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2.1. Os factos sociais

2.1.1. Noção de facto social

2.1.2. Características do facto social

2.1.1. Noção de facto social

"Um facto social designa qualquer situação, relação, acontecimento ou


realidade que, de uma forma ou de outra, exprimem um determinado
aspecto da vida social."

[Alain Birou - Dicionário de Ciências Sociais]

Facto social é, pois, aquele que decorre da nossa vida em sociedade; é


interacção dos homens no espaço e no tempo. Esta interacção caracteriza-se
por determinadas regularidades, isto é, há regularidades subjacentes na
forma como as pessoas se comportam e nas relações que mantêm umas
com as outras.

A Sociologia estuda os factos sociais, as interacções sociais. Interessam-lhe


as regularidades sociais.

Facto Social

"Émile Durkheim, que impôs a noção de facto social, atribuiu-lhe, como


critério de identificação, duas características fundamentais ² a exterioridade e a
coacção. Deste modo, Durkheim, em As regras do método sociológico, caracteriza
os factos sociais nestes termos: 'consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir
exteriores ao indivíduo (existem fora das consciências individuais) e dotadas de um
poder coercivo em virtude do qual se lhe impõem' (1984: 31).

O facto social é geral no âmbito de uma dada sociedade e, sendo exterior ao


indivíduo, tem uma existência própria (existe independentemente das manifestações
individuais que toma ao difundir-se, impondo-se como modelo de acção e de

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valores nos quais as pessoas são educadas. Daí o poder de coerção externa que
exerce sobre os indivíduos. 'E a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela
existência de uma sanção determinada ou pela resistência que o facto opõe a
qualquer iniciativa individual que tende violá-lo' (Durkheim, 1984: 36).

Poderemos ainda dizer que o facto social é a interacção dos homens através
do tempo e num espaço próprio. Cada facto social concreto deve ser referido a um
ambiente social particular e a um tipo definido de sociedade, pois um dado facto
social ocorre num determinado espaço físico e num determinado tempo (época ou
data específica). Só é possível compreender os factos sociais se os virmos nas suas
relações recíprocas e no seu ambiente colectivo, onde se desenvolvem e de que são
expressão. O espaço e o tempo conferem aos factos sociais características por vezes
únicas, outras vezes semelhantes, a outros factos noutros locais ou épocas. O facto
designa, então, um acontecimento concreto no tempo e no espaço. Ao dizermos que
um homem se suicidou esta manhã no seu apartamento, estamos a referir-nos a um
facto social concreto.

Para Durkheim, é impossível analisar um facto social sem se observar a


totalidade do seu desenvolvimento na sociedade. Por exemplo, o fenómeno do
suicídio refere-se a um conjunto de vários suicídios, traduzindo-se cada um num
facto social isolado. Socialmente, só faz sentido analisar o fenómeno no seu
conjunto. Para ele a Sociologia deveria estudar as sociedades globalmente e fazer
análise comparativa dos diversos tipos de sociedade."

2.1.2. Características do facto social

RELATIVISMO

Qualquer facto social só tem sentido quando integrado no contexto natural e social
onde ocorre.

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Os factos sociais variam no espaço e no tempo; dado que ocorrem num
determinado espaço e num determinado momento, os factos sociais são
condicionados pelos elementos próprios e estruturantes do respectivo contexto.

EXTERIORIDADE

O conceito de exterioridade dos factos sociais baseia-se na concepção durkheimiana


de consciência colectiva, por ele definida como o conjunto das maneiras de agir, de
pensar e de sentir, comum à média dos membros de uma determinada sociedade e
que compõe a herança própria dessa sociedade.

As maneiras de agir, de pensar e de sentir são exteriores às pessoas, porque as


precedem, transcendem e a elas sobrevivem.

Os factos sociais transcendem os indivíduos, e estão acima e fora deles, sendo,


portanto, independentes do indivíduo em particular.

Exemplos: quando desempenhamos o nosso papel de cidadãos, de filhos, de


comerciantes ou de alunos, praticamos deveres definidos fora de nós e dos nossos
hábitos individuais, no direito e nos costumes. Não fomos nós que criámos essas
leis e costumes, mas estes foram-nos transmitidos através da educação.

COERCITIVIDADE

As normas de conduta ou de pensamento são, além de exteriores aos indivíduos,


dotadas de poder coercivo, porque se impõem aos indivíduos, independentemente
das suas vontades.

Segundo Durkheim, ´é facto social todo o modo de fazer, constante ou não,


susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coacção exteriorµ; os factos sociais são
´dotados de um poder imperativo e coercivo em virtude do qual se lhe impõem [ao
indivíduo], quer queira quer nãoµ.

Quando, através da educação, aceitamos como válidas as maneiras de agir, de pensar


e de sentir do nosso grupo, conformando-nos com elas, de bom grado, não
sentimos essa coerção, pois ela torna-se, então, inútil, o que não significa que deixe
de existir. A força coerciva aparece assim que tentamos opor resistência à mesma.

2.2. O social e o sociológico

SOCIAL

Refere-se a tudo o que é característica da vida em sociedade. Refere-se a fenómenos


da ordem do real, ao real social concreto, ao processo real da vida social.

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SOCIOLÓGICO

Perspectiva de abordagem do real-social própria da sociologia. Forma de o


pensamento abordar a realidade social através de um conjunto de instrumentos,
métodos e técnicas; processo de conhecimento científico da vida social.

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