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Introdução ao Direito Civil

Em todo estudo do direito, é interessante pegar nas mãos o livro das leis para
entender seu conteúdo, fazer anotações, grifar palavras difíceis. O Direito se ama ou
se odeia. Não existe meio termo. Porque sem amor, não há como seguir dias e dias
em seus estudos, muitas vezes cansativos, ler as dezenas ou centenas de livros de
doutrinadores, com seus linguajares difíceis de doutores.
Eu sou um Nerd, e é lógico que eu amo o Direito, tenho meu VadeMecum,
velhinho, gasto, todo rabiscado com anotações e colado com durex. Para quem não
sabe, VadeMecum é aquele livrão grosso, que o estudante de Direito carrega para
todo lado. Este livro nada mais é, do que uma reunião sistemática de todas as leis
nacionais, como estatutos, regulamentos, decretos-leis, etc., e é claro, a mãe de
todas as leis, o orgulho da pátria, nossa Constituição Federal. VadeMecum é uma
palavra em latim e significa vá por este caminho.
Iniciando o Direito Civil, com a bíblia do Direito nas mãos, aberto no código
civil, então, ok.

Art.1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Pessoa Natural

É o ser humano vivo, sujeito de direito e obrigações, compreende o homem e


a mulher, também chamados de pessoas físicas.
A pessoa natural é o destinatário final de todas as normas. Roberto Senise
Lisboa disse que, juridicamente falando, pessoa é a entidade dotada de
personalidade à qual o ordenamento jurídico confere direitos e obrigações. Ou seja,
pessoa natural, a qual o direito civil se refere, sou eu e é você. Isto porque os
legisladores da Constituição de 1988, ao redigi-la, acharam por bem, não utilizar a
denominação "homem", como era feito antes, o que não seria politicamente correto
com as damas e também retiraria o tom de igualdade, tão festejado por nossa Carta
Magna.
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Personalidade Civil ou Jurídica

É a capacidade de direito, a titularidade dos direitos e obrigações no Direito.


Maria Helena Diniz explicou que é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair
obrigações.
A personalidade civil começa ainda quando somos bebês. Assim que
nascemos, já adquirimos a personalidade jurídica. Imagine que um bebê ao nascer,
pode já ser dono de uma fortuna, herdeiro de um patrimônio. E mesmo não tendo
posses, ele passa a ter pessoas responsáveis por sua integridade e o Estado já
tutela estes direitos. Um bebê que nasce com vida, tem direito a muitas garantias
que já estão estipuladas em nosso ordenamento. Porém, a lei também poê a salvo
os direitos dos nascituros, aqueles que ainda estão no ventre da mãe, os que estão
por nascer. O nascituro tem direito a vida, aborto é crime no Brasil, tem direito a
receber pensão de alimentos, tem direito a receber doação ou herança.
Falamos de bebê com vida, que já nasce para a vida jurídica, isto porque um
bebê pode nascer sem vida e se assim for não terá a capacidade jurídica. Aí, você
pode se perguntar, mas como saber se o bebê nasceu com ou sem vida? A ciência
médica - legal resolveu esta questão com um exame de nome difícil, docimásia
hidrostática de Galeno. O exame consiste em verificar se aquele bebê sem vida
respirou, se o aparelho respiratório funcionou, porque se a resposta for sim, ele
nasceu com vida. É na verdade, um teste simples, mas mórbido. Tiram o pulmão do
bebê e colocam em uma bacia com água, se ele flutuar significa que os pulmões
estão cheios de ar, portanto o bebê estava vivo ao nascer. Mas se o pulmão afundar
na água é o contrário.
Constatar se o bebê nasceu sem ou com vida, é muito importante. Em
primeiro lugar uma criança nascida com vida que morre, deve ter um registro de
nascimento e outro, de óbito. Isto porque ele adquiriu personalidade jurídica e ter um
nome é direito inalienável a quem tem personalidade jurídica. Aquela que nasceu
morta, não terá nada disto. Saber se o bebê nasceu vivo é crucial para resolver
problemas de sucessão.
Vamos imaginar um caso aqui:
Tião morre e deixa alguns bens para seus filhos, como herança. Porém,
Joana, uma mulher que se diz amante extraconjugal do Tião, está grávida de um
filho dele. Com a dor da perda de seu amor, Tião; a gestante fica muito nervosa e
entra em trabalho de parto. Vai para o Hospital, porém, o pobre bebê morre logo ao
nascer. A família do morto respira aliviada, pois pensa que não precisará dividir a
herança do de cujus, com o filho bastardo. Mas a Medicina-Legal age e com sua
Docimasia Hidrostática de Galeno, atesta com tranqüilidade, que o bebê nasceu
com vida e só em seguida veio a falecer. Pronto! O bebê se tornou herdeiro do pai e
terá direito a sua parte dos bens, que obviamente passarão a ser da Joana, já que
ele morreu e a mãe é sua herdeira legal.
Viu como é interessante? É claro que a Joana vai ter que atestar a
paternidade, levar o caso à Justiça, se quiser receber sua parte, mas seu direito está
garantido. Como vimos, a personalidade jurídica começa ao nascermos com vida e
só terá fim com a morte física.

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