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Apostila

Diêgo Lôbo
diego@essetalmeioambiente.com
E esse tal Meio Ambiente?
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Índice
1. Terra e seu clima 03
o Introdução 03
o Nossa atmosfera 03
o Clima e tempo 06
o Efeito estufa 08
o Gases de efeito estufa 11
o O ciclo do carbono 16
2. Evidências das mudanças climáticas 17
o Mudanças antrópicas 17
o Temperaturas 19
o Oceanos 22
o Neve e gelo 24
o Chuva, seca, eventos climáticos extremos 27
o Ecologia 32
3. Projeções para o futuro 34
o Uma olhada rápida 34
o Aquecimento 37
o Oceanos 39
o Ecossistemas oceânicos 41
o Ecossistemas terrestres 42
o Saúde 44
o Economia 46
4. Brasil, a Amazônia e as mudanças climáticas 48
o Emissões brasileiras de CO2 48
o Florestas tropicais e CO2 51
o Desmatamento 54
o Incêndios e tempo 56
o Outras conseqüências 58
o Sequestro de carbono e REDD 61
5. Acordos internacionais 65
o UNFCC—Convenção sobre Mudanças Climáticas 65
o Protocolo de Quioto 67
o Redução de emissões 68

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TERRA E SEU CLIMA


Introdução
"A mudança climática certamente é o maior problema social, econômico e ambiental da
humanidade. E detalhe: é para sempre! Mesmo que consigamos reduzir drasticamente as
emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas, o que está difícil de acontecer, o
estrago feito pelas emissões do passado já são suficientes para termos o clima global alterado
no futuro. Podemos, contudo, com a boa vontade das nações, manter o planeta Terra habitável e
próspero. Para isso será preciso pensar e agir diferente. A sociedade terá que rever o seu padrão
de consumo, atualmente insustentável e baseado na elevada emissão de gases estufa. A
economia precisará ter outros alicerces do que aqueles baseados no crescimento econômico, a
todo custo e insaciável, o que resulta em muitas vezes na exaustão de recursos naturais, estes
finitos.

E, finalmente, será preciso manter os ecossistemas íntegros e funcionais o suficiente para


continuarem exercendo a regulação dos processos biológicos e climáticos que mantém o
planeta vivo. Cabe a cada um de nós o trabalho para um mundo saudável e habitável. Para
podermos agir, precisamos de informações qualificadas e esse é o objetivo desse pequeno curso
online. Espero que todos vocês o aproveitem ao máximo."

Dr. Paulo Moutinho - Coordenador de Pesquisa, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Nossa atmosfera
Vozes do Brasil:

"As mudanças climáticas são os sintomas de uma catástrofe que está ameaçando a vida no
planeta. É o fato de que pelo uso da ciência e tecnologia a serviço do aumento da produção para
aumentar o consumo de uma forma indiscrimida, está fazendo com que a temperatura do
planeta se eleve em consequência, sobretudo do dioxido de carbono que sai dos carros, que sai
das queimadas e que cria o chamado efeito estufa, que está provocando ligeiros mas
catastróficos aumentos na temperatura média do planeta."

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Senador Cristovam Buarque (*PDT - DF) e Professor de Pós-graduação da UnB

Apesar de a atmosfera da Terra ter 30 quilômetros de espessura, é na verdade uma camada


muito fina. Em comparação, se a Terra fosse do tamanho de uma bola, a atmosfera seria mais
fina que uma folha de papel.

Composta de gases como nitrogênio, oxigênio e vapor d‘água, a atmosfera mantém a vida e
gera o clima da Terra. Vivemos bem nesse clima e agora o estamos modificando.

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Adaptar-se a essas mudanças será difícil e caro. Existe também a possibilidade de perdermos
várias espécies e ecossistemas que têm contribuído com a vida humana. Por isso é muito
importante que aprendamos e ajamos rapidamente, tanto individualmente quanto globalmente.

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Clima e tempo

Clima e tempo não são a mesma coisa. Tempo é a condição da atmosfera num lugar e horário
específicos. Ele consiste de temperatura, pressão do ar, umidade, nuvens, precipitações,
visibilidade e vento.

Mas medindo estes elementos em um local específico (Belém, por exemplo) por muitos anos e
calculando suas médias ao longo prazo nos dá uma imagem do clima local.

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Então, as informações do tempo lhe ajudam a decidir se precisará de um guarda-chuva esta


tarde, enquanto os dados de clima lhe informam se haverá chuva o bastante para cultivar certas
plantações.

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Entretanto, clima é mais do que apenas médias de tempo. Furacões, ondas de calor, secas,
chuvas torrenciais, e outros eventos extremos também fazem parte e afetam o clima em
particular, sua freqüência e intensidade. Até erupções vulcânicas podem afetar o clima por
meses ou anos. Todos esses aspectos do clima estão sujeitos a mudanças com o decorrer dos
anos – às vezes devagar, através de milênios – e às vezes em meses ou alguns anos.

Cientistas descobriram a maioria das causas das maiores mudanças de clima já ocorridas,
inclusive deslocamento de continentes, mudanças na órbita e inclinação terrestres, o acúmulo
de gelo e neve, impacto de asteróides e erupções vulcânicas. Eles também sabem como
variações naturais de clima, como o El Niño e La Niña afetam o clima em curto prazo. E sabem
que as mudanças relativamente recentes no clima que nós observamos não são causadas por
eles.

Então o que está causando essas mudanças? Para entender isso, precisamos primeiro entender
um dos mais importantes aspectos do clima – algo chamado de Efeito Estufa. Discutiremos isso
a seguir.

Efeito estufa
O sol emite uma forma de energia chamada de radiação, que viaja através do espaço vazio e
aquece nosso planeta e sua atmosfera.

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Luz é a evidência mais visível da forma mais abundante de radiação, mas também existem
outros tipos de radiação que não podemos ver. Grande parte dessa radiação atinge a Terra,
aquecendo o solo e oceanos.

Parte da radiação volta ao espaço ou fica redida na atmosfera, onde é absorvida por certas
moléculas gasosas. Essas moléculas então absorvem e re-emitem radiação em todas as direções,
aquecendo o planeta ainda mais.

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Temperatura média da superfície da Terra COM gases de efeito estufa: 14°C

Os chamados ―Gases de efeito estufa‖ são aqueles particularmente bons na absorção de


radiação. Tais gases são essenciais na manutenção do clima e ecossistemas terrestres. Vapor
d‘água , por exemplo, é um gás de efeito estufa, assim como muitos outros, como dióxido de
carbono (CO2), metano (CH4), óxido nítrico (N2O), e ozônio (O3).

O aquecimento adicional causado pelos gases de efeito estufa é comumente chamado de ―efeito
estufa‖, mas ―efeito cobertor‖ pode até ser mais apropriado. Apesar de apenas 1% dos gases
atmosféricos serem gases de efeito estufa, eles são poderosos retentores de calor. O efeito
estufa é então um fenômeno natural que faz o planeta ser próprio para a vida humana. Sem ele,
a superfície do planeta seria bem mais fria e muitos dos nossos ecossistemas atuais não
existiriam.

Temperatura média da superfície da Terra SEM gases de efeito estufa: -18°C

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Mas, queimando combustíveis fósseis e florestas, o homem está acumulando cobertores sobre a
Terra, aquecendo tanto o planeta e tão rapidamente que é difícil para a natureza e para as
sociedades humanas se adaptarem.

O aumento de gases de efeito estufa aumenta a temperatura da Terra.

Gases de efeito estufa


O maior responsável pelas mudanças no nosso clima é um gás que normalmente não é visível,
não tem cheiro ou gosto, o chamado dióxido de carbono. A cada ano, o ser humano tem emitido
maiores quantidades desse gás na atmosfera terrestre.

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Em tempos pré-industriais, a concentração de dióxido de carbono era de aproximadamente 280


partes por milhão de moléculas atmosféricas. Em 2008, sua concentração aumentou para 385
partes por milhão – 30% a mais. Então qual é o problema com algumas centenas de partes por
milhão?

A concentração de carbono na atmosfera não está apenas maior do que foi por pelo menos 2,1
milhões de anos, mas o seu aumento está acelerado. Por milhares de anos, essa concentração
não passou de 30 partes por milhão. Já nos últimos 17 anos, o dióxido de carbono aumentou em
30 partes por milhão.

Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 10.8, Cambridge University Press

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Esse acréscimo na concentração de dióxido de carbono na atmosfera provoca grandes efeitos–


se continuarmos assim poderemos ver a temperatura do planeta aumentar em 4,0°C até o final
do século. Por que? Temperaturas mais altas aumentam a evaporação, e esses vapores de água
adicionais também são gases de efeito estufa. Nesse caso, é um ciclo no qual os aumentos de
temperatura ocasionam mudanças no sistema climático que causam ainda mais aquecimento.

No mundo todo, a queima de combustíveis fósseis representa a maior fonte de CO2, mas CO2
também pode vir do corte de árvores, queima de florestas e matas, agricultura e fabricação de
cimento.

Climate Change 2007: Mitigation of Climate Change. Working Group III Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 1.2, Cambridge University Press.

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Combustíveis fósseis – como gás natural, carvão e petróleo – são queimados em grandes
quantidades em usinas elétricas, automóveis, aviões, outros tipos de transportes e na indústria.
A agricultura produz seu próprio grupo de emissões, como o arar do solo que libera o carbono
armazenado na terra e animais de fazenda que emitem metano. É importante notar que as
emissões por desmatamento, que cresceram rapidamente desde os anos 90, já se equiparam
àquelas dos setores residenciais e de serviços.

De acordo com dados do Instituto de Recursos Mundiais, os EUA emitiram a maior quantidade
de CO2, enquanto o Brasil ficou em quinto lugar. Ainda no topo da lista dos países mais
poluidores, Brasil, diferentemente dos países desenvolvidos, tem suas emissões decorrentes de
atividades do uso da terra. Enquanto o Brasil fica em 5º. lugar, os outros países da América do
Sul não chegam a entrar na lista dos 20 países maiores poluidores do mundo.

Dados do World Resources Institute.

Se olharmos para as emissões de CO2 por mudança no uso da terra e floresta em 2001, o Brasil
ficou com o segundo lugar mundial, depois da Indonésia. Peru, Colômbia, México, Bolívia e
Equador estavam entre os 20 primeiros, nessa categoria

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Dióxido de carbono não é o único gás de efeito estufa que liberamos no ar. Por exemplo, a
atmosfera possui atualmente 1.780 partes por bilhão de metano (CH4), que é um gás de efeito
estufa ainda mais poderoso que o CO2.

Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II, and III to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 2.3, Geneva, Switzerland.

Durante os últimos 650.000 anos, essa parte nunca tinha passado de 790 por bilhão. Metano é
produzido durante a extração e transporte de petróleo e gases, plantações de arroz, e no sistema
digestivo de gado e outros animais de fazenda.

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Também, alguns elementos químicos industriais chamados de halocarbonos – usados em


produtos de limpeza, refrigerantes e na fabricação de monitores e TV‘s de tela plana – retêm
calor muito bem e quando liberados no ar permanecem um longo tempo na atmosfera.

O ciclo do carbono
Dióxido de Carbono (ou CO2) não fica apenas no ar. Também entra e sai da atmosfera,
organismos vivos, solo, rochas e água. Por exemplo, através de longos períodos de tempo, a
degradação das rochas, que é causada por uma reação química com o dióxido de carbono do ar
e as pedras, pode adicionar carbono aos rios, que deságuam no oceano. Eventualmente, esse
carbono é depositado no fundo do mar e forma uma rocha sedimentar. O carbono pode ser
novamente liberado à atmosfera através de vulcões, quando a rocha derrete.

Em tempos remotos, quanto a Terra tinha um clima muito mais quente, grandes pântanos
absorveram plantas antes delas se decomporem e, quando esses materiais foram expostos à
pressão e calor, viraram carvão. De formas parecidas, microorganismos enterrados no fundo de
lagos e mares em toda a história do planeta se transformaram em petróleo. Esses processos
aprisionaram grandes quantidades de carbono em forma de carvão, gás e petróleo. Queimando
estes combustíveis nos últimos 150 anos, liberamos repentinamente carbono que levou centenas
de milhares de anos para se formar.

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As plantas representam uma parte importante no ciclo do carbono. Elas absorvem o carbono no
ar para fazer madeira, galhos e folhas. Animais, incluindo o homem, absorvem carbono quando
comem plantas, e depois liberam o CO2 de volta à atmosfera na troca de gases que ocorre na
respiração. Plantas também liberam CO2 de volta ao ar quando folhas caem ou quando a planta
morre. Incêndios florestais liberam grandes quantidades de CO2 quando a madeira queima.

Florestas tropicais representam uma importante reserva de carbono porque elas armazenam
bilhões de toneladas de carbono anualmente em suas árvores (nos troncos, folhas e raízes) e
também no solo.

Ameaças às florestas tropicais tais como secas, doenças, fogo ou derrubadas liberam dióxido de
carbono na atmosfera e diminuem a capacidade de absorção e armazenamento. O
desmatamento tropical atualmente responde por 15-20% de todas as emissões de CO2 causadas
pelo homem, e milhões de hectares de floresta tropical são destruídos a cada ano. Nesse
caminho, estamos rapidamente perdendo esse recurso que pode contribuir de maneira
significativa no combate às mudanças climáticas.

EVIDÊNCIAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Mudanças Antrópicas
Vozes do Brasil:

"A floresta tem que ser reconhecida pela política, que ela tem papel importante em
contribuir em manter equilíbrio. Não só equilibrio de clima, mas também que ele pode apoiar e
criar o novo modelo de gestão do planeta."

Almir Surui, Liderança Indígena do Grupo Suruí

Mas o aquecimento não poderia ser um fenômeno natural? – talvez provocado por uma
mudança na atividade solar?

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Cientistas têm procurado por explicações com base nas causas naturais de mudanças climáticas
no passado da Terra mas nenhuma delas explica o que estamos vendo hoje.

Reconstrução das temperaturas do hemisfério norte.

Cientistas também estudaram quais têm sido as variações normais de temperatura nos últimos
milhares de anos e, de fato, as temperaturas que estamos vendo agora estão fora do ―normal‖
em relação às estudadas.

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Modelo da temperatura de CO2 estima com (azul) e sem (rosa) influências climáticas antropogênicas
comparadas com observações (linha preta).

Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II, and III to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 2.5, Geneva, Switzerland.

Estudos e modelos feitos no computador ajudam a confirmar as causas como sendo humanas.
Cientistas usam os modelos para simular as condições climáticas nos últimos 100 anos.
Colocando e tirando os maiores fatores que mudam o clima, pode-se ver como cada fator afeta
a temperatura global. Assim, é possível comparar as estimativas do modelo com os dados de
temperatura observados através dos anos.

Quando apenas fatores naturais são colocados nos modelos, os resultados indicam que aspectos
como condições solares e vulcânicas provavelmente teriam esfriado a Terra nos últimos 50
anos.

Mas quando cientistas adicionam os gases de efeito estufa e partículas de atividades humanas,
os resultados dos modelos correspondem bem ao aquecimento que temos visto no último
século.

Temperaturas
A Terra está ficando mais quente segundo todos os meios que temos de medir essa mudança. A
temperatura tem estado bem acima do normal por mais de 25 anos.

Apesar de aumentos de 0,6-0,9°C durante o século passado não soarem ameaçadores, lembre-se
que essa é a média global, então alguns lugares aqueceram mais. Pense em quando você teve
febre. Mesmo 1°C a mais fez uma grande diferença em como você se sentia. Do mesmo jeito,
nosso planeta está se tornando febril.

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Média anual global de temperaturas observadas (1979-2005). Todo o Brasil tem vivenciado aquecimento tanto na
superfície quanto na troposfera.

Nas Américas do Sul e Central, estudos revelam padrões de mudanças em situações extremas
consistentes com o aquecimento geral, em particular, mais noites quentes e menos noites frias.
Nas décadas passadas, as temperaturas tiveram um aumento maior nas latitudes ao norte, mas
também tiveram aumento no hemisfério sul. As temperaturas médias subiram 0,5°C no Brasil e
aproximadamente 1°C na América Central e na América do Sul.

Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. FAQ 3.1, Figure 1, Cambridge University Press

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A Amazônia por si só aqueceu aproximadamente 0,25°C por década, um índice relativamente


rápido comparado às mudanças climáticas anteriores. Quando nosso planeta saiu de sua última
era glacial, aproximadamente em 9.700 AC, a Amazônia aqueceu muito mais devagar - apenas
0,1°C por século.

Parte do motivo de 1997 ter sido um ano tão quente foi a intensidade do El Niño naquele ano,
portanto uma das causas das altas temperaturas foi natural, além do aquecimento devido aos
gases de efeito estufa. El Niños são mudanças periódicas nos ventos e correntes oceânicas no
oceano Pacífico tropical que têm consequências importantes para o tempo ao redor da Terra.

A seca devastadora na Amazônia em 2005 também foi resultado do El Niño? Apesar das
temperaturas daquele ano também terem sido altas, cientistas chegaram à conclusão de que as
secas na Amazônia foram devidas as temperaturas excepcionalmente altas no Atlântico norte
tropical, e não ao El Niño.

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Oceanos
Barcos e bóias que pontuam o globo nos mostram que os oceanos também estão aquecendo. Os
primeiros 300 metros de profundidade aqueceram 0,3°C nos últimos 50 anos. Águas profundas
também aqueceram. Um estudo da Administração Nacional de Oceano e Atmosfera dos
Estados Unidos que observou o período de 1948 a 1998 descobriu que todos os oceanos tinham
aquecimento pelo menos nos primeiros 1.000 metros de profundidade.

E assim como o ar e os oceanos aqueceram, o nível dos mares subiu. A média global do nível
dos mares desde 1993 subiu aproximadamente 3,3 milímetros por ano. No total, o IPCC estima
que os oceanos subiram entre 10-25 centímetros no século 20, em decorrência do derretimento
de gelo e neve.

Nos últimos 10-20 anos, o nível dos mares no sudeste da América do Sul subiu de 1 mm/ano
para 2-3 mm/ano, e vários portos do Brasil registraram aumentos de 4 mm/ano. É esperado que
esse inchaço dos mares continue, o que sem dúvida irá ameaçar comunidades costeiras.

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A composição química da água do mar está mudando também, conforme o mar absorve mais
CO2 do ar. Isso dificulta a formação de conchas, corais e plâncton. Se populações desses
organismos diminuem, o peixe que as comem e as milhares de pessoas que sobrevivem de
pesca sofrem também.

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Neve e Gelo
Neve e gelo refletem a energia do sol de volta ao espaço. Sem essa cobertura branca, mais água
evapora e vai para a atmosfera, funcionando como um gás de efeito estufa, e o solo absorve
mais calor. Neve e gelo estão derretendo numa velocidade nunca vista em milhares de anos, e
isso tem consequências profundas no clima. Assim como a temperatura do ar, a maior parte do
derretimento de neve em aproximadamente 100 anos de registro oficial aconteceu depois de
1980.

Na América do Sul, geleiras estão derretendo rapidamente, ameaçando os recursos hídricos e


elétricos de sul americanos na Bolívia, Peru, Colômbia, Chile e Equador. O derretimento
atingiu ―condições críticas‖ nesses países, de acordo com o IPCC, o corpo científico
intergovernamental das Nações Unidas, estabelecido para estudar mudanças climáticas, Peru
teve uma redução de 22% em área de geleira, enquanto a Colômbia teve uma redução de 82%.

Entre 1940 e 2005, a geleira Chacaltaya na Bolívia foi de 0,22 quilômetros quadrados para
menos de 0,01 quilômetros quadrados, destruindo a indústria de esqui do país. Um problema
ainda maior é que essa geleira fornece parte da água para proximidades de La Paz,
principalmente durante a temporada de seca, no inverno. Nessas imagens, as linhas indicam a
posição de um antigo elevador de esqui.

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Climate Change 2007: Impacts, Adaption, and Vulnerability. Working Group II Contribution to
the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental. Panel on Climate Change. Figure 1.1,
Cambridge University Press.

O gelo marítimo também está se desfazendo, especialmente no hemisfério norte. Satélites


demonstram que a média de gelo do oceano ártico diminuiu em 2,7% por década de 1978 a
2006, com um maior derretimento no verão.

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No verão de 2007, os Canais da Passagem Noroeste, ao norte do Canadá, se tornaram


navegáveis pela primeira vez, enquanto a calota polar derreteu ao seu nível mais baixo
registrado—30 anos mais rápido do que os cientistas do IPCC haviam previsto. O derretimento
em 2008 foi menor apenas em relação a 2007.

No hemisfério sul, gelo marítimo próximo a península atlântica também diminuiu


significantemente devido ao aquecimento da área em 3˚C nos últimos 50 anos.

Entretanto, o gelo marítimo na Antártica, como um todo, cresceu em 0,97%, ou


aproximadamente 100.000 km2 por década desde o final dos anos 70. Estudos recentes indicam
que esse aumento pode ter sido causado por nevascas sobre o gelo marítimo Antártico.

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Cientistas acham que isso pode ser relacionado ao aquecimento global, que ocasiona mais
evaporação, fornecendo mais umidade atmosférica para precipitação sobre oceanos do sul. Isso
também pode ser relacionado a mais ventos e tempestades induzidos pelo buraco de ozônio
sobre a Antártica, e cientistas afirmam que enquanto o buraco diminui e os gases de efeito
estufa aumentam, o gelo marítimo Antártico vai, eventualmente, derreter mais rápido do que se
forma.

Chuva, seca, eventos climáticos extremos


Uma atmosfera em aquecimento também muda o caminho das tempestades, modificando a
incidência de chuva, seca e outros padrões de tempo. Por exemplo, um estudo de 2004
realizado pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas, nos Estados Unidos, descobriu que
a porcentagem do planeta sofrendo com secas severas havia mais que dobrado desde os anos
70.

Gráfico demonstrando o índice Palmer de severidade de seca, 1900-2002.

From Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. FAQ 3.2, Figure 1, Cambridge University Press.

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Enquanto observações são limitadas a grande parte da América Central e da América do Sul, os
dados indicam que precipitações têm aumentado na parte sul do continente (com exceção da
costa oeste).

Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental. Panel on Climate Change. Figure 3.13, Cambridge University Press.

Entretanto, condições mais secas têm ocorrido no leste do Brasil e partes da Colômbia, Equador
e Venezuela. Durante o século, a Amazônia sofreu uma pequena diminuição de chuvas,
principalmente ao norte. Isso é uma má notícia para a saúde das florestas.

Normalmente não é possível atribuir a culpa a um único evento climático. Mudanças climáticas
são mais facilmente detectadas através de longos períodos, usando muitas informações.
Entretanto, podemos dizer que o tempo hoje está acontecendo em decorrência de um mundo em
aquecimento e o aumento de secas é consistente com o que deve ser esperado disso.

Pesquisadores descobriram que a seca de 2005 estressou a floresta amazônica, matou árvores e
liberou muito carbono na atmosfera como resultado. Em períodos normais, a Amazônia absorve
aproximadamente 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, mas em 2005, a floresta
perdeu mais de 3 bilhões de toneladas, liberando 5 bilhões de toneladas extras de carbono na
atmosfera - mais do que a União Européia emite anualmente juntando todas as fontes.

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Um experimento na floresta nacional de Tapajós, no Pará, confirmou esses resultados. Lá,


cientistas cobriram uma parte da floresta com painéis de plástico por 3 anos para simular uma
situação de seca extrema e avaliar a resposta da floresta às mudanças climáticas e descobriram
que o solo até 11 metros de profundidade secou. Isso também matou muitas árvores de grande
porte, expondo o centro da floresta a mais calor e seca, e diminuindo a produção de madeira em
uma tonelada por hectare / ano. Esses verdadeiros buracos na floresta incentivam o crescimento
de plantas que preferem mais luz.

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Junto com a seca, isso aumenta o risco de queimadas, que liberam carbono na atmosfera, abrem
mais ainda a floresta reduzindo a incidência de chuvas nas proximidades.

Em alguns lugares, a floresta vira savana com plantas que absorvem menos carbono e são mais
vulneráveis ao fogo. Se tais condições se tornarem mais frequentes devido a mudanças
climáticas na bacia amazônica, árvores de florestas tropicais irão produzir menos madeira a
partir no dióxido de carbono, piorando muito o aquecimento global.

Paradoxalmente, mais vapor de água na atmosfera aquecida também leva a chuvas mais
pesadas e mais neve. Particularmente, a incidência de chuvas pesadas está aumentando em
zonas temperadas.

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A incidência de chuvas pesadas aumentou significantemente no leste da América do Sul entre


1900 e 2005, principalmente no sul do Brasil, no Paraguai, Uruguai, Pampas argentinos, e
partes da Bolívia. Esses aumentos prejudicam plantações e causam inundações. Por exemplo,
houve um aumento de 10% na frequência de inundações do Rio Amazonas na região de Óbidos
e aumentos de até 50% em fluxo de corrente nos rios Uruguai, Paraná, e Paraguai. Cientistas
também têm registrado mais mortes e doenças em decorrência das inundações, deslizamento de
terra e tempestades na Bolívia.

From Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 3.39, Cambridge University Press.

Além disso, a América do Sul tem visto atividades meteorológicas altamente incomuns em
anos recentes — secas na Amazônia, tempestades de granizo na Bolívia e na Argentina, e o
furacão sem precedentes, como o Catarina, no Atlântico sul em 2004. Houve também mais
incêndios florestais e El Ninos mais duradores. Cientistas calculam que desastres relacionados
ao clima dobraram nas últimas décadas.

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Ecologia

Aumento de calor também afeta os seres vivos. A distribuição geográfica e época de


reprodução e migração, desabrochar das flores a colheita de frutos estão mudando em vários
animais e plantas ao redor do mundo. No hemisfério norte, plantas e animais estão tendo fases
de crescimento mais longas. Os japoneses, por exemplo, mantém um registro muito detalhado
do desabrochar das flores das cerejeiras de Tóquio, e notam que as flores estão desabrochando,
em média, 5 dias antes do que há 50 anos.

Em áreas da América do Sul onde há maior incidência de chuvas, colheitas de soja cresceram
em 38%, as de milho 18%, trigo 13% e girassóis 12%.

Enquanto a Produtividade de pasto cresceu em 7% na Argentina. De outro lado, doenças de


plantas também aumentaram e produção de gado diminuiu.

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Por exemplo, pesquisadores descobriram que um fungo que afeta o crescimento de trigo no
Brasil aumenta durante os El Niños, quando a incidência de chuvas é maior e o ar tem mais
vapor.

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PROJEÇÕES PARA O FUTURO


Uma olhada rápida
Vozes do Brasil:

"Sem as populações, sem os povos da floresta, sem as populações tradicionais, sem os


quilombolas, sem os ribeirinhos, sem os Pescadores, sem as quebradeiras de coco, sem os
povos indígenas, não existirá floresta. As florestas só existem porque estas populações as
protegeram. Onde não tinha população, as florestas foram embora. Nossas populações precisam
da floresta para seu transporte, para sua moradia, para sua saúde, e até para musica. A floresta é
muito para nós. Nos não conseguiríamos viver sem floresta."

Rubens Gomes, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)

Então o que os cientistas acreditam que acontecerá no futuro? Espera-se que as médias globais
de temperatura aumentem em aproximadamente 1-7°C até o final do século. Na América do
Sul, a Amazônia provavelmente sofrerá o maior aquecimento.

Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 10.8, Cambridge University Press

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Como resultado desse aquecimento e baixa umidade, geleiras intertropicais provavelmente


desaparecerão nos próximos 15 anos. Isso afetará severamente os recursos hídricos da região.

Um planeta mais quente aumentará a evaporação e mudará a circulação da umidade


atmosférica, portanto muitas áreas secas ficarão mais secas e áreas úmidas ficarão mais úmidas.
O nordeste do Brasil, por exemplo, provavelmente secará e sofrerá uma mudança de semi-árido
para árido ou desértico. Como resultado, é prevista uma diminuição da reposição dos lençóis
freáticos em mais de 70%.

Projeções de mudanças relativas de escoamento superficial até o final do século 21.

Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II, and III to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 3.5, Geneva, Switzerland.

O aumento da temperatura em 2°C e a diminuição da água do solo levaria à substituição de


florestas tropicais por savanas no leste da Amazônia e em partes do México, de acordo com o
IPCC, o corpo científico intergovernamental das Nações Unidas estabelecido para estudar
mudanças climáticas.

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O nível dos oceanos continuará subindo no próximo século. As estimativas do IPCC vão de
alguns centímetros a aproximadamente meio metro até 2100. Em áreas planas e de baixa
altitude, isso poderia inundar terras relativamente longe das costas atuais.

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Entretanto, as projeções do IPCC a respeito do aumento do nível do mar são apenas


estimativas. A perda completa de tanto a camada de gelo da Antártica leste quanto da
Groelândia poderia eventualmente elevar o nível do mar em até 6 metros.

Para ver quais são as projeções dos cientistas em consequência das mudanças climáticas em
partes específicas da América do Sul, clique nos círculos coloridos nesse mapa. Exploraremos
muitos desses tópicos em detalhes, na próxima sessão.

Climate Change 2007: Impacts, Adaption, and Vulnerability. Working Group II Contribution to the Fourth
Assessment Report of the Intergovernmental. Panel on Climate Change. Figure 13.5, Cambridge University Press.

Aquecimento
Então, se essas previsões estiverem certas, que mudanças provavelmente ocorrerão na América
do Sul? Sempre existiu uma variação natural do clima, com alguns lugares e alguns anos mais
quentes ou mais frios que as médias. Em geral, entretanto, verões ficarão mais quentes, não só
com temperaturas mais altas, mas também porque a umidade do ar será maior. Uma tendência
mais quente somada à variação natural significa que as temperaturas alcançarão os atuais
recordes alarmantes com mais frequência.

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Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Figure 10.19 (b), Cambridge University Press.

Por exemplo, a onda de calor européia de 2003, que matou 35.000 pessoas, foi uma
combinação de aquecimento global e variação extrema de temperatura e não teria acontecido
sem um dos dois fatores. Modelos prevêem que, em muitos lugares, eventos extremos de calor
que vemos uma vez a cada 20 anos, acontecerão a cada 3 anos até o meio desse século, com
frequência ainda maior no final do século XXI.

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Oceanos
Assim como o nível dos mares aumenta, erosões costeiras acontecem numa velocidade 100
vezes maior do que o índice de aumento do nível do mar, então alguns centímetros de aumento
do nível do mar podem afetar severamente as costas.

Considerando que quase metade da população mundial vive em áreas costeiras de baixa
altitude, o crescimento contínuo da população costeira aumenta sua vulnerabilidade ao aumento
do nível do mar, tempestades e inundações. Pessoas que vivem em pequenas ilhas com altitude
próxima ao nível do mar são particularmente vulneráveis, tendo em vista que suas reservas de
água, casas, recifes de corais, áreas de pesca e plantações estão ameaçadas.

Se ambas as camadas de gelo da Antártica e Groelândia derretessem completamente, o nível do


mar poderia subir em até 80 metros, o que inundaria a área da América do Sul vista aqui.

Linha costeira da América do Sul se o mar subir 80 metros.

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Se, por outro lado, o nível do mar subisse apenas 6 metros, essa é a inundação que
eventualmente aconteceria. À medida que o nível do mar sobe, quase todas as linhas costeiras
parecem suscetíveis a frequentes inundações, particularmente as cidades que não são ricas o
suficiente para construir diques ou se adaptar de outras formas. A invasão da água salgada pode
danificar fontes de água doce que fornecem água potável. Na América Latina, El Salvador,
Guiana e a província de Buenos Aires estariam em maior risco de inundação e conseqüente
erosão, enquanto a água potável do Equador, Costa Rica e do estuário do Rio da Prata estariam
em risco de serem contaminados com água salgada.

Mudanças costeiras também atrapalhariam o acesso à áreas de pesca e colocariam em risco a


vegetação costeira, manguezais, peixes e outras espécies do litoral.

Por causa da combinação de crescimento populacional, diminuição de gelo, precipitação e


invasão de água salgada, o IPCC prevê que de 7 a 77 milhões de pessoas na América Latina
sofrerão com reservas impróprias de água até a década de 2020, aumentando de 60 para 150
milhões até a segunda metade do século.

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Ecossistemas oceânicos
À medida que os oceanos absorvem mais dióxido de carbono, a química da água do mar muda.
Isso significa que muitos daqueles no fundo da cadeia alimentar oceânica terão dificuldade em
formar suas conchas. Quase todas as criaturas marinhas, de plânctons a baleias seriam direta ou
indiretamente afetadas. Se a cadeia alimentar oceânica se desestruturar, muitas pessoas no
mundo, que dependem da pesca para se alimentar, passarão fome e frutos do mar se tornarão
uma especiaria a qual só os ricos terão acesso.

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Águas oceânicas mais quentes podem também causar um ―branqueamento‖ nos recifes de
corais, quando os corais perdem as algas que os nutrem e morrem. De acordo com o Quarto
Relatório de Avaliação do IPCC, isso is provável que aconteça se a superfície do mar esquentar
de 1 a 3 graus no próximo século, o que já é esperado. Os corais também terão mais dificuldade
em formar seus esqueletos numa química oceânica com mais dióxido de carbono, e sofrerão
mais quebras, caso as tempestades tropicais se intensifiquem como é previsto por cientistas.

Ecossistemas terrestres
Plantas e animais também correm perigo. De acordo com o Quarto Relatório de Avaliação do
IPCC, de 2007, muitos ecossistemas terrestres ao redor do mundo provavelmente diminuirão e
suas habilidades naturais de adaptação às mudanças climáticas serão forçadas ao extremo. Isso
provavelmente colocará 20-30% das plantas e animais em sério risco de extinção nesse século.
O IPCC também acredita que a extinção de espécies significantes poderá acontecer na América
Latina.

Por exemplo, muitas espécies de árvores do cerrado brasileiro podem ser extintas até 2050 se
houver um aquecimento de 2°C. Um estudo realizado em 2004, pela Universidade de Leeds, na
Inglaterra, indica que 43% de 69 espécies de árvores na Amazônia podem ser extintas até o
final do século.

Florestas tropicais de altitude seriam ameaçadas por um aumento de 1-2°C na temperatura nos
próximos 50 anos, pelo aumento da nebulosidade. Algumas plantas se tornariam extintas
localmente, pois suas montanhas não são mais altas o suficiente para dar suporte ao habitat que
precisam.

Na floresta de altitude de Monteverde, na Costa Rica, plantas e animais já estão sofrendo.


Menos dias úmidos resultarão no decréscimo das populações de anfíbios e provavelmente de
aves e répteis também.

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Aves migratórias também passarão por uma perda de habitat e diminuição de populações. Em
2005, um estudo sobre 300 espécies de aves migratórias descobriu que 84% delas estão
ameaçadas pelas mudanças climáticas, principalmente devido a pouca água ou secas, que
diminuem as áreas de reprodução e lugares de descanso ao longo de rotas migratórias.

Incêndios florestais também devem se tornar mais frequentes na maior parte da América do
Sul; estudos projetam um aumento de 60% de fogos com um aumento de pelo menos 3°C na
temperatura, o que traz uma enorme ameaça a organismos vivos.

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Saúde
Na área da saúde as notícias também não são boas: as pessoas já estão sofrendo por causas
relacionadas ao clima e muitas morrerão ou adoecerão conforme o planeta esquenta.

Taxas de mortalidades aumentam uma média de 6% durante ondas de calor, portanto mortes
induzidas pelo calor ter um acréscimo conforme as temperaturas aumentam e as ondas de calor
se tornam mais longas e intensas. Idosos, crianças e pessoas já fragilizadas por alguma doença
tendem a ser as mais vulneráveis.

Conforme as temperaturas aumentam, mosquitos, roedores e outros transmissores de doenças


aumentam seu alcance e adoecem mais pessoas, principalmente em países em
desenvolvimento. Na América do Sul, a malária, dengue e doenças relacionadas à água são
ainda mais preocupantes. O clima em mudança e florestas destruídas podem resultar em novas
doenças afetando a população humana.

Na Bolívia, um estudo prevê um aumento na transmissão de malária e leishmaniose, o que


coloca em maior risco as populações locais. Estudos também prevêem um aumento na

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incidência de dengue no Brasil, México, Peru e Equador. Por outro lado, algumas áreas da
América Central e ao redor da Amazônia devem ter menos casos de malária, devido à redução
das chuvas.

A poluição do ar deve também piorar, tendo em vista que temperaturas mais altas e maior
umidade contribuem para acréscimo do ozônio e fazem com que partículas de poluição se
formem e durem mais. A poluição, por sua vez, causa mais doenças como asma e mortes por
doenças de coração e pulmões.

Além disso, já que as mudanças climáticas aumentam a incidência de incêndios florestais, a


fumaça resultante deles pode causar ainda mais problemas respiratórios.

Economia

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As pessoas não verão apenas os efeitos das mudanças climáticas, mas também sentirão os
impactos no bolso. Por quê?

Mais secas, temperaturas mais altas e eventos climáticos mais extremos necessitarão de
mudanças no estilo de vida que vão desde quais plantas cultivar até como aproveitar as férias
com a família. As mudanças climáticas aumentam o número de condições para as quais nós
devemos nos preparar, e essa preparação tem um preço.

Por exemplo, 50% das terras usadas para agricultura na América Latina provavelmente serão
afetadas por desertificação ou salinização até a década de 2050. Criadores de gado e

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beneficiadores do leite e seus derivados também verão uma menor produtividade com o
aumento da temperatura. Com mais calor, inundações, secas e diminuição de recursos hídricos ,
fazendeiros enfrentarão novas dificuldades o que pode resultar na redução e até falência de
algumas produções.

Se não agirmos pra lidar com esta questão, estima-se que teremos um custo no futuro que
corresponderá a algo em torno de 5% e 20% do produto interno bruto (PIB) global a cada ano
futuro. Por outro lado, custos relacionados a esforços para a redução das emissões de gases de
efeito estufa devem ficar em torno de 1% do PIB global, por ano. É imprescindível, porém, que
investimentos num futuro mais sustentável aconteçam nos próximos 10 ou 20 anos para que a
humanidade não sofra ainda mais as conseqüências de ordem econômica, social e ecológica
causadas pelo aquecimento global.

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BRASIL, A AMAZÔNIA E AS MUDANÇAS


CLIMÁTICAS

Emissões brasileiras de CO2


Vozes do Brasil:

"O REDD não pode ser um mecanismo de remuneração de estoque de carbono em floresta
para sempre, ele precisa ser um mecanismo, como se fosse a chave que dá a partida no carro, de
forma que você crie um incentivo, mostrando para a sociedade que ela tem lógica de gerar
renda, condições de gerar crescimento econômico numa outra lógica, ao mesmo tempo em que
você vai mudando essa lógica de desenvolvimento e crescimento econômico. Portanto a gente
precisa muito investimento e intensificação de agricultura, muito investimento em pecuária e
muito investimento no uso sustentável dos recursos florestais. Enquanto você vai recebendo por
ter tomado a decisão de não mais derrubar floresta."

Paulo Moutinho, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Existe algo incomum sobre a origem das emissões brasileiras de dióxido de carbono. Elas são
muito diferentes das emissões dos Estados Unidos, Europa, China, Índia e a maior parte do
mundo. Por um lado, isso acontece porque o Brasil está anos a frente desses países. Por outro
lado, é porque o Brasil tem mais trabalho a fazer.

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Brasil está à frente graças à matriz energética limpa e a preparação. A crise do petróleo durante
a década de 1970 fez com que o governo Brasileiro criasse o maior programa do mundo de
geração de energia a partir da cana de açúcar. Assim, o etanol recebeu as a atenção como
bicombustível de extrema utilidade. Mas o Brasil fez muito mais. Também iniciou programas
de eficiência energética e incentivou a geração de energia a partir de hidrelétricas e usinas
eólicas.

No total, a energia renovável geral mais de 45% da energia do Brasil – uma quantidade
incrivelmente grande em relação a padrões mundiais.

Em contraste, nos EUA, 93% das emissões de gases de efeito estufa no ano 2000 vieram da
geração de energia por queima de combustíveis fósseis, enquanto na União Européia foram
82%. No Brasil, apenas 14% das emissões de gases de efeito estufa vêm da geração de energia
e apenas 5.4% vêm de carros, caminhões, ônibus e aviões, comparados a 26% nos Estados
Unidos. Esse é um dos benefícios dos programas brasileiros de energia renovável.

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Mas olhando para outro setor – o de mudança no uso da terra e desmatamento, o Canadá, que
fornece madeira e papel para a maior parte da América do Norte, foi responsável por menos de
1% do total de emissões globais por desmatamento e mudança do uso da terra em 2000. Os
EUA, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no mundo, armazenou mais carbono
nas florestas, árvores urbanas em outras práticas do uso da terra do que qualquer outro país,
compensando, no ano 2000, 6.3% das emissões do mundo. O Brasil, por outro lado, está muito
atrasado em relação a outros países no controle de emissões por desmatamento.

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Quando se observa os países com as maiores emissões de gases de efeito estufa por corte,
queimadas e conversão de florestas em pastos ou plantações, somente a Indonésia supera o
Brasil.

No total, desmatamento, mudança no uso da terra e agricultura são responsáveis por mais de
3/4 das emissões brasileiras de gases de efeito estufa.

Florestas tropicais e CO2


Juntas, as florestas tropicais do mundo absorvem aproximadamente 1,8 bilhões de toneladas
métricas de carbono por ano, armazenando aproximadamente 1/4 das emissões mundiais de
gases de efeito estufa em suas madeiras e solos.

Mapa das florestas tropicais no mundo (verde escuro)

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Cientistas estimam que a quantidade de carbono retida nas árvores da Amazônia equivalem a 9-
14 anos das emissões atuais de carbono globais induzidas pelo homem anualmente. Árvores
absorvem o carbono do ar na forma de gás carbônico através do processo de fotossíntese, ou
seja, usando a energia do sol. O carbon absorvido vai sendo incorporado pelas árvores nas suas
folhas, galhos, troncos e raízes. Parte desse carbono também vai para o solo. Quando uma
árvore morre e se decompõe naturalmente, fungos e bactérias agem na madeira podre e a
quebram lentamente para se alimentarem, liberando dióxido de carbono. A maior parte da
madeira, galhos e folhas numa floresta derrubada irão se decompor em 10 anos. Se houver o
reflorestamento da área, essas árvores levarão mais de 100 anos pra incorporar uma quantidade
de carbono similar a que tinham.

A quantidade de carbono armazenada na Amazônia é enorme. Por unidade de área, as florestas


retêm de 20 a 50 vezes mais carbono em sua madeira, folhas e solo do que áreas de clareira. E
árvores nos trópicos armazenam aproximadamente 50% mais carbono por hectare do que as
florestas do norte. Isso significa que cortar árvores tropicais libera muito mais carbono do que
cortar árvores em qualquer outro lugar.

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Mas sob algumas condições naturais – principalmente secas ou altas temperaturas, florestas
tropicais podem se tornar emissores de carbono. Um estudo com árvores em mais de cem
pontos diferentes da Amazônia durante a seca de 2005, descobriu que nesse período muitas
árvores tiveram crescimento mais lento ou morreram. Consequentemente, no ano de 2005 a
Amazônia se tornou uma fonte de CO2, ao invés de absorvê-lo.

Estudos sugerem que condições climáticas que promovem secas na Amazônia, como o El Niño,
por exemplo, podem ocorrer com maior frequência no futuro. Isso torna a conservação da
floresta agora ainda mais crucial para a saúde do planeta, já que pode levar anos para que o
homem reduza significantemente sua dependência de combustíveis fósseis.

Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Working Group I Contribution to the Fourth Assessment
Report of the Intergovernmental. Panel on Climate Change. Figure 10.18 (d), Cambridge University Press.

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Queimadas naturais também liberam muitos gases de efeito estufa, principalmente em anos de
El Niño, mais propícios a secas. No El Niño de 1997-1998, incêndios liberaram 2,1 bilhões de
toneladas de carbono – aproximadamente 1/4 das emissões globais causadas pelo homem em
um ano. Com as mudanças climáticas associadas aos eventos de El Niño, há diminuição do
volume de chuvas e, consequentemente, maior é a probabilidade de ocorrência de incêndios
florestais. Uma vez que a floresta pega fogo, aumenta sua vulnerabilidade a incidência de
novos incêndios. O fogo também podem ficar fora de controle e queimar cercas, pastos ou
plantações. Estudos estimam estimam que fogos na Amazônia custam uma média de 0,2% do
Produto Interno Bruto da região anualmente, mas o número real pode chegar a 10%.

Desmatamento
No Brasil, quase 20% de floresta tropical – uma área do tamanho da França – foi derrubada e
convertida para outros usos nos últimos 30 anos. As margens sul e leste da floresta sofreram
mais devido a expansão de pastos de plantações de soja na área.

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Algumas vezes a floresta não é diretamente derrubada, mas degradada por falta de técnica na
extração madeireira. Aproximadamente 1/3 da Amazônia já foi degradada dessa maneira, o que
responde por aproximadamente 25% das emissões por desmatamento na Amazônia brasileira.
O efeito conjunto do desmatamento, degradação e corte e queima para agricultura aumenta em
muito o risco de fogo em milhões de hectares de floresta virgem.

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A floresta degradada libera carbono lentamente conforme os materiais orgânicos se


decompõem, enquanto o fogo destrói tudo de uma vez. Em ambos os casos, a floresta ao redor
pode ser enfraquecida por mais incidência de luz, calor e seca.

Outros fatores ainda impulsionam a liberação de carbono depois da derrubada da floresta.


Aproximadamente 25-30% do carbono no solo recém desmatado e cultivado retorna ao ar
quando matérias das árvores mortas e micróbios do solo são expostos ao ar. A exposição ao ar
permite que esses materiais se decomponham mais rapidamente. O pastejo e cultivo do solo
recém desmatado levam a liberação de gases de efeito estufa. O uso de fertilizantes ricos em
nitrogênio faz com que o solo libere óxido nítrico, outro gás de efeito estufa. Animais de
criação, adubo, e plantações de arroz liberam metano que, como vimos, é um gás de efeito
estufa 21 vezes mais poderoso que o CO2.

Incêndios e tempo
O desmatamento pode também afetar o clima de formas não relacionadas a liberação de gases
de efeito estufa. As florestas liberam a água que absorvem do solo através de suas folhas, o que
faz com que atuem como gigantes umidificadores do nosso planeta. Essa liberação de vapor
d'água também move o calor da superfície para a atmosfera, onde a água condensa. Esse efeito
diminui as temperaturas da superfície. Derrubar florestas é como tirar da tomada esse ar-
condicionado, o que não só esquenta o clima como também diminui o vapor de'água que
poderia virar chuva.

Imagem de satélite do rio Amazonas, no Brasil.Nuvens se formam sobre a densa copa das
árvores, mas são esparsas sobre as áreas mais secas ao longo do rio.

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Como resultado, a derrubada de mais de 30% da floresta seria responsável por uma Amazônia
permanentemente mais seca, provocando um ciclo que converte mais e mais floresta em
savana. Conforme mais árvores morrem, todo o resto seca mais rápido, o que mata mais árvores
e assim por diante.

Um estudo recente da Universidade Federal de Viçosa, Brasil, sugere que se apenas mais 3%
da floresta na região do Mato Grosso fosse derrubada, a área poderia se tornar uma permanente
savana.

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Essas mudanças também afetam futuros padrões climáticos. Alguns estudos indicam que o
desmatamento em larga escala na Amazônia pode aumentar a temperatura global e reduzir
significantemente a incidência de chuvas em lugares tão distantes como o México e os EUA.

Outras consequências
Em 2004, pelo menos 13 pessoas no estado do Pará morreram de raiva transmitida pela
mordida do morcego vampiro enquanto dormiam. Em 2005, 23 pessoas morreram e mais de
1.300 foram mordidas no Maranhão. Apesar de essas mortes não parecerem ligadas às
mudanças climáticas, elas podem ser. E o desmatamento é uma das possíveis causas.

Na época, alguns cientistas atribuíram as mortes aos morcegos deslocados de seus lares,
florestas que foram derrubadas, e às colônias de morcegos super populosas por estarem se
alimentando de gado mantido pelo homem.

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Outro estudo na Amazônia peruano descobriu que mosquitos transmissões de malária picam
100 vezes mais em áreas desmatadas do que em florestas intactas. Mas raiva e malária são os
únicos efeitos do desmatamento na saúde.

Fumaças de florestas em chamas causam doenças respiratórias nas pessoas próximas ao local
da queimada. Em 1997, as visitas ao médico por problemas respiratórios aumentaram 20 vezes
durante os incêndios de Alta Floresta. Apenas em 1998, o governo brasileiro gastou US$11
milhões com o tratamento de problemas respiratórios na Amazônia.

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Se, como os atuais estudos científicos sugerem, secas se tornarem mais comuns na Amazônia,
comunidades tradicionais e rurais e povos indígenas podem ter de lidar com a escassez e a
insalubridade de água, a falta de alimentos e outras dificuldades ligadas às mudanças
climáticas.

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Sequestro de carbono e REDD


Já deve estar claro que conservar florestas é um jeito rápido de lutar contra mudanças
climáticas e proteger a saúde humana. Usar árvores para armazenar carbono é uma forma de
―sequestro de carbono,‖ que é qualquer processo que tira carbono do ar e o fixa na vegetação
durante um período de tempo.

Entretanto, conservar a floresta não é uma solução permanente, pois até as florestas protegidas
atingem um ponto de saturação onde serão incapazes de absorver mais carbono.

Existem passos importantes que devem ser tomados enquanto o mundo tenta desenvolver
políticas ambientais de longo prazo e diminuir sua dependência de combustíveis fósseis. Os
primeiros passos na redução de emissão de carbono são: - impedir que o carbono já
armazenado nas florestas tropicais seja liberado de volta ao ar, e - preservar as habilidades de
absorção de carbono das árvores.

Se nada for feito, as florestas continuarão sendo derrubadas em velocidades alarmantes.


Cientistas estimam que, assim, até 2030, 55% da Amazônia brasileira terá sido derrubada,
explorada ou danificada por seca ou fogo. Isso não apenas liberaria 15-25 bilhões de toneladas
de carbono no ar, mas também acabaria com a capacidade das florestas de absorver carbono,
esfriar e umidificar o ar.

Aqui você vê dois possíveis futuros para a Amazônia, um otimista e um pessimista.

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No cenário pessimista, que parte do princípio de que nenhuma mudança será feita, 40% das
florestas estariam desmatadas até 2050, liberando 32 bilhões de toneladas de carbono. No
cenário otimista, que conta com mais áreas protegidas, manutenção de áreas indígenas,
governança mais forte e criação de políticas de proteção das florestas, 25% das florestas seriam
desmatadas, o que liberaria 17 bilhões de toneladas de carbono. Isso continua não sendo bom,
mas quanto mais desmatamento pudermos evitar, melhor.

Imagem de satélite do desmatamento no Mato Grosso, Brasil

Nos últimos anos, o Brasil deu importantes passos para contornar o desmatamento. Por
exemplo, o governo tem tentado monitorar e controlar o desmatamento ilegal.

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O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) desenvolveu um sistema chamado DETER


(Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real) que usa imagens de satélite para que
o governo e sociedade vejam exatamente onde e quando as florestas são queimadas ou
derrubadas, ajudando imensamente o monitoramento.

Entre 2005 e 2006, o governo prendeu mais de 500 desmatadores ilegais e, como resultado
dessa e outras ações, o governo conseguiu reduzir pela metade os índices de desmatamento em
três anos.

E o governo delimitou 24 milhões de hectares de área protegida na fronteira de expansão da


agricultura, aproximadamente 10% da área total da floresta. De acordo com um documento de
2008, do Serviço Florestal Brasileiro, essas ações ajudaram o Brasil a evitar a emissão de 200
milhões de toneladas de carbono desde 2004.

Esse sucesso não passou despercebido e foi o motivo que levou a Convenção Quadro das
Nações Unidas Sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) a destacar o Brasil, assim como outros
países na África, Ásia, e América Latina, por seus êxitos com programas de Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, conhecido como REDD.

O conceito desse mecanismo é que países desenvolvidos signatários da Convenção de Clima


(conhecidos como países do Anexo I) ajudariam a compensar os países detentores de florestas
tropicais, como Brasil e Indonésia, pela redução no desmatamento e promoção de práticas de
gerenciamento sustentável da floresta. Apesar de não ser arato inicialmente, autoridades
estimam que os custos diminuam no decorrer do tempo.

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O mecanismo de REDD, no Brasil, deve incluir compensações ou incentivos positivos para


agricultores familiares, produtores rurais, povos indígenas, comunidades tradicionais e esferas
de governo pelo serviço que prestam pela a humanidade mantendo a floresta em pé ou
deixando de desmatá-la. Esse mecanismo contempla não só a redução de emissões provenientes
do desmatamento e da degradação, mas também o papel da conservação, do manejo sustentável
das florestas e do aumento dos estoques de carbono das florestas nos países tropicais.

Além de reduzir emissões de carbono oriundas de desmatamento, estudos mostram que tal
mecanismo também ajudaria a amenizar a pobreza e proteger cidadãos, além de promover a
conservação da biodiversidade. No Brasil, o recurso gerado poderia dobrar a renda de 200.000

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famílias de produtores rurais que vivem em áreas de floresta; reduzindo doenças respiratórias,
mortes e danos às florestas e plantações decorrentes de queimadas; e evitando a redução na
incidência de chuvas, importante para plantações e hidroelétricas. Em conclusão, REDD pode
ajudar a evitar a perda de serviços ambientais múltiplos e de muitas espécies importantes e
insubstituíveis que fazem da Amazônia um tesouro único.

ACORDOS INTERNACIONAIS
UNFCC—Convenção sobre Mudanças Climáticas
Vozes do Brasil:

"Eu não sei o que são as mudanças climáticas, mas eu sei dizer o que a gente já sofre de
diferença lá. Lá nós sofremos uma diferença muito grande, uma mudança no jeito da natureza,
que vocês chamam isso mudanças climáticas.

Eu entendo que a proposta do mecanismo REDD é uma proposta bastante interessante para nós.
O grande problema é de que jeito nós podemos afinar ela, adaptar ela, a um jeito que faça bem
para as populações tradicionais da floresta, que não faça mal como outros programas que já
tiveram, não de mudanças climáticas, mas outros fundos, outras coisas, que vieram como uma
solução, mas na verdade não chegou até as comunidades.

A proposta para nós é interessante, ela vai na linha, ela é um meio concreto, assim se
transforme em política, de redução de desmatamento."

Manoel Silva da Cunha, Presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS)

Atualmente cientistas concordam que apenas mudanças globais drásticas irão desacelerar as
mudanças climáticas. Essa não é uma nova conclusão. Em 1992, durante a Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em no Rio de Janeiro, o texto da
Convenção-Quadro das Nações unidas sobre Mudança do clima, também conhecida como
UNFCCC, foi aberto para assinatura. A convenção foi assinada e ratificada por mais de 192
países. Essa convenção havia sido sugerida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do
Clima, mais conhecido pela sigla em inglês IPCC, a autoridade mundial nas questões de

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mudanças climáticas, criado em 1988 pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO) e


pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O objetivo da UNFCCC é unir países para definir estratégias técnicas e políticas para combater
o aquecimento global. Nesse tratado, a comunidade internacional:

Reconheceu as mudanças climáticas como um problema ambiental real e global;


Admitiu a importância do papel das atividades humanas nas mudanças climáticas e a
necessidade de cooperação internacional;
Definiu que estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa é um objetivo crucial.

Sob o tratado da Convenção, que se tornou efetivo em Março de 1994, os governos


concordaram em:

Coletar e compartilhar informação sobre emissão de gases de efeito estufa, políticas


nacionais e melhores práticas;
Lançar estratégias nacionais para a redução de emissões de gases de efeito estufa;
Dar apoio financeiro e tecnológico para países em desenvolvimento;
Cooperar na preparação para adaptação aos impactos das mudanças climáticas.

O principal objetivo da Convenção é estabilizar gases de efeito estufa na atmosfera a fim de


evitar mudanças climáticas drásticas, permitir que animais e plantas se adaptem naturalmente
aos níveis mais altos de CO2, garantir produção adequada de alimentos e preservar um
desenvolvimento econômico sustentável.

A UNFCCC atinge seus objetivos através de seus encontros anuais, chamados de Conferência
da Partes (COP) nos quais as nações participantes discutem questões sobre as mudanças
climáticas globais. A primeira COP foi realizada em 1995 em Berlim, na Alemanha, onde as
nações membros começaram a negociar objetivos e prazos para países desenvolvidos reduzirem
suas emissões de gases de efeito estufa.

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A COP3, o terceiro encontro, foi realizado em 1997 em Quioto, Japão, onde o conhecido
Protocolo de Quioto foi adotado. Em 2004, as regras para implementação do Protocolo de
Quioto foram aprovadas durante a COP10. Durante a COP 13 em 2007, as florestas foram
mencionadas como parte da solução para as mudanças climáticas pela primeira vez, e o Plano
de Ação de Bali foi desenhado.

Protocolo de Quioto
O tratado da UNFCCC não impôs limites obrigatórios de emissão de gases de efeito estufa. Ao
invés disso, foram feitos protocolos para definir tais restrições. O primeiro foi o Protocolo de
Quioto.

Reconhecendo que países desenvolvidos são os principais responsáveis pelos altos níveis atuais
de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, o Protocolo de Quioto impôs metas para 37
países industrializados e a União Européia, os chamados países do Anexo 1.

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Sob o Protocolo de Quioto, os países do Anexo I se comprometem a reduzir suas emissões


nacionais em uma média de 5% dos níveis de 1990 entre 2008-2012 (chamado de ―primeiro
período de compromisso de Quioto‖). Sob o Protocolo de Quioto, países em desenvolvimento,
ou seja, não pertencentes ao Anexo I, não têm compromisso de reduzir suas emissões. O Brasil
está nesse grupo, assim como a China, Índia e Indonésia.

Redução de emissões
Com compromissos dentro do Protocolo de Quioto para limitar ou reduzir emissões, os países
precisam atingir suas metas primeiramente através de políticas públicas e regulamentações que
limitem as emissões diretamente, ou que criem incentivos para melhor eficiência dos setores
energéticos, industrial e de transporte, e que promovam maior uso de fontes renováveis de
energia.

O Protocolo de Quioto também introduziu três mecanismos com base no mercado para ajudar
os países a reduzirem emissões:

1. Comércio de emissões
2. Implementação conjunta
3. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

Atualmente o carbono é rastreado e vendido como qualquer outra mercadoria. Isso é conhecido
como ―mercado de carbono‖. Já que o dióxido de carbono é o principal gás de efeito estufa,
simplesmente falamos ― ‗‘comércio de emissões de carbono‖, e outros gases de efeito estufa,
como o metano, por exemplo, são expressos em sua equivalência em dióxido de carbono
(CO2eq).

O comércio de emissões permite que países desenvolvidos que tenham diminuído suas
emissões de gases de efeito estufa para níveis abaixo de suas metas, comercializem esse
excesso com outro País do Anexo I, ou seja, os países vendem seus créditos para aqueles que
não atingiram suas metas.

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O mecanismo de implementação conjunta permite que um país do Anexo I invista num projeto
de redução de emissões em outro país do Anexo I, onde o custo para redução seja mais baixo.
Por exemplo, se o custo de redução de emissões no Japão for muito alto, o Japão poderia
investir num projeto na França. Nesse exemplo, a França se beneficiaria do investimento e
tecnologia externos e o Japão teria uma possibilidade maior de cumprir suas metas.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, também conhecido como MDL, é o único que


permite a participação de países em desenvolvimento. Nesse mecanismo, países desenvolvidos
com compromissos de redução de emissões podem investir em projetos em países em
desenvolvimento – aqueles que não têm compromissos de reduções sob o protocolo de Quioto
– para gerar créditos de carbono de forma mais barata. Esses projetos resultam em créditos que,
certificados, podem ser comercializados e somados para o alcance das metas de Quioto.

Exemplos de projetos de MDL podem incluir:

Levar eletricidade às áreas rurais usando painéis solares e turbinas de vento.


Trocar combustíveis fósseis por biocombustível.
Dispor corretamente lixo urbano e rural para evitar emissões de metano.

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Sequestrar carbono plantando árvores onde florestas foram derrubadas (reflorestamento)


ou em terras onde não havia florestas (aflorestamento).

O MDL registrou mais de 1.838 projetos, e esse é um número que só cresce.

Para países em desenvolvimento, projetos de MDL fornecem desenvolvimento sustentável e


redução de emissões, enquanto a países industrializados dão alguma flexibilidade em como
atingir suas metas de redução de emissão.

Como os países têm participado do MDL?

Até setembro de 2009, 5.340 projetos estavam em alguma fase do ciclo de projeto do MDL
(validação, aprovação e registro). A China tem a maioria 37% do total, a Índia vem em segundo
27%, seguida pelo Brasil com 8% do total. Juntos, eles representam 72% dos projetos
existentes.

Em termos de emissões reduzidas por esses projetos, o Brasil contribuiu com 6% do total
global.

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Apesar de projetos de MDL envolverem aflorestamento e reflorestamento, projetos que visam


evitar emissões prevenindo o desmatamento e incêndios ainda não fazem parte do mecanismo.
Por o Brasil ser um dos 5 maiores emissores de gases de efeito estufa, e por mais da metade de
suas emissões serem provenientes do desmatamento, tem-se falado muito sobre a criação de
programas de redução de emissões por desmatamento usando um mecanismo como o MDL em
países em desenvolvimento.

Essa idéia tem uma história que vem desde 2003, quando um grupo de pesquisadores liderados
pelo IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – introduziu uma proposta chamada
de ―Redução compensada de desmatamento‖ na COP 9, em Milão. A proposta sugeria que
países desenvolvidos que, voluntariamente, reduzissem emissões por desmatamento receberiam
uma compensação financeira internacional equivalente às emissões evitadas, de acordo com os
preços do mercado de carbono.

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Depois disso, muitas outras propostas foram feitas, inspiradas pela proposta apresentada em
Milão. Na COP 11, em 2005, um bloco de nações em desenvolvimento, liderado pela Papua
Nova Guiné e Costa Rica, propôs compensar países com florestas tropicais pela redução do
desmatamento.

Em 2007, na COP 13 em Bali, Indonésia, evitar emissões por desmatamento tropical e o papel
das florestas em pé foi uma questão central na redução do aquecimento global. Ao final do
encontro, a importância das florestas para o clima foi oficialmente reconhecida. Os países
membros aprovaram o Mapa do Caminho de Bali, que estabelece um calendário de dois anos
de negociações para construir um arcabouço legal de um tratado para o período pós-2012, ano
em que finda o primeiro período do compromisso do Protocolo de Quioto.

Nesse período de dois anos se intensificariam as medidas nacionais/internacionais de mitigação


da mudança do clima. Uma das medidas de mitigação em discussão é sobre um mecanismo de
políticas e incentivos positivos com relação a questões referentes à redução de emissões
provenientes do desmatamento e da degradação florestal nos países em desenvolvimento; e o
papel da conservação, do manejo sustentável das florestas e do aumento dos estoques de
carbono das florestas nos países em desenvolvimento. Esse mecanismo é conhecido também
pela sigla REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).

As nações membro terão que decidir como tornar REDD realidade. Os detalhes metodológicos
do mecanismo e o e o tipo de financiamento são elementos decisivos para o sucesso do REDD
em países em desenvolvimento e, em conseqüência, a conservação de florestas tropicais e
compensações para aqueles que a mantém em pé e que auxiliam nos esforços de redução de
desmatamento e degradação.

Nos próximos anos haverá muitas mudanças em como as nações do mundo se pronunciam
sobre o problema das mudanças climáticas e esse importante mecanismo. REDD, com já visto,
pode ser essencial para a manutenção das florestas tropicas, mas cabe a cada um de nós, como
governo ou cidadão, as pequenas e grandes atitudes que vão conter o clima e proteger a
humanidade.

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