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Reflexão Individual

“ […] Seja qual for o paradigma em que se situe, na prática, o professor é o


protagonista do desenvolvimento curricular […]. Assim, aponta-se para a necessidade
do professor se curricularizar (Zabalza, 1987:13), ou seja, pensar o seu trabalho em
termos de Currículo […]. Na base desta necessidade profissional está a exigência de
que o professor não seja apenas operário do Currículo, mas também um dos seus
arquitectos […]. Se assume um papel de implementador do programa, como um
conjunto de matérias prescritas, tornar-se-á o executor, o operário ou o consumidor
[…]” Pacheco (2001:48).

No meu entender o professor não deve assumir uma postura de operário do


Currículo, entendendo-o como uma prescrição de conteúdos e metodologias de
trabalho que deve cumprir sem reflectir, questionar e adaptar ao contexto em que
realiza a sua prática e aos alunos com quem a desenvolve. Na minha opinião, esta
visão de Currículo ainda se encontra muito presente nas mentalidades dos docentes
do nosso país, já que por diversas vezes ouvimos a típica frase: “tenho um programa
para cumprir”, isto advém da ideia que o Currículo e todos os documentos que dele
surgem são rígidos e de cumprimento obrigatório.
Segundo Alcino Matos Vilar, o Currículo obriga a uma fundamentação, ou seja,
uma explicação das fontes utilizadas nas decisões efectuadas. Sendo assim, os
intervenientes na concepção e desenvolvimento do Currículo terão que fundamentar
sempre as suas opções com base nas fontes. Posto isto, o Currículo é constituído por
diversos fundamentos, sendo que o principal é o desenvolvimento do ser humano
tendo em conta o contexto em que está inserido. Por esta razão, considero que o
professor deve reflectir sobre o Currículo de forma a adaptá-lo para um melhor
desenvolvimento dos seus alunos mediante o contexto social.
Relativamente às fontes do Currículo, é importante salientar estas decorrem da
psicologia, da pedagogia, da sociologia, da epistemologia e sobretudo do
desenvolvimento curricular. Todavia, estas fontes são influenciadas pelo contexto
histórico-cultural, por isso o Currículo surge como aberto a adaptações e modificações
mediante as actualizações da sociedade.
Pelo que já foi referido, pode-se afirmar que “ […] uma Teoria do Currículo
pressupõe uma concepção dinâmica e fundamentada que justifica e legitima a praxis
educativa” (Vilar;2005:15). Na minha opinião, uma teoria do Currículo não deve nem
seguir um modelo racionalista nem um modelo interpretativo, isto porque, por um lado

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não deve ser alheia a contextos nem a sujeitos concretos e por outro lado não deve
limitar-se aos contextos sociais e históricos. Na minha opinião deve ter em conta o
contexto em que o indivíduo está inserido bem como as suas necessidades e
interesses e principalmente ter em vista o seu desenvolvimento.
Surge então uma emergência de um novo paradigma, que têm em conta a
instabilidade que caracteriza o mundo. Desta emergência resulta a ideia de que “[…]
um Currículo, que pretenda responder adequadamente às exigências de um mundo
progressivamente sujeito a novas formas de inteligibilidade, tem que […]”
(Vilar;2005:20) ter em conta que a vida é um processo de auto-regulação, que o
sujeito e o objecto de conhecimento estão unidos e que, a mudança transformadora é
uma mudança do modo de ver. Assim, um Currículo correspondente a este novo
paradigma deve orientar-se para a compreensão do mundo, reflectir valores, ter em
conta o indivíduo como fonte de conhecimento, promover uma educação ecopolítica e
a compreensão ecológica dos conteúdos e por último centrar-se na instituição escolar.
No texto “A teorização de Currículo” de Alcino Matos Vilar, é referido o
Currículo nuclear. Na minha opinião este Currículo é importante para clarificar o
porquê do professor dever ser um investigador e construtor do Currículo. Isto porque,
os fundamentos do Currículo nuclear sugerem-nos que pertencemos a uma sociedade
global e que devemos estar preparados para tal, que o Currículo deve garantir uma
vida em comunidade e por último deve constituir um meio de motivação para continuar
a aprender.
Assim, é possível concluir que a emergência de um novo paradigma exige que
o Currículo seja desenvolvido como “[…] uma representação de valores, significados e
padrões de vida e, simultaneamente, como uma fonte de conhecimentos,
compreensões, técnicas, destrezas e estratégias necessárias para o desenvolvimento
tanto pessoal como social” ((SKILBECK;1985:24) cit. Por Vilar; 2005:22). A
emergência de um novo paradigma remete-nos para o facto de que “[…] o Currículo
terá que ser pensado, organizado e sistematizado por um processo de
codificação/descodificação, ou seja, por uma clarificação conceptual resultante da
leitura da realidade em determinado momento” (Vilar;2005:25), sendo que no meu
entender deve ser o professor a pensar, organizar e sistematizar o Currículo fazendo a
sua clarificação conceptual mediante o contexto onde realiza a sua prática.
O principal problema que uma teoria do Currículo deve ter em conta é a relação
dialéctica teoria-prática. Assim, os problemas surgidos na prática curricular devem ser
resolvidos por “[…] um plano de acção teoricamente fundamentado e passível de
reflexão […]” (Vilar;2005:27), contribuindo assim para a melhoria das práticas
educativas.

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Posto isto, uma teoria do Currículo só faz sentido se potenciar a transformação
da prática através da reflexão e não quando é apenas aplicada na prática, isto porque,
as teorias do Currículo não prescrevem técnicas para gerir o Currículo, apenas
referem conceitos para pensar sobre a prática que se exprime através do Currículo.
Para concluir, uma teoria do Currículo surge como um meio de emancipação e
de profissionalidade do docente, permitindo que este se assuma como um investigador
e possa adequar a metodologia mais apropriada para à sua prática através de um
processo de reflexão surgindo assim como investigador e construtor do Currículo.

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