorganização do espaço e do fluxo produtivo actual .

Esse exame começa sempre pela eliminação ou redução de TRANSPORTES.


Para isso, os postos de trabalho devem ser colocados o mais próximo entre si,
para minimizar deslocamentos em volta do posto de trabalho .

É necessário saber se as MÁQUINAS podem ser removidas com facilidade e a


sua mudança de posição é compatível com as instalações (pé direito ,
resistência mecânica do solo , drenos , etc)

Há máquinas pesadas, difíceis de serem removidas, como as que exigem


fundações especiais como Grandes Prensas e as que exigem montagens
especiais, como grandes fornos. Este tipo de máquinas devem ser preservados
nos seus locais salvo em casos extremamente necessários

È importante saber se as INSTALAÇÕES também podem ser modificadas


facilmente , nomeadamente na mudança de localização de portas e janelas ou
ainda na eliminação de divisões físicas (paredes ou painéis desmontáveis) que
dificultem as movimentações . Contudo estas alterações no edifício não podem
por em causa normas de segurança (contaminação , ruído , etc) , nem deverão
reduzir condições de conforto ambiental .

Deve-se igualmente analisar a posição dos POSTOS DE TRABALHO e dos


operadores que os ocupam assim como das condições de operação , de modo a
obter sempre que possível :

Redução dos seus deslocamentos em volta da máquina que


operam
Redução de movimentos entre máquinas
Melhor nível de iluminação (favorecer iluminação natural se
existir)
Aumento do seu grau de conforto
Aumento da Higiene e Segurança ..
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Para facilitar este estudo, deve-se recorrer a software adequado , onde o
desenho de implantação base , possa ser combinado com os factores acima
referidos , para obtenção de um modelo que permita a análise das diferentes
opções e a antevisão das suas implicações .

Por exemplo, podemos chegar a um arranjo adequado, conforme esta


ilustração seguinte , que representa uma oficina de metalomecânica ,
representada igualmente numa figura anterior , de acordo com a disposição
inicial dos seus recursos de produção .

Neste exemplo foram operadas diversas modificações na disposição inicial e


que apresentam as seguintes características :

Os tornos e fresadoras foram posicionados a 35º em relação à


parede para facilitar a iluminação natural do posto de execução do
trabalho, aproveitando a iluminação vinda das janelas.

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A distância entre as partes móveis das fresadoras foram mantidas
com um mínimo de 1,30 m e as demais distâncias entre os postos de
trabalho foram mantidas num mínimo de 0,80 m.

Foram feitas faixas de circulação que não havia no LAYOUT


anterior.

Para os contentores foram feitos cavaletes com altura de 0,80 m


para o trabalhador não ter de se curvar.

Alguns contentores de materiais estão próximos de dois postos


de trabalho. Assim, o trabalhador tem-nos ao alcance do movimento
dos braços.

A distância média anterior mantida para movimentação era de


29,50 m e a actual , de 15,40 m. Portanto, houve uma redução de
14,10 m. Isto dá uma ideia da redução que se pode obter em
movimentações , ao se transportar 10.000 peças. Neste caso,
alcança-se uma redução de 141.000 metros ou 141 km. Além disso,
sobra espaço para a colocação de mais postos de trabalho.

FATORES A SEREM ESTUDADOS NA ELABORAÇÃO DO ARRANJO FÍSICO

Ao se elaborar um arranjo físico, os principais factores a serem estudados são:

✓ materiais,

✓ máquinas,

✓ mão-de-obra,

✓ movimentação,

✓ armazenamento,

✓ edifícios,
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✓ serviços auxiliares.

MATERIAL

São considerados todos os materiais que são processados e manipulados no


sector : matéria prima, material em processo, produto final,
embalagem, etc.

Estudam-se dimensões, pesos, quantidade, características físicas, químicas ,


assim como as suas perdas características de fabrico (Refugo , resíduos , etc).

O processo de produção deve ser detalhado por :

tipos,
sequência
tempos padrão das operações.

Deve-se procurar:

que o fluxo do material esteja de acordo com o processo;


diminuir o manuseio dos produtos (menos riscos de
acidentes);
diminuir o percurso dos produtos e mão de obra.

MÁQUINAS

Levam-se em conta todos os equipamentos utilizados na produção , na


manutenção, em medidas e controle e no transporte. Listam-se informações
sobre:

identificação do equipamento (nome, tipo, acessórios);


dimensões e peso;
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áreas necessárias para operação e manutenção;
operadores necessários;
fornecimento de energia eléctrica, gás, água, ar
comprimido, vapor, etc.;
grau de risco , ruído, calor, etc.;
possibilidade de desmontagem das máquinas;
ocupação prevista para a máquina e atravancamento;
características operacionais : tipos de operação e
velocidade.

Entre outros pontos , deverão ser estudados :

minimizar potencial de acidentes


facilitar operação no posto de trabalho
dimensionamento da facilitar movimentação do operador
área necessária garantir segurança do operador
assegurar áreas de armazenagem
prever áreas de passagem / transporte

posicionamento do minimização do ruído,


equipamento em função pontos de abastecimento energia
do processo, tipo de respeitar sequência lógica do processo
equipamento garantir pontos de carga acessíveis

MÃO de OBRA

Inclui todo o pessoal directo e indirecto da fábrica, observando-se as áreas


necessárias para o desenvolvimento do trabalho de cada elemento.

É conveniente recolherem-se os seguintes tipos de informações :


iluminação, ruído, vibração, limpeza,
condições de trabalho
segurança, ventilação
pessoal necessário qualificação, quantidade e sexo
Áreas de apoio vestuário, serviços auxiliares (restaurantes

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e/ou refeitório ), bebedouros em função do
número de pessoas

MOVIMENTAÇÃO

Este é um dos principais factores na elaboração do arranjo físico devendo ser


analisados :

percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as


especificações das distâncias;
tipos de transportes usados;
manuseio ( frequência, motivo, esforço físico necessário, tempo
utilizado);
espaço existente para a movimentação.
dimensionamento da largura do corredor em função dos
equipamentos, meio de transporte, etc.;
segurança dos funcionários e visitantes;
acesso aos meios de combate de incêndio, meios auxiliares, etc.

ARMAZENAMENTO

Considera-se o armazenamento de todos os materiais, inclusive aqueles em


processo (stock intermédio existente antes de uma dada operação), nos
seguintes aspectos :

localização,
dimensões,
métodos de armazenagem,
tempo de espera,
cuidados especiais.

Deverão ser estudados:

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dimensionamento em função do material (em processo e
final);
dimensionamento dos corredores do Armazém;
minimização de stock intermédio em processo;
dimensionamento dos corredores do Armazém;
distância das prateleiras com paredes, etc.

SERVIÇOS AUXILIARES

Inclui os espaços destinados à manutenção, controles e inspecção, escritório


(sala de espera, formação, conferências), laboratórios, equipamentos e linhas
auxiliares (ar, vapor, gás, Tc), facilidades ( restaurantes, vestiários, lavatórios,
relógio de ponto, estacionamento).

EDIFÍCIO

Estudam-se : área, compartimentos, estruturas, tectos, acessos, rampas,


escadas, elevadores e outras características do edifício.

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6. PRODUTIVIDADE E PERDAS DE PRODUÇÃO

A actividade produtiva ou dos Serviços ,


nunca é totalmente eficiente , devido a um
conjunto de factores que isolados ou
combinados , interferem com o
aproveitamento final da actividade que se
pretende desenvolver .

Neste capítulo são abordados os diferentes tipos de perdas que podem ocorrer
e que afectam a Produtividade e o Custo da Produção ou dos Serviços.

DESPERDÍCIOS

Se necessitamos de apenas uma pessoa para executar um serviço e colocamos duas, essa
segunda pessoa representa um desperdício, pois ela poderia realizar outro trabalho, também
importante.

Mesmo que as técnicas de simplificação do trabalho sejam aplicadas e os


equipamentos sejam os mais modernos e adequados, a melhoria da
produtividade sempre possível , enquanto houver DESPERDÍCIOS NAS
FÁBRICAS.

DESPERDÍCIO É TUDO AQUILO FEITO EM EXCESSO OU MAL

Na realização de um trabalho ou operação podem-se considerar desperdício as


seguintes situações:

Stock de materiais ou produtos em excesso.

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Espaços mal aproveitados.

Energia: máquinas, luz etc. ligados desnecessariamente(em vazio)

Consumo excessivo e desnecessário de materiais

Tempo: uma tarefa de duração média de 1 hora é realizada em

duas horas.

Deslocações desnecessárias

Paragem de produção por deficiente Planificação dos recursos

REFUGO

Riscar uma peça metálica para depois transforma-la é a mesma coisa que
riscar os contornos de uma figura no papel e depois, com a tesoura, recortar
os contornos.

Só que, em mecânica, esse corte é realizado por máquinas especiais e o risco é


feito com técnica própria. Se, no entanto, houver erros no momento de riscar,
a peça toda estará perdida ocorrendo a consequente perda de dinheiro, tempo,
esforços e materiais.

Portanto, se erramos ao fazer algo, e se esse erro estraga completamente o


que fazemos , não sendo possível corrigi-lo, o material inutilizado passa a
constituir um refugo e passando a ser considerado um resto da actividade .

REFUGO É TUDO AQUILO MALFEITO PELO HOMEM


OU MÁQUINAS

O refugo será tanto mais grave , quanto menores as possibilidades de


reintegração como matéria prima ou como subproduto da actividade , podendo
em alguns casos exigir custos adicionais , para o seu tratamento Ambiental
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Considerando todos os aspectos relacionados com a produção de refugo e as
suas consequências em termos de eficiência e Produtividade podemos concluir
que é muito importante:

Produzir com eficácia total , usando todos os


nossos esforços para atingir um nível de
produção SEM NENHUM DEFEITO

REPROCESSO

Supor uma pessoa que necessita de um cano de água de plástico com o


comprimento de 260 mm. Ela apanha uma serra e, sem medir o cano com
exactidão, corta-o com o comprimento de 270 mm. Na altura em que tenta a
montagem no local, o cano não entra. Torna-se então necessário refazer as
medidas para efectuar um novo corte.

A nova medição e o novo corte constituem um reprocesso

Reprocesso é fazer novamente o que já foi feito, ocasionando um agravamento


de custos e um desgaste desnecessário de recursos e tempo .

REPROCESSO É FAZER NOVAMENTE O QUE JÁ FOI FEITO

Na actividade industrial e dos serviços , o reprocesso faz muitas vezes parte integrante do
desenrolar do processo produtivo assumindo diferentes formas e tipos:

Reaproveitamento de resíduos metálicos (sucata) na


Industria metalúrgica
Reaproveitamento de Plásticos e Aparas para reciclagem
Reparação de Edifícios
Correcção de ficheiros danificados ou incompletos

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GESTÃO DE UTILIDADES

O consumo de Energia , água e Ar comprimido , ocupa frequentemente uma


parte importante dos recursos da Empresa .

Nesta área , justifica-se que a Empresa faça um diagnóstico ou Auditoria á


forma como ocorrem estes consumos e estabeleça um plano para a sua
racionalização .

A redução destes consumos tem um impacto indirecto mas imediato na


produtividade da Empresa , para além de reduzirem o custo de actividade e
dos artigos produzidos .

CONCLUSÕES SOBRE AS PERDAS

Estes três elementos Desperdícios Refugos e Reprocesso representam uma


parcela muito grande no aumento dos custos dos produtos.

É comum uma pessoa comprar algum produto sob encomenda, com preço e
tempo de entrega combinados. Entretanto, a encomenda é entregue com
atraso e o preço só é mantido porque se pagou com antecedência, mas o
fabricante reclama que o preço de custo foi maior do que o que foi pago.

Tais factos, que ocorrem diariamente, podem ser, na maioria das vezes,
causados por desperdício, refugos e reprocesso, que aumentam o tempo de
trabalho e, consequentemente, os custos, prejudicando o empregado, a
empresa e o consumidor.

Infelizmente, somos campeões em desperdício, refugos e reprocesso, não só


nas fábricas como na vida particular.

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Nestes termos, devemos progressivamente
introduzir melhorias de eficiência na utilização dos
diferentes bens e recursos , quer nas Empresas ,
quer nas nossas casas .

Essa mudança de atitude passa sobretudo pela


redução de Desperdícios , Refugos e Reprocesso .

A produtividade é medida em função do artigo ou serviço útil que for


vendido , pelo que tudo que seja perdido na sua obtenção , reduzirá o valor
final da produtividade da empresa .

Uma vez mais , torna-se evidente como é imperioso aumentar o


rendimento dos processos , como forma de aumentar a produtividade .

7. INOVAÇÃO

A segunda metade do século XX , foi pródiga em novas tecnologias colocadas


ao serviço da actividade humana .

Como seria de esperar , a actividade económica beneficiou muito com esse


facto , pois aplicou diversas novas metodologias e equipamentos ao serviço da
industria e dos serviços , que lhe permitiram aumentar a produtividade e a
qualidade dos artigos ou serviços fornecidos ao mercado

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A mecanização dos processos fabris no inicio do século XX , teve um novo


impulso com a substituição integral do homem na acção de produzir , com a
introdução dos primeiros robots mecânicos na industria .

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Este foi um dos sinais mais fortes de que a inovação e o desenvolvimento
tecnológico produziriam alterações notáveis na “arte de produzir” . Outras
transformações importantes ocorreram , das quais se podem destacar :

Construção de Centrais Nucleares para produção de Energia

Invenção do Computador e das redes de comunicação

Criação e expansão de redes digitais de comunicações

Utilização de satélites artificiais para comunicações

Implementação de cabo óptico

Automatização de processos fabris e de serviços

Instalação de redes de computadores

Criação de Software integrado de Gestão

Todas estas novidades tecnológicas , tiveram um impacto directo ou indirecto


na Produtividade das empresas e dos países dessas empresas , pois o salto
tecnológico permitiu produzir mais , com muito menos recursos e sobretudo
com menos pessoas .

Nos dias de hoje a evolução tecnológica é constante , sobretudo com a


miniaturização de aplicações electrónicas que permitem que equipamentos
pessoais e industriais sejam cada vez mais sofisticados e com maiores
capacidades .

INOVAÇÃO NA GESTÃO DA PRODUÇÃO

A par da inovação tecnológica , colocaram-se desafios importantes para a


produção , no sentido de dar resposta a um aumento exponencial das
capacidade de produção , o que determinou um tratamento de um numero
igualmente exponencial de problemas novos .

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Neste contexto , nos últimos 40 a 50 anos , foram sendo formulados e
implementados métodos de gestão , que permitiram acompanhar a introdução
das novas tecnologias de produção , de ferramentas de controlo e gestão
inovadores , baseados em conceitos inovadores , como :

✓ Produção Ágil
✓ Just in Time
✓ Kaizen
✓ Optimização de Processos
✓ Qualidade Total

Os sistemas industriais enfrentam actualmente importantes desafios:

Aumento na concorrência.
Complexidade dos mercados.
Complexidade dos produtos e processos.
Alterações rápidas nas necessidades dos clientes.

A forma tradicional de aumentar a competitividade das empresas pela simples


redução de custos, pode não ser uma estratégia eficaz de empresa. Os clientes
pretendem, para além de um preço competitivo,

a elevada qualidade dos produtos.


satisfação das suas necessidades particulares (individuais).
prazos razoáveis.

Esta diversidade de necessidades dos clientes, coloca elevada pressão nas


organizações, tendo motivado diferentes formas de reestruturação nas
empresas industriais.

Produção Ágil ( Agile Manufacturing )

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Neste conceito a organização, as pessoas e os factores tecnológicos são
considerados importantes para gerar os resultados esperados. O conceito de
produção ágil pretende identificar elementos chave num novo ambiente
industrial, substituindo a tradicional produção em massa.

A Agile Manufacturing pretende combinar as vantagens da produção unitária


com a produção em massa:

Produzindo elevado volume com produtos diversificados.

Recorrendo a automação flexível.

Fomentando trabalho em grupo com operadores/as polivalentes.

Implementando uma cultura de empresa de desenvolvimento


contínuo e de elevada qualidade.

Princípios fundamentais na Agile Manufacturing

Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se


encontram da qualidade nas diversas fases de fabricação,
necessitando da dedicação integral dos empregados a todos os
níveis.

Quanto mais sofisticada a tecnologia de fabricação, mais


vulnerável e dependente se encontra da capacidade humana para
realizar o seu controlo e a sua manutenção.

Quanto mais sofisticado for o sistema de produção, mais


intervenções humanas inovadoras são necessárias. Mudança de
produtos, preparação dos equipamentos, adaptações tecnológicas e
controlo requerem considerável intervenção humana.

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Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é
necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do
produto ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da
experiência e conhecimentos formais e operacionais do pessoal.

A Produção ágil necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e


estrutura organizacional:

a tecnologia apropriada deve ser instalada; as pessoas devem ser


seleccionadas, treinadas e com autonomia para utilizar a tecnologia no sentido
dos objectivos da empresa; uma estrutura organizacional deve ser instalada
para gerir os recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado.

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Princípios fundamentais na Agile Manufacturing

1. Quanto mais complexos os produtos, mais dependentes se encontram da


qualidade nas diversas fases de fabricação, necessitando da dedicação
integral dos empregados a todos os níveis.

2. Quanto mais sofisticada a tecnologia de fabricação, mais vulnerável e


dependente se encontra da capacidade humana para realizar o seu
controlo e a sua manutenção.

3. Quanto mais sofisticado for o sistema de produção, mais intervenções


humanas inovadoras são necessárias. Mudança de produtos, preparação
dos equipamentos, adaptações tecnológicas e controlo requerem
considerável intervenção humana.

4. Quanto mais curto o ciclo de vida dos produtos, mais inovação é


necessária. As fases de arranque da produção e lançamento do produto
ocorrem mais frequentemente e, a sua eficácia, depende da experiência
e conhecimentos formais e operacionais do pessoal.

A Agile Manufacturing necessita de uma integração da tecnologia, pessoas e estrutura


organizacional:;;.

a tecnologia apropriada deve ser instalada

as pessoas devem ser seleccionadas, treinadas e com autonomia


para utilizar a tecnologia no sentido dos objectivos da empresa

uma estrutura organizacional deve ser instalada para gerir os


recursos e se adaptar rapidamente às alterações no mercado

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Neste modelo de gestão , alguns tema s principais merecem ser destacados ,
para demonstrar a mudança de estratégia quanto á forma de gestão dos
recursos .

Aspectos humanos:

• A capacidade dos colaboradores é um investimento.


• Seleccionar pessoal com aptidão para aprender e se adaptar.
• Seleccionar pessoal com capacidade de comunicação.
• Implementar programas de treino a longo prazo.
• Especificar programas de treino de acordo com os objectivos da
empresa.
• Implementar equipas pluridisciplinares transitórias.
• Conceber sistemas integrados de informação.

Aspectos organizacionais:

• A organização deve focar na interacção ou congruência dos factores


técnico-sociais.
• Desenvolvidos indicadores de produtividade para os colaboradores
administrativos.
• Desenvolver a produtividade em funções de conhecimento, como
operadores/as e engenheiros de CAD-CAM, programadores e
controladores de produção.
• A estrutura organizacional deve ser descentralizada, tanto quanto
possível.
• Devem ser desenvolvidas estruturas organizacionais para promover
mudança e aprendizagem organizacional.

Aspectos tecnológicos:

• Necessário atender a aspectos ergonómicos particulares, na fabricação


avançada.
• As novas tarefas de fabricação são mais cognitivas: o operador/a
necessita de capacidade para tratar processamento da informação.

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KAIZEN

introdução

Kaisen é a filosofia japonesa de melhoria contínua: fazer melhorias simples e


pequenas, que não custam muito dinheiro mas que resultam numa redução de
custos, maior qualidade e produtividade.

Considere-se uma fábrica de electrodomésticos onde os operadores adicionam


partes a uma unidade principal. O processo leva sete segundos, incluindo cinco
segundos para os trabalhadores se voltarem e recolherem as partes de um
contentor que se situa atrás deles. Se se puser o contentor à frente dos
empregados, eliminam-se quatro segundos do processo — o que se traduz
numa melhoria da produtividade.

É a este processo de melhoria a que se dá o nome kaisen.

Gemba, em japonês, representa o sítio onde a acção se desenrola. No cenário


dos negócios, gemba significa o local onde os produtos são fabricados, um
laboratório ou uma fábrica, por exemplo. No sector dos serviços, gemba é
onde os clientes se encontram com quem lhes fornece os serviços.

A metodologia Kaizen rege-se por princípios que aplicam o espírito e técnicas


do kaisen no gemba, com o fim de reduzir os custos e melhorar a qualidade e
produtividade na organização.

As regras de ouro do gemba

Demasiados gestores ficam sentados nas suas secretárias, distanciados dos


acontecimentos que se dão no no interior da Empresa (GEMBA). A sua função

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é compreender e permanecer em contacto com o local onde tudo acontece. Só
depois de o fazer é que poderão tomar as iniciativas kaisen. Eis as principais
regras da gestão gemba:

• Quando surge um problema, averiguar no gemba. Não se deve


tentar resolver o problema por controlo remoto. Quando Taiichi Ohno,
da Toyota, se apercebia que um gestor estava distanciado da sua
fábrica, levava-o lá, desenhava um círculo no chão e fazia com que o
supervisor ali permanecesse até que ficasse mais consciente acerca do
que se passava no terreno das operações;

• Verificar os gembutsu. Dá-se o nome de gembutsu aos itens tangíveis


do gemba — uma máquina avariada, produtos devolvidos ou um
cliente insatisfeito. Se uma máquina se avariar, não se deverá
convocar uma reunião para identificar os próximos passos a tomar ,
antes se deverá verificar o que se passa com a máquina e passar à
acção;

• Adoptar soluções temporárias. Se não se conseguir resolver


completamente o problema na altura em que este surge, deve-se tentar
remediar da forma que for possível. Por exemplo, numa fábrica, lascas
de metais que caíam numa correia estavam sempre a parar a máquina.
Cada vez que isto acontecia, os empregados afastavam as lascas e
ligavam as máquinas outra vez;

• Encontrar a raiz do problema. Depois de remediar o problema,


devem-se identificar as causas do mesmo. Para os problemas simples, a
técnica dos «cinco porquês» é suficiente.

Por exemplo, um homem está a pôr serrim no chão.

1. Porquê? Porque o chão está escorregadio.


2. Porquê? Porque está óleo no chão.
3. Porquê? Porque a máquina está a verter óleo.
4. Porquê? Porque o óleo está a verter do
depósito.
5. Porquê? Porque o revestimento de borracha do
depósito está gasto

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• Estabelecer um padrão de procedimentos. Quando se resolver um
problema, o novo procedimento deve ser padronizado para evitar que
volte a surgir.

5S -O BOM FUNCIONAMENTO DA EMPRESA

Espaços mal organizados criam frequentemente ineficiências caras no processo


de trabalho. O simples acto de limpar o local de trabalho e mantê-lo limpo
produz melhorias substanciais na produtividade e eficiência de custos.

Os cinco passos para limpar a casa foram desenvolvidos no contexto fabril,


mas podem ser aplicados aos serviços:

• Seiri (classificar). O primeiro passo é classificar os itens em duas


categorias — necessários e desnecessários — e livrar-se dos últimos.
É comum colocarem-se etiquetas vermelhas nos itens desnecessários,
para que seja mais fácil saber o que se deita fora. Se os empregados
encontrarem uma etiqueta vermelha em algo que eles pensam que é
necessário, têm de convencer a equipa que ele será útil no futuro;

• Seiton (arrumar). Assim que os itens desnecessários forem removidos,


devem-se arrumar os restantes para minimizar o tempo que levará a
procurá-los. Cada objecto deve ter um nome. Por exemplo, dê um nome
a cada parede e marque os itens com os números da parede onde serão
colocados;

• Seiso (esfregar). O espaço de trabalho deve ser limpo, incluindo


máquinas, ferramentas, chão e outras áreas. Ao limparem, os
trabalhadores podem identificar problemas como, por exemplo, uma
máquina que verte óleo;

• Seiketsu (sistematizar). O kaisen deve ser feito sistematicamente.


Seiketsu significa que os passos anteriores devem ser efectuados
sistematicamente;

• Shitsuke (padronizar). Estes cinco passos devem ser integrados nos


hábitos e atitudes dos trabalhadores.

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Como eliminar o desperdício

No trabalho, existem dois tipos de actividades: aquelas que adicionam valor e


aquelas que não adicionam valor.

Qualquer actividade que não adicione valor ao produto ou serviço que está a
ser criado é muda (desperdício). Eliminar o muda é uma das tarefas
fundamentais do kaisen. Taiichi Ohno classificou o muda em sete categorias:

• Muda de sobreprodução. Produzir mais do que o necessário resulta


num desperdício tremendo: as matérias-primas são utilizadas antes de
serem precisas, mais espaço é necessário para armazenar o excesso de
inventário e custos administrativos e de transporte adicionais são
contraídos;

• Muda de inventário. Os produtos guardados em inventário adicionam


custos por precisarem de equipamento e espaço adicional. E podem
esconder problemas no gemba;

• Muda de rejeição. As rejeições interrompem a produção e requerem


um trabalho caro. Desfazer-se delas é também um desperdício de
tempo;

• Muda de movimento. Qualquer movimento do corpo de uma pessoa


que não está a adicionar valor é muda. Um trabalhador a andar ou a
carregar um pacote pesado está a perder tempo. Evite este tipo de
muda, reorganizando o espaço de trabalho;

• Muda de processamento. Tecnologia inadequada ou um layout pobre


do espaço pode representar um desperdício no processamento do
próprio trabalho. Por exemplo, num local onde são produzidos telefones,
os auscultadores e o corpo são fabricados em linhas diferentes. São
depois embalados em sacos para serem transportados até à linha de
montagem final. Fazendo a ligação entre a linha de montagem dos

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auscultadores e a linha de montagem final eliminará os sacos de
plástico;

• Muda de espera. Se um operário fica sem nada para fazer porque está
à espera de uma peça, por exemplo, existe muda. Solucione o problema
que está a causar a espera do trabalhador;

• Muda de transporte. O transporte em camiões ou empilhadores não


adiciona valor e, por isso, deve ser eliminado, sempre que possível.

O papel dos supervisores

O kaisen será bem sucedido se for empreendido com objectivos e metas


claros. É à gestão de topo que pertence a tarefa de os definir. E é o supervisor
que deve fazer com que se alcance a meta do gemba kaisen, que é produzir
com padrões de elevada qualidade a baixos custos e entregando a tempo.

Para alcançar o objectivo, os supervisores têm de gerir os chamados «cinco


M»:

• Material. O supervisor terá sempre de assegurar que o material é limpo


e que está devidamente organizado;

• Máquina. O supervisor tem de assegurar a manutenção das máquinas;

• Mão-de-obra. O supervisor é responsável por encorajar as sugestões


dos empregados e recompensar as boas ideias;

• Medida. O supervisor gere visualmente o local de trabalho. A exposição


de tabelas, listas e registos de desempenho tornam-se ferramentas
primordiais;

• Método. O supervisor é responsável por manter os elevados padrões de


trabalho e de segurança na empresa;

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CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL - TQC

TQC, sigla de Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total é um


sistema de gestão, nascido nos EUA e aperfeiçoado no Japão (TQC no estilo
japonês).

Controle: Não é uma palavra muito simpática, por estar associada à idéia de
fiscalização ou limitação de liberdade. Mas no TQC seu significado é outro..

Quando se diz que o processo está sob controle significa que as causas
de não conformidade estão dominadas, ou seja, o processo produz os
resultados desejados

Qualidade:. Não é a simples ausência de defeitos (não-conformidades) ou


adequação ao uso.

É o conjunto de características, concretas ou abstractas que fazem com


que o consumidor ou utilizador prefira determinado produto ou serviço

Nesta metodologia , a qualidade do produto ou serviço deve ser garantida em


todas as fases de seu desenvolvimento:

projecto,

produção,

distribuição

assistência pós-venda.

Por ser subjectiva e pessoal, a qualidade carece de medição, além da


preferência do cliente. Como a reclamação ou rejeição do cliente vem sempre
depois do produto estar no mercado, é necessário estabelecer indicadores de
qualidade, que meçam as dimensões da qualidade.

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QUALIDADE TOTAL: O Controle de Qualidade é dito Total por
envolver todas as pessoas e ser exercido em todos os lugares da
empresa, envolvendo todos os níveis e todas as unidades.

Conceito do TQC

O conceito do TQC é formado por onze princípios:

1. Orientação pelo cliente

2. Qualidade em primeiro lugar

3. Acção orientada por prioridades

4. Acção orientada por fatos e dados

5. Controle de processos

6. Controle da dispersão

7. O próximo processo é o seu cliente

8. Controle a montante

9. Acção de bloqueio

10..Respeito pelo empregado como ser humano

11..Comprometimento da Direcção da Empresa

Dimensões da Qualidade

Quando falamos qualidade, não nos referimos apenas às características


intrínsecas do produto, mas sim a um conjunto de valores que estão presentes
ou acompanham o produto ou serviço. Para um melhor entendimento
detalhamos a seguir as dimensões da qualidade:
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Qualidade: chamada de qualidade intrínseca, são as características que
podem ser medidas directamente no produto. Para um produto
alimentício, as características de qualidade intrísecas poderiam ser, por
exemplo: cor, textura, sabor, odor, carga microbiana, propriedades físico-
químicas, etc.

Custo: de nada adianta ter o melhor produto do mundo se o cliente não


puder pagá-lo. Mesmo que possa, o cliente só pagará pelo produto que
custar igual ou menos que o valor que ele perceber no bem. Assim, todo
o esforço deve ser empreendido pelas pessoas da empresa para reduzir
os custos de produção, venda e assistência técnica.

O TQC tem várias ferramentas que possibilitam reduzir custos, entre elas o
PDCA de melhoria (Metodologia de Análise e Solução de Problemas).

Atendimento: O atendimento pode ser medido em termos de


quantidade, local e prazo de entrega.

Moral: é a satisfação média dos colaboradores, expressa em termos de


sugestões apresentadas, ausências ao trabalho, rotatividade, atc. Uma via
mais directa de medir o grau de satisfação da equipe é através de
diagnósticos motivacionais, realizados de forma a garantir o anonimato,
com a totalidade ou parcela representativa do quadro funcional e com
questionário elaborado com a participação dos próprios colaboradores.

Segurança: o fornecedor deve garantir que o produto não coloque a


integridade física do consumidor ou utilizador em risco. Isso é
particularmente importante no caso de produtores e prestadores de
serviços em alimentação. Neste caso medidas importantes são contagem
de microorganismos patogénicos e análise de aditivos. Para melhor
informação veja as páginas referentes a BPF e HACCP.

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8. CONCLUSÕES

Com este texto , pretendeu-se a abordagem dos principais factores de


influencia da produtividade da actividade das empresas .

A Gestão moderna das empresas , tem de se guiar pelo aproveitamento das


“vantagens internas” , por vezes desconhecidas , que constituem todos os
desperdícios e perdas de rendimento que potencialmente poderá aproveitar .

Do ponto de vista teórico , até que não seria difícil detectar e corrigir essas
ineficiências de processos . Contudo é na fase de implementação que as coisas
ficam mais sérias , pois na grande maioria dos casos há que vencer
resistências internas e mentalidades que se apoiam na velha máxima de que
“foi sempre assim , porquê mudar …”

É um facto que hoje em dia , mais que no passado , as empresas têm de


antecipar os escolhos que vão encontrar no mercado e na concorrência , pelo
que devem estar principalmente atentas ao que se passa no seu exterior . No
entanto em Portugal , uma boa parte das empresas tem de arrumar a casa
primeiro e de realizar um esforço empenhado em adquirir vantagens
competitivas no aumento da sua produtividade .

Para o fazer , deverá aumentar o seu rendimento no consumo dos recursos


através de factores tão objectivos como :

Reduzir o absentismo do pessoal

Reduzir nível de acidentes

Aumentar taxa de ocupação dos equipamentos

Analisar e optimizar os estrangulamentos da actividade

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Implementar sistema de custeio para monitorizar custos de

todas as actividades

Melhorar eficiência energética

Implementar programas de manutenção preventiva

Em suma , uma empresa que pretenda vencer no mercado , terá de dedicar


algum tempo a elaborar e implementar um plano de aumento de produtividade
assente em alguns dos objectivos atrás enunciados .

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Bibliografia

Recursos Humanos , JM Peretti , Edições Silabo


Total Quality Control , Armand Feigenbaum , 3ª Edição McGraw Hill
Projectos Industriais , R. Assis , V. Távora , Edições Lidel
Produção , P Baranger , Edições Sílabo
Gestão da Produção , ª Courtouis , Edições Lidel
PINTO, Jane Lúcia Gaspar Coelho. Controle de Processos na Indústria de Móveis.:
UFSC, 1993. Tese (Mestrado em Engenharia de Produção)

COMISSÃO EUROPÉIA. (1995) Livro Verde da Inovação, Comissão


Européia, Luxemburgo

PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campas, 1986.

http://www.usernomics.com/

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