Professional Documents
Culture Documents
O discurso do crime organizado é discurso do poder contra inimigos
internos: da Igreja contra hereges, do nazismo contra judeus, das ditaduras fascistas
contra comunistas etc. O discurso americano estigmatizava italianos na proibição do
álcool; hoje, na era da proibição das drogas, estigmatiza latino -americanos. A
criminologia considera o conceito um mito sem valor científico, mas com óbvia
utilidade política em campanha s de Ê : legitima a supressão de garantias
processuais, o aumento do rigor punitivo, a admissão de provas duvidosas (a Ê
Na verdade, existem dois discursos sobre estruturados nos pólos
americano e europeu do sistema capitalista globalizado: o discurso americano sobre
, definido como
Ê de etnias estrangeiras, e o
discurso italiano sobre
, que tem por objeto de estudo original a
siciliana. O estudo desses discursos pode contribuir para desfazer o
do
crime organizado, difundido pela mídia, pela literatura de ficção, por políticos e
instituições de controle social e, desse modo, reduzir os efeitos danosos do conceit o de
sobre os princípios de política criminal do direito penal do Estado
Democrático de Direito.
O Brasil, possuidor da maior economia da América Latina, com uma sociedade civil
marcada por extrema desigualdade social e um Estado emperrado pela burocracia,
minado pela corrupção e pela ineficiência administrativa, seria um mercado atraente
para a expansão dos negócios e do poder do chamado crime organizado, segundo os
meios de comunicação de massa. Recentemente, baseada em investigações realizadas
pela CPI do Narcotráfico, a mídia brasileira tentou apresentar o que seria uma pequena
amostra do crime organizado no Brasil.
b) a Ê
Ê como negociação para extinguir ou reduzir a punibilid ade de
crimes por informações sobre co-autores ou partícipes de fatos criminosos, localização
da vítima e recuperação do produto do crime (arts. 13 e 14 da Lei 9.807/1999 e art.
6.º da Lei 9.034/1995), em que o cancelamento utilitário do juízo de reprovação
estimula o oportunismo egoísta do ser humano, amplia o espaço de provas duvidosas
produzidas por ´arrependidosµ, que conservam o direito de mentir;
(*) Palestra proferida no 1.º Forum Latino -Americano de Política Criminal: ´As várias
faces do crimeµ.
(1) Assim, Eugenio Raúl Zaffaroni, ´Crime organizado: uma categorização frustradaµ,
- , 1 (1996), p. 45 e 50-52; também, Peter-Alexis Albrecht,
.Ê , 1999, p. 376.
(3) Assim, Vincenzo Ruggiero, ´Crime organizzato: una proposta di aggiornamento delle
definizioniµ. - Ê
ÊÊ
, 3 (1992), p. 7-30; Eugenio Raúl Zaffaroni,
´Crime organizado: uma categorização frustradaµ, - , 1 (1996), p.
49-50; Peter-Alexis Albrecht, .Ê , 1999, p. 377.
(5) Ver Gay Talese, 1 2
. New York, 1971; também, Jimmy Breslin,
Ê3
.New York, 1969.
(6) Ver Eugenio Raúl Zaffaroni, op. cit., p. 53; igualmente, Jay Albanese,
& .Cincinnati, 1985; Annelise Anderson, 4
& .Stanford, 1979; Howard Abadinsky, & .Boston, 1981.
(7) Assim G. Hawkins, ( 0 Public Interest 14 (Winter): 24 -51, 1969.
(10) Ver Eugenio Raúl Zaffaroni, ´Crime organizado: uma categorização frustradaµ,
- , 1 (1996), p. 54.
(14) Assim Vicenzo Ruggiero, ´Crimine organizzato: una proposta di aggiornamento delle
definizioniµ. - - Ê
ÊÊ , 3 (1992) p. 7-30.
(15) PEZZINO, Paulo. 6 Ê 3
ÊÊ Ê :" &
Ê
;. - Ê
ÊÊ
, 2 (1993). p. 67 -79;
RINALDI, Stanislau. ´Crime organizado e poder político na Itáliaµ. Anais do III
Congresso Nacional do Movimento do Ministério Público Democrático, Foz do Iguaçu,
PR, 18-21.03.1997.
(16) Comparar Paulo Pezzino, ´La mafia siciliana come 'industria della violenza'.
Caratteri storici ed elementi di continuitàµ. - Ê
ÊÊ
, 2 (1993), p. 77.
(18) Revista 8
<, edição de 23.08.2000, ´Corrup ção mataµ, entrevista de Marcos
Gonçalves da Silva, concedida a Florência Costa.
(19) Comparar Stanislau Rinaldi, ´Crime organizado e poder político na Itáliaµ,
888 & áÊ
, %Ê -
, Foz do
Iguaçu-PR, 18-21.03.1997.
(23) Revista 8
<, n. 1.574, edição de 1.º.12.1999, ´Greca cai na redeµ, reportagem de
Mino Pedrosa.
(24) Revista 8
<, n. 1.573, edição de 24.11.1999. ´O bolão da vezµ, reportagem de
Mino Pedrosa e Ricardo Miranda.
(27) RINALDI, Stanislau. op. et loc. cits.; também, Luigi Stortoni, ´Criminalitá
organizzata e legislazione di emergenzaµ. - - Ê
ÊÊ , 3 (1992), p. 39-
51.
(30) Comparar Alessandro Baratta, ´La violenza e la forza. Alcune riflessioni su mafia,
corruzione e il concetto di políticaµ, - Ê
ÊÊ
, 2 (1993), p. 119.