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Noção de Obrigação e de Direito das obrigações: O Direito das Obrigações é

um conjunto de normas jurídicas que regulam as relações de crédito. Estas relações


de crédito tanto dizem respeito aos Bens como aos Homens.
EM SENTIDO AMPLO: a Obrigação designa qualquer relação jurídica tutelada pelo
Direito. Abrange as relações entre os credores e os devedores. Entre eles existe, de
um lado, um dever jurídico, ou o dever de observar determinada conduta que produz
efeitos na esfera jurídica de outrém; do outro lado, existe uma sujeição à acção
daquele que tinha um dever jurídico. O dever jurídico é uma conduta imposta a uma
ou várias pessoas, e é normalmente acompanhado de meios coercitivos.
EM SENTIDO RESTRITO: a Obrigação pouco ou nada tem a ver a ideia de sujeição.
A lei no art.397. do C C define a Obrigação como "um vínculo jurídico, por virtude da
qual uma pessoa fica adstrita à realização de uma prestação". Com base neste
artigo, a obrigação designa-se tecnicamente por PRESTAÇÃO.
A Prestação consiste numa acção ou numa omissão. O dever de prestar não é uma
imposição do direito. Ele nasce com a vontade das partes e os meios coercitivos e o
seu desencadeamento depende da vontade do não obrigado à prestação. O não
obrigado à prestação tem um direito de crédito, um direito subjectivo que consiste
em exigir o cumprimento da obrigação.
O Direito de Crédito não se confunde com o Direito Potestativo, pois este último
consiste no poder conferido a uma determinada pessoa, de modificar, extinguir ou
até criar direitos na esfera jurídica de outras pessoas, sem a cooperação destas,
enquanto que no Direito de Crédito, é necessário a cooperação, das outras pessoas,
o credor do preço tem de aceitar a quantia em dinheiro.
Nos Direitos Potestativos existe um estado de sujeição que não se encontra no
Direito de Crédito. Neste é necessário a cooperação do credor para que o direito se
realize.
O regime das obrigações familiares difere do das obrigações que não integram a
família. As primeiras não pertencem ao comércio jurídico. Por exemplo, é impossível,
tendo direito a alimentos, ceder esse direito porque esse direito é um direito de
crédito PESSOAL.
1.ª diferença: os direitos de crédito, em princípio, podem transmitir-se a terceiros e
os direitos familiares não;
2.ª diferença: quanto à sanção: a sanção em caso de não cumprimento dos
deveres familiares, não se limita a uma obrigação de indemnização, isto porque os
direitos familiares são mais amplos que os direitos de crédito.
Quanto aos Direitos Sucessórios: aí a diferença em relação ao direito de crédito
não existe. O direito de crédito e o direito sucessório têm as mesmas características
e o mesmo regime. É evidente que as relações sucessórias não são unicamente
relações obrigacionais.
Podemos concluir que a Obrigação é a face passiva de uma relação jurídica,
contudo, o termo Obrigação é também empregue para designar a relação jurídica no
seu todo e aí até se emprega a expressão Relação Jurídica de Crédito.
Nestas relações jurídicas de crédito existe um lado activo e um lado passivo. Do lado
activo, do credor existe o Direito de Crédito; do lado passivo, do devedor existe uma
dívida ou um débito. Geralmente o crédito e o débito revestem um carácter
patrimonial, mas não é sempre assim, o interesse do credor pode não ser
patrimonial, pode ser um interesse intelectual. Existe base legal para afirmar que o
interesse pode não ser patrimonial - nomeadamente o n. 2 do art.398.do C C - a
prestação não necessita de ter valor pecuniário mas, deve corresponder a um
interesse do credor digno de protecção legal.
O direito não é necessariamente avaliável em dinheiro. O interesse do credor, seja
ele ou não patrimonial, deve ser digno de protecção legal, (art.398.n.2, art.443.n.1 e
art.446.n.1, todos do C.C.
Este interesse do credor é satisfeito através da realização da Prestação. A prestação
tanto pode ser realizada pelo devedor ou por um terceiro, com base no art.767, a
menos que as partes tenham convencionado o contrário ou então que esteja em
causa. uma Prestação lnfungível.
A satisfação do crédito está dependente do devedor, contudo, em certos casos, o
crédito só é satisfeito se existir, além da intervenção do devedor a intervenção do
credor, por exemplo: nas obrigações genéricas em que o objecto é somente
determinado quanto ao género, e nas obrigações alternativas em que o objecto
compreende duas mais prestações, a escolha da prestação que vai ser utilizada para
o cumprimento pode caber ao credor.

Em todas as situações, o credor e o devedor devem proceder de boa fé. O credor


deve respeitar o princípio da Boa Fé no exercício do seu direito. O princípio da Boa Fé
também deve ser cumprido pelo devedor no cumprimento do seu dever jurídico, no
cumprimento da sua prestação, segundo o art.762.n. 2 do C C.
A atitude das partes não pode ser abusiva, pois o abuso do direito é proibido,
segundo o art.334.do C C. Há abuso de Direito quando o titular de um direito excede
manifestamente os limites impostos pela Boa Fé, os Bons Costumes ou os limites
impostos pelo fim económico-social do direito em causa. Não é necessário que o
devedor ou o credor tenham consciência que o procedimento é abusivo, basta que
ele o seja na realidade.

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