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3. Colaboradores em Cristo
No modelo secular o aluno é visto como um noviço, um desconhecedor do saber
que precisa ter sua mente iluminada e treinada através da transmissão do conhecimento.
Na educação teológica temos que ver os nossos alunos como colaboradores de Cristo a
serviço do seu reino que estão num período de treinamento intensivo, antes de assumirem
o ministério integralmente. Temos que reconhecer que eles podem adquirir este
treinamento sem nós, porém num prazo mais longo, e talvez com conseqüências bem
negativas para eles e para a Igreja. Os seminários precisam fornecer o ambiente
apropriado para que este treinamento aconteça num prazo menor e cuidar das feridas que
ocorrem durante este período.
Por vermos os alunos como colaboradores de Cristo e nossos colegas de
ministério, na nossa escola só recebemos pessoas que têm consciência de um chamado
para o ministério, e que de alguma forma já estão envolvidos na obra. Aqui entra a
colaboração que a Igreja e o seminário precisam ter quanto ao treinamento dos obreiros.
A visão do "aluno" como membro do corpo de Cristo e colega de ministério
modifica radicalmente o nosso tratamento para com ele, O ensino é visto como um
caminho de duas mãos, pois muitos têm dons e experiências diferentes das nossas e um
relacionamento individual com o Senhor. Por isto eles têm muito a contribuir para a vida
da escola e muito a nos ensinar. É isso mesmo - eles podem nos ensinar muitas coisas
importantes. Um exemplo clássico deste tipo de "ensino" é o apóstolo Paulo, o grande
"mestre" da igreja cristã. Ao escrever para os romanos, ele declara que tem algo para
ministrar a eles, mas também tem algo a receber deles: "Porque muito desejo ver-vos, a
fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados; isto é, para
que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos, por intermédio da fé mútua,
vossa e minha" (Rm 1.11-12).
4. Um só Mestre
Tendo definido o nosso alvo, o que ensinamos e quem são os nossos alunos, o
nosso papel fica claramente evidenciado. Nosso papel não é de depositários da verdade
nem fornecedores do saber. Somos apenas catalisadores e estimuladores da
aprendizagem. O nosso papel é promover situações e experiências onde o ensino e a
aprendizagem acontecem. Quem ensina é o Mestre. Quem aprende é o aluno. Como
irmãos mais velhos e mais experientes (em certas áreas), devemos estar acompanhando e
auxiliando aqueles a quem o Mestre está treinando.
Somente nos vendo desta forma, como auxiliadores e colaboradores, é que
podemos entender as palavras de Jesus em Mateus 23.8 "Vós, porém, não sereis
chamados mestres, porque um só é o vosso Mestre, e vós todos sois irmãos."
5. Estimulando a aprendizagem
Tendo o nosso alvo e o nosso papel bem definidos fica mais fácil desenvolver
uma filosofia e um programa de ensino. Como já falamos antes, a cada ano enfatizamos
aos nossos alunos que nosso alvo não é fornecer todas as informações que eles precisam
para serem bons obreiros. Isto é uma tarefa impossível de ser realizada por qualquer
instituição. Nós deixamos bem claro que o nosso alvo é ver na vida de cada um o
desenvolvimento de uma atitude de aprendizagem em relação a Deus, às informações e às
circunstâncias.
Se virmos nos alunos uma aprendizagem no relacionamento com Deus através da
oração, do estudo da Palavra, da prática de uma vida santificada, da vitória de uma vida
de fé e na batalha espiritual, podemos ter certeza de que serão obreiros bem sucedidos
(2Tm 2.2). A formação do caráter de Cristo na vida do obreiro cristão é a marca mais
importante que ele precisa no ministério. Tendo isto sido demonstrado durante o período
de treinamento, podemos descansar na certeza de que eles continuarão aprendendo do
Senhor durante o decorrer de toda a sua vida.
A segunda área em que o indivíduo deve demonstrar uma atitude de
aprendizagem é em relação às informações, em especial às informações a respeito da
Palavra (2Tm 2.15). É apenas nesta área que uma pequena parte do nosso programa se
assemelha ao treinamento secular. Mesmo assim, o nosso papel é providenciar uma base
e apresentar as ferramentas disponíveis com as quais os próprios alunos poderão aprender
e continuar aprendendo mesmo depois de deixarem o seminário.
Nenhuma escola pode se propor a fornecer todas as informações que os alunos
necessitarão para desempenharem um ministério frutífero. Esta é uma tarefa impossível,
pois cada aluno tem sua própria história, irá exercer um ministério individual e confrontar
situações variadas, as quais são imprevisíveis. Além destas particularidades, a gama de
informação que há em cada área de estudo é tão grande que seria impossível em quatro
ou cinco anos passar tudo para os alunos. Por outro lado, fornecer o básico e ver nos
nossos alunos uma atitude de aprendizagem é um alvo mais atingível.
Na nossa experiência temos descoberto o sistema educacional brasileiro como o
maior empecilho nesta direção. A maioria dos nossos alunos não foram treinados para
pensar por si mesmos. A experiência de "aprendizagem" que tiveram nos anos de escola
foi apenas a de absorção de informações. Cada nova turma vem para o seminário com a
expectativa de que iremos fornecer todas as informações necessárias e que eles
simplesmente irão absorvê-las sem muito esforço. No primeiro ano gastamos muito
tempo no esforço de estimular a pesquisa, o questionamento, a análise, conclusões
próprias e a aplicação do material aprendido. Se dermos o básico e os virmos
desenvolvendo um pensamento lógico, crítico e pesquisador, podemos ter a certeza de
que eles irão sempre buscar as respostas para as diversas situações que irão enfrentar no
ministério.
A terceira área é a aprendizagem em relação às circunstâncias. Precisamos ver os
nossos alunos crescerem no decorrer de cada experiência, positiva ou negativa, vivida
durante o tempo de treinamento. Precisamos acompanhá-los e auxiliá-los durante os
momentos em que sofrem tensões, confrontam relacionamentos, diferenças de opiniões,
batalhas espirituais e até mesmo tentações. Nesta área não há situações nem regras
previsíveis. Cada aluno é um cosmos individual e tem reações diferentes. Por isto
precisamos estar atentos e sensíveis a cada situação. Isto só é possível com um
relacionamento íntimo com os alunos e confiança mútua.
Para atingir nosso alvo nós procuramos promover três tipos de atividades:
• Formal - E aquela que acontece na sala de aula.
• Não Formal - Atividades programadas que ocorrem fora da sala de aula. Auto disciplina
nos estudos, trabalho prático, devocional individual, oração, etc.
• Informal - Acontece na interação cotidiana. Não é prevista nem controlada.
Nós enfatizamos para os alunos que os três tipos de atividades são importantes.
Não há uma mais importante do que a outra, e não é uma ou a outra. Todas são
importantes. Entretanto, no pouco tempo que temos de ministério nunca ouvimos falar de
alguém que abandonou a obra por falta de conhecimento acadêmico. A maioria das
razões que temos visto é enquadrada nas áreas espirituais, moral, emocional ou de
relacionamentos. Daí a razão de procurarmos investir nestas áreas.
A Ditadura do Modelo
Um dos grandes problemas na educação teológica é o modelo que temos herdado.
Este modelo segue basicamente o modelo secular. Ele é altamente acadêmico. O
seminário é visto como o guardião da verdade, os mestres são os conhecedores desta
verdade, os alunos são apenas aprendizes, e há uma grande dependência destes para com
a instituição. Este modelo é fruto da grande influência acadêmica e intelectual que
dominou a cultura ocidental. Ela atingiu a Igreja e os seminários e consequentemente foi
levada para os outros países pelos missionários. Nós brasileiros somos exímios em copiar
modelos sem antes fazer uma avaliação e "contextualização".
A nossa tarefa na formação de líderes é prejudicada por três razões:
1. Filosofia Distorcida
O ensino é executado em uma só direção (do professor para o aluno) e ele é
definido simplesmente como a transmissão de informações sem se preocupar com a
aplicação prática, nem mesmo na vida dos professores. Certa vez, um colega estava nos
mostrando o catálogo de uma grande instituição teológica ocidental na qual ele tinha
estudado, o qual apresentava as qualificações dos mestres. Nós então lhe dirigimos a
seguinte pergunta: "Quantos destes mestres, você acha, já ganharam alguém para
Cristo?" A resposta não foi muito animadora, apenas uma pequeníssima porcentagem.
Como pessoas se prontificam a serem treinadores de "pescadores de homens" enquanto
eles mesmos não pescam? A resposta só pode ser explicada tendo em vista a concepção
que a instituição tem de si mesma e de seu alvo.
Um resultado deste problema é que está havendo o treinamento de pessoas que só
conseguem sobreviver num meio intelectualizado, e a produção de um "evangelho
acadêmico". Só se consegue transmitir o evangelho se a pessoa tiver a mesma experiência
acadêmica do transmissor. Daí a razão porque damos tanta ênfase em programas de
alfabetização. Não é simplesmente o fato positivo de querermos ver as pessoas
alfabetizadas, mas principalmente por não podermos transmitir o Evangelho se elas não
tiverem a mesma experiência que a nossa. Esta é a razão porque as denominações
históricas brasileiras tiveram tão pouco impacto sobre as massas da nossa nação. O
Evangelho que a liderança prega é segundo o modelo desenhado para a massa
intelectualizada da classe média "ocidental". Já quando surgiram as denominações
pentecostais sob a liderança de pessoas leigas, estrangeiras ou brasileiras, o poder do
Evangelho estava liberado para alcançar o coração das massas, por estar despido de uma
tranca cultural.
3. Modelo Alienígena
Além de desconsiderar a individualidade dos alunos, o modelo que herdamos foi
projetado na base geral da cultura "ocidental". Na sua maior parte, ele desconhece a
realidade da cultura brasileira. Somos conscientes, e gratos pelo fato, de que os
missionários tentaram dar ao mundo o melhor que eles tinham. Mas nesta aspiração
muitas vezes desconsideraram cegamente a cultura receptora. Queremos deixar bem claro
que não temos nenhum sentimento antipático contra estes estimados irmãos, pelo
contrário, temos grande apreço e amor para com estes (na realidade o autor é casado com
uma missionária americana). Porém precisamos reconhecer os erros cometidos e tentar
modificar a situação atual.
No passado, o Ocidente se sentia como possuidor do Evangelho e tinha a
necessidade de compartilhá-lo com os povos pagãos. Eles fizeram uma grande obra, no
entanto cometeram grandes erros os quais estão tentando evitar no presente. Na
atualidade temos visto o mesmo fator que causou erros na obra de evangelização se
manifestando na obra de treinamento de pastores e missionários. É muito comum
encontrarmos entidades missionárias e indivíduos cujo alvo é treinar os nacionais, para
que eles possam fazer a obra de evangelização ou a obra missionária. A implicação deste
movimento é que o conhecimento do treinamento está retido nas entidades ocidentais
onde os não-ocidentais precisam ir para receberem as informações, ou os missionários
ocidentais precisam levá-las até as entidades do terceiro mundo. Isto só é possível devido
ao fato do modelo de treinamento local (no ocidente) ser secular. O resultado tem sido a
aplicação do modelo secular de treinamento na Igreja numa escala mundial.
Não somos contra a interação de culturas, caso contrário, não estaríamos
envolvidos no treinamento de missionários. Somos contra o modelo de treinamento
teológico e missiológico unidirecional, onde há a desconsideração dos dons e experiência
dos indivíduos, onde há um fornecedor e receptor, onde o ensino é visto apenas como a
transmissão de informação e há sempre a dependência do receptor para com o fornecedor.
Não importa se ele é brasileiro ou chinês. No momento são os ocidentais quem mais o
estão aplicando no mundo, mas infelizmente nós, os brasileiros, já o estamos levando
conosco a outras nações.
Um dos resultados negativos deste modelo é a dificuldade que muitos pastores e
missionários, que estudaram em escolas ocidentais, estão sentindo em ministrarem de
uma maneira eficaz entre o seu próprio povo.
Conclusão
Eu optei pela palavra "ALTERNATIVA" no título deste trabalho devido ao seu
uso atual em diversas ciências, como por exemplo, Medicina Alternativa, Agricultura
Alternativa e Alimentação Alternativa. A palavra alternativa tem sido usada no sentido
não de destruir o que tem sido feito, mas de oferecer uma outra opção. Esta opção
procura analisar a situação local e desenvolver uma proposta a partir daí, como por
exemplo, uma alimentação mais nutritiva, mais barata, mais acessível a todos e natural da
própria região.
Procuramos de uma maneira equilibrada reavaliar o modelo que temos recebido,
pesquisar a situação local e oferecer um modelo alternativo embasado nos princípios da
Palavra de Deus e na realidade cultural específica.
DICAS PARA TRABALHAR COM GRUPOS PEQUENOS
Bárbara Helen Burns
C. O Horário de Trabalho
1. Deve ser flexível.
2. Não se deve estender demais o trabalho dos grupos.
3. Não se deve pôr limite de horário no início. Ajuda o grupo a não sentir que o
tempo é limitado demais, algo que tende a inibir a liberdade de trabalhar. Procure
verificar como os grupos estão progredindo.
4. Se um grupo terminar antes dos outros, dê liberdade para eles fazerem um
intervalo ou outra atividade.
5. No final deixar alguns minutos para cada pessoa trabalhar sozinha. Isto satisfaz
qualquer desejo ou frustração do aluno de recompensar a demora do grupo ou a
não aceitação das suas idéias.
6. Levar em consideração os alunos lentos e os mais rápidos. Lembre-se que o
envolvimento em trabalhos de grupos faz com que os alunos esqueçam da hora.
(Este estudo é resultado de aulas com Dr. Ted Ward, Trinity Evangelical Divinity
School, Deerfield, Illinois, EUA, Julho de 1981.)
IMPLICAÇÕES DA TEOLOGIA PARA A
PRÁTICA EDUCACIONAL
Robert W. Ferris
Planejamento Curricular
O planejamento curricular denota o procedimento pelo quais as decisões
estruturais são tomadas com relação ao planejamento de atividades de ensino. O que
precisamos ensinar? Como o ambiente educacional deve ser estruturado, para que a
aprendizagem se desenvolva até atingir determinados alvos? Como podemos avaliar o
progresso da aprendizagem mais apropriadamente? Estas são decisões de currículo. Por
trás destas perguntas específicas está a questão mais fundamental sobre o procedimento
pelo qual buscamos respostas. Nossa teologia tem algo a dizer sobre o planejamento
curricular?
A Bíblia ensina claramente que dons espirituais são concedidos pelo Espírito
Santo de acordo com sua escolha soberana. No entanto, o processo não é errático, porque
dons diferentes são dados a vários indivíduos para o bem das comunidades em que
ministram. Embora esta seja a descrição da distribuição de dons espirituais em geral, ela
também se aplica à capacitação de "equipadores". Além disso, os dons dados aos líderes
eclesiásticos em cada congregação não são os mesmos. O Espírito Santo dá a cada líder o
dom particular, ou a combinação de dons, que complementará os dons que já tenham sido
dados aos outros líderes da comunidade. Desta forma os líderes da congregação são
equipados particularmente - como um time - para edificar os cristãos de seu grupo e para
lidar com os desafios que Deus já sabe que encontrarão.
Há alguns anos me envolvi com outros educadores e líderes de missões num
projeto de planejamento curricular para um novo programa de educação teológica. A
primeira coisa que fiz foi elaborar uma "descrição de tarefas" de um pastor. Com base
nesta descrição, raciocinamos que poderíamos planejar um currículo que prepararia
líderes da igreja para realizar as várias funções necessárias para o crescimento da igreja.
Embora o planejamento curricular da educação teológica não seja sempre tão deliberado
assim, as pressuposições por trás de nossas decisões são bem antigas. Em primeiro lugar,
presumimos que houvesse um único papel básico de liderança da igreja, designado
"pastor". Depois supusemos que se pudesse planejar um programa de instrução para
preparar todos os seminaristas para funcionar efetivamente neste papel. Sobre estes
fundamentos prosseguimos no planejamento de um currículo. Mas estas pressuposições
são válidas?
Nossa teologia da soberania do Espírito em distribuir dons de liderança deveria
nos exortar a não presumirmos que todos os líderes de igreja sejam iguais. O Espírito
concede aos líderes dons que diferem de acordo com suas personalidades e necessidades
de suas congregações. Além destes fatores óbvios, devemos conjeturar que haja outros
fatores que são discerníveis apenas por um Deus onisciente. Educadores teológicos não
deveriam se envolver em um planejamento curricular sem referência a líderes
particulares, que devem ser treinados. Nossa teologia exige que planejemos currículos
teológicos com as pessoas, ao invés de para as pessoas. Só assim podemos ter a esperança
de desenvolver os ministérios para os quais o líder é capacitado pelo Espírito Santo.
O livro de Atos revela que o crescimento da igreja foi acompanhado pela escolha
de presbíteros em cada congregação. Este processo, naquele tempo e hoje também,
afirma a promessa do Cristo ressurreto de dar a Sua igreja líderes capacitados necessários
à tarefa de equipar os santos para o ministério. Nesta doutrina está implícito o
reconhecimento de que o Espírito conhece os dons específicos de liderança necessários a
cada congregação. Também estão implícitos o chamado e a capacitação de líderes
eclesiásticos, tendo em vista as necessidades e oportunidades de uma determinada
congregação.
Tradicionalmente, educadores teológicos têm visto o planejamento curricular
como uma responsabilidade acadêmica. Certamente eles são sensíveis às necessidades
das congregações que podem perceber. Discussões sobre o progresso da igreja e os
impedimentos para tal progresso despertam o interesse de educadores teológicos por toda
parte. Nossas percepções são condicionadas por nossas experiências, é claro. A estrutura
de nossas disciplinas teológicas também exerce uma grande influência sobre nossas
atividades de planejamento curricular. Como educadores teológicos, nossas percepções
da igreja e do ministério, a estrutura das disciplinas, e nossas experiências em escolas e
seminários, como alunos e professores, tudo isso junto, têm nos dado as determinantes
básicas de nosso planejamento curricular para a educação teológica.
Nossa eclesiologia reconhece o trabalho soberano e onisciente do Espírito Santo
de chamar e conceder dons aos líderes da igreja para o ministério em situações
congregacionais específicas. Se dons de liderança espiritual são dados para suprir as
demandas de congregações específicas, então educadores não deveriam planejar
currículos teológicos independentemente de líderes individuais e de suas congregações.
Somente o próprio líder sabe como Deus tem trabalhado em sua vida, suas aspirações, as
visões que Deus tem lhe dado. Somente uma congregação local conhece intimamente os
pontos fortes desenvolvidos por seus líderes, assim como as áreas do ministério de cada
líder que ainda precisam ser desenvolvidas. Nossa teologia da variação dos dons de
liderança espiritual para suprir as demandas de congregações específicas requer que
reestruturemos nosso conceito de educação teológica para que líderes da igreja e suas
congregações sejam participantes do processo de planejamento de currículo.
Como seres humanos somos limitados em nosso conhecimento. Deus escolheu
revelar-nos aquilo que precisamos saber, mas muito ficou retido para seu bom conselho.
Cristo preferiu não revelar seu conhecimento das bênçãos e provações particulares que
estão em nosso futuro, como indivíduos e congregações. Ele conhece nossa tendência a
sermos ou orgulhosos ou ansiosos, e deseja nos ensinar o significado de andar pela fé.
Instituições precisam planejar de modo a assegurar sua sobrevivência bem como a
realização de objetivos compartilhados. O planejamento, assim concebido, não é errado; é
parte de nossa responsabilidade como dispenseiros. Na educação teológica, o currículo
toma a forma do esboço do programa e dos horários dos cursos. Alunos ingressantes em
um seminário geralmente podem prever o programa de estudos do período todo. E parte
do contrato oferecido pelo seminário ao aluno, e a maioria das escolas procuram não
violar esse contrato pela alteração dos requisitos no meio do curso. Entretanto, através
dessa lógica e tática, podemos solidificar e antecipar uma série de decisões que deveriam
ser tomadas passo a passo, pelo aluno e pelo educador.
Nossa teologia das limitações do conhecimento humano e da natureza da jornada
de fé cristã está relacionada diretamente aos nossos procedimentos de planejamento
curricular. Porque Cristo não nos revela o futuro de nossos alunos e das congregações a
quem eles servem, deveríamos ter o cuidado de não antecipar o planejamento curricular.
Deveria ser um processo. Somente o Senhor conhece as exigências e as oportunidades
que vão se desdobrar diante de nossos alunos — os desafios que encontrarão amanhã, e
daqui a três anos! Se permitirmos que a teologia determine o planejamento curricular a
este respeito, devemos incorporar em nossos currículos oportunidades de avaliações e
ajustes incrementativos. Dentro da ampla abrangência de compromissos que orientam
nossos programas de educação teológica — base sólida nas Escrituras, edificação
espiritual para crescimento na semelhança de Cristo, e desenvolvimento de dons para
equipar — providenciemos oportunidade e flexibilidade para responder à dinâmica do
crescimento pessoal e dos diferentes contextos de ministério.
Nossa teologia tem implicações para o processo de planejamento curricular?
Nossa teologia dos dons espirituais implica que o planejamento curricular deve ser
individualizado. Nossa teologia da natureza da igreja implica que o planejamento
curricular deveria envolver as congregações e seus líderes-em-treinamento. E nossa
teologia da limitação do conhecimento humano e da jornada de fé cristã implica que o
planejamento curricular deveria ser incrementável e flexível, ao invés de abrangente e em
longo prazo. Se nossa abordagem de planejamento curricular não tem caracteristicamente
levado em conta estas aplicações da nossa teologia, temos motivo de reflexão. Podemos
bem concluir que mudanças são necessárias para alinhar nossos procedimentos de
planejamento curricular à nossa teologia.
Pedagogia
"Pedagogia" é o ramo da educação que se preocupa com as relações professor-
aluno e com os métodos específicos aplicados a situações de ensino-aprendizagem. Este
aspecto "muito prático" da educação tem atraído a atenção de educadores teológicos há
muito tempo. Conquanto a maioria dos educadores teológicos tenha adotado o discurso
como seu estilo pedagógico, muitos confessam insatisfação com a suposição de que
discursar seja ensinar. De vez em quando aparecem artigos em revistas teológicas
sugerindo "novos métodos para o ensino teológico". Alguns professores experimentam
encenações, discussões em grupo, e trabalhos de campo. Mesmo os orçamentos precários
da maioria dos seminários ainda reservam espaço para uma porção de materiais vendidos
como "recursos pedagógicos". Resta ainda discutir uma questão: A teologia tem algo a
dizer sobre a questão da pedagogia?
Quando Jesus quis instruir Seus discípulos sobre padrões de liderança para a
igreja, as instituições religiosas Judaicas daquela época supriram exemplos negativos em
abundância. Em Mateus 23.8-10, Jesus advertiu Seus seguidores sobre três erros comuns
entre os escribas e fariseus: 1) eles aceitavam o título de "Rabi", uma designação que
implicava que a pessoa era um proeminente mestre da lei (v. 8); 2) eles tinham outros
homens como seus mestres (v. 9); e 3) eles se colocavam no papel de mestres e guias para
outros (v. 10). Todos esses erros, Jesus advertiu, devem ser evitados pelos cristãos por
uma boa razão: Somente Cristo é o mestre e guia de todos os que crêem. O
relacionamento entre cristãos é o de irmãos. Nossa atenção e lealdade deveriam ser
dirigidas a Deus e não aos homens.
As afirmações de Cristo não negam o fato de que o ensino é um dos dons que o
Espírito Santo dá à igreja. Um líder eclesiástico deve ser "apto para ensinar". O que deve
nos preocupar não é o ensino em si, mas a estrutura de autoritarismo que às vezes o
sustenta. Alguns professores defendem seu direito de dirigir a aprendizagem do aluno,
com base na sua posição de instrutores. Outros sugerem que sua liderança na sala de aula
é justificada por seu conhecimento mais extenso da matéria. A maioria dos professores se
preocupa com os interesses de seus alunos; pretendem assumir com humildade as
distinções que consideram inerentes no relacionamento entre professor e aluno. As lições
de Jesus sobre a humildade têm sido levadas a sério pela maioria dos educadores
teológicos.
Embora Jesus tenha falado diretamente sobre o assunto de humildade, suas
implicações vão muito além disso. Jesus estava preocupado com nossos relacionamentos.
Ele desejava que não nos impuséssemos como autoridades; que apenas ele tivesse a
permissão de ocupar a posição de autoridade em nossas vidas. O relacionamento
apropriado entre nós — "professor" ou "aluno" — é o de irmãos, indicando uma
igualdade que não permite nenhum argumento a favor de um elitismo na igreja. Nem
status, nem conhecimento podem justificar nosso exercício de domínio ou autoridade
sobre outros na igreja de Cristo. Se tomarmos as palavras de Cristo em Mateus 23
literalmente, elas implicam que a indumentária acadêmica (e a mentalidade que ela
representa) não tem lugar na educação teológica.
Qual é então, poderíamos perguntar, a função apropriada de um "professor" na
igreja? No contexto de Mateus 23, Jesus imediatamente fala do papel de servo. O
apóstolo Pedro lembrou aos seus leitores da impropriedade de uma atitude autoritária, e
recomenda, ao invés disso, uma postura de modelo (1Pe 5.3) O resto do ensino sobre
liderança na igreja no Novo Testamento é consistente com estas passagens. Como
educadores teológicos deveríamos desviar a atenção de nós mesmos, indicando Cristo aos
alunos, como único Mestre aos pés de quem , juntos, nos sentamos para aprender. Mais
ainda, nossa metodologia de ensino é de dar exemplo e servir. Aos Filipenses, Paulo se
descreve como uma libação derramada sobre o sacrifício de sua fé. Aos Coríntios ele
escreveu, "Sede meus imitadores, como também sou de Cristo".
A doutrina da criação afirma que o Deus da Bíblia é a fonte tanto da existência
física quanto da verdade. Por esta razão os hebreus, diferentemente dos gregos, nunca
separaram o saber do ser, nem valorizaram uma coisa mais que outra. Em termos de
integridade bíblica, uma pessoa não conhece a Deus a não ser que se comprometa com
Ele, de tal forma que o caráter de Deus remolde o seu. Conhecer a Palavra de Deus é
incorporar seus princípios no mais profundo de seu ser e demonstrá-los no curso de sua
vida. A distinção entre o conceito hebraico de integridade holística e o ponto de vista
grego de verdade como conhecimento intelectual não pode ser deixada de lado como
meramente cultural. Nas pressuposições hebraicas, e, portanto nas cristãs, há
teologicamente subjacente uma integridade de natureza, verdade e existência que
pressupõe uma integração entre a cognição e a experiência.
Educadores teológicos são sensíveis à falsa dicotomia entre o saber e o ser, porém
a maioria se sente impotente para derrubá-la. A orientação acadêmica de nossas
instituições exige a avaliação de conhecimentos (informação) adquiridos por nossos
alunos, mas tende a ver demonstrações vivas de conhecimento como "não-acadêmicas" e,
assim, fora dos limites da instituição. As diferenças entre a vida acadêmica e a "vida no
mundo real", o foco estreito e a intensidade das matérias acadêmicas, e o fato de que a
maioria dos seminaristas não tem uma experiência significante de ministério, cooperam
juntamente para a falta de integração significativa entre o saber e o ser (entendimento e
ministério).
As doutrinas da criação e da verdade precisam ser vividas em nossos programas
de educação teológica. Certamente devemos renovar nosso compromisso de evitar
métodos de ensino que incentivem líderes da igreja a separar a teoria da prática. Devemos
nos comprometer a empregarmos somente métodos de ensino que estimulem a reflexão
no contexto da revelação e da experiência, e que permitam que a reflexão teológica
desafie e informe as atividades do ministério, num processo contínuo que integre
entendimento e vida.
A doutrina da salvação pela graça tem sido um tema unificador no protestantismo
desde a Reforma, mas a doutrina dos meios pelos quais a graça é distribuída tem
ocasionado muitos debates teológicos. Anabatistas disseram que o Espírito Santo age
sobre as almas dos homens sem o uso de meios. Luteranos e Calvinistas tradicionalmente
falaram da Palavra e dos sacramentos como o meio empregado pelo Espírito. Outros
ampliaram o conceito dos meios da graça para incluir a oração, a comunhão, e o serviço a
Cristo como instrumentos pelos quais o Espírito trabalha nas vidas de indivíduos cristãos.
Além dos debates, podemos afirmar com confiança que nosso Pai celeste, cheio de amor
e sabedoria, lida com homens e mulheres através de meios apropriados a suas pessoas e
disposições. Assim Deus atrai os que crêem a si mesmo e leva-os à maturidade em Cristo
Jesus.
Com grande freqüência, os métodos de ensino dos educadores são escolhidos
segundo suas próprias personalidades, ao invés das de seus alunos. Às vezes pressupõe-se
que o valor seja inerente ao método. Alguns consideram o discurso como método
eficiente de se transferir um grande corpo de informações em um curto espaço de tempo.
Outros dão valor às discussões em grupo, asseverando que elas proporcionam um
ambiente de aprendizagem inerentemente melhor do que o discurso. Recentemente,
alguns defendiam cegamente que lições programadas, combinadas a seminários
periódicos, representam o melhor método de se conduzir a educação teológica.
A doutrina dos meios da graça deveria nos impressionar com a disposição de
Deus de adaptar seus métodos para alcançar as pessoas onde estão. Pedro fala da
"multiforme graça de Deus". Se Deus não se comprometeu com apenas um método para
lidar com o homem, então educadores teológicos deveriam reavaliar suas tendências a
fazer isto. Alguns métodos elaborados por educadores são extrinsecamente inapropriados
a nós cristãos. Porém, não há métodos pedagógicos que tenham validade intrínseca. A
validade de qualquer método é específica para os alunos. Educadores teológicos têm a
responsabilidade de seguir o exemplo de nosso Deus, desenvolvendo uma variedade de
métodos de ensino. Desta forma seremos mais capazes de descobrir os métodos que são
mais apropriados a líderes da igreja em particular e às preocupações que lhes ocupam a
atenção.
A teologia tem implicações para a pedagogia? Nossa postura como professores,
deve ser a de irmão/irmã para nossos alunos, demonstrando através de nossas vidas e
nosso serviço que juntos olhamos para nosso Senhor Jesus como único Mestre, de quem
aprendemos. Nossos métodos de ensino deveriam ser selecionados com base na sua
adequação a líderes eclesiásticos individualmente e aos seus interesses particulares, mas
devem sempre proporcionar um processo interativo de reflexão teológica e envolvimento
ministerial. Quando essas qualidades caracterizarem nossos métodos de ensino, podemos
reconhecer que nossa teologia começou a informar nossa pedagogia. Oremos diariamente
para que alcancemos esse alvo.
Resumo
Os cristãos sempre insistiram que a fé faz diferença. Faz diferença na maneira de
vermos a vida e na maneira de a vivermos. Poucos afirmaríamos que integramos nossa fé
a todos os aspectos de nossas vidas, mas nos comprometemos a sermos obedientes,
dentro dos limites de nosso entendimento.
Como educadores teológicos, temos sido diligentes em permitir que nosso
entendimento teológico molde o propósito e o conteúdo de nosso ensino. As práticas
educacionais que empregamos também devem ser selecionadas e moldadas com base em
nossas doutrinas. A maioria de nós está apenas começando a reconhecer as implicações
de nossa teologia para a prática educacional. Mas as implicações existem. Agora
precisamos examinar essas implicações, individualmente e como corpos docentes, para
determinar nossas responsabilidades à luz das práticas educacionais vigentes e de nossos
compromissos teológicos.
Introdução
A seguir, eles se reuniram ao pé da cruz para a primeira Ceia do Senhor, enquanto
os outros olhavam. Depois de tomar o pão - uma batata-doce cozida, fria - e parti-
lo em pedacinhos, John colocou-os sobre uma folha de bananeira e passou-os a
todos os que foram batizados. Então ele tomou o vinho - suco de framboesa
silvestre em copinhos de bambu - e distribuiu entre os treze.(1)
Definições de Contextualização
Antes de entrarmos no estudo propriamente dito de textos sobre a
contextualização na interpretação das Escrituras, vamos alistar algumas definições de
Contextualização.
A definição inicial da palavra, quando primeiramente cunhada no início dos anos
70, era a de que contextualização se referia a "capacidade de responder de modo
relevante ao evangelho dentro do arcabouço da situação da própria pessoa".(3)
O próprio Bruce Nicholls define como "a interpretação (translação) do conteúdo
imutável do evangelho do reino em forma verbal compreensível aos povos em suas
diversas culturas e em suas situações existenciais peculiares".(4)
Harvie Conn diz que contextualização é "o processo de conscientização de todo o
povo de Deus das reivindicações hermenêuticas do evangelho".(5)
George Peters diz: "Contextualização aplicado adequadamente significa descobrir
as implicações legítimas do evangelho em cada situação. Vai mais fundo que aplicação”.
(6)
1. A Importância da Contextualização
1.1. Uma mensagem compreensível - a contextualização é importante, primeiramente,
para dar aos ouvintes da Palavra, a chance de entender a mensagem. Evangelizar não é
somente recitar versículos bíblicos de cor, mas também de explicar o conteúdo do
evangelho de forma compreensível.
1.2. Uma mensagem relevante - o povo que recebe o evangelho precisa sentir que a
mensagem tem algo de atual e útil para o momento que vive. Sturz lembra que um dos
aspectos interessantes e aplicáveis da Teologia da Libertação, é a procura de relevância
na mensagem.(20)
1.3. Uma adaptação cultural do mensageiro - o missionário precisa se contextualizar o
máximo possível, tendo a mentalidade serviçal de Paulo. Isto trará credibilidade ao
evangelho e dará o devido valor à cultura nativa receptora da mensagem.
1.4. Uma liturgia contextualizada - a forma de expressar a fé e de realizar o culto a Deus
precisa ser contextualizada, dando possibilidade as pessoas se identificarem com a
adoração e as expressões litúrgicas. Existe em cada cultura elementos aproveitáveis na
adoração ao Criador.
1.5. Uma teologia contextualizada - não no sentido de se afastar das doutrinas básicas
bíblicas, mas na aplicação destas verdades para o seu contexto. Grande parte da
interpretação que seguimos hoje na América Latina, por exemplo, vem de contextos
completamente alheios ao nosso, com uma forte coloração de sua época e de seu
ambiente.
Existem, sem dúvida, doutrinas supra-culturais que precisam ser detectadas e
preservadas. Porém, também há elementos culturais tanto no texto bíblico como na
interpretação da Igreja durante a história, que precisam ser discernidos e contextualizados
com sabedoria.
1.6. Uma eclesiologia contextualizada - dando a cada povo e cada cultura a oportunidade
de formar o seu modelo de liderança, de governo e de disciplina.
David Bosch cita, entre outros, duas vantagens com a contextualização:
Missão como contextualização é uma afirmação de que Deus tem se movido em direção
ao mundo. Missão como contextualização envolve a construção de uma variedade de
"teologias locais".
Em suma, pode-se dizer que o importante na contextualização é que cada povo,
em cada geração, em cada cultura, sinta que o evangelho lhes pertence. Que não se trata
de algo judaico, ou ocidental, americano ou europeu. Nem algo do homem branco ou
apenas do primeiro século. O positivo com a contextualização é justamente esta
atualidade e relevância do evangelho.
Conclusão
Sinteticamente, a divergência que existe entre a prática de muitos contextos
eclesiásticos e os ensinos bíblicos extraídos dos textos estudados e das ponderações aqui
feitas são:
1. Falta um trabalho sério e profundo na busca de modelos litúrgicos que atinjam o
âmago das pessoas nas diferentes culturas de nosso país e no exterior.
2. Falta um espírito autocrítico que discerne onde estamos reproduzindo costumes e
tradições importadas e deixando de avaliá-las, visando uma atualização para o nosso
contexto histórico e cultural.
3. Existe pouca ênfase no preparo transcultural para os obreiros que irão para outras
culturas no Brasil e fora. Nossos cursos precisam equipar os futuros missionários para a
difícil tarefa da contextualização correta.
4. Ao mesmo tempo em que existe um profundo respeito pelas Escrituras e se diz que ela
é a "única regra de fé e prática", há também um desleixo com o seu estudo e sua
aplicação integral. Fazemos uma seleção dos textos que confirmam nossa tradição
doutrinária e litúrgica.
5. Precisamos buscar mais da sensibilidade e da direção dada pelo Espírito Santo,
pedindo sabedoria e discernimento, para poder comunicar o evangelho tanto ao homem
secularizado, como ao devoto às inúmeras seitas e religiões existentes em nosso país.
Concluindo, é importante se fazer um "check-up" de nossa tradição comparando-a
com as Escrituras, com a intenção de corrigir desvios, fortalecer pontos fracos e descobrir
ênfases perdidas. A humildade, e não a jactância deveria nos caracterizar como servos de
Deus e líderes da Igreja, a fim de que, mais do que nós contextualizarmos a Palavra, nós
possamos ser contextualizados (colocados dentro de) na Palavra, sendo transformados
por ela, através do poder de Deus e da direção de seu Espírito, conforme o desejo
expresso de Paulo em 2Co 3.18.
Uma tarde Bobby começou a fazer perguntas. Estávamos sentados ao redor do fogo. A
luz do fogo refletia levemente sobre ele. O seu rosto estava sério.
- Como posso eu andar no caminho de Jesus? - perguntou. Nenhum motilone já fez isso.
É algo novo. Não há outro motilone que possa dizer como se faz isso. - Bobby - eu
disse - você se lembra de meu primeiro Festival das Flechas, da primeira vez que vi todos
os motilones reunidos a fim de cantarem as suas canções? O festival era a cerimônia
mais importante na cultura dos motilones.
Ele assentiu com a cabeça. O fogo brilhou por uns instantes e eu pude ver os seus olhos
atentamente fixos em mim.
- Você se lembra de que eu estava com medo de subir nas redes tão altas, para cantar,
pois tinha medo de que a corda se partisse? E que eu lhe disse que somente cantaria se
pudesse ter um pé na rede e outro no chão?
- Sim Bruchko. E que foi que você me disse?
Ele riu. - Eu lhe disse que você precisava ter os dois pés na rede. Você precisava estar
suspenso, foi o que lhe disse.
- Sim - eu disse. - Você precisa estar suspenso. É assim que se deve estar quando se segue
a Jesus, Bobby. Nenhum homem poderá dizer-lhe como você deve andar na trilha de
Jesus. Somente ele poderá fazê-lo. Porém, para descobrir isso, você terá que atar as
cordas de sua rede nele, e estar suspenso em Deus.
Bobby não disse palavra alguma. O fogo dançava em seus olhos. Levantou-se e saiu,
andando pela noite escura. No dia seguinte ele tinha um vasto sorriso na face.
- Bruchko, eu atei as cordas da minha rede em Jesus. Agora falo uma nova língua.
Não compreendi o que ele queria dizer.
- Você aprendeu a falar um pouco de espanhol, como eu falo? Ele deu uma gargalhada,
feliz e gostosa.
- Não, Bruchko, eu falo uma nova língua. Então compreendi. Para os motilones, língua é
vida.
Se Bobby tinha uma nova vida, ele possuía um novo modo de falar. A sua fala seria
orientada por Cristo.
Referências
1 Dekker, John . Tochas de júbilo (Miami, Editora Vida, 1988) 116.
2 Bosch, David. Transforming mission. (Maryknoll, Orbis Books, 1993) 420. Utilizado
inicialmente nos círculos da Theological Education Fund para designar a educação e a
formação de pessoas para o ministério da igreja local.
3 Nicholls, Bruce. Contextualização: uma teologia do evangelho e cultural (São Paulo,
Edições Vida Nova, 1983) 18.
4 Hesselgrave, David. Communicating Christ cross-culíurally, (2a ed., Grand Rapids,
Zondervan, 1991) 136. O livro de Hesselgrave foi traduzido para o português e o
primeiro volume de três já se encontra à disposição. Ver Bibliografia.
5 Idem, p. 137.
6 Idem, p. 136.
7 ldem, p. 143, 144.
8 Burns, Barbara Helen. "Contextualização", (apostila de aula mestrado dada na
Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 1991), p. 1.
9 Naturalmente existem outros textos paralelos que poderiam ser estudados, como o caso
de Atos 10 - Pedro na casa de Cornélio, At 17- Paulo em Atenas , ou textos que falam da
necessidade de mudanças no hábito de vida quando se aceita a Cristo, como Ef 4.17; 1Jo
2.15-17, etc. Escolhemos estes por tipificarem três classes de textos, um sobre uma
situação concreta, outro sobre uma declaração de visão ministerial e um mais teológico.
10 Guthrie, Donald. New Testament introduction (Leicester, IVP, 1978) 394. Uma das
teorias sobre o surgimento da igreja em Roma, que certamente não foi fundada nem por
Pedro nem por Paulo.
11 Green, Michael. Evangelização na igreja primitiva (São Paulo, Edições Vida Nova,
1984) 137, 138.
12 Bruce, F.F. The Book of The Acts (na série TNICNT, Grand Rapids, Eerdmans, 1977)
291, 292.
13 Bruce, op. cit., p. 291.
14 Laubach, Frank. "Epistrpho", em The new international dictionary of New Testament
theology (Colin Brown, ed., Grand Rapids, Paternoster e Zondervan 1975) 355.
15 Erdman, Carlos R. Hechos de los Apóstoles (Grand Rapids, T.E.L.L., 1974) 133, 134.
16 Odeberg, Hugo. Korintierbreven (Estocolmo, Suécia, SKD, 1944) 171.
17 Barrett, C.K. A commentary on the first epistle to the corinthians (2a ed., Londres, A
& C. Black, 1971) 211.
18 Idem, p. 216.
19 Morris, Leon. I Coríntios - introdução e comentário (série Cultura Bíblica, São Paulo,
Mundo Cristão e Edições Vida Nova, 1981) 111.
20 Relatório de Willowbank , em O Evangelho e a Cultura, (série Lausanne, São Paulo,
ABU e Visão Mundial, 1983) 20.
21 Kelly, J.N.D. I e 11 Timóteo e Tito - introdução e comentário (série CulturaBíblica,
São Paulo, Mundo Cristão e Edições Vida Nova, 1986) 186.
22 Idem, ver discussão p. 186.
23 Stott, John. Tu Porém - A mensagem de 2 Timóíeo (São Paulo, ABU, 1982) 96.
24 Kelly, op. cit., comentários sobre as expressões, p. 187.
25 Dekker, op. cit., p. 100.
26 Beekman, John & Callow, John. A Arte de interpretar e comunicar (São Paulo,
Edições Vida Nova, 1992) 50 ss.
27 Conn, Harvey & Sturz, Richard. Teologia da libertação (São Paulo. Mundo Cristão,
1984) 168.
28 Bosch, op. cit., p. 426, 427.
29 Nicholls, op. cit., p. 25.
30 Idem, p. 25.
31 ''O assunto é vasto e o tratamos num trabalho a parte numa comparação entre Kraft,
Conn e Richardson. A etnoteologia é tratada por Kraft em seu livro Christianity in
Culture, p. 293, 294. Harvie Conn acusa Kraft de se basear em idéias de E. Nida mas ir
além em suas extremadas conclusões. Uma discussão sobre isto encontra-se no livro de
Conn, Eternal World and Changing Worlds, págs. 151 ss.
32 Ekström, Bertil. "Contextualização'" (monografia apresentada no Mestrado, São
Paulo, Faculdade Teológica Batista de São Paulo, 1991).
33 Bosch, op. cit., p. 428.
34 Olson, Bruce. Por esta cruz te matarei (Miami. Editora Vida, 1979) 143, 144.
Introdução
A glória de Deus ocupa um lugar chave na Bíblia, desde o Gênesis até o
Apocalipse. Essa glória se revela nas ações de Deus, na sua criação e manutenção do
universo criado, mas especialmente nos seus atos salvadores e na sua auto-revelação
expressa através dos profetas, e mais perfeitamente através de Jesus Cristo.
O pecado afastou o homem da glória de Deus, e a sua mente obscurecida já não a
reconhece claramente, nem mesmo nas suas obras criadas. O homem, criado para gozar
da vida abundante e da comunhão íntima com Deus, conhece agora as trevas, a morte, o
temor, a carência da glória de Deus. E em vez de atribuir a Deus a glória que lhe é
devida, prefere glorificar a própria criatura, seja a si, ou a outros seres ou objetos criados.
Veremos então que a glória de Deus é um conceito profundamente missionário.
Através da obra missionária Deus está restaurando a humanidade para que novamente
viva em harmonia com o objetivo para o qual foi criada.
Referências
1 Brown, Colin, ed. New international dictionary of New Testament times (Grand Rapids,
Paternoster Press & Zondervan, 1986) 44.
2 Dyrness, William. Themes in Old Testament theology. (Madison, InterVarsity Press,
1979) 42.
3 Boer, Harry R. Pentecost and missions (Grand Rapids, Eerdmans, 1979) 189-190.
4 Brown, op. cit., p. 44.
5 Kaiser, Walter C. Teologia do Antigo Testamento (São Paulo, Vida Nova, vol. 2, 1966)
213.
6 Boer. op.cit., p. 191.
7 Shedd, Russell P., ed. Novo dicionário da Bíblia (2a ed.. São Paulo, Edições Vida
Nova, 1984) 672.
8 Brown, op. cit., p. 45.
9 Dyrness, op. cit., p. 42.
10 Kaiser, op. cit., p. 125.
11 Boer, op. cit., p. 193-194.
12 Brown, op. cit., p. 193-194.
13 Guthrie, Donald. New Testament theology (Leicester, IVP, 1981) 90.
14 Brown, op. cit., p. 48.
15 Brown, op. cit., p. 47.
16 Shedd, op. cit., p. 672.
17 Kaiser, op. cit., p. 246.
18 Boer, op. cit., p. 191.
19 Guthrie, op. cit., p. 90-93.
20 Brown, op. cit., p. 46-47.
21 Boer, op. cit., p. 194-198.
22 Brown, op. cit., p. 45-74.
23 Shedd, op. cit., p. 672.
24 Kaiser, op. cit., p. 214, 264.
25 Boer, op. cit., p. 192-196.
26 Ibid., p. 191-204.
Resenhas
HESSELGRAVE. David J. A comunicação transcultural do evangelho, vol. I. São Paulo,
Edições Vida Nova, 1994. 192 p. R$14.00. Titulo em inglês: Communicating Christ
Cross-Culturally. Resenha por Lars Bertil Ekström.
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(C. Timóteo Carriker é presidente da APMB, professor de missiologia no Seminário Presbiteriano do Sul e
autor de vários artigos e livros.)
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FIFE, Eric S. A corrida contra o tempo: a história de Ray Buker, de corredor olímpico a
estrategista de missões, São Paulo, Edições Vida Nova, 1994, 199 p. Resenha por
Margaretha Nalina Adiwardana.