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TRAJETÓRIA
DO PENSAMENTO
GEOGRÁFICO
Objetivo Geral
Educação a Distância
Geografia
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e descritivo a respeito das impressões das viagens, além das suas limitações
técnicas e das influências da igreja, que não lhes possibilitavam avançar muito.
Foi somente durante o processo de constituição do capitalismo que
esses conhecimentos geográficos foram sendo organizados de forma mais
precisa e, no início do século XIX, o trato com as questões relativas à Geografia
“A s s i m ,
já apresentava um caráter de cunho científico. Era necessário conhecer, por
passou-se exemplo, a extensão real do planeta, a dimensão e a forma real dos continentes
dos relatos para obter uma idéia do conjunto terrestre. Nessa época, algumas terras
ocasionais
aos le- ainda não haviam sido visitadas, mas já havia consciência dos contornos gerais
vantamen- da superfície das terras existentes. Por outro lado, a apropriação de um
tos mais
técnicos; determinado território exigia o conhecimento dos elementos ali existentes e,
das expe- portanto, a ampliação dos conhecimentos locais que a Geografia poderia
dições ex-
ploradoras
lhes oferecer.
às expedi- Era necessário, ainda, representar os fenômenos observados, além de
ções cien-
tíficas. O localizar os lugares que iam sendo conhecidos, e isso só foi possível com o
interesse aperfeiçoamento das técnicas cartográficas. A difusão do comércio, pelos
dos Es-
tados le-
mais longínquos recantos da Terra, exigiu mapas e cartas cada vez mais
vou ainda precisos. O cálculo das rotas, a orientação das correntes e dos ventos, a
à fundação
de institu-
localização correta dos portos foram fundamentais para o sucesso das viagens
tos nas marítimas.
metró-
poles, que Embora o emprego dos conhecimentos geográficos tenha sofrido
passaram a significativo avanço, a sua sistematização continuava de forma descritiva e
agrupar o
material
fragmentada, com enfoque na enumeração de dados e observação dos
recolhido, elementos físicos ou naturais, sem dar a devida importância às questões sociais
como as e, portanto, voltadas aos interesses do capitalismo, o qual necessitava dessas
sociedades
geográficas informações para se expandir.
e os escri-
tórios co-
O objeto de estudo da Geografia era ainda indefinido para muitos
loniais. A autores e, conforme destaca MORAES (1999:13), ainda hoje trata-se, para
geografia muitos, do estudo da superfície terrestre.
da pri-
m e i r a Essa concepção de Geografia se perpetuou por muitas décadas no
metade do
século XIX
meio geográfico mundial e brasileiro e, infelizmente, ainda persiste entre
foi, fun- alguns geógrafos e professores que a difundem entre seus alunos nas salas de
damental-
mente, a
aula.
elabora- Em sua trajetória, muitos foram os estudos e as formas de abordar os
ção desse
material”. conhecimentos geográficos que procurassem clarear melhor a questão do
(MORAES, objeto de estudo da geografia. Conheceremos, nas próximas seções, os
1999:36)
principais percursos seguidos por essa disciplina e os seus desdobramentos
como ciência.
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A GEOGRAFIA TRADICIONAL C
Seção 2 A
P
Í
Objetivos específicos: T
U
· Reconhecer o caráter descritivo e naturalista da Geografia tradicional,
percebendo-a como um instrumento a serviço da burguesia e do L
poder instituído; O
· Perceber que a neutralidade impregnada nessa corrente teórico-
metodológica da Geografia reduz o seu campo de análise,
impossibilitando-a de contribuir com a transformação das condições I
sociais do mundo atual. C o m o
mero ob-
s e r v a d o r,
A tão conhecida Geografia tradicional possui, no positivismo, o seu ao cientista
caberia a
fundamento teórico-metodológico. É nos postulados dessa corrente teórica tarefa de
que o pensamento geográfico tradicional ergue suas bases e continua catalogação,
enumeração,
alimentando os discursos de alguns geógrafos e professores em sala de aula. classificação
e descrição
Essa Geografia apresenta uma característica extremamente exaustiva, dos fatos
na medida em que se restringe a apresentar compêndios enumerativos, de referentes
forma descritiva e catalogada. Essa forma de estudar quase nada contribui ao espaço.
Essas tare-
para a compreensão do espaço e da forma como ele foi e está sendo fas seriam
(re)produzido e, muito menos, ajuda a perceber qual é o papel ocupado importantes
para a com-
pelo homem no processo de sua organização. preensão
do espaço
Um aspecto importante a ser destacado diz respeito ao profundo no seu con-
naturalismo impregnado nessa concepção: a consideração/visão do homem junto, se a
como um elemento a mais na paisagem, como apenas um dado do lugar, Geografia
tradicional
como mais um fenômeno da superfície terrestre. Essa perspectiva não se li-
naturalizante busca explicar o relacionamento entre o homem e a natureza, mitasse
apenas a
sem se preocupar com a relação entre os homens, ficando as relações sociais isso, desc-
fora do seu âmbito de estudo. onsiderando
as relações
Uma outra idéia presente em suas formulações, e que indiretamente entre os
se vincula a esse fundamento, é a de que a Geografia é uma ciência de homens e
destes com
síntese. Nesse caso, a Geografia seria uma culminância de todo o a natureza,
conhecimento científico, que relacionaria e ordenaria os conhecimentos além de
ignorar a
produzidos por todas as demais ciências. Assim, tudo aquilo que acontece historicida-
na superfície da Terra seria passível de integrar o estudo da Geografia. Essa de dos
fenômenos.
forma de conceber tal ciência representa uma maneira de encobrir a
vaguidade e a indefinição do objeto defendido por essa concepção positivista.
Educação a Distância
Geografia
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Para refletir....
urgiam pela
sua expan-
I
“Vidal de La Blache acentuou o propósito humano da Geografia, são territo-
vinculando todos os estudos geográficos à Geografia Humana. rial, foram
buscar, na
Entretanto, esta foi concebida como um estudo da paisagem; daí o Geografia,
homem se interessar por suas obras e enquanto contingente numérico, as informa-
presente numa porção da superfície da Terra. A Geografia vidalina ções que
fala de população, de agrupamento, e nunca de sociedade; fala de necessi-
tavam para
estabelecimentos humanos, não de relações sociais; fala das técnicas
concretizar
e dos instrumentos de trabalho, porém não de processo de produção. o seu ideal.
Enfim, discute a relação homem-natureza, não abordando as relações
entre os homens. É por esta razão que a carga naturalista é mantida,
apesar do apelo à História, contida na sua obra”. (Op. Cit.p.72)
A RENOVAÇÃO DO
RENOVAÇÃO
PENSAMENTO GEOGRÁFICO
Seção 3
Objetivos específicos:
· Entender que a renovação do pensamento geográfico é fruto das
profundas alterações ocorridas nas bases econômicas e sociais
contemporâneas, deixando a descoberto as fragilidades da Geografia
tradicional;
· Compreender que o compromisso assumido pela nova corrente do
pensamento geográfico é mais voltado às questões sociais e, portanto,
o que mais defende as transformações da realidade atual.
Educação a Distância
Geografia
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*.*.*.*.*.*0*.*.*.*.*.*
ATIVIDADE 1 - Reflexão sobre a Geografia que é estudada nas
escolas.
Nenhum ensino é neutro. Ao desenvolver um estudo junto a seus alunos, o professor traz
consigo os seus conhecimentos, a sua opção teórico-metodológica, que vêm impregnados de intencionalidades,
mesmo que não se dê conta disso. No percurso do ato pedagógico, portanto, o professor deve ter a clareza
de que a sua opção exercerá, provavelmente, fortes influências na formação cidadã de seus alunos.
http://www.geocities.com/geografiaonline/Concepcao.html
http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/geografia/
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