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CAPITULO 10

SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA FOGO

INTRODUÇÃO MÉTODOS DE DETECÇÃO

Em virtude do fogo ser uma das mais A lista a seguir apresenta métodos de
perigosas ameaças para uma aeronave, as zonas detecção, incluindo aqueles mais usados em sis-
de fogo em potencial de todas as aeronaves mul- temas de proteção contra fogo de aeronaves com
timotoras, atualmente produzidas, são garanti- motores à turbina.
das por um sistema fixo de proteção de fogo. Um sistema completo de proteção contra
Uma "zona de fogo" é uma área ou regi- fogo, da maioria das grandes aeronaves com
ão da aeronave, designada pelo fabricante, que motor à turbina, incorporam vários destes méto-
requer detecção e/ou equipamento de extinção e dos de detecção:
um alto grau de essencial resistência ao fogo.
O termo "fixo" significa um sistema (1) Detectores de aumento da razão de tempera-
permanentemente instalado, em contraste com tura.
qualquer equipamento portátil de extintor de
fogo como a de CO2. Um sistema completo de (2) Detectores sensores de radiação.
proteção contra fogo das modernas aeronaves,
ou em muitos modelos antigos de aeronaves, (3) Detectores de fumaça.
inclui tanto um sistema de detecção como um de
extinção de fogo. (4) Detectores de superaquecimento.
Para detectar o fogo ou as condições de
superaquecimento, equipamentos são colocados (5) Detectores de monóxido de carbono.
nas várias zonas a serem monitoradas.
O fogo é detectado nas aeronaves com (6) Detectores de vapores de combustível.
motores convencionais, usando um ou mais dos
seguintes itens: (7) Detectores de fibra ótica.

(1) Detectores de superaquecimento. (8) Observação pela tripulação ou passageiros.

(2) Detectores de aumento da razão de tempe- Os três tipos de detectores mais usados
ratura. para rápida detecção de fogo são de razão de
aumento de temperatura, sensores de radiação e
(3) Detectores de chama. detectores de superaquecimento.

(4) Observação pela tripulação.


Exigências de um sistema de detecção
Somando-se a esses métodos, outros ti-
pos de detectores são usados nos sistemas de Os sistemas de proteção contra fogo, das
proteção contra fogo em aeronaves, mas raras aeronaves produzidas atualmente, não confiam
vezes são usados para detectar fogo nos moto- na observação pela tripulação como um método
res. primário de detecção de fogo.
Por exemplo, detectores de fumaça são Um sistema ideal de detecção de fogo deve
mais apropriados para monitorar área como incluir, tanto quanto possível, as seguintes ca-
compartimentos de bagagens, onde os materiais racterísticas:
queimam vagarosamente ou sem chama.
Outros tipos de detectores, nesta catego- (1) Um sistema que não cause falsosalarmes
ria incluem os detectores de monóxido de car- sob qualquer condição de vôo.
bono e do equipamento de coleta química, capaz
de detectar vapores de combustível que podem (2) Rápida indicação de fogo e sua exata loca-
levar ao acúmulo de gases explosivos. lização.

10-1
(3) Acurada indicação de que o fogo está ex- térmicos que controlam a operação da lâmpada
tinto. (ou lâmpadas).
(4) Indicação de que o fogo foi reativado. Esses interruptores térmicos são unida-
des sensíveis ao calor que completam os circui-
(5) Indicação contínua da duração do fogo. tos elétricos a uma determinada temperatura.
Eles são conectados em paralelo um com outro,
(6) Possibilidade de testar eletricamente o sis- mas em série com as luzes indicadoras (figura
tema detector desde a cabine da aeronave. 10-1).
Se um aumento de temperatura ultrapas-
(7) Detectores resistentes a danos causados por sar um determinado valor em qualquer seção do
exposição ao óleo, água, vibração, tempera- circuito, o interruptor térmico fechará comple-
turas extremas e ao manuseio. tando o circuito da lâmpada indicadora de fogo
ou da condição de superaquecimento.
(8) Detectores que tenham pouco peso e sejam
facilmente adaptáveis em qualquer posição
de montagem.

(9) Detectores instalados em circuitos ope-


rados diretamente do sistema de força da
aeronave sem inversores.

(10) Exigências mínimas de corrente elétrica


quando não houver indicação de fogo.

(11) Cada sistema detector deverá acender


uma lâmpada na cabine, indicando a loca-
lização do fogo e deverá ter um sistema Figura 10-1 Circuitos de interruptores térmicos.
de alarme sonoro.
Não existe um número certo de inter-
(12) Um sistema detector separado para cada ruptores térmicos em cada circuito. O número
motor. exato será determinado pelo fabricante. Em al-
gumas instalações todos os detectores térmicos
Existem diversos tipos de detectores ou são conectados a uma única lâmpada; em outras
dispositivos sensores disponíveis. Vários mode- podem ser encontrados um interruptor térmico
los antigos de aeronaves, ainda em operação, para cada lâmpada indicadora.
estão equipadas com algum tipo de interruptor Algumas luzes de alarme são do tipo
térmico ou sistema de par térmico. "pressione-para-testar". A lâmpada será testada
quando for apertada, através de um circuito-
auxiliar de teste. O circuito na figura 10-1 inclui
SISTEMAS DE DETECÇÃO DE FOGO um relé de teste.
Com o contato do relé na posição mos-
Um sistema de detecção deverá sinalizar trada, dois caminhos são possíveis para o fluxo
a presença de fogo. As unidades do sistema são da corrente dos interruptores para a lâmpada.
instaladas em locais onde são maiores as possi- Este é um dispositivo adicional de segurança.
bilidades de um incêndio. Três sistemas detecto- Energizando o relé de teste, um circuito em sé-
res de uso mais comum são o sistema de inter- rie é completado checando toda a fiação e o
ruptor térmico, sistema de par térmico e o sis- filamento de todas as lâmpadas.
tema detector de circuito contínuo. Também incluído no circuito mostrado
na figura 10 - 1 há um relé de controle de brilho.
Sistema de interruptor térmico O circuito é alterado para incluir uma resistência
em série com a lâmpada. Em algumas instala-
Um sistema de interruptor térmico con- ções vários circuitos são ligados através de relés
siste de uma ou mais lâmpadas energizadas pelo de controle de brilho, e todas as luzes de
sistema de força da aeronave, e interruptores emergência podem ser ofuscadas ao mesmo
tempo.

10-2
O sistema de interruptor térmico usa um Detectores fenwal spot
interruptor termostato bimetálico ou detector
tipo "spot", semelhante ao mostrado na figura Os detectores Fenwal Spot são ligados
10-2. Cada unidade detectora consiste de um em paralelo entre dois circuitos completos da
interruptor térmico bimetálico. A maioria dos fiação, como é mostrado na figura 10-3. Assim,
detectores spot são interruptores térmicos de o sistema pode resistir a uma falha, que pode ser
terminal duplo. uma abertura no circuito elétrico ou um curto
para a massa, sem indicar um falso alarme de
fogo.
Uma dupla falha pode existir antes que
um falso alarme de fogo possa ocorrer.
No caso de uma condição de fogo ou de
superaquecimento, o interruptor do detector
Spot fecha, completando o circuito para soar um
alarme.
O sistema detector Fenwal Spot opera
sem uma unidade de controle. Quando uma con-
dição de superaquecimento ou de fogo causar o
fechamento de um interruptor do detector, o
alarme soará e uma lâmpada de aviso indicando
Figura 10-2 Detector “Fenwal” tipo “Spot”. a área afetada será acesa.

Figura 10-3 Circuito detector “Fenwal”.

Sistema de par térmico teste térmico. Essa caixa pode conter de um a


oito circuitos idênticos, dependendo do número
O sistema de aviso de fogo, por par tér- de zonas potenciais de fogo. Os relés controlam
mico, opera por um princípio completamente as luzes de alarme, e os pares térmicos contro-
diferente do sistema de interruptores térmicos. lam a operação dos relés. O circuito consiste de
Um par térmico depende da razão de vários pares térmicos em série uns com os ou-
aumento da temperatura e não dará o alarme tros e com o relé sensível.
quando um motor superaquecer lentamente, ou O par térmico é construído com dois
quando ocorrer um curto-circuito. metais diferentes que são o cromel e o constan-
O sistema consiste de uma caixa de re- tam. O ponto de junção dos dois metais, que
lés, luzes de aviso e pares térmicos. será exposto ao calor, é chamado de junção
A fiação do sistema dessas unidades quente. Há também uma junção de referência
pode ser dividida entre os seguintes circuitos incluída no espaço entre os dois blocos isolan-
(figura 10-4): (1) circuito detector, (2) circuito tes. Um invólucro de metal protege mecânica-
de alarme e (3) circuito de teste. mente o par térmico, sem interferir no movi-
A caixa de relés contém dois relés, o relé mento livre do ar na junção quente. Se a tempe-
sensível e o relé escravo, e ainda a unidade de ratura subir rapidamente, o par térmico produzi-

10-3
rá uma voltagem por causa da diferença de tem- A voltagem resultante causará um fluxo de cor-
peratura entre a junção de referência e a junção rente no circuito detector. Quando a corrente for
quente. maior do que quatro miliampères (0,004
Se ambas as junções forem aquecidas ao ampères) o relé sensível fechará. Isto completa-
mesmo tempo, nenhuma voltagem será produzi- rá o circuito do sistema de força da aeronave
da. Porém, se houver fogo, a junção quente a- para a bobina do relé escravo, o qual fechando,
quecerá mais rapidamente do que a junção de completará o circuito para a lâmpada de alarme
referência. de fogo.

Figura 10-4 Circuito de aviso de fogo tipo “termopar’.

O número total de pares térmicos, usados sistemas de superaquecimento, unidades sensí-


em um circuito detector, depende das dimensões veis ao calor, que completam o circuito elétrico
das zonas de fogo e da resistência total do cir- a uma determinada temperatura. Os dois tipos
cuito. A resistência total não deve exceder 5 de detectores usados nos sistemas sensores con-
ohms. Como mostra a figura 10-3, o circuito tínuos são os sistemas Kidde e o Fenwal.
tem dois resistores. O resistor conectado através No sistema contínuo Kidde (figura 10-
dos terminais do relé escravo absorve a volta- 5), dois fios são envolvidos com uma camada de
gem auto-induzida da bobina, para evitar a for- cerâmica especial, formando o núcleo de um
mação de arco entre os pontos do relé sensível. tubo de Inconel.
Os contatos do relé sensível são tão frágeis que,
se queimariam ou soldariam, se fosse permitida
a formação de um arco.
Quando o relé sensível abre, o circuito
para o relé escravo é interrompido, e o campo
magnético em torno da sua bobina é encerrado.
Quando isto acontece, a bobina recebe uma vol-
tagem através da auto-indução, mas com o resis-
tor através dos terminais da bobina é aberto um
caminho para algum fluxo de corrente, como re-
sultado desta voltagem. Então, o arco nos con-
tactos do relé sensível é eliminado.

Sistema detector de circuito contínuo Figura 10-5 Elemento sensor “Kidde”.


Um dos dois fios no sistema sensor Ki-
Um sistema detector contínuo ou sistema dde é soldado nos terminais do tubo envolvente,
sensor permite a cobertura mais eficiente de atuando como "massa" interna. O outro fio é um
uma área de perigo de fogo, do que qualquer um condutor (acima do potencial terrestre) que
dos detectores de temperatura do tipo spot. permite um sinal de corrente, quando a cobertu-
Os sistemas contínuos são uma versão ra de cerâmica dos fios altera a sua resitência
do sistema de interruptores térmicos; eles são com a mudança da temperatura.

10-4
Outro sistema contínuo, o Fenwal (figura entre o fio condutor do sinal e a "massa", ener-
10-6), usa um fio simples envolvido em uma gizando o sistema de alarme.
camada de cerâmica, dentro de um tubo de In- Os elemento sensores do sistema Kidde
conel. são conectados a um relé da unidade de contro-
le. Essa unidade constantemente mede a resis-
tência total de todo o sensor. O sistema sente a
temperatura média, tão bem como qualquer
ponto simples isolado.
O sistema Fenwal usa um amplificador
magnético como unidade de controle. Esse sis-
tema não é proporcional, mas soará um alarme
quando qualquer porção do seu elemento sensor
atingir a temperatura de alarme.
Ambos os sistemas continuamente moni-
toram as temperaturas nos compartimentos dos
motores e, ambos, automaticamente, são rear-
Figura 10-6 Elemento sensor “Fenwal”. mados após um alarme de fogo ou de supera-
quecimento, logo que a condição de superaque-
A camada de cerâmica do detector Fen- cimento for removida ou o fogo extingüido.
wal está embebida com um sal eutético, o qual
possui características de reduzir rápidamente Sistema de elementos contínuos
sua resistência elétrica quando o elemento sen-
sor atingir a sua temperatura de alarme. O sistema Lindberg de detecção de fogo
Em ambos os sistemas, no Kidde e no (figura 10-7) é um detector do tipo elemento
Fenwal, a resistência da cerâmica ou do sal contínuo, que consiste de um tubo de aço inoxi-
eutético evita o fluxo da corrente elétrica dável contendo um elemento discreto. Esse ele-
enquanto for normal a temperatura. No caso de mento foi processado para absorver gás em pro-
uma condição de fogo ou superaquecimento, a porção ao ponto selecionado da temperatura de
resistência do núcleo diminui, e o fluxo da operação.
corrente flui entre o fio condutor do sinal e a

Figura 10-7 Sistema detector de fogo “Lindberg”.

Quando a temperatura aumenta pandindo o gás. A pressão gerada fecha o inter-


(devido ao fogo ou superaquecimento) para o ruptor diafragma, ativando o sistema de alarme.
ponto selecionado de temperatura de operação,
o calor gerado causa a liberação do gás do ele- SISTEMAS DE AVISO DE SUPERAQUE-
mento. Essa liberação do gás causa o aumento CIMENTO
da pressão no tubo de aço inoxidável, que por
sinal, atua mecanicamente o interruptor do dia- Os sistemas de aviso de
fragma na unidade de resposta, ativando a luz de superaquecimento são usados em algumas
aviso e soando o alarme. Um interruptor de teste aeronaves para indicar as áreas de alta
de fogo é usado para aquecer os sensores, ex- temperatura, que podem ser focos de incêndios.

10-5
O número de sistemas de aviso de supe- Fogo em aeronaves, em vôo ou no solo,
raquecimento varia com o tipo de aeronave. Em podem ser extintos por qualquer um, ou por to-
algumas aeronaves, eles são previstos para cada dos esses tipos de extintores. Portanto, sistemas
motor à turbina e cada nacele de motor; em ou- de detecção, sistemas de extinção e agentes ex-
tras, são previstas para a área de alojamento das tintores, como aplicados para cada tipo de fogo,
rodas e para a linha de pressão do sistema devem ser considerados.
pneumático. Cada tipo de fogo tem características que
Quando uma condição de superaqueci- requerem manuseios especiais. Agentes usados
mento ocorrer na área de um detector, o sistema em fogo de classe A não são aceitáveis em fogo
ocasiona o acendimento da luz de aviso no pai- das classes B ou C. Agentes adequados ao fogo
nel de controle de fogo. de classes B ou C terão o mesmo efeito em fogo
Na maioria dos sistemas o detector é do da classe A, mas não são mais eficientes.
tipo interruptor térmico. Cada detector é ope-
rado quando o calor atinge uma temperatura es- CLASSIFICAÇÃO DAS ZONAS DE FOGO
pecificada. Essa temperatura depende do siste-
ma e do tipo e modelo da aeronave. Os contatos Os compartimentos dos motores são
do interruptor do detector estão suportados por classificados em zonas, baseadas no fluxo de ar
molas, as quais fecham os contatos quando o que passa através deles.
calor expande a base de apoio. Um contato de
cada detector está ligado à "massa" através da a. Zona classe A - São as zonas que têm uma
braçadeira de montagem. Os outros contatos de grande quantidade de fluxo de ar passando entre
todos os detectores estão ligados em paralelo arranjos com obstruções de formatos seme-
para fechar o circuito das lâmpadas de aviso. lhantes. A seção de força de um motor con-
Sendo assim, o fechamento dos contatos de vencional normalmente é deste tipo.
qualquer um dos detectores pode causar o
acendimento da luz de aviso. b. Zona classe B - São as zonas que têm uma
Quando os contatos do detector são fe- grande quantidade de fluxo de ar passando ae-
chados o circuito para a luz de aviso é comple- rodinamicamente sem obstruções.
tado. A corrente, então, é fornecida de uma bar- Tubos do sistema de troca de calor e de escapa-
ra do sistema elétrico através da lâmpada de mento dos gases são normalmente deste tipo
aviso e de um lampejador para a massa. Devido são, também, zonas na parte interna de carena-
ao lampejador no circuito, as luzes piscarão in- gens ou outro acabamento liso, livre de obstácu-
dicando uma condição de superaquecimento. los, e adequadamente drenado para que os va-
zamentos de líquidos não formem poças. Os
TIPOS DE FOGO compartimentos de motores a turbina podem ser
considerados nesta classe, se a superfície do
A Associação Nacional de Proteção motor estiver aerodinamicamente livre, e as
Contra Fogo é classificada em três tipos básicos: nervuras estruturais da célula forem cobertas
com uma camisa a prova de fogo.
a. Classe A - é definida como um fogo em
materiais combustíveis ordinários como ma- c. Zona classe C - São as zonas que têm relati-
deira, pano, papel, estofados etc. vamente pouco fluxo de ar. Um compartimento
b. Classe B - é definida como fogo em produ- de acessórios do motor, separado da seção de
tos inflamáveis de petróleo ou líquidos com- força, é um exemplo deste tipo de zona.
bustíveis, graxas, solventes, tintas etc. d. Zona classe D - São as zonas que têm pouco
c. Classe C - é definida como fogo en- ou nenhum fluxo de ar. Estas incluem os com-
volvendo equipamento elétrico energiza-do, partimentos das asas e o alojamento das rodas
onde a não-condutividade do meio de extinção onde existe pouca ventilação.
não tem importância. Na maioria dos casos
onde o equipamento elétrico está desener- e. Zona classe X - São as zonas que têm uma
gizado, o extintor adequado para uso nos fogos grande quantidade de fluxo de ar passando atra-
de classe A ou B podem ser empregados efeti- vés delas e são de construção complicada, crian-
vamente. do grande dificuldade para uma uniforme distri-

10-6
buição do agente extintor de incêndios. As zo- genados de modo incompleto, aqueles com um
nas que contenham profundas cavidades e obs- ou mais átomos de hidrogênio, são classificados
táculos, entre grandes nervuras estruturais são como agentes extintores de fogo, mas sob certas
deste tipo. Testes indicam que para este tipo de condições podem tornar-se inflamáveis.
zona é necessário o dobro de agente extintor
que é pedido para a classe A. (b) O provável mecanismo de extinção dos a-
gentes halogenados é uma "interferência quími-
ca" no processo de combustão entre o combustí-
CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES EX- vel e o oxidante. Uma evidência experimental
TINTORES indica que o método mais provável de transfe-
rência de energia no processo de combustão é
Os agentes extintores de fogo de aerona- pelos "fragmentos de moléculas", resultante da
ves possuem algumas características comuns, reação química dos elementos constituintes. Se
que os tornam compatíveis com sistemas extin- estes fragmentos forem bloqueados na transfe-
tores de fogo de aeronaves. rência de sua energia para as moléculas do com-
Todos os agentes podem ser estocados bustível, não queimado o processo de combus-
por um longo período, sem efeitos adversos aos tão, pode ser reduzido ou cessado completamen-
componentes do sistema ou qualidade do agen- te (extinto). Acredita-se que os agentes haloge-
te. Os agentes usados correntemente não conge- nados reagem com os fragmentos moleculares,
lam nas temperaturas atmosféricas, nor- evitando a transferência de energia. Isto pode
malmente encontradas. ser chamado de "resfriamento químico". Este
A natureza dos mecanismos dentro do mecanismo de extinção é muito mais eficiente
compartimento de um motor solicita um tipo de do que a diluição e resfriamento do oxigênio.
agente que não seja apenas efetivo, em fogo
causado por líquidos inflamáveis, mas também (c) Uma vez que os agentes alogenados re-
em fogo causado por equipamentos elétricos. As agem com os fragmentos moleculares, novos
várias características dos agentes são descritas a compostos são formados, os quais, em alguns
seguir e depois apresentadas de forma sumária casos, apresentam perigo muito maior do que os
nas tabelas das figuras 10 - 8, 10 - 9 e 10 - 10. agentes por si sós. O tetracloreto de carbono,
Os agentes são classificados em duas por exemplo, pode formar gás fosgênio, usado
categorias gerais, baseadas no mecanismo da em guerras como um gás venenoso. Porém, a
ação de extinção: o hidrocarbono halogenado e maioria dos agentes geram ácidos halógenos re-
o gás frio inerte. lativamente inofensivos. Esta reação química
causada pelo calor (pirólise) faz com que alguns
A. Agente de hidrocarbono halogenado. destes agentes, bastante tóxicos, sejam retirados
do uso, enquanto são empregados os essencial-
(1) Os agentes mais eficientes, são os mente não-tóxicos sob condições ambientais
compostos formados pela substituição de um ou normais. Para avaliar o perigo da relativa toxi-
mais átomos de hidrogênio, nos hidrocarbonos dade de cada agente, algumas considerações
simples de metano e de etano por átomos haló- devem ser dadas para a eficiência do individual
genos. agente. O agente mais eficiente, a menor quan-
(a) Os halógens usados para formar os com- tidade de agente necessária, e a rapidez da ex-
postos extintores são o fluorine, o clorine e o tinção com menor geração de produtos em de-
bromine. O iodine pode ser usado, mas é muito composição.
caro, não compensando a vantagem que ofe-
rece. Os compostos extintores são formados (d) Estes agentes são classificados através
partindo do elemento carbono em todos os de um sistema de "números Halon", os quais
casos, juntamente com diferentes combinações descrevem os diversos compostos químicos que
de hidrogênio, fluorine, clorine e bromine. A- formam esta família de agentes. O primeiro dí-
gentes completamente halogenados não contém gito representa o número de átomos de carbono
átomos de hidrogênio no composto, sendo, des- na molécula do composto; o segundo, o número
sa forma, mais estáveis no calor associado ao de átomos de fluorine; o terceiro, o número de
fogo, e considerados seguros. Compostos halo- átomos de clorine; o quarto, o número de ato-

10-7
mos de bromine; e o quinto dígito, o número de um pouco menos tóxico, ainda que esteja
átomos de iodine, se houver. Os zeros a direita classificado no mesmo grupo de perigo.
são inexpressivos. Por exemplo, bromotrifluo-
rometano (CBrF3) é denominado Halon 1301. (d) Brometo de metila, CH3Br, foi muito usado
em sistemas de extinção de aeronaves, nas
(e) Em temperatura ambiente, alguns agen- instalações dos motores, durante muitos a-
tes são líquidos que serão vaporizados rapida- nos. O seu vapor natural é mais tóxico do
mente, embora não instantaneamente, e são de- que o tetracloreto de carbono, e suas carac-
nominados agentes extintores "líquidos vapori- terísticas impedem o seu uso. O brometo de
zantes". Outros agentes são gasosos sob tempe- metila, quando um composto hologenado
raturas normais, mas podem se tornar liqüefeitos incompleto com três átomos de hidro-
por compressão e resfriamento, podendo ser gênio por molécula, é um material
estocados sob pressão como líquidos; estes são "marginal" que pode inflamar-se em eleva-
chamados de agentes extintores "gases liquefei- das temperaturas. Testes indicam, no entan-
tos". Ambos os tipos de agentes podem ser ex- to, que ele é completamente eficiente na sua
pelidos dos depósitos de estocagem do sistema capacidade de extinguir chama. Sob as con-
extintor, usando gás de nitrogênio como um dições existentes na nacele do motor, as ca-
propelente. racterísticas de reprimir explosão é domi-
nante.
(2) CARACTERÍSTÍCAS DE ALGUNS
AGENTES HALOGENADOS: (e) Dibromodifluorometano, CBr2F2, é geral-
mente considerado mais eficiente do que o
(a) Bromotrifluorometano, CBrF3, foi desen- metilbromide, e no mínimo duas vezes mais
volvido pelos laboratórios de pesquisas da eficiente do que o tetracloreto de carbono
E.I. DuPont de Nemours & Co., em um como um extintor de chama. No entanto, a
programa patrocinado pela U.S. Armed sua relativa toxidade limita o seu uso quan-
Forces para o desenvolvimento de um agen- do houver a possibilidade de penetração em
te extintor de incêndios para aeronaves. Ele compartimentos habitados.
é muito eficiente como um extintor, é rela-
tivamente não tóxico, e não requer um a- (f) Tetracloreto de carbono, CCl4, é descrito
gente pressurizador. Este agente, recente- neste manual, em primeiro lugar, devido ao
mente desenvolvido, está sendo muito usa- seu interesse histórico e como termo de
do devido as suas óbvias vantagens. comparação com os outros agentes. O CCl4
é raramente usado em sistemas de extinção
(b) Bromoclorodifluorometano, CBrClF2; ou- em aeronaves.
tro agente que tem sido extensivamente tes- Ele foi o primeiro agente geralmente aceito
tado pela U.S. Air Force. Ele tem relativa- da família halogenada, e vem sendo usado
mente baixa toxidade, mas requer pressu- comercialmente durante os últimos 60 anos,
rização por nitrogênio para ser expelido do particularmente para incêndios de origem
seu reservatório a uma satisfatória razão de elétrica.
extinção de fogo. Recentemente, no entanto, o uso do CCl4
tem declinado, devido, principalmente, ao
(c) Clorobromometano, CH2BrCl, foi origi- desenvolvimento de agentes mais eficien-
nalmente desenvolvido na Alemanha duran- tes, e em parte para o aumento do conheci-
te a segunda guerra mundial para aeronaves mento sobre a natureza dos vapores tóxicos
militares. Ele é um agente extintor mais efi- do CCl4, especialmente quando decompos-
ciente do que o tetracloreto de carbono e é to pelo calor.

10-8
AGENTE VANTAGENS DESVANTAGENS

Excelente extintor, cerca de quatro Moderadamente alto custo.


Bromotrifluorametano vezes tão efetivo quanto o "CB". Requer estocagem em reserva-
CBr3F Não tóxico em temperaturas normais. tórios pesados.
"BT" Não corrosivo.
Halon 1301 Compatível com o sistema conven-
cional, excelente com HRD.
Extintor muito eficiente. Baixa toxidade relativa.
Bromoclorodifluorometa- Reservatórios leves para a estocagem. Requer N2 sob pressão para
no expelir.
C Br Cl F3
"BCF"
Halon 1211
Extintor muito eficiente quando usa- Relativamente tóxico em tem-
Bromoclorometano do em sistemas convencionais. peraturas normais.
CH2 Br Cl Não corrosivo para o aço e o latão. Muito tóxico quando aquecido
"CB" Reservatórios leves para a estocagem.
Halon 1011
Mais eficiente do que o CO2. Relativamente tóxico.
Metil bromide Reservatórios leves para a estocagem. Corrói rapidamente o alumí-
CH3 Br Encontrado facilmente. nio, o zinco e o magnésio.
"MB" Baixo custo.
Halon 1001 Compatível com os sistemas conven-
cionais e HRD.
Tetracloreto de Carbono Líquido a temperaturas normais. Relativamente tóxico.
C CL4 Encontrado facilmente. Severamente tóxico quando
"CTC" Baixo custo. aquecido.
Halon 104 Corrosivo para o ferro e ou-
tros metais.
Requer carga para expelir.
Dibromodifluorometano Extintor muito eficiente. Relativamente tóxico a tempe-
CBr2 F2 Não corrosivo para o alumínio, aço e ratura normais.
Halon 1202 latão. Muito tóxico quando aqueci-
Reservatório leves para a estocagem. do.
Sistema convencional ou HRD. Alto custo.
Dióxido de Carbono Sistema convencional ou HRD. Pode causar sufocação de pes-
CO2 Relativamente não tóxico. soas sob exposição demorada.
Não corrosivo. Requer reservatórios pesados
Encontrado facilmente. para estocagem.
Baixo custo. Requer N2 como reforço em
Sob temperaturas normais ele age climas frios.
como seu próprio propelente.
Extintor muito eficiente. Pode causar sufocação em
Nitrogênio Não corrosivo. uma exposição demorada.
N2 Basicamente não tóxico. Requer condensador para
Os sistemas podem fornecer grandes manter líquido.
quantidades de extintor.
N2 proporciona maior diluição do
O2.

Figura 10-8 Comparação dos agentes extintores.

10-9
GRUPO DEFINIÇÃO EXEMPLOS
Gases ou vapores, os quais em concentração da ordem de 1/2
1 para 1% por volume para exposição, com duração da ordem Dióxido de enxo-
de 5 minutos, são letais ou produzirão sérios danos. fre

Gases ou vapores, os quais em concentração da ordem de 1/2


2 para 1% por volume para exposição, com duração da ordem de Amônia, Metil-
1/2 horas, são letais ou produzirão sérios danos. bromide

Gases ou vapores, os quais em concentração da ordem de 2 a 2


3 1/2% por volume para exposição, com duração da ordem de 1 Tetracloreto de
hora, são letais ou produzirão sérios danos. carbono, cloro-
fórmio
Gases ou vapores, os quais em concentrações da ordem de 2 a
4 2 1/2% por volume para exposição, com duração da ordem de Metil cloride, Etil
2 horas, são letais ou produzirão sérios danos. bromide

Gases ou vapores menos tóxicos do que o Grupo 6 Metilene cloride,


5 Dióxido de carbo-
no, Etano, Propa-
no, Butano
Gases ou vapores, os quais em concentrações até pelo menos
6 20% por volume para exposição, com duração da ordem de 2 Bromotrifluoro-
horas, não produzirão danos. metano

Figura 10-9 Comparação dos perigos de vida dos vários refrigerantes e outros líquidos vaporizantes e
gases. (classificados pelo Underwriters Laboratories, Inc.).

B. Agentes de gás frio inerte as condições, líquido e gás. Quando, então,


o CO2 for descarregado para a atmosfera, a
Tanto o dióxido de carbono (CO2) como maior parte do líquido se expande para gás.
o nitrogênio (N2) são eficientes agentes extinto- O calor absorvido pelo gas durante a vapo-
res - ambos são rapidamente encontrados nas rização resfria o líquido remanescente para
formas líquida e gasosa; suas principais diferen- 80º C (-110ºF) e ele se torna um dividido
ças são nas temperaturas e pressão de estocagem sólido branco, "neve" de gelo seco.
em suas breves fases líquidas. O CO2 é 1 1/2 vezes mais pesado do que o
ar, o que lhe permite substituir o ar sobre as
(1) O dióxido de carbono, CO2, tem sido usado superfícies que estão queimando e manten-
por muitos anos para extingüir incêndios do uma atmosfera sufocante.
em fluidos, inflamáveis e fogo envolvendo O CO2 é eficiente como um extintor primá-
equipamento elétrico. Ele é incombustível e rio, porque ele dilui o ar e reduz a quanti-
não reage com a maioria das substâncias. dade de oxigênio para que o ar não possa
Ele fornece sua própria pressão de descarga sustentar a combustão. Sob certas condi-
do reservatório de estocagem, exceto em ções, algum efeito de abaixamento da tem-
climas extremamente frios quando uma peratura é também realizado.
carga de nitrogênio como reforço pode ser O CO2 é considerado somente meio tó-
adiconada para "climatizar"o sistema. Nor- xico, mas ele pode causar a inconsciência e
malmente o CO2 é um gás, mas ele é facil- a morte pela sufocação se a vítima respirar
mente liqüefeito por compressão e resfria- o CO2 concentrado em extintor de incêndio
mento. Após a liqüefação, o CO2 permane- por 20 a 30 minutos. O CO2 não é efi-
cerá em um reservatório fechado em ambas caz como extintor em incêndios, envolven-

10-10
do produtos químicos que contenham o seu razão de vaporização de algum remanescen-
próprio suprimento de oxigênio, como o ni- te fluido inflamável após a extinção fogo.
trato de celulose (pintura de algumas aero- Os sistemas de nitrogênio líquido estão pre-
naves). Do mesmo modo, incêndios envol- vistas para serem passados para o uso comer-
vendo magnésio e titânio (usado em estru- cial em um futuro próximo.
turas e conjuntos de aeronaves) não podem
ser extintos pelo CO2.
SISTEMAS DE EXTINÇÃO DE FOGO
(2) Nitrogênio, N2, é um agente extintor ainda
mais eficiente. O CO2 é um gás inerte de a. Sistemas de Alta-Razão-de-Descarga. Esse
baixa toxidade. O N2 extingue pela diluição termo, abreviado para HRD (High-Rate-of-
do oxigênio e pelo abafamento; ele é peri- Discharge), é aplicado para os sistemas alta-
goso para o ser humano do mesmo modo mente eficientes mais correntemente em uso.
que o CO2. Porém, maior resfriamento é Os sistemas HRD proporcionam uma alta ra-
proporcionado pelo N2 libra por libra, ele zão de descarga através de alta pressurização,
proporciona quase duas vezes o volume de pequenas linhas de alimentação e grandes
gás inerte para o fogo do que o CO2, resul- válvulas e saídas de descarga.
tando em maior diluição do oxigênio. O agente extintor é usualmente um dos hi-
A principal desvantagem do N2 é que ele drocarbonos halogenados (halons) algumas
deve ser estocado como um criogênio líqui- vezes reforçados pela alta pressão do ni-
do, o qual requer um condensador e tubula- trogênio seco (N2). Devido o agente e o gás
ções associadas para manter a 160º C (- de pressurização de um sistema HRD serem
320ºF) de temperatura o nitrogênio líquido liberados dentro da zona de fogo em um se-
(LN2). gundo ou menos, a zona fica temporariamen-
Algumas das grandes aeronaves da Força te pressurizada, e interrompe o fluxo de ar de
Aérea em serviço, utilizam o LN2 em diver- ventilação.
sos usos. Os sistemas são utilizados, em Algumas aberturas de grande dimensão estão
primeiro lugar, para neutralizar a atmosfera cuidadosamente localizadas para produzir e-
no interior do tanque de combustível pela feitos de turbilhonamento de alta velocidade
substituição da maior parte do ar por gases para melhor distribuição.
secos de nitrogênio e, por esse meio, dilu-
indo o oxigênio existente.
Com a grande quantidade de LN2 assim b. Sistemas convencionais. Esse termo é aplica-
disponível, o N2 é também usado para o do para aquelas primeiras instalações de ex-
controle do fogo de aeronaves, e é praticá- tinção de incêndios usadas em aeronaves. I-
vel como um agente extintor de fogo do gualmente usados em algumas aeronaves an-
motor. tigas, os sistemas são satisfatórios para as su-
Um sistema de descarga de LN2 de longa as intenções de uso, mas não são tão eficien-
duração pode proporcionar maior segurança tes quanto os atualmente desenvolvidos. Ti-
do que os sistemas convencionais de pouca picamente, esses sistemas utilizam um tubo
duração, pelo resfriamento do potencial das em forma de anel perfurado, também chama-
fontes de reignição do fogo, e reduzindo a do de bico distribuidor de descarga.

10-11
PRESSÃO DO
VAPOR
NÚME- GRUPO “UL” GRAVI- PONTO DE CONCENTRAÇÃO a a
FÓRMULA TIPO DE PESO ESPECí- PONTO DE CALOR DE
AGENTE SÍMBOLO RO DE TOXIDA- DADE A CONGELA- LETAL APROX. PAR- 70ºF 160ºF
QUÍMICA AGENTE FICO Cl3 EBULIÇÃO VAPORIZAÇÃO
HALON DE(3) 68º F MEN-TO ºF TES POR MINUTO
Dióxido de CO2 CO2 Gás _ 5 1529(1) 0.1234(2) -110 -110 112,5 658,000 750 _
carbono líquido 658,000
Tetracloreto CTC CCI4 Líquido 104 3 1.60 0.059 170 -8 83,5 28,000 1,9 12,5
de carbono 300
Brometo de MB CH3BR Líquido 1001 2 1.73 0.0652 39 -139 108,2 5,900 27 120
metila 9,600
Bromocloro- CB CH2BrCI Líquido 1011 3 1.94 0,069/ 0,070 149 -124 99,8 65,000 2,7 17,0
metano BCM,CMB 4,000
Bromoclori- BCF CBrC1F2 Gás lique- 1211 5 1.83 0,0663 25 -257 57,6 324,000 35 135
difluorome- feito 7,650
tano
Dibromodi- CBr2F2 Líquido 1202 4 2.28 0,0822 76 -112 52,4 54,000 13 58
fluorometa- 1,850
no
Bromotri- BT CBrF3 Gás lique- 1301 6 1.57 0,057 -72 -270,4 47,7 800,000 212 550
fluo- feito 20,000
rometano
(Bromotri)

Nitrogênio N2 N2 _ _ 5 0.97 (1) 0,078(2) -320 85

(1) Gás seco comparado ao ar seco na mesma temperatura e pressão.

(2) Peso específico em lbs/pé3; pressão de 1 atmosfera a 0ºC.

(3) Ver as definições na figura 10-9.

(4) O 1º valor representa o agente frio, o segundo valor representa o ,agente aquecido a 1475ºF.

Figura 10-10 Características dos agentes extintores.

10-12
Uma das aplicações de um anel perfura- Para operar o sistema de extinção de
do está na seção de acessórios de um motor fogo de CO2, a válvula seletora deve ser coman-
convencional, onde o fluxo de ar é fraco e as dada para o motor que contenha fogo. Um pu-
necessidades de distribuição não são tão seve- xão no punho em "T" de controle, localizado
ras. Os arranjos de bico distribuidor são usados próximo a válvula seletora do motor, atua a has-
na seção de força das instalações de motores te de alívio da válvula da garrafa de CO2.
convencionais, com os bicos colocados por trás O líquido comprimido na garrafa de CO2
de cada cilindro, e em outras áreas necessárias, flui em uma rápida descarga para as saídas da
para proporcionar uma distribuição adequada. linha de distribuição (figura 10-12) do motor
Esse sistema normalmente usa dióxido de car- afetado. O contato com o ar converte o líquido
bono (CO2) como extintor, mas pode ser usado em gás e "neve", o que abafa a chama.
qualquer outro agente adequado. Um dos mais sofisticados tipos de siste-
ma de proteção contra fogo de CO2 é usado em
SISTEMAS EXTINTORES DE FOGO, DE muitas aeronaves de quatro motores. Esse siste-
CO2, DOS MOTORES CONVENCIONAIS ma é capaz de liberar CO2 duas vezes para cada
um dos quatro motores.
O CO2 é um dos mais antigos tipos de Sistemas de aviso de fogo são instalados em
sistemas extintores de fogo dos motores con- todas as localizações perigosas da aeronave para
vencionais das aeronaves de transporte, e, é ain- fornecer um alarme em caso de fogo.
da, usado em muitas aeronaves antigas. Os vários sistemas de alarme operam lu-
O sistema extintor de fogo é projetado zes de aviso no painel de controle de fogo na ca-
em torno de uma garrafa de CO2 (figura 10-11) bine, energizando, também, um alarme sonoro
e uma válvula de controle remoto operada da na cabine.
cabine. Um sistema típico de CO2 consiste de
seis garrafas, montada três de cada lado do alo-
jamento da roda do nariz. Válvulas de enchi-
mento são instaladas em cada garrafa de CO2.
As garrafas de cada fileira são interconectadas.
As válvulas de duas garrafas traseiras, de cada
conjunto de três, são projetadas para serem a-
bertas mecanicamente por um cabo conectado
ao punho de controle de descarga, no painel
principal de controle de fogo na cabine.
Em caso de descarga pelos meios mecâ-
nicos, a válvula de enchimento da garrafa dian-
teira de cada grupo é operada pela pressão de
CO2, aliviada das duas garrafas traseiras através
da linha de interconexão. A válvula de enchi-
mento da garrafa dianteira de cada grupo con-
tém um solenóide.
Figura 10-11 Instalação de garrafa de dióxido de A válvula é projetada para ser operada
carbono (CO2). eletricamente, quando o solenóide for energiza-
do pela atuação de um botão no painel de con-
A garrafa armazena o dióxido de carbo- trole.
no abafador de chama sob a pressão requerida, No caso de uma descarga pelos meios
para distribuir o agente extintor para o motor. O elétricos, as válvulas das duas garrafas traseiras
gás é distribuído através de tubulações da válvu- de cada grupo são operadas pela pressão de
la da garrafa de CO2 para o conjunto de controle CO2, aliviada da garrafa dianteira através da
da válvula na cabine e, então, para os motores linha de interconexão. Cada grupo de
por tubulações instaladas na fuselagem e túneis garrafas de CO2 tem um disco vermelho, indi-
da asa. A tubulação terminal, em forma de cír- cador de descarga térmica de segurança que
culo, é toda perfurada, envolvendo os motores será rompido quando a pressão atingir ou ul-
(figura 10-12). trapassar 2.650 p.s.i.

10-13
Figura 10-12 Sistema extintor de fogo de CO2 em uma aeronave bimotora de transporte.

A descarga ocorrerá também em tempe- Conjuntos de luzes de alarme nos pu-


raturas acima de 74º C. nhos de comando manual de CO2 são conecta-
Cada conjunto de garrafas também tem dos para todos os quatro circuitos detectores de
um disco amarelo indicador da descarga do sis- fogo do motor, em conjunto com um alarme
tema. Montado ao lado do disco vermelho, o sonoro de fogo com os seus interruptores de
disco amarelo indica qual grupo de garrafas foi corte protegidos e luzes de indicação.
esvaziado por uma descarga normal. O fio isolado do circuito detector é en-
Esses tipos de sistemas de proteção con- caminhado da unidade de controle no comparti-
tra fogo, de CO2, incluem um sistema de alarme mento de rádio para o relé de teste. O fio é então
de fogo. Ele é um sensor contínuo, de baixa im- dirigido através da nacele e seções do motor,
pedância, e do tipo de religação automática para retornando para o relé de teste, onde ele será
o motor e área da nacele do motor. unido a sua outra extremidade formando um cir-
Um único circuito detector de fogo é cuito contínuo. Cada unidade de controle con-
previsto para cada motor e área da nacele. tém transistores, transformadores, resistores,
Cada circuito completo consiste de uma capacitores e um potenciômetro.
unidade de controle, elementos sensores, um Ele também contém um circuito inte-
relé de teste, uma luz e um relé do circuito de grado, o qual introduz um retardo que tira a sen-
aviso de fogo. sibilidade do sistema de aviso para um sinal
Equipamentos associados, como conjun- transitório de curta duração, que, por outro lado,
to de conectores flexíveis, fios, passadores de causam falsos alarmes momentâneos.
borracha, braçadeiras e presilhas de montagem, Quando uma condição de fogo ou supe-
são usados em várias quantidades, dependendo raquecimento existir em um motor ou área da
das necessidades individuais da instalação. nacele, a resistência do sensor diminuirá abaixo
Por exemplo, em uma aeronave de qua- de um valor determinado pelo potenciômetro da
tro motores, quatro conjuntos de luzes de alar- unidade de controle, o qual está em um circuito
me, sendo uma para cada motor e área da nace- de referência do circuito detector e amplificador
le, dão a correspondente indicação de aviso da unidade de controle.
quando um alarme for iniciado pelo respectivo A saída desse circuito energiza o alarme
circuito de aviso de fogo do motor. sonoro e a luz de aviso de fogo.

10-14
SISTEMA DE PROTEÇÃO DE FOGO DE todas as aeronaves semelhantes. O sistema
TURBOJATO de proteção de fogo, da maioria das grandes
aeronaves com motor a turbina consiste de dois
Um sistema de proteção de fogo para subsistemas: um sistema detector de fogo e um
uma aeronave multimotora, equipada com tur- sistema e extinção de fogo.
bojatos está descrito em detalhes nos parágrafos Esses dois subsistemas proporcionam
seguintes. proteção contra fogo, não somente no motor e
Esse sistema é típico da maioria das ae- áreas da nacele, mas também em área como os
ronaves de transporte turbojato, incluindo com- compartimentos de bagagem e alojamento das
ponentes e sistemas típicamente encontrados em rodas.

Figura 10-13 Instalação típica de proteção da nacele do motor e seu suporte (“Pylon”).

Cada motor à turbina instalado em uma nacele tros, por conectores a prova de umidade, os
suspensa contém um circuito de detecção de quais são fixados à estrutura da aeronave.
fogo, automático, sensível ao calor. Na maioria das instalações, o detector
Esse circuito consiste de uma unidade contínuo é preso por dispositivos ou presilhas a
sensível ao calor, uma unidade de controle, um cada 10 ou 12 polegadas de distância. Um espa-
relé e dispositivos de alarme. Normalmente os ço maior entre os suportes pode permitir vibra-
dispositivos de alarme incluem uma luz de aviso ção ou atrito da seção livre, e tornar-se uma fon-
na cabine para cada circuito, e um alarme sono- te de falsos alarmes. Em um típico sistema de-
ro para todos os circuitos em conjunto. tector de fogo de um motor a turbina, uma uni-
A unidade sensora de calor de cada cir- dade de controle individual é prevista para cada
cuito possui um detector contínuo em torno das circuito sensor. A unidade de controle contém
áreas a serem protegidas. Essas áreas são os um amplificador transistorizado ou magnético, o
queimadores e a área do escapamento. qual produz uma saída, quando um fluxo de
Também incluídas, na maioria dos sis- corrente predeterminado de entrada for detecta-
temas de extinção de fogo das aeronaves, estão do pelo sensor contínuo. Cada unidade de con-
a área do compressor e a área dos acessórios, as trole também contém um relé de teste, que é
quais em algumas instalações podem ser prote- usado para simular uma condição de fogo ou de
gidas por um circuito separado, de proteção de superaquecimento para o circuito de teste. A
fogo. A figura 10-13 ilustra a rota típica de um saída do amplificador, da unidade de controle, é
detector contínuo de um circuito de detecção de usada para energizar um relé de aviso, muitas
fogo em um motor instalado em nacele suspen- vezes chamado de "relé de fogo". Normalmente
sa. Um detector contínuo típico é formado por localizado próximo às unidades de controle,
uma série de elementos unidos uns com os ou- esses relés de fogo, quando energizados, com-

10-15
pletam o circuito para o apropriado dispositivo Essas duas válvulas são o controle prin-
de aviso. Os dispositivos de aviso para as condi- cipal e o reserva, que liberam e dirigem o agente
ções e, fogo e superaquecimento do motor e na- para a nacele suspensa na qual a garrafa está
cele, estão localizados na cabine.Uma luz de localizada, ou para o outro motor da mesma asa.
aviso de fogo para cada motor, normalmente é Esse tipo de tiro duplo, configuração de
localizada em um interrruptor especial de fogo alimentação cruzada, permite a liberação de
na forma de um punho, localizado no painel de uma segunda carga de agente extintor de fogo
instrumentos ou no painel de controle de fogo. para o mesmo motor, se um outro foco de fogo
Esses interruptores de fogo são, algumas ocorrer sem a condição de duas garrafas para
vezes, chamados de "punhos de fogo", conforme cada área do motor.
está ilustrado na figura 10-14. O punho de fogo Um outro tipo de instalação para qua-
contém a luz de aviso de detecção de fogo. drimotores usa dois sistemas independentes de
Em alguns modelos desse punho inter- extinção de fogo.
ruptor de fogo, ao ser puxado, ele deixa exposto
um interruptor, que anteriormente era inacessí-
vel, o qual comanda o agente extintor, e também
atua microinterruptores que energizam as válvu-
las de corte em emergência e outras válvulas
pertinentes.

Figura 10-15 Sistema de extinção de fogo para


uma aeronave multimotora.

Os dois motores do mesmo lado da aero-


nave são equipados com dois reservatórios de
agente extintor (figura 10-16), mas eles estão
localizados juntos na nacele suspensa interna.
Um indicador da pressão, um plugue de descar-
Figura 10-14 Interruptor e punho de fogo. ga e uma conexão de segurança são previstas
para cada reservatório.
SISTEMA DE EXTINÇÃO DE FOGO DE O plugue de descarga é selado com um
MOTORES A TURBINA disco quebrável, combinado com uma carga
explosiva que é eletricamente detonada para
A parte de extinção de fogo de um típico descarregar o conteúdo da garrafa.
sistema de proteção de fogo completo, inclui A conexão de segurança é fixada na par-
uma garrafa ou reservatório de um agente extin- te interna da estrutura com um indicativo disco
tor, para cada motor ou área da nacele. Um tipo vermelho.
de instalação prevê uma garrafa de agente para Se a temperatura ultrapassar um prede-
cada uma das naceles suspensas de uma aerona- terminado valor de segurança, o disco será rom-
ve multimotora. Esse tipo de sistema usa uma pido, extravazando o agente.
garrafa ou reservatório de agente extintor, seme- A conexão de alimentação dos dois re-
lhante ao tipo mostrado na figura 10-15. servatórios de uma instalação dupla (fugura 10-
Esse tipo de garrafa é equipado com du- 16) inclui uma válvula de retenção dupla e uma
as válvulas de descarga que são operadas por conexão em "T", da qual as tubulações são liga-
cartuchos disparados eletricamente. das ao indicador de descarga.

10-16
Figura 10-16 Instalação das garrafas e conexões.

Esse indicador é fixado na parte interna da linha, para descarregar o agente extintor den-
da estrutura com um indicativo disco amarelo, o tro da área do suporte da nacele suspensa.
qual é rompido quando a linha de alimentação Um outro tipo de instalação da descarga
for pressurizada por qualquer uma das garrafas. do agente extintor de fogo é mostrado na figura
A linha de descarga tem dois ramais (fi- 10-18. A linha de descarga termina em um bico
gura 10-16), uma linha pequena para o motor ejetor em "T", próximo ao suporte dianteiro do
interno e outra mais comprida, estendendo-se motor. A conexão "T" contém orifícios difuso-
pelo bordo de ataque da asa para o motor exter- res que permitem que o agente extintor seja
no. Ambos os ramais terminam numa conexão lançado ao longo da parte superior do motor e
em "T", próxima a fixação dianteira do motor. ao longo de ambos os lados do motor.
A forma do tubo de descarga pode variar
com o tipo e o tamanho das instalações do mo-
tor. Na figura 10-17, um tubo de descarga se-
micircular, com uma terminação em "Y" envol-
ve a área dianteira superior tanto do comparti-
mento dianteiro como do traseiro do motor.

Figura 10-17 Tubos de descarga do agente


extintor. Figura 10-18 Localização dos bicos de descar-
ga do agente extintor.
Orifícios de dispersão do agente extintor
estão espaçados ao longo do tubo de descarga. Quando qualquer parte do sensor contí-
Um tubo de descarga é incorporado na entrada nuo estiver exposta a uma condição de fogo ou

10-17
superaquecimento, a luz de aviso na cabine a- luz de aviso para um motor em particular sob
cenderá, e o alarme soará. uma cobertura de plástico translúcido, como é
A luz de aviso pode estar localizada no mostrado na figura 10-19. Nesse sistema um
punho de fogo, em algumas instalações o inter- interruptor de transferência é instalado para o
ruptor de fogo pode incorporar uma associada sistema de extinção de fogo esquerdo e direito.

Figura 10-19 Interruptores do sistema de detecção e extinção de fogo.

Cada interruptor de transferência tem tor de teste está localizado no centro do painel
duas posições: "TRANS" e "NORMAL". Se mostrado na figura 10-19.
ocorrer uma condição de fogo no motor número
4, a luz de aviso no interruptor de fogo número PROTEÇÃO DE FOGO NO SOLO DOS
4 acenderá; e com o interruptor de transferência MOTORES A TURBINA
na posição "NORMAL", o interruptor de fogo
número 4 é puxado e o interruptor de descarga O problema de fogo no solo tem aumen-
número 4, localizado diretamente sob o punho tado seriamente com o aumento do tamanho das
de fogo, ficará acessível. Ativando o interruptor aeronaves de motor a turbina. Por essa razão,
de descarga, o agente extintor será enviado da são proporcionados meios de rápido acesso ao
garrafa para a área do motor número 4. compressor, escapamento e/ou compartimento
Se for necessária mais do que uma des- dos queimadores.
carga do agente extintor, o interruptor de trans- Assim, muitos sistemas de aeronaves
ferência deverá ser colocado na posição estão equipados com portas de acesso sob ação
"TRANS" para que a segunda garrafa possa ser de mola na superfície externa de vários compar-
descarregada naquele mesmo motor. timentos. Tais portas estão usualmente localiza-
Um controle do alarme sonoro permite das em áreas acessíveis, mas não em uma região
que qualquer um dos circuitos de detecção de onde a abertura da porta possa derramar líquidos
fogo dos motores, energize o alarme sonoro co- em combustão sobre o operador do extintor.
mum. O fogo na parte interna do escapamento
Após o alarme ter soado, ele poderá ser dos motores, durante o corte ou falsa partida,
silenciado pelo acionamento do interruptor de pode ser eliminado pelos giros do motor com o
corte do alarme (figura 10-19). O alarme sonoro motor de partida. Se o motor já estiver funcio-
pode também reagir a um sinal de fogo, vindo nando ele pode ser acelerado para atingir o
de qualquer um dos circuitos. mesmo resultado. Se o fogo persistir, um agente
A maior parte dos sistemas de proteção extintor de fogo pode ser dirigido ao interior do
para as aeronaves com motor à turbina inclui tubo de escapamento.
também um interruptor de teste e um circuito, O que deve ser levado em conta, é que o
que permite que o sistema de detecção seja tes- uso excessivo de CO2, ou outro agente que te-
tado inteiramente, ao mesmo tempo. O interrup- nha o efeito de resfriamento, pode contrair o

10-18
alojamento da turbina ou a própria turbina, cau- uma falha na tubulação (veja na figura 10-20
sando danos ao motor. um exemplo de falha na tubulação).

PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DOS SIS-


TEMAS DE DETECÇÃO DE FOGO

Os elementos sensores de detecção de


fogo estão localizados em muitas áreas de gran-
de atividade em torno dos motores da aeronave.
Sua localização, junto com sua pequena di-
mensão, aumentam a chance de danos aos ele-
mentos sensores durante a manutenção.
A instalação dos elementos sensores
dentro dos painéis das naceles das aeronaves,
Figura 10-20 Defeitos do elemento sensor.
proporciona algumas medidas de proteção não
fornecidas aos elementos fixados diretamente ao
(6) Porcas frouxas ou arames de freno
motor. Por outro lado, a remoção e instalação
quebrados nos terminais dos elementos sensores
dos painéis das naceles, podem facilmente cau-
(figura 10-21). As porcas frouxas deverão ser
sar atritos ou defeitos estruturais aos elementos
reapertadas para o valor de torque especificado
sensores.
pelo fabricante. Alguns tipos de juntas de cone-
Um programa de inspeção e manutenção
xão de elementos sensores requerem o uso de
para todos os tipos de sistemas sensores contí-
juntas de cobre contra atrito. Essas juntas deve-
nuos, deverá incluir as checagens visuais apre-
rão ser substituídas todas as vezes em que a co-
sentadas a seguir. Esses procedimentos são ape-
nexão for desfeita.
nas exemplos, e não deverão ser usados em
substituição às aplicáveis instruções do
fabricante.
Os elementos sensores deverão ser ins-
pecionados nos seguintes itens:

(1) Seções rachadas ou quebradas, causadas


por choque ou aperto entre janelas de inspeção,
painéis das naceles ou componentes do motor.

(2) Desgaste causado pelo atrito do elemento


com o revestimento, acessórios, ou membros
estruturais. Figura 10-21 Junta conectora fixada à estrutura.

(3) Pedaços de arame de freno ou outras (7) Se forem usados cabos blindados flexí-
partículas de metal que possam formar um cur- veis, eles deverão ser inspecionados quanto ao
to-circuito nos terminais do detector. desgaste ou quebra da malha externa. A blinda-
(4) Condições das juntas de borracha nas gem é feita de uma malha de finos fios de metal
braçadeiras de montagem, que podem ter sofri- trançados dentro de uma cobertura, que envolve
do amolecimento pela exposição a óleos, ou um fio isolado. Contínuas dobras do cabo ou um
endurecimento pelo calor excessivo. tratamento grosseiro poderão partir esses fios
finos, especialmente aqueles próximos das co-
(5) Mossas ou dobras nas seções dos ele- nexões. A malha quebrada poderá também pe-
mentos sensores. Os limites do diâmetro dos netrar na junta de isolamento, provocando um
elementos, as mossas e as dobras aceitáveis, e o curto com o eletrodo central.
grau de suavidade dos contornos dos tubos, são
especificados pelo fabricante. Nenhum esforço (8) A rota adequada e a fixação dos elemen-
deve ser feito para endireitar qualquer mossa ou tos sensores devem ser inspecionados (figura
dobra aceitável, porque o esforço poderá causar 10-22). Seções muito longas entre suportes

10-19
podem permitir excessiva vibração, podendo dos fios da unidade com defeito e conectado os
causar a quebra. A distância entre as braçadeiras fios da nova unidade nas mesmas posições.
de fixação nos espaços retos, deve ser normal-
mente de 8 a 10 polegadas, conforme a especifi- (12) Testa-se o sistema de detecção de fogo
cação de cada fabricante. O primeiro suporte de quanto a operação correta, ligando o suprimento
fixação, após uma conexão, normalmente é co- de força e colocando o interruptor de teste de
locado entre 4 e 6 polegadas da conexão de jun- detecção de fogo na posição "Test". A lâmpada
ção. Na maioria dos casos, uma reta de uma vermelha de aviso deverá acender dentro do
polegada é mantida antes e após todos os conec- prazo estabelecido para o sistema. Em algumas
tores, para então ser feita uma curva e um ótimo aeronaves, um alarme sonoro também será ouvi-
raio de curva de 3 polegadas. do. Adicionalmente, os circuitos detectores de
fogo são checados quanto à resistência especifi-
(9) Interferência entre um tirante da nacele e cada e quanto a condições de continuidade ou
o elemento sensor (figura 10-22). Essa interfe- fugas para a "massa". Os testes necessários,
rência, combinada com a folga dos rebites de após reparos ou substituições de unidades em
fixação dos suportes ao revestimento, podem um sistema de detectação de fogo, ou quando o
causar desgaste e curto-circuito no elemento sistema estiver inoperante inclui: (1) Checagem
sensor. da polaridade, ligação à massa, resistência e
continuidade do sistema que utiliza unidades
(10) Correta instalação dos anéis isolantes. detectoras de par térmico; e (2) teste de resis-
Os anéis isolantes são instalados nos e- tência e de continuidade executado em sistemas
lementos sensores para evitar atrito e com unidades detectoras a cabo ou elementos
consequente desgaste com a braçadeira. sensores. Em todas as situações, são seguidas as
O final cortado do isolante deverá estar recomendações práticas e os procedimentos do
voltado para a parte curva da braçadeira. fabricante do tipo do sistema, com o qual se está
As braçadeiras e os anéis isolantes deve- trabalhando.
rão fixar o elemento sensor sem danificá-
lo (figura 10-23). PESQUISA DE PANES DO SISTEMA DE
(11) DETECÇÃO DE FOGO

Os seguintes procedimentos de pesquisa


de panes representam a maior parte das dificul-
dades comuns, encontradas nos sistemas de de-
tecção de fogo.

(1) Alarmes intermitentes são, na maioria


das vezes, causados por um curto-circuito in-
termitente na fiação do sistema detector. Tais
curtos podem ser causados por um fio solto ou
frouxo, que ocasionalmente toca em um termi-
nal, um fio desgastado atritando em um membro
da estrutura, ou ainda o elemento sensor atritan-
do na estrutura o suficiente para desgastar o
isolante. As falhas intermitentes muitas vezes
podem ser localizadas pelo movimento dos fios
Figura 10-23 Braçadeira típica de fixação do para recriar o curto-circuito.
elemento sensor.
(2) Alarmes de fogo e luzes de aviso acesas
(11) As braçadeiras de montagem do detector podem ocorrer mesmo quando não houver fogo
do sistema de par térmico devem ser reparadas no motor ou condição de superaquecimento.
ou substituídas quando rachadas, corroídas ou Esses falsos alarmes podem ser mais facilmente
danificadas. Quando substituindo um detector localizados pela desconexão do sensor contínuo
de par térmico, é observado a correta conexão do motor da fiação da aeronave. Se o falso a-

10-20
larme continuar, pode estar havendo um curto tenção, e são incluídos para proporcionar um
entre as conexões do sensor e a unidade de con- entendimento das operações envolvidas .
trole. Se, no entanto, o alarme cessa quando o Os procedimentos de manutenção dos
sensor é desconectado, a falha é no sensor que sistemas extintores de fogo variam considera-
foi desconectado, o qual deverá ser examinado velmente de acordo com o formato e a contru-
nas áreas que tenham a possibilidade de entrar ção da unidade em particular que está sendo
em contato com as partes quentes do motor. Se operada. Os procedimentos detalhados, descri-
em nenhuma destas áreas for encontrada, a se- tos pelo fabricante da aeronave ou do sistema,
ção em curto pode ser localizada isolando as devem sempre ser seguidos quando executando
conexões dos elementos consecutivos até o final serviços de manutenção.
do sensor contínuo.
Chacagem de Pressão das Garrafas
(3) Curvas enrugadas ou agudas nos elemen-
tos sensores podem causar um curto intermiten- Uma checagem de pressão das garrafas
te entre o fio interno e o tubo externo. A falha ou reservatórios de extintores de fogo é feita
pode ser localizada checando o elemento sensí- periodicamente para determinar se a pressão
vel com um megôhmetro, enquanto movimenta está entre os limites mínimo e máximo, previs-
o elemento nas áreas suspeitas de produzir cur- tos pelo fabricante.
to. Mudanças da pressão podem acontecer,
com as variações da pressão ambiente, para ní-
(4) Umidade no sistema de detecção rara- veis inferiores aos limites previstos. O gráfico
mente causa um falso alarme de fogo. Se, no mostrado na figura 10-24 é típico da curva pres-
entanto, a umidade causar um alarme, o aviso são-temperatura que fornece a máxima e a míni-
persistirá até que a contaminação seja removida ma leitura do instrumento. Se a pressão não cair
ou desapareça com o calor, e a resistência do dentro dos limites do gráfico, o reservatório
sensor retorne ao seu valor normal. deve ser substituído.

(5) Falha em obter um sinal de alarme quan-


do o interruptor de teste é atuado, pode ser cau-
sada por um defeito no interruptor de teste ou na
unidade de controle, deficiência de energia elé-
trica, lâmpada indicadora inoperante, uma inter-
rupção no elemento sensor ou na conexão da
fiação. Quando o interruptor de teste falha em
proporcionar uma condição de alarme, a conti-
nuidade de um sensor contínuo de dupla fiação
pode ser determinada pela abertura do sensor e
medição da resistência. Em um sensor contínuo
de fiação simples, o condutor central deverá ser
ligado à massa. Figura 10-24 Curva de pressão/temperatura dos
reservatórios de agente extintor
de fogo.
PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DO SIS-
TEMA EXTINTOR DE FOGO Cartuchos de descarga do freon

A manutenção regular dos sistemas típi- O tempo de vida do cartucho de descarga


cos de extinção de fogo inclui itens como a ins- do agente extintor de fogo é calculado pelo fa-
peção e o recarregamento das garrafas de extin- bricante e estampada a data, na face do cartu-
tores de fogo (reservatórios), remoção e instala- cho. O tempo de vida recomendado pelo fa-
ção dos cartuchos e válvulas de descarga, teste bricante é normalmente em termos de horas
das tubulações de descarga quanto a vazamen- abaixo de uma predeterminada temperatura
tos, e teste de continuidade da fiação elétrica. limite.
Os parágrafos seguintes contêm detalhes de al- Muitos cartuchos são fornecidos com um
guns dos mais típicos procedimentos de manu- tempo de vida de aproximadamente 5.000 horas.

10-21
Para determinar o tempo de validade não utili-
zado de um cartucho de descarga será necessá-
rio remover o cabo condutor de eletricidade e a
linha de descarga do corpo do plugue, o qual
pode ser removido do reservatório do agente
extintor.
Muito cuidado deve ser tomado na subs-
tituição do cartucho e das válvulas de descarga.
A maioria dos novos reservatórios de extintores
são supridas com os seus cartuchos e válvulas
de descarga desmontadas.
Antes da instalação na aeronave, o cartu-
cho deve ser montado de maneira correta na
válvula de descarga e a válvula conectada ao
reservatório, por meio de uma porca serrilhada
(do tipo conexão elétrica) que será apertada de
encontro a um anel de vedação. Figura 10-25 Conjunto de plugue simples de
Se um cartucho for removido de uma reservatório de esfera.
válvula de descarga por qualquer motivo, ela
não deverá ser usada em outra válvula de des-
carga, porque a distância do ponto de contato
pode variar de uma unidade para outra.
Dessa forma, poderá não existir continu-
idade, se um plugue que foi usado com um pon-
to de contato muito longo for instalado em uma
válvula de descarga com um ponto de contato
menor.
Quando executando realmente os pro-
cedimentos de manutenção, os aplicáveis manu-
ais de manutenção e outras publicações relativas
àquela aeronave em particular, são consultados.

Reservatórios de freon

Os agentes extintores bromoclorometano


e o freon são estocados em reservatórios esféri-
cos de aço. Figura 10-26 Conjunto de plugue duplo de
Atualmente, são usados em quatro tama- extintor de fogo.
nhos comuns, que vão de 224 polegadas cúbicas
(menor) a 945 polegadas cúbicas (maior). O de O conjunto do plugue contém um cartu-
tamanho maior pesa aproximadamente 33 libras. cho que é atuado eletricamente para quebrar o
A esfera menor tem duas aberturas, uma disco, permitindo que o agente extintor seja
para o conjunto de descarga (algumas vezes forçado para fora da esfera pela carga de nitro-
chamado de cabeça de operação), e a outra para gênio.
o plugue fusível de segurança (figura 10-25). Uma esfera com um conjunto de plugue
O reservatório maior é usado equipado simples está ilustrada na figura 10-25. A função
com dois plugues de fiação e uma válvula de das partes mostradas, além das que foram des-
retenção dupla, como mostra a figura 10-26. critas nos parágrafos anteriores são as seguintes:
Os reservatórios são carregados com (1) o filtro evita que peças que entrem no siste-
nitrogênio seco além do peso especificado do ma quebrem o disco; (2) o plugue fusível de
agente extintor. A carga de nitrogênio fornece segurança se derrete e solta o líquido quando a
suficiente pressão para a completa descarga do temperatura está entre 100º C (208º F) e 103º C
agente. (220º F); e (3) o indicador mostra a pressão den-

10-22
tro do reservatório. Neste tipo de extintor não é A garrafa não tem uma proteção contra a
necessário tubo sifão. baixa temperatura, porque o ponto de congela-
Em algumas instalações, o plugue de mento do dióxido de carbono é de 110º F nega-
segurança é conectado a um indicador de des- tivos. No entanto, ela pode descarregar-se pre-
carga montado no revestimento da fuselagem, maturamente em altas temperaturas. Para evitar
enquanto outros, simplesmente descarregam o isso, o fabricante coloca uma carga de nitrogê-
fluido dentro do reservatório do extintor de fogo nio seco a uma pressão de 200 p.s.i. antes de
no compartimento de estocagem. encher a garrafa com o dióxido de carbono.
O instrumento no reservatório deverá ser Quando tratado desta maneira, a maioria
checado quanto a indicação da pressão especifi- das garrafas de CO2 são protegidas contra des-
cada de acordo com o manual de manutenção carga prematura acima de 70º C (160º F). Com
aplicável à aeronave. Além disso, o vidro do o aumento da temperatura, a pressão do nitrogê-
indicador não deve estar rachado ou quebrado, e nio não aumenta tanto quanto a do CO2 por cau-
o reservatório seguramente fixado. sa da sua estabilidade com relação às trocas de
Alguns tipos de agentes extintores rapi- temperatura. O nitrogênio também proporciona
damente corroem a liga de alumínio, e outros pressão adicional durante a liberação normal do
metais, especialmente sob condições de umida- CO2 a baixas temperaturas durante um tempo
de. Quando um sistema que usa um agente cor- frio.
rosivo tiver sido descarregado, o sistema deverá As garrafas de dióxido de carbono são
ser purgado minuciosamente com ar comprimi- equipadas com um dos três tipos de tubos sifão,
do seco e limpo, tão cedo quanto for possível. como mostram as figuras 10-27 e 10-28.
Quase todos os tipos de reservatórios de
agentes extintores de fogo requerem uma repe-
sagem a intervalos frequentes para determinar a
condição da carga. Além dessa checagem de
peso, os reservatórios devem ser hidrostatica-
mente checados, normalmente em intervalos de
5 anos.
A fiação do circuito de todos os reserva-
tórios eletricamente descarregáveis deverão ser
inspecionados visualmente quanto as suas con-
dições. A continuidade completa do circuito
deverá ser checada, seguindo-se os procedimen-
tos do manual de manutenção aplicável.
Em geral, isto consiste em checar a fia- Figura 10-27 Construção da garrafa de CO2.
ção e o cartucho pelo uso de um resistor no cir-
cuito de teste, que limita a corrente do circuito Os extintores de fogo das aeronaves têm
para menos de 35 miliampères, para evitar a instalado, ou um tubo sifão reto e rígido, ou um
detonação do cartucho. curto e flexível. O tubo é usado para fazer com
que o CO2 seja transportado para o bico de des-
Garrafas de dióxido de carbono carga no estado líquido.
As garrafas contendo, tanto o tubo sifão
Estes cilindros feitos em vários tama- reto e rígido ou o curto flexível, deverão ser
nhos, são feitos de aço inoxidável e são envolvi- montadas como mostra a figura 10-28.
dos com arame de aço para torna-los à prova de Observa-se que o tubo sifão reto e rígido
estilhaçamento. tem uma tolerância de inclinação de 60º, en-
A pressão normal de estocagem do gas é quanto a tolerância do curto e flexível é de 30º.
de 700 a 1.000 libras por polegada quadrada. No As garrafas de CO2 são equipadas com
entanto, o estado da carga da garrafa é determi- discos de metal de segurança, destinados a rom-
nado pelo peso do CO2 no estado líquido. perem-se de 2.200 a 2.800 p.s.i.. Os discos são
Quando o CO2 é liberado, ele se expande cerca fixados ao corpo da válvula de descarga por
de 500 vezes para se converte em gás. meio de um plugue rosqueado.

10-23
Uma linha conduz o agente extintor da ocorrer distante do local onde o combustível
conexão do corpo da válvula para um indicador efetivamente está vazando.
de descarga instalado no revestimento da fuse- Muitos fluidos hidráulicos são inflamá-
lagem. veis, e não deverá ser permitido um acúmulo de-
A ruptura do disco vermelho é o meio les na estrutura. Materiais isolantes de som e de
que o plugue de segurança da garrafa tem de estofamentos podem ser altamente inflamáveis
indicar a descarga da garrafa devido a uma con- se embebidos em alguma espécie de óleo.
dição de superaquecimento. Algum vazamento ou derramamento de
Um disco amarelo está também instalado fluido inflamável nas vizinhanças de aquecedo-
no revestimento da fuselagem. res por combustão é um sério risco de fogo,
particularmente se algum vapor estiver pene-
trando no aquecedor e passando sobre o calor da
câmara de combustão.
O equipamento do sistema de oxigênio
deve ser mantido absolutamente livre de vestí-
gios de óleo ou graxa, em virtude dessas subs-
tâncias se inflamarem espontaneamente em con-
tato com o oxigênio sob pressão.
Os cilindros abastecedores de oxigênio
deverão ser marcados de modo bem claro para
que não sejam confundidos com cilindros que
contenham ar ou nitrogênio, porque este erro já
resultou em explosões durante as operações de
manutenção.
Prevenção contra incêndio é muito mais
recompensador do que extintores de incêndio.

INTERIORES DA CABINE

Todos os tecidos de lã, algodão e sintéti-


Figura 10-28 Posições de montagem das garra- cos, usados como ornamentos, são tratados para
fas de CO2. que se tornem resistentes ao fogo. Testes têm
mostrado que espuma ou esponja de borracha
O rompimento deste disco indica que o são altamente inflamáveis. No entanto, se eles
sistema foi descarregado normalmente. forem envolvidos com tecidos resistentes à
chama, os quais não suportariam a combustão,
PROTEÇÃO E PREVENÇÃO CONTRA ficariam pouco perigosos de se inflamarem,
INCÊNDIO como resultado de uma ignição produzida pelo
contato acidental de um cigarro acesso ou um
Vazamentos de combustível e de fluidos papel queimando.
hidráulicos, de degelo ou lubrificantes, podem A proteção contra incêndios para o inte-
ser fontes de incêndios em aeronaves. Essa con- rior da aeronave é normalmente, feita com ex-
dição deverá ser notada, e a ação corretiva to- tintores portáteis. Quatro tipos de agentes extin-
mada, quando inspecionando os sistemas da ae- tores de fogo são previstos para a extinção de
ronave. Pequenos vazamentos de pressão desses incêndios no interior das aeronaves: (1) água;
fluidos são particularmente perigosos por pro- (2) dióxido de carbono; (3) produto químico
duzirem rapidamente uma condição ambiente de seco; e (4) hicrocarbonetos halogenados.
explosão.
Inspeciona-se cuidadosamente as insta- Tipos de extintores
lações dos tanques quanto a sinais de vazamen-
tos externos. Nos tanques integrais de combus- (1) Extintores de fogo com água são usados
tível, a evidência de vazamento externo pode primariamente em fogo de origem não elétrica,
como os de tecido queimando sem chama, ci-

10-24
garros, ou cestas de lixo. Extintores com água agente ideal para o uso em extintores de incên-
não deverão ser usados em fogo de origem elé- dios portáteis a bordo de aeronaves, devido a:
trica por causa do perigo de eletrocução. Giran- (1) sua baixa concentração é bastante eficiente;
do o punho de um extintor com água no sentido (2) ele pode ser utilizado em compartimentos
dos ponteiros do relógio, punciona-se o selo de ocupados por pessoal; (3) ele é eficiente em
um cartucho de CO2 o qual pressuriza a garrafa. todos os três tipos de fogo; e (4) nenhum resí-
O jato de água, do bico de descarga, é controla- duo permanecerá após o seu uso.
do por um gatilho na parte superior do punho.
Extintores impróprios como de cabine
(2) Extintores de fogo com dióxido de car-
bono são destinados a extinção de fogo de ori- Os extintores do tipo lata de aerossol co-
gem elétrica. Um tubo longo, com um bico de mum são definitivamente inaceitáveis como ex-
descarga não metálico e com o formato cônico tintores do tipo portátil para o uso a bordo de
de um megafone permite a saída do gás de CO2 aeronaves. Como um exemplo, um extintor do
próximo à fonte do fogo para abaf'á-lo. O tipo tipo espuma em aerossol, localizado em uma
de gatilho de alívio é frenado com arame, que bolsa, atrás da cadeira do piloto, explodiu des-
pode ser quebrado pelo comando do próprio troçando o estofamento do assento. O interior da
gatilho. aeronave foi danificado pela espuma.
Isto ocorreu quando a aeronave estava
(3) Um extintor de fogo com produto quími- no solo, e a temperatura do ar exterior era de 32º
co seco pode ser usado para extinguir qualquer C (90º F). Além do perigo de explosão, o tama-
tipo de incêndio. No entanto, o extintor com nho do extintor é inadequado para o combate até
produto químico seco não deverá ser usado na mesmo dos menores incêndios.
cabine de comando, devido a possibilidade de Um extintor de pó químico foi instalado
interferência com a visibilidade e o acúmulo de próximo a um aquecedor de ar do piso. Por uma
pó não condutor, nos contatos elétricos e nos razão desconhecida, a posição da unidade foi re-
equipamentos ao redor. O extintor é equipado vertida. Isto colocou o extintor diretamente na
com um bico ejetor fixo, o qual é dirigido para a frente do aquecedor de ar.
fonte de fogo para abafá-lo. O gatilho é também Durante o vôo, com o aquecedor em
frenado com arame, que pode ser quebrado pelo operação, o extintor superaqueceu e explodiu,
aperto do gatilho. enchendo o compartimento com o pó químico.
A proximidade dos aquecedores de ar deverá ser
(4) O desenvolvimento dos hidrocarbonetos considerada, quando selecionando a localização
halogenados (freons) como agentes extintores de um extintor manual.
de fogo com baixa toxidade para sistemas de Informações adicionais relativas a extin-
extinção de fogo a bordo, com atenção logica- tores de incêndio de bordo do tipo manual, po-
mente dirigida para o seu uso em extintores de derão ser obtidas do Escritório Distrital do FAA
fogo do tipo portátil. e da Associação Nacional de Proteção de Fogo,
470 Atlantic Ave, Boston MA 02210.
O bromotrifluorometano (Halon 1301)
tendo uma razão de 6 na escala de toxidade é o SISTEMAS DETECTORES DE FUMAÇA
lógico sucessor para o CO2, como um agente
extintor de fogo do tipo manual. Ele é eficiente Um sistema de detecção de fumaça mo-
em incêndios de baixa concentração. O Halon nitora os compartimentos de carga e de baga-
1301 pode extinguir um fogo com uma concen- gem quanto a presença de fumaça, a qual é uma
tração de 2% por volume. Isto, comparado com indicação de uma condição de fogo.
cerca de 40% de concentração por volume ne- Os instrumentos de detecção de fumaça,
cessários ao CO2 para extinguir o mesmo fogo. os quais coletam o ar por amostragem, estão
Esta qualidade permite que o Halon montados nos compartimentos em locais estra-
1301 seja usado em locais ocupados por pesso- tégicos.
as, sem privá-las do oxigênio que necessitam. Um sistema de detecção de fumaça é u-
Outra vantagem, é que nenhum resíduo ou de- sado onde for esperado um tipo de incêndio
pósito permanecerá após o uso. O Halon 1301 é gerador de uma substancial quantidade de fu-

10-25
maça, antes que a mudança de temperatura seja de instrumentos, ou ainda na parede da cabine.
suficiente para atuar o sistema detector de calor. Ele é um distintivo usando um tablete que muda
Os instrumentos de detecção de fumaça da cor bronzeada para uma outra progressiva-
são classificados pelo método de detecção, co- mente mais escura ou de cinza para preto.
mo demonstrado a seguir: tipo I - Medição do O tempo de transição necessário é relati-
gás de monóxido de carbono (detectores de vo à concentração do CO. Em uma concentra-
CO), Tipo II - Medição da capacidade de ção de 50 ppm de CO (0,005%), a indicação
transmissão da luz pelo ar (mecanismos fotoelé- será visível dentro de 15 a 30 minutos. Uma
tricos), Tipo III - Detecção visual da presença concentração de 100ppm de CO (0,01%) muda-
de fumaça pela simples visão direta (mecanis- rá a cor do tablete de bronzeado para cinza de 2
mos visuais). a 5 minutos, e de bronzeado para cinza escuro
Para ser digno de confiança, os detecto- de 15 a 20 minutos.
res de fumaça devem ser mantidos, de modo que
a fumaça em um compartimento seja indicada Detectores de fumaça fotoelétricos
logo que ela comece a acumular. As venezianas,
suspiros e tubos dos detectores de fumaça não Este tipo de detector consiste de uma
devem ser obstruídos. célula fotoelétrica, uma lâmpada sinalizadora,
uma lâmpada de teste, e um interceptor de luz
Detectores de monóxido de carbono ("light trap"), todos montados em um labirinto.
Uma acumulação de 10% de fumaça no ar faz
Os detectores de CO, os quais detectam com que a célula fotoelétrica conduza corrente
as concentrações do gás monóxido de carbono, elétrica.
raramente são utilizados para monitorar os com- A figura 10-29 mostra os detalhes de
partimentos de carga ou de bagagem. No entan- um detector, e indica como as partículas de fu-
to, eles têm o uso difundido em conduzir testes maça refratam a luz para a célula fotoelétrica.
para detectar a presença do gás monóxido de
carbono nas cabines das aeronaves.
O monóxido de carbono é incolor ino-
doro, não tem gosto, nem é um gás irritante. Ele
é o subproduto da combustão incompleta, e é
encontrado em uma variedade de níveis em to-
dos os tipos de fumaça da combustão
de substâncias carbonáceas.
Mesmo quantidades excessivamente
pequenas de gás são perigosas. Uma concentra-
ção de 0,02% (2 partes em 10.000) podem pro-
duzir dores de cabeça, sonolência e vertigem,
dentro de poucas horas.
Existem diversos tipos de testes portáteis Figura 10-29 Detector de fumaça fotoelétrico.
(cheiradores) em uso. Um tipo possui um tubo
indicador substituível, o qual contém "silicagel" Quando ativado pela fumaça, o detector
amarelo impregnado com um composto "silico- supre um sinal para o amplificador. O sinal am-
molybdate" e é catalizado usando sulfato de pa- plificado ativa uma luz de aviso e um alarme
ládio. sonoro.
Quando em uso, uma amostra do ar é su- Um interruptor de teste (figura 10-30)
gada através do tubo detector. Quando a amos- permite checar a operação do detector de fuma-
tra do ar contém monóxido de carbono, o silica ça. Ligando o interruptor, 28 volts D.C. são en-
gel amarelo muda para um tom de verde. A in- viados ao relé de teste.
tensidade da cor verde é proporcional à concen- Quando o relé é energizado, a
tração do monóxido de carbono da amostra de voltagem é aplicada através e da lâmpada si-
ar, na hora e na localização do teste. nalizadora e lâmpada de teste, em série, para a
Um outro tipo de indicador pode ser u- massa. Uma indicação de fogo será observada
sado como um distintivo ou instalado no painel somente se, as lâmpadas de teste e a sinalizado-
ra, a célula fotoelétrica, o amplificador do detec-

10-26
tor de fumaça e os circuitos associados estive- indicador, usando, ou uma adequada fonte de
rem em operação. sucção, ou a pressurização da cabine.
Quando a fumaça está presente, uma
lâmpada dentro do indicador é iluminada auto-
maticamente pelo detector de fumaça.
A luz é espalhada para que a fumaça se
torne visível na apropriada janela do indicador.
Se não existir fumaça, a lâmpada não
será iluminada.
Um interruptor está previsto para ilumi-
nar a lâmpada para a finalidade de teste. Um
mecanismo também está instalado no indicador,
para mostrar que o necessário fluxo de ar está
passando através do indicador.
A eficiência de qualquer sistema de de-
tecção depende do posicionamento e do condi-
cionamento de todos os componentes do siste-
Figura 10-30 Circuito de teste do detector de ma.
fumaça. A informação precedente tem a intenção
de fornecer a familiarização com os vários sis-
Uma checagem funcional do detector temas. Para maiores detalhes de uma particular
deverá ser feito após a instalação e em frequen- instalação, os adequados manuais da aeronave
tes intervalos subsequentes. são consultados.
A concentração máxima permitida sob as
Detectores visuais de fumaça Leis Federais, para contínua exposição, é de 50
ppm (partes por milhão) que é igual a 0.005%
Em um pequeno número de aeronaves, de
os detectores visuais de fumaça são o único A concentração máxima permissível sob
meio de detecção. as Leis Federais para contínua exposição é de
A indicação é fornecida pela passagem 50 ppm (partes por milhão) que é igual a
da fumaça através de uma linha para dentro do 0.005% de monóxido de carbono

PARTES POR MILHÃO PERCENTAGEM REAÇÃO


Concentração máxima permissível sob Lei
50 0.005%
Federal.

100 0.01% Cansaço, vetigem.

Dor de cabeça, cansaço, vertigem, náuseas


200 0.02%
após 2 ou 3 horas.

Inconsciência em 1 hora ou morte em 2 ou 3


800 0.08%
horas.

2.000 0.20% Morte após 1 hora.

3.000 0.30% Morte dentro de 30 minutos.

10.000 1.00% Morte instantânea.

Figura 10-31 Reações humanas ao envenenamento com monóxido de carbono

10-27

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