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PÓS‐GRADUAÇÃO EM DIREITO 

PROCESSUAL CIVIL 
  S E N T E N Ç A   E   C O I S A   J ULGA D A   –   09/8/2008 
Prof.  Ronaldo Cramer 

I – Coisa Julgada 

Conforme Liebman, é a imutabilidade dos efeitos da sentença. Entretanto, é fundamental ressaltar que 
tal  assertiva  é  aplicável  ao  Judiciário.  Ou  seja,  as  partes,  se  estiverem  de  acordo,  e  o  direito  for 
disponível, poderão modificar. A coisa julgada não repercute no plano da vida (material), mas apenas no 
plano processual. 

I.1 – Natureza Jurídica 

Para Liebman, é uma qualidade que adere aos efeitos da sentença transitada em julgado.  Comment [T1]: Barbosa Moreira entende que é 


situação jurídica. 
I.2 – Pressuposto Processual Negativo  Comment [T2]: Qualidade de imutabilidade 
perante o Poder Judiciário. 
A coisa julgada é funciona como um pressuposto processual negativo, eis que a sua existência impede a 
evolução do processo ao mérito. 

Art. 267. Extingue‐se o processo, sem resolução de mérito: 

V ‐ quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; 

I.3 – Fenômeno de Relevância Processual  Comment [T3]:  Coisa Julgada e Sua Revisão – 


Eduardo Talamini. 
O que ocorre no plano material não tem relação com a coisa julgada. 

I.4 – Coisa Julgada Formal e Coisa Julgada Material 

Coisa Julgada Formal é a imutabilidade da sentença no próprio processo em que foi proferida. Os efeitos 
são apenas dentro do processo (endoprocessuais ou intraprocessuais). O Código de Processo Civil não 
faz alusão à Coisa Julgada Formal. 

Coisa Julgada Material é a imutabilidade dos efeitos da sentença em qualquer processo. Os efeitos são 
para fora do processo (panprocessuais ou extraprocessuais). 

Toda sentença faz coisa julgada formal, mas apenas a definitiva faz coisa julgada material. A sentença 
terminativa (Art. 267) faz apenas coisa julgada formal.  

I.5 .1 – Reproposição de Ações Repetidas onde já foi proferida sentença terminativa 

A  doutrina  clássica  autoriza  a  repropositura  de  ação  idêntica.  Já  Freddie  Didier,  entende  que  deverá 
haver uma interpretação do Art. 268 do CPC no sentido de que a ação só poderia ser reproposta caso  Comment [T4]: Art. 268. Salvo o disposto no art. 
267, V, a extinção do processo não obsta a que o 
tenha  sigo  corrigido  os  vícios  anteriores.  Para  Freddie,  por  ser  a  coisa  julgada  formal  um  fenômeno 
autor intente de novo a ação. A petição inicial, 
endoprocessual,  não  seria  ela  que  impediria  a  propositura  de  nova  ação  idêntica,  mas  sim  uma  todavia, não será despachada sem a prova do 
pagamento ou do depósito das custas e dos 
imutabilidade não classificada em homenagem ao respeito das decisões judiciais. 
honorários de advogado. 

Luiz  Eduardo Ribeiro  Mourão  defende  que  a  coisa  julgada, tanto  formal,  quanto  material, valem  para 
todos  os  processos,  motivo pelo  qual a nova  ação  seria  extinta  em  função  do  pressuposto processual 

Thiago Graça Couto 
thiagocouto@gmail.com  
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negativo da coisa julgada. Em outras palavras, a maior parte das sentenças terminativas faz coisa julgada  Comment [T5]: Incisos II, III (após a perempção) 


e VIII do Art. 267. 
formal com efeitos extraprocessuais. 

I.6 – Eficácia da Sentença 

É um ato do Estado que tem eficácia perante todos. Toda sentença tem eficácia erga omnes. 

I.7 – Limites Objetivos da Coisa Julgada 

Os perfis de limites objetiso e subjetivos da coisa julgada foram criados para se definir quando a mesma 
se faz presente. Para que isso ocorra, é preciso que existam tantos limites objetivos como subjetivos. 

O  limite  objetivo  consiste  NO  QUE  foi  atingido  pela  coisa  julgada  e  não  pode  ser  mais  julgado  em 
nenhum outro processo. 

Os Art.s 468 e 469 do CPC definem que o limite objetivo é o dispositivo (conteúdo) da sentença.  

Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da 
lide e das questões decididas. 

Art. 469. Não fazem coisa julgada: 

I ‐ os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da 
sentença; 

Il ‐ a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; 

III ‐ a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. 

O relatório e a fundamentação NÃO fazem coisa julgada. Tal medida visa evitar o conflito práticos entre 
sentenças  e  não  teórios.  Em  outras  palavras,  não  gera  conflitos  na  vida  social  a  divergência  de 
fundamentações mas convergência de disposições. 

I.8 – Limites Subjetivos da Coisa Julgada 

Saber QUEM foi atingido pela coisa julgada e não pode mais modificá‐la em nenhum outro processo. 

Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, 
nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido 
citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz 
coisa julgada em relação a terceiros. 

1.9 – Princípio do Dedutível e do Dedutivo 

Art. 474 CPC. É um dispositivo redundante, eis que apenas reafirma o conceito e a autoridade da coisa 
julgada. 

Thiago Graça Couto 
thiagocouto@gmail.com  
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Prof.  Ronaldo Cramer 

Art.  474.  Passada  em  julgado  a  sentença  de mérito,  reputar‐se‐ão  deduzidas  e  repelidas 
todas  as  alegações  e  defesas,  que  a  parte  poderia  opor  assim  ao  acolhimento  como  à 
rejeição do pedido. 

1.10 – Sentenças que náo fazem coisa julgada (material) 

Toda sentença transita em julgado, mas não necessariamente produzem coisa julgada (material).  

Não fazem: 

a. Sentença nas relações continuativas, como ação de alimentos, conforme o Art. 471 I CPC; 

b. Sentença terminativa; 

c. Sentença no processo cautelar, conforme art. 810 CPC; 

d. Sentença no processo de jurisdição voluntária, conforme Art. 1111 do CPC; 

e. Sentença inexistente.  Comment [T6]: Sentença proferida nos 


processos em que faltam os pressupostos 
  processuais de existência, ou as que não contem os 
elementos constitutivos de fato ou direito para 
existir. 
1.11 – Relativização da Coisa Julgada 

Sendo  a  coisa  julgada  um  princípio  constitucional,  poderá  ser  relativizado  se  posto  em  conflito  com 
outro princípio constitucional. 

Ação Rescisória não é relativização da coisa julgada, eis que relativização consiste em afastar, enquanto 
a rescisória, como o próprio nome diz, rescinde a coisa julgada após considerá‐la. 

1.12 – Coisa Julgada Coletiva 

Coisa julgada segundo o resultado do processo (secundum eventum litis). O Art. 103 do CDC reproduz 
essa lógica. 

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: 

        I ‐ erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de 
provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico 
fundamento valendo‐se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 
81; 

        II ‐ ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo 
improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar 
da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81; 

Thiago Graça Couto 
thiagocouto@gmail.com  
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Prof.  Ronaldo Cramer 

        III ‐ erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as 
vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. 

        § 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e 
direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. 

        § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os 
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor 
ação de indenização a título individual. 

        § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei 
n° 7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos 
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, 
se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à 
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. 

        § 4º Aplica‐se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória. 

Thiago Graça Couto 
thiagocouto@gmail.com  

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