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as fatos do
verão carioca
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A mulher EMILIANO
QUEIROS:
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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
ESOUINA 1
Shere Hite,:
Conselho Editorial: Adão
Acosta, Aguinaldo Silva, An-
tônio Chrysóstomo, Clóvis Mar-
ques, Darcy Penteado, Francisco
machismo às avessas
No se pode dizer que as feministas
Bittencourt, Gasparino Damata, brasileiras que participaram do 1 Simpósio de
Jean-Claude Bernardet, João Psicanálise, Grupos e Instituições, realizado
Silvério Trevisan e Peter Fry. no fim de outubro, no Rio, tenham ficado
plenamente satisfeitas com o desempenho
Coordenador de edição.- da colega Shere Hite - autora do famoso
Agu iria Ido Silva. 'Relatório Hite" Sobre a sexualidade feminina
banido das livrarias do país pela censura
como obra obscena - nos quatro dias que ela.
Colaboradores Agudo Gui- passou entre nós. Para as pacatas brasileiras,
marães, Frederico Jorge Dan- Shere Hite foi muito agressiva, recusando-se
tas, Alceste Pinheiro, Paulo Sér- até a dar entrevista para homens, "porque
gio Pestana, Nica Bonfim, Zsu eles deturpam tudo o que a gente diz". Uma
delas, que participou de um painel sobre "Ins-
Zsu Vieira, Lúcia Rito, José Fer- tituições, Pesquisas e Sexualidade - , chegou a
nando Bastos, Regina Rito, cochichar depois que a norte-americana era
Henrique Neiva, Leila Miccolis muito doente".
(Rio); José Pires Barroso Filho, A rusga de Ms Hite )cham-la de Miss,
senhorita, é ofensa grave; Ms é o único
Carlos Alberto Miranda (Niterói);
tratamento igualitário, não humilhante para as
Mariza, Edward MacRae (Cam- feministas de língua inglesa) com o nosso
pinas); Glauco Matoso, Celso Peter Fry, aqui cio LAMPIÃO, que participava
Curi, Edélcio Mostaço, Paulo cio mesmo simpósio, foi o que mais escan-
Augusto (São Paulo); Amylton dalizou as brasileiras. Quando Peter passou a
fazer criticas à organização do "Relatório", a
Almeida (Vitória); Zé Albuquer- furibunda autora começou a murmurar para
que (Recife); Gilmar de Carva- as suas 'colegas, "Men should drop dead" (Os,
lho (Fortaleza); Beto Stodieck homens têm mais é que morrer), retirando-se
(Florianópolis); Alexandre Ribon- antes do fim da explanação do orador. Nós,
di (Brasília); Sandra Maria C. de homens, também ficamos chocados com a
atitude de Ms Hite, já que Peter, além de ser
Albuquerque (Campina Grande); um pão, é um doce (qualidades bem difíceis
Políbio Alves (João Pessoa); de serem encontradas juntas, diga-se de pas-
Franklin Jorge (Natal); Paulo sagem], e toda sua crítica ao livro foi feita em
Hecker Filho (Porto Alegre); Ma termos de debate alto.
Foi por essas e outras que a imprensa em
Stolz (Curitiba).
geral e o pessoal interessado no Simpósio
passou a não torcer para o time cia socióloga
Corresoon dentes Fran Tor- que, apesar da aparência lânguida e de bo-
nabene (San Francisco); AlIen neca, sabe ser violenta e rabugenta. Na ver-
Young (Nova lorque); Armand de riade, ela nada fez para agradar, o q ue bastou
Fluviá (Barcelona). para que lhe enfiassem a carapuça de radical,
o que é evidentemente um defeito de visão
Fotos: Billy Aciolly, Maurício nosso, acostumados que estamos a ver guntas ao mesmo tempo. Quando o séquito As respostas foram cuidaciosamente anali-
colocarem o carimbo de radical em todo finalmente empreendeu a marcha de volta, sadas e dessa análise nasceu a teoria de que a
S. Domingues, Dimitri Ribeiro aquele que não se porta direitinho. Fique por- engrossado pela exótica atriz Ruth Escobar, mulher é prisioneira de sua própria vagina e
(Rio); Dimas Schitini (São Paulo) tanto bem claro aqui que não critico a posição sobravam na mesa 12 garrafas de água mi- que é no clitoris que reside a chave de sua
e arquivo. feminista de Shere Hite - guerra é guerra - neral e coca-cola vazias. Como num faians- felicidade sexual. O cliteris é o abre-te sésamo
e que este meu relato pretende ser, antes de tério virtuoso e aguerrido, ninguém ousara para um prazer esquecido pela subservência
Arte: Jo Fernandes, Mcm de tudo, uma visão bem humorada do compor- fumar ou beber álcool. ria mulher às imposições do macho. E é essa
tamento da socióloga nos seus aparecimentos nova mulher, independente e não castrada,
Sã, Patrício Bisso, Híldebrando. Ms Hite começou sua luta pela vida tra-
em público. que Shere Hite vem procurando despertarem
de Castro. balhando como garçonete (e poderia ser de
O dado mais engraçado foi o rancor com outra forma nos Estados Unidos?). Depois de todas as companheiras que encontra, e foi por
Gandhi Gama
que ela encarou todos os infelizes membros ela que veio ao Brasil.
Arte final.- muito nhec-nhec lavando pratos e graças a
do sexo masculino. Sempre que era apresen- seus atributos físicos, consguiu galgar o "Acho isso tudo ótimo. Mas o que foi mais
Neves e Edmílson Vieira da Costa tada a um homem, fosse ele colega de sim- que eia disse", eu quis saber angustiado.
segundo degrau clássico reservado à mulher
pósio ou alguma celebridade em trânsito, norte-americana em busca da fama: foi ser "Bem, nós a convidamos para conhecer o
LAMPIÃO da Esquina é uma Shere Hite fechava-se num mutismo abso- modelo fotográfico. Nessa função, e com Brasil, eu pedi que ela fosse a São Paulo, para
luto. "Mas ela é tão bonitinha, por que faz is- mais tempo livre, formou-se em socióloga. Lá falar na minha faculdade, onde temos cursos
publicação da Esquina - Editora so?" perguntava sem parar um repórter bas- de educação sexual", respondeu-me minha
como aqui, no entanto, os sociólogos têm
do Livros, Jornais e Revistas Lt- baque, ao que um machista também da im- poucas chances de bons empregos e Shere interposta pessoa junto a Mr. Hite
(ia. CGC: 29529856/0001-30 1 Ins prensa retrucou "Bonitinha' Olha só as per- continuou trabalhando para agências de A feminista norte-americana, no entanto,
crição estadual: 81 .547.1 13. nas dela, são mais cabeludas cio que as de um propaganda. não se mostrou nem um pouco interessada
jogador de futebol". A raiva dos jornalistas em "conhecer o Brasil". "Gostaria", teria
linha uma razão: Ms Hite mandou a"isar logo Quando a máquina Olivetti foi lançada nos (ido — de nestes poucos dias ter mais contatos
Endereço: Caixa Postal no início que, se queriam entrevistas, "man- States a nossa heroína descolou a oportu- com mulheres familiarizadas com meu tra-
41,031, CEP 20241 (Santa Te- c1 em mulheres para falar comigo, e que te- nidade de apresentar o novo produto. Ela balho." Embora não tenha jeito de obcecada,
resa), Rio de Janeiro, RJ. nham lido muito bem meu livro". posava como secretária, escrevendo na de sufragista, é esse o espírito que revela todo
Oliveiti. Por baixo rinha a legenda: "Com esta o tempo. A natureza do Rio, os banhistas
Essa foi a grande dificuldade da imprensa
Composto e impresso n máquina a secretária não precisa ser inteligen- passando para a praia, pareciam não existir.
para realizar seu trabalho. Como a maioria das
te". Esta propaganda foi a responsável por Mas o mais espantoso é que, de repente, teria
Gráfica e Editora Jornal dc- lornalistas cariocas é composta de gente
uma ci as maiores passeatas feministas dos Es-
muito lovem, foi uma façanha conseguir suspirado: "0, home, home, sweet homel"
Comércio S.A. - Rua dc tados Unidos Açuladas por suas lideres, mul- l"Ai que saudade de casal 1
quem preenchesse os requisitos necessários
Livramento 189/203, Rio. Dis para entrevistá-la, como domínio do inglês e
tidões de mulheres lançavam mais uma vez Ah, então ela é casada e está querendo
tribuição, Rio: Distribuidora de seu brado de guerra ao homem. Foi nessa al- voltar para os filhos e o marido matutei. Foi
perseverança para ter lido obra tão massuda e
tura dos acontecimentos que deu o estalo em nessa hora que minha agente virou bicho:
Jornais e Revistas Presidente. !ifícil de encontrar como o "Relatório Hite".
Shere Hite. Ela estava sendo usaria numa "Que é isso, rapaz? A Shere está por fora des-
Rua da Constituição, 65/67. Sãc Assim mesmo, ao meio-dia de um domin- propaganda ignóbil, servindo de instrumento sas bobagens e detesta qualquer idéia de
Paulo: Paulino Carcanhetti; go de muito sol e praia, conseguiu-se reunir para uma sociedade machista oprimir ainda filho. Ela simplesmente. está cansada e com
Recife: Livra ia Reler; Salvador: um grupo de moças que, entre assustarias e mais a mulher ao criar aquele retrato da se- vontade die voltar pra casa. Não pode?"
eufóricas, tocaram para a pérgula do Co- cretária burrinha, que só serve para ser usada
Lilorarte; Florianópolis: Amo, "Desculpe, mas por que esse ódio de
pacabana Palace encabeçadas por Ms Hite. pelo patrão. criança? Vocês não vão querer matar todas as
Representações e Distribuição de Foi através (lelas - uma estudante de psi-
crianças do reino, como Herodes, vão?" A
Livros e Periódicos Ltda.; Belo cologia de São Paulo, a quem investi com os Shere então largou tudo e se juntou às ironia, o tom superior, o sorriso nos lábios
Horizonte: Sociedade Distri- poderes c i e imprensa pespegando-lhe no peito hostes feministas. Como socióloga poderia fechados, fizeram com que eu me encolhesse
o crachá correspondente - que consegui al- ajudar a interpretar o fenômeno da dominação um poucô. "Quem sabe? Talvez o nosso
buidora de Jornais e Revistas guns dados sobre a socióloga A reunião da mulher pelo homem e tentar encontrar problema seja exatamente igual ao de He-
Ltda.; Porto Alegre: Cooiornal; parece ter sido das mais agradáveis e frutí- uma saída para o problema. Seu livro é o rodes, matar todas as crianças de sexo.mas-
Teresina: Livraria Corisco;
feras esegundo minha agente, passados os resultado de uma pesquisa de quatro anos culino dlO reino."
Curitiba: Ghignono. primeiros momentos de timidez e mau inglês, sobre a sexualidade feminina. O êxito da idéia Com isso encerramos uma camaradagem
tocas se divertiram e ficaram cativadas com reside no fato de ele ter interpretado o sexo que começara tão bem. Ela partiu, farejando o
Assinatura anual (doze nú- as histórias e argumentos usados por Shere feminino á luz do contexto histórico e cultural. ar, no rastro de sua vaca sagrada, e eu fui
meros): Cr$ 180,00 Assinatura Hite na defesa de sua causa. Para os jornalis-, Com o auxílio da Seção Novaiorquina da Or- procurar Peter Fry para saber os verdadeiros
para o exterior US$ 15. tas, que espiavam de longe, aquela reunião de ganização Nacional de Mulheres, Shere Hite motivos da fúria de Ms. Hite. Mas isso é as-
mulheres pareceu também das mais alegres e enviou questionários em 60 perguntas a sunto para uma matéria que os leitores deste
comunicativas, com muitas risadas e milhares de mulhereS de todas as idades, clas- jornal pociern exigir de Peter Fry. (Francisco
atropelos, todo mundo querendo fazer per- ses sociais er atividades dos Estados Unidos. Bittencourtl
2' LAMPIÃO da Esquina
** Centro de Documentação
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(1L pirada (It tIv-rI(ide
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
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O mito bem dotado
Vocês já devem ter percebido que esse isso- Outro: Uni louro modelo fotográfico, bastante
lura Artistica, com a presença de todo o creme
à, lecute era o Dener. Parece que os nervos de Ruth conhecido for sua beleza e que já lias-ia tido Iran-
catupiri' da sociedade loal, em beneficio da
Campanha do Câncer. Silveira não agüentaram a precocidade do rapaz e sa com Dener. voltou de urna temporada nos Es-
ele foi Legado a outra madrinha, Maria Augusta. tados Unidos transformado em hippks. Dencr en-
Ainda não existiam muitos manequins profis- modista em São Paulo. Acompanhei esporadi- controu-o meio largado pelas ruas, carregou-o
sionais e foi preciso organizar o desfile com os camente esse início de carreira de Dener, que foi para casa t' este docilmente deixou-se banhar,
raros existetites, completando o elenco com fulminante. Seis anos depois. em 1959, ele já es- perfuniar, s-evtir, polir as Unhas, só n,'sn permitia
garotas propaganda da televisão. Uma delas tava com atelier próprio e era a coqueluche de que lhe cortassem os longos cabelos. Dener não
chamava-se Odete Lara. CaciLda Becker, que toda a grã'finagem paulista. Foi quando en- teve dúvidas. Embebedou-o e quando ele dormiu
deveria dizer poemas de Drummond ("No meio comendou a mim o retraio que ilustra este de' de porre, resliu utis ''robe" longo de cetim verde,
do caminho tinha uma pedra.. .'), de Vinícius e psiimenio. Ele fui um dos piores, o mais irritante e pós a ópera Sansão e Dalula no toca-discos e or-
Manuel Bandeira, ficou com estafa e foi, também um dos mais inquietos modelos que pintei. A pose denou au' copeiro Pedro: "Pierre, risc traga uma
à última hora substituida por Monah Detacy, que marcada vara logo após o almoço só foi iniciada hutidcja de praia e urna tesoura"
entrou em cena com apenas um ensaio, urna forte depois das quatro e terniinada sob luz noturna; e Certa vez foi e' eu,nsidado especial numa baile
gripe e trinta e nove de febre. Shirley. a mais com freqüentes interrupções da parte dele para toiiiilar no bairro da Casa Verde. Lá viu uns bole
comprida das manecas do grupo, um mulherão transmitir ordens aos " escravos"
escravos' ' da casa e para hclissinio de um metro e noventa de altura, om-
extrovrlido e de gestos largos. desceu da pia- ini_Iteis bate-papos telefônicos com amigos. Eu es- bros desta idade e coxas de jogador de futebol de
talor,s para o piso do palco em "black'oul" tava extenuado quando terminei a peleja. Mas a várzea (pai russo, mãe italiana ou vice-versa) O
c7 total, com uns vestido justíssimo e por um lugar ''aventura retrato" não ficou por ai. Algum tem- bole estava dançando atracado numa garota.
onde imaginou que existisse uma escada. Só não P0 depois fui à casa e notei que o quadro tinha ai' Dener mandou recado pelo chofer e si garotão veio
se arrebentou toda, porque os ali] OÇ protegem as gIl diferente: como era moda ter cabelos mais leis- à mesa mas :ucusnsparihailo pela garota, que, per-
crianças, os bêbados e, pelo jeito, também as gos. ele acrescentou a nanquim, por conta cebendo a jogada. logicamente ficou indignada.
nianecas. Para completar a odisséia. o vestido de própria, alguns caracóis a mais naqueles que eu 'Vantos'' . disse i)ener ao rapaz. Que obeukceu
noisa que finalizas a o show e que estava sendo havia pintado. No dia seguiiitc Dener aparece em casa de amigos
c ' nfeccionado pela Ruth Silveira, só chegou ao Nada a fazer: Dener era assim e pronto! Para 'acompanhado da '1sbr:u. prima , já elaborada:
teatro duas horas antes da estréia, ainda com calças pretas ajustadas, camisa de cetim branco
f partes presas por alfinetes e transportado por um
ser seu amigo, era preciso pegar ou deixar. Eu
não peguei tuens deixei, mantendo com ele um de modelo cossaco, unia faixa larga ck tecido
garoto magrela de dezesseis anos, palpiteiro, in- relacionamento cordial vens ser assíduo. Na ver- prateado tia cintura, d'tu duas borlas dereri-
Em 1953 eu era desenhistaria Standard quieto. intronsetidu enfim, unta Criatura infer- dade reconheço que o verdadeiro L)ener era duradas de ilfli lado e. . . um leve sombreado nas
Propaganda. ia n i lsini desenhava para tealri, e na[. aquele mesmo que ele próprio havia criado e pálpebras para destacar os cuides azuis.
como tinha interesse pelo estudo da moda e até Esse garoto tornou cisti ia do espetáculo corno elaborado. com muita inteligência e luta, para O universo de Dener se desgastou depressa
arriscara slcst-nliar para algumas lojas e firmas de se a coisa fosse dele. Infiltrou-se pelo camarim viver num mundo "a la Deticr". em que só en- dentais nos últinios tettspos. Quando o reencon-
cnn fecçws, a agê i,e ia publicil ária encarregou-me dos modelos, deu palpites nas maquilagens e nos trava e existia quem e aquilo que ele queria. Des- trei recentemente rsuni programa Flávio Caval-
de criar unia coleçtn para a Rhodia que até cri - cabelos, achou que todos os vest idos (com exceção se mundo fazia parte a sua ambigüidade (ou ver- canti tio qual fui entrevistado, e ele fazia parte do
tão. com fins publicitários importava moda e cos- daqueles feitos pela Ruth Silveira) estavam uni satilidade?) sexual, onde a bichice levada aos iiri. lnipressionoo'me muito o seu aspecto fisieo.
tureiriis franceses. Seria um lançamento de moda lixo e ao xcii liel-praier acrescentou-lhes enfeites exageros do amaneiransento e do requinte era Ele sempre tese olheiras fundas e tinia cor rua.
brasileira, talve, o primeiro. Acontece que. sem ou eliminou detalhes: e eu. preocupado com as unia atitude profissional, acobertando a hisse- cilenta, usas agora estava inchado e com um ar
falsos machismos nem preconceitos. o meu in- entradas de caiEs elemento em cena e com o lime sualidade da qual não fazia alarde. Seria esse o sonolento de quem pensa e age com dificuldade.
teresse nesse setor era dirigido ao teatro. Propus do show - fiquei vetidu a introntissào, sem poder seu lado positivo? Nem sei, porque tudo nele não Ele se sabia muito doente, mas recusava aceitar-
então que a aprcserttari tivesse características interferir. Náo contente com toda a confusão que deixava de ser positivo, desde que analisado sob o se como tal, fazendo eoquusnlus agi)eciltsva o mes-
teatrais, o que foi aprovado pelo cliente. Meus estas a causando nesse espetáculo que pretendia angulo Dener de autenticidade. Diz um seu mo tipo de vida que sempre fez, escondendo a
trinta desenhos foram executados por três confec- ser profissional e muito chie, ele entmu durante o amigo íntimo que bem poucas, saras ve,.s, o vai doença até dos próprios amigos ín timos. Usufru iu
Cioflistas paUlistas e unia do Rio, Ruth Silveira. "t)laçk-out" para ajeitar os sêtis de noiva de prostrado psiquicamente. isto é, alheie ou distan- CIqtlareusdoinmaqutevid
que Tia época mantinha uni pequeno atelier em Odete Lira e saiu correndo de cena sob risadas da te das apoteoses mentais - e então era quando a era parti durar bem mais. Mas.., e dai? Vis cii a
Copacabana. mas que estasa na crista da onda. platéia, quando os refletores iluminaram instan barra estava pesada mesmo! Porque o normal era vida cm letras grandes e de maneira especia lis-
() s''.ptiáuuli ' de Su ' I'aiiln fui no teairo sul- tâ leis e siof u',a me ni t o palco para scena fui a criatura brilhante que, CM011.acita em uro longo sima e requintada corno sempre quis.
easato de peles ou suspendendo o colarinho da Não tenho dúvidas em afirmar que depois de
camisa para esconder o gogó. entrava em qual- (armem Miranda esse garoto paraense senha a
Um retrato sincero quer lugar e fechava, mesmo se naqueLe lugar já
estivesse a pessoa mais badalada e Iecbatlsa do
ser o segundo grande mito brasileiro, desde que se
classifique mito naquela categoria hullywoodiana
de pessoa que. talvez mal comparando. vive hor-
mundo.
Seu nome — Dencr da Silselra Pamplona absorvente e i'harmosissima. Engraçado quando Como não nasci omitem, não serei idiota de hulhante sobre tiuvcrss douradas à beira de uru
Braga Cavalcanti de Abreu, Ou Dener Pamplona queria, podia ser insuportável, se tivesse vontade. citar nomes, mas sei de militas mulheres lindas e abismo, Falando de mitos, lembro-me ainda de
de Abreu. Ou simplesmente - Dener. Velo de As coisas paris ele tinham valor relativo, Seus ttiniosas e muitos senhores corretos e sisudões Maisa, taLi e? de Dolores Duiran, ou ('iscilda Bee-
longe, Belém alo rará. Eu o conheci em 153 no conceitos não eram os nossos. Vivia num inundo à que nZio escaparam ao charme de Dener. Unia ker, Francisco Alies ou Orlando Silva, Seus
Rio de Janeiro, ia tinha a cabeça povoada de parte, que ele fez e viveu dentro. Criou uns mundo seu ex- manequim, por exemplo, confessou-me detalhar eis dois últimos, acho que Cacilda teve
sonhos. Eu já eslava no teatro. Gostamos um cio seu, a realidade misturava-se com o sonho: ele foi vida equilibrada e morte clra iii álica; as cantoras e
certa se, que além de milito bem dotado (!) ele
outro no primeiro dia. Demorou pouco e abriu para a sua Torre de Cristal, trancou-se nela e compositoras. lisc'smo grandes, possuíam uma
era excelente amante. melhor que todos os
uma loja de camisas, na Rua Francisco Sé, em morreu lã. machões que ela havia tido. Os casos que se con- consciência trágica do cotidiano que escapa
CopacabanaJà naquele tempo sem preços eram Viveu como quis. Fez o que desejou. Não aOs dele então, mais que acontecimentos reais, daquele enfoque de euforia que foi a vida de
incríveis - tudo o que ele [nua também. Ori' aceitava conselhos, riem os dava. Sempre diria: l)ener e que definiu o conceito criado em torno.
ptsrecens cruza de "sciencc- fiei ion' com fofoca
ginalissimo. Não paravA nunca, parecia um mos- "bons amigos vão aqueles que não dão proble' social. Este por exemplo: Unia nianlià a ca- por exemplo, de outros mitos Cofio La Miranda,
quito elétrico. Decorava tudo com Incrível Ia. mas, nem os trazem para que os outros os resol- mareira entra no quarto seni avisar e flagra-o na Mtsrilyn ou Elvis Presley. l)ene'r soube viver o
cilidade e sempre teve um talento enorme para vam". Cada um que cuide de si. Nada é bispos. canja com cinta mulher beli.ssima (uma conhecida liiitus que havia imaginado: ''Eu sou unia estrela e
imitar as pessoas. síeli No entanto, nós cuidávamos dele, e ele de estrela tem luz própria. O resto é lantejoula.—
vedete), nuinha e de popô para cima. 'Minha
No género musical só ouvia Daba de Oliveira, nós. A maneira dele, é claro, mas nunca deixou prima'' di, L}ener à camareira, apresentando.
Crniem Miranda, Angela Maria - as seles, ninguém sem ajuda. Só não gostava que se falasse Darc Penteado)
Chko Buarque de Holanda. Sua intimidade com nisso. Detestava aparentar fragilidade. Gostava
a música popular brasileira acabava ai. Seu ídolo- de poder e curtia seus pertences. Lançou sua
Maria calhas. Adorava óperas e sabia umas imagem - Dener, um luxo! Fazia questão dela,
quantas devoradas. Roupas, cenários, data de es. não abria! Em essa, ou com os amigos, era outra
(rua, onde, quando, como, dirigidas, regidas e pessoa. Era ele mesmo. Bem educado, sensível e
cantados por quem. Seu maestro: Von Karajan. atencioso, simples — como um franciscano.
Ao chegar a Sino Paulo, uniu-se com a ento Era hipocondríaco. Tomava mil remédios por
had'aiadíssima Miss América, com quem foiia dia. A ordem e a limpeza eram seus deuses par-
desfiles de modas. Seus modelos eram Carminha
Verbnka, ('éllu Coutinho, Talubama, emilio
vedetes da Zilco Ribeiro e sucesso total em Sio
ticulares. Ficava arrumando tudo. Ai de quem
mudasse uma peça, uma coisa do lugar. Gostava ANTIGUIDADES
mie gente, ou de solidão. Tudo - ou nada. Mas
Paulo. Depois abriu loja com Bis Coutlnho,
locomotiva da sociedade paulista, na Praça da
sempre sonhando. Não se ouviu dele uma queixa
pessoal. Seus momentos de reflexão devem ter
Galeria Ypiranga Molduras
República. I)ai foi para a Scarkt Modas, a mais sido terríveis. Mas ninguém os viu. Foi uma per- Feitas com arte, carinho e sensibilidade
famosa da época, com Maria Augusta Teixeira, sonalidade. Eu gostaria de falar muito mais -
na Barso de Itapetfninga. Abriu loja na Avenida
Paulista — Já era o isp da moda. Pode-se dizer
lembrar todos os bons momentos que passamos e
que tivemos juntos. Todos os seus momentos de Máscaras decorativas
tinir a moda brasileira existiu antes e depois dele. glória. Ele inventou as festas produzidas. Quando
Costureiro brasileiro antes dele era piada. Havia da visita de Gunther Sachs ao Brasil, na casa da De inspiração africana. Más-
sim, bons costureiras, que copiavam direitinho a Rua Itacaranha, no Pacaembsr, ele deu uma das caras para teatro e dança exe-
moda e os modelos franceses. Seu costureiro maiores festa.s que Sino Paulo já viu. Brasileira
favorito: Balat'iaga. Mulheres: Coco Chanel e 100%. Os empregados vestidos de Dobre[, en-
cutadas por artista especiali-
Se'biaparelli. feites tropicais, no meio do ambiente criado por zado
Com um jeito gozado. sofisticado - sim' Flávio Phoebo e Sérgio Fonseca. Um deslum- Temos artista de longa experiência que restaura
pllcidacic, temperamento -, ele entrou na alta bramento. Ele diria tudo como um maestro. Tudo
sociedade de Sino Paulo, a mais fechada do Brasil. impecável. Com Dener, na verdade, acaba uma quadros a óleo, imagens, estatuetas e objetos de arte em
Pelo menos na época... Grande amigo de Aracy época. Nós estamos na era das Dauscing Days da geral. Alta responsabilidade e competência.
de Almeida. curtia o ices o Mjchel com igual- vida. Ele detestava isso. Não fazia o seu gênero.
dade. Eu vou lembrar cicie sempre, conto alguém puro,
Das coisas que ele gostava - vida de mulheres bom, amigo. Amante das coisas belas e boas da .;• :tkra Ypirtnga de Decorações Ltda.
celebres, por exemplo — ela sabia mesmo. Tudo. vida. Cultivador da beleza, sacerdote do sonha.
Comprava todos os livros e lia e relia sem parar, Sei que um rua vamos nus encontrar. Não sei a Rud ]pi ranga. 46 ( 1.tranjt'rds .! . Rio de Jan&'irc -
até decorar os mínimos detalhes. Quanto às hora, mas fico por aqui, chorando e lembrando
coisas de que não gostas a, elas simplesmente não dele.
existiam para ele.
Consueio Leandro
nte(igentissimIro. linha uma personalidade
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LAMPIÃO da Esquina
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Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
M o
da parada da diversidade
ESOUINA
mais quando se leia em conta que a bancada do
No dia 7 de novembro, os calLfornianos, além Partido eleita para a Câmara Federal naquele
de reelegerem seu governador e renovarem sua
representação em Washington opinaram sobre
urna série de questões em plebiscito, decidindo
Uma . vitória na Calq'Ó-rnia Evtudo não fi.ii das mais expressivas. Pio Rio,
hiritorre um candidato, que a última hora, decidia,
disputar o.s lotos dessa faixa de eleitores: foi o
que os cigarros (em locais públicos) e os homos- arenista Dias Pereira, cujos cabos eleitorais, na
sexuais (ensinando nas escolas) não incomodam homossexuais, quem?" No País em que o prin- assim: contra gente analfabeta como esse tal de última sexta-feira antes do pleito, distribuíram
tanto afinal de contas. cipal organismo representativo dos psiquiatras já Bniggs. que não entende nada dos seres humanos. panfletos na C'inelân dia, nos quais ele pedia o
se nega a considerar doença a homossexualidade, Cada qual deve cuidar de sua vida. "Num hotel —reconhecimento legal do homossexualismv,"
À chamada proposição número 6 sobre a qual lembrou-se também que eventuais comportamen- de Costa Mesa (sk), após uma cerimônia que Dias Pereira não foi eleito, nem atraiu o interesse
votaram foi apresentada por um senador (John tos imorais de professores, homo ou heterosse- começou com urna prece feita por um pastor bus- desses eleitores específicos, que viram em sua
Briggs) que se preocupa, segundo os que o xuais. já São objeto de legislação cominatória. tista, Briggs declarou que, apesar da derrota, súbita adesão, apenas um oportunismo.
apoiaram, com a 'tendência dos homossexuais a Visitando a capital do Estado, Sacramento, pretende continuar a lutar contra o homosse-
influenciar e promiscuir os jovens". Se aprovada, durante a campanha, o presidente Carter en- xualismo''. (Clóvis Marques) E no entanto, havia um candidato que poderia
ela daria aos diretores de escolas públicas pré- cerrou um discurso bradando heroicamente: ter leia ntado essa bandeira: Jorge Jaime, o menos
universitárias o direito de despedir professores corado de todos os candidatos à deputado à
que defendessem. encorajassem ou promoves-
sem em classe a homossexualidade.
"Vote no on il ("Votem não à proposição
seis!"). Em busca de •'ls.sembléia Legzislarii'a no Estado do Rio. Tivesse
aberto o peito e se apresentado como o autor do
No Beverly Hilton Hotel de Los Angeles
Mas parece que os eleitores desse Estado
americano - onde a situação da homossexua-
realizou-se, após a vitória, um baile relatado coro
alguma ironia per Globo (9/11). O Jornal do
um candidato livro M' nrstr, que t'h,;r,J, um chíssico entendido
dos anos 504 certamente teria obtido uma coração
Um maior. Jorge Jaime não era melhor nem pior
lidade no quadro de práticas e idéias públicas já Brasil e a Folha de São Paulo (onde Paulo Fran- Nos Estados Unidos, os eleitores da Califórnia que qualquer outro candidato da Arena, mas
superou a fa%L do trogloclitismo - estavam eis contou que se manifestaram contra a pro- derrubaram a execrâl'em emenda Briggs, que cometeu um erro básico, ao se candidatar por este
preocupados com problemas mais concretos: ten- posição Hoflvwood em peso, sindicatos operários, pretendia oficializar o preconceito e a discri- partido, identificando,-se, dessa forma, com a
do barrado a proposta cretina por S9 a 41%, jornais, o governador Edmund Hrown e até minação contra os homossexuais nas escalar. No censura, e com (55 evidentes sinais de repressão
mostraram inquietação diante da criminalidade Ronald Reagan) cobriram bem, mas O Estado de Brasil, nas eleiies de IS de novembro, este as- aos homossexuais, que I'êm sendo detectados ul-
aprovando por 71 a 29% a ampliação dos tipos de São Paulo não deu mais que quatro linhas. sunto foi, pela primeira vez, tema de alguns can- timam ente. Dessa forma, nos eis''i,es de 15 de
crimes passíveis de pena de morte. didatos à deputados, entre o.s quais se sobressaiu novembro, as pessoas que rezam pela cartilha do
O Globo encerrou assim sua nota de quatro
Baiardo de Andrade Lima, candidato a deputado L.4 MPI.-4() lei: aram da melhor forma possível, de
A campanha contra a proposição foi ativa. parágrafos: "Manha Haye (a atriz) tomou o federal pelo MDB de Pernambuco. Baiardo não
microfone e gritou: "Queremos nosso País acordo com as circunstâncias. Mas não como
Anúncios em jornais perguntavam: "Depois dos foi eleito, mas t,hiei'e expressiva "atação, ainda desejariam. (AS)
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da parada ela diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
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REPORTAGEM
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LAMPIÃO encomendou ao seu mais
novo fotógrafo, Dimitri Ribeiro, um es 0a0.
tudo fotográfico que reintegrasse à(
paisagem do verão este elemento, sem
dúvida tão essencial quanto as mi.
lheres fotografadas por Manchete.
corpo masculino.
É evidente que, como acontece nas
reportagens feitas pela revista que aqu
citamos, nossos modelos não sabiam
que estavam sendo fotografados, e por
isso se deixaram apanhar na maior das
descontrações. Onde estavam quando
foram feitas as fotos? Em Copacabana,
exatamente como prefere Manchete
Aliás, aproveitamos para sugerir aos
editores da revista: porque não seguir
este caminho, mudando um pouco a
rotina e publicando fotos como estas,
só que coloridas ? Fica o recado.
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tas e com %,írirí s centenas de simpatitintes. A castigam a homessexual idade. Embora, pos- i'ull ri- is miliitiru's i' ti guerrilha j á P tuss u aii . com o
teriormente, na Argentina houvesse alguns O colégio de advogados não se manifestou a
pessoa midi-rit ao mitovimento com entusiasmo, ilui " tvm'ulu'irs, 1: .-jiui- o ttuui'rnn cli- Vitl-lti
períodos constitucionais e funcionários progres- favor dos direitos dos homossexuais. No período
porém sem ter uma idéia clara do que desejava 1 • ' iii',uliultiili ' nu, luu1v'r. Si.' 5' ohnigtiutui tu liuusctui'
sistas, a repressão anti-homessexual se manteve de 1972.- 1973, quando tomou corpo uni vasto
dele. ou do que poderia fazer nele, e o movimen- ii flui s.•i j um tr,ulí É ii-; , iii st il i iu'iu tutu 1. Necessi ta clu,
sem maiores variantes. Quando no governo Ou- processo de democratizaçào, a FLH conseguiu
to por sua parte. não estava em condições de cu'uis,'uisi' ilu 11ult1liliiç'ut. (lii tuui flicilu,', uli- iumiitt rtur'
gania a repressão se acentuou, ou crua 1954, que advogados progressistas de algunsas or- ii' ilu'ltu uli- iiu ' mueirti i' s t' liciiu E este processo, que
orientar os novos membros. Os homossexuais ar- gàniabções de esquerda acedessem em defen-
cemirtus enfrentavam, e enfrentam, gravts- quando do conflito entre a lgr.&a e Perón. um'. uiiÉi uniu ilireç-àu' à -abertura. lOidi' Ftus-orecer,
E recemltemenie, por motivo do Mundial de der os homossexuais detidos. Porém não se ti l ii i.ir, .1 ',it iii5'tu' dos liuinuossi-suiii'.. Si' cli- 19 7 4 a
prulik-inas concretos, porém quase toda a ali- atreseram - ou não o desejavam - a dizer isso
futebol. O governo de Videla decidiu que a M — , iu'Ti'i,i iiuipi'nirli , tic'u'rti (l he impera é ti au-
sirl:ide da Fi .H se orientava em direção aos publicamente.
ti
pena de 21 a 28 dias fosse aumentada para bJ 'sssitui ir (''Pi'('"'tim1i as eturtis (liii' ri-ei--
problemas ideológicos de fundo e aos políticos em
dias. O homossexual detido, que é humilhado e tr'iuuui ', Is lioiiios'.u'xiutuis (lute \'lSQtil diii Buiemrv's
geral. Pensamos a g ora Ziue este foi uru erro que Os ci sui t.i n li-mis de LAMPIÃO nos pergui n-
muitas vezes surrado, geralmente perde o cmii- Aires. Constantemente temem ser detidos pela
limitou e isolou o movimento. .uiui tiraIs são is causas que du.'ti'rniititiuit que a
prego, o ano letivo, e tem graves problemas com polícia nas ruas. seja ule dia ou de noite. A
1k Indo nuodo a li 1-1 ubtcvc alguns êxitos em ri'twu-ss fiuu amuui liuuiuiuusscsuuil mui ' Brasil e na Argen'
sua família. O delicio fica fichado. Abre-se crus liii leni ii,'.iilui nuu,u'ui. a tI-tenção,
sua açito. Pôde coflseiemut i,ar a não poucos ho- iluiti se nua niíi'steuuu uti' uii;iuleir:i dili-rente, Esta 1 ii siL'ilit ti ii
seu nome um prontuário denominado 29-1, e exílio pari umiuiilns hu ' miuursi'xuitiis argentinos_
mossexuais sobre tu legitimidade de suas tendèn- viril liii c\iv'e lona análiw liisiórii';u conifilexa.
cada vez que é detido por qualquer motivo este l"si ti uvIii-niu't uiditu nos 'bri g a a v tilori,ar à de'
das sv'\tIals e sobre como assututir seus desejos Rui-tu (-uutuui'(-;uu'. ti u ' riv'cnt likt(unis'ti tia Argentina se
antecedente aparece. O homossexual se converte mili ' u'rtuv'itl . Na nsi'uiidti de nossas possilril ichu les
hiutuosse tia is, Em muitos meios de difusão, em ni-ltit'i, ' nti com ti Espinha imperial dos Reis
em um cidadão de "segunda categoria". Não ir,itstilli;iniuis por iimuua tilierturti. xtulicnilo quc ii
o mas setelul a oltort umdit Lies em sim lustro 011 Cii "1 i-' is e d ' nu o S arit o Ofício. Os índios Fui imos-
poucas vezes uni professor, ou professora, por luriiuuuv',u iiãi' sA está mii ulircmtti. omiti, também nu
mais, ti F1,H apareceu publicamenle. e isto su'sui:uis ilui liui iii Prima. na época da ui*lônia,
ajudou suspeita de homossexualidade foi despedido do i' s ut iii- i . Os mem b ros da El .1-1 s a
b emos por ex-
ou ti parte cia população e a muitos homnos- i'rtu Iii ci ' n ulu'n tuitos ti ser comidos vivos lieluis da-
eu trabalho. Um jovem chamado a cumprir periência pi'óPni;u quli' ianio ti direita como a es-
scsLi:uis a encarar o problema dos preiuí,os e os e i,urros. l)i'pi ' i',
da pnimneirtu guerra mundial a
com o serviço militar obrigatório, pode ser u,iiu'ritti areciliinas i,'stãi-i l'fliluit i tiiliS de ho-
1 tubos sexuais. Tti m bém. a F LH pôde influir com li,ituui'ssse'iii;i luiltide moi Argentumiti se expandiu,
qualificado pelos médicos militares como ho- ummulu ' l'i, E que tuuula uliliduira - selu cm norrue da
suas pi FuI icações e sua política sobre persona- i-n'sccii: ti inor:il tradicional - por surte! - en-
lidades politicas, religiosas, científicas, sociais, mossexual e é excluído do serviço, porém em t ri uti ciii crise. 1 i omo. quando cia crise niti n utial e ' us-iitu-uI;ul e cristã iui" ou ilti ''classe
artísticas. Este trabalho foi importante na tare- seu documento se dirá o motivo. Se o jovem 19'11). se es alt ti iii o espaço e as possibilidades de operária", atenta contra nossos direitos e contra
fa de conter a homolobia. recruta, homossexual, é incorporado às fileiras u'u'tt i ' pri i ii- ' ". econônilco-sociais, e então na nossas vidas, e contra a liberdade da população
e, já soldado, é "detectado" como homossexual, i,-lzussc uliuuiiiui;tuiti' si' iuuipl'ri- e setor mais auitori- em geral,
Quando a FIJI começou a funcionar. recebeu
as boas-vindas de alguns meios de difusão ("Siete será castigado de acordo com o código militar. O'. luu'uiiu'.au'xii.uis ,i:i El li argeiffina exilados
tánin. uii;ti'. reacionário e puritamio. que se carac-
Dias". 'La Opinión", "As", etc.) e de algumas, Quando foi derrubado pelos militares o - ti-ri,, ' u por sul fidelidade à tradição e tios ' 'ho is ou Fsptimuti:u i'stãii uni tu uiimitu'ntes i'omn a cxístén-
personalidades (Marie Langer, presidente dos governo de Isabel Martines de Perón. começou ci su ii muv's' ' - l i sou tio ' ' niora 1 isrulo' ' para uIsei- cii iii- 1 -' M -'1 Ã0 Sua tilxiriç-iu, luis cEm tilerutui, co
uni período de maior violência política. Em ftuiiu itt' 1 , mier c'lic'i.rtir tu rnilli.iri's ile brasileiros
psiquiatras, algum deputado ou dirigente po- pl iii:' r e suibuiriti ii Ir a população ao xcii esquema
lítico. porém isso de maneira privada). A Igreja março de 1976 enfrentaram-se com violência ili- poder. ii ruI ,"'. 1' sutis pt'io'intisé unia di, lulti que difícil.
Católica nuinetu se manifestou a respeito embora militares e guerrilheiros. O governo militar. li iilu'nv'ni,us stilul.it' Stuiiut;uuii ' s eomii tutl-
''ti,mihicuitc'' homossexual de Buenos Aires
ciii várias oportunidades o solicitássemos: vários para se consolidar, lançou à ofensiva todo o liii rto-ãur e respeito vosso 1 r:m Fui 1 hui eni favor cia
;iluunitis dacidrts é uma '''omiti" que inclui
sacerdotes nos ajudaram e se preocuparam com aparelho repressivo do Estado, Neste momento. tu puipulação e ulur ''gosto p.'la vida" dos
ritilli:iru-s de , PesSOtts 85 muitos divi-rsas. Esiulen-
os presos hutuossevuais cio cárcere de Vilia a FLI-1 decidiu aritodisolver-se. até que existam li,'muiu lssi'x uu;uis, Desejtinio' que vosso trabalho
ii- mii' n ti- este Ftu tu' tem que preocupar a sociedade
Devoto. O g rupo cristão da FLI-I elaborou um condições propícias para o seu funcionamento. uu'tutizi u-iuuttimiuiidtiulc e ulmue se ule'setivuils'ru. Temiios a
dos ''uxiiruiituis' - Há ruias, bares, saunas, que se
documento dirigido aos católicos que foi dia- Não convinha arriscar inutilmente seus ativistas espv'rumis'ti. e não (lius'rv'rmuu us renuiti '.'itir a ela, que
u-irtii'uv'r,,tuuii por serL'ni de ''ambiente". Porém só
trihuiilo entre algiÃs sacerdotes. A esquerda ar- e amigos, e o que se podia fazer era muito dm11 tiluiuims tumnus. nu Argeimtina. puiulerc,iios repetir
emmi rileiiuis uiiu ' iiieuitos. iiitiilui Poco. liumus'e lo-
gentina, em seu conjunto muito anti-homossexu. pouco. a, is'., u-\tre'riéimu'iti - t'uitii iuumitindo o etuntinhiu aber-
v':ires liara ututis'tIr. Fm 19 7 4 existuini vánjius. mas
ai tios ignorou, só um pequeno partido marxista tu' talas publicações - 'ii urtiiurssex tu ali''.' - e
A legislação argentina não outorga qua- fi'clu ti ri mcl ou fora tu fechados. O ''ti m hiente' ' . de
concordou em manter relações conosco. Com nus'" q ti- p lita nikis nos melhores momentos,
(idade de punível à homossexualidade. Ela só u t iitllu t iiu ' r niauieirrl, sobrevive, apelamiulo para a
LlIIt'fli tivemos ótimas relações foi com o Feminis-
aparece na lei nos casos dos chamados delitos ilisu-rii-ão. para ti clandestinidade. Os "mioruiiais''.
111(1. tRkitrdu e Hét'tnr, da Frente de Liberação
contra a honra, como violação e estupro, mas u,hniut:iulus ti viver ir sexo suileito ao esqulemiiti de
Quanto à direita, tivemos com ela vários iJuu,nosscvtiol Argentina no exílio. Tradução:
então lhe é autorgado o mesmo tratamento que ilois ptipi , masculino e feminino. ativo e Pus-
problemas. Quando da matança de E.eiza, a ..tguiiialiIu Siba)
às práticas heterossexuais. Os éditos policiais si u o. macho 01 1 ressor, mulher submetida, se imi-
Página LAMPIÃO da Esquina
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APPAD
i e
da partida da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGN IDADE
REPORTAGEM]
"Não somos turistas, somos fugitivos"
ocs sabem como e: quando o serão esplode no pretu'nsoeç entre todos os argentinos que aqui tlesuuiaru't-em até a noite seguinte. São esses es-
Rio, a cidade parece que fica possuida por uma
chegam. Vi Hugo tinia noite, rapidamente (logo tratagenias que enfurecem os brasileiros e que
esuitacaci e uma urgência de viver que se notam depois Foi praticamente raptado num táxi por lhes deram a má fama de que goiam atualmente.
iii tara das pessoas que andam pela rua. Nunca um serihiir respeitabilissinio). Ele acabasa de
si isso em outro lugar. O carioca, que é um chegar de São Paulo e Ira/ia uma carta de re- Mas que laier? Esses josens pertencem a unia
brasileiro 'sui generis" no seu comportamento comeiuda t-ào pira o tal senhor. Mas no dia se- tuis a siil,cultura. Nãii são mais cia tola geração
hedonista do ano inteiro, aumenta sua vahagrni gluinle, domingo. ele poderia encontrar meu hippie, não pregam o amor unisersal e não se in-
entre tios cnsiiro e Ít'reiro e transmite tudo isso Inilgo á noite, depois de ir ao Mararanà à tarde teru'ssam por qualquer tipo de misticismo.
uns Ícirastc'iros. Para tu pesquisar os argentinos piara assistir ii seu Flamengo jogar. Dentro dc Querem e se cliivrtir. A maioria uleles é cIa baixa
não foi preciso andar muito. Encontrei-os jus- unia semana, disse-ene ele, embarcaria para Sai- classe métlji cm operário', desempregados, de
Lm lei creirti deste ano. um jornal de ampla tamente, num lugar que costumo freqüentar nes- 5 141141 [(h. 1.. o esperas a m. Numa mais Ni Hugo. mãos ialcjaclas e olho rtut ilo ccii a iwrspcet is a tIo
iri'lIlaçw pediu . me tinia reportagem sobre a in. sa época de comichão estival, a Galeria Alaska. luas 'ti it' . nor onde passa. (luisa saudades. O serdadi'irn pra/er. I.'ni deles me explicou o
isito do Brasil por argentinos nus meses de Mas era desse tipo de turista que meu jornal seu (rIu tilti parece ser esse, não se prender a nin- quadro geral da segiu iutt e macieira: ''Nós muàu
% vriu. Fui nt rpouu em qUe Buenos Aires esi as a queria que eu falasse? Os argentinos do verão da g uini. Dvse huscr muita gente por esse Brasil a somos turistas, mas tugitisius. Há aqui unia lilwr.
ia moda e no havia brasileiro que se prezasse e Galeria Alaska não são propriamente o protótipo In ia lSfltIiti(lt) ansiosamente por sua solta. ilade (lime não existe cm nosso país. liberdade de
oifl algo os ro/ei ros nu bolso que lial) (lesse SCO com que sonha a indústria turística de qualquer nios inieui tiis. de dormir na praia. liberdade se-
Oro por pIq.!as porlenhas para comprar muamba pais. Fui por isso que enfeitei um pouco a his- Mas Ilugo não é, de fato, o arquétipo do
sutil. A Argentina é repressora e puritana, o
e voencr barato. Não dii rito muito esse cicio, mas (ária, para torná-la mais digerível. E só hoje, uni argentino (lute passa o serão no Rio. Eles
mediu da prisão rotula as i'squinas.
clik inilhates iii p11 riu itt5 se aproseilaram, apesar quando se inicia mais uni serão carioca e os .uo são. cm geral. muitos alegres ou coniuni-
de '4111 rum ela carne a hostilidade dos hóspedes, argentinos começam a aparecer de novo, é que es- ulisos: não têni o aspecto siudásel de uni surfis-
a do Arpiiador, por exemplo, e se portam quase (uno tiáti si rendei a tais argumentos? Há
restilt acli, di humilhação pela moeda iii iii a(la e a crevo tudo sobre uma experiência que me co-
turno ii rgência ruelc's
de pros ar cli tudo que tu ci-
dciuli,iciui geral do país. Muitos brasileiros, in- moveu e fascinou. suitire de maneira agressisa e inquieta, sem ab-
Os freqiieuitadorcs argentinos da Galeria são ir.- naturalmente, dos Ii o de afirmação e dade ot ri-el' que é quase coo st rangedora, (-orno
clusisu amigos nicos, du'rani sesanies em Buenos se tivessem vivido a lerros por muito tempo, ou
isi,;i,,jantlo como árabes e comportando-se todos mutilo jost-ns: nenhum deles têm mais de 2 machisnio, bem portenhos. E esse conjtznlci de
anos. O longo caminho que percorrem, de Buenos fatores r I uti' gera certa perplexidade e temor nos sido iiiiidu-nailos a partir um [)r&-%c para c des-
1111110 gringos t'iii terra coloiii ,ada. Um desses
Aires ao Rio, i' quase sempre Feito na base da que poderiam "ajuda. los". Alem disso, são de merriu. São esses traços que, a meti ser, os tornam
antigos uniu ou . me muito orgulhoso que jantava
carona, com paradas cm Porto Alegre e São tinia solreguitiãc, e de uma pressa para gu/ar tudo (lesa rniuuii is. E i-lt-s sobem disso, como também
titia noite num restaurante diferente, mas sem-
Paulo. Muitas se/es eles são ficando, também, ii que o Rio, o serão, o sol e a praia pode lhes dar, já descobriram que o hrasilcirui é geralmente
tire os de cinto estrelas. escolhendo o prato mais itolhctlor.
raro ciii cardápio. lilesmo sem saber de que cnn- por outros Imutos, mas a meta é sempre o Rio. O ulite um garoto brasileiro ao lado deles parece
SisI ia. N uma dessas Imites regadas a s inho, ele polito de reli'rrncia é a Galeria, onde em certas uma mocinha do Sacré Cocur. Se não arranjam
rinites frenéticas se ouse mais castelhano do que Coou o iuiíc'uo cia temporada de calor eles sirão
pediu e qual num Foi sua surpresa tini teto litura passar a noite, não (eraminiportân-
jacrttigués, ou euiiào cima mistura de gírias por- la. A praia é grande e ampla e se a polícia os se misturar outra 5C7 com os gaúchos, catarinen-
quando lhe trouxeram uni sers iço de prata meia ses, paranaenses e pau]Hstas que aqui chagam
titi ,it de leslitaS. Frui o castigo que vinha a galope. Ii-,iha e carioca. Eles sempre andam em pequenos prender eles estimo com os documentos em ordem,
afirmam or g ulhosamente. Acontece que muito pira ober ast'nturis que riem sempre acabam
-pesar disso, essa pessoa não se corrigiu e con- grupos de dois ciui três, rotulando bares e infer.
ninhos. querendo dar pra/e,", como um medis. 1K-til. Ma s podemos
m lhes negar nossa simpatia?
tiujua tão ha,nfia quanto antes, sempre falando freqüeuitenieiite, são presos por estarem dormin.
se . Acontece que o prater que eles querem dar es- tIo na praia, mas na noite seguinte já estão outra Num contexto tão complicado como o atual, é
uni uo,inhn Francesa, tradição, família, pro- tinia alegria saber que existe uma cidade como o
prirdadi e coisas por ai. Não me perguntem como tu cada se, mais difícil de ser aceito, pois há uma se, firme', na Galeria.
Fama que sem afirmando entre a clientela da Rio. t-apa, de ainda, despertar tantas ilusões. E
que eu sou amigo dele. Como sei que ele lê o Essa é a meu ser, uma serdadeira experiência pura os argentinos essas ilusiws (levem ser impor-
ii ', esta é a minha maior e mais doce sin• Galeria de que argentino só quer mesmo comer e de liberdade. Dão-se ao luxo de imporem cnn-
dormir. Uni amigo meu, no entanto, é totalmente lanlcssiiiitus. E não é só o Rio que é para eles o
ganca: estou com t-omiehuuj nos dedos de vontade tiiçeS 1(4% que os tons idam para as suas casas, e, paraiso com que sonham, é o Brasil inteiro.
tu' escreser seu nome. Mas deixa pra lá. Que ele contrário a essa idéia e conta a história de Hugo. desde que ti'ciham sentado na mesa de bar
20 anos, amante de praia e futebol, que passa Muitos deles acham que o Rio é apenas uma
saiba. porém. que todas as s ('FCS cm que me -
quem os convidou e tenham comido rapidamente ctIpa para a aventura maior, na Bahia, "onde
oturigui a nus ir suas habaquices eu fico me di,endo ditas nu três se/es por ano pelo Rio em suas cons- tini sanduiche que tomaram a liberdade de pedir acontece o melhor carnasal do mundo", como um
lesma cicie! tantes siagt'iis neto litoral brasileiro, que é não só sem perguntar se podiam, pouco se lhes dá que o deles afirmou. Que senham, e que consigam nos
Ah. sim, eu estava falando nwsino dos argen- o amante mais exímio que se pa inizw como pagarule tique depois de mão abanando. "Vou ali unos encer de que estamos s iscnc$o no melhor dos
tinos que aportam por aqui nos meses de serão. também o mais honesto e modesto em suas e já solto". di,em. depois di' alimentados, e rnuin(tos. 11 r,incisst Itt ktt:'tirt
afie*o
denúncias da matança
.4 partir d. , outubro de 1972. a suuaçto po
lítuo e e(-oni,flzua ti,, (hile ,,,rnous,-, a meu ter.
- sin,ii,'aj, i, A/uni do ,n,iu.s. eu acuava que àquela
altura ser entendido era urna espécie de garan-
delas. Portanto, t'ê se toma cuidado. ' ' Aos
poui(.,,5, passaram a circular mais e mais histórias
doze altos de trabalho; ,nas eu estala apavorado e
ae'ahc'i jtigamzdii no fogo doi,ç te'ni'iJ da minha
ussusfi-ntuiu'I: ti pais titia totalmente incerto tia. Mas essa .sup,,siçã., começou a (e desfazer desse .tipo. Os militares começavam a queimar coleção. O resto foi salto por tm dos meus
qttU?(tI( at futuro. liaiia alguma ('lusa pairando logo qurfoi transmitida uma portaria pelo rádi,, e toda literatura considerada mar.eisla, que tou'omi- p n,,di'l,,s que era da policia e se ofereceu para
fl.( ar. 1.ntà,i s.,hr('t('ut aquele tenebroso Ii de TV. proibindo cabeludas. barbadas e mulheres tral'tz,n nas livrarias e mias casas. Quei,nara,n até guardar I,,,,a parte dos negativos mio seu armário
.seIt'mbr1, de 1973, Quero rnoraia perto das es de calças cmiprulas. Tais ci,.stu,mle.s "marxistas" litros sobre cubi.s mui, a('JIa,,d(, que se tralasa de di, postci policial.
taçJes de rodo, do gott'rPz,,, das fábricas e das dc ... iam desaparecer do Chile... No dia segui,:zejá propaganda sobre Cuba e Fidel Castro, Uma por- Em novembro, as piscinas reabriram: assin,
universidades aci.rd,,u com o barulho de bombas te podia comprar pão 17(1 PP1CII bairro. Enquanto tarja foi baixada pr,jibindo material pornográfico (' 1 , p vtl, as pratas, era ai onde. tradício,ial,nente.
e metralhadoras. Nesse mesmo dia o Palácio do nãse.spt-rtii'amnso na /':la, um pelotão militar nos mil) puis _ tnçluíam-se ai fotos de' homens ,itis, ,7(ais se paquerava Pio Chile. Desta u'c'z, porém, as
(j,t,t'rpj,, foi h,,m/,arjc-ud,, e queimado. As tropas cercou; tis soldados agarrara,n (iS ho pne,i co- matinal relativo à sexologia. revistas para ho- piscinas f'icava,mi cerradas por policiais de u,,ijor'
rebeldes destruíram a taça do piem Pahlo Ne- I,t'ludo.s e as moças de calças compridas. de tal me,ts, tiilitl) ,iac'i4,,tais quan estrangeiras. Foi as- 17,1' cinza e ,,it'tralhadora, tornando-se impossível
;toda. pn,,d., que multa gente saiu até machucada. si,n que Marx e Hug/: Hefner do Piayboy aca- paquerar OU ,nes'pno encontrar amigos: por causa
F'sthele't'eu-se uni tique de recolher rigo- Solorarani apenas eahel,is cortada e trapos pelo baram juntos na mesma fogueira. do t'.stad,, de guerra interna. subsistia a proibição
roso, tu' mi,di, que P(uP(gUePfl podia deixar suas riià,. Logo que ,',,Itarupp, a circular. i,s jornais de formar grupos. Muitas vezes também. corria-
talas. Os operários. inclusiu'e, deviam perma- Unia semana api.s o go/pe, a ('onszttun,'ão e as puseram-se a acusar os marxistas, homossexuais se o risco de paquerar Pl1('ii11s à paisana: com is-
necer nas fábricas. As rádios passaram a trans- li-is estalam suspensas. o Parlamento tinha sido 1' delrmzquente.s de elementos perniciosos à so- 5,i. podia-se ir direzamente para a cadeia. Em
mitir música americana e a televisão só apresto- fechado e havia ordens-de-prisào contra sena- ciedade. Depois disso começaram as batidas certas circumistõmiria.s, .,i,s li, ,mossexuais podiam
lata programas americanos. As únicos notícias dores e deputados dos partidos ligados ali antigo policiais nos lugares entendidos. Todos os pontos lazer pegaçãi, à vontade, em lugares mais fre-
tksponivezs vinham através da Voz da América e gol't'rmz(,. Nesse mesmo dia, a companhia tele- frequentados pelas bichas forani fechados e seus quentados por turisias: buscava-se. assim. dar a
da Rádio Moscou. Foi a.çs,,n que o pot'o chileno (ânit'a, que tio/ia sido nacionalizada. foi devol- Juuclo,iari Is. pia melhor das hipáteses, acabara,,, i,npressuo de que —u liberdade tinha sido recaiu-
fitou sabendo que o Preside- pite Salvador 4/le',,de vida à 11'T americana. Assim, cem anos de de- tpuc/,, pura liS campos de concentração. No Chile, quistada no Chile —. Mas quando saíam desses
e muitos políticos eminentes tinham ,,u'rido. pmiot'riicia e liberdade era,n enterrados por tempo as /,,c'/,as administravam 60% das casas depros- tiigart5 as infelizes bichas eram i,nediatame,ue
tndezt'rnsi,iado. Telefonei para alguns amigos, tituiçào: ficamos subemido que elas todas foram agarradas por uma patrulha ,nilitar ou pela
As luzas continuaram por vários dias. Podia-
se ,nn',r, o tempo rodo, o barulhode tiros e ex- tenta,u di saber outras notícias: a situaçào parecia mortas. Nesse período, aliás, começaram a polícia Secreta.
plosões. Tré.ç dias após o golpe. caminhões mi- a mesma. por lodos os lados; morte, pânico e aparecer cadáveres boiando nas águas do Ma- Fiaria muitos casas de gente presa que a
litares vieram até uma Jóbrica perto de minha brutalidade. Era dijh'il acreditar que aquilo es- pinho. o rio que atravessa Santiago. Tratava-se família não conseguia localizar. Comit única e
tala acontecendo em pneu pais; sim, o fascismo de gente fuzilada pelo Lércifl). Muitas pessoas derradeira resposta, 4)5 familiares recebiam das
casa. Os opc'rários, que ti,,htun permanecido no autoridades uni pacote coma as roupas da pessoa
s,,hrei'i,'ia e estava 'irrastando o Chile. Quantos pagavam garotos que usas'a,,i amplas varas para
lotal de trabalho em obediência à ordem da Junta desaparecida. Se os parentes protestavam que ti
amigos teria ,mi m,)rrido, quantos teriam sido puxar os cadáveres até às margens: com isso. os
I.-fi/,iar. foram chamados para Jiro e implacavel- pessoa não era marxista nem homossexual, as
agarrados pelas patrulhas? Essa gente não fazia familiares busca van encontrar seus desapare'
mente fuzilados, cinco dias api'Is o golpe, autoridades davanu sempre a mnesna desculpa:
guerrilha nem política: eram apenas artistas, es- calos. Qua,itos desses seriam homossexuais?
afro uxou-se o toque de recolher, permitindo-se crm,res. gente de idéias progressistas. Eu sabia "Somos todos humanos. Também cometemos
Que,,i poderia dizer,.. Ao mesmo tempo. ,nuitos
que o povo saísse durante cinco horas. Mesmo as- l'rri
que muitos e muitos dentre eles eram homos- cidadãos inofensivos entraram em pânico, ante a
sim, era perigoso andar pelas ruas, porque ainda Segundo as novos donos de poder. ''a liber-
sexuais. Isso tudo me horrorizava. brutalidade fascista: para conseguirem a simpatia
havia fot'iu de resistência armada, leais ao dade foi restaurada com a queda do regime mar-
Prt'sidt' pute 4 1/cade. Mas o pato precisava ir fazer Por relej;ne, um amigo me perguntou se eu dos novos senhores, eles denunciavam tanto as
sabia o que os milicos andavam fazendo com as pessoas de idéias progressistas quanto aquelas xista do Presidente Allende", Na época em que
compras e se aha.su','er. Durante a viagem de deixei pneu país, a Junta Militar afirmava que os
bichas. Respondi que não sabia. Ai meu amigo suspeitas de serem h,,mossexuais.
t,nibu.s até ,, mercado, fomos barrados curaas unico.ç adversários das Forças Armadas C'hile,ias
Vezes por patrulhas militares que examinaram os mar contou - ''Fies estão afim de h,,tar a bicharada O toque de recolher deixat'a agora tempo dis-
titula em campo de citncentraç'àt,. Me disseram pomtíi'el entre as 7 da manhã e as 9 da noite. Então estavam tentando 4 irganizar guerrilhas para lutar
d,,cumv p,sos de todos. Por duas tezes, o tini mos contra o regimne. Naturalme,ite, diziam eles. os
precisou partir porque uma pnuitidãt, bloqueava o que outro dia três bichas pegaram 0115 soldados e a gente podia visitar ai amigos: é verdade que
foram todos para um bar conversar. Os soldados precisávamos tomar cuidado em não ter mais de guerrilheiros .'rani t,td,s, marxistas homossexuais.
caminho: estavam a.sststu,d,, ao fuzilamnenro de
deixara,,, endereços e fisra,,i embora; o de sem- duas visitas em casa; isso poderia se,- considerado (Artigo do Chileno Carlos Manuel publicado na
estudantes. •,pieruru)s e j',litu'ii.s, por pi'lot.5es do
Exército. pre. claro. Quando as bichas saíram do bar, uma n'anua, subversiva e merecer denúncia de aI' rei'tsta norte-americana "Vector", em jsnho.. de
toparam com um pelotão lá fora. Os três .soldados gum vizinho. Meus amigos começaram a insistir 1974, Tradução: João Sjli't'rjo Trei'ivaii)
Pessoa/mente, eu nada tinha a temer. Nunca apontaram para as bichas. que foram agarradas e em que eu destruísse utinhas fotos de ,,iis mas-
me metera em política nem pertencia a nenhum levadas em hora, Até hoje não o- tem noticia eu/aios. Parecia-me terrível a idéia de queimar
LAMPIÃO da Esquina Página 7
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Centro de Documentação
APPAD
i
d prado da dtsursululu
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
[REPORTAGEM J
Buenos Aires: dois policiais por quarteirão
"exibir-se em via pública ou lugares públicos ves- legacia. o chefe OS esperava com o Código Penal uma ciiispiraçi comunista: "O marxismo
tido ou disfarçado com roupas do outro sexo' aberto: M. estava sendo acusado de corrupção de utilizou e utiliza a homossexualidade como um
(Portaria de 1949): incitar ou oferecer-se pu- menores. Em torno deles, ID Policiais olhavam a instrumento para sua penetração e como aliada
hlicamente ao ato carnal, seja qual for o sexo" cena deliciados. M. negou com veemência que pura seus objetivos. Mas iodo mundo sabe que
[mesma portaria). Condenação prevista em lisesse feito propostas indecorosas ao outro rapa]. nos países comunistas os maricas aio tratado s
decreto de 1940: depois de advertir o "pederasta" E só escapou porque encontraram sua credencial como uni verdadeiro vicio social, dai margina-
(sie) por duas vezes, pune-se com prisão que pode da Assembléia Legislativa, onde trabalhava. Bas- li-todos, exterminados e silos exatamente somo
chegar a 30 dias - sem possibilidade de subs- tou um telefonema e um deputado. M. foi Ii- são: um grande mal. l ... ( Os marxistas exportam
tituição por multa. Eviden(emente, essas dire- herado. Até quando? a homossexualidade mas tomam cuidado para
trizes valem até hoje. o peodo
ri ' mais repressivo foi tol sem
dúvidao nio t- Ia dentro de casa.
(M. fala dos dramas). Estava caçando na es- governo de Isuhelita Perón e seu tenebroso Minis- Em relação àqueles invertidos que já existem
Na Argentina já houve um dia uma Frente de
tação ferroviária. Conheceu um rapaz. Logo que tro do Bem-Estar Social, Lopez Rega. Ele or- entre nós, propomos que sejam enfiados em Cam-
Libertação Homossexual, ativa durante muitos
chegaram ao ponto de ônibus, foram inespera- ganizou o grupo pára-militar chamado Triple A, pos para reeducação e trabalho forçado, de tal
anos, se bem que restrita a uma pequena elite.
damente cercados por quatro homens, policiais à com fins políticos e moralizadores. Em 1975, El modo que responderão a duas necessidades de
Ela se salientou sobretudo no breve período li-
paisana que lá estavam exclusivamente para Caudhilo, jornal oficial desse Ministério e poria- uma só vez: serão separados do resto da sociedade
beratório do governo Cámpora, quando chegou
"moralizar". Como os homens gritavam, formou- voz da direita peronista, publicou violenta ma- e compensarão o Pais pela perda de um homem
até a participar de manifestações públicas. Dai
porque não foi surpreendente. sabendo que seus se uma pequena multidão em volta. Na verdade, o téria contra os homossexuais argentinos, sem es- útil."
interrogatório dos dois rapazes começou ali mes- quecer de mencionar particularmente a Frente de A ameaça não se restringe. evidentemente,
membros tiveram de partir para o calho, encon-
mo, em separado. Desgraçadamente. M. e o Liberação: as homens:
trar um deles nu Brasil. Conheci M. e a primeira
rapazinho não tinham tido tempo de fazei' algo "Temos que acabar de vez com os homos- "As mulheres que vão contra a corrente 1...)
coisa que ficamos sabendo foi sobre Buenos
primordial em qualquer paquera: eI minuto, ou sexuais. Precisamos formar Esquadrões de Vi- siso metade machonas e metade marxistas. Trata-
Aires:
- f uma cidade tomada. Existem dois po- seja, inventar rapidamente histórias sobre gilância que façam uma limpeza nas ruas e se dessas que andam por ai em motocicletas, pen-
liciais por quarteirão, no centro. Os pontos de amizade antiga entre ambos. De lato, eles caíram agarrem esses Indivíduos vestidos de mulher. sando que são Iguais aos homens. ( ... ) Tomam
em contradição nas respostas. Pior ainda: o Devemos cortar-lhes os cabelos e deisa-los hormônios masculinos, têm voz grossa e mais de
paquera estão vazios. Buenos Aires vive mer-
amarrados em irsores, com cartazes dependu- uma vez participaram em atentados contra a vida
gulhada na paranóia. Isso ocorre não só com os rapazinho era menor. Chegaram várias rádio-
homossexuais, evidentemente. Tudo lá é peri- patrulhas, uma verdadeira operação policial. Os rados, explicando os motivos. No queremos mala de policiais e soldados."
homossexuais. Que eles partam para as nações E 'is o grito final:
goso. dois contraventores foram levados em carros
Paquerar é delito. Delito por comércio carnal. diferentes. Enquanto rodavam a esmo, os p0- amigas." E preciso acabar com os homossexuais.
ic í.,q,n ;nc,n,rnrÂp tia —1,—n N. tia, A homossexualidade é tida como parte de Devemos traneaflã' [os ou matá-los."
meluco,:
que viva e! macho
É um país muito estranho. o México. ('ore cicatrizes e silêncios seculares. Sua ternura é 'lado positivo, que é encontrar seus iguais. De tal significa um compromisso e isso ninguém
quase três mil quilômetros de fronteira aberta tocante _ abraçam-w, tocam-se, beijam-se. Mas negativo existem as pressões que sentimos e que quer. só se pensa nua, passatempo rápido. Eu
cont o.', vtadov Unidos, pode ser invadido à não conheço nenhum país tão adoecido pelo nos deixam permanentemente humilhado,',. 'enho procss'ando isso a ,'ida toda e ainda não en-
velocidade de 50 quilômetros por hora - o ritmo machismo, onde a mulher é total objeto de con- - Carr, e,, - O aspecto mais negativo é que confiei.
dos tanques americanos. Precisa dos Estados sumo e sofre todas as formas de repressão. O muitas vezes dá impressão que os homossexuais
Unidos em tudo, inclusive, para o turismo: o lwmt'tn tem seu protótipo tia ifigura do charro de não têm direito à sua dignidade. Eles se aceitam * 0 utili' vocês pensam das batidas policiais cio-
México, tende até a "mexicanidad" aos gringos, chapelão, a cavalo, orgulhoso e valentão - uma como seres deformados, como erros da natureza, ira o h o mossexuais?
de tal modo que corre o risco de se folciorizar figura to folclõrica no México quanto a baiana ou. na melhor das hipóteses, acreditam que
cada vez mais, matando a verdadeira expressão no Brasil. Na verdade, ser muv macho é uma somos, emocionalmente, imaturos, como dizem
cultural de suas variadas e ricas etnias. Trata-se autêntica virtude nacional, ,4o contrário', ser ' psicanalistas. - fInita: Não acredito que a' autoridades se im-
de um país que, apesar do,', sucessivos massacres, ,nciri,,tli. jIS. (luto ou l,,'c-u 'merece i ores - /t ri.u',,' Eçse.s aspectos negativos existem por- portem muito com o homossexualismo. O que
ainda é, basicamente, feito de índios, fato que lhe humilhações. De fato, são bastante comuns as elas querem mesmo é obter lucros ou fazer pu-
que em nosso país estamos condicionados a
propicia uma nacionalidade muito enraizada e haidas na Zona Rosa - lugar chique da cidade, deformações e sofremos fortes pressã ei' sociais. blicidade em torno de seu.', nomes.
original. São esses dois elementos, entretanto, muito freqüentada por homossexuais. .4.s poucas - Ricarei,w O pior de tudo é que o ambiente - Manha: .4 exploração de que somos vítimas,
que formam o grande paradoxo mexicano: a iii- boates entendidas, também gozam da mais com- homossexual está bastante prostituído. Já me visa ao lucro e é alarmante. Não creio que essas
vasào permanente dos americanos (lá desde as piela insegurança. E sabido que já entre os an- meti com pessoas muito dt'flceis. isso deprime a agressões contra agente possam'qcabarfacilmen-
antigos territórios perdidos, como a Califórnia e o tigos astecas hasta puniçõe.s terríveis para o gente: especialmente, quando se quer algo mais te.
Texas), e a defesa nacional encastelada na célula culto,' (termo natural para designar a bicha)t do que uma mera relação sexual passageira, a - Carmen' Faz algum tempo apareceu um
familiar, núcleo de preservação de seus sabres entretanto, por mais paradoxal que pareça, os gente acaba ficando decepcionado. Existe a parte documento muito i(nportante, publicado nos jor-
culturais. primeiro.s espanhóis se espantaram com os cos- nai.s daqui. Um grupo de intelectuais se opunha,
positiva, de que somos um conjunto e com isso
Por um lado, a ameaça de descaracterização e tumes a.tecas: homens se vestiam como mulheres abertamente a que as autoridades continuassem
podemos no.s defender.
perda de identidade: lembra do ateu espanto ao para si' Prostituírem. orgia.s masculinas eram dando batidas contra os homossexuais: diziam
ver na Cidade do México, aqueles garotões com comuns no centro do país e a prática homossexual * Cni' ,í que vocês procuram um parceiro? que isso não é motivado por nenhuma necessi -
cara de índio, cabelos compridos, calças largas fazia parte dos hábitos sacerdotais. Correr es- riade social. 'Idas sim por arbitrariedades, só para
axadrezadas, equilibrando-se sobre as sapatos de creveu para os reis de Espanha: "Eles aqui são - Rosita: A melhor maneira é procurar na roda dar publicidade a determinados personagens
plataforma altks'ima (então no auge da moda). todos sodomitas". de amigos. Nunca procuro gente desconhecida, políticos e funcionários do governo. Neste país, o
Por outra lado, existe a ameaça da xenofobia. Dai Uma revista mexicana da atualidade reuniu porque acaba trazendo muitas complicações. No homossexual tem sido considerado um cidadão de
porque não é fácil ser homossexual nesse país: um grupo de homossexuais de ambos os sexos, trabalho então, a gente corre o risco de se expor segunda classe e sofre uma repressão absolu-
anda-se numa corda bambu,. A moda do "gay para falarem sobre suas vidas e seu.',' problemas. demasiado. tamente anticonstitucional.
liberation " pode atingir o México, com a mesma Na verdade, tratava-se de um fato nada comum - Murrha: Os encontros são sempre muito - J.,sé /-,n,'iqu': Acho que nós mesmos facili-
voracidade dos demais modas. Mas se um homos- na imprensa local. E verdade que todos apare- casuais. Já me aconteceu encontrar até mulheres tamos a existência de batidas e chantagens. Como
sexual precisa defender-se dos modismos ame- ceram com nomes' falsos: três mulheres e três heterossexuais que de algum modo queriam ter temo,s medo no trabalho e em casa, então per-
ricanas, também deve enfrentar a barreira na- homens, de idade entre 30e 50 anos. Aqui segue experiências homossexuais. 'atas prefiro buscar mitimos que façam chantagem conosco. E por is-
cionalista-familiar, fortíssima em todo o país, in- uni pouco do que eles disseram sobre ser homos' uma relação estável. 54.) que a polícia prendi' a gente com tanta tran-
clusive, na capital (um monstra de 12 milhões de sexual no contraditório pais do machismo. - ('arme,,: Esse é um dos problemas mais graves quilidade e nas ficha sem motivo. Não é delito ser
para os homossexuais. Muitas vezes a gente homossexual. Então, se a gente enfrentasse a
habitantes). Por que seis são hm,,ssexuai,s?
O mexicano está sempre agarrado à família, prolonga relações já desgastadas, apenas por situação exigindo que se comprovassem as
com um cordão umbilical, dificilmente seccio- AIjrtha.' Sou homossexual porque reajo fi- medo de ficar sozinha. Eu não gosto nem de dos- acusações, seria diferente. 'alas como temos medo
nável: se não mura com os pais, vive com algum siologicamente, assim. Não concordo com as conhecidos nem de gente que busca satisfazer sua de chantagem, eles se aproveitam da gente.
parente (existe sempre um "compadrito" dis- teorias psicanalíticas que dizem que a gente se curiosidade. Lata liberalização social nos aju- -- ( 'aro, 'o )'So México, isso tudo si' faz ilegal-
ponha'!) - e deve pagar tributos à tradição torna hoMossexual por causa da educação ou daria muito. Poderíamos ter lugares específicos mente.
moralista. Daí porque muitas bichas têm os seus graças a coisas que nos acontecem quando somos onde a gt'a:e iria se conhecer vens receio. Os E por isso devemos dar um ha.s-
cubículossó para programas: em geral, um grupo crianças. heterov',-exaai.s criaram um mundo que favorece ta. Não sabemos sequer ,voh que acusação nos
de amigo.', aluga em comum quartinhos de em- - Artur,,: Sou homossexual porque acho que es- seus encontros, nós não. prendem. De,'eriamo v consultar um advogado
pregada que ficam no terraço dos edijfcios, se- sa é minha maneira de sentir. Existem homos- - (sé Enrique: E muito difícil para os homos- para a policia saber que estamos preparados. A
paradas dos apartamentos. A extrema clandes- sexuais que precisam de psicanálise, ms isso sexuais encontrarem um parceiro num lugar es- gente deis' .sefazer respeitar pela polícia. -
rinidade dai resultante cria, naturalmente, nada tem a ver com suas prejerências ,sexuais e pecífico. .4 gente tenta encontrar uma transa num - C'aroren: Acho que a polícia nos reprime como
problemas novos: proliferam os michês -- sim com sua problemática interna. bar ou em cinemas. Pode ser que dai nasça uma pretexto, para demonstrar que o poder ainda
chamados Cl-íJ( 'HIFOS - geralmente perigosos - Ri -zrd : Sou homossexual porque nasci assim, relação mais prolongada. Eu já tive duas expe- co nsegue fazer o que bem entende num paí.s sem
e chantagistas, enquanto a polícia, por sua vez, 'ate curou muito aceitar isso. Me mandaram até riência,', desse tipo, em lugares diferentes. con,sciencia política.
fica sempre vigilante para dar a famosa mordida, para um psiquiatra: foi coza ele que tive minha - Arturo: Aqui no México é muito difícil encon- - Ri urdo: 'alas no ,-'vtixko existem entraves em
uma instituição nacional tão importante quanto o primeira experiência homossexual. trar uma transa, porque não existem lugares todas as partes, até na religião. Fui educado num
PRI (partido do governo). Canso ganham pouco, propícias. Havia alguns que foram fechadas colégio de padre.s: para poder me aceitar, passei
- ('armem, Acho que sou homossexual porque
alguns policiais buscam completar o salário com nasci assim. Mas por que fazer essa pergunta pra )hou:es, por exemplo). e noutros, existe sempre o por milha re.s de situações traumáticas que
Ias mordidas, ou seja, praticam extorsões em medo de uma repressão policial ou de chantagem. precisei vencer. Mesmo assim, se me perguntas-
nós? Eu poderia perguntar, também, porque você
todos os wí,'ei,s. Por isso, deve-se tomar especial é heterossexual..
- Ri-ardo: Eu acho que é fácil encontrar uma vem o que gostaria de ser, caso nascesse de novo,
cuidado na época de Natal: os policiais precisam transa nos poucos lugares entendidos. O difícil é eu diria: quero ser homossexual. Porque é muito
* O que isehiam do ambiente homsse_vual O) gostoso. (Entrevisia publicada na revista —Suces-
de dinheiro extra para os presentes à família. encontrar alguém para uma relação sentimental.
A alma do.s mexicanos é complexa. .4s suces- Em qualquer es-quina da Avenida Insurgentes, sos jura t),/os '', is.' 2218, 14175, México, id,,
sivas invasões e perseguiçõe.s deixaram marcas de - ,t'far,hu No ambiente homossexual tem um tem gente para transar. Mas a relação sv'nvimen- Si/é ri,, Trei'i,su,,)
Leia à página 16 um capitulo do romance "O Beijo da Mulher Aranha", do argentino Manuel Puig 1
1
Página 8 LAMI'IAO da Lsquína
** Centro de Documentação
APPAD
i'i e
da parada da divcrsiduidv
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
Ç5Ei)
Chico Buarque e Enuiliano Queirós apresentam
Geni*valdo,
!TL-
a. malancIrona
li
Opera do Mendigo tiohn Ga. Inglaterra. u ti i ti,',, b,u u- i . li 1 i tu;, . quis'u, ';u iii,
1`8 1 . ( ) pe ra dos Tr's Vinténs Itrecli 1 .Ak • 'ursi','luiueuiur' tu,,, dia. F nós t;un,bén,
ni iii 1 ' 1. Opera cio Malandro ( (1i co Ri ti r• quir- t;uri,tiuii mor-
til- Il ' It,ntla Rr.sil. I')''t) - -- ' si;i ti ttijei.rjti 1,1111h11. iuu(' '.i'i'eni.^ iiltuti',u utinibém. Pus,' isso é
ii.' i.':ii ii. ik' tinia Uihiiltt que cinta a ilis,n'a nhiiis ' rui,- 0:1 ,,iiuil,;i i'tiuuuiào. tu tutor Iviii qtuu.' estar r'oni
Iii iji.!tI itt. Romt'iii ti c..rriipço do indivíduo pcio 1 iuti riu;i, ii,. colidi.ano. Porque tu di-
mli' iulii,. () qiui' . iria é a forns.i. hote mais sidi'. r. ,it 1-e fl ' s é uma cais;, ,,'han,adtu
tu-ad;' ti,l., sri mais arriparado pela legalidade. , ,i, 1'' 1 uui.l;u tI,' 1-" i i .-s "ii.', .: (lixando suou ()cflj, na
Mt.ri.'i.i 1 Se, cru, e o e.'nl til,, uiveio aio, todo ii 11,-li,, 1 . ' . I;i ' i. i. ti .iuiali'.c s'' hill a iv'l ,u,liligi';it.'
i p i'l:i de Iodos .s nAs, tinia serdadeira. palco. estou imune às leis bloqueadoras da
,'ictu,'i.. Quiiiiilu, passei i. fase da f..rmtilaçA., fhk'a
Api- cii Á ii,,sa ti di, Malandro, tem de 1 tido o m sociedade. Pela natureza do meu trabalho, pelo
ck' Getii . com Ferutinili. Pinto e Glu.rinhti Bealt- torci'.,' cl,. ;utttuli '.tti puni une i.or eni etisdi cm
110k1 1,11. Ao a da ii ti r ti verdade maior A nossa, es-' falo de ser um ator, Emiliano Queirós tem toda
n,itller. é que si o quão Geni cai forte, era signi- 'tatu ia itt':, . para itie por no as i A a e sair dele iran
1.,-dfki. hrti'.ileirzi. Chie., malandro que é, tt perniissis'idade do mundo. Ali eu posso ser,
fii';,tiu ti. Mtis me ftiluaa saber o quanto eu tinha iii'iil,, Quando lixei- iic ti'.-.iiu,lir o ni&',i ('uniti,r.
tu. ' di fiei tu determinados lrsu.naecn s. que pude'.- sem censuras., um homem de quarenta anos
a ' cc e -a, ela. E cii tenho tudo a ver. Assim se deu t;uuoenio F;ucc As rci,rtis do jogo social, face à
seio. desta (,lrm a, representar diretamente nossas coto os pés no futuro. Posso abrir as pernas e
a 1 . ,.'.:.o rc'ipr..c:.. minha e de de Geni pci;, vu..iêi,,-i;u e o trccu l u,,'euto das pcssccus - nesse
aia li'.' is tu p iii q a in s nossos preconceitos e Ii- esperar que eles venham. E são eles próprios -
Ópera do Malandro. E entre nós dois, principal' monscnl,, cli quucro ser eu, mesmo. sen, nenhum
miiiç.e'. latinas. a sociedade que, fora do teatro Forja a opressão
iiieuihi' porque chi nu- uransporlou há ile7 anos ,'i.ui trote ou influência.
ti eis.' de Geni. Em Brecht era Jennv, - que ali. dentro, zelam para que o meu di-
:iirt'us q,uand.. sio Veludo, em Navalha na Carne. -- Os graus de reltuciontinienlo entre ator e
mulher. pi'u.stiIula e traidora: em Chiei' é reito de manifestação seja respeitado. Porque
Velado era i ti nu bem ti nu homossexual. com quem, - u.u',hlico? As pessoas não nos cobram atida, É o
Gertis d ' lo, a bicha, a ilespre,ada. a condenada lhes é útil; e a nós atores também,
iio nuesnoo tni.duu, dei-me bem no palco. stilientan- ator quem se compromete com elas. O ridícula.
pci.' pn'c..neei lo. 1.1111 bem traídora. mas por ulo, e,'i,scienti'menle. ti minha fragilidade pessoal qiucni o procura siunlos nós, quando ansiamos ,'- Gc,,i i to,la nitisic;i nu, ptuit'o. E a música
a a, ' 'r Emilia no QueirA'., que a interpretaa no paI- de cui 1 Ao. Hoje, é Como se Veludo tivesse evoluido, i,',i,tl iii' (,-u,i ieni iiina história surpreendente.
'agradar a toaus, emito um mendigo,' em nosso
e.. ii' 1 cairo Gini'.tut'i (Rio de Janeiro), nos fala l'oritue tutora sou uma pessoa mais despedaçada '.uuplic;uu,do aplausos e palavras elogiosas da O i i ; nu lo Chis- ' ' pintou,jn.s ensaios. uiAru li avia inda
do personagem, por quem se diz apaixonado. E e rio mesmo jeito, mais teu, cru ira. Mas eu não estou, nessa de me prvusuituir. u'sstu nlu'tsicti. tu '-ii' Gcni Fico fez. especialmente -
dá a sua explicação para o sucesso da peça: é pelo S.'nipi'.' h;inquuci, eu mesmo. a minha vida, NAu serei rui (10cm vai dar a hunultu pura sair na I"u,i uuu,,;u l,.ia'iun;,. Se muito bonita, a
mutirrio do elenco, todo ele unido e coeso. Essa Saí di. Cetir; çu.iiu de,csseis anos. Queria ser ator: re, isi;i A mica. - - O que me interessa é ser gente. t.rimei,'tl ui,i, linha i,,uuito ti ver d'oni tu s' j sflo que eu
1
explicação tem um nome: Chico Buarque de se nAu desse certo. co esta ria 'Ole como a Mansa Porque se o cara For meleca, ele o será sempre, tini,;, de G ' ' iii e de ntini aws mi. - B rig uiuci milito
Holanda, mistura ideal, segundo Emiliano. de (a prust i liii;. da Ópera. que se rebela contra o 'ar; niudifie',- Itt, rli'.r-uuti ,'.'ni o John Neschling
e ' mis tu li. r i.uu como pessoa . clara que existem as
(rês elementos: talento, amor e Fascínio. Prin- giutolôl: tia Pior. na regra três do Mangue. barra% t,r;uht,s pura se enfrentar. ("anuo os ga- 4 lilav , 1 rot. r'liv'c'tuci mesmo, uni tua .tu h;,ucn ., pé e
cipalmente fascínio, razão maior para que este Apcn:is. co, ccc de estar na Lapa. na Boate 'li/cr: ''N uu, au flui! '' AI é 4.111C ii maravilhoso Ch ido
rotões dc 1 'ti neniti. que jogam o carro em cima de
grupo de pessoas, separadas pelo dia a dia da Casanos-ti. eslou aqui. na Ginástico. Em ver da, Ru ii r (l ,u r' sri.i e ulissc: ''Como é que você quer? " E
mm,, n:u ctuI;uuitu, e gnit;un,. com Lis galinhas ao
profissão, se reencontrasse agora, unido por um- til ui;i uo' ni na huirudti . tenho a fantasia do palco. lti,tiu iik's cxeilaulissim;us: ''S;ui daí, é, bicha lunica saiu essa obra-prima. clii leilu, que cii sint,' Geni:
objetivo comum: o teatro. M;u'. seria sempre eu - conto sou, aqui e agora. da TV . G ali,.!'' Mas que se f. . . que me ioguem subi ' e iltis enu.vAes. do lei lo da remelenta
Porque sotu tutor em lodos os momentos e minha h.usttl. como todos fazem com tu Geni. Porque o Muristu c da rainha SitA, seuutimentuu oposto'. —
F mtlii nu. est ;'i no camarim. 0 se preparando
cultura foi-tile dada pela vida. - trai-o é imediato: A noite. no Ginástica vem meu ottuu i. da t r;ui'.'A,,. que Emili;uno não concebe no
parti cii r;. r cm cena A cara e os cabelos hesu n
'. ele si' levanta. ek' i rico. quando entro. Seus
II.. . - Nesses n'ruias Geni leria aparecido na filhi,. uni i';uu'i,tA,, n,antivilhi.so, e ira -, seus amor, mtus qu ic Gen i. t,.dtu brilho, nos ftuz es-
luar;, -(, ri ;i Sint, no momento exato. A no passada tiunicos. marcas coo,o de. que flue c,unti'n, paeti e que rc e. Pni ,, citou 1 ntentr' a mim, tu pessoa Eni i-
ulho hrilli;im. seu sorriso é franco, mas pres-
eu vituici pci' mundo Fui tu muitos países. até uma dupla de senhores de idade avançada, que. li;, na, i l ara . u,cni o amor é dito' todos os poderes
'r.iiait,.r F spiica-sc: ele é sílima dos entreris-
no-sino ao .1 ;up Ao. liara u is-e r e aprender tini pouco uLva;, ,i..ute ,lr''.sas. .eu., tuo meu canitiriu,, para me para a ihiu't,, iii' tios'.,. ;uii'to.
ia .1. 'ri". Uecent ,'mcnic hotise suna repórter que
As pessoas batem à poria. Falta pouco para
p;is'.i,LI tiSlui li tempo P'riini;unrlo se ele era ni;iis sobre o teatro. E a maior IiçAo foi saber cii miu ri nicn 1;u r -
i' ' siiuu' é pequena ' ti importância do desr'ondi. -- Mas o que mais incomoda é a leseira da ele entrar cm ceita. Rápido, ele laia a cabeça e
biiha, '.ini uuuune;i la,'l.0 direitinienle, niascaran-
u'i..niainci,t' ii,' titar em cci,;,. O que ele len, de I;i'.sc te;, t tal. Os til i.re 'que pensam que vAu eles ps'ile que eu no mi' ti,: há um "furo de repor.
di. tu pereii n Ia básica. sem barra para fazê-la. E,
f;i,,'r é ser o personagem. Quando voltei, estava o laboratório c'uistcncial do público, quando é tio 1,12cm" que quer me comunicar. Feira Livre, de
p, .uu'o ou 11341:1 ii Lii'. saber do seu Ira halho. do
,'x('it adu,. bolos os sentidos prontos, no ponto cer- ciii 1 rfi rio. E que uivei,, repel indu que o teatro é Plinio Marcos, que ele vai encenar, marcando a
ai.r, ila pessoa de Emilitinui Sabendo dis',o
tu E fui quutiiidi' surgiu, Fqtuuus. no Teatro do BNH t';in'.;u uiio Ora, n'prese atar diariamente é como sua eslréia como direlor de cena. O elenco fe-
ti prt's'.e ai.'. aittes ik' una is nad a, em d i,er- lhe..
Rio). Entrei na peça pira Ficar apen:,'. cinto ii ai a t rcptu ul tu. dia tu dia. com a pessoa que se gui'.- minino ele já escolheu: Maria Lctieia (sua mu-
com sinceridade, que o acho um grande ator, e
,ii., suul.stitiuindo sim ator. E fiquei até o Final da ti: cada ser mais sofisticada. mais gratificante. O lher, rocem salda do conservatório), Loulse Cai-
que só queria saber um pouco de sua "pessoa".
ti',,, ' raula - Eu era o A tii,'cu. no elenco, que já que se tcni de saber é que o tutor nAo é tira mastiur- cioso e Catalina Bunak,. entre outras. Falta o
Desarmado, ele começou a falar aos arrancos,
tinha feitó análise. e que tinha, na vida real, ora h;ud,,r cio ceruu, é preciso haver a 'troca. a iden- - ricas-o masculino, que ele ainda está sondando.
ciramático, tal como se estivesse representando.
- - N,. tenho tino, resposta definida para o filho cai,, dezessete anos. bem do jeito do ,er- i iulaite eoni o público. Ele me abraça, novamente-. me beija o rosto, com
i i, ;uiu'm de Rietu rdu. BItut. que con iracenas'a -- Porquue ii teatro é suma palhaçada. unia amizade. Somos amigos. Assim. fica no ar a per-
riu iiiui <Iti coisas, nu que se refere to meu per--
eouu,iuin. ,Assitu,. eu tit,ha o condicionamento ideal rlis in;u e niartuvilhas;, brincadeira. assim, nesse Conta. que nuso ii, — não por coiardia. mas por
s.'iitieem. Quando começamos a montar a Ópera.
o ti,.' nO is, o ifla is q Lii' pudemos, a pari ir (10 texto parti o trabalho. Descobri a PecI em cena, re- st;udo de r'spírilo. que entro eui ccntu todos os achá-la canalha. impertinenle. Fica no ar,
presentando. como numa espécie de auto-análise. .li;us Nada nos i,hri ga, atores ou platéia, a per- que uts homens de Imita suntade e mc_!hor coração a
ii.' .11.1111 Gav. Fiz todos os tipos que correspondes'
manecer tuli, ni'l) rC '.Cuit ando no assistindo. Todos jogiteni nu liso, por imprestável. Â pergunta -
sei,, ti Gc'ni. desde a forma Jenn y . de Rrecht. até Mas aquele Emiliano era antes. Hoj e. eu quero é
Madame SaiA, a Rainha da Lapa. Este foi o Ali;)'., e,i qucro dizer que continuo fazendo o direito de ir embora quando o desejarem O "você é bicha?" Ser ou n'lo .er (bicha, esta 050
(liii) inteleetii;,i . de mini pura o Iler- que ;ir'ouut ,'cc è que nós, os atores. f;u,entós voou a uuieslo. Principalmente para pessoas assim,
análise Saii uma pessoa que deseja gozar latias as
ulite eles. ;u t'ltitéi;i.se csqucç'amulc que vão morrer conto Emihiano. Carlos Sll,aj
'ii:, ccii. c,.nk' rine orientação de ('hiis e de t'oistis e. por isso mesmo, sufi vulnerável ao ex-
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LAMPIÃO da Esquina
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Centro de Documentação
APPAD
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Prof. Dr. Luiz Mott
CRU PODIGN IDADE
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REPORTAGEM
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Ifeini, eu, seus au?! Sexo? Gosto de scx,è Docunnemrto de bicha pobre d grade. Eles 'l'irachi'nu te.'. .4/gaas da PM :readi'rn as bichas pra
ii,?, porque não vou citizer. uai? Tudo inundo gos - pdeni a geme mio camburão e falam pro Cimos' tuimnar u, uhinhc'iru, delas, Outro doi distrito entram
riu de sexo ruas não fula. Eu gosto. faça e sariui que a gente é vagabunda, mesmo cont nu, c'iai'nu ii Iris, pássaros e bordam. nu',us querem
Desde urram ' u que sou assim. Sã que na minha clocurneniu,, carteira assinada ira bolsa. Diz que a nem suiher se tini du,cc,mentu ,, se reis: Lei. A gente
terra eu era mu iro discreto. Passaja ruido mundo gi'nrl' faz hagunu,'a, diz que hicha s'áfala palavriu,. su ', si' ,rmmi a depois que entra, dentro) do cinema.
ira caril. Ninè ii unta ia pra a i,igutm. Fiz quase Se ai',, u/,ilu lu. mi',',, tara. Na Rua doi Riau'hui'li i me prá miii, cifro Imitar uru jamnilias dlii ladu, de fora. Si,
ri uilu,s i n Ir im pus importantes de h. aqueles joguei dc'mrt rui duma caixa d'água nu, onero) da ara mii, u jissu' a ,miu díc'ia e u us mnuirgimcdus agindo juraus
ii, izuiou'es, aqueles ja:u',iileiru)u's. leve caso que z lilit: da /uufi('ia, numa casa de côrniníis onde eu os lan termurir/ras, iau'u'aluin dii flagrante e
o ato, li: o pai e quando i'u ultei fiz ii neto. Nisso morava. Noutra casa, na Rua do Rezende. me ri iahos para arrochar as bichas, era pro dou brerrte
Pau anuie que não possui ria' queixar. Tive todos os prcmrcic'rara e abamrclu mci o quarto cl,,;: tudo que lui Irt.s ser até bemn civilizado. 'Tema cara que si'
q quis. desde urrenoro. Quando não t'r2nr eles
era meu lá dentro. Ri ii, haruimur. Lei'ara.'n tudo, em semmle s,',, c'uimui prohlevv,as na família. Vai nui /05
que ,iri' canta 'ajin, eu clregar'a u' dizia ''vai lá cai quuatu , u'ci estava viii cadeia. Ganhar eu ganhava. pra u'o,iversur, Iriam idéias... hem? Claris que
Á tul laga r assine assudu, uni tal Ir ira, que liii te es ulrci si' riu', i? No furimicififui, c'i,icu, iici seis freqnuu'ses muimmnhámu luva lii,' lia mnargimnal, que Pi C4,, presta.
Mas n'mil cara que sai i'uum a gente clii cinema,
ierando. Si udo /,r, dia u'scã,ida?o! ' Mas estrias(, por n' are, a mil c' quinhentos cruzeiros cada uni-
tidu ) ira pru'ciuu u. Eles c que vinham li meis pu ir Dinheiro velho, da quelu' quu' ia/ia me uni;! Na vila paga lamichi', li 'si pro bar e o nrvd'rsa.is.i, Sói. Já
''li,". de: suadu nu riu ( ruir, bu i ) e»: ninguém. Só uma vez ,'lrtrc'i d'i ia: ii uhrmrb,u'iri, iii, im:gru'ssu i e acabei jitmit uimi'
- Su'u iciuli o cita desgosto. A dois, iii uSii'a, uni bati' midiu quis 014' pagar i' ia apru imi rei um cl.0 de graça s,'mmi fazer tiada como ninguém. Os
queria ser ,'an tu ir, picuitsta..'t1inhu madrorlia, J'reje. rasguei c'li' juidin hu. Oco riu une disse que não /cr,mtc'rmmimihurs é que c'omnbcn umn cu,mnm os marginais.
uma mulher iii' pu 'a'. 'a a ir' i boa, rui e bit, ju pra tinha dinheiro. '1'To pi'i ir tia base da unu'ch and. Ele Elvs roubam ulu'm: r rui do i'rnc'rna c' 3 ,gcua: a culpa
estudar nu, Cuu,sen'uiu3rr4u de Música de Caran- dormiu, Olhei mia c'arteirch e lava assim de aota nas bii'/u a.0 quuin dus alguém se queixos ci uni a
gula. Lntào as mães começaram a tirar as crian- graúda. Acordei ele botei pra fora de casa. Mas r, ilícia.
ças porque i iuih a eu. uma bicha preta, estudando i esse tal, ali/es de despachar. peguei uma gilete e - 'J'c'mn um eu itt: :ssurrlo, d'lrammia mmc de filack.
lá. Aquela pobreza. Mia pai ci ul,inu u de, fazenda diii,' que ia inc cu,rtctr tuda, dar queixa ura po- que é o terror ia Praça 'l'iradc'mnres. Prende hic'Incr.
Jt !,,, ,imo', 1. C. 1 .. da S. u moa-se, 5
de u'afd. , i.,firihu moi(- sinta t'umada, empregada licia, se dc' urdo rue pagasse dirc'i,. u. O Iii uju' viii'- sonora vli,c hu'rrui. bate e manda c'mr:hi ira. Si, re-
not?ie de Mnj'ca Valéria, uma espécie de bicha d'u iu do i'seda ulalo e mmmi' deu ' o trezentu i:i• cruzei ruo clamar, somu',u comi u, i'nadi,. 'l'emn uma, a Cur-
nacional, da cidade de Carting ila, Mia as. du,uviésrii'a. cheia de filho. Eu sem podem estudar
ia ú iiuui. p irqiee as urdes das morras crianças que ei, precisava pra pagar ti guamrui. ,vu i,,li a, um trcrvi'stt limrd, i, mmii uri'mru i. prl'c'nsau'a de
1 (',oi do nus iniciais 'au i'erdad&'irij nome por ir, que arraunju ir, encrenca e suva d'anui ci um ela.
mudo Ia poluia, 1.. ( '. T. da S. explica que Miizica nu', u dpixava;ii. Vim prui 1//o eu, 62. liii trabalhar Coisa diferente uniu muita. .iú vi cada
na casa da Marton, aquela cantora que imitara a tara... Unia vez, no camnai'al, eu queria ti' ia, .4i'hui que sc'quesrraram, leu'uira,n jura São Paul,.
Valeria surgiu, aia da eni ('arcJ,JM, da, como —UM Coitada da ('urra urina. Nunca mais vmdmiguémn
/iI.iilno que tirei do ar; ~perguntaram vaca ('arme,;? Mirando nos filmes na('tunc l/.5. ,'lr, 1h er baile do São José e tala durc.Fiquer ira porta do
danada. mal educada, uma bruxa! Tomava baile toda tua qui/ada, de peruca, sendo se iii 'iii Ia/ar nela. '!'a cio depende do destino) de
u 'me de crierrer, inventei ee e /7c'iu ". De /sfo, d'uda um. Uns nascem jura rua. Nàu querem res'
nuni mi/o restrito e de ppiúltip/io precumccitos bolinha. ligava ,nuitu, e perdia um dinheiro que aparecia uma c'umhec'rdu, pra me convidar. Apa'
itãu i pu idia perder. O a,nantl iarnbdni ma,nai'a rc','u'u um cor, ia que eu ritifica tinha visto na vida. /uuinsabilidadle u',,m mruhalbr,,, Outros trabalham
comi, a Curangola de alguns anos atrás, Mônica di' dia e demrus:ru' se- viram. Cada uni clima a sua
Valeram so não si' transJirnmou vii, hiho da corri' dinheiro dela. fim dia vau' chamou de bicha es- Me levuiu urul hotel. Uni suje/a, esquisito, com
cruta. Eu era hich a, aias sabra ii q' vos era. pinta de machão, mal'eni'aradu,. .srmna. A gente tu', aqui elepiissagm'm, nesse oriundo.
da s ,cu'dade 1 snr.i:o ai da pi ir que, ci ano ele ia estai Sempre o btmmr e sempre adorei ,niniia vida de
di:, 'briguei m u,to, apanhei e bati, arrebentei Já ela d tida postiça. de ciltos e amibas po suças. Bojuuu asna naval/ia na beira da cama. Eu de
/ii'ruca. enchia, etc ri, cia rir, tu diu J alsu i. Dai fui pra hiumo,s.seuxal. Na.sci cumni essa intuição, graças a
com tudo que não queria que eu virasse geri te . peruca, afastava minha cara da dele pra não Duas - S,',npre tïs'c sorte, sorle cuim homens que
hoje, aos 33 anos. no Rio desde 62, Mônica éem- casa do Beuru Nunes. o pianista do prestdi'urt elas- atrapalhara munia maquilagem.
celino. Beuré já tinha um problema de , regime pra muita mulher miàu, teve igual. Sou feliz. Me realizo
pregado di,rnmsrii'i, já trabalhou de fuxrnt'iro em Uma vez, um cana que já- tinha transado) sendo bicha. Bit'ha é ii de menos. A urda é que é
banci is e au /5erri ibras f': a vida nus calçada da emagrecer. Mandou servir café coma leite. La servi
cuuvn açúcar. Não podia, mas ninguém tinha me t'i,migu, me deu um tapa via ('ara destro do dis' fugi,. Mas tido é porque ci gente leia uma porrada
1 ajuí, •indi' 'e rraIm'tiu "por Á,(jktti e pra nãii ris no. Que mural ti,rha esse homem pra fazer isa, que lar dar outra. Não tenho ruiva de ninguém,
morrer de Jmme''. t, negra, bicha e pobre. Agres- ai istedu miada. Ele me xiirgou de, urubu, na frio: te
dos outros. A limu de gri ussu s. ,iãu.0 gosta ia de t uniam comigo? Eu Su)cl res'pc'ntad,ir, mas mic',ui me desres' 5,3 que quero agradecer á Jiirnilna de Carangola
silo. quase sempre. Gentil e alegre quando com banho.. Joguei a xícara pra ir/ti, e/ri: cmli, ira. peiri ! Joguei uma maquina de escrever pro alto. f)ru, quem minha mãe trabalhou 43 anos e que no
gente em quemitca/ia . Passai
ai iicão nas mãos Ju,griei ii telefnre tia cara dele. Até que euesfi' fuma botou o corpo dela nu», caixão vagabundo.
da policia. ''i'henws'' e pa:ries. Mas ai) ou vir - Sai di, Beni quase se,,c dinheiro. Fui mnai'a cli'. Só errou de me dar tapa na cara sem eu daqueles que fiquei vendo o rosto dela o tempo
Mur.su. Da/vi, de Oliveira, Carmen? Costa, Billie trabalhar no Flamengo, mia casa de uma família eu ter fereu, nada demais. tuidui, que não dava nem pra fechar a tampa
Huullida ou LI/a Fizzgerald - iuus cantoras mineira, muito boa ricas pão-dura. Uma urorve viva -- Absurdo o que a polícia faz na Praça direito.
preferidas é capa: de se comover e abrir um pra frente do Automóvel clube. na Cinelân dii,. e
lindo s rris,, viu ri ustuu miúdo e negrissimo, cujos perguntei primo estranho: ''ii que é aquele pessoal
únicos traços evidentes de amargura sãos dois na calçada ali?" Ele me expircou que crava bi-
vincos fundos. entre o nariz e os cantos da boca chas, cnrviduuu preu me maquiar, botar peruca. Para tirar as máscaras e rasgar as fantasias
sensual, lendo feito apenas o curso prrivrário, é Já gostei ad? topei. E cora ccci a fazem a vida.
extremamente irei, e articulado. O que segue são Urna vez dancei nui 3,0 Distrito Policial. Lá co'
suas próprias palavras, tiradas da gravação de ,rhi'ci a Mafalda. a Mat' Britt, a Vimna Lizzi, uni
uma conversa que tivemos recentemente. dei hemui Mas a polícia sempre deu em cima.
(Antônio Chrysóstomo( Prendemir a gente à (lia.
Os Solteirões Cr$ 80,00
Gasparino Damata
Darcy Penteado
1
República dos Assassinos Cr$ 70,00
**
Centro de Documentação
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á
APPAD Prof. Dr. Luiz Mott
i i CRU PODIGNIDADE
cia psruida cia duvcr'iIutdc'
ENSAIO
A demolição da ecosfera
A &'cinotiiia humana é um aspecto parcial da Como indice de progresso calcula-se o
economia da Natureza. As ciências econumicas, 'Prodto Nacional Bruto". Mas o PNB não passa
portanto, deveriam ser encaradas como aquilo ttc uma indicação do fluxo do dinheiro ou do
que realmente são - um capitulo apenas da movimento unidirecional dos materiais tItie este
Ecologia. Entretanto, o passado remoto de nossa dinheiro mosinienta. No cálculo do PNB nada se
cultura nos legou uma filosofia de dicotomia O gaúcho José Lutzemberg (vide L4PsiPIÂO
desconta. Não é descontada a descapitaLizaçã
homem Natureza. Rasado nesta visão dicii- ri.0 6) é uma das figuras mais rmporrarues da luta da Ectisfera. Ali não se de bita o esgotamento
tiimica, o pensamento e'onôrnieo que permitiu o que vem se travando no Brasil, atualmente pela da mina, o desaparecimento dos peixes no rio
aparecimento da atual ioriaia de sociedade indus- conservação do natureza. A partir desse námero, e nos oceanos, a perda do ar puro. os custos
trial e de seu auge, a Sociedade de Consumo, par- nosso jornal publicará urna série de artigos de sua sociais. Mas, a descapitalização da Ecosfera
te de um modelo absurdo, um modelo divorciado autoria, retirados do júri, Fim do Futuro? (co- é urna descapitalização real tão real uanio o
da realidade. Encara-se a I':conLiIiiia como se ela edição URGS/Editora Movimento, Porto Alegre. embobrecimento de quem esbanja, ciospreocu'
existisse em um plano que transcende a Natureza 1l77), sempre de acordo com a proposta inicial de padamente, seu capital monetário. O PNB é a
e que comela não tem contato a não ser naqueles LAMPI,40, de abrir suas páginas aos assuntos soma aritmética do valor monetário das tran-
pontos em que ela é explorada como fonte gra- habitualmente tratados com reservas pela grande saçõe% entre humanos. nada mais. O preço da
tuita de matéria-prima. imprensa. E a ecologia, com todas questões que madeira no mercado interno e as divisas de sua
Tanto o mundo inorgânico, como o mundo dela resultam, é um desses assuntos tabus. exportação são adicionadas sem que haja nenhum
vivo, com a única exceção do Homem - exceção desconto pela descapitalização na floresta. Se,
esta que tem exceções - são encarados como depois da exploração da madeira sobra um deser-
simples matéria-prima. Nesta visão, o ambiente conta da gravidade de nossas agressões, não to, o PNB não leva em rtsnta este lato. Ele apenas
trator, que em minutos derrubam o gigante mi-
não é senão uma massa amorfa que só adquirirá vemos que nos encontramos em pleno processo de lenar, tios parecem uni progresso extasiante, mas registra "criação de riqueza . Assim, a pessoa
_
fornia significativa depois de manipulada peto desmantelamento da Ecosfera, cujo fim signi- nos fazem esquecer que não há e nunca haverá que mais dinheiro esbanja em íutihidades, que
Humeiti, seu soberano. ficará o Fim também da economia humana. mais materiais movimenta, que mais impacto
tecnologia capaz de repor no mesmo lugar outro
Implicitamente. o modelo econômico vigente A quase totalidade do que convencionamos gigante em menos tempo que o que leva uma ár- ambiental negativo causa. que dedica suas ener-
postula um Fluxo aberto, Este fluxo é unidire- chamar de "progresso" não é outra coisa que um vore milenar para formar-se. gias para o incremento do PNR que a pessoa
cional e se move entre dois infinitos: num ex- incremento na rapina dos recursos naturais. A frugal. que dedica suas energias ao estudo e ao
tremo, matéria-prima e energia inesgotável no sociedade moderna é infinitamente mais des- deleite espiritual, ao avanço da ciência, das artes,,
outro, capacidade ilimitada de absorção de Uma vez que não enxergamos 05 Custos am-
truidora. do ambiente que algumas das sociedades da harmonia social. Quando a saúde pública
detritos. antigas, extintas justamente porque Fabricavam bientais de nossas tecnologias, somos levados a chegar a decair drasticamente em conseqüência
Uma sez que esse fluxo liga dois intinilos, desertos. Sua expectativa de vida é, certamente, Contas incompletas e, portanto, erradas. Para da contaminação ambienta] a desestruturação
segue-se. logicanietste, que ele é indefinidamente mais reduzida que a daquelas. tecnocratas, economistas e burocratas o dinheiro social, L) PNB crescerá na mesma proporção que
ampliável em volume e velocidade - não se ad- Enquanto o progresso da Vida, através das in- tornou-se a medida de todas as coisas - medida os gastos com remédios.médicos. psiquiatra,
mitem limites para o desenvolvimento" e o termináveis eras da evolução, significava aumento universal e exclusiva. Só é levado em conta o hospital e funerária. De fato, o PNB é propor-
"crescimento econômico". Mesmo quando as cir- constante do capital ecosférico, com aprimo- monetariamente quantificável. Mas o dinheiro, cional à descapliJização da EcosFera,
cunstâncias já não mais admitem a negação de ramento progressivo da honseostase, o "progres- O valor que damos às coisas não reflete seus
certos limites. supõe-se, simplesmente, que todos so do homem moderno não é senão unia orgia de que representa apenas as regras de jogo da dis-
verdadeiros custos. O petróleo era barato porque
os recursos sào substituíveis e que não há limites tribuição, entre humanos, dos espólios da ex-
consumo acelerado de capital, com aumento seu preço apenas refletia os custos 'de sua ex-
para a ingenuidade humana que saberá sempre paralelo na vulnerabilidade do sistema. Em es- ploração da Natureza, absolutamente nada tem a
tração, mais os lucros das companhias e os im-
superar todos os impasses. paço de tempo curtíssimo dilapidamos e obli- ver com avanço ou regresso ecológico, em nada
postos dos governos. Seu preço não leva em conta
Uni modelo desta natureza solenemente ig- teramos o que a Natureza levou milhões de anos reflete a saúde da Ecosfera, as condições de
sobresivência. sua ocorrência limitada, sua irrecuperabihidade e
nora o funcionamento da Ecosfera da qual o para criar e acumular. as centenas de milhões de anos que a Natureza
Homem e todas as suas atividades são parte mcx- Quando nos empolgamos com nosso fabuloso Chegamos assim a confundir desmantelamen- levou para formá-lo. Criou-se, assim, toda uma
lritieitvt'l. Este modelo e a causa da crise que poderio tecnológico e nos orgulhamos do "do- to da Ecosfera com criação de riqueza. A des- infra-estrutura tecnológica apoiada no esban-
ai nt s cssonlos A visão da economia conto algo mínio da natureza", nosso entusiasmo pueril nos truição de um banhado, a transformação da jamento acelerado da energia "barata" e de
que transcende a Natureza, leva ã cegueira mi torna cegos diante dos verdadeiros custos das Floresta , ama/única em simples posto ou a der- matérias-primas igualmente "baratas". Mgo as-
biental por uni lado e a contas ficticias e ilusórias modernas tecnologias e não nos permite ver nosso rubada das últimas araucárias, nas contas dos sim conto se, quem encontrou em seu terreno um
por outro. E porque a Natureza não entra em total incapacidade de repor, com a mesma fio. ecCnomistas. só aparecem Como criação de ri- tesouro enterrado, decidisse vendê-lo a um preço
nossas cogitações econômicas que não nos damos cilidade, o que destruímos. A motosserra e queza. rtào aparece a descapitalização ecológica. que cobrisse apenas os gastos do trabalho de
desenterrá-lo, mais uma pequena margem de
lucro.
tomo Yuung. por coincidência, parte de prin- outras antigas ou atuais, alicerçadas no trabalho sem caminho dc volta. nt 01 dIt'n 1 ifies . é eu ti anal - 1 úosi,fica. N jss
cípios iguais aos meus e dele necessito para o que escravo m beneficio de uma elite prioritária, iiieiiiiti,leta do Mundi, nos luz querer agredir o
mesmo que hoje se costume dar "novos nomes aos Se ii mim cabe o direito de me colocar entre que deveríamos proteger
pretendo chiei, antecedo 'rresisan usando cm ter- esses visionários apontando as destruições, justo
mos simplificados parte de tese tio nosso amigo bois" para justificar as atitudes totalitárias dos Achaiiirt', que devemos "doniinar a
sistemas, sejam eles de direita ou esquerda. que também, como eles, proponha as possíveis natureza''. luiar contra ela para itão sermos por
norte-americano. soluções. Particularizando a relação homosse-
Mas voltando à conecituação anterior, o ela dominados. Acontece que a alterna liv,,
O homem estruturou seu domínio na terra homossexual seria o mediador entre o poder que xualismo-ecologia, tentarei ser otimista acre- 'senhor rIU escravo'' nào corresponde à realidade
sobre duas (orças: preservação da cxp&íe e Im- constrói destruindo e a força passiva de preser- ditando primeiramente que a humanidade sub- das coisas. O caminho que a Ecologia nos indica é
posição do poder. Acontece que, apesar de se vaç'io representada pelo matriarcado. Um ca. sista até um mundo Futuro. E nesse mundo Futuro r de ,rcio <ia N.t ia reis
t-omplemt-nttircm, a segunda decorrendo da 1, .,:ir então tias qualidades de ambas as partes o ser humano estará tão t-onscientizado da neces- José Lutzemberger
primeira e conseqüenternenic existindo para e, por consequência o ser intermediário ideal na sidade de preservação dos seus meios de subsis.
protegê-la, a partir de um certo momento inverte. sociedade futura. Em tese, tudo perfeito; na tência que os próprios governos incentivarão o
se tu (un'iuo, a última destruindo a primeira com prática, existirso algumas arestas a serem ainda homossexualismo como uma Forma de possível
os elementos que dela recebeu e ticstruindo.se consideradas e estudadas pelos íuturólogos por. contenção demográfica. Atualmente na India o
autofngk'amentc. Conto tirei de ouvido a tese de que afinal, "nobodv is perícci". governo oferece rádios e outros objetos de con-
Allen Ynung, là não sei mais onde termina o con- De qualquer forma não há dúvida que a es- sumo aos homens e mulheres que se deixem cs
c'cito ticic e começa o meu, mas não existe razão trutura social no mundo futuro precisa ser previs- tereli,ar. pela necessidade de contenção popu-
para estalx'let'er limites quando o ideal é o mes- ta e já iniciado por nós com a mesma urgência lacional. Por um processo ló g ico de pensamento,
mo. Nossa principal concordância é que essa lm- com que deveremos tratar os futuros problemas con-lui.se que tu sociedade futura se obrigará a
posiçiio de poder é atributo potencialmente de sohrevivineia da humanidade. O desequilíbrio um rigoroso planejamento Familiar, com severas
patriarcal e machista, enquanto o sentido amplo que o homem vem impondo a natureza está reiier- punições para os infratores. E basta também um
dia prcs*'raço cabe ao lado Feminino da expede tendo diariamente contra ele e seu sistema social: pouco de perspicácia para adivinhar as duas
humana. Como toda imposição de poder modifica a poluição industrial, se não for imediatamente categorias de infratores sexuais: a) criminosos
ou destrói o "status" anterior, o previsível e controlada acabará em curto prazo com todas as primários, isto é, comprosaclaniente heterosse-
crilkáivl é que laia mudanças deixam sempre formas de vida tia água e comprometerá seria- xuais que por descuido ou displicência ultrapas-
profundas cieatrl,es no homem e no meio em que mente a atmosfera, os elementos minerais nobres sem a sua quota de procriação; hi criminosos de
ele vive. A sulistitulçuo tio que tenha sitio des- estão em vias de exaustão, a transformação de grande periculosidade que sendo homossexuais
truido por novos conceitos e novos valores, mesmo florestas naturais em terras de pastagens ou de porém "enrustiduca" (eles adoram ter filhos),
cru nome das boas intenções do progresso e da ts'rõo burlado a sociedade fazendo-se passar pelo
unkuituras industrializadas, ou a derrubada de
t'ivilimaçuo, nem sempre estiveram ou estão de matas para obtenção de celulose, são Fábricas de que não são, esbanjando dessa forma as quotas
acordo com as estruturas visenclai.s básicas por- reservadas aos hcmcros.
desertos; a energia nuclear, mesmo aproveitada
que poderio e proiess'. cm toda a história, sem- para fins pacíficos como se anuncia, constitui um Darcy Penteado
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Bixórdia
Gasparino e a glória
Gasparino Damata de-clara, glorioso, ter meira vez também registrava-se na chamada
'pelo menos 40 anos de hixórdia ciornalismo grande imprensa um acontecimento guei sem
militantes Em 1 1)52. quando corresponden-
te no Rio da Resista do Globo, de Porto
achincalhe à classe. Na realidade, lembra
Gasparino, a coisa não foi séria, no sentido
TENDÊNCIAS
Alegre (na época um dos mais importantes solene e chato do termo, porque as bichas
seminários nacionais, dirigido por Justino concorrentes do júri, o lendário artista plás-
Martins), conseguiu, conto ele mesmo diz.
tico Sansão Castelio Branco, foi acusado de
o livro
"emplacar a primeira matéria sobre homos-
sexualismo prublicada em revista ilustrada no "parcialidade", dando o primeiro lugar para
Brasil". Foi unta reportagem com texto e lotos dois concorrentes.' lemanjá. Deusa Verde" e
sobre o baile de gala do João Caetano daquele Ziegfield Follies" - Os outros dois membros do
distante 1952. O ponto alto da matéria eram júri eram Tônia Carreiro e o cenógrafo e fi-
as lotos do concurso de fantasias. Pela pri- gurinista Nilson Penna.
"Mulheres da vida"
No famoso cemitério Pére Lachaise, em Paris, encontram-se sepul- Der mulheres-poetas, coerentes numa uni- Muro (Rua Visconde de Pirajá, 82. sub-solo). A
dade de vida e obra, prática e teoria integradas na
tados os grandes vultos das artes, entre os quais Proust e Oscar Wilde. Editora Vertente, aceitando o desafio, com Leila,
luta contra preconceitos e alienações, preocu- e mais Ana Pedreira de Castro. Eunice Arruda,
Sobre o timulo de Wilde foi colocada uma estátua de homem que lem- padas com a realidade concreta, atual, e cada Glória Perez, Isabel Câmara. Many Tabacinik,
bra um Jcaro asteca. Evidentemente, o pobre Jcaro fois castrado: le- uma a seu modo, denunciando erros, pressões, Maria Amélia Meilo, Norma Bengel], Reca
varam embora seu delicado membro. Como se isso não bastasse, o pes- misérias, violências, resistindo (lhes), através da Polletj e Socorro Trindad. Todos estamos con-
soal andou deixando endereço e telefone na tumba de Wilde. Comen- ação conjunta de seus trabalhos e seus caminhos. vidados, Iremos!
Elas e suas poesias se jogando nos bares, nas cal- Mulheres da Vida é um novo e indispensável
tário de Paulo Francis: os homossexuais são as últimas pessoas sexual-
çadas, ônibus, boates, prisões. manicômios, livro de cabeceira: poesia antiista, difícil nestes
mente sérias da nossa época; trabalham fiJi-time, quer dizer, em casas, bordéis: onde houver vida lá estão, mu- tempos. Mulheres-poetas, fazendo poesia se-
regime de tempo integral. lheres-poetas mergulhando fundo em cada ex- xuada, plurjssexuada, multissexuada. unisse-
periência presente. Algumas, das dez, estão no xuada. Poesia que é Poesia, que recusa ceder à
LAMPIÃO da Esquina, ou estiveram, ou estarão. pornografia, que recusa o jogo do sistema, que
E, eis que: "( ... ) Sentimos muito, mas não nos recusa alternativas só aparentemente demo-
Uma das pessoas mais in de Brasília - é tão chic que faz questão de motivamos editorialmente, após o exame da an- cráticas, que recusa ser marginal ou de gueto.
dizer, quando apresentada a alguém, que não está cotada para nenhum tologia, cujos originais nos submeteu à apre- Vida. Poesia, profundamente erótica. Com diver-
Ministério -, Nini Vanderbilt circulou recentemente pelo Rio. Na sua maia ciação. Mulheres da Vida, infelizmente, é Ir-
sas significações: para que escolhamos qualquer
recuperível. Com exceção de dois ou três poemas, uma delas, ou fiquemos com todas. Quem du-
Gucci, naturalmente -, um enorme santo barroco que ela trouxe para res- a seleção nos pareceu abaixo da crítica, reunindo vidar de sua força, que as siga, a estas dez mu-
taurar, e que aqui ficou aos cuidados dos cirurgiões plásticos da Galeria sem qualquer critério trabalhos que oscilam entre lheres-poetas, ou fuja delas, chauvinista e civi-
Ypiranga. Nini se manteve incógnita; mesmo assim, causou verdadeiro fris- o desabafo existencial e os gratuitos jogos de lizadamente...
rn, numa tarde calorenta da Cinelândia, ao se abanar freneticamente numa palavras e de imagens, insuficientes, tanto como Que se saiba, esta á a primeira coletânea
documento humano ou como poesia. Devolvendo-
mesa do Amarelinho, por trás de enormes óculos escuros, com seu famoso brasileira de mulheres-poetas assumindo, lite-
lhe os originais, atenciosamente,,," Esta foi a res- rariamente, também sua coordenada homosse-
leque de notas de quinhentos Cruzeiros. posta de uma editora à organizadora da anto- xual. Mulheres da Vida, estas dez jamais en-
logia, a escritora Leila Miccolis, colaboradora de trarão nas academias, felizmente, porque são
Acabamos de receber pela mala direta es- LAMPIÃO. Meia dúzia de linhas que, conve- irrecuperáveis. Um acontecimento, literário e não
Caligula foi o mais levadinho dos doze nhamos, arrefecem como ventos siberianos ç
ta mensagem do além para a ar1iuruArac- só. na história dos que se libertam por suas
Césares. Conta Plutarco que, depois de ter aquecem como paredões caribeanos. Devemos
peipi'. "Zin fia, si sunsê num si prutá direito próprias mãos, Mulheres da Vida deve ser lido
gasto todo o seu potencial de interesse nos temer o futuro?
com quem ihigrusta i cumeçá a/raid dus seus com caráter de urgência, ates que...
isumanos. o imperador voltou-se pura os Em São Paulo, já aconteceu o lançamento, na
amr,g.ss pruqut eles num são vraquinha di bichos, caindo de amores por Incitatus. um
prustpi.s de .run.sê. c5 sê .ui lhi bru g á urna qudra da escola de samba Vai-Vai; no Rio, será
cavalo que chegou a nomear para o Senado de no dia 18 de dezembro. em Ipanema, na corajosa
miringu sre pnendona. O,ào sunsê num Roma. Quando o animal já estava mm o futuro Joio Carneiro
acredita em libredude de i,epressào? Ou rrdo garantido, com FGTS e tudo. Caligula resol-
seu papo t frurado, da bruca pra frora? Toma
cuidado suido os home da incruza pega sua-
sé. "Assinado: Caboclo Sete Flechas (Ribeiro)
veu mandar buscar uma mosca azul, daquelas
bem virulentas, que só dão no Oriente. O que
nem Plutarco nem nós entendemos é como
Hysteria "in concert"
Calígula se contentou com o inseto depois do
eqüino.
Esta roliça senhora da foto chama-se Hys-
teria. Ela é uma as rniifeices de Patrício Bisso e,
Do mesmo - e mítico - Sansão Casteilo Branco citado aqui por Gasparino Damata em temperamental e digna do nome que ostenta,
outra nota, há, por sinal, histórias interessantíssimas, dignas de sua majestática posição na His- ganha destaque no show em que o nosso ilus-
tória da bichice aborígene. Uma delas reza que certa vez, na Cinelândia dos anos 50, o trador sem se apresentando rodas as noites, no
critico de dança Jacqucs Courseille queixava-se a Sansão que o cenógrafo e tapeceiro Nilson
palco do Auditório Augusta, em São Paul,), Sim,
Pcnna (outra figura de densidade histórica incontestável) lhe havia tomado alguém, instantes
antes, sob pretexto de levar a pessoa "para lanchar". Batendo os pés no chão, irritadíssimo,
Sansão pontificou, dirigindo-se ao queixoso Courseille: "O bicha burra! A senhora entrega a
porque o argentino Bisso. 21 anos, além de ilus-
trador de primeiríssimo time, é também um one-
man-show dos mais requintados. Afina ironia do
:.
jóia na mão do ladrão e ainda quer reclamar?,"
seu traço (olhem só o sei,, que abre esta seção).
transp..'sra para o palco, justifica inteiramente o
Nome de Guerra '-Um dos aspectos mas mesmo assim o retrato fiel da pessoa elogi,, que lhe/e: José Márcio Penido (vide LAM-
do homossexualismo que ainda não foi es- que o usava. Isso no Rio. De Porto Alegre PIÃO n,° 4): "Patrício Bi.sso é no teatro o que o
tudado devidamente è o do nome de nos chegou uma coleção de nomes inven- (]ou tinho queria que seus jogadores ,/óssern em
guerra Uma das primeiras providências de tados nessa época que talvez se lam ainda campo. Joga em Várias posições, não se estrepa
toda bicha "assumida" é adotar um mais inspirados: Dóti do Pito Aceso, Loba em nenhuma delas e brilha em diversas ".0 show
nome suposto com o qual passa a se Solitária, Morte, China Gorda, Fétida,
comunicar com seu grupo. As décadas de de Patrício Bisso é imperdível, como diz (outra
Torre de Pisa e Thaís. Thaís é lendária.
FaC) e 60 no Brasil são sem dúvida as pio- se:) José Márcio Penido: —É uma coisa tão sem
Dizem que escolheu esse nome da ópera
neiras dessa forma de abertura e d'sriam de Massenet aos três anos de idade e que igual, tão maluca. tão engraçada, que qualquer
um catálogo colossal de nomes incríveis, descrição resulta haha,'a, inútil—.
a partir de então não permitia que nin-
bem reveladores das pessoas que os es- guém lhe chamasse de Outra maneira.
colhiam. Ivaná, Marocas, Trágica são an- "Sou Thaís", berrava a precoce, "com
lolõgicos Mas têm outros, como o qui- trema, com trema l " F rancamente, tal
lométrico Hêveca Carputa Mataruta An- fanatismo não merece um estudo em
o disco
dreata Von Kapt, falso do principio ao fim, profundidade?
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o filme
Como tanta gente séria, Walier Lima Júnior minha visão do carnaval e era duro reconhecer is-
(.4'h'uinu de Erigenh,o, Brasil Au, 2000) é envie,
acesso a entrevisto. Com Lwnpidi. pelo menos,
ele não foi possícel, agora que estamos vendo A
O delírio que faltava 50, por isso gastei muito tempo para aceitar a
idéia de um outro filme. Mas que filme?
"Há unia frase de Jean Cocteau que diz: 'O
leni l 1)t-liriui: o quase enrrei'isrado, há reste- cinema é a única arte que capta a nuorie le a vida)
t014fluas, deixou o local do efl(rel'ers', 15 minutos elo seu trabalho diário' ; e esta frase me criava a
antes da hora marcada. idéia de Fazer uni filme q Lie levasse anos para ser
A explicação para o pudor do cineasta ex: rzr4 feito, acompanhando aquelas pessoas e deixando
proi-ass'Imenre no caráter profundamente pessoal que o tempo corresse sobre elas. Eu fora a Niterói
do filme, que tira grande parte de seu encan to com a ideologia de um Meliés . ou seja, querendo
i'sjmodeuant rgciv.Seja forçar a minha xusiçào de câmerdi, o meu ponto
('0010 for, seu depoimento reproduzido pela dis- de vista, e o resultado se aproximava da posição
tribuidora s' transcrito abaixo é uma bela 'ex- de uni Luniiére, onde o registro documental
plie'ào de motivos" para uma filme surpreen- prevalece sobre o onírico: houve uma greve na
dente; e tanto mais interessante por descrever saída da fábrica e surgiu o herói. Deu - se o im-
também as condões contrita.'. em que o bloco previsto e graças a ele o filme começou a viver,
c'arnacalevcw Lira do Delírio de Niterói, l'iroufil- Um filnse, comoqualquer obra de arte, exige o
"te. risco absoluto, É preciso navegar para conhecer.
Trazendo o estandarte e iluminando a pista De resto foi ti que fiz nos anos que se segui-
eco, 4nect' Rocha. Ilcre anojo não seria si mesmo ram. E enquanto navegava, aprendia a comandar
sem Fernanda Montenegro em Tudo lli'ni. sem o barco e a determinar (-i runuo. Os bons e os maus
lahs.-1 Ribeiro em A Qus'cl. Agora remos, além ventos me trouxeram ao porto do delírio, onde
de doit estupendos desempenhos de atrize'. uma bebi o fel e o mel alterqados ou misturados e senti
espantosa ('F114 ão risceral, o travo da ressaca,
Na Lirs, ,inect' é Ness Filiot, o que pode nos "Creio sue cada filme tem a sua forma cor-
dar d:ia.t pistas. lima sobre a pronúncia certa de reta de realização. Nem mais nenu menos. Isto
tia nome: e s, dizer .Vess ElIlor bem cariot-amen- criou uma enorme responsabilidade, e até que
te, ou haianamenre. Outra sobre o clima defan' pudesse ter certeza do resultado final, resolvi
fatia HolIi'woodiana que se mistura ao delírio aprender a lazer o meti filme. Comecei a tarefa
dionisíaco do carnaial. Inclusive no que têm de do sei, diretor, 13'idter Lima Júniur(ClóvLr Mar- gura. No Carnaval. o consciente é inconsciente. la-tendo documentários para o cinema, depois
vial?ntia, os quiproquós de filme mssrs'rio se ques) Ê a subversão psíquica onde a catarse vence. Mas para a televisão e até chegar ao primeiro plano da
t ansfe em de repente para a Lapa. O encan-
r r "A idéia era lazer um filme musical a partir havia o projeto do filme — o sonho dentro do fase final daLirahasia rodado 50 documentários e
tamento dos quatro dias ameaça quebrar-se para de canções de carnaval, acho que era assim, uma sonho real — e era preciso levar avante. Poucos três anos e 455o haviam decorrido, Afinal; Lu-
Necs, que coltu a perder seu co", para os outros idéia lucro-musical. E teria sido desta forma se o dias depois das filmagens em Niterói a idéia já era miére e Meliés se combinariam. Lumiére era o
como taxi-giri. lias 4 Lira do De-lírio parece carnaval daquele ano não nos envolvesse tanto. E bem outra: o carnaval me surpreendera de tal for- som direto, arma poderosa do meu aprendizado e
protestar exatamente contra isso, sustentando até assim nos perdemos na festa e quando a gente se ma que o que consegui filmar em cinco horas de Meiliés, o cinema da invenção, poético e criativo.
o fim o desafio (afinal de contas raro isa cinema) perde no carnaval vale dizer que o descobrimos. copio tinha 60% de cenas de violência e isto não A crise do cinema de autor é o confronto com
da inventividade jeericamenie livre e pessoal até As máscaras caem, as fantasias se rasgam, a rea- era o que eu acreditava como base para um a vida. E a vida compreendeu nossa vontade e
as ultimas conseqüências. Abaixo, o depoimento lidade e o sonho se misturam.A liberdadee inau- musical. Mas afinal eu conseguira registrar a nossa esperança se deixou filmar
Is' lei i ti ra cii 1 n'tu ii' sui uii(' sui a era. O enredo, i;il;u se iiiii p ernuanente clima de perigo no ar, perfeitamente na moda dos filmes "avançados";
N a (lst;t cli dc fiO . cc vel ho M a rs- u se a p regoava 't'si;'u ru'iuls'uss dc' luzittii r's''. e PitiiltuS coou sexo tu
ei''I i, :iç o sial da persssn nlida de humana, par- a 1 it'ss. nu si nu 'cii tiaçies tltiC conseguem fugir par- tritutuchui fllltiltiS vezes alarmes falsos (p. ex., o
Z1
c'izilnieiite do ltijttcr-s'uiiicini graças à inventividade 'tlutuulluc" ti etunis'ete de Tonv contra Thereza). A ;uiuutliute 'cinc'tu: ''Vtui leiitur nuinhi,'i htuuicta'':
(íiJoda teoria freudiana da "Perversão polimor- Tht'n',.i relul k'a : —P P q ite acabei de fa,er''):
- Is isç Iss. que si lsv iii 1 ira r lira, er de todas as do 1 rilui roteiro- rI i reção- til ri, : a sublime inter- ameaçade punição sai sendo logada em pitadas
tu t u is- seu s ti tinia sut'neriustu tu nussst rtugem titu se-
par e'. Is corpo. Mesi 1' final da clãs',icta de 70. I i rei :1'.' is dc I)ici sue K enton . sobretudo. arrebenta -it'csliIsl;ssus,idiis ,iuu lsstuo do filme: as crianças se
_,us ti ri is'siias'Q'ic's meca ii ieisl as de scsi personagem c'isnu dl diil'fl&'Itt da professora "devas- uutiliib.iils' tuei'iuuis'.i% :5 . iiuilus desde tuitistutrhtuções
tem se a insprs'ssào que esse problema estaria ti l ,rs.sias i'siuui filnuiiuluus iiiriuõ; e nusisursu uma
i Iii Prithii ido- 1 se 5 de ambiguidade nu" : o ptui ;idsscs'e Cti(ltituiitii Tluereza está na Farra:
supera di': sis mi dia teriam e rol ia ado tudo, na 1 tsfl
re:uli,a'ãis Qtier di,er. as reis -indicações Feminis- por falarem dos homossexuais sem tachá-los c
tini casal helerus muito Feliz e enquadrado. Que Su a postura confuirni ist tu parece mais do que
lindo par!. diriam as mamãs aliviadas. itts liirani couuseguiidtss, do ponto de vista do filme. é itirtuil '"s e m'riluuiusosus'.. N'ao é mesmo engraçado? A
t i iuhcuuie. tio sugerir que liberdade demais
uur'ps''.ii''. Vis tu tu Cisili,tsçài' — uns ttilscc'. a
Seria ludo isso mera coincidência, ou o re- F uustde tk'scnuhisesusu titulo isso? Na devassidão. iss'rieostt. Não era isso mesnuo que nossos avós
dirá o roteirista. A verdade é que o filme utiliza Sifili,:isi, ch i e silos os the'cejmus repriniiti 's s'uus-
íliiso da aparente onda de liberação sexual que 4iziam: "Cuidado, Deus castiga o pecado?" A
s'Cuii'tlos JW,n11M11 sst'sies st'iiisss de luistt'uritu
pernseotl a ultima década? Certamente. Mr. ;'rt'iuuiss' ''progrc".sisttus " para obter. paulahi- tiht'ra 5'àts da libido 'ssnirccpõe-se manqueisti-
oilhar não é mera coincidência. O filme faz nanucuuie. tinia inversão de valores que chegará à i-tsnuetute tu necessidade da repressão. deixando
5 '
iuiiiuituiutu Mi isis.'tu itt' ftluusis a Mturclutu NiIps'idIl.
u,urtc desse refluxo, sabe das coisas e pode ser eusiudeuutucio violeniti. no assassinato final. Aliás, que ti culpa se instale soberana. O mais grave,
Iuids'. menu'. ingênuos. Suas fórmulas e signos tu frase sits pai poderia ser ri refrão fatalista do tuirénu. é que tudo o aptirtitus de intimidação
Firauli :iprendidns e retirados da ''era progressis- fillus: — Voçè sai se dar mal. sozinha". A partir do nuorut id ' pehuu filme não consegue esconder seu
ti '' . i i iiiiizindo is feminismo para la ,s'r uma luis 'iii('ii o t'uui tilie There-,'a deixa a família, os- is mi uusssrl o iii a: cii n dcii ti-se si excesso de hiber-
Joo Slhérlo Trevisan
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LAMPIÃO da Esquina
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CARTAS
NA MESA
Uma questão de linguagem Paulista,
(aros amigos, ac momento estou tentando mais profundos para minha pesquisa, emia que o pessoal. uo contrário do que tu' diz, e
muito respeiosd ir. E converte muito: S('JO 304 -
23 anos,
resolver um problema, e creioq ue vocês po- apenas uma relaço de vocábulos e expressões
deriam me ajudar e muito. Sou estudante e es-
tou cursando o 12 ano de letras da Fundação
iitili,adas pelos gays. que estabelecem a co-
municação entre eles, seguidas do significado
cera, diga que esta fuze p nds urna pe.sqursu, mui-
guuémn se Ossusta c,,)Pn isso Você vai fazer urna
'Xt'clU'flte trubulli,,, ternos certeza. E depois, ni4,)
coisa e tal
Santo André. Como se pude preser. este curso que teriam para nós, leigos que somos neste
transmite conhecimentos fundamentais a res- campo. esqueça de inundar tinia copia de [ruo p4'SqU5U1
peito tias línguas e dos fenômen,ss que elas con- P.S. - Gostaria de pedir ainda mais um pra gente, OK' Quero .she, se .for boa ' , LA ttf'
tem. Partindo, daí Foi- nos dada como tarefa favor -. vocês mercionaram no jornal algo a PIA O até jruhlu'a. Quanto às palavras que s-iu,
urna pesquisaa respeito [Ias gírias que fazem respeito do "Dicionário de Mestra Mambaba". em sua curou, todas retiradas do ,wss'
parte da vida cotidiana de um grupo social. A Eu poderia encontrá-lo facilmente em algum ;,,rnid, o gente vai mandar o sigrrt/nr* udo pi..
escoiliti deste grupo ficou ti critcric ' dos alunos. lugar? Onde? Grata, .4h. sito: Rafada Manihaba é urna cri-
e cii resolvi que iria laier uni estudo da gíria Sueli Almeida - São Paulo, capital. iidudu' mímica que persidrl'a?urenht' baixa em ai'
usail.i entre os liornossesLiais. Para isso, com- R. - Olha. Sueli, se ioi'f quer lazer urna gu.uémri iuqra da redizçào - qualquer uro, ela lUSO
prei o n 5 do LAMPIÀO da Esquina, pu- fies quisu pra valer, p o r cure frequentar si bares tem /tr4yert'rucui. E uma bicho que, nas várias
bliado por socês, coni o propósito de encontrar ,'4WL4 aí sk Sei,) Paulo .' trator e'or,hei'tmeptto i'iit'Ornoçn'3 pela.s quita já fiUSSoO (o' sempre
palas ras que crvmsscm ao meu interesse L01(( O /ieSSIM4I. 1.- mundo (71141(4) irrtrficrtiCiJ e perrg isíssiora, asa u,s,aclora. O Dieu ',ui í rio dela U
Acontece, porém, que no ten tio eu nenhum rei't'f,ILLo. Dê urna pa.ts,41u pelos bares do Lareu um livro que mia oca foi es,rilo. rilão é prl.'cia ' 4.
antigo ga y que me orientasse, se tornou dificil li, Ar ai tire. Vá io AÍ,'cfo'i',u/, ao (,ai' C 'luuh, ao eh' si eo ri f ( ^iii pulo i-ru.s que as pt'ssiat gmsiarucLiil
Para mim as pulti'Tas usadas nas reportagens II, mi, Sa1,ii'rrs, a,, ' 'dotou' Dritu,rcu o rua. Era ri' de esquecer. ,nas iieiartu'ce que Mambaha vive a
do jornal. Aí então me surgiu a idéia de es- Ir, / bp,'rti urU i/ 14' FIeL, lia l,p i ruflgil. r. erto do es- ç issvrrá da.' . C,,rrst,4Iu tens coZi' COn 5(i) ,uum'ulos.
erever para vcês, na certeza de obter dados q uina de .Sàr .Io. Pule /1:ê-lo sem n'mor [ ! . ,r- kâ queima saber c,rie pest inha ela é.
Onde os amigos
nes 2222:, e
Rosto e corpo
Stela 'ri,', - \luus o i".''.'.i'ai cl ' ' J.iruiuul ,t *' Brasil e
tiui se premu'suiw, que flái1 5110114'.
'41ui '.iI:i'. clit'titc'lti '.: Pu u r e'u'uimpi,': avio'.1','.
,lc '' cui '.ai t'riicur;u casal — _ etc'.. ti),,
se encontram Tratamento. Método: ele' ;oit,lit;ur. M il-elli e iii' exemplo tI '.-
'clI ' cri, Dalconiuner, que riu'% deu um
Rua T,ttjano Reis - 365
trocoagulação, com aparelhos v'uuutl'iu i''r i',s,' mliii u,mil'uncu,' eriiis.
Forno seco (sauna) deixa manchas nem cica- \-1:uiud'.-mii u' tesi,' i t' '' mitiu. iuurut'' 't)niu clit't(iii'
'ii ' .,le i,'sutiI etni titio',' da t-'iqiminti -
Massagem trizes. Ambos os sexos. l : li i ,, i_ , uk' 1 is u',' s .11, ruiam' e Rei i',itis 1,tci.
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616,s/01 m boi t'ui 1 Imlm'umuSs da — Laranja Mct'i,nic'a''i
quer trocar citei tis cultaS 1011404 aqueles e
2b-C1S7 iiini'las que estejam a fim. I n formo t ani bem
(liara qluu'nm ti-no tem papo iii' iuiíu mi que
Aguarde: i rIlu'n selos. 11051 ti is, civ... Esu-res a, que os
LAMPIÃO LAMPIÃO. "Histórias de Amor" '.u'iu'. ('rS 1,941 li uiril' 1,41 51 ml) nitia serão per'
ilid'is. Jomii ,%uln'rmn - Dakornuner, Cai x a
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O Beijo da M Aranha
-
- Que suspiro!
- Que vida esta. tão dificii...
Que está sentindo, Molina?
- Não sei, tenho medo de (Lido, tenho nado
de me iludir com essa história de que me vão s1-
iii. lenho titedo de que não me soltem... E do que
vulto mais medo é de que nos separem e me
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