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RETIFICADOR CONTROLADO A TIRISTOR COM CONTROLE DE

TENSÃO MÉDIA, USANDO FPGA

Lucas Compassi Severo, Paulo André S. da Silva, Iuri Castro Figueró, Leonardo Peres
Lima, Daniel Sechi, Antônio Mascia, Raphael Neves, Jumar Russi
Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
Departamento de Engenharia Elétrica, Campus Alegrete – Alegrete – RS
{lucascs.eletrica, paulosehn.s, iuricastrof }@gmail.com, {leonardopereslima, daniel_sechi }@hotmail.com,
armascia@msn.com, raphaimdcn2@yahoo.com.br, jrussi@gmail.com

Resumo. Este trabalho foi desenvolvido pelos Desta forma é proposto neste trabalho o projeto
alunos da disciplina de Eletrônica Industrial do e prototipação de um retificador de meia onda
curso de Engenharia Elétrica da Universidade controlado a tiristores, este retificador deve dispor
Federal do Pampa durante o semestre letivo. ao usuário a escolha da tensão DC média de saída.
O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de A interface e processamento do ângulo de disparo
um retificador controlado de meia onda com são feitas através de um FPGA (Field Programable
tiristor, noqual o controle do disparo do tiristor é Gate Array).
feito através de um FPGA (Field Programable Embora haja outras formas de implementação
Gate Array) programado na linguagem de um circuito para regular a tensão de saída de um
Systemverilog. retificador controlado, optou-se pela forma
O projeto é composto por três blocos funcionais, descrita, pois a mesma integra conhecimentos das
os quais são responsáveis pelo sincronismo com a áreas de instrumentação, de sistemas digitais e de
rede elétrica, processamento do ângulo de disparo eletrônica de potência, possibilitando aos alunos
e disparo do tiristor. uma visão da interconexão de diversas áreas no
desenvolvimento de um produto.
Palavras-chave: Retificador controlado, FPGA, A organização deste artigo dá-se da seguinte
drive de disparo, sincronismo. forma: A seção 2 trata do projeto dos blocos
funcionais, a seção 3 analisa os resultados obtidos
1. INTRODUÇÃO na prototipação, e finalmente a seção 4 faz uma
conclusão.
Circuitos retificadores são circuitos de grande
importância em projetos de engenharia, pois o 2. PROJETO
sistema elétrico de potência está baseado
basicamente em geração, transmissão e Para a construção do circuito retificador
distribuição de energia elétrica em corrente proposto neste trabalho foram definidas três etapas
alternada (AC) e os circuitos eletrônicos em geral e de construção. Desta forma o projeto é composto
alguns circuitos de potência funcionam em pelos blocos de Sincronismo, Processamento e
corrente contínua (DC), desta forma é necessário a Acionamento. Na Figura 1 é mostrado um
conversão da energia através de circuitos esquemático do projeto, demonstrando a
retificadores [1]. característica estrutural do retificador controlado.
Uma característica importante em uma fonte de
alimentação é a possibilidade da variação da
tensão média entregue a uma carga, sendo que esta
característica em retificadores controlados é de
fácil obtenção, pois basta efetuar a alteração do
ângulo de disparo dos tiristores do retificador [2].
2.2 Estagio 2 - Processamento
O bloco de processamento tem a função de
receber o pulso de comando do bloco de
sincronismo e, com base nos dados de entrada do
usuário (tensão média na carga), gerar um sinal de
controle para o disparo do tiristor. Para isso foi
Figura 1. Circuito retificador controlado a utilizado um FPGA da família Cyclone II [3]
tiristores. disponibilizando uma Interface Homem-Máquina
(IHM) para a configuração dos parâmetros da
2.1 Estagio 1 – Sincronização resposta do sinal de saída. Assim, será apresentado
o funcionamento deste bloco em duas partes: parte
O bloco de sincronismo tem por objetivo operativa e o controle.
informar ao bloco de processamento quando que a A. Parte Operativa
tensão da rede elétrica AC está em seu ponto de
início (zero graus elétricos), informando assim o
tempo do ângulo zero da senoide. Desta forma este A arquitetura para o disparo do tiristor é
bloco usará um circuito comparador, fornecendo composta por um registrador de entrada, uma
um pulso de comando quando a tensão da rede for tabela com valores dos ângulos de disparo, três
maior que zero. contadores e controle. O objetivo desta arquitetura
A Figura 2 representa o circuito projetado com é receber o valor de entrada de cinco bits, que
seus respectivos valores de resistência. O trimpot corresponde a um valor médio de tensão na carga,
R3 é utilizado para regular a tensão de saída determinar o ângulo de disparo que satisfaz a
(Vout) em 3,3V caso haja alguma queda de tensão condição de tensão média e enviar um sinal para o
quando a carga for conectada ao circuito. disparo do tiristor no tempo adequado.
A velocidade de operação da arquitetura é 50
MHz, enquanto que o sinal de entrada tem
freqüência de 60Hz. A resolução escolhida para
este projeto foi de um grau que corresponde a 2300
ciclos de clocks do FPGA. Na Figura 4 é mostrado
o fluxograma do comportamento da arquitetura.

Figura 2. Circuito comparador projetado.


O resultado da resposta do circuito retificador é
mostrado na Figura 3. Pode-se notar que esta
resposta atende aos requisitos desejados.

Figura 4. Fluxograma da arquitetura proposta

Figura 3. Saída do comparador em relação a A arquitetura tem o seguinte funcionamento: o


entrada senoidal. sinal de entrada é comparado no bloco tensao_ang
para determinar qual ângulo deve-se disparar o utilização de um buffer de isolamento, onde se
tiristor. Este dado é enviado para counter_angulo optou pela utilização do circuito integrado 74125
que espera um sinal de start para iniciar a [5].
contagem. O bloco counter_clock é responsável Após o circuito de isolamento foi projetado um
pela contagem de um grau, quando esta etapa circuito de forma que através de um pulso de
termina, é enviado um sinal de pronto para o comando seja fornecida a corrente necessária para
controle. O controle então inicia a contagem do o disparo do tiristor. Este circuito é mostrado na
counter_angulo por um ciclo, ou seja, incrementa Figura 5.
uma vez esse contador. Esse processo continua até
que counter_angulo seja igual ao seu valor de
entrada. Neste dado instante, um sinal é enviado
para disparar o tiristor e esse sinal permanece neste
estado até que counter_gate termine de contar o
tempo mínimo para enviar um sinal para o gate do
dispositivo.
Figura 5. Circuito de disparo do tiristor.
B. Controle
Conforme mostra a Figura 3 o circuito de
disparo consiste, essencialmente, em comandar a
O controle tem por função determinar os sinais base de um transistor (Q), o qual, devido a
que devem ser fornecidos para a parte operativa polarização dispara o tiristor quando o buffer
em cada estado [4]. Para este projeto utilizou-se entregar um sinal igual a zero.
máquinas de estado finito, contendo cinco estados Para construção do circuito foram
lógicos: dimensionados os componentes mostrados na
Estado 0: Estado inicial, responsável por gravar Tabela 1.
o sinal de entrada e zerar os contadores. Se
start=’1’ irá para o estado 1 senão permanecerá no Tabela 1. Valores dos componentes do circuito.
estado zero.
Estado 1: Inicia a contagem do contador de
2300 ciclos, permanece neste estado até que VCC R1 e R2 R3 C
ready_cont1=’0’. Quando ready_cont1=’1’ irá para
estado 2. 12V 1kΩ 470kΩ 1µH
Estado 2: Inicia a contagem do contador de
Onde G e K são os terminais de gate e catodo
ângulo, este é incrementado em uma unidade. Se
respectivamente do tiristor e Q é um transistor
ready_count2=’0’ irá de volta para o estado 1, ou
BC547.
seja, não está no ângulo de disparo. Quando
count2=’1’ irá para o estado 3.
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Estado 3: Neste estado é enviado o pulso de
disparo para o tiristor. Quando ready_gate=’1’ irá
A tensão média de saída em um retificador de
pra o estado 4.
meia onda controlado é dada em função do ângulo
Estado 4: Este estado é somente de passagem
de disparo (α) [5], conforme mostra na Equação 1
para sincronismo da máquina de estado com o
e na aproximação da Equação 2.
sinal de start. Quando o start for para zero ele irá 1 π
para o estado zero. VLmed =
2π ∫α [(V
P ).sen(ω t ) − VT ].d (ωt ) (eq. 1)

2.2 Estagio 3 – Acionamento VLmed = VP .(1 + cos α ) − VT .(π − α ) (eq. 2)

Para o acionamento do tiristor e a proteção do onde α é o ângulo de disparo, VP é a amplitude da


FPGA é proposta a construção de um drive, que tensão alternada de entrada, VT é a queda de
fará o papel de isolar a circuito de disparo do bloco tensãosobre o tiristor, ω é a frequência angular.
de comando (FPGA). Para isso, foi definida a
Utilizando uma carga resistiva, foi variando-se o
ângulo de disparo do retificador controlado e 4. CONCLUSÕES
avaliando-se o valor de tensão média medido pelo
osciloscópio e pela equação que modela a tensão Este artigo apresentou o projeto de um
média. Estes valores são mostrados na Tabela 2. retificador de meia onda controlado, o qual
Com os valores desta tabela, observa-se que os apresentou bons resultados, pois a partir da escolha
valores obtidos aproximam-se dos valores teóricos, do nível de tensão média em uma IHM do sistema
com uma diferença entorno de 0,1V. Parte desta de processamento o projeto dispara o tiristor de
diferença pode estar na modelagem da queda de forma a obter-se na saída à tensão média desejada.
tensão no tiristor, onde neste caso utilizou-se um O ganho principal deste trabalho encontra-se na
valor típico de 0,6V [7]. aplicação da metodologia no estudo de casos reais,
A Figura 6 mostra a curva da tensão de saída e fornecendo apoio à analise e comparação do
entrada, respectivamente, obtidas com o retificador comportamento dos parâmetros de funcionamento
projetado. de circuitos deste tipo, ressalta-se também a
importância teórica da construção deste trabalho,
Tabela 2. Resultados de tensão média obtidos com ampliando e complementando os conhecimentos
o protótipo comparados com o valor teórico. estudados na disciplina de eletrônica industrial.

Ângulo Medido Teórico


21,6° 5,06V 4,96V REFERÊNCIAS

43,2° 4,51V 4,45V [1] Capuano, Francisco e Marino, Maria.


64,8° 3,69V 3,67V Laboratório de Eletricidade e Eletrônica. São
Paulo: Érica, 1995.
86,4° 2,77V 2,72V [2] R. Boylestad, L. Nashelsky, ispositivos
108° 1,84V 1,75V Eletrônicos e Teoria de Circuito, 5ª Edição,
129,6° 0,91V 0,90V Prentice Hall, 1994.
[3] Altera: “Literature Cyclone II Device”,
151,2° 0,29V 0,29V disponível em: http://www.altera.com/literature/lit-
cyc2.jsp, acessado em Julho de 2009.
[4] D. A. Patterson, J. L. Hennessy, Computer
Organization And Design, Third Edition, Elsevier.
[5] Datasheet circuito Integrado 74125, disponível
em:
http://www.datasheetcatalog.com/datasheets_pdf/7/4/1/2/741
25.shtml, acessado em agosto de 2009.
[6] BARBI, I. Eletrônica de Potência. 4ª ed.
Florianópolis: Ed. do autor, 2000.
[7] Datasheet Tiristor BT151-500R, disponível em:
http://www.datasheetcatalog.com/datasheets_pdf/B
/T/1/5/BT151-500R.shtml, acessado em Setembro
Figura 6. Tensão de saída e entrada do de 2009.
retificador projetado.

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