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1. Introdução
A escola moderna enfrenta, hoje, dois grandes desafios. Deve, por um lado, ser
capaz de reconhecer a grande diversidade existente no desenvolvimento cognitivo,
comportamental e físico das crianças que deve educar. Uma vez identificada essa
diversidade, deve, por outro lado, ser capaz de promover um ensino eficaz dessas
crianças, provendo os recursos que cada uma delas, independente do grau de seu
desenvolvimento cognitivo, comportamental ou físico, requer para atingir a competência
necessária para uma perfeita inclusão na sociedade que integra.
Por tradição, a escola se apóia na leitura e escrita como o principal meio para
transmissão e aquisição do conhecimento. Tudo o que a criança deve aprender está
descrito nos seus livros de textos ou é apresentado através da lousa. Por isso, a ênfase
nas primeiras etapas da vida escolar é a alfabetização. A criança tem que aprender a ler e
escrever para poder adquirir qualquer outro conhecimento importante para sua vida
escolar. Mesmo a aritmética não escapa dessa tradição. Pouca ênfase é dada ao seu
estudo nos dois primeiros anos do ensino fundamental, quando comparada com o esforço
do professor (chamado inclusive de alfabetizador) na promoção do aprendizado das
letras. Muitas das dificuldades da criança no seu aprendizado da aritmética decorrem de
suas dificuldades de compreensão verbal e não da aritmética propriamente, dos
problemas que lhe são apresentados em forma escrita e não oral. Por isso, a vida da
criança disléxica se complica muito na escola, antes e mesmo depois da identificação de
sua dificuldade.
Por tradição, a escola também define regras de bom comportamento que dificulta
e muitas vezes tornam impossível a vida escolar da criança hiperativa, impulsiva e/ou
desatenta. As neurociências demonstram claramente que o comportamento dessa criança
é conseqüência de uma redução da atividade de circuitos dopaminérgicos. Entretanto, a
tradição insiste em considerá-las crianças sem limite, devido a uma negligência dos pais
e/ou mães na sua educação. A disfunção dopaminérgica tem uma origem genética na
maioria dos casos. Isso implica que muitos dos pais e/ou mães dessas crianças também
são hiperativos, impulsivos e/ou desatentos. Para esses pais, o comportamento de seus
filhos não é um comportamento desajustado. Essas crianças herdam uma fisiologia
cerebral diferente e não uma educação deficiente.
A escola moderna tem que aceitar os desafios e organizar um ambiente e um
programa escolar que inclua as crianças com distúrbios de aprendizagem e/ou
comportamento e participe ativamente de sua formação como cidadão integrado à sua
sociedade.
Várias drogas têm sido utilizadas para melhorar a atenção da criança hiperativa
e/ou desatenta, bem como reduzir sua impulsividade. Entre essas drogas, a mais
conhecida é a Ritalina. Entretanto, o tratamento químico não promove a cura do distúrbio,
pois não promove um ajuste definitivo da funcionalidade do sistema dopaminérgico. Seu
efeito é temporário e se restringe ao período de sua administração. Quando instituído, o
tratamento químico deve ser de longa duração (um ano ou mais) e coadjuvante das ações
tomadas ao nível da escola e da família, para promover um aprendizado adequado das
regras de conduta social. A psicoterapia cognitiva pode ser de grande valia nesse
aprendizado, mas um trabalho adequado na escola é o fator mais importante para o
sucesso do aprimoramento do comportamento social da criança impulsiva.
1) Relacionamento Social: que trata das relações entre professores, alunos, funcionários
e família,
2) Preservação Física: que cuida tanto da preservação das dependências da escola e do
material escolar coletivo e privado, quanto da higiene coletiva e privada;
3) Dinâmica da sala escolar: que deve proporcionar um ambiente harmônico para o
aprendizado e
4) Dinâmica extra-sala: envolve atividades de recreação, extra-curriculares, passeios,
etc.
Normas definem objetivos dentro de uma meta. Regras são os meios para
implementação das normas.
4.1.1 Meta
RESPEITO
E
AFETIVIDADE
CONFIANÇA
À medida que criança recebe respeito e afeto, ganha confiança no adulto e passa
a devolver afeto e respeito para o professor ou funcionário. O processo é uma via de mão
dupla.
4.1.2 Normas
4.1.2.1 Respeito
Conhecer o aluno como indivíduo não é apenas saber um conjunto de dados sobre
a criança, tais como seu nome, quem são seus pais, se tem irmão, etc., mas
principalmente, identificar o tipo de pessoa que ele é. Em outras palavras, é necessário
saber se ele é extrovertido, tímido, hiperativo, desatento, disléxico, etc.
Essa identificação do tipo que melhor descreve a criança é fundamental para que
o professor possa saber respeitar suas tolerâncias, suas potencialidades e dificuldades,
etc. Essa identificação é fundamental para que melhor possa criar os chamados
combinados com seus alunos, para obter uma melhor dinâmica de relacionamento na
escola, pois esses combinados devem obedecer a regras básicas do tipo:
R1: Respeito à tolerância: cada criança tem seu tempo para realização das tarefas e
esse tempo tem que ser respeitado. Para o hiperativo, esse tempo é pequeno; para o
desatento esse tempo é escasso; e assim por diante.
R2: Respeito à sua capacidade: cada criança tem uma capacidade neurocognitiva que
lhe é peculiar: ela pode ser disléxica; ter problemas com o processo de contar ou calcular;
e assim por diante.
R4: Diálogo com respeito: quando for necessário discutir o comportamento da criança
porque ela infringiu uma regra ou combinado, essa discussão deve respeitar a criança
como indivíduo e também a sua capacidade de entendimento. A discussão não deve ser
uma lição de moral de difícil compreensão e quase sempre exercida como um monólogo,
mas uma argumentação coerente e adequada que inclua o direito à contra-argumentação
por parte da criança.
R5: Recompensa adequada: cada criança tem suas motivações e interesses, por isso a
moeda de recompensa deve ser respeitar essas motivações e interesses.
R6: Punição com respeito: mesmo quando for necessário punir a criança, essa punição
deve respeitar a dignidade do aluno. Hoje, já não se admite mais a punição física;
mas deve-se, também, abolir a humilhação como forma de punição.
4.1.2.2 Afeto
É preciso saber que tipo de afeto a criança busca, para que ela se sinta
confortável para receber a afeição do professor ou funcionário. Lembre-se que um autista,
geralmente, não gosta de tato e contato. Uma criança tímida pode se sentir
desconfortável se recebe uma carinho muito efusivo na frente de outras pessoas.
É preciso, também, se conhecer para saber qual o tipo de afeição que você pode
oferecer, pois ela tem que ser expontânea e real. A simulação daquilo que você não pode
oferecer gera constrangimentos que só irão prejudicar o relacionamento.
R1: Respeito à tolerância: cada criança deseja e aceita determinados tipos de afeição,
mas pode também não tolerar certos tipos de carinho ou atenção.
R2: Respeito à necessidade: cada criança deseja e aceita certa quantidade de afeição.
R3: Evitar transferências: carinho e afeição por parte de professor e funcionário não
devem criar laço fortes, pois seguramente, no próximo ano a criança terá que se
relacionar com outros professores e funcionários.
4.1.3 Implementação
Se você respeitar (Não bater, molestar, etc.) o colega (o professor, merendeiro, etc.)
até a hora do recreio (durante o recreio, enquanto estiverem desenhando, etc.) você
poderá ajudar a professora (sair para jogar; ficar com o monitor de dança, etc.).
A tarefa Y deve ser discutida com a criança e/ou grupo respeitando as regras morais
partilhadas pela escola e pais. Essas regras servem para ensinar a criança, além das
regras sociais, também o arrependimento que deve acompanhar os atos não aceitos
socialmente.
4) Regra de incentivo
onde X está ajustado para o tempo operacional da criança. Esse acordo pode prever a
perda de Y se X não for cumprido. Além disso, o acordo deve envolver a família, de modo
a garantir que a criança agora realize suas tarefas de casa e seja recompensada pelo
professor, ao invés das punições habituais. O valor de X deve progressivamente
aumentar como conseqüência do fato de que a recompensa deve reduzir o componente
emocional e aumentar o componente cognitivo e, portanto, aumentar o tempo operacional
da criança.
A família deve, também, ser orientada para que a realização total da tarefa de
casa (X+Y) seja distribuída por períodos intercalados com outras atividades e cuja
duração respeite o tempo de cada criança.
Muitas vezes, a família não poderá cooperar com a escola nessas atividades, seja
por falta de disponibilidade de tempo ou por se constituírem de pais também hiperativos
e/ou desatentos. Nessas condições, a escola deve substituir, de comum acordo com a
família, a tarefa de casa por tarefas supervisionadas na escola, em período a ser
discutido.
A punição que é em geral utilizada com o hiperativo/impulsivo, na forma de regras
do tipo:
É muito comum que a criança disléxica ou com DDL desenvolva uma capacidade
de cópia sem compreensão. Neste caso, qualquer cópia passa a ser desaconselhada no
início, até que a reorientação de seu processo de alfabetização comece a implementar um
processo de leitura semântica, que garanta a compreensão do material copiado.
10) colocar o trabalho diferenciado com essas crianças como direito e não
privilégio: as crianças quando adequadamente orientadas, não questionarão o
trabalho diferenciado com as crianças portadoras de deficiências. Compreenderão que
não se trata de privilégios e sim de necessidades específicas dessas crianças.
5. Conclusão