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A Europa

União Europeia
A União Europeia é uma associação de Estados Democráticos que estabeleceram entre si
um mercado comum com políticas comuns cada vez mais aperfeiçoadas e abrangendo
um maior número possível de domínios.

Um pouco de história

Durante séculos, a Europa foi palco de guerras frequentes e sangrentas. A França e a


Alemanha lutaram uma contra a outra 3 vezes no período de 1870-1945.
Na Primavera de 1950, a Europa encontrava-se à beira do abismo. Cinco anos após o
término da Segunda Guerra Mundial, os antigos adversários estavam longe da
reconciliação, por isso era preciso evitar repetir os erros do passado e criar condições
para uma paz duradoura entre inimigos, mas o problema residia na relação entre a
França e a Alemanha.

Os Países Fundadores
Foi preciso criar uma relação forte entre estes dois países e reunir os restantes países
europeus a fim de construir uma comunidade com um destino comum. Jean Monnet,
com uma experiência única enquanto negociador e construtor da paz, propôs ao
Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Robert Schuman, e ao chanceler alemão
Konrad Adenauer criar um interesse comum entre os seus países: a gestão, sob o
controlo de uma autoridade independente, do mercado do carvão e do aço.
A proposta é formulada oficialmente a 9 de Maio de 1950 pela França e acolhida pela
Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.

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As primeiras Comunidades Europeias
O aparecimento das primeiras comunidades europeias surgiu com a criação da CECA, a
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em Paris, a 18 de Abril de 1951, da qual
faziam parte os 6 países fundadores. Seguir-se-iam outras realizações, até se chegar à
União Europeia actual, que está prestes a abrir-se ao Leste do continente, de que
esteve demasiado tempo separada, com o colapso do socialismo e da COMECON (O
Comecon ou Council for Mutual Economic Assistance, Concelho para Assistência
Económica Mútua, fundado em 1949, visava a integração económica das nações do
Leste Europeu. O aparecimento da Comecon surgiu no contexto europeu após o final
da Segunda Guerra Mundial, do qual resultou a destruição de parte do continente
Europeu e surgiu como a resposta soviética ao plano edificado pelos Estados Unidos, o
Plano Marshall, que visava apoiar a reconstrução económica da Europa Ocidental.)
Em 1954,devido ao sucesso conseguido pela criação da CECA, os 6 países fundadores
decidiram criar uma organização que zelaria pela defesa e protecção da Europa – a
Comunidade Europeia de Defesa (CED). Mas apesar de todos os esforços dedicados
na construção deste órgão, este fracassou. A grande importância deste evento adveio
exactamente do seu fracasso, uma vez que, a partir de então, os Estados passaram a
adoptar regras mais modestas e progressivas no acto de aproximar os Estados
europeus.

O Tratado de Roma
O Plano Schuman tinha dado origem a uma Comunidade especializada em 2 domínios
decisivos, mas limitados: o Carvão e o Aço. Sob a pressão da Guerra Fria, foram
tomadas iniciativas nos domínios da defesa e da União política, mas a opinião pública
não estava ainda preparada para as aceitar.
Os 6 Estados-Membros da CECA escolheram portanto uma nova área de integração no
domínio económico, A CRIAÇÃO DE UM MERCADO ÚNICO.
Foi então assinado o Tratado de Roma, a 25 de Março de 1957, que instituiu a
COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA (CEE), e que criou instruções e mecanismos
de tomada de decisão que permitem dar expressão tanto aos interesses nacionais

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como a uma visão comunitária.
A COMUNIDADE EUROPEIA CONSTITUI DORAVANTE O EIXO PRINCIPAL EM TORNO
DO QUAL SE VAI ORGANIZAR A CONSTRUÇÃO.

A CEE
De 1958 a 1970, a abolição dos direitos aduaneiros tem repercussões espectaculares: o
comércio intracomunitário é multiplicado por seis, ao passo que as trocas comerciais da
CEE com o resto do mundo são multiplicadas por três. No mesmo período, o produto
nacional bruto médio da CEE aumenta 70%. Seguindo o padrão dos grandes mercados
continentais, como o dos Estados Unidos da América, os agentes económicos europeus
sabem tirar proveito da dinamização resultante da abertura das fronteiras.
Os consumidores habituam-se a que lhes seja proposta uma gama cada vez mais variada de
produtos importados. A dimensão europeia torna-se uma realidade. Em 1986, a
assinatura do Acto Único Europeu permitirá abolir as outras restrições, de ordem
regulamentar e fiscal, que atrasavam ainda a criação de um mercado interno genuíno,
totalmente unificado.

Estados-Membros: sucessivos alargamentos


A União Europeia encontra-se aberta a todos os países europeus que a ela pretendem
aderir e que respeitem os compromissos assumidos nos Tratados da fundação e
subscrevem os mesmos objectivos fundamentais. Existem duas condições que
determinam a aceitação de uma candidatura à adesão: a localização no continente
europeu e a prática de todos os procedimentos democráticos que caracterizam o
Estado de direito.
Assim, a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido aderem à Comunidade em 1 de Janeiro de
1973. A estas adesões seguiu-se um alargamento ao Sul do continente, durante os
anos oitenta, com a Grécia (1981), a Espanha e Portugal (1986) a afirmarem-se
como nações democráticas. A terceira vaga de adesões, que teve lugar em 1995, traduz
a vontade dos países da Europa escandinava e central (Áustria, Finlândia e Suécia)
de se juntarem a uma União que tem vindo a consolidar o seu mercado interno e se
afirma como o único pólo de estabilidade no continente, após o desagregamento do

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bloco soviético.
De seis para nove, de doze para quinze membros, a Europa comunitária vai ganhando
influência e prestígio. Deve manter um modo de decisão eficaz, capaz de gerir o
interesse comum em proveito de todos os seus membros, preservando
simultaneamente as identidades e as especificidades nacionais e regionais que
constituem a sua riqueza.
A 1 de Maio de 2004, dez novos países aderiram à União Europeia, sendo assim, a União
Europeia passou de 15 para 25 Estados-Membros e constitui, a partir de agora, um
espaço político e económico com 450 milhões de cidadãos, incluindo:
- três antigas repúblicas soviéticas (Estónia, Letónia e Lituânia);
- Quatro antigos países-satélite da URSS (Polónia, República Checa, Hungria e
Eslováquia);
- Uma antiga república jugoslava (Eslovénia);
- Duas ilhas mediterrânicas (Chipre e Malta).
Este alargamento histórico da União Europeia, de 15 para 25 membros, conclui um longo
processo de adesão que permitiu a reunificação do povo europeu, dividido durante meio
século pela cortina de ferro e a guerra fria.
Em Janeiro de 2007, foi a vez da Bulgária e a Roménia aderirem à União Europeia.
Tendo passado de seis países membros em 1950 para 25 em 2004 e 27 em 2007, a União
Europeia pode agora, a justo título, reivindicar que representa um continente. Do
Atlântico ao Mar Negro, a União europeia reúne, pela primeira vez, as partes ocidental e
oriental da Europa separadas pela guerra fria há 60 anos.

O Processo de adesão de Portugal à UE


Cronologia:
11 de Março de 1977
O Primeiro-Ministro português explica as razões do pedido de adesão, no decorrer de uma
visita à Comissão em Bruxelas.

28 de Março de 1977
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português, dirige uma carta ao Presidente do

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Conselho, onde, em conformidade com a posição tomada pela Assembleia da
República, é pedida a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, de
acordo com o disposto no artigo 237º do Tratado que institui a CEE.

20 de Abril de 1978
A Comissão Europeia faz uma comunicação sobre o alargamento onde analisa a situação
dos diferentes sectores da economia portuguesa.

19 de Maio de 1978
A Comissão Europeia pronunciou-se a favor da adesão, tecendo considerações
complementares sobre a forma como Portugal estava a assimilar as políticas e os
regulamentos comunitários e sobre o modo como o poderia fazer futuramente.

6 de Junho de 1978
Conselho de Ministros da Comunidade Económica Europeia pronuncia-se, por unanimidade,
a favor do pedido português.

18 de Dezembro de 1980
É aprovado o acordo, sob forma de troca de cartas entre a Comunidade Económica Europeia
e a República Portuguesa, relativo à criação de uma ajuda de pré-adesão a favor de
Portugal.

17 de Novembro de 1982
Resolução do Parlamento Europeu (JOCE C 334/82, pag.54) reitera a vontade política de ver
a Espanha e Portugal juntarem-se à Comunidade, o mais tardar a 1 de Janeiro de 1984.

25 e 26 de Junho de 1984
O Conselho Europeu de Fontainebleau confirma que as negociações para a adesão de
Espanha e Portugal devem ser concluídas, o mais tardar, até 30 de Setembro de 1984.
Até lá, a Comunidade comprometeu-se a esforçar-se, criando as condições adequadas
para o êxito deste alargamento quer nas negociações com Espanha relativamente ao
sector das pescas quer na reforma da organização comum do mercado do vinho.

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24 de Outubro de 1984
Em Dublin, é assinada uma Declaração Comum do Conselho Europeu, Governo Português e
Comissão Europeia. É definido o objectivo do novo alargamento da Comunidade se
tornar uma realidade a 1 de Janeiro de 1986.

18 de Dezembro de 1984
É adoptado o segundo acordo de pré-adesão.

31 de Maio de 1985
A Comissão Europeia emite um parecer ao Conselho favorável à adesão, considerando que
o alargamento das Comunidades ao Reino de Espanha e à República Portuguesa
contribuirá, nomeadamente, para consolidar a defesa da paz e da liberdade na Europa.

11 de Junho de 1985
Conselho decide que o Reino de Espanha e a República Portuguesa podem tornar-se
membros da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. Aceita igualmente os pedidos
de admissão destes países na Comunidade Económica Europeia e na Comunidade
Europeia da Energia Atómica.

A adesão de Portugal às então Comunidades Europeias, consumada a 1 de Janeiro de


1986, representou-se uma decisão política de carácter eminentemente estratégico e
revelou-se determinante para ultrapassar as inquestionáveis dificuldades então
atravessadas pelo nosso País. O Portugal saído da Revolução de 1974 assumiu o
projecto de integração europeia com o objectivo de consolidar as suas instituições
democráticas, usufruindo de um ambiente de paz e prosperidade sem precedente, e de
caminhar para a modernização e a abertura da sua sociedade e das suas estruturas
económicas.

Os Principais Tratados da UE

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1951 – Tratado de Paris (CECA)
A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço contribui para a recuperação económica da
Europa ao suprimir as restrições à produção de aço da RFA, permitindo o
estabelecimento de condições de igualdade nos mercados francês e alemão, bem como
o desenvolvimento da exportação comum para outros países.

1957 – Tratado de Roma


A Comunidade Económica Europeia prevê o progresso dos seus Estados-Membros mediante
uma acção comum que reduza as desigualdades e assegure uma melhoria das
condições de vida. A Comunidade Europeia da Energia Atómica estabelece um mercado
nuclear e prevê a criação de empresas comuns neste domínio.

1986 – Acto Único Europeu


Fixa o prazo para a realização do mercado único (31 de Dezembro de 1992), que deverá
assegurar a livre circulação de bens, pessoas, serviços e capital. Estabelece medidas
para coordenar a política monetária dos Estados-Membros e aprova a reforma dos
fundos estruturais, de modo a garantir uma coesão económica e social da União.

1992 – Tratado de Maastricht


Ao entrar em vigor, a 1 de Novembro de 1993, o Tratado da União Europeia, assinado a 7 de
Fevereiro de 1992, em Maastricht, na Holanda, conferiu uma nova dimensão à
construção europeia, tendo como principais características: a criação da União Europeia
(UE); a substituição da sigla CEE (Comunidade Económica Europeia) por CE
(Comunidade Europeia); a previsão da construção de uma união económica e
monetária (UEM); a promoção de uma política externa de segurança comum (PESC); a
criação de uma cooperação dos Estados-Membros no domínio da segurança interna e
da justiça; a coordenação das políticas de emprego; a livre circulação e segurança dos
cidadãos; a criação de uma instituição de cidadania europeia; e o desenvolvimento de
diversas políticas comunitárias.
1997 – Tratado de Amesterdão
O Tratado de Amesterdão foi assinado na cidade holandesa de Amesterdão, a 17 de Junho

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de 1997, e tem por base quatro grandes objectivos:
Fazer dos direitos dos cidadãos o ponto essencial da União Europeia e introduzir um
novo capítulo sobre o emprego;
Suprimir os últimos entraves à livre circulação e reforçar a segurança;
Permitir um reforço da importância da Europa no mundo;
Tornar mais eficaz a arquitectura institucional da União Europeia, tendo em vista os
próximos alargamentos.
Na altura do Tratado de Amesterdão, e por falta de resultados positivos, ficou agendada uma
Conferência Intergovernamental para 2000 com vista a adaptação do funcionamento
das instituições europeias à entrada de novos Estados-Membros.

2001 – Tratado de Nice


O Tratado de Nice foi assinado a 26 de Fevereiro de 2001, com cinco grandes objectivos:
- Reformar as instituições e os métodos de trabalho para viabilizar o alargamento;
- Reforçar a protecção dos direitos fundamentais;
- Criação de uma Política Europeia de Segurança e defesa (PESD);
- Cooperação judiciária em matéria penal;
- Futuro da UE.

2007 – Tratado de Lisboa


O Tratado de Lisboa, assinado a 13 de Dezembro de 2007, visa dotar a União Europeia de
um quadro jurídico que lhe permita funcionar num mundo globalizado. O Tratado de
Lisboa prevê também diversas disposições destinadas a aproximar a União e as suas
instituições dos cidadãos, conferindo mais poder ao Parlamento Europeu, e um papel
de maior relevo aos parlamentos nacionais dos Estados-Membros. Por ser hoje
inegável a importância da União Europeia como actor global, foram introduzidas
reformas para tornar mais eficaz e coerente o relacionamento da Europa com o mundo.

As Instituições Europeias

A União Europeia tem por base um sistema institucional único no mundo.

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Os Estados-Membros consentem, com efeito, delegações de soberania a favor de
instituições independentes que representam simultaneamente interesses comunitários,
nacionais e dos cidadãos. A Comissão defende tradicionalmente os interesses comunitários,
cada governo nacional está representado a nível do Conselho da União e o Parlamento
Europeu é directamente eleito pelos cidadãos da União. Direito e democracia constituem,
assim, os fundamentos da União Europeia.

A este “triângulo institucional” juntam-se outras duas instituições: O Tribunal de Justiça


e o Tribunal de Contas. Cinco órgãos completam o edifício.

Parlamento Europeu

O Parlamento Europeu (PE) é directamente eleito pelos cidadãos da União Europeia


para representar os seus interesses. As suas origens remontam aos anos cinquenta e aos
Tratados constitutivos e, desde 1979, os seus deputados são eleitos directamente pelos
cidadãos que representam.

As eleições realizam-se de cinco em cinco anos e todos os cidadãos da UE têm direito


a votar, bem como a apresentar-se na qualidade de candidatos, seja onde for que vivam na
UE. O Parlamento exprime, portanto, a vontade democrática dos perto de 500 milhões de
cidadãos da União e representa os seus interesses nas discussões com as outras
instituições da UE. As últimas eleições tiveram lugar em Junho de 2009. O actual Parlamento
conta com 736 deputados dos 27 países da União Europeia.

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Jerzy Buzek foi eleito Presidente do PE em 14 de Julho de 2009, por um
período de dois anos e meio (até Janeiro de 2012).

Número de deputados por pais (legislatura 2009-2014)

Bélgica 22

Bulgária 17

República Checa 22

Dinamarca 13

Alemanha 99

Estónia 6

Grécia 22

Espanha 50

França 72

Irlanda 12

Itália 72

Chipre 6

Letónia 8

Lituânia 12

Luxemburgo 6

Hungria 22

Malta 5

10
Países Baixos 25

Áustria 17

Polónia 50

Portugal 22

Roménia 33

Eslovénia 7

Eslováquia 13

Finlândia 13

Suécia 18

Reino Unido 72

Total 736

Onde é a sede do Parlamento?

O Parlamento Europeu tem três locais de trabalho: Bruxelas (Bélgica), Luxemburgo e


Estrasburgo (França).

Os serviços administrativos estão sedeados no Luxemburgo. As reuniões de todos os


deputados do Parlamento, conhecidas por sessões plenárias, realizam-se em Estrasburgo e,
por vezes, em Bruxelas. As reuniões das comissões parlamentares também têm lugar em
Bruxelas.

O que faz o Parlamento?

O Parlamento tem três funções essenciais:

1. Adoptar os actos legislativos europeus – conjuntamente com o Conselho em


numerosos domínios. O facto de o PE ser um órgão directamente eleito pelos cidadãos
garante a legitimidade democrática da legislação europeia.

2. O Parlamento exerce um controlo democrático das outras instituições da UE,

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especialmente da Comissão. Tem poderes para aprovar ou rejeitar as nomeações dos
membros da Comissão, e tem o direito de adoptar uma moção de censura de toda a
Comissão.

3. O poder orçamental: o Parlamento partilha com o Conselho a autoridade sobre o


orçamento da UE, o que significa que pode influenciar as despesas da União. No final do
processo orçamental, incumbe-lhe adoptar ou rejeitar a totalidade do orçamento.

Estas três funções são seguidamente descritas com mais pormenor.

1.Adoptar os actos legislativos europeus

O processo mais usual para a adopção da legislação da UE é o de «co-decisão», que

coloca o Parlamento Europeu e o Conselho em pé de igualdade e se aplica à legislação


numa vasta gama de domínios.

Nalguns domínios, por exemplo, a agricultura, a política económica e a política em matéria


de vistos e de imigração, só o Conselho pode legislar, mas é obrigado a consultar o
Parlamento. Além disso, é necessária a aprovação do Parlamento para certas decisões
importantes como a adesão de novos países à UE.

O Parlamento contribui ainda para a elaboração de nova legislação, dado que tem de
examinar o programa de trabalho anual da Comissão, determinado quais os novos actos
legislativos que são necessários e solicitando à Comissão que apresente propostas nesse
sentido.

2. Controlo democrático

O Parlamento exerce, em várias circunstâncias, um controlo democrático das outras


instituições europeias.

Quando é indigitada uma nova Comissão, os seus membros são designados pelos governos
dos Estados-Membros, mas não podem ser nomeados sem a aprovação do Parlamento. O
Parlamento realiza audições com cada membro individualmente, incluindo com o Presidente
da Comissão indigitado, e submete à votação a aprovação do conjunto da Comissão.

Durante todo o seu mandato, a Comissão permanece politicamente responsável perante o

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Parlamento, que pode aprovar uma «moção de censura» que implica a demissão de toda a
Comissão.

Em termos mais gerais, o Parlamento exerce o seu controlo através da análise periódica de
relatórios enviados pela Comissão (o Relatório Geral anual, relatórios sobre a execução do
orçamento). Além disso, os deputados do PE endereçam regularmente perguntas à
Comissão, a que os membros da Comissão são, por lei, obrigados a responder.

O Parlamento também acompanha os trabalhos do Conselho: os deputados do PE


endereçam regularmente perguntas ao Conselho e o Presidente do Conselho participa nas
sessões plenárias do Parlamento e nos debates mais importantes.

O Parlamento pode também exercer o seu controlo democrático através da análise das
petições apresentadas por cidadãos e da instituição de comissões de inquérito.

Por último, o Parlamento contribui sempre para as cimeiras da UE (as reuniões do Conselho
Europeu). No início de cada cimeira, o Presidente do Parlamento é convidado a exprimir os
pontos de vista e preocupações do Parlamento sobre assuntos importantes e sobre as
questões que figuram na agenda do Conselho Europeu.

Conselho da União Europeia

O Conselho é o principal órgão de tomada de decisões da U.E. Tal como o Parlamento


Europeu, o Conselho foi instituído pelos Tratados constitutivos na década de cinquenta.
Representa os Estados-Membros, e nas suas reuniões participa um ministro do governo
nacional de cada um dos países da U.E.

O ministro que tem de participar depende do tema a tratar. Se, por exemplo, o Conselho se
destina a tratar assuntos ambientais, participam na respectiva reunião os Ministros do
Ambiente de todos os países da U.E. Trata-se então do Conselho “Ambiente”.

As relações da U.E com o resto do mundo são tratadas no Conselho “Assuntos Gerais e
Relações Externas”. No entanto, o Conselho, neste tipo de configuração, tem também uma
responsabilidade política mais genérica e, por esse motivo, nas suas reuniões podem
participar outros ministros e secretários de Estado, consoante seja decidido pelos respectivos

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governos.

Existem nove diferentes configurações do Conselho:

• Assuntos Gerais e Relações Externas

• Assuntos Económicos e Financeiros(“ECOFIN”)

• Justiça e Assuntos Internos(JAI)

• Emprego, Política Social, Saúde e Protecção dos Consumidores

• Competitividade

• Transportes, Telecomunicações e Energia

• Agricultura e Pescas

• Ambiente

• Educação, Cultura e Juventude

Cada ministro que participa num Conselho tem competência para vincular o seu governo. Por
outras palavras, a assinatura do ministro obriga todo o seu governo. Além disso, cada
ministro que participa no Conselho é responsável perante o seu Parlamento representa. Está
assim assegurada a legitimidade democrática das decisões do Conselho.

Quatro vezes por ano, os presidentes e/ou os primeiros-ministros dos Estados-Membros,


bem como o Presidente da Comissão Europeia, reúnem-se no âmbito do Conselho
Europeu. Estas “cimeiras” determinam as grandes políticas da U.E e resolvem questões que
não puderam ser decididas a um nível inferior (ou seja, pelos ministros nas reuniões normais
do Conselho). Dada a importância dos debates do Conselho Europeu, é frequente que estes
se prolonguem pela madrugada, atraindo grande atenção por parte dos meios de
comunicação social.

O que faz o Conselho?


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O Conselho tem seis responsabilidades essenciais:

1. Adoptar os actos legislativos europeus – conjuntamente com o Parlamento


Europeu em muitos domínios políticos.

2. Coordenar, em linhas gerais, as políticas económicas dos Estados-Membros

3. Celebrar acordos internacionais entre a U.E e outros países ou organizações


internacionais

4. Aprovar, conjuntamente com o Parlamento Europeu, o orçamento da U.E.

5. Desenvolver a Política Externa e de Segurança Comum da U.E.

6. Coordenar a cooperação ente os tribunais e as forças policiais nacionais dos


Estados-Membros

A maior parte destas responsabilidades estão relacionadas com os domínios de actuação


“comunitários” – isto é, os domínios de actuação em que os Estados-Membros decidiram
congregar as respectivas soberanias e delegar os poderes de decisão nas instituições da
U.E. Trata-se do chamado “primeiro pilar” da União Europeia. No entanto, as duas últimas
destas seis responsabilidades estão relacionadas com domínios de actuação em que os
Estados-Membros não delegaram os seus poderes, limitando-se a uma cooperação mútua. É
a chamada “cooperação intergovernamental”, que abrange o segundo e o terceiro “pilares”
da União Europeia.

Estas funções são seguidamente descritas com mais pormenor.

1. Legislação

Grande parte da legislação da U.E é adoptada conjuntamente pelo Conselho e pelo


Parlamento.

Regra geral, o Conselho só actua sob proposta da Comissão, e a Comissão tem


normalmente a responsabilidade por assegurar que a legislação da U.E, após ser adoptada,
é correctamente aplicada.

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2. Coordenação das políticas dos Estados-Membros

Os países da U.E decidiram que querem ter uma política económica geral baseada numa
estreita coordenação entre as respectivas políticas económicas nacionais. Esta coordenação
é realizada pelos Ministros da Economia e Finanças, que constituem colectivamente o
Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros(“ECOFIN”)

Querem igualmente criar mais postos de trabalho e melhorar a educação, a saúde e os


sistemas de segurança social. Embora os países da U.E sejam responsáveis pelas suas
próprias políticas nacionais nestes domínios, podem acordar objectivos comuns e aprender
com as experiências dos outros para determinar aquilo que funciona melhor. Este processo é
conhecido pela designação de “método aberto de coordenação” e tem lugar no Conselho.

3. Celebração de acordos internacionais

Todos os anos o Conselho “celebra” (isto é, assina oficialmente) vários acordos entre a
União Europeia e países não pertencentes à U.E, bem como com organizações
internacionais. Estes acordos cobrem grandes áreas, como o comércio e a cooperação para
o desenvolvimento, ou tratam de domínios específicos como os têxteis, as pescas, a ciência
e a tecnologia, os transportes, etc.

Além disso, o Conselho pode celebrar convenções entre os Estados-Membros da U.E em


domínios como a fiscalidade, o direito das sociedades ou a protecção consular. As
convenções podem igualmente incidir sobre questões relacionadas com a liberdade, a
segurança e a justiça.

4. Aprovação do orçamento da U.E

O orçamento anual da U.E é decidido conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento


Europeu.

5. Política Externa e de Segurança Comum

Os Estados-Membros estão a trabalhar para desenvolver uma Política Externa e de


Segurança Comum(PESC). No entanto, áreas como a política externa e a segurança e a
defesa são matérias em que cada governo nacional mantém um controlo independente.
Nestas áreas não houve congregação das soberanias nacionais dos Estados-Membros e,

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por isso, o Parlamento e a Comissão Europeia têm papéis bastantes limitados. No entanto,
os países da U.E têm muito a ganhar se trabalharem conjuntamente nestas áreas e o
Conselho é o principal fórum em que se concretiza esta “cooperação intergovernamental”

Para poder reagir de forma mais eficaz a crises internacionais, a União Europeia criou uma
“Força de Reacção Rápida”. Não se trata, no entanto, dum “exército europeu”. Os efectivos
continuam a pertencer às respectivas forças armadas nacionais e a permanecer sob o seu
comando nacional, e a sua missão está limitada a assegurar a ajuda humanitária, o
salvamento, a manutenção da paz e outras tarefas de gestão de crises.

Nestas operações, o Conselho conta com a assistência das seguintes instâncias:

• Comité Político e de Segurança (PCS)

• Comité Militar da União Europeia (CMUE) e

• Estado-Maior da União Europeia (EMUE), composto por peritos militares destacados


pelos Estados-Membros para o Secretariado-Geral do Conselho.

6. Liberdade, segurança e justiça

Os cidadãos da U.E têm a liberdade de residir e trabalhar no país da U.E que escolherem e,
por isso, devem beneficiar de igualdade de acesso a justiça civil em toda a União Europeia.
Por conseguinte, os tribunais nacionais devem trabalhar em conjunto para assegurar que
uma sentença proferida por um tribunal num determinado Estado-Membro num processo de
divórcio ou de custódia dos filhos é reconhecida em todos os outros países da U.E.

A liberdade de circulação na U.E proporciona grandes benefícios aos cidadãos que


respeitam a lei, mas é também explorada por criminosos e terroristas internacionais. Para
combater criminalidade transfronteiriça, é preciso que haja cooperação entre os tribunais
nacionais, as forças policiais, os funcionários aduaneiros e os serviços de imigração de todos
os países da U.E.

É necessário assegurar, por exemplo,

• que as fronteiras externas da U.E sejam eficazmente policiadas;

• que os funcionários aduaneiros e policiais troquem informações acerca da

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movimentação das pessoas suspeitas de tráfico de drogas e de seres
humanos;

• que os requerentes de asilo sejam avaliados e tratados da mesma forma em


toda a U.E, de modo a evitar que procurem os países que oferecem as
melhores condições.

Este tipo de questões é tratado pelo Conselho “Justiça e Assuntos Internos”, isto é, pelos
Ministros da Justiça e dos Assuntos Internos dos Estados-Membros. O objectivo é criar um
“espaço de liberdade, de segurança e de justiça” dentro das fronteiras da U.E.

Como está organizado o Conselho?

COREPER

Em Bruxelas, cada Estado-Membro da U.E tem uma Representação Permanente que


defende os seus interesses nacionais junto da U.E. O Chefe da Representação Permanente
é, de facto, o Embaixador do seu país junto da U.E.

Estes embaixadores (conhecidos por “representantes permanentes”) reúnem-se


semanalmente no Comité dos Representantes Permanentes (COREPER). O papel deste
Comité consiste em preparar trabalhos do Conselho, com excepção da maioria das questões
agrícolas, que são preparadas por um Comité Especial da Agricultura. O COREPER é
assistido por vários grupos de trabalho compostos por funcionários das administrações
nacionais.

A Presidência do Conselho

A Presidência do Conselho é objecto de rotação de seis em seis meses. Por outras palavras,
cada pais da U.E dirige a agenda do Conselho por períodos sucessivos de seis meses,
assegurando a presidência de todas as reuniões e promovendo os compromissos
necessários entre os diversos Estados-Membros.

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O Secretário-Geral

A Presidência é assistida pelo Secretário –Geral, que prepara e assegura o correcto


funcionamento dos trabalhos do Conselho a todos os níveis.

Nessa capacidade, ajuda a coordenar a acção da U.E no plano mundial. Nos termos de novo
Tratado de Lisboa, o Alto Representante será substituído pelo Ministro dos Negócios
Estrangeiros da U.E.

O Secretário-Geral é assistido por um Secretário – Geral – Adjunto, responsável pelo


Secretário-Geral do Conselho.

Quantos votos tem cada país?

As decisões do Conselho são adoptadas por votação. Quanto maior for a população de um
país, mais votos este tem, mas o números são ponderados de modo a favorecer os países
com menor população.

Alemanha, França, Itália e Reino Unido: 29

Espanha e Polónia: 27

Roménia: 14

Países Baixos: 13

Bélgica, República Checa, Hungria, Grécia e Portugal: 12

Áustria, Bulgária e Suécia: 10

Dinamarca, Irlanda, Lituânia, Eslováquia e Finlândia: 7

Chipre, Estónia, Letónia, Luxemburgo e Eslovénia: 4

Malta: 3

TOTAL: 345

Comissão Europeia

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A Comissão é independente dos governos nacionais. Tem por missão representar e defender
os interesses da União Europeia no seu todo. Elabora novas propostas de legislação
europeia, que apresenta ao Parlamento Europeu e ao Conselho.

É também o braço executivo da UE, o que quer dizer que é responsável pela execução das
decisões do Parlamento e do Conselho. Isto significa que a Comissão assegura a gestão
corrente da União Europeia:aplicar as políticas, executar os programas e utilizar os fundos.
Tal como o Parlamento e o Conselho, a Comissão Europeia foi criada nos anos cinquenta ao
abrigo dos Tratados constitutivos.

O que é a Comissão Europeia?

O termo «Comissão» é usado em dois sentidos. O primeiro refere-se à equipa de homens e


mulheres – um por país da UE – designada para gerir a instituição e tomar as decisões da
sua competência. O segundo diz respeito à instituição em si e aos seus funcionários.

Informalmente, os Membros da Comissão são conhecidos por «Comissários». Todos eles


desempenharam cargos políticos nos seus países de origem, muitos ao nível ministerial.
Contudo, enquanto Membros da Comissão estão obrigados a zelar pelos interesses da União
no seu conjunto, não recebendo instruções dos governos nacionais.

De cinco em cinco anos, no prazo de seis meses após as eleições para o Parlamento
Europeu, é nomeada uma nova Comissão. O procedimento é o seguinte:

▪ Os governos dos Estados Membros designam por comum acordo o novo Presidente da
Comissão.
▪ Parlamento aprova o Presidente designado da Comissão.
▪ Presidente designado da Comissão, em concertação com os governos dos Estados
Membros, escolhe os restantes membros da Comissão.
▪ Conselho adopta a lista de candidatos por maioria qualificada e transmite-a ao Parlamento
Europeu para aprovação.
▪ Parlamento realiza audiências com cada candidato e dá o seu parecer sobre a totalidade da
equipa.

20
▪ Após aprovação do Parlamento, a nova Comissão é formalmente designada pelo Conselho
deliberando por maioria qualificada.
A Comissão responde politicamente perante o Parlamento, que tem poderes para demitir
toda a equipa mediante a adopção de uma moção de censura. Os Membros da Comissão
devem apresentar a demissão se tal lhes for solicitado pelo Presidente, desde que os
restantes Comissários aprovem esta decisão.

A Comissão participa em todas as sessões do Parlamento, durante as quais tem de explicar


e justificar as políticas por segue. Responde também regularmente às questões orais e
escritas que lhe são endereçadas pelos deputados do Parlamento Europeu.

O trabalho corrente da Comissão é realizado pelos seus administradores, peritos, tradutores,


intérpretes e pessoal administrativo,num total de cerca de 23 000 funcionários europeus.
Este número pode parecer muito elevado, mas na realidade é inferior ao número de
funcionários de qualquer autarquia de média dimensão da Europa.

Onde está sedeada a Comissão?

A «sede» da Comissão situa-se em Bruxelas (Bélgica). No entanto, a Comissão tem também


serviços no Luxemburgo, representações em todos os países da UE e delegações em muitas
capitais de todo o mundo.

O que faz a Comissão?

A Comissão Europeia tem quatro funções principais:

▪ apresentar propostas legislativas ao Parlamento e ao Conselho;


▪ gerir e executar as políticas e o orçamento da UE;
▪ garantir a aplicação do direito comunitário (em conjunto com o Tribunal de Justiça);
▪ representar a União Europeia ao nível internacional, incumbindo-lhe, por exemplo,
negociar acordos entre a UE e países terceiros.

21
1. Apresentar propostas legislativas

A Comissão dispõe do «direito de iniciativa». Por outras palavras, só a Comissão pode


apresentar as propostas de nova legislação, que depois transmite ao Parlamento e ao
Conselho. Estas propostas devem ter em conta a defesa dos interesses da União e dos seus
cidadãos e não interesses específicos de países ou sectores.

Antes de apresentar uma proposta, a Comissão tem de ter conhecimento das novas
situações e problemas existentes na Europa e determinar se a legislação da UE constitui a
melhor solução para os resolver, razão pela qual a Comissão está em contacto permanente
com uma vasta gama de grupos de interesses, bem como com dois órgãos consultivos - o
Comité Económico e Social Europeu e o Comité das Regiões. A Comissão também consulta
os Parlamentos e os governos nacionais.

A Comissão apenas propõe medidas ao nível da UE se considerar que um determinado


problema não pode ser solucionado de forma mais eficaz ao nível nacional, regional ou local.
A este princípio, que consiste em resolver os problemas ao nível mais baixo possível, dá-se o
nome de «princípio de subsidiariedade».

Se, contudo, a Comissão concluir que é necessária legislação da UE, elabora uma proposta
que, no seu entender, aborda o problema de forma adequada e satisfaz o leque mais
diversificado possível de interesses. Para as questões técnicas, a Comissão consulta peritos
que se reúnem em diversos comités e grupos de trabalho.

2. Executar as políticas e o orçamento da UE

Na sua qualidade de órgão executivo da União Europeia, a Comissão é responsável pela


gestão e execução do orçamento da UE. A maior parte das actividades e das despesas são
efectuadas pelas autoridades nacionais e locais, mas é a Comissão que é responsável pelo
seu controlo - sob o olhar atento do Tribunal de Contas. As duas instituições procuram
assegurar uma correcta gestão financeira. O Parlamento Europeu só dá quitação do
orçamento à Comissão se considerar satisfatório o relatório anual do Tribunal de Contas.

22
A Comissão gere igualmente as políticas adoptadas pelo Parlamento e pelo Conselho, tais
como a Política Agrícola Comum. Outro exemplo é a política da concorrência, domínio em
que a Comissão tem poderes para autorizar ou proibir concentrações de empresas. A
Comissão também se certifica de que os países da UE não subsidiam as suas empresas de
forma a provocar distorções da concorrência.

Como exemplos de programas da UE geridos pela Comissão referiram-se os programas


«Interreg» e o «Urban» (respectivamente, criação de parcerias transfronteiras entre regiões e
apoio a zonas urbanas degradadas) ou o «Erasmus», um programa de intercâmbio de
estudantes em toda a Europa.

3. Garantir a aplicação do direito comunitário

A Comissão é a «guardiã dos Tratados». Tal significa que, juntamente com o Tribunal de
Justiça, a Comissão zela pela correcta aplicação da legislação da UE em todos os
Estados-Membros.

Se concluir que um determinado país da UE não está a aplicar correctamente uma lei
europeia, não cumprindo, por conseguinte, as obrigações jurídicas que lhe competem, a
Comissão tomará as medidas adequadas para corrigir a situação.

Começa por instaurar um procedimento denominado «procedimento por infracção», que


consiste em enviar ao governo do país em causa uma carta oficial explicando as razões por
que considera que esse país está a infringir a legislação da UE. Na mesma carta, a
Comissão indica um prazo para que lhe seja enviada uma resposta circunstanciada.

Se este procedimento não for suficiente para resolver o problema, a Comissão é obrigada a
remeter o caso para o Tribunal de Justiça, que tem poderes para aplicar sanções
pecuniárias. As sentenças do Tribunal são vinculativas para os Estados-Membros e as
instituições da UE.

4. Representar a UE a nível internacional

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A Comissão Europeia é um importante porta-voz da União Europeia no contexto
internacional,o que permite aos Estados-Membros falar «a uma só voz» em instâncias
internacionais, tais como a Organização Mundial do Comércio.

Incumbe igualmente à Comissão negociar acordos internacionais em nome da UE. É o caso,


por exemplo, do Acordo de Cotonou, que institui uma vasta parceria de comércio e ajuda
entre a UE e os países em desenvolvimento da África, Caraíbas e Pacífico.

Como está organizada a Comissão?

Incumbe ao Presidente da Comissão decidir quais os pelouros a atribuir a cada Comissário


e, se necessário, proceder a remodelações em qualquer momento do mandato da Comissão.

A Comissão reúne uma vez por semana, normalmente às quartas-feiras, em Bruxelas. Cada
ponto da agenda é apresentado pelo Comissário responsável pelo pelouro em causa e toda
a equipa toma uma decisão colectiva sobre a matéria.

Os funcionários da Comissão estão repartidos por departamentos, denominados «Direcções-


Gerais» (DG) e «serviços» (tais como o Serviço Jurídico). Cada DG é responsável por uma
área política específica, sendo chefiada por um Director-Geral que responde perante o
Comissário competente. A coordenação geral é assegurada pelo Secretariado-Geral, que
também organiza as reuniões semanais da Comissão. É chefiado por um Secretário-Geral
que responde directamente perante o Presidente.

Compete às DG conceber e elaborar as propostas legislativas, as quais só são consideradas


oficiais uma vez «adoptadas» pela Comissão na sua reunião semanal. O procedimento é o
seguinte:

Imagine-se, por exemplo, que a Comissão considera que é necessário criar legislação da UE
para prevenir a poluição dos rios na Europa. A Direcção-Geral do Ambiente elabora uma
proposta, que terá em linha de conta as consultas prévias realizadas pela Comissão com
representantes da indústria e dos agricultores, bem como com os ministérios do Ambiente e
as organizações ambientais nos Estado-membros. O projecto também é discutido com os

24
outros serviços da Comissão e apreciado pelo Serviço Jurídico e pelo Secretariado-Geral.

Uma vez concluído este trabalho, a proposta é inscrita na agenda de uma próxima reunião
da Comissão. Se for aprovada por, pelo menos, 14 a 27 Comissários, a proposta é adoptada
pela Comissão, passando a contar com o apoio incondicional de toda a equipa. Em seguida,
o documento é submetido à apreciação do Conselho e do Parlamento Europeu.

Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias (frequentemente designado por «o


Tribunal») foi criado, em 1952, pelo Tratado CECA. Tem a sua sede no Luxemburgo.

A sua missão é garantir a interpretação e aplicação uniformes da legislação da UE em todos


os Estados-Membros, a fim de que a lei seja a mesma para todos. Garante, por exemplo,
que os tribunais nacionais não decidem de forma diferente sobre a mesma questão.

O Tribunal também assegura o cumprimento da legislação por parte dos Estados-Membros e


das instituições da UE. O Tribunal é competente para se pronunciar sobre os litígios entre
Estados-Membros, instituições da UE, bem como pessoas singulares e colectivas.

O Tribunal é composto por um juiz de cada Estado-Membro, por forma a que os 27 sistemas
jurídicos da União Europeia estejam representados. No entanto, por razões de eficiência, o
Tribunal quase nunca se reúne em sessão plenária. Reúne normalmente em «Grande
Secção», composta apenas por 13 juízes, ou em secções de três ou cinco juízes.

O Tribunal é assistido por oito «advogados-gerais»,aos quais incumbe apresentar pareceres


fundamentados sobre os processos submetidos ao Tribunal publicamente e com
imparcialidade.

Os juízes e os advogados-gerais são pessoas cuja imparcialidade está acima de todas as


dúvidas. Dispõem das qualificações ou das competências necessárias para ocupar os mais
altos cargos judiciais nos respectivos países de origem. São nomeados para o Tribunal de
Justiça de comum acordo pelos governos dos Estados-Membros. São nomeados por um

25
período de seis anos, que pode ser renovado.

A fim de ajudar o Tribunal de Justiça a fazer face grande número de processos que lhe são
submetidos e de proporcionar aos cidadãos uma protecção jurídica mais eficaz, em 1988 foi
criado um «Tribunal de Primeira Instância». Este tribunal (que está associado ao Tribunal de
Justiça) tem competência para proferir sentenças em certas categorias de processos, em
especial acções instauradas por particulares, empresas e algumas organizações ou
relacionadas com a legislação em matéria de concorrência. Este tribunal dispõe também de
um juiz por cada Estado-Membro.

O Tribunal da Função Pública da União Europeia, por seu turno, delibera em litígios entre a
União Europeia e os seus funcionários e agentes. É composto por sete juízes e depende do
Tribunal de Primeira Instância.

Tanto o Tribunal de Justiça como o Tribunal de Primeira Instância e o Tribunal da Função


Pública têm um Presidente designado pelos juízes respectivos por um período de três anos
que pode ser renovado.

O que faz o Tribunal?

O Tribunal pronuncia-se sobre os processos que são submetidos à sua apreciação. Os cinco
tipos de processos mais comuns são os seguintes:

▪ pedido de decisão prejudicial;


▪ acção por incumprimento;
▪ recurso de anulação;
▪ acção por omissão;
▪ acção de indemnização.
Segue-se uma descrição pormenorizada de cada um dos processos.

1. Pedido de decisão prejudicial

Os tribunais nacionais são responsáveis pelo respeito do direito comunitário em cada país da
UE. Existe, no entanto, um risco de que os tribunais de alguns países interpretem o direito da
UE de forma divergente.
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Para que tal não aconteça, existe o «pedido de decisão prejudicial». Assim, os tribunais
nacionais, caso tenham uma dúvida quanto à interpretação ou à validade de uma disposição
do direito da UE, podem e, por vezes devem, solicitar ao Tribunal de Justiça que se
pronuncie. A opinião do Tribunal é dada sob a forma de «decisão a título prejudicial».

2. Acção por incumprimento

A Comissão pode intentar este tipo de acção se considerar que um Estado-Membro não
cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força do direito comunitário. Qualquer
Estado-Membro pode intentar uma acção por incumprimento.

Em ambos os casos, o Tribunal investiga as alegações apresentadas e emite um acórdão.


Se o Tribunal verificar que o referido Estado-Membro não cumpriu a obrigação em causa,
este deve tomar as medidas necessárias para rectificar a situação. Se o Tribunal declarar
verificado que o Estado-Membro não deu cumprimento ao seu acórdão, pode aplicar uma
coima a esse Estado-Membro

3. Recurso de anulação

Se um Estado-Membro, o Conselho, a Comissão ou (em certas circunstâncias) o Parlamento


considerar que uma disposição legislativa da UE é ilegal, pode solicitar a sua anulação ao
Tribunal.

Os particulares podem também interpor «recursos de anulação» se considerarem que uma


determinada disposição legislativa os afecta directamente e de forma negativa como
indivíduos.

Se o Tribunal verificar que a disposição impugnada não tinha sido correctamente adoptada
ou não se baseava correctamente nos Tratados, pode decretar a sua anulação

4. Acção por omissão

O Tratado estipula que o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão devem tomar as


suas decisões de acordo com certas regras. Se não o fizerem, os Estados-Membros, as
outras instituições comunitárias e, em certos casos, os particulares ou as empresas podem
recorrer ao Tribunal para que declare verificada essa omissão.

5. Acção de indemnização
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Qualquer pessoa ou empresa que tenha sofrido danos causados por uma acção ou inacção
da Comunidade ou do pessoal comunitário pode intentar uma acção para obter reparação no
Tribunal de Primeira Instância.

Como está organizado o Tribunal?

Os processos são inscritos no registo da Secretaria do Tribunal. Para cada processo são
nomeados um juiz-relator e um advogado-geral.

A tramitação processual no Tribunal desenrola-se em duas fases: uma fase escrita e uma
fase oral.

Na primeira fase, todas as partes envolvidas apresentam alegações escritas e o juiz-relator


elabora um relatório que resume as alegações e o enquadramento jurídico do processo.

Inicia-se então a segunda fase - a audiência pública quese pode realizar-se em secções de
três ou cinco juízes ou na presença de todo o Tribunal (em «sessão plenária»), consoante a
importância ou a complexidade do processo. Na audiência, os advogados das partes
envolvidas apresentam as suas alegações aos juízes e ao advogado-geral, que podem
colocar as perguntas que entenderem pertinentes. Posteriormente, o advogado-geral
apresenta as suas conclusões ao Tribunal, após o que os juízes deliberam e proferem um
acórdão.

Desde 2003, o advogado-geral só deve redigir conclusões se o Tribunal considerar que o


processo suscita novas questões de direito. O Tribunal não segue necessariamente o
parecer do advogado-geral.

Os acórdãos do Tribunal são decididos por maioria e pronunciados em audiência pública. Os


votos contra não são divulgados publicamente. As decisões são publicadas no dia em que o
acórdão é proferido.

No Tribunal de Primeira Instância, a tramitação processual é semelhante, excepto no facto


de não haver conclusões de um advogado-geral.

28
Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas foi criado em 1975. Tem a sua sede no Luxemburgo. O Tribunal
verifica se os fundos da UE, provenientes dos contribuintes, são cobrados de forma
adequada e utilizados de acordo com a lei, de forma económica e para o fim a que se
destinam. A sua missão consiste em assegurar que os contribuintes retirem o maior benefício
possível do seu dinheiro e tem o direito de realizar auditorias junto de qualquer pessoa ou
organização que se ocupe da gestão dos fundos da UE.

O Tribunal é composto por um membro de cada país da UE, nomeado pelo Conselho por um
período renovável de seis anos. Os membros designam entre si o Presidente, por um
período renovável de três anos.

O que faz o Tribunal?

A principal missão do Tribunal é verificar a boa execução do orçamento da UE - ou seja,


examinar a legalidade e a regularidade das despesas e receitas e garantir a boa gestão
financeira. O Tribunal de Contas garante, deste modo, que o orçamento da UE é gerido de
forma eficaz e transparente.

O trabalho de fiscalização do Tribunal é feito com base em documentos provenientes de


qualquer pessoa ou organismo que se ocupe da gestão de receitas ou despesas da UE.
Realiza frequentemente controlos in loco. Os resultados das auditorias são apresentados por
escrito sob a forma de relatórios que levam os eventuais problemas ao conhecimento da
Comissão e dos governos dos Estados-Membros.

Para que possa desempenhar as suas funções com eficácia, o Tribunal de Contas deve ser
completamente independente das outras instituições, mas manter simultaneamente um
contacto permanente com elas.

Uma das funções mais importantes do Tribunal de Contas é assistir o Parlamento Europeu e
o Conselho, apresentando-lhes um relatório anual sobre o exercício financeiro precedente. O

29
Parlamento analisa pormenorizadamente o relatório do Tribunal antes de decidir se aprova a
forma como a Comissão executou o orçamento. Quando considera as contas correctas, o
Tribunal de Contas envia ao Conselho e ao Parlamento uma declaração de fiabilidade
certificando que o dinheiro dos contribuintes europeus foi bem utilizado.

Por último, o Tribunal de Contas emite pareceres sobre as propostas de legislação financeira
da UE e relativamente às acções comunitárias de luta contra a fraude.

Como está organizado o Tribunal?

O Tribunal de Contas dispõe de cerca de 800 funcionários, incluindo tradutores,


administradores e auditores. Os auditores estão repartidos por «grupos de auditoria».
Compete-lhes elaborar os projectos de relatórios que servirão de base às decisões do
Tribunal.

Os auditores são frequentemente chamados a realizar missões de fiscalização nas outras


instituições da UE, nos Estados-Membros e em qualquer país do mundo beneficiário de
ajuda da UE. Efectivamente, embora o trabalho do Tribunal diga respeito, em grande parte, a
verbas que são da responsabilidade da Comissão, na prática, 80% destas receitas e
despesas são geridas pelas autoridades nacionais.

O Tribunal de Contas não dispõe de poder jurisdicional próprio. Quando os auditores


detectam fraudes ou irregularidades, informam o OLAF – Organismo Europeu de Luta
Antifraude.

Preparação e criação do Acto Único Europeu

 Proposta do “Acto Europeu”, no Conselho Europeu de Londres em 1981, pelos


Ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e da Itália sobre variadas áreas,
tais como:

- cooperação politica e cultural;

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- direitos fundamentais;

- harmonização das legislações não abrangidas pelos Tratados Comunitários;

- luta contra a violência, terrorismo e criminalidade.

 Este projecto viria a dar corpo ao Acto Único Europeu.

 A novidade consistia em transferir novas competências em domínios fundamentais.

 Exercício do poder legislativo através de um método muito semelhante ao de um


Estado Federal.

 Criação de um Comité Dooge, encarregado de indicar sugestões, tendo como


finalidade o aperfeiçoamento do funcionamento do sistema comunitário, bem como da
cooperação politica.

 Junho 1985, Conselho Europeu de Milão aprova a reunião de uma Conferencia


Intergovernamental (com o objectivo de discutir os poderes das Instituições, o
alargamento da Comunidade a novos campos de actividade e a criação de um
verdadeiro mercado interno).

 O artigo 8º do Tratado da CEE, dada pelo artigo 13º do Acto Único, apresenta-nos a
transformação do mercado comum do Tratado de Roma, num mercado único onde
passa a existir um espaço sem fronteiras internas, no qual a livre circulação das
mercadorias, das pessoas, dos serviços e dos capitais é garantida.

 Desenvolveu-se, assim, um movimento que possibilita a criação de politicas fora do


Tratado, bem como a concepção de novas politicas e determinação de novos
objectivos, entre as quais:

- a união económica e monetária;

- a institucionalização do Conselho Europeu;

- a urgência da politica externa comum e de defesa;

- ampliar o leque das politicas europeias que de catorze, no Tratado de Roma,


passaram a quarenta no Tratado da União Europeia;

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- dirigir-se para a moeda única;

- reforçar os poderes do Parlamento e da Comissão;

- Criar e dar conteúdo a uma cidadania europeia.

Adesão à moeda única

O euro é a moeda oficial da União Europeia, este existe sobre a forma de notas e moedas
desde Janeiro de 2002 e sob a forma de moeda escritural desde Janeiro de 1999.

O Euro está dividido em notas de 5, 10, 20, 50, 100, 200, 500 euros e moedas de 1, 2, 5, 10,
20, 50 cêntimos e de 1 e 2 euros. Cada uma das moedas que circulam pelos países da EU
tem uma face comum, no entanto, existe uma outra face que não é comum, mas sim que
depende da cunhagem de cada país.
As notas são idênticas, sendo possível identificar a sua origem pela letra que antecede o
número de série que 11 dos 16 membros do Euro usam (L - Finlândia; M - Portugal; N -
Áustria; P - Países Baixos; S - Itália; T - Irlanda; U - França; V - Espanha; X - Alemanha; Y -
Grécia; Z - Bélgica)

Vantagens da adesão ao Euro

Antigamente, sempre que precisávamos de nos deslocar ao estrangeiro e por conseguinte


levar dinheiro para usufruto, tínhamos que ir aos bancos para assim realizar o câmbio da
nossa moeda pela do país que iríamos visitar, isto implicava transtornos para os particulares,
sendo os principais a perda de dinheiro nas trocas e podíamos estar sujeitos a que nem
sempre o valor das moedas se mantivesse constante, podendo aumentar ou diminuir em
relação ao nosso.
Com o euro tudo se tornou mais fácil, em relação aos particulares:
• As viagens a outros países, dentro da União Europeia, tornaram-se mais fáceis a
nível de câmbios, pois existe agora uma moeda única;
• Pela existência de uma moeda única podem-se comparar os preços dos produtos
e serviços na EU;
• Os salários, as reformas e as poupanças dos habitantes dos países da zona euro,

32
tornaram-se mais estáveis, pois o valor da moeda é igualmente mais estável.
Da mesma forma, não só os particulares têm benefícios com o euro, também
beneficiados foram os países da EU na medida em que:
• Torna a União Europeia mais competitiva no comércio internacional;

• Contribui para o desenvolvimento de todas as actividades e consequentemente


para a criação de emprego;

• Torna as economias dos países mais estáveis.

Desvantagens provenientes da adesão ao euro

Nem tudo foram boas novas com a adesão ao euro, o que para uns foi vantajoso, para
outros trouxe inconvenientes como:
• Algumas empresas exportadoras, vêem os seus produtos a ficarem mais caros
em relação aos da zona do “dólar” onde as mercadorias são negociadas em
moedas asiáticas como o iene japonês e o “yuan” chinês ou em países cuja
moeda acompanha a evolução da moeda americana;

• Riscos de perdas de partes do mercado;

• A tentação para as empresas de transferir a produção para fora da zona euro


para manter os custos baixos e continuar competitivas no mercado mundial,
com os riscos de demissões;

• Dentro da zona euro, produtos locais parecem comparativamente mais caros


que os produtos importados, o que fragiliza partes do mercado das empresas
europeias no seu próprio território.

O cidadão / profissional europeu

O que é a cidadania da União?

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A cidadania da União é a relação vinculativa entre os cidadãos e a União Europeia, definida
com base em direitos, deveres e a participação política dos cidadãos. Complementa a
cidadania nacional e comporta um conjunto de direitos e deveres que vêm associar-se aos
que decorrem da qualidade de cidadão de um Estado-Membro.

Quem é cidadão da União?

É cidadão da União Europeia qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-


Membro. A cidadania da União foi instituída pelo Tratado de Maastricht em 1992. Está
estabelecida na Parte II (artigos 17.º a 22.º) do Tratado da CE. A cidadania da União é
complementar da cidadania nacional e não a substitui. Os cidadãos da União gozam dos
direitos e estão sujeitos aos deveres previstos no Tratado.

Quais são os direitos dos cidadãos europeus?

Os cidadãos da União gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres previstos no Tratado.
Sob o princípio da não discriminação entre nacionais dos Estados-Membros, a importância
da cidadania da União reside no facto de os cidadãos da União terem direitos genuínos nos
termos da legislação comunitária.
Os direitos fundamentais conferidos pela cidadania em conformidade com a Parte II do
Tratado CE são:

▪ Liberdade de circulação e direito de residência no território dos Estados-Membros;


▪ Direito de eleger e de ser eleito nas eleições para o Parlamento Europeu e nas eleições
municipais do Estado-Membro de residência;
▪ Direito à protecção diplomática e consular;
▪ Direito de petição ao Parlamento Europeu;
▪ Direito de recorrer ao Provedor de Justiça Europeu.

Desde a entrada em vigor do Tratado de Amesterdão (1999), o estatuto de «cidadão


europeu» confere igualmente os direitos seguintes:

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• O direito de se dirigir às instituições europeias numa das línguas oficiais e obter uma
resposta redigida na mesma língua;
• O direito de acesso aos documentos do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão,
sob reserva da fixação de certas condições (artigo 255.º TCE);
• O direito de não discriminação entre cidadãos da União em razão da nacionalidade (artigo
12.º TCE) e o da não discriminação em razão do sexo, da raça, da religião, de uma
deficiência, da idade ou da orientação sexual;
• O direito de igualdade de acesso à função pública comunitária.
Direito à livre circulação e residência dos cidadãos da União e dos membros das suas
famílias

A União adopta uma directiva relativa ao direito de livre circulação e residência dos cidadãos
da União, agrupando as medidas que se encontravam dispersas no complexo corpo
legislativo que até agora tinha regulamentado a matéria. As novas medidas destinam-se,
nomeadamente, a favorecer o exercício do direito à livre circulação e residência dos
cidadãos da União; reduzir ao estritamente necessário as formalidades administrativas;
definir melhor o estatuto dos membros da família; circunscrever a possibilidade de recusar ou
pôr termo à residência.

Direito de circulação e de residência até três meses

Qualquer cidadão da União Europeia tem direito a deslocar-se a um outro Estado-Membro


munido de um bilhete de identidade ou de um passaporte válido. De qualquer forma, não
poderá ser imposto qualquer visto de saída ou de entrada. Caso o cidadão em questão não
disponha de documentos de viagem, o Estado-Membro de acolhimento fornece à pessoa em
causa todas as facilidades para obter ou para que lhe sejam enviados os documentos
necessários.

Os membros da família que não têm nacionalidade de um Estado-Membro beneficiam do


mesmo direito que os do cidadãos que acompanham. Poderão estar sujeitos à obrigação de
visto de curta duração nos termos do Regulamento (CE) n° 539/2001. O cartão de residência
será considerado como equivalente ao visto de curta duração.

35
No que se refere a estadas inferiores a três meses, a única formalidade imposta ao cidadãos
da União é a posse de um documento de identidade ou de um passaporte válido. O Estado-
Membro de acolhimento poderá solicitar ao interessado que assinale a sua presença no seu
território num prazo razoável e não discriminatório.

Direito de residência de duração superior a três meses

O direito de residência por um período superior a três meses continua a estar sujeito a certas
condições:

▪ Exercer uma actividade económica na qualidade de trabalhador assalariado ou não


assalariado.
▪ Dispor de recursos suficientes e de um seguro de doença para não se tornar um encargo
para a assistência social do Estado-Membro de acolhimento durante a sua residência.
Neste contexto, os Estados-Membros não poderão fixar o montante dos recursos que
consideram suficientes, devendo ter em conta a situação pessoal da pessoa em
questão.
▪ Seguir uma formação enquanto estudante e dispor de recursos suficientes e de um seguro
de doença, a fim de não se tornar uma sobrecarga para o regime de segurança social
do Estado-Membro de acolhimento durante o período de residência.
▪ Ser membro da família de um cidadão da União que integre uma das categorias acima
referidas.
É suprimido o cartão de residência para os cidadãos da União. Todavia, os Estados-
Membros poderão solicitar ao cidadão que proceda ao seu registo junto das autoridades
competentes num prazo que não será inferior a três meses a contar da sua chegada. O
certificado de registo será imediatamente emitido mediante apresentação:

• De um bilhete de identidade ou de um passaporte válido.


• De prova de que as condições supra se encontram preenchidas (ver no artigo 8.º da directiva
as provas que podem ser exigidas para cada categoria de cidadãos). Os cidadãos da União
que seguem uma formação devem demonstrar, através de declaração ou qualquer outro
meio à sua escolha, que dispõem de recursos financeiros suficientes para si próprios e para
os membros da sua família a fim de evitar tornar-se uma sobrecarga para o regime de
segurança social do Estado-Membro de acolhimento. Tal declaração será suficiente para

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comprovar que satisfazem a condição relativa aos recursos.
Os membros da família de um cidadão da União que não tenham nacionalidade de um
Estado-Membro devem solicitar um "cartão de residência de membro da família de um
cidadão da União", com uma validade de pelo menos cinco anos, a contar da data da sua
emissão.

A morte, a partida do território do Estado-Membro de acolhimento do cidadão da União, bem


como o divórcio, a anulação do casamento ou a cessação da parceria registada não afectam
o direito de residência dos membros da família que não tenham a nacionalidade de um
Estado-Membro, mediante determinadas condições.

Direito de residência permanente

Qualquer cidadão da União adquire direito de residência permanente no Estado-Membro de


acolhimento após aí ter residido legalmente durante um período de cinco anos consecutivos,
desde que não tenha sido objecto de uma medida de afastamento.Odireito de residência
permanente deixou de estar sujeito a qualquer condição. A mesma regra será aplicável aos
membros da família que não tenham nacionalidade de um Estado-Membro e que residiram
cinco anos com um cidadão da União. Uma vez adquirido, o direito de residência permanente
apenas se perde em caso de ausência de duração superior a dois anos consecutivos do
Estado-Membro de acolhimento.

Aos cidadãos da União que o solicitem é emitido um documento que certifica o direito de
residência permanente. Os Estados-Membros emitem um cartão de residência permanente
de duração ilimitada e renovável de pleno direito de dez em dez anos aos membros da
família nacionais de um país terceiro. Este cartão é emitido no prazo de seis meses a partir
da introdução do pedido. A continuidade da residência do cidadão poderá ser provada por
qualquer meio de prova utilizado no Estado-Membro de acolhimento.

Disposições comuns ao direito de residência e ao direito de residência permanente

Qualquer cidadão da União beneficiário do direito de residência ou do direito de residência


permanente, bem como os membros da sua família, beneficia de igualdade de tratamento
relativamente aos cidadãos nacionais nos domínios de aplicação do Tratado. Todavia, o
Estado-Membro de acolhimento não é obrigado a conceder o direito a uma prestação de

37
assistência social durante os três primeiros meses de residência a pessoas que não os
trabalhadores assalariados ou não assalariados e os membros da sua família. Os Estados-
Membros também não são obrigados a conceder a essas mesmas pessoas, antes da
aquisição do direito de residência permanente, ajudas de subsistência a estudantes,
incluindo para formação profissional, constituídas por bolsas de estudo ou empréstimos.Os
membros da família, independentemente da sua nacionalidade, terão o direito de exercer
uma actividade económica assalariada ou não assalariada.

Limitação do direito de entrada e de residência por razões de ordem pública, de


segurança pública ou de saúde pública

O cidadão da União ou um membro da sua família poderá ser afastado do território por
razões de ordem pública, de segurança pública ou de saúde pública. Em nenhum caso a
decisão poderá ser baseada em razões económicas. As medidas relativas à liberdade de
circulação e de residência deverão respeitar o princípio da proporcionalidade e ser
exclusivamente baseadas no comportamento pessoal do cidadão. A existência de
condenações penais não poderá automaticamente justificar uma medida deste tipo.

O comportamento deverá constituir uma ameaça suficientemente grave e actual que afecte
um interesse fundamental do Estado. A caducidade do documento que permitiu a entrada do
cidadão interessado não constitui uma razão justificativa de afastamento.

De qualquer forma, antes de tomar uma decisão de afastamento, o Estado-Membro de


acolhimento deverá avaliar determinados elementos tais como a duração da residência do
interessado, a sua idade, a sua saúde, a sua integração social, a sua situação familiar no
país de acolhimento bem como os laços com o país de origem. Apenas em circunstâncias
excepcionais, por motivos graves de segurança pública, pode ser tomada uma medida de
afastamento contra um cidadão da União que tenha residido no Estado-Membro de
acolhimento durante os dez anos anteriores ou que seja menor.

A decisão de recusa de entrada ou de afastamento deverá ser notificada ao interessado.


Deverá ser fundamentada e os meios de recurso e os prazos a respeitar deverão nela ser
indicados. Salvo em caso de urgência, o prazo para abandonar o território não poderá ser
inferior a um mês a contar da data de notificação.

38
Em caso algum a medida de proibição do território será adoptada com duração
indeterminada. O interessado poderá introduzir um pedido de reanálise da sua situação após
um período máximo de três anos. Além disso, esta directiva prevê diversas garantias
processuais. Em especial, as pessoas em causa têm acesso às vias de recurso judiciais ou,
se for caso disso, administrativas no Estado-Membro de acolhimento.

Quem decide a perda ou aquisição da nacionalidade?

A nacionalidade dos Estados Membros é inteiramente da competência desses Estados,


como confirma a Declaração relativa à nacionalidade de um Estado-Membro, anexa à acta
final do Tratado de Maastricht. Pertence, por conseguinte, a cada Estado Membro, tendo em
devida consideração a legislação comunitária, estabelecer as condições de aquisição e
perda da nacionalidade. A União Europeia não tem quaisquer competências nessa matéria.

Quem pode circular na União Europeia?

Qualquer cidadão da União goza do direito de circular e permanecer livremente no território


dos Estados-Membros, sem prejuízo das limitações e condições previstas no presente
Tratado e nas disposições adoptadas em sua aplicação.

É permitido viver noutro país da UE depois de reformado?

Os Estados-Membros reconhecem o direito de residência a qualquer nacional de um Estado-


Membro que tenha exercido na Comunidade uma actividade como trabalhador assalariado
ou não assalariado, na condição de beneficiar:

• De uma pensão de invalidez, pré-reforma ou velhice;


• De uma renda por acidente de trabalho ou doença profissional e de estar coberto por um
seguro de doença ou de dispor de outros recursos suficientes para que não seja, durante a
sua permanência, fonte de encargos para a assistência social do Estado-Membro de
acolhimento. Este direito de residência é igualmente concedido aos membros da sua família
(cônjuge, descendentes a cargo, bem como ascendentes a cargo ou a cargo do cônjuge).

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É possível morar enquanto se estuda noutro Estado-Membro?

Os Estados-Membros reconhecem o direito de residência a qualquer estudante que seja


nacional de um Estado-Membro, que ainda não goze desse direito com base noutra
disposição do direito comunitário e que, por declaração ou, à escolha do estudante, por
qualquer outro meio pelo menos equivalente, garanta à autoridade nacional em causa que
dispõe de recursos para evitar tornar-se, durante a sua permanência, uma fonte de encargos
para a assistência social do Estado-Membro de acolhimento. Deve, para além disso, estar
inscrito num estabelecimento aprovado para seguir, a título principal, um curso de formação
profissional, e dispor de um seguro de doença que cubra o conjunto dos riscos no Estado-
Membro de acolhimento.

Residir noutro Estado-Membro dá direito a votar?

Os cidadãos da União Europeia, gozam do direito de eleger ou ser eleitos nas eleições
municipais e nas eleições para o Parlamento Europeu, independentemente do país da União
Europeia onde residem.

Quais os requisitos para poder votar ou ser elegível para o Parlamento Europeu?

• Cidadania da UE;
• Residência no Estado-Membro em que for depositado o voto ou em que a pessoa em causa
se apresente como candidato;
• Cumprimento das disposições aplicáveis aos nacionais do Estado-Membro de residência no
que se refere ao direito de voto ou de elegibilidade (princípio da igualdade entre os eleitores
nacionais e os de outros países da UE).

Quem tem direito de voto e de elegibilidade nas eleições autárquicas?

Todos os cidadãos comunitários residentes num país da UE de que não tenham a

40
nacionalidade têm direito de voto e de elegibilidade nas eleições autárquicas do seu país de
residência, nas mesmas condições que os nacionais deste país.

O que é a protecção consular dos cidadãos europeus?

Qualquer cidadão da União beneficia, no território de países terceiros em que o Estado-


Membro de que é nacional não se encontre representado, de protecção por parte das
autoridades diplomáticas e consulares de qualquer Estado-Membro, nas mesmas condições
que os nacionais desse Estado.

É possível ter protecção consular fora do espaço da União Europeia?

Na ausência de protecção nacional num país não pertencente à UE, o cidadão tem direito a
beneficiar da protecção de outro Estado-Membro da UE. Esta protecção deve ser concedida
nas mesmas condições de que beneficiam os nacionais desse Estado. (Artigo 20.° do
Tratado que institui a Comunidade Europeia).

Quem pode apresentar uma petição?

Pode apresentar uma petição qualquer cidadão da União Europeia ou residente num Estado-
Membro da União Europeia, qualquer membro de uma associação, empresa, organização
(pessoa singular ou colectiva) com sede social num Estado-Membro da União Europeia.
(Artigo 194º do Tratado CE).

Que assuntos podem ser objecto de petição?

O assunto da petição deve referir-se a questões que sejam do interesse ou da


responsabilidade da União Europeia, como por exemplo:

• Os seus direitos enquanto cidadão europeu, tal como consagrados no Tratado;


• Questões ambientais;
• Defesa do consumidor;

41
• Livre circulação de pessoas, de mercadorias e de serviços, mercado interno;
• Emprego e assuntos sociais;
• Reconhecimento de qualificações profissionais;
• Outras questões relacionadas com a aplicação da legislação da UE.

Em que língua pode ser apresentada uma petição?

A petição pode ser apresentada em qualquer língua oficial da União Europeia.

Quem e quando se pode apresentar uma queixa ao Provedor de Justiça Europeu?

Pode ser apresentada por um cidadão da União ou por qualquer pessoa singular ou colectiva
com residência ou sede estatutária num Estado-Membro, nos casos de má administração na
acção das instituições e organismos comunitários.

O Provedor de Justiça Europeu

O Provedor de Justiça Europeu investiga as queixas contra as instituições e organismos da


União Europeia (UE). Pode-se apresentar uma queixa ao Provedor de Justiça Europeu
relativa a casos de má administração na acção dessas instituições ou desses organismos.
O Provedor de Justiça Europeu não pode investigar queixas contra as administrações
nacionais, regionais ou locais dos Estados-Membros, mesmo que essas queixas digam
respeito a assuntos da União Europeia. Muitas dessas queixas podem ser apresentadas aos
Provedores nacionais ou regionais, ou às comissões de petições dos Parlamentos nacionais
ou regionais.

Quais os resultados possíveis de uma queixa?

Por vezes, basta que o Provedor de Justiça informe a instituição em questão da recepção de
uma queixa, para que esta corrija imediatamente o problema. Se a queixa não for resolvida
de forma satisfatória durante o inquérito, o Provedor de Justiça tentará, na medida do
possível, encontrar uma solução amigável que resolva o caso de má administração e
satisfaça o(a) queixoso(a). Se a tentativa de reconciliação fracassar, o Provedor de Justiça

42
pode fazer recomendações por forma a resolver o caso. Se a instituição em causa não
aceitar essas recomendações, o Provedor de Justiça pode apresentar ao Parlamento
Europeu um relatório especial sobre o assunto.

Como apresentar uma queixa?

Escreva ao Provedor de Justiça numa das línguas do Tratado, identificando-se claramente,


mencionando de que instituição ou organismo da UE se queixa e as razões dessa queixa.
▪ A queixa tem de dar entrada no prazo de dois anos a partir da data em que
tomou conhecimento dos factos em causa.
▪ Não é necessário que seja directamente afectado pelo caso de má
administração em causa.
▪ Deve já ter contactado a instituição ou organismo visado sobre o assunto, por
exemplo, por correio.
▪ Provedor de Justiça não intervém quando os casos estão pendentes em Justiça
ou tenham sido dirimidos por um tribunal.
O Provedor de Justiça examinará a sua queixa e comunicar-lhe-á os resultados do inquérito.
A queixa pode ser apresentada ao Provedor de Justiça por simples carta ou através do
formulário aqui incluso. Uma versão electrónica do formulário está disponível no sítio Internet
do Provedor de Justiça Europeu: http://www.ombudsman.europa.eu

Em que língua pode ser redigida a correspondência com as Instituições Comunitárias?

Qualquer cidadão da União pode dirigir-se por escrito a qualquer das instituições numa das
línguas previstas no artigo 314º e obter uma resposta redigida na mesma língua.

Qual a atitude da União Europeia em relação protecção de dados pessoais?

Todos os actos comunitários relativos à protecção das pessoas singulares em matéria de


tratamento de dados de carácter pessoal e de livre circulação desses dados são aplicáveis
às instituições e órgãos da União Europeia.

É possível aceder aos documentos das Instituições Europeias?

43
Todos os cidadãos da União Europeia e todas as pessoas singulares ou colectivas que
residam ou tenham a sua sede estatutária num Estado-Membro têm direito de acesso aos
documentos do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão, mediante algumas regras.
Dois tipos de excepções ao direito de acesso:

• Os casos em que a recusa é um direito (ameaças à segurança pública, à defesa ou às


relações internacionais);
• Os casos em que o acesso é recusado (ameaça à protecção dos interesses comerciais de
uma entidade privada, etc.), salvo se um interesse público superior justificar a divulgação do
documento.

Devem os nacionais dos Estados-Membros ser tratados de igual modo no espaço


comunitário?

Sim. A proibição de qualquer discriminação com base na nacionalidade está consignada no


artigo 12º do Tratado que institui a Comunidade Europeia. O princípio da não discriminação
tem por objectivo assegurar a igualdade de tratamento entre todas as pessoas,
independentemente da sua nacionalidade, sexo, raça, origem étnica, religião ou crença,
deficiência, idade ou orientação sexual.

Quais os deveres dos cidadãos da União?

Não obstante o enunciado do n.º 2 do Artigo 17.º (ex-artigo 8.º) do TCE "Os cidadãos da
União gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres previstos no presente Tratado", a
cidadania da União não comporta, até à data, quaisquer deveres para os cidadãos da União,
o que representa uma diferença substancial relativamente à cidadania d dos s E Est tados-
Membros.

A Europa e o Mundo
44
As principais organizações internacionais:

1. Organização das Nações Unidas (ONU)


A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição
Q u ic k T im e ª a n d a
internacional formada por 192 Estados soberanos e fundada após a d e com p re sso r
a r e n e e d e d t o s e e t h is p ic t u r e .
2ª Guerra Mundial para manter a paz e a segurança no mundo,
fomentar relações amistosas entre as nações, promover o progresso
social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Os membros
são unidos em torno da Carta das Nações Unidas, um tratado
internacional que enuncia os direitos e deveres dos membros da comunidade internacional.
As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais: a Assembleia-geral, o
Conselho de Segurança, o Conselho Económico e Social, o Tribunal Internacional de Justiça
e o Secretariado. Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova Iorque, com
excepção do Tribunal, que fica em Haia, na Holanda.
Existem organismos especializados, com ligação à ONU, que trabalham em áreas tão
diversas como a da saúde, agricultura, aviação civil, meteorologia e trabalho. Estes
organismos especializados, juntamente com as Nações Unidas e outros programas e fundos
(tais como a UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância), compõem o Sistema das
Nações Unidas.
A ONU tem como propósitos/funções principais:
· Manter a paz e a segurança internacionais;
· Desenvolver relações amistosas entre as nações;
· Realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de
carácter económico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais;
· Ser um centro destinado a harmonizar a acção dos povos para a realização desses
objectivos comuns.
Actualmente, a ONU é constituída por 192 Estados-Membros. Apenas os estados podem ser
membros plenos e participar na Assembleia-geral. Outros organismos intergovernamentais e
algumas entidades legalmente reconhecidas podem participar, como observadores, com
direito a intervir mas sem direito a voto.
45
Sistema das Nações Unidas

As Nações Unidas são constituídas por cinco órgãos principais:

Assembleia-geral – órgão intergovernamental, plenário e deliberativo das Nações Unidas


composto por todos os países membros, tendo cada um direito a um voto. É um fórum
político que supervisiona e coordena igualmente o trabalho das agências. Reúne uma vez
por ano em sessão ordinária que começa na terceira terça-feira do mês de Setembro na
sede da ONU, em Nova Iorque.
Conselho de Segurança – órgão das Nações Unidas com responsabilidades sobre a
segurança mundial. Tem o poder de autorizar uma intervenção militar num país e enviar
soldados da paz. Composto por 15 Estados membros, havendo cinco membros
permanentes: os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Rússia e a República Popular
da China. Cada um destes membros tem o direito de veto. Os outros 10 membros são
rotativos e têm mandatos de dois anos, cumprindo uma lógica geográfica.
Conselho Económico e Social (ECOSOC) - 54 membros, eleitos pela Assembleia-geral por
períodos de três anos. É o órgão coordenador do trabalho económico e social da ONU, das
Agências Especializadas e das demais instituições integrantes do Sistema das Nações
Unidas. O Conselho formula recomendações e inicia actividades relacionadas com o
desenvolvimento, comércio internacional, industrialização, recursos naturais, direitos
humanos, condição da mulher, população, ciência e tecnologia, prevenção do crime, bem-
estar social e muitas outras questões económicas e sociais.
Tribunal Internacional de Justiça - principal órgão judiciário da Organização das Nações
Unidas. Tem sede em Haia, na Holanda, sendo por isso igualmente conhecido por Tribunal
de Haia. Fundado em 1946, a sua função principal é deliberar sobre disputas submetidas por
Estados e dar conselhos sobre assuntos legais submetidos pela Assembleia Geral ou pelo
Conselho de Segurança, ou por agências especializadas autorizadas pela Assembleia da
ONU, de acordo com a Carta das Nações Unidas. O Estatuto do Tribunal Internacional de
Justiça é o principal documento constitucional pelo qual se rege o Tribunal.
Secretariado . presta serviço aos outros órgãos das Nações Unidas e administra os
programas e políticas que elaboram. O seu chefe é o Secretário-Geral, que é nomeado pela
Assembleia-geral, por recomendação do Conselho de Segurança.

46
2. Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) Q u ic kT im e ª a n d a
d ec o m p resso r
a re n e e d e d to se e th is p ic tu re .

O Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) é um organismo intergovernamental que


tem por objectivo conceber e promover, quer a nível nacional como a nível internacional,
estratégias contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo.
Trata-se de um organismo de natureza intergovernamental e multidisciplinar criado em 1989
com a finalidade de desenvolver uma estratégia global de prevenção e de combate ao
branqueamento de capitais e, desde Outubro de 2001, também contra o financiamento do
terrorismo, sendo reconhecido a nível internacional como a entidade que define os padrões
nesta matéria.
Trata-se de um Grupo de duração limitada em função dos seus objectivos, que reexamina a
sua missão de cinco em cinco anos.
O GAFI acompanha os progressos realizados pelos seus países membros na implementação
das medidas necessárias, através de mecanismos de autoavaliação e avaliação mútua tendo
como suporte dessa avaliação 40 Recomendações + 9.

O relatório de avaliação mútua de Portugal, que incide sobre o grau de observância das 40
+ 9 Recomendações e sobre a eficácia do sistema nacional em matéria de prevenção do
branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo foi discutido e aprovado pelos
membros do GAFI na sua I Sessão Plenária de 2006/07, que decorreu entre 11 e 13 de
Outubro de 2007.

3. Comissão Internacional do Estado Civil (CIEC)

O que é a CIEC?

A Comissão Internacional de Estado Civil (CIEC) nasceu da ideia de instituir um organismo


internacional que contasse com a participação não apenas de funcionários do registo civil
mas igualmente de representantes ministeriais do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da
Justiça e da Administração Interna, magistrados, professores de direito, encarregados de
promover uma cooperação e uma colaboração em matéria de estado civil.

47
Criada em Amesterdão em Setembro de 1948, foi reconhecida em Dezembro de 1949 pela
Bélgica, a França, o Luxemburgo, os Países Baixos e a Suíça.
A CIEC conta actualmente com 16 Estados Membros e 6 Estados com Estatuto de
Observador (Chipre, Lituânia, Rússia, Santa Sé, Eslovénia e Suécia), tendo Portugal aderido
em 1973.
A representação de Portugal na CIEC é assegurada pela respectiva Secção Nacional,
integrada, a título principal, pelo Professor Doutor Miguel Teixeira de Sousa, a Dra. Odete
Jacinto (da Conservatória dos Registos Centrais) e a Dra. Rita Pires Neves (jurista do
GRIEC).
A CIEC concentra a sua actividade na publicação de estudos em matéria de estado civil, na
elaboração de recomendações e sobretudo de Convenções tendentes a harmonizar as
disposições dos Estados Membros nas matérias relativas ao estado e à capacidade das
pessoas, à família e à nacionalidade bem como melhorar as técnicas dos serviços que se
ocupam do estado civil nos respectivos Estados-Parte.
Para o acompanhamento e aprofundamento de determinadas questões são formados grupos
de trabalhos entre os delegados das várias secções nacionais, cujas propostas e conclusões
são discutidas nas reuniões bianuais da Assembleia-geral.
Até à data foram aprovadas e estão em vigor 32 Convenções e 8 Recomendações sobre as
mais variadas matérias, tendo Portugal ratificado 11 dessas convenções.
A Presidência da CIEC é rotativa, de entre as secções nacionais, tendo Portugal assegurado
a sua mais recente Presidência no biénio 2004-2005.
Por ocasião da Assembleia-geral de Setembro de 2005, que teve lugar em Antalya, na
Turquia, ainda sob a Presidência Portuguesa, foi aprovada a Convenção sobre o
Reconhecimento de Nomes, tendo Portugal sido o primeiro país a assinar a referida
Convenção.
Esta Convenção visa facilitar o reconhecimento nos Estado Contratantes dos nomes
atribuídos à luz da legislação nacional aplicável noutro Estado Contratante.
Decorrem neste momento os trabalhos relativos à fraude documental, ao reconhecimento
das parcerias registadas, à informatização, centralização e harmonização da documentação
relevante em matéria de estado civil.
Portugal acompanha e participa activamente nos trabalhos da CIEC, através do Ministério da
Justiça (DGPJ/GRI e DGRN) respondendo a questionários, comunicando legislação vigente
e em preparação bem como jurisprudência nacional nas matérias relevantes.
48
4. Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE)

A OCDE é uma organização intergovernamental de trinta países membros comprometidos


com a democracia e a economia de mercado.

A OCDE, fundada em 1961, constitui um fórum multilateral de discussão, desenvolvimento, e


reforma de políticas económicas e sociais, tanto a nível nacional como internacional.

O objectivo fulcral da OCDE é o de promover políticas que assegurem o crescimento


económico sustentável e o emprego, qualidade de vida e a liberalização do comércio.

O conceito de crescimento económico sustentável da OCDE tenta equilibrar os aspectos


económicos, sociais e ambientais do desenvolvimento.

A OCDE constitui uma importante e segura fonte de informação estatística ao recolher e


tratar informação, analisar tendências e desenvolver análise prospectiva económica e social
das principais políticas públicas como agricultura, cooperação e desenvolvimento, educação,
emprego, ambiente, comércio, ciência, tecnologia, indústria e inovação.

Outras organizações como a Agência Internacional de Energia (IEA), a Agência de Energia


Nuclear (NEA) e o Forum Internacional de Transportes (ITF) fazem parte do conjunto OCDE.

O trabalho da OCDE, de cerca de três décadas, na área do ambiente tem apoiado


activamente os seus membros e não-membros a conceberem políticas ambientais que visam
atingir simultaneamente a eficiência económica e os objectivos ambientais.

Áreas temáticas/Representação da APA:

▪ Grupo de Trabalho sobre Política Nacional de Ambiente

▪ Grupo Conjunto do Comité dos Produtos Químicos e do Grupo de Trabalho


Químicos, Pesticidas e Biotecnologia

▪ Grupo de Trabalho sobre Informação e Perspectivas Ambientais

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5. Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE)

A Organização de Segurança e Cooperação na Europa foi criada nos anos 70, sob o nome
de Conferência de Segurança e Cooperação na Europa (CSCE), como uma plataforma de
diálogo e negociação entre o Este e o Oeste do continente europeu. Resultou dos Acordos
de Helsínquia, assinados a 1 de Agosto de 1975. Os Acordos estavam divididos em três
secções principais, que diziam respeito a: (1) questões relacionadas com a segurança na
Europa; (2) cooperação no campo económico, científico e tecnológico, e do meio-ambiente;
(3) cooperação humanitária. De 1975 até 1990, a CSCE funcionou como uma conferência
contínua.
As novas necessidades de segurança na Europa nos anos 90 levaram a uma mudança
fundamental na CSCE e a um reforço do seu papel. Reflectindo estas mudanças, na cimeira
realizada em Budapeste em 1994 foi reconhecido que o desempenho da CSCE não cabia no
âmbito do que se denomina, normalmente, por conferência. Procedeu-se a uma reforma da
instituição, que se passou a designar por OSCE .
A Carta de Paris, datada de Novembro de 1990, marcou o ponto de viragem na História da
organização: de um papel virado para negociações e diálogo passou a uma estrutura
operacional activa. Assim, foram criadas novas instituições, como o Centro de Prevenção de
Conflitos, em Viena, o Departamento para a Realização de Eleições Livres, em Varsóvia, o
Secretariado, em Praga, e diversos órgãos políticos consultivos.
Em Julho de 1992, um novo documento de Helsínquia criou instrumentos para reforçar a
intervenção da OSCE na protecção dos direitos humanos e para prevenir conflitos e crises.
Surgiu o cargo de Alto Comissário das Minorias Nacionais com a função de intervir em casos
de tensões étnicas que pudessem resultar em conflitos regionais. Em Dezembro de 1992, o
Conselho da OSCE instituiu um novo posto de secretário-geral. Em Dezembro de 1993, um
novo órgão - o Comité Permanente - foi estabelecido em Viena.
Hoje, a OSCE compreende 53 estados, incluindo todos os países da Europa e também os
Estados Unidos da América e o Canadá. De uma maneira geral, pretende servir de
instrumento de prevenção de conflitos e crises, fazendo, para isso, contactos com
representantes locais e iniciando o diálogo entre as partes.

6. Organização Mundial do Comércio (OMC)

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A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a instituição internacional encarregue das
regras do comércio internacional a nível mundial. A sua principal função consiste em garantir
que o comércio flua da forma mais livre possível, com o objectivo último de aumentar a
prosperidade dos países membros. Além desta função, a OMC é igualmente responsável
pela gestão dos acordos que a compõem, a cooperação com outras organizações
internacionais, a assistência técnica aos países em vias de desenvolvimento e o exame das
políticas comerciais nacionais dos seus membros, assumindo o papel de fórum para as
negociações comerciais internacionais.

A OMC entrou em funcionamento em 1995, substituindo-se ao GATT (General Agreement on


Trade and Tariffs) na gestão e administração dos acordos multilaterais sobre comércio
internacional resultantes do Uruguay Round.

Embora a OMC seja uma organização recente, o sistema multilateral de comércio, que foi
originalmente criado no âmbito do GATT, tem cerca de 50 anos. Este sistema foi
desenvolvido através de uma série de negociações comerciais (ou rondas), tendo o último
ciclo de negociações (Uruguay Round, 1986-1994) sido o mais ambicioso de sempre. Os
seus resultados incidiram não apenas sobre o clássico comércio de mercadorias mas
levaram à adopção, pela primeira vez em termos multilaterais, de regras e disciplinas
aplicáveis ao comércio de serviços (General Agreement on Trade in Services - GATS) e aos
aspectos do direito de propriedade relacionados com o comércio (TRIPS). Um outro aspecto
importante foi o da elaboração de um Entendimento sobre a Resolução de Litígios, o qual
veio dar ao sistema de resolução dos conflitos uma maior segurança, pela natureza
fortemente jurisdicional e vinculativa com que o dotou, e uma maior celeridade dos
processos.

Um sistema com esta amplitude e diversidade necessitava de uma organização que lhe
desse unidade e o gerisse de forma coerente. A OMC veio permitir o funcionamento de um
sistema comercial internacional integrado, sólido e eficaz, concretizando, finalmente, o
objectivo de criação de uma organização internacional para regular o comércio internacional.

Estrutura Organizativa

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O órgão máximo da OMC é a Conferência Ministerial que se reúne, pelo menos, de dois em
dois anos e pode tomar decisões sobre todas as matérias relacionadas com qualquer acordo
multilateral de comércio. Já se realizaram seis Conferências Ministeriais, tendo a última sido
realizada em Hong Kong, em Dezembro de 2005.

No intervalo destas reuniões, as funções da Conferência Ministerial são exercidas pelo


Conselho Geral, composto por representantes (normalmente embaixadores ou equivalente)
de todos os Membros, que reúne regularmente para executar as funções da OMC,
nomeadamente, o supervisionamento regular do funcionamento dos acordos e das decisões
ministeriais. Este órgão estabelece as suas regras de procedimento e aprova as regras de
procedimento dos comités subordinados. O Conselho Geral funciona igualmente como Órgão
de Resolução de Litígios (para fiscalizar os procedimentos no sentido de dirimir conflitos
entre Membros) e como Órgão de Exame das Políticas Comerciais (com o objectivo de
analisar as políticas comerciais dos Membros).

A Declaração da Conferência Ministerial de Doha (Novembro de 2001) criou o Comité de


Negociações Comerciais, o qual opera sob a autoridade do Conselho Geral e tem por função
a supervisão do progresso das negociações, estabelecendo os mecanismos necessários de
negociação. Este comité cria órgãos de negociação subsidiários, que lidam com as diferentes
questões em negociação.

Três Conselhos, cada um lidando com uma área de comércio diferente, reportam ao
Conselho Geral: o Conselho do Comércio de Serviços, o Conselho do Comércio de
Mercadorias, e o Conselho dos Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual
Relacionados com o Comércio.
Existe ainda um conjunto de outros comités e grupos de trabalho que reportam directamente
ao Conselho Geral, nomeadamente, o Comité das Compras Públicas e os Grupos de
Trabalho sobre Adesão.

7. Organização do Tratado do Atlântico Norte

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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO), por vezes chamada
Aliança Atlântica, é uma organização internacional de colaboração militar estabelecida em
1949 em suporte do Tratado do Atlântico Norte assinado em Washington a 4 de Abril de
1949. Os seus nomes oficiais são North Atlantic Treaty Organization (NATO), em inglês, e
Organisation du Traité de l'Atlantique Nord (OTAN), em francês. Em Portugal, utiliza-se mais
frequentemente a palavra NATO (sigla em inglês) por, paradoxalmente, se parecer mais a
uma palavra portuguesa. O seu secretário-geral é, desde 1 de Agosto de 2009, o
dinamarquês Anders Fogh Rasmussen.

História

A organização foi criada em 1949, no contexto da Guerra Fria, com o objetivo de constituir
uma frente oposta ao bloco socialista, que, aliás, poucos anos depois lhe haveria de
contrapor o Pacto de Varsóvia, aliança militar do leste europeu.

Desta forma, a OTAN tinha, na sua origem, um significado e um objectivo paralelos, no


domínio político-militar, aos do Plano Marshall no domínio político-económico. Os estados
signatários do tratado de 1949 estabeleceram um compromisso de cooperação estratégica
em tempo de paz e contraíram uma obrigação de auxílio mútuo em caso de ataque a
qualquer dos países-membros.

Os Estados que integram a OTAN são a Albânia, a Alemanha (República Federal da


Alemanha antes da reunificação alemã), a Bélgica, o Canadá, a Croácia, a Dinamarca, a
Espanha, os Estados Unidos da América, a França,[4] a Grécia, os Países Baixos, a Islândia,
a Itália, o Luxemburgo, a Noruega, Portugal, o Reino Unido, a Turquia, a Hungria, a Polónia,
a República Checa, Bulgária, a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Romênia, a Eslováquia e a
Eslovénia.

Com o desmoronamento do Bloco de Leste no final dos anos 1980, surgiu a necessidade de
redefinição do papel da OTAN no contexto da nova ordem internacional, pois o motivo que
deu origem ao aparecimento da organização e o objetivo que a norteou durante quatro
décadas desapareceram subitamente.

A organização dedicou-se, pois, a esta nova tarefa, com o objetivo de se tornar o eixo da
política de segurança de toda a Europa (isto, é considerando também os países que antes
formavam o bloco adversário) e América do Norte. Assim, começou a tratar-se do

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alargamento a leste (considerando, nomeadamente, a adesão da Polónia, da Hungria e da
República Checa) e, em 1997, criou-se o Conselho de Parceria Euro-Atlântica, um órgão
consultivo e de coordenação onde têm também assento os países aliados da NATO,
incluindo os países da Europa de Leste o que desagrada à Rússia ao ver afastar-se da sua
esfera de influência.

Em Março de 1999, formalizou-se a adesão da Hungria, da Polónia e da República Checa,


três países do antigo Pacto de Varsóvia. Em Março de 2004 aderiram a Bulgária, a Estónia, a
Letónia, a Lituânia, a Romênia, a Eslováquia e a Eslovénia. No dia 1 de Abril de 2009
aderiram à Organização a Albânia e a Croácia.

Na actualidade a Aliança Atlântica exerce grande influência nas decisões políticas europeias.

Estados membros

Membros fundadores
▪ Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo,
Noruega, Países Baixos, Portugal e Reino Unido (4 de abril de 1949).
Adesões durante a Guerra Fria
• Grécia e Turquia (18 de Fevereiro de 1952), Alemanha Ocidental (9 de maio de 1955) e
Espanha (30 de maio de 1982).
Adesões de países do antigo bloco de leste
• Alemanha Oriental (reunificada com a Alemanha Ocidental, 3 de outubro de 1990), República
Checa e Polónia (12 de março de 1999), Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia,
Lituânia e Roménia (29 de março de 2004), Albânia e Croácia (1 de Abril de 2009).

Tribunal Internacional de Justiça


O Tribunal Internacional de Justiça é o principal órgão judiciário da Organização das Nações
Unidas. Tem sede em Haia, na Holanda, sendo por isso igualmente conhecido por Tribunal
de Haia.

Fundado em 1946, a sua função principal é deliberar sobre disputas submetidas por Estados
e dar conselhos sobre assuntos legais submetidos pela Assembleia Geral ou pelo Conselho
de Segurança, ou por agências especializadas autorizadas pela Assembleia da ONU, de
acordo com a Carta das Nações Unidas. O Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça é o
principal documento constitucional pelo qual se rege o Tribunal.
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Todos os países que fazem parte do Estatuto podem recorrer ao Tribunal Internacional de
Justiça. Outros Estados poderão fazê-lo verificadas certas condições estipuladas pelo
Conselho de Segurança, o qual pode encaminhar ao Tribunal qualquer controvérsia jurídica.

Além disso, a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar ao Tribunal


pareceres sobre quaisquer questões jurídicas. Os outros órgãos das Nações Unidas, assim
como as Agências Especializadas, podem recorrer ao Tribunal requerendo pareceres sobre
questões jurídicas dentro das suas respectivas actividades, desde que tenham para isso
autorização da Assembleia Geral. Somente Estados - nunca indivíduos, podem recorrer ao
Tribunal Internacional de Justiça.

O Tribunal Internacional de Justiça é composto por quinze juízes chamados “membros” do


Tribunal. São eleitos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança. Os juízes são
escolhidos em função da sua competência, e não pela sua nacionalidade. Contudo, procura
fazer-se com que estejam representados no Tribunal os principais sistemas jurídicos do
mundo. Não pode haver dois juízes da mesma nacionalidade no Tribunal. O mandato dos
juízes é de nove anos e em regime de exclusividade, sendo admissível haver reeleição.

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